Eu não sabia, ou não lembrava, que Chinatown é um filme do Polanski, e só fui ver isso depois que terminei de assistir. Chinatown é um filme tecnicamente competente, mas tem problemas de roteiro, que fica andando em círculos a maior parte do tempo para uma grande revelação bem no final que não foi realmente bem elaborada anteriormente, e o suposto final chocante é tão forçado e abrupto que eu achei dificíl de levar a sério; não ajuda que as atuações também não são muito boas, o que contribui para a comicidade não intencional. O resultado é que Chinatown parece dois filmes diferentes que não se complementam, porque a trama de incesto adentra o que supostamente era a trama principal de fraude na distribuição de água tão naturalmente quanto um tijolo adentra uma máquina de lavar roupa em funcionamento, e o final é quando a máquina começa a pegar fogo e explode. E quanto à discussão nos comentários: levando em conta que a personagem da Evelyn é a que mais sofre durante filme, e direção e roteiro sempre favorecem mais Jake no contexto da história, raramente empáticos a ela, mostra que tem misoginia sim, no filme; isso fica ainda mais escancarado na cena exagerada onde ela leva vários tapas do Jake, qualquer agência que ela tinha na história acaba, e ele ainda é mostrado como tendo a razão. O filme também é bem racista, algo que não vi mencionado ainda, com chineses servindo apenas com personagens de fundo e retratados de forma caricata. Eu já expliquei porque eu não sigo o argumento de "levar em conta a época em que foi feito" no meu comentário sobre o primeiro filme do 007, e obviamente um homem medíocre se doeu, apesar de ter deixado minhas razões bem claras. Para qualquer um que queira contestar esses aspectos mencionados, tenha em mente que isso implica não somente em ignorar os aspectos mais datados do filme, mas também demonstra um esforço em tentar defender um filme dirigido por um pedófilo, então antes de vir perder meu tempo e o seu com seus péssimos argumentos, sugiro que olhe-se bem no espelho e diga "eu não me importo que Polanski tenha molestado uma garota de 12 anos".
Separe todos os ingredientes necessários e se certifique de que todos estão em temperatura ambiente. Ingredientes gelados muda a consistência do bolo e a química por trás do preparo, levando a resultados diferentes e nada agradáveis. Depois que colocar o bolo no forno evite abri-lo por pelo menos 20 minutos. Se abrir antes, você corre o risco de ter um bolo solado. A disfunção erétil compartilha fatores de risco com as doenças cardiovasculares, incluindo a falta de exercícios, obesidade, tabagismo, hipercolesterolemia e síndrome metabólica. O risco de DE pode ser reduzido com a modificação destes fatores de risco, particularmente a realização de exercícios e a perda de peso. Outro fator de risco para DE é a prostatectomia radical (PR) de qualquer forma (aberta, laparoscópica ou robótica) devido ao risco de lesão dos nervos cavernosos, má oxigenação do corpo cavernoso e insuficiência vascular. Cerca de 25-75% dos homens submetidos a PR apresentam DE pós-operatória. Os paciente considerados para prostatectomia radical com preservação dos nervos devem idealmente ser potentes e os nervos cavernosos devem ser preservados para assegurar a recuperação da disfunção erétil após a PR. Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia. há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Mata-cavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. Na principal destas, a pintura do tecto e das paredes é mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e grandes pássaros que as tomam nos blocos, de espaço a espaço. Nos quatro cantos do tecto as figuras das estações, e ao centro das paredes os medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa, com os nomes por baixo... Não alcanço a razão de tais personagens. Quando fo mos para a casa de Mata-cavalos, já ela estava assim decorada; vinha do decênio anterior. Naturalmente era gosto do tem po meter sabor clássico e figuras antigas em pinturas americanas. O mais é também análogo e parecido. Tenho chacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço e lavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é pacata, com a exterior, que é ruidosa. Dylan sentou-se no sofá diante de uma pilha de livros espalhados sobre a mesa de café, com o bloco de notas no colo. Ela estava pesquisando sobre escravidão sexual, fetiches envolvendo dor, jogo de poder e as razões por que essas coisas excitavam as pessoas. Ao ler detalhes, ela mesma sentiu isso. E se imaginou em vários ambientes: sendo amarrada, levando uns tapas e até mesmo sendo açoitada com chicote. Ela poderia pôr a culpa na pulsação que sentia entre as coxas. Se quisesse mentir para si mesma.
Levando tudo em conta, ganha relevo a epígrafe conradiana quanto à linha de sombra, já incluída na primeira edição. Ainda é verdade que, no seu processo histórico, o Brasil precisa abandonar a sua juventude e articular um projeto estratégico sério que o livre do subdesenvolvimento e da mediocridade. Ainda que com atraso pelo menos um quarto de século. É importante manter a incitação a cruzarmos a linha de sombra, para que, em face das dificuldades envolvidas nesse desafio, não nos deixemos levar pelo ceticismo. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enga nar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas crêem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa. Essa idéia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplastro anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, qu e estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostrado res, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas. Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os modestos me argúam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha idéia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro lado, sede de nomeada. Digamos: — amor da glória. Primeiro, acenda o forno para manter seu aquecimento e coloque uma vasilha com água. Isso vai evitar o ressecamento do bolo. Para untar a fôrma usamos com frequência a margarina, correto? Errado. Na verdade, a melhor forma de untar é com óleo, pois além da facilidade em espalhá-lo de forma uniforme, ele também evita, com mais eficiência, que o bolo grude. Boa dica, não acha?!
A partir desta ideia, pensamos que a função que desejamos integrar seja o produto entre uma função que foi derivada e outra que não, de maneira que conseguimos realizar uma substituição para encontrar a integral desejada. Usaremos a função ln x como exemplo. É muito comum saber-se a sua derivada, que é a função recíproca y = 1/x, por sua praticidade de uso na derivação logarítmica. Todavia, para encontrarmos sua integral, é necessário usar da integração por partes. Sempre se busca uma integral mais fácil de calcular do que a original, geralmente alguma que seja mais conhecida. Porém, há um problema. Nós temos apenas uma função f(x) = ln x e não duas. The weather beaten trail wound ahead into the dust racked climes of the baren land which dominates large portions of the Norgolian empire. Age worn hoof prints smothered by the sifting sands of time shone dully against the dust splattered crust of earth. The tireless sun cast its parching rays of incandescense from overhead, half way through its daily revolution. Small rodents scampered about, occupying themselves in the daily accomplishments of their dismal lives. Dust sprayed over three heaving mounts in blinding clouds, while they bore the burdonsome cargoes of their struggling overseers. A minha idéia, depois de tantas cabriolas, constituíra-se idéia fixa. Deus te livre, leitor, de uma idéia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho. Vê o Cavour; foi a idéia fixa da unidade italiana que o matou. Verdade é que Bismarck não morreu; mas cumpre advertir que a natureza é uma grande caprichosa e a história uma eterna loureira. Por exemplo, Suetônio deu-nos um Cláudio, que era um simplório, — ou “uma abóbora” como lhe chamou Sêneca, e um Tito, que mereceu ser as delícias de Roma. Veio modernamente um professor e achou meio de demonstrar que dos dois césares, o delicioso, o verdadeiro delicioso, foi o “abóbora” de Sêneca. E tu, madama Lucrécia, flor dos Bórgias, se um poeta te pintou como a Messalina católica, apareceu um Gregorovius incrédulo que te apagou muito essa qualidade, e, se não vieste a lírio, também não ficaste pântano. Eu deixo-me estar entre o poeta e o sábio. Frase boba da noit: oque o lapis escreveu....a borracha apagou... gente...votem na minha enquete Amanhaaaa... mim fazer le maionese. Mais tarde, soube-se que a idéia sem precedentes do suco era uma sugestão que dois amigos de Wheeler comentaram dias antes do assalto. Wheeler testou a ideia aplicando suco em seu rosto e tirando uma foto para se certificar da eficácia. Na fotografia, o rosto dele não apareceu, provavelmente porque o enquadramento tinha sido um pouco desajeitado e acabou se concentrando no teto da sala em vez do rosto coberto com suco de limão. Sem perceber, Wheeler deu por certo que ficaria invisível durante o assalto. Meses depois, o professor de psicologia social na Universidade de Cornell, David Dunning, não conseguia acreditar na história do intrépido Wheeler e do suco de limão. Intrigado pelo caso, especialmente pela incompetência exibida pelo ladrão frustrado, ele se propôs a realizar uma investigação com uma hipótese anterior: poderia ser possível que minha própria incompetência me deixasse inconsciente dessa mesma incompetência? Mudanças em adaptações não são necessariamente algo ruim, mas mesmo que a escrita dos personagens nunca tenha sido grande coisa na franquia, o modo como os personagens mudaram aqui foi para pior, na maioria dos casos: Leon virou um mané, um alívio cômico, de uma forma bem irritante (e sim, ele é um mané nos jogos também, mas não no sentido de ser incompetente, e de formas que deixam o personagem mais divertido, como, por exemplo, ter uma paixonite por uma pessoa manipuladora e moralmente ambígua); Wesker virou um bonitão genérico, e eu sei que é ridícula a caracterização dele no primeiro jogo, com cabelinho loiro típico de vilão e óculos escuros em ambientes fechados mesmo não sendo cego, mas esse é um dos casos em que provavelmente seria melhor abraçar o ridículo; Chris é outro bonitão genérico que é muito fácil esquecer que está no filme, tão pequeno impacto dele na trama; Claire não sofreu tanto com as mudanças, mas aqui ela é o genérico da personagem determinada que aparece em uma série de filmes e séries ultimamente, quando especialmente no remake do segundo jogo, ela é competente e determinada, mas também tem mais algumas características que dão um pouco mais de profundidade à personagem; Lisa Trevor era um dos aspectos mais interessantes do REmake, mas aqui ela foi colocada só para fan service. Comentários, opiniões, e informação no geral divulgadas a respeito dessa adaptação de Duna me passaram a impressão não muito animadora de que o filme parecia estar tomando um rumo mais "convencional", mais próximo do que se espera de um filme de alto orçamento produzido por um estúdio, em resposta à recepção financeira não muito favorável (para executivos de estúdio, pelo menos) do excelente Blade Runner 2049. Indicações disso são o elenco cheio de figuras muito conhecidas atualmente, a maioria bons atores, mas que também aparentemente foram colocados apenas para atrair um público que normalmente não se interessaria por uma adaptação de Duna (principalmente toda essa promoção forçada da Zendaya), e termos como "acessível" usados para descrever o filme. Depois de assistir ao filme de fato, eu acho que tudo isso acabou sendo verdade, e Duna de Villeneuve é o pior filme de ficção científica do diretor (diria até que é o pior do diretor, no geral)... mas ainda é um bom filme. Na minha opinião, o melhor filme de alto orçamento produzido por um estúdio desde Blade Runner 2049. O resultado de tal crescimento econômico foi a perda de competitividade por parte dos EUA no contexto global da época, especialmente em relação ao Japão e à Alemanha. A perda de competitividade levou ao questionamento do papel do dólar como moeda central, o que levou o governo americano, na década de 70, a duas tentativas de manutenção de sua hegemonia: o abandono das taxas fixas, em 73, que não atingiu seu objetivo, mas eventualmente levou ao choque de juros de 79, que foi efetivo em restabelecer a competitividade norte-americana.
O ingrediente principal do bolo, a cenoura, é uma raiz adocicada muito conhecida pelo seu sabor e cores vibrantes. Apesar do laranja ser o mais comum, você pode encontrar até cenoura da cor roxa. A cenoura pode ser utilizada para a produção de diversos alimentos e pode ser consumida de várias formas, desde crua em uma salada, até como suco. Mas antes de te passar a receita, vou te contar algumas curiosidades sobre a cenoura que talvez você não saiba. Depois dessa primeira introdução, prometo que vou te passar uma receita maravilhosa de bolo de cenoura simples e deliciosa. É importante observar o papel da melhoria na distribuição da renda para a ampliação do mercado consumidor brasileiro. Foi amplamente divulgado na mídia especializada e não especializada a importância do aumento do consumo das classes C e D como motor do crescimento dos gastos do consumo. Este efeito foi particularmente importante após a eclosão da crise financeira global em 2008, momento em que a manutenção dos gastos com consumo destas classes evitou uma retração mais profunda na demanda agregada. Obviamente, esse comentário é um monte de baboseira aleatória que tem nada a ver com o filme. Isso porque foi feito especificamente para pegar um tipo de pessoa que é muito comum aqui no filmow: a pessoa que não lê um comentário, mas mesmo sem saber o que está escrito, quer reclamar que é muito "longo", ou da nota, para ganhar biscoito. Até eu ver o filme e deixar uma nota e um comentário de verdade, esse comentário vai ficar aqui, para ver quantos eu pego.
Separe todos os ingredientes necessários e se certifique de que todos estão em temperatura ambiente. Ingredientes gelados muda a consistência do bolo e a química por trás do preparo, levando a resultados diferentes e nada agradáveis. Depois que colocar o bolo no forno evite abri-lo por pelo menos 20 minutos. Se abrir antes, você corre o risco de ter um bolo solado. A disfunção erétil compartilha fatores de risco com as doenças cardiovasculares, incluindo a falta de exercícios, obesidade, tabagismo, hipercolesterolemia e síndrome metabólica. O risco de DE pode ser reduzido com a modificação destes fatores de risco, particularmente a realização de exercícios e a perda de peso. Outro fator de risco para DE é a prostatectomia radical (PR) de qualquer forma (aberta, laparoscópica ou robótica) devido ao risco de lesão dos nervos cavernosos, má oxigenação do corpo cavernoso e insuficiência vascular. Cerca de 25-75% dos homens submetidos a PR apresentam DE pós-operatória. Os paciente considerados para prostatectomia radical com preservação dos nervos devem idealmente ser potentes e os nervos cavernosos devem ser preservados para assegurar a recuperação da disfunção erétil após a PR. Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia. há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Mata-cavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. Na principal destas, a pintura do tecto e das paredes é mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e grandes pássaros que as tomam nos blocos, de espaço a espaço. Nos quatro cantos do tecto as figuras das estações, e ao centro das paredes os medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa, com os nomes por baixo... Não alcanço a razão de tais personagens. Quando fo mos para a casa de Mata-cavalos, já ela estava assim decorada; vinha do decênio anterior. Naturalmente era gosto do tem po meter sabor clássico e figuras antigas em pinturas americanas. O mais é também análogo e parecido. Tenho chacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço e lavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é pacata, com a exterior, que é ruidosa. Dylan sentou-se no sofá diante de uma pilha de livros espalhados sobre a mesa de café, com o bloco de notas no colo. Ela estava pesquisando sobre escravidão sexual, fetiches envolvendo dor, jogo de poder e as razões por que essas coisas excitavam as pessoas. Ao ler detalhes, ela mesma sentiu isso. E se imaginou em vários ambientes: sendo amarrada, levando uns tapas e até mesmo sendo açoitada com chicote. Ela poderia pôr a culpa na pulsação que sentia entre as coxas. Se quisesse mentir para si mesma.
Levando tudo em conta, ganha relevo a epígrafe conradiana quanto à linha de sombra, já incluída na primeira edição. Ainda é verdade que, no seu processo histórico, o Brasil precisa abandonar a sua juventude e articular um projeto estratégico sério que o livre do subdesenvolvimento e da mediocridade. Ainda que com atraso pelo menos um quarto de século. É importante manter a incitação a cruzarmos a linha de sombra, para que, em face das dificuldades envolvidas nesse desafio, não nos deixemos levar pelo ceticismo. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enga nar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas crêem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa. Essa idéia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplastro anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, qu e estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostrado res, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas. Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os modestos me argúam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha idéia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro lado, sede de nomeada. Digamos: — amor da glória. Primeiro, acenda o forno para manter seu aquecimento e coloque uma vasilha com água. Isso vai evitar o ressecamento do bolo. Para untar a fôrma usamos com frequência a margarina, correto? Errado. Na verdade, a melhor forma de untar é com óleo, pois além da facilidade em espalhá-lo de forma uniforme, ele também evita, com mais eficiência, que o bolo grude. Boa dica, não acha?!
A partir desta ideia, pensamos que a função que desejamos integrar seja o produto entre uma função que foi derivada e outra que não, de maneira que conseguimos realizar uma substituição para encontrar a integral desejada. Usaremos a função ln x como exemplo. É muito comum saber-se a sua derivada, que é a função recíproca y = 1/x, por sua praticidade de uso na derivação logarítmica. Todavia, para encontrarmos sua integral, é necessário usar da integração por partes. Sempre se busca uma integral mais fácil de calcular do que a original, geralmente alguma que seja mais conhecida. Porém, há um problema. Nós temos apenas uma função f(x) = ln x e não duas. The weather beaten trail wound ahead into the dust racked climes of the baren land which dominates large portions of the Norgolian empire. Age worn hoof prints smothered by the sifting sands of time shone dully against the dust splattered crust of earth. The tireless sun cast its parching rays of incandescense from overhead, half way through its daily revolution. Small rodents scampered about, occupying themselves in the daily accomplishments of their dismal lives. Dust sprayed over three heaving mounts in blinding clouds, while they bore the burdonsome cargoes of their struggling overseers. A minha idéia, depois de tantas cabriolas, constituíra-se idéia fixa. Deus te livre, leitor, de uma idéia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho. Vê o Cavour; foi a idéia fixa da unidade italiana que o matou. Verdade é que Bismarck não morreu; mas cumpre advertir que a natureza é uma grande caprichosa e a história uma eterna loureira. Por exemplo, Suetônio deu-nos um Cláudio, que era um simplório, — ou “uma abóbora” como lhe chamou Sêneca, e um Tito, que mereceu ser as delícias de Roma. Veio modernamente um professor e achou meio de demonstrar que dos dois césares, o delicioso, o verdadeiro delicioso, foi o “abóbora” de Sêneca. E tu, madama Lucrécia, flor dos Bórgias, se um poeta te pintou como a Messalina católica, apareceu um Gregorovius incrédulo que te apagou muito essa qualidade, e, se não vieste a lírio, também não ficaste pântano. Eu deixo-me estar entre o poeta e o sábio. Frase boba da noit: oque o lapis escreveu....a borracha apagou... gente...votem na minha enquete Amanhaaaa... mim fazer le maionese. Mais tarde, soube-se que a idéia sem precedentes do suco era uma sugestão que dois amigos de Wheeler comentaram dias antes do assalto. Wheeler testou a ideia aplicando suco em seu rosto e tirando uma foto para se certificar da eficácia. Na fotografia, o rosto dele não apareceu, provavelmente porque o enquadramento tinha sido um pouco desajeitado e acabou se concentrando no teto da sala em vez do rosto coberto com suco de limão. Sem perceber, Wheeler deu por certo que ficaria invisível durante o assalto. Meses depois, o professor de psicologia social na Universidade de Cornell, David Dunning, não conseguia acreditar na história do intrépido Wheeler e do suco de limão. Intrigado pelo caso, especialmente pela incompetência exibida pelo ladrão frustrado, ele se propôs a realizar uma investigação com uma hipótese anterior: poderia ser possível que minha própria incompetência me deixasse inconsciente dessa mesma incompetência? Mudanças em adaptações não são necessariamente algo ruim, mas mesmo que a escrita dos personagens nunca tenha sido grande coisa na franquia, o modo como os personagens mudaram aqui foi para pior, na maioria dos casos: Leon virou um mané, um alívio cômico, de uma forma bem irritante (e sim, ele é um mané nos jogos também, mas não no sentido de ser incompetente, e de formas que deixam o personagem mais divertido, como, por exemplo, ter uma paixonite por uma pessoa manipuladora e moralmente ambígua); Wesker virou um bonitão genérico, e eu sei que é ridícula a caracterização dele no primeiro jogo, com cabelinho loiro típico de vilão e óculos escuros em ambientes fechados mesmo não sendo cego, mas esse é um dos casos em que provavelmente seria melhor abraçar o ridículo; Chris é outro bonitão genérico que é muito fácil esquecer que está no filme, tão pequeno impacto dele na trama; Claire não sofreu tanto com as mudanças, mas aqui ela é o genérico da personagem determinada que aparece em uma série de filmes e séries ultimamente, quando especialmente no remake do segundo jogo, ela é competente e determinada, mas também tem mais algumas características que dão um pouco mais de profundidade à personagem; Lisa Trevor era um dos aspectos mais interessantes do REmake, mas aqui ela foi colocada só para fan service. Comentários, opiniões, e informação no geral divulgadas a respeito dessa adaptação de Duna me passaram a impressão não muito animadora de que o filme parecia estar tomando um rumo mais "convencional", mais próximo do que se espera de um filme de alto orçamento produzido por um estúdio, em resposta à recepção financeira não muito favorável (para executivos de estúdio, pelo menos) do excelente Blade Runner 2049. Indicações disso são o elenco cheio de figuras muito conhecidas atualmente, a maioria bons atores, mas que também aparentemente foram colocados apenas para atrair um público que normalmente não se interessaria por uma adaptação de Duna (principalmente toda essa promoção forçada da Zendaya), e termos como "acessível" usados para descrever o filme. Depois de assistir ao filme de fato, eu acho que tudo isso acabou sendo verdade, e Duna de Villeneuve é o pior filme de ficção científica do diretor (diria até que é o pior do diretor, no geral)... mas ainda é um bom filme. Na minha opinião, o melhor filme de alto orçamento produzido por um estúdio desde Blade Runner 2049.
O ingrediente principal do bolo, a cenoura, é uma raiz adocicada muito conhecida pelo seu sabor e cores vibrantes. Apesar do laranja ser o mais comum, você pode encontrar até cenoura da cor roxa. A cenoura pode ser utilizada para a produção de diversos alimentos e pode ser consumida de várias formas, desde crua em uma salada, até como suco. Mas antes de te passar a receita, vou te contar algumas curiosidades sobre a cenoura que talvez você não saiba. Depois dessa primeira introdução, prometo que vou te passar uma receita maravilhosa de bolo de cenoura simples e deliciosa. É importante observar o papel da melhoria na distribuição da renda para a ampliação do mercado consumidor brasileiro. Foi amplamente divulgado na mídia especializada e não especializada a importância do aumento do consumo das classes C e D como motor do crescimento dos gastos do consumo. Este efeito foi particularmente importante após a eclosão da crise financeira global em 2008, momento em que a manutenção dos gastos com consumo destas classes evitou uma retração mais profunda na demanda agregada. Vejamos agora quantos vêm reclamar do tamanho do comentário sem ter lido eu consigo pegar aqui.
Eu obviamente não escrevi sobre o filme. A questão aqui é que é comum ter alguém reclamando que um comentário é muito longo sem ter lido, então resolvi fazer essa abominação de trechos aleatórios de dois livros do Machado de Assis, um artigo sobre disfunção erétil, um romance erótico aleatório, umas receitas de bolo de cenoura, um documento sobre economia brasileira, uns comentários anteriores meus, entre outras coisas, para ver quantos vão reclamar do fato do comentário ser muito longo, sem ter ideia do conteúdo, porque não leram. Vejamos, então, quantos vão sentir a necessidade de comentar a respeito de algo que não leram, e nem são obrigados a ler.
Atenção: tem spoiler, mas se você está aqui, provavelmente já viu o filme.
Acho que o maior problema com Sem Volta Para casa, ou pelo menos o que me impede de gostar do filme e considerá-lo bom, sem ressalvas, é que ele tem um enredo muito absurdo e que não é bem construído, e com muitas situações forçadas e conveniências, mesmo para o padrão do MCU: o que coloca a trama em movimento é parte uma estupidez momentânea por parte do Peter que vai contra o que foi estabelecido a respeito do personagem nos dois filmes anteriores, com ele pedindo para o Doutor Estranho alterar a realidade para os amigos do Peter entrarem na faculdade, antes de cogitar opções mais óbvias e mais simples, e também por conta da estupidez do Dr. Estranho, que não ironicamente cogita a possibilidade de alterar toda a realidade por um motivo bem fraco, mesmo antes dele saber que era só sobre Peter e os amigos entrarem na faculdade. O Estranho culpa Peter pelo feitiço ter dado errado, mas o que ele fez? Não é só o Dr. que consegue usar mágica e manipular a realidade? Como Peter simplesmente falando no meio do círculo, mas sem interferir diretamente no que o Dr. estava fazendo, causou o problema? Outro aspecto da trama é que o Dr. sempre foi absurdamente poderoso, tanto que nunca fez sentido o quanto eles penaram contra o Tanos em filmes anteriores, e Sem Volta Para Casa só piora essa falha de roteiro, porque aqui o Estranho é ainda mais poderoso, até não ser, por conveniência de roteiro, ao ser derrotado por um Peter Parker porque aparentemente a dimensão distorcida ser "apenas geometria", ainda que nem cinco minutos antes Peter estava agindo como um completo idiota, e o roteiro também parece ter esquecido que o Estranho também é muito inteligente, e mais experiente que o Peter, além de ser habilidoso com magia, ter a vantagem na dimensão distorcida, inteligência acima da média e um cirurgião com doutorado e inteligência acima da média. Não vou fingir que poderes mágicos de um personagem de HQ precisam fazer muito sentido, mas vou ser chato aqui e questionar por que é necessário se conectar a outras realidades para fazer alterações na própria.
Tudo isso é só a explicação mínima que deram para executar o artifício desse filme, que é trazer personagens de filmes anteriores de volta e tornar todos os filmes do miranha canônicos dentro do MCU, e funciona nesse aspecto, mas eu acharia legal se tivessem colocado um pouco mais de esforço na premissa. A forma como esse aspecto é executa é bom e ruim, ao mesmo tempo: acho que a maioria vai concordar que os vilões dos filmes do Sam Raimi são os melhores do Miranha até agora, e eles também são o melhor aspecto desse filme, com Alfred Molina voltando com facilidade ao papel e o Duende do Willem Dafoe conseguindo ser o vilão mais assustador do MCU até o momento; porém, fora do contexto dos filmes do Raimi, tendo que dividir tempo de filme com outros três vilões, o cara mágico e mais dois miranhas além dos deles, eles não brilham tanto aqui quanto no contexto dos seus filmes originais. Um aspecto onde as mudanças foram totalmente positivas em relação ao material original foi na retratação do miranha do Garfield: por piores que os dois filmes que os filmes do Espetacular Homem Aranha sejam (e eles são ruins, especialmente o segundo), em Sem Volta Para Casa os melhores aspectos foram filtrados, como a atuação do Garfield, com um personagem bem emotivo e sincero, um Electro que não é irritante, o homem lagarto quase nem aparecendo, e total ausência daquele Duende tosqueira que aparece nos cinco minutos finais do primeiro filme; eu gostei como eles focaram no aspecto do trauma do personagem, porque os três, ele foi o que mais viu pessoas próximas com quem ele se importava morrer, especialmente no caso da morte da Gwen, e faz sentido que ele seja o que age de forma mais afetuosa do trio, ao descobrir a existência de miranhas paralelos; ele não é meu miranha preferido no geral, mas gostei muito dele nesse filme, e o ator convence. Tobey foi meio decepcionante, ficando meio ofuscado e ao fundo comparado aos outros dois, e apesar da relação que o personagem tem com os vilões ser um dos pontos fortes dos filmes originais, aqui ele nem quase nem interage com o Duende ou com o Doc Oc, e isso foi uma oportunidade perdida na minha opinião; a atuação também não foi grande coisa, meio travada. Quanto ao miranha do Tom Holland, eu gosto do que fizeram com ele aqui, no quesito de desenvolvimento de personagem: aqui o personagem é jogado em situações bem sombrias que o forçam a amadurecer, e onde ele os outros dois miranhas agem como mentores; esse é o filme onde o miranha do MCU de fato se torna o miranha clássico, o amigão da vizinhança, que é quebrado, cheio de mágoas e traumas, e enfrenta várias barras sem a assistência dos milhões de dólares e tecnologia das Indústrias Stark.
Infelizmente, o filme tem vários problemas que impedem que eu o ache realmente bom, no geral: já escrevi sobre algumas forçações e conveniências de roteiro, e o filme faz mais algumas só para criar drama de forma artificial: seria muito fácil alguém da SHIELD fazer algumas ligações e livrar o nome do Peter Parker, considerando o poder e a influência que a organização tem, e a importância do miranha para eles, e de quebra ainda processar o JJJ, mas a lógica é jogada pela janela em nome de um drama fácil. Essa forçação dramática também ocorre no final, com o roteiro criando um drama envolvendo as dimensões, e Dr. Estranho precisando realizar uma mágica para fazer todos se esquecerem do Peter e sua ligação com o miranha, mas isso é só mais uma arbitrariedade de roteiro que não foi muito bem pensada, levando em conta que os poderes do Estranho já se mostraram fortes e variados o suficiente para alterar a realidade de várias formas possíveis, até nos pequenos detalhes; esse ponto do roteiro acaba não fazendo sentido dentro do contexto da história, porque a magia aparentemente só apaga a memória das pessoas, e não os acontecimentos que foram consequência das pessoas conhecerem o miraha/Peter (a tia May continua morta), então é só alguém ver uns episódios anteriores do podcast do JJJ ou algumas das muitas gravações que os alunos da escola do Peter fizeram e têm no celular para lembrar que ele é o miranha. Além do mais, embora os Vingadores tecnicamente não existam mais, um evento em que vários vilões de outra dimensão invadem uma realidade ao mesmo tempo parece uma ameaça nível Vingadores, ou ao menos algo que justificaria os antigos membros ainda na ativa darem uma mão para o Peter, porque eles não sabem que dois miranhas também atravessaram as dimensões. Outros problemas para mim foram as cenas de ação, com uns cortes estranhos, umas coreografias travadas e muito CGI ruim se comparadas a outros filmes da Marvel; a fotografia também não é muito legal, com muitas cenas sendo muito escuras sem bom motivo, até as que se passam durante o dia, e isso é provavelmente para esconder a qualidade do CGI.
Eu não gostei muito de Sem Volta para Casa, achando-o bem abaixo dos dois primeiros filmes do Raimi e da animação do Miranhaverso, e nem mesmo chega ao nível dos dois filmes anteriores do Jon Watts; é melhor que os dois filmes do Mark Webb e o terceiro do Raimi, mas isso não é dizer muito. Mesmo que eu não tenha gostado muito do filme, eu ainda acho que chamá-lo de "superestimado", como muitos estão fazendo, simplesmente não faz sentido: uma mídia não é superestimada simplesmente porque você não gosta dela, mas só pode realmente ser considerada como tal se forem a´presentados argumentos sólidos do por que as razões dadas pelas pessoas que gostaram não fazem sentido, e não atingem seu propósito. No caso desse filme, quem gostou provavelmente foi porque viu a reunião nostálgica do universo dos miranhas que queria, e essa não deixa de ser uma razão válida, pois era um dos principais propósitos do filme, e isso ele entrega: não vou dizer que é uma obra prima, e o roteiro é bem fraco, mas esse filme é mais um "evento" no MCU do que propriamente um filme, e esse tipo de "espetáculo pelo espetáculo" tem sim seus méritos.
Acho dificíl negar que os encarregados do MCU estão encontrando dificuldades em lançar histórias no universo que pareçam importantes o suficiente para despertar o interesse de quem acompanhou toda a construção da história até Ultimato, e estão se utilizando de outros artifícios, como apelo nostálgico, introdução de seres ainda mais poderosos que os anteriores, ao ponto que fica cômico e absurdo em muitos casos, e no futuro provavelmente vão se utilizar das propriedades que a Disney adquiriu desde então, como os X-Men. Sem Volta Para casa foi o único filme do MCU ao qual eu assisti depois de Ultimato (inteiro, pelo menos, porque eu comecei Shang-Chi e não terminei), e foi mais pela curiosidade de ver o miranha do Tobey e seus vilões voltando a aparecer em um filme. Eu posso não ter gostado, mas é dificíl se decepcionar com um filme que entrega o que promete, porque parecia que seria uma bagunça antes de ser lançado, acabou sendo uma bagunça com apelo nostálgico e um roteiro que só existe por formalidade.
Eu tenho um amigo que eu costumava ver com certa frequência antes da pandemia: no quesito política, ele é relativamente razoável, com visões e argumentos com as quais eu posso concordar, embora conhecimento dele no geral seja bem superficial, e ele também tinha certa dificuldade, em alguns momentos, em separar qualquer sentimento negativo momentâneo que ele estivesse passando de um assunto mais abrangente e menos pessoal, fazendo com que as ideias expressas perdessem lógica e quase virassem gritaria. O problema é que esse amigo, como muitos por aí, insistia em falar de política depois de beber, e de alguma forma ele já conseguia ficar bem mais alterado que a média depois de uma latinha de cerveja, e ele bebia bem mais que uma latinha; nesse momentos, não importa o assunto, ou os argumentos, a coerência sumia, mesmo as afirmações superficiais deixavam de fazer sentido, e tudo era gritaria da parte dele, e mesmo que ele estivesse expressando algo que normalmente eu concordaria totalmente, nessas horas eu simplesmente não queria ser associado a ele por conta da forma como estava agindo, e ressentia o fato de que ele insistia em tentar "ganhar" a discussão em um assunto que ele não entendia muito na base do grito, em estado alterado, e ressentia também que ele se recusava a ouvir a razão e se irritava quando alguém o mandava calar a boca, mesmo de forma educada. Ver esse filme me lembrou desse tipo de situação, e enquanto esse meu amigo eventualmente aceitou os fatos e cortou consideravelmente a cerveja nas nossas reuniões, e também conseguiu realizar uma certa reflexão de suas atitudes mesmo sóbrio, mas não o suficiente que eu e outros não tenhamos que lidar com típica palhaçada dele sóbrio (mas já é um progresso), Adam McKay ainda insiste em dirigir filmes que tratam de assuntos sérios, embora ele não conseguia produzir comentário além de gritaria sobre o óbvio intercalado com umas piadas sem graça.
Claro, ainda é relevante, e necessário, criticar o negacionismo, o anti cientificismo, essa insistência em formar opiniões baseadas em nada, ou pior ainda, em fragmentos de informação (muitas vezes falsa) que aparecem em redes sociais, e é relevante criticar o descaso e ignorância de pessoas no poder e a crença cega em instituições privadas e governamentais, mas tudo o que McKay entrega nesse filme é uma gritaria, aparentem,ente querendo mostrar o quão mais inteligente ele é que todo mundo, enquanto a crítica, o comentário em si, é bem superficial, e apresenta nada de instigante: não existe debate, não existe racionalização, com todos os personagens sendo apenas versões caricatas e rasas de ideias que deveriam ser desenvolvidas e aprofundadas no filme. Enquanto um diretor como Paul Verhovenn consegue encaixar críticas ácidas e relevantes de forma bem integrada no que são também ótimos filmes de ação, e Michael Haneke consegue, através de uma visão única e direção competente, apresentar críticas sociais e observações perturbadoras ao mostrar, simplesmente, o cotidiano de determinados personagens, Não Olhe para Cima do McKay é basicamente todo comentário, sem profundidade, com os aspectos do filme em si, como progressão do roteiro e personagens, servindo como nada mais que artifícios, simples acessórios ao tema e à mensagem; personagens em Não Olhe para Cima servem basicamente a mesma função que elementos do cenário, como cadeiras e lâmpadas, servem em filmes melhores.
Até mesmo a escolha dos atores para cada um dos personagens é bem questionável, no contexto do que o filme tenta passar: os dois personagens para os quais supostamente devemos torcer, dois cientistas inteligentes, Kate e Randall, são interpretados, respectivamente, por Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio: os dois são provavelmente as pessoas mais questionáveis do elenco principal, tanto em questão de talento quanto em questão ética, e os que são os melhores atores (Jonah Hill, Meryl Streep, Ron Pearlman, Cate Blanchett) ou as celebridades que se mostraram as melhores pessoas mesmo fora dos filmes (como Ariana Grande) são relegados aos personagens do qual devemos, como audiência, ter raiva. Sim, eu sei que é só um filme, e o que "atuação" significa, mas levando em conta como a cabeça do Adam McKay parece funcionar, não tenho certeza se os papéis forma atribuídos por questão de adequação ao personagem.
Eu sinto falta de quando o McKay dirigia filmes como Talladega Nights e The Other Guys: sim, eram comédias não muito inteligentes, cheias de gritaria, mas pelo menos eram idiotas de propósito, e não se levavam a sério: não tentavam ser nada além do que eram, e eu conseguia rir com elas. Em algum momento, por algum motivo, Adam McKay, que previamente havia dirigido filmes onde Will Ferrel corre pelado por uma rua e berra igual a uma criança, ou onde Will Ferrel corre de cuecas por uma pista de corrida tentando apagar um fogo invisível, ou onde Will Ferrel berra igual a uma criança e e corre para esfregar os testículos em um prato de uma bateria, ou... ah, já deu pra entender; em algum momento o sujeito conhecido por esses filmes achou que poderia misturar sua comédia escrachada e irreverente com temas sérios, mas o que acabou acontecendo é que essa nova "leva" de filmes do diretor não têm a comédia, e falham em produzir qualquer comentários elaborados que vão além do mínimo. Eu havia elogiado A Grande Aposta antes, mais como ferramenta didática do que como filme em si, mas depois de ver Don't Look Up, minha perspectiva mudou: agora, eu ressinto o fato de que de todas os diretores a tratarem de um assunto tão importante, tão relevante, e com tanto potencial para comentário e crítica, com tantos diretores talentosos e inteligentes, o encarregado foi logo Adam McKay; eu ressinto que ele achou necessário desperdiçar os talentos da Margot Robbie, simplesmente porque achou que não poderia chamar a atenção da audiência para a questão dos ativos financeiros a não ser que colocasse a atriz para explicar pontos da trama dentro de uma banheira, porque por algum motivo ele acredita que existe uma intersecção significativa entre pessoas que buscam um melhor entendimento do mercado financeiro, e adolescentes hormonais com problemas de atenção. Desde 2016, Adam McKay tem feito nada mais que jogar as famigeradas Oscar Bait, ou "isca de oscar", e a Academia tem mordido com gosto. Deixando claro que eu não levo a Academia a sério, e se eu gosto de um filme indicado, é mera coincidência, mas eu gosto de preencher aquelas insígnias do IMDb, e A Grande Aposta e Vice já apareceram lá, e ao que tudo indica, Don't Look Up vai aparecer também, e essa insistência do site em colocar filmes do diretor nas insígnias parece uma piada de mal gosto: os filmes dele obviamente só são indicados por conta do assunto tratado, e não pela execução excepcional. Eu só vi os primeiros cinco minutos de Vice, e decidi que vou dar minha nota baseado no que eu vi, na sinopse, e no que eu sei dos filmes do Adam McKay; caso algum outro filme dele apareça em insígnias futuras, eu vou dar nota só baseado em sinopse e conhecimento prévio de filmes dele, porque não vou perder mais tempo com os filmes dele, e provavelmente não vou fazer um julgamento diferente do que faria caso me submetesse ao resto.
Remetendo ao que eu falei antes, Don't Look Up é como conversar com uns amigos no bar, depois de umas cervejas, mas o amigo consideravelmente mais alterado insiste em falar sobre política, e falar por cima de todo mundo, em um volume que o bar todo começa a olhar para sua mesa, e você só consegue sentir ansiedade, e irritação pela insistência desse seu amigo em prolongar o assunto, mesmo não tendo muito a dizer desde o começo; no fim das contas, você só quer ir embora ou que seu amigo se acalme e volte a contar piadas nível quinta série. Don't Look Up é um filme que claramente odeia as pessoas e ideias que está criticando, de uma forma que não consegue respirar o suficiente para fazer mais além de gritar o óbvio; mas por conta da retratação caricata de todos os personagens, parece odiar também todos os envolvidos na história, independente de posicionamento, coerência e ética: parece odiar cientistas, e ciência, e a ideia de comentário e crítica em si, e a si mesmo. Parece também ter um ódio em especial pelo espectador: não respeita nosso tempo, sendo pelo menos uma meia hora mais longo do que deveria ser, e repetindo as próprias ideias constantemente; não respeita nossa capacidade de abstração e síntese; não respeita nosso posicionamento em relação à efetividade da execução do filme, mesmo com quem concorda com as ideias apresentadas, pois Adam McKay parece expressar a própria arrogância pessoal em cada cena. Em praticamente qualquer outro caso, mesmo quando eu tenho uma opinião muito negativa a respeito de um filme, o comentário é longo porque eu gosto de discutir a respeito, e não porque o filme me irritou, porque filmes são filmes; Don't Look Up não chegou realmente a me irritar, mas chegou perto. Ficou uma sensação estranha depois de quase duas horas e meia, com um filme apresentando críticas e ideias com as quais eu concordo e apoio, a princípio, mas tudo o que apresentou foi o óbvio, ansiedade, e misantropia. Esse filme tem sido comparado a Idiocracy, e realmente me lembrou dele em alguns aspectos: tenta ser uma crítica à sociedade, mas tem pouco a dizer além do óbvio e intercala isso com humor sem graça; implica que a classe trabalhadora causa a própria ignorância e sofrimento, e não explora o problema de forma inteligente ou profunda (sendo justo, Idiocracy é basciamente um dedo do meio para a classe trabalhadora, enquanto Don't Look Up consegue mostrar a questão de forma mais elaborada); e claro, um desprezo desfocado e pouco fundamentado em relação ao ser humano como um todo, ou misantropia. Don't Look Up não chega a ser tão ruim quanto Idiocracy, porque o primeiro ao menos se compromete o suficiente com aspecto "científico" do roteiro para não descer ao nível de defender a ideia comprovadamente incorreta e extremamente racista de "eugenia". Ambos os filmes acabam culpados, em certa medida, da mesma ignorância e visão limitada que tentam criticar: Don't Look Up apenas em alguns momentos; Idiocracy, do começo ao fim.
O problema aqui obviamente não é o assunto tratado, nem a crítica em si, nem o fato do filme ser uma comédia, nem de se levar muito a sério: o problema é o diretor, que também é o roteirista (roteiro adaptado, mas ainda assim) e o produtor. A escolha do Adam McKay chega a refletir de forma grotesca uma das críticas que o filme tenta fazer: existem diretores muito mais qualificados para fazer uma sátira que aborda temas sérios, mas McKay é popular no momento. É besteira ficar pensando a respeito, e provavelmente vou soar pretensioso, mas não custa imaginar o que outros diretores poderiam fazer com os conceitos explorados, como Yorgos Lanthimos, ou Michael Haneke. Melancolia, do Lars Von Trier, também trata de um cometa que vai se chocar contra a terra, e apesar do surrealismo bizarro do diretor, acaba sendo muito mais bizarro que o Don't Look Up na questão da exploração da natureza humana nesse tipo de situação. Mas o filme do McKay é comparável sim a um lançamento anterior de temática semelhante: é uma versão de Chicken Little com atores reais. Resumindo: quem quer que sejam os responsáveis, parem de dar esse filmes para o Adam McKay. O que vou escrever agora com certeza vai soar pretensioso, mas a diferença entre os filme mais críticos do McKay e de um diretor mais competente e talentoso é comparável à diferença entre uma redação básica de um aluno da oitava série e um trabalho de conclusão de curso de um universitário: mesmo que ambos estejam tecnicamente corretos, apenas um realmente tem algo a dizer, e as qualificações e o conhecimento para transmitir suas ideias.
Eu sempre reclamo de atuação ruim de crianças em filmes, e falo que não é desculpa ser criança se essa atuação prejudica o filme, e parece que filmes como a versão original de Água Negra existem para que eu me arrependa parcialmente de reclamar disso: o filme é um terror japonês com um clima melancólico constante, onde todo o elenco é bom, incluindo a atriz que interpreta a criança, e quando a criança começa a chorar de maneira convincente por causa da mãe, fica dificíl de assistir (e eu nem tenho filhos). Ótimo filme, provavelmente nunca verei de novo, pelo bem da minha saúde mental.
Não tenho muita nostalgia pela franquia: acho o primeiro filme bom, gosto das mensagens que quer passar, os efeitos são muito bons e tem boas cenas de ação, mas acho datado esteticamente, com atuações bem fracas e personagens com os quais não consigo me importar muito, por conta disso; o segundo é bem medíocre, salvo as cenas de ação. O terceiro eu achei bem ruim mesmo, com cenas de ação excessivas e não tão bem trabalhadas quanto nos anteriores, e o aspecto filosófico sendo representado por diálogos longos, carregados de informação irrelevantes, e ainda mais pretensiosos que os do filme anterior, com atuações que não salvam. Esse declínio provavelmente é por conta de não apenas forçarem um filme que funciona bem como essa história única que provavelmente nunca deveria ter sido transformado em uma franquia nessa trilogia que também tentaram expandir para essa franquia multimídia de um universo compartilhado. As Irmãs Wachowski e a Warner tentaram, entre 2003 e 2005, o que a Disney tem feito com o MCU desde 2008, mas com resultados mais próximos do que a Disney tem feito com Star Wars desde 2015: Reloaded e Revolutions, duas continuações da mesma franquia, foram lançadas em 2003, o que já é absurdo, mas eles também lançaram a coletânea Animatrix e o jogo Enter the Matrix no mesmo ano, e ambos contam histórias diferentes que deveriam se conectar de alguma forma ao universo dos filmes (Enter the Matrix inclusive tem cenas gravadas exclusivamente para o jogo). Isso é uma bagunça, onde simplesmente não existe tempo para um planejamento adequado de como tudo isso iria se encaixar, levando em conta em conta que as Irmãs Wachowski estavam escrevendo e dirigindo as duas continuações e o jogo, e provavelmente também supervisionando os curtas de Animatrix; já era uma receita para desastre, mesmo sem levar em conta a saturação que tantas propriedades da mesma franquia sendo lançadas em sucessão dessa forma pode trazer, saturação que foi agravada por ainda lançarem dois jogos em 2005, Path of Neo, que não foi bem recebido, e o MMO The Matrix online, que teve os servidores desligados em julho de 2009.
O primeiro parágrafo é para estabelecer contexto, do porque não me decepcionei com Resurrections: basicamente, não gosto tanto do primeiro filme quanto tantos outros, e o declínio da franquia já ocorreu lá em 2003, sendo dificíl criar expectativas. Mesmo assim, acho que o novo filme consegue ser pior que os anteriores. Um contra argumento à defesa que sempre surge: se um filme é ruim de propósito, isso significa apenas que é ruim; lembrando que é algo que vale também quando a defesa é usada para esses filmes péssimos, geralmente algum besteirol ou um filme de terror bem ruim, que sempre alguém defende e dá uma nota alta por supostamente ser "tosqueira proposital". Levando em conta que o orçamento desse filme foi bem alto, até mesmo para os padrões de Hollywood (estimado em US$ 190 milhões), Lana Wachowski poderia ter feito um filme para servir como um dedo do meio para a Warner, e também competente nas questões técnicas: não existe um bom motivo para efeitos especiais, coreografia e roteiro serem consideravelmente piores que nos anteriores, lançados há quase 20 anos atrás (ou há mais de 20, no caso do primeiro), e esses aspectos serem tão bom quanto ou melhores que nos anteriores não afetariam os temas (ao menos, não deveriam afetar). O roteiro é uma bagunça, ainda mais que em Reloaded ou Revolutions, porque por pior que fossem, especialmente em Revolutions, era possível traçar algum sentido que mostrava alguma consistência temática, e com o que foi estabelecido. Ressurections nem tenta fazer sentido, usando sempre da "temática meta" para desculpar qualquer furo ou inconsistência: precisavam de uma desculpa para trazer Neo de volta, apesar dele definitivamente ter morrido no final de Revolutions, e basicamente jogam uma explicação que ele estava vivo o tempo todo, mas em outra forma, e algo bizarro que a trilogia original de filmes eram jogos dentro da Matrix, que ele mesmo programou, porque ele é um programador, nesse filme; sim, eu sei que eles trazem a questão de "múltiplas versões da Matrix e do Escolhido" na explicação, mas nunca é implicado, na trilogia original, que todos são a mesma pessoa, dentro e fora da Matrix. Jogam depois uma explicação de como conseguem trazê-lo de volta, resgatá-lo da Matrix, e nada segue a lógica que foi estabelecida anteriormente em três filmes, um jogo e vários curtas. Depois tem também um rolo sobre tirar a Trinity da Matrix, mas já fica estabelecido que ela odeia a própria vida na Matriz, então é dificíl sentir o conflito dela em tomar a pílula vermelha. O personagem do Neil Patrick Harris surge do nada, e não faz sentido no contexto do universo estabelecido, parecendo um super vilão genérico de desenho animado. Sem bom motivo, eles substituíram dois atores de personagens importantes: Yahya Abdul-Mateen II é um bom ator, mas é um péssimo Morpheus; o agente de Smith de Hugo Weaving era um dos únicos aspectos consistentemente bons de todos os três filmes, mas aqui ele é interpretado por um cara bem diferente, que é péssimo, e parece uma paródia do personagem original.
O roteiro também não se decide sobre os temas que quer tratar: toda essa parte de criticar a Warner por basicamente "forçar" Lana a fazer o filme é só no começo, depois o filme passa para uma questão de assumir sua verdadeira identidade e questionamento de papéis tradicionais da mulher, e eu acho que é um bom tema a ser abordado aqui, especialmente porque (e vou entrar numa tangente aqui), aconteceu com a franquia Matrix o que infelizmente acontece com muitos filmes famosos: reacionários imaturos que não entendem a mídia que dizem gostar tentaram se a apropriar da e distorcer a mensagem da série, querendo associar a mensagem de "tomar a pílula vermelha e sair da Matrix" com baboseira conspiratória que usam para justificar a própria misoginia, racismo, homofobia, e absurdamente, até mesmo transfobia. Querem um dica do que a pílula vermelha realmente significa? Procurem "estrógeno" no google imagens e comparem as cores; sim, desde o primeiro filme, Matrix sempre foi, em algum nível, sobre a experiência de descoberta de identificação, sobre transexuliade. Eu gosto da temática abordada a partir de determinado momento do filme, em teoria, porque ajuda a reforçar um dos temas da franquia, e ajudar a apagar essa interpretação que um certo grupo tenta usar para cometer crimes de ódio, mas como tudo no filme, eu posso dizer, honestamente, que foi bem executado: sem preocupação com consistência, tudo jogado e muito óbvio, e querendo ser "meta" antes de ter um roteiro.
Talvez fosse mais fácil aceitar essa interpretação de que o filme "é bom, porque é ruim de propósito", se as irmãs Wachowski tivessem dirigido bons filmes depois do primeiro Matrix, mas não é o caso: sei que tem muitos que gostam de Reloaded e Revolutions, mas eles foram bem divisivos. Quanto ao resto, alguém realmente acha Speed Racer bom, não ironicamente? Ou se lembra de Cloud Atlas? E não existe argumento bom o suficiente para defender Jupiter Ascending.
Outro ponto que eu queria deixar: eu odeio a Niobe nesse filme, a ponto de ser a personagem que eu menos gosto de toda a franquia. Já existe algo bem irritante a respeito de pessoas velhas, seja em filmes ou na vida real, que fazem nada além de reclamar de tudo que pessoas mais novas fazem, mesmo que necessário; a maquiagem que colocaram na Jada Pinkett Smith para fazer ela parecer velha é nada convincente, a ela definitivamente parece alguém fingindo ser velho, e não uma pessoa velha de verdade. O ponto é, existe algo ainda mais irritante em uma pessoa fingindo muito mal ser velha que faz nada além de literalmente ver a grama crescer com autoridade para mandar prender pessoas mais novas que estão fazendo algo de útil.
O filme é comparado a Os Últimos Jedi, nessa questão de subversão e desconstrução do universo, mas esse pelo menos buscou manter consistência com filmes anteriores, funciona como uma progressão da história, e por mais que o roteiro tenha problemas e seja controverso entre quem assistiu, os aspectos técnicos são da qualidade que se espera da franquia, e as atuações são boas. Resurrections lembra mais A Ascenção Skywalker, por ser desfocado e frustrado com algo, mas até mesmo Ep. IX teve maior cuidado nos aspectos técnicos.
Outro ponto: sei que o comentário foi longo, e foi bem hiperbólico em alguns pontos, mas no fim das contas é mais um filme: eu não fiquei irritado de verdade, e ninguém deveria, eu gosto de ver filmes e comentar em detalhe a respeito, só isso. Eu digo isso porque "acampar" na seção de comentários, deixando vários comentários agressivos, links, ofensas para quem avaliou o filme positivamente e mesmo várias respostas para comentários positivos, não é normal: é mais que falta do que fazer, é sinal de um problema maior, algo que só pode ser resolvido saindo do filmow um pouco e tocando grama com os pés, ou com terapia, mesmo. Muitos provavelmente já sabem de quem estou falando, então tenham em mente que essa pessoa pode não estar em um bom lugar, mentalmente, no momento. Isso não significa, claro, que uma cutucada aqui e ali pra acordar vai fazer mal.
Já não tinha achado esse novo Scream muito bom logo depois de assistir, mas quanto mais penso a respeito, pior fica. Quando sai um filme aguardado de alguma franquia clássica, a não ser que seja absurdamente ruim ou tenha feito algo para irritar uma parcela específica e pouco razoável dos fãs, as notas e comentários iniciais tendem a ser positivos de forma exagerada, e no caso do novo Scream aqui no filmow, também achei estranho que a maioria falava basicamente nada a respeito do filme em si, e depois de assistir, é fácil ver o porquê.
Como é de praxe no filmow, sempre têm aqueles que não se contentam em terem gostado do filme, mas querem desmerecer opinião alheia com o clássico, e na grande maioria das vezes péssimo argumento no estilo "o que você esperava?". O primeiro Scream é considerado um clássico não só por conta da questão da "meta linguagem" na superfície, mas por ter um roteiro sólido que não apenas é bem acima da média para um slasher, mas também bem sólido para a média de filmes em geral. O filme não comprometia desenvolvimento de personagens, coerência e consistência para passar a própria mensagem narrativa. A questão é que, se você acha que quem é familiar com a série não deve esperar coerência, consistência ou um certo grau de realismo, com ações minimamente coerentes dos personagens, me desculpe, mas quem não entende o que torna especialmente o primeiro filme bom, e tem expectativas inconsistente com o que já foi apresentado, é você mesmo. Argumento mais plausível seria dizer que as expectativas não devem ser altas baseado na queda em qualidade das continuações, mas também não funciona porque: esse filme faz um ponto para especificamente ser uma "requel", basicamente o primeiro filme de novo com algumas diferenças e novos personagens, e acho que é muito conveniente que as diferenças incluem não ter um bom roteiro, nem bons personagens; o roteiro no geral é pior que o das continuações anteriores. Além do mais, mesmo se fosse o caso, isso significaria que o primeiro filme também é ruim, e
Quanto ao filme em si, o elenco é o pior até o momento: os atores novos não são convincentes, e os personagens são rasos, sem carisma, e existem apenas para cumprir tabela do que Scream deve ter no contexto "meta", e nada além disso; Dylan Minnete interpreta o mesmo personagem de todo filme/série que ele participa, Mikey Madison só reprisa o papel dela em Era Uma Vez em... Hollywood, mas aqui é levado mais a sério do que deveria, a atriz que faz a protagonista não consegue expressar emoção de forma convincente, e personagem mais nova, a irmã da protagonista que deveria ser o principal fator emocional, não tem personalidade ou desenvolvimento além de ser esfaqueada várias vezes. Jack Quaid é o menos pior da nova leva, e faz o possível com o roteiro dado. Os novos personagens são os menos competentes, e os menos inteligentes da franquia até agora, ao ponto que deixa de ser engraçado e passa a irritar O trio clássico retorna aqui, mas aparecem bem pouco, e aqui parecem ter voltado simplesmente por formalidade, e para serem pagos, entregando atuações bem mais fracas que nos filmes anteriores.
Toda a questão do "meta" aqui é desperdiçada: o roteiro aqui mostra um conhecimento mais limitado dos tópicos relevantes tratados que nos filmes anteriores, e a mensagem até chega a se contradizer em alguns pontos. O filme parece tentar ignorar, também, que Scream 4 já foi a continuação "nostálgica" da série, que mostra os personagens clássicos retornando para a cidade do primeiro filme, mostra cenas familiares com alguma subversão, e com personagens novos que se encaixam no papéis clássicos; comete até mesmo alguns erros. Eu não acho que Scream 4 seja um filme muito bom, mas acho que tudo o que o quinto filme da franquia tentou fazer, o quarto fez melhor, e antes. Para uma série que é tão auto referencial, é um absurdo não comentarem a respeito do fato que o novo Scream é muito similar ao filme anterior.
A revelação dos assassinos também é a pior da franquia até agora: tudo fica muito óbvio, de forma bem rápida, mas não por conta de pistas bem distribuídas ao longo do filme, mas porque o filme deixa óbvio, sem sutileza ou mistério envolvido. Além de ser óbvio, é incoerente com o que é mostrado ao longo do filme: um dos assassinos é baixo e bem magro, mas em cenas onde fica óbvio que é essa pessoa em particular, ele é mostrado como sendo alto e peitando um policial treinado com facilidade; mesmo o outro assassino é consideravelmente mais fraco (ou deveria ser) do que a maioria das pessoas que eles atacam durante o filme. Esses são os mesmo erros que Scream 4 cometeu, mas aqui é ainda pior, porque o elenco é fraco, e parece que houve um cuidado ainda menor aqui em esconder as falhas.
Nenhuma continuação após a segunda conseguiu apresentar uma motivação para desenrolar dos eventos e retorno dos personagens que não parecesse forçada e pouco natural à franquia, mas o novo Scream consegue ser o pior também nesse aspecto: a protagonista é filha do Billy Loomis, porque apesar de tudo em que ele estava envolvido no primeiro filme, ele teve tempo de se envolver com uma mulher e engravidá-la, antes de ser morto pela Sidney, e de forma bem conveniente, essa mulher nunca foi mencionada antes,a aparentemente ninguém mais na cidade sabia a respeito, apesar de Woodsboro ser aquele tipo de cidade pequena onde todo mundo sabe da vida de todos, e as notícias correm (lembrando que no primeiro filme, basicamente a cidade inteira sabia de aspectos privados da vida da mãe da Sidney). A história também traz o clichê de um protagonista que abandona a cidade e a família por determinado motivo, mas isso tem praticamente nenhum impacto na história em si, e todo o conflito proveniente disso se resume a umas poucas falas. O roteiro ainda consegue usar uns clichês bem batidos e irritantes de forma nada irônica, como a protagonista tendo alucinações bem vívidas, e aquela reintrodução de personagens clássicos onde é óbvio quem são, mas mostra eles de costas e toca uma música dramática.
Scream 2022 é um filme vazio, que existe apenas para referenciar o primeiro de forma mecânica, em uma série onde até os piores doas anteriores se esforçaram para apresentar uma narrativa com personagens que servem algum propósito além riscar itens de uma lista. Outro problema é mostrado no filme, provavelmente de forma não intencional: a franquia já foi superada na questão da meta narrativa, com diversos filmes lançados na década passada que apresentam comentário sobre o gênero terror, enquanto ainda funcionam como uma narrativa em si. Eu sei que tem muita gente atualmente que sempre corre para menosprezar esses filmes de terror supostamente da nova leva, simplesmente por tentarem algo diferente do que se vê atualmente no gênero, jogando uns apitos de cachorro no meio, chamando o filme de "moderninho" para criar um espantalho a respeito de pessoas que gostam desses filmes, mas isso só mostra um conhecimento limitado do que é "terror": muitos dos filmes mais inovadores, conceituados, experimentais e considerados clássicos da história do cinema são de terror. O tipo de terror que as más línguas adoram chamar de "pretensioso", superestimado, ou aquele outro apito de cachorro, "não é terror raiz", é mais próximo do que o gênero oferecia de forma relativamente comum da década de vinte até a década de setenta, do que os filmes lançados desde a década de setenta que aparentemente essas pessoas usam como referência. Acho relevante falar a respeito, porque o novo Scream faz algumas referências a esses filmes de terror que saíram na década passada, de uma forma bem neutra, mas um pessoal aqui assumiu, de alguma forma, que o filme estava criticando o que pessoas que não conhecem o gênero de "pós horror", ou algo do tipo; se houve alguma crítica, foi às pessoas que se criticam um filme simplesmente por tentar algo diferente... em um filme que faz nada de diferente. Mesmo não levando em conta o gênero como um todo, e focando só nos clássicos que esse mesmo pessoal adora chamar de alguma variação de "slasher raiz": sério que ainda existem fãs de terror em 2022 que esses filmes ainda seriam considerados clássicos se tivessem mais nada a oferecer além da violência e do sangue de forma superficial? Ainda existe quem acha que o primeiro Texas Chainsaw Massacre é só a respeito de uma família de canibais no Texas que assassina uma uma série de jovens, ou que o primeiro Halloween é só a respeito de um psicopata que escapou de um instituição e saiu em uma matança aleatória?
Esse comentário acabou ficando muito longo, também, mas tem muito mais a ser dito no contexto que cerca o filme, de qualquer forma. Eu não esperava muito, levando em conta que as impressões iniciais são bem exageradas, mas eu esperava mais que esse filme; esperava pelo menos que fosse melhor que Scream 3 e 4, mas acabou sendo, para mim, o pior dos filmes. Algo positivo nesse filme é que me fez apreciar um pouco mais o que o 3 e o 4 fizeram direito, e apreciar ainda mais o bom trabalho do 2 como continuação. Tanto para quem quer um bom terror "meta" ou um "slasher" descompromissado com bastante sangue e "gore", sem se preocupar com história e personagens, existem opções melhores lançadas na década passada.
Tem spoiler no comentário: não marquei individualmente porque nada a respeito do roteiro desse filme é bem feito, e não faz diferença ficar sabendo antes de ver o filme; de qualquer forma, aviso dado.
Esse filme chegou sim a me dar um susto, que foi quando eu voltei para casa depois de ter saído para buscar, abrir o Netflix e ver isso disponível. Se eu vi material promocional ou reportagem a respeito de um novo filme da franquia Texas Chainsaw Massacre, eu realmente não lembro, mas ele existe, porque é a onda dos reboots e continuações nostálgicas, e o Halloween de 2018 fez sucesso, então a franquia entrou na onda e lançou uma continuação direta do primeiro filme, que ignora todas as outras continuações, e tem praticamente o mesmo nome do original, só faltando o "The". Nem é a primeira vez que tentaram algo do tipo: o filme de 2013, chamado simplesmente de Texas Chainsaw, também é uma continuação direta do primeiro filme que tentou servir como um "soft reboot", que também envolvia um grupo de jovens esbarrando acidentalmente em um Leatherface geriátrico que de alguma forma conseguiu se esconder das autoridades por várias décadas, embora tenha ficado bem claro que nem ele ou o resto da família tenham alguma ideia do significado de "discrição". Acho que o simples fato desse novo filme existir já mostra o quão bem recebida foi essa tentativa de reboot de 2013. A franquia é uma bagunça, ainda mais levando em conta que o terceiro e o quarto filmes também foram tentativas de reboot.
A trama agora é a respeito de jovens ricos ligados a mídias sociais organizando um projeto de gentrificação de uma cidade abandonada do Texas, e fica bem claro que o roteirista tinha uma ideia bem vaga de como esse aspecto da internet funciona, mas teve que incluir algo do tipo para "atualizar" a história e tentar fazer algum comentário, mas é feito de tal forma que tem o efeito oposto, e data o filme. Os envolvidos também acharam que esse filme caça níquel que foi despejado direto no Netflix sem muita fanfarra poderia tratar do assunto muito sério e sensível de tiroteios em escolas dos Estados Unidos, e esse definitivamente não é o tipo de assunto que deveria ser abordado de uma forma tão trivial, mas esse filme é tão dificíl de levar a sério que acaba não sendo um problema tão grande, ironicamente.
O filme traz a personagem da Sally de volta, semelhante ao que fizeram com a Laurie em Halloween, com uma diferença essencial: Marilyn Burns morreu em 2014, e nesse filme a personagem é interpretada pela Olwen Fouéré. Eu até entendo quando a morte de um ator atrapalha na produção de uma continuação já planejada, especialmente se o personagem é essencial e precisa ser substituído, mas o único propósito de trazer Sally de volta aqui foi um retorno nostálgico, porque ela é uma personagem do legado da série, e sem a atriz original, o retorno simplesmente não é nostálgico, e tem nada ligado ao legado da série (Aliás, quem tirou aquela foto dos amigos na van? Não foi o caronista, porque a única foto que ele tirou, ele mesmo queimou). É ainda pior porque trazem a personagem de volta simplesmente para contribuir quase nada para a história, morrendo rapidamente, e sem realizar sua vingança. Acaba funcionando como uma metáfora bem apta para a série como um todo: os personagens do original violavam túmulos e utilizavam os cadáveres para construir móveis e bibelôs bizarros; no caso da franquia, embora não tenha contado com um filme bom desde o primeiro (ou desde o segundo, dependendo de como você se sentiu a respeito da mudança de foco do Tobe Hooper para a continuação), sempre tem alguém com mais dinheiro que bom senso que se recusa a simplesmente deixar a franquia morrer, e de tempos em tempos desenterra seu cadáver para tentar conseguir uma grana fácil.
O resto do elenco é bem esquecível: a melhor personagem e a melhor atuação são da Elsie Fisher, que estava muito bem em Oitava Série, e enquanto ela tenta com o roteiro fornecido, não tem muito o que salvar. O resto foi colocado obviamente para servir para a contagem de corpos: estereotipados, e impossível de se importar quando qualquer um deles morre. A história tenta ser profunda em alguns pontos, mas falha, e em alguns momentos o filme alterna entre fazer uma piada em um momento e tentar se levar muito a sério logo em seguida, como é o caso da cena do ônibus.
Chega aqui o momento em que é bom lembrar que cada um tem direito à sua opinião, mas como sempre acontece quando um filme desses é lançado, algumas pessoas ficam realmente incomodadas com a nota baixa do filme e criam um espantalho baseado em quase nada para tentar desmerecer opiniões alheias, querendo mostrar que são melhores que o espantalho que criaram simplesmente baseado em gosto sobre filmes, e é por conta dessas situações que é necessário mostrar porque essas pessoas provavelmente não entendem os filmes que dizem gostar tão bem quanto querem fazer parecer, e porque esse filme não é uma boa continuação do primeiro filme, e nem um bom slasher.
O que é comunicado a respeito do Leatherface, baseado no primeiro filme, é que ele é um sujeito com sérios problemas mentais, que sofre abuso do irmão e do tio, mas é definitivamente um ser humano, no sentido físico. Esses aspectos davam uma certa vulnerabilidade ao personagem, mas também o tornavam único e cumpria o propósito da proposta inicial de Tobe Hooper: o psicopata em questão tem nada de sobrenatural, e pode ser seu vizinho, o que acontece, literalmente, no filme, e algo que a maioria das continuações respeitaram, e até o mesmo aquele remake exagerado, em certa medida. A continuação de 2022 foi feita como fan service, e comete, em certa medida, o mesmo erro do filme de 2013 (embora não tão forçado): muitas cenas tentam mostrar Leatherface como "legal", uma espécie de anti herói. Ele agora tem força sobrenatural, especialmente para um senhor de mais de 70 anos, e o modo como ele "volta" ao personagem é hilário de tão ridículo: ele arrebenta uma parede da casa onde estão escondidos um avental com gravata e uma motosserra, que o filme deixa bem claro que são os mesmos do primeiro filme, e a serra ainda funciona perfeitamente. Isso é o tipo de cena que normalmente apareceria em um filme mostrando um super herói voltando à ativa, e é apresentada praticamente da mesma forma que a cena em John Wick onde o personagem arrebenta o chão do porão para retornar à "vida antiga" com o propósito de vingança, e acho que não preciso dizer porque isso é ridículo e não funciona no contexto de um filme da franquia Texas Chainsaw Massacre. Outros aspectos do personagem também ficaram mais genéricos: o filme faz quase nenhuma alusão ao fato de que o personagem trabalhava em um matadouro, sem uma das características essenciais do terror da série, a questão da inversão de papéis, de humanos sendo tratados como gado; nada de ganchos, de mesa de corte, e parecem também ter se esquecido que o personagem é um canibal. Ele também tem força sobre humana e resistência a tiros nesse filme, como o Michael Myers e o Jason, e juntando isso tudo, sobrou muito pouco do personagem, de fato.
Têm aqueles que só querem ver um slasher estilo "clássico", com muito sangue, e acham que o roteiro não importa, e isso é um sentimento justo, mas é bom lembrar que os filmes do gênero que são de fato considerados clássicos atualmente, como os primeiros A Nightmare on Elm Street, o primeiro Halloween, e o primeiro Scream, têm bons roteiros que exploram assuntos sérios de forma efetiva, sob a ótica do terror. O caso é o mesmo, claro, com o primeiro The Texas Chainsaw Massacre: a sequência básica de eventos do filme é bem estruturada o suficiente para contar um a história consistente e que não perde tempo, mas o filme é também um reflexo do cinismo da década de 70 nos EUA, com os vários problemas de uma década conturbada sendo abordados de alguma forma no filme, mas sem prejudicar a trama principal. Esse novo filme, além de ter um roteiro bem fraco com péssimas atuações e esfregar os supostos temas na cara do espectador, e mesmo assim tem várias mensagens ao mesmo tempo que se contradizem, não funciona como um slasher, ao menos para mim, por conta de muito do sangue e "gore" ser CGI bem ruim, e das mortes serem pouco criativas. Para quem não se importa com roteiro e só quer ver sangue e umas mortes criativas, têm uns filmes por aí que pouca gente fala a respeito por não estarem associados a uma franquia famosa, mas que têm efeitos muito melhores, e práticos, como Chromeskull, No One Lives, e a série Slasher. A cena final é provavelmente o pior (ou melhor) exemplo desse problema: tentam fazer uma homenagem à clássica cena final do primeiro filme, com uma subversão, mas essa subversão é uma decapitação bem comum em slashers, e com CGI nada convincente; não ajuda que os créditos ainda tentam bancar na nostalgia com aquela estética VHS da década de oitenta, sendo que a nostalgia ao primeiro TCM está mais associada ao grindhouse da década de 70. A questão desses dois parágrafos é a seguinte: tudo bem ter gostado do filme, mas não venha com esse papo do espantalho de que quem não gostou, é porque não gosta do slasher "clássico", "raiz", ou porque teve "expectativas muito altas" para um filme da franquia, já que ficou bem óbvio que essa é uma argumentação desonesta.
Eu não sei como eu coloco esse filme no meu ranking pessoal da franquia: certamente menos pior que o Texas Chainsaw de 2013, mas isso não dizer muito; definitivamente abaixo do primeiro, segundo, terceiro, o remake e a prequel do remake; ainda não decidi se acho melhor ou pior que o quarto filme e o Leatherface, de 2017.
Scream 3 consegue, ao mesmo tempo, ser o filme mais forçado, inconsistente, e exagerado de toda a franquia, e ser o menos interessante, mais esquecível, e mais tedioso. Ao contrário do segundo filme, a história aqui não parece uma progressão natural para o caminho que a série deveria tomar, mas apenas algo que inventaram para fechar uma trilogia com as revelações mais "bombásticas" e absurdas até o momento; muito do roteiro desse filme, incluindo a identidade e a motivação do assassino,parece ter sido elaborado às pressas simplesmente para cumprir uma cota. O carisma e as boas atuações do elenco que retorna, juntamente com a direção do Wes Craven que ainda é deixa claro o estilo do diretor, mesmo que seja de maneira não tão efetiva aqui, ainda colocam esse filme acima da média de um slasher comum, mas isso não é dizer muito, e acaba sendo bem medíocre, no fim das contas.
A história envolve aspectos do passado da Sidney, mais especificamente da mãe dela, que não simplesmente não foram apresentados nos filmes anteriores de uma forma que justifique a importância que recebem neste terceiro filme; na verdade, eu nem lembro mais se eles chegaram a ser apresentados, de alguma forma. Não existe problema em apresentar elementos novos, desde que sejam bem integrados à história, mas aqui eles não são, e o filme ainda quer passar a impressão de que está desenvolvendo em cima de algo estabelecido. Os novos personagens são bem exagerados e caricatos, e provavelmente foi essa a intenção, para satirizar o narcisismo de Hollywood, mas no fim das contas só servem para adicionar à contagem de corpos, e como praticamente tudo no filme, não deixam impacto e são bem esquecíveis, apesar dos exageros. O mesmo vale para o assassino da vez, como motivações que seguem o fluxo fraco da história, impacto na história que é pouco sentido, e uma revelação e morte que parecem ter sido tratadas apenas como formalidades da série, e não a culminação de um arco interessante e satisfatório.
Scream 3 não chega a ser terrível, especialmente no contexto no contexto dos slashers, um subgênero cheio de porcarias, e eu até gosto de alguns momentos, como a cena em que a Sidney foge do assassino em o que é um cenário do filme, mas também um cenário no contexto da história do filme recriando a casa da personagem em Woodsboro; é o tipo de meta linguagem que combina com os temas da série, mas mesmo isso não é muito explorado. O filme chega a um nível de mediocridade que, pelo menos do ponto de vista do entretenimento, é pior do que se fosse absurdamente ruim, porque nesse caso, poderia ter sido muito engraçado, de uma forma não intencional, e mais interessante de conversar a respeito, mas é apenas tedioso.
Para uma continuação que aparentemente foi feita às pressas para pegar carona no sucesso do primeiro, fico surpreso que consegue ser uma boa continuação que desenvolve em aspectos do primeiro, como a forma que os eventos do filme anterior foram adaptados em um slasher, e como afetaram a saúde mental e os futuros relacionamentos de Sidney; como é uma continuação, Wes Craven aproveitou para fazer comentários a respeito não apenas do gênero em si, mas também do filme anterior. Ainda não vi o filme mais recente da série (não quero arriscar pegar a omicron, e por mais que eu goste de cinema, com os estúdios mudando o modelo de lançamento durante a quarentena, eu me acostumei muito a ver filmes que estão no cinema ou pouco depois de terem saído sem ter que lidar com algum mané que não consegue ficar quieto e um monte de gente enchendo a cara de pipoca), mas das três primeiras continuações, eu considero essa a melhor.
O elenco que retorna continua bom, a maior parte dos novos personagens são interessantes e contribuem bem para a história (conseguiram até escrever um papel para o Jerry O'Connell que não é de um sujeito irritante), mas nenhum dos novos chega a ter o mesmo carisma e impacto do elenco que retorna: Sidney, Gale, Dewey e Randy continuam sendo os melhores personagens. Como continuação, Scream 2 cumpre bem seu papel, continuando a história de forma que parece natural, mostrando como Sidney tem dificuldade em se afastar das consequência do ocorrido em Woodsboro, mesmo mudando de cidade, e as boas atuações do elenco principal carregam bem essa parte da história; existe também uma tentativa de aumentar a tensão, com o assassino tendo uma presença maior, e mortes ocorrendo mesmo em ambientes que seriam seguros em outros filmes. O problema é que essa tentativa de aumento da tensão e dos riscos para os personagens vêm às custas de um roteiro com mais exageros, com situações mais absurdas, menos consistência, e no geral um cuidado menor, se comparado ao filme anterior. O maior exemplo disso provavelmente é a questão dos assassinos: no primeiro filme, as pistas da identidade deles são colocadas na história de forma consistente, de forma que a revelação faz sentido, sem recorrer aos clichês batidos do gênero; em Scream 2, apesar de trazer a mesma "reviravolta" de "dois em um" do primeiro, o comportamento do Ghostface, o assassino fantasiado, sugere uma única pessoa, sem particularidades notáveis em diferentes cenas, aproximando-se mais de um vilão tradicional de slasher, aguentando muita agressão física, de forma que humanos geralmente não conseguem, e nada disso é mostrado nos personagens que são supostamente sua verdadeira identidade. As identidades acabam sendo mais óbvias que no primeiro filme, mas não é por conta das pistas deixadas por um roteiro consistente, mas porque o roteiro cai aqui em em clichês do gênero. Outro problema são personagens tomando decisões estúpidas só para criar tensão, e não da forma mais inteligente e subversiva como era no primeiro filme.
Apesar dos vários problemas que tornam o filme inferior ao seu antecessor, Scream 2 ainda consegue ser uma boa continuação, e um filme de terror bem divertido.
O primeiro filme da série Pânico é um dos únicos filmes do subgênero "slasher" que pode ser considerado "bom", sem muitas ressalvas. Uma evolução natural do conceito de metalinguagem que Wes Craven havia explorado em O Novo Pesadelo, de 1994. Ao contrário da maioria dos exemplos de filme de terror que tentam fazer um comentário a respeito do gênero, mas só dão uma "piscadinha" para o espectador e seguem todos os clichês da mesma forma, Pânico realmente subverte as expectativas, de uma forma que parece natural e contribui para a consistência do roteiro. Mesmo quando o filme se utiliza de alguns clichês, é de uma forma satírica e inteligente. O roteiro no geral é bem construído, com detalhes e pistas sobre a reviravolta do final bem incorporados nas cenas, e bons personagens com boas atuações (principalmente Neve Campbell) que tornam fácil se importar com o o desenrolar dos eventos, mesmo que o filme não se leve muito a sério em vários pontos.
Mesmo sendo uma sátira do gênero, também funciona muito bem se visto de forma não irônica, como um slasher mais convencional: o roteiro e atuações sólidos e a direção de Wes Craven asseguram que o filme tem cenas que são tensas, e uma quantidade razoável de sangue e "gore" para quem espera isso. Na minha opinião, está entre os melhores filmes de sua categoria, que assim como o primeiro Halloween e os primeiros A Hora do Pesadelo, um clássico que é único no que tenta fazer, e na forma como executa.
Headless, assim como o filme que o "originou", Found, quer muito ser levado a sério e visto como algo mais profundo do que realmente é, mas é muito exagerado, escrachado e apela muito para o fator de choque e "gore" para ser levado a sério, e isso é um problema, porque o filme nunca passa para ironia ou paródia, tentando manter o tom sombrio, e acaba virando uma comédia não intencional. A forma como o protagonista "consuma" uma cabeça decapitada logo no começo quer ser perturbador, mas é tudo tão súbito e exagerado que acaba sendo cômico; quando ele faz isso mais umas duas ou três vezes durante o filme, só fica chato e repetitivo, mesmo.
Mas o propósito de Headless era emular o estilo de filmes de terror tipo "exploitation" da década de 70, e infelizmente, falha nesse aspecto, falhando em seu propósito, não havendo muito aqui para entusiastas de filmes da era. Para começar, não existe preocupação com a autenticidade na direção: o filme muito claramente foi gravado com uma câmera digital barata da década de 2010, e colocaram uns efeitos de pós produção do filme "queimando" para tentar dar aquele efeito "grindhouse", mas é muito artificial para passar a autenticidade necessária. O problema se estende para os personagens e cenários: as atuações são atuações ruins de 2015; os diálogos são diálogos ruins de 2015 com umas gírias americanas da década de 70 jogadas no meio para tentar dar mais autenticidade, mas que só acabam chamando mais atenção para a natureza artificial do filme; os cenários são obviamente algumas poucas localidades que o orçamento permitia filmar, onde a produção provavelmente só escondeu os itens mais modernos, mas não colocou mobília, papel de parede ou decoração típica do período que estava tentando emular, então tudo fica só parecendo localidades modernas com uma falta preocupante de mobília; no caso do figurino, eles tentam menos ainda. Talvez a parte que melhor sumarize e evidencie os problemas citados é uma cena em que o assassino dá carona para o que supostamente deveria ser uma mulher hippie, mas a roupa que ela usa parece uma fantasia bem barata, ou algo feito de última hora para uma festa à fantasia, e a atuação dela, tentando fingir estar chapada, também é péssima.
Os clássicos de baixo orçamento da década de 70 eram mais perturbadores não pelo sangue ou violência, mas pela crueza, pela autenticidade, e pela forma como abordavam temas contemporâneos, influenciados em grande parte pelo clima de pessimismo trazido pela Guerra do Vietnã e dos efeitos da cultura corporativa agressiva na população comum. O Massacre da Serra Elétrica, por exemplo, introduz a questão do terror em ambiente familiar, com uma família, implicando também que a família foi levada ao canibalismo por conta das condições econômicas que levaram à demissão deles no emprego do matadouro; Quadrilha de Sádicos mostra o confronto entre o que era na época considerada a família tradicional, ideal, "nuclear", com a família marginalizada que sofreu com efeitos de testes nucleares, e teve que recorrer ao ataque e dos viajantes e canibalismo para garantir a sobrevivência, o filme tentando mostrar também que o conceito de "civilidade" desaparece em situações onde os luxos da civilização moderna não existem; Halloween traz uma crítica à suposta paz e ordem dos subúrbios, construída na base da negação e ignorância, e a forma como esses erros do passado têm consequências nas gerações futuras. Headless parece não entender esse aspecto dos filmes do período, e a suposta profundidade não reflete aspectos socioeconômicos e políticos relevantes, daquele ou desse período, mas é uma tentativa bem rasa e forçada de gerar alguma simpatia pelo personagem, que da forma como é executada, parece que os envolvidos estavam tentando criar um cenário absurdo para justificar misoginia, e isso é um problema.
Enfim, não tem muito aqui para fãs de cinema de terror da década de 70, muito menos para fãs de filmes de terror no geral.
Só um aviso: eu não marco "spoiler" para filmes de mais de cinco anos, então leiam por sua própria conta e risco, e não venham reclamar da falta de marcação, pois o aviso está dado. Não que fosse fazer muita diferença, de qualquer forma, já que o filme entrega toda a história no trailer; e se a preocupação é em "estragar" algo, o próprio roteiro já se encarrega disso.
O nome é "Batman vs Superman", mas baseado em alguns comentários em defesa do filme, poderia ser "Dunning e Kruger vs o Espantalho"...
Depois de alguns anos, decidi dar uma chance à versão estendida, para ver se realmente conserta o filme, mas as cenas adicionais não consertam os problemas fundamentais, intrínsecos ao filme, apenas adiciona mais dele. O mesmo roteiro que deixa de fazer sentido se você parar pensar nele por mais de dois segundos, cujo argumento dos defensores é criar espantalho falando que o motivo de alguém não ter gostado é por não ter entendido, mas não: entender o que está acontecendo, superficialmente, é bem fácil, porque esse não é um filme inteligente, ou sutil; o problema sempre foi a execução, a forma como a história é apresentada. Os minutos iniciais estabelecem bem o tom do filme, que, fora a recapitulação da história do Batman, que até ficou bem feita (Jeffrey Dean Morgan, o Comediante, como Thomas Wayne, foi um toque legal), passa para um funcionário das empresas Wayne, por algum motivo, ligando para o Bruce para saber o que fazer enquanto Dragon Ball rolava do lado de fora do prédio, ao vivo, ao invés de evacuar imediatamente; Bruce dirige até o prédio, apesar da presença dele no local fazer zero diferença, e se colocando em risco de forma desnecessária ao abraçar uma criança no meio de uma área onde escombros do prédio estão caindo, em uma cena bem melodramática onde música séria toca; mas acho que seria muito engraçado se o Bátima morresse nos primeiros cinco minutos com uma pedrada na cabeça... o que segue é uma cena onde Lois e um agente disfarçado da CIA são pegos porque o cara coloca um localizador comicamente grande em um lugar muito óbvio; obviamente, ele é morto, mas Lois não, e o Homem Tramontina interfere em um conflito externo na hora exata para salvar justamente a pessoa em quem ele tem um interesse pessoal (acha que o cara que morreu não importa, porque o super-herói que pode cruzar o globo em menos de um segundo não está dormindo com ele); depois, vem uma cena bem desnecessária com umas implicações um tanto desconfortáveis que mostra que pelo menos alguns dos envolvidos só queriam uma desculpa para que Amy Adams aparecesse com o mínimo de roupas possível, ao mesmo tempo que outros queriam várias desculpas para o Henry Cavill aparecer sem camisa.
E assim o filme segue, com a versão estendida mantendo o mesmo nível de qualidade geral da versão de cinema: mesma pretensão em ser um filme profundo, sem a profundidade; mesmas péssimas atuações de Henry Cavill e Gal Gadot; mesmo personagem do Laurence Fishburne que age como nenhum editor na face da terra ao ignorar reportagens que venderiam jornais; mesmo desperdício de talento da Amy Adams ao colocá-la em um papel tão inconsequente e irrelevante para a história; mesmo Lex Luthor pretensioso e mal interpretado que parece uma fusão entre Coringa e Zuckerberg que destoa muito do resto do filme; mesma quantidade de fan service desnecessário e intrusivo; mesma Mulher Maravilha sub aproveitada que foi colocada no filme simplesmente porque a Warner estava correndo com esses filmes; mesmas justificativas forçadas e mal explicadas para a treta entre o Morcegão e o Homem Nepotismo, que seriam resolvidas com 5 minutos de diálogo caso fossem dois adultos conversando; mesmo plano idiota e mal executado do Bátima para matar o modelo da Calvin Klein que sacrifica eficiência e praticidade em nome de simbolismo forçado; mesma explicação hilária e forçada do porque eles resolvem parar a briga (MARTHAAAAA!!!!!); mesmo Batman sociopata que causa estragos e explosões quase no mesmo nível de um filme do Michael Bay, faz zero trabalho de detetive, e mata mais pessoas que o a média do Jason em um Sexta-Feira 13; mesma inclusão forçada e de última hora do Doomsday, com o mesmo péssimo visual que parece massa disforme de biscoito renderizada em CGI ruim; mesmo problema com cenas de ação muito escuras com câmera que fica balançando e CGI pouco convincente; mesmo Cara do Peitoral de Aço que consegue detectar Lois em perigo do outro lado do mundo, mas não consegue saber onde a própria mãe que foi sequestrada está, na mesma cidade, só para ter um motivo para ele pedir ajuda para o Nick Dunne Emo; mesmo final extremamente manipulador, onde um personagem mal atuado morre e tem um funeral no melhor estilo 'murica, com a bandeira da atual nação mais imperialista do mundo sendo colocada em câmera lenta em cima do caixão por militares, e mais um simbolismo bíblico sendo enfiado goela abaixo da audiência logo depois.
Para que os problemas de Batman V Superman realmente fossem resolvidos não bastaria adicionar mais a ele do que já existe: seria preciso de um roteiro melhor estruturado, uma edição mais coerente, melhores atuações, personagens melhores desenvolvidos, uma direção menos preocupada com espetáculo e visuais e mais preocupada com coesão e estrutura, e no geral, menos do que foi apresentado: menos personagens, para que todos tenham alguma relevância, menos fan service intrusivo com prévias de filmes futuros que provavelmente nem irão acontecer, entre outros aspectos. Levar-se menos a sério ajuda também, porque as cenas que deveriam ser séria acabam sendo hilárias por conta da execução, como Homem Cavill e Holden que pirou por procurar muito Amy (será que alguém ainda lembra disso?) grunhindo um para outro no escuro, vestindo roupas collant, como dois homens inseguros de meia idade em uma festa à fantasia tendo uma discussão após umas bebidas. Existe uma porção dos defensores desse filme que não se contentam apenas em gostar do que gostam, mas também buscam invalidar as opiniões dos que acham o filme ruim, os chamando de "haters", geralmente porque não têm argumentos além do gosto pessoal. Com gosto não se discute, mas se você for assumir a postura arrogante de que esse filme é inegavelmente bom e for acusar a todos os que não gostaram de não terem entendido, o mínimo a se fazer é fornecer argumentos convincentes de que os vários problemas já apontados não são problemas, ou, no mínimo, não afetam o todo do filme de forma significativa... e quase seis anos depois do lançamento do filme, esses argumentos ainda não foram feitos.
É um pouco frustrante ver estúdios jogando dinheiro em cima de um filme desses, porque existe um filme muito bom aqui no meio, e uma boa adaptação do jogo, um filme com o personagem do Tony Jaa e talvez mais alguns, envolvendo pouco diálogo, focando em estabelecer o mundo e as criaturas. Infelizmente, é mais um caso onde os estadunidenses querem fazer um filme para outros estadunidenses que gostam de farofada, e pegaram o diretor notório por fazer farofa, Paul W.S. Anderson, que assim como fez com a franquia Resident Evil, pegou uma propriedade já estabelecida e escreveu uma fanfic tendo sua esposa como a personagem principal e melhor que todos os outros personagens. Não estou falando que Milla Jovovich é uma atriz ruim: ela atua bem nos papéis certos, mas não sei se existe algum ator talentoso o suficiente para fazer esses diálogos e esse roteiro funcionarem; além do mais, se você ousa escrever que qualquer ator/diretor/filme é ruim aqui no filmow, por pior ou mais superestimado que sejam, sempre tem um risco de uns fanboys levarem a opinião para o lado pessoal. Sim, por mais que seja uma tangente, vou usar a oportunidade para lembrar que o filmow fez nada a respeito de usuários que, em duas ocasiões diferentes, responderam a comentários que eu fiz de forma que claramente viola as regras de conduta do site (simplesmente porque eles levaram para o lado pessoal minha opinião a respeito de algo que eles gostavam), e apesar da denúncia, nada foi feito a respeito; ainda tem muito caso pior que o meu no site que fizeram nada a respeito.
Acho que é válido nesse caso falar dos típicos comentários das más línguas. Vi alguns aqui escrevendo que não se pode esperar muito do roteiro do filme ou pelo fato de muitas cenas são absurdas, porque é baseado em um "videogame". Não vou dizer que é preciso ter jogado para comentar sobre o filme (uma adaptação precisa ser independente do material base, afinal de contas), mas se você não familiar com o jogo, ou é um desses que menospreza jogos como uma forma de contar histórias porque sua noção a respeito da mídia ficou parada na década de 80, então você não tem base para julgar o filme nos critérios de uma adaptação; paradoxalmente, essas são as mesmas pessoas que aceitam e defendem essa farofada do filme, quando os padrões deveriam ser mais altos, supostamente. Monster Hunter não tem muito em termos de história, isso é verdade, mas estabelece um mundo interessante, com criaturas interessantes, que poderiam ser bem aproveitadas em um filme, porque muitos parecem se esquecer que cinema é uma mídia visual, e que a escrita e o aspecto visual são intrínsecos, na maior parte do tempo; o filme, no entanto, perde muito tempo tentando estabelecer essa baboseira de "peixe fora d'água", com o clichê bem batido de um mundo paralelo ao nosso, para incluir os militares, porque os estúdios não querem que a audiência da 'murica saia um milímetro se quer da zona de conforto, então o protagonista precisa ser americano, militar, e precisa ter uma família da qual sente saudades e sempre olhar uma foto deles, ou um anel de noivado, porque isso é mais fácil que escrever caracterização decente, e não preciso dizer que nada disso vem do jogo. Como contra exemplo, acho dificíl alguém dizer que Mad Max: Estrada da Fúria não tem um roteiro interessante, ou minimamente decente, só porque é um filme de ação e se passa todo em um deserto, porque conseguiram estabelecer um mundo interessante, que em si contava uma história; no caso de Monster Hunter, eles claramente tinham orçamento para cenário e um CGI que é muito bom para as criaturas, mas o roteiro não explora o que seriam os aspectos mais interessantes. O argumento do filme ser "absurdo" porque é baseado em um jogo também não funciona bem, porque o jogo em si é mais "realista" (claro, ignorando o fato de que se passa em um mundo com dragões e gatos antropomórficos): os personagens não aguentam nem perto da quantidade de pancada que a protagonista aguenta no filme, nem têm essa destreza e força praticamente sobre humanas; uma das mecânicas do jogo é uma barra de stamina, mas a Palico, no filme, parece nunca se cansar. O problema dessas mudanças é que elimina qualquer tensão, e os únicos personagens que morrem são os que o filme basicamente marca para a morte, pela forma como (não) são caracterizados. Outro dos argumentos mais usados, mesmo por quem entende de jogos, é de que uma adaptação de um jogo não pode ser boa, por conta das diferenças entre mídias, mas a recepção e qualidade de Arcane vieram para mostrar que mesmo um jogo onde história não é o aspecto mais importante pode ser adaptada em um mídia não interativa com um roteiro bem construído, então a baixa qualidade das adaptações de videogame até hoje têm sido principalmente por conta de incompetência e descaso; essas duas qualidades definem bem Uwe Boll como "cineasta", e até hoje ele dirigiu a grande maioria das adaptações de jogos para filmes.
Outro tipo de comentário feito por más línguas que sempre pipocam em filmes que não são bem recebidos são algo do tipo "eu não entendo a nota baixa" ou " os haters só reclamam", mas não oferecem um contra argumento para quem não gostou. Gostar do filme ou não é questão de opinião, no fim das contas, e é isso que importa para que assistiu, mas não venham tentar desmerecer opinião alheia só porque é negativa, ainda mais quando você não consegue formular um argumento. Sejamos sinceros: você entendeu sim o porque da nota baixa, pois existem vários comentários com usuários deixando suas razões bem claras, mas você quis deixar um comentário passivo agressivo; caso você realmente não tenha entendido os motivos, então é um problema de capacidade de interpretação de texto. O outro caso é quem reclama dos "haters": deixando bem claro que só porque a pessoa tem uma opinião negativa a respeito de algo que você gosta, não significa que ela só quer odiar o filme de propósito; a grande maioria das opiniões negativas aqui só expressaram a própria opinião mesmo, sem má fé. Ficar bravo que muitos não gostaram do filme que você não gostou a ponto de partir para insulto infundado sem apresentar argumento é bem mais próximo da definição de um hater, além de arrogante. Até hoje eu não entendo porque tem sempre quem não se contenta em gostar desse tipo de filme quando sai, mas sente a necessidade de tentar desmerecer quem não gostou: se fosse uma obra experimental de baixo orçamento com boas ideias, mas execução falha, até vai, mas isso é o tipo de baboseira genérica de alto orçamento que estúdios lançam sempre. Mesmo que a bilheteria não tenha coberto o orçamento (provavelmente porque o filme foi lançado em um ano de pandemia, é baseado em um jogo que ainda é considerada nicho, especialmente para o público regular do cinema, e o trailer fez o filme parecer bem genérico), provavelmente nem isso e nem as críticas vão afetar as carreiras dos envolvidos de alguma forma negativa, ainda mais porque existem grandes financiadores por trás dessa tragédia.
Existem todos os elementos para um bom filme e uma boa adaptação de Monster Hunter aqui, mas existem muitos outros que tornam o filme ruim. A Capcom desenvolve e detém os direitos de franquias muito boas, mas infelizmente parece que não se importam muito com a qualidade na hora de vender os direitos para adaptações. Dinheiro sempre fala alto, então espero que a bilheteria desse filme, assim como a de Welcome to Racoon City, façam a companhia cogitar uma abordagem diferente na venda dos direitos. Talvez funcione bem com entretenimento descompromissado, mas até para isso existem melhores opções. Vale lembrar que não tem problema em ter gostado do filme, isso é uma opinião, mas não venham tentando desmerecer opinião alheia só porque é negativa, principalmente se não tiver um contra argumento. Não existe problema em querer mais substância e cuidado nos filmes que você assiste, mesmo que seja um filme de ação descompromissado.
Mesmo que os primeiros jogos da franquia não tenham muito em termos de história, essa salada que fizeram com os três primeiros jogos da série (e ainda enfiaram uma referência a Code: Veronica) ficou muito apressada em menos de duas horas de filme, com personagens mal desenvolvidos, uma história que imagino que deve ser confusa em alguns pontos para quem não conhece os jogos, o roteiro tem uma série de furos e inconsistências mesmo se ignorar a ligação com os jogos, e no final das contas, é dificíl se importar com qualquer coisa que acontece durante o filme. Nada do que acontece passa o suspense ou a urgência que o filme tenta passar, e que os jogos conseguem (na maioria das vezes, pelo menos).
Mudanças em adaptações não são necessariamente algo ruim, mas mesmo que a escrita dos personagens nunca tenha sido grande coisa na franquia, o modo como os personagens mudaram aqui foi para pior, na maioria dos casos: Leon virou um mané, um alívio cômico, de uma forma bem irritante (e sim, ele é um mané nos jogos também, mas não no sentido de ser incompetente, e de formas que deixam o personagem mais divertido, como, por exemplo, ter uma paixonite por uma pessoa manipuladora e moralmente ambígua); Wesker virou um bonitão genérico, e eu sei que é ridícula a caracterização dele no primeiro jogo, com cabelinho loiro típico de vilão e óculos escuros em ambientes fechados mesmo não sendo cego, mas esse é um dos casos em que provavelmente seria melhor abraçar o ridículo; Chris é outro bonitão genérico que é muito fácil esquecer que está no filme, tão pequeno impacto dele na trama; Claire não sofreu tanto com as mudanças, mas aqui ela é o genérico da personagem determinada que aparece em uma série de filmes e séries ultimamente, quando especialmente no remake do segundo jogo, ela é competente e determinada, mas também tem mais algumas características que dão um pouco mais de profundidade à personagem; Lisa Trevor era um dos aspectos mais interessantes do REmake, mas aqui ela foi colocada só para fan service.
Os personagens não são bem escritos, e as atuações são bem ruins, todas elas, até de atores que normalmente são decentes em outros filmes, como Donal Logue e Neal McDonough. Aliás, alguém pode me explicar esse monte de elogios à Kaya Scodelario nos comentários? É algo que ela fez não relacionado a filmes, algum meme? A atuação dela no filme foi menos pior que a dos outros atores no elenco principal, mas ainda foi bem ruim. Tive que olhar no IMDb para lembrar que ela foi a protagonista de outro filme de terror ruim que eu vi faz não muito tempo, Crawl, aquele dos crocodilos, e percebi que não lembrava muito a respeito da atuação dela naquele filme, apesar de ser a protagonista. Além das atuações, algo que ficou bem claro que seria ruim só de ver os trailers é o CGI: praticamente no mesmo nível daquele primeiro filme que saiu em 2002, e já não era considerado bom para a época. Welcome to Racoon City teve um orçamento estimado baixo para um filme do tipo, de US$ 25 milhões, mas isso não é mais desculpa para CGI ruim em 2021, com recursos mais acessíveis e truques que podem ser utilizados para esconder algumas limitações, com filmes de orçamento muito menor fazer um trabalho melhor nesse aspecto. Ainda mais triste esse aspecto se for levado em conta o quão tecnicamente avançado cada jogo é para sua época: sempre faço piada comparando filme de CGI ruim com gráfico de videogame, mas acho que esse é um dos casos onde eu acho que não existe exagero em dizer que os gráficos dos jogos mais recentes são melhores que o CGI desse filme, pelo menos no caso dos monstros. Pelo menos, nas raras ocasiões onde o filme tem algum efeito prático, eles são bons.
O filme tem sim alguns aspectos positivos, que são surpreendentes se for levado em conta o tipo de filme em que eles estão: a cinematografia é muito boa em várias cenas, com um uso bem legal de luz, sombra e cores, as cenas de ação não são grande coisa, mas não são essa bagunça picotada e mal iluminada que é bem comum em filmes de orçamento até maior, e algumas cenas são interessantes e dinâmicas, visualmente. Não é o suficiente para redimir o filme, porque roteiro, atuações e personagens, os aspectos mais importantes, são péssimos, mas eu fiquei surpreso, porque geralmente, quando um filme é ruim nesses aspectos, é ruim em tudo.
Apesar do filme ser bem ruim, considero um ruim mais suportável que o de determinados filmes com médias maiores aqui no filmow, alguns até com uma fanbase que levam as críticas para o lado pessoal. Esse aqui, pelo menos, é curto, e não tenta te convencer a todo momento que é a coisa mais importante do mundo, e mesmo no quesito de não adaptar bem os personagens, ainda é um exemplo menos pior que um certo filme que muitos ainda insistem em defender, por algum motivo. No geral, achei menos pior que a maioria dos filmes com a Jovovich.
Esquadrão Suicida é um filme incrível, no sentido que é literalmente dificíl de acreditar que mesmo filmes de alto orçamento produzidos por um estúdio podem chegar a um nível tão baixo, porque embora simplesmente jogar dinheiro em cima de algo não garanta qualidade, pelo menos deveria servir para impor algum limite antes de chegar ao fundo do poço; todo problema que eu consigo imaginar que pode ocorrer em um filme, é representado nessa bagunça, e talvez até mais alguns. Já é ruim o suficiente que esse filme são na verdade dois filmes diferentes picotados e editados de forma a tentar formar um todo coerente, mas a colcha de retalhos fica bem evidente, principalmente da forma como a trama deixa de fazer sentido quando se pensa a respeito por mais que cinco segundos e todos esses segmentos musicais no começo parecem forçados, porque foram forçados, e é um dos muitos casos no filme onde executivos de estúdio com mais dinheiro do que bom senso e inteligência entraram em pânico com a recepção ruim de Batman vs Superman, olharam para a recepção positiva de Guardiões da Galáxia, e tentaram copiar o dever de casa, mas escreveram em um guardanapo usado, com giz de cera. A trilha sonora de destaque do filme são uma série de músicas licenciadas, clássicos, que são bem legais, mas no contexto utilizado aqui, parece que pegaram a playlist do Spotify de alguém da produção e enfiaram no filme sem muita preocupação com o contexto; é tão óbvio e irritante a forma como utilizam que esse filme pode conseguir o feito de te fazer odiar músicas que você provavelmente adorava antes, como Bohemian Rhapsody.
Consequência da colcha de retalhos é também que o roteiro, além dos típicos furos, contradições, e falta de preocupação com consistência, ainda consegue tornar Esquadrão Suicida o único filme que eu consigo pensar a respeito que ativamente mente para o espectador em alguns momentos, e espera que não será notado (não vou marcar spoiler para um filme ruim de 5 anos atrás, então já falo pra não encherem o saco com isso, como vieram fazer no meu comentário de Batman v Superman): tentam estabelecer essa "amizade" entre os personagens, mas nunca os desenvolvem de maneira adequada; o cara que morre no começo é o único que não recebe uma introdução musical com descrição; apresentam uma personagem do nada depois de um tempo, e a única característica dela é ser um estereótipo da japonês criado por roteiristas de quadrinhos que sabem basicamente nada do Japão, porque o nome dela é Katana, a arma dela é uma katana. ela usa uma bandana com a bandeira do Japão na testa, e a história dela envolve a Yakuza, e basicamente toda a história dela é explicada em uma fala que provavelmente foi escrita na hora; muitas vezes o filme diz algo que a história contradiz imediatamente, ou no caso do cara de fogo, mostra uma cena, e depois mostra o que é supostamente a mesma cena, mas acontecendo de forma diferente da anterior. Os efeitos especiais não são bons, e a fotografia é escura, dessaturada, sem bom motivo, o que se torna um problema ainda maior quando aparecem uns inimigos que são umas formas escuras humanoides que parecem, em cenas noturnas, em cenas cheias de cortes na ação.
A história quer estabelecer uma conexão entre os personagens até o final do filme, mas o roteiro desenvolve nada, e no fim das contas eles só falam que são amigos, e esperam que quem assistiu simplesmente vai aceitar. Margot Robbie é uma boa atriz, mas o modo como a personagem foi escrita nesse filme foi para servir de fan service, e não muito mais; Will Smith é um ator carismático, mas colocaram ele para fazer um vilão nesse filme e não convence; acertaram no caso do Jai Courtney, porque pegaram um ator ruim para fazer um personagem com quem ninguém se importa, o Capitão Bumerangue, e ele acaba sendo um dos aspectos menos piores do filme; Cara Delenvigne alterna entre June Moone, com a típica falta de expressão da atriz, e a antagonista do filme, com a falta de expressão, mas coberta em CGI, com uma roupa que faz ela parecer um vilão dos Power Rangers, e e dando umas "requebradas"; o resto é ainda mais esquecível. Quer dizer, esquecível, exceto pelo Coringa do Leto, que todo mundo já falou a respeito, e ele é péssimo mesmo em outro nível: personagem nada irritante, aparentemente foram do filme também, com o ator sendo um mala com os colegas e chamando de "preparação para o papel". Ele parece querer canalizar todos os coringas desde o Cesar Romero, mas acaba fazendo um personagem que se parece nada com o que o Coringa deveria ser, e é mais um gangster genérico, e nem se encaixa no filme em questão.
O filme, claro, termina não sendo consistente com o que estabeleceu anteriormente, sem uma explicação. Eu vi algumas pessoas falando que a versão estendida é boa, mas falaram a mesma coisa de Batman v Superman, e acabou sendo o mesmo nível com umas cenas a mais que fazem nada para resolver os problemas. Pensando nisso, eu pesquisei a respeito das diferenças da versão estendida antes de perder meu tempo vendo uma versão mais longa de Esquadrão Suicida, e ficou bem claro que as mudanças fazem nada para consertar o filme, e só o deixam mais longo. É um filme que só piora quanto mais eu penso a respeito, e eu só sou lembrado desse filme porque, como é o caso de BvS, existem pessoas que realmente não se conformam com a recepção ruim do filme e querem mostrar para todo, de toda forma, que essa bagunça na verdade ´é um filme muito bom, e quem discorda está errado, e eu não entendo o por que de tanta insistência em defender... isso. Não é o pior filme que eu já vi, mas consigo pensar em poucos de alto orçamento que falham tanto em praticamente todos os aspectos.
Comentários, opiniões, e informação no geral divulgadas a respeito dessa adaptação de Duna me passaram a impressão não muito animadora de que o filme parecia estar tomando um rumo mais "convencional", mais próximo do que se espera de um filme de alto orçamento produzido por um estúdio, em resposta à recepção financeira não muito favorável (para executivos de estúdio, pelo menos) do excelente Blade Runner 2049. Indicações disso são o elenco cheio de figuras muito conhecidas atualmente, a maioria bons atores, mas que também aparentemente foram colocados apenas para atrair um público que normalmente não se interessaria por uma adaptação de Duna (principalmente toda essa promoção forçada da Zendaya), e termos como "acessível" usados para descrever o filme. Depois de assistir ao filme de fato, eu acho que tudo isso acabou sendo verdade, e Duna de Villeneuve é o pior filme de ficção científica do diretor (diria até que é o pior do diretor, no geral)... mas ainda é um bom filme. Na minha opinião, o melhor filme de alto orçamento produzido por um estúdio desde Blade Runner 2049.
Como já é esperado de um trabalho do diretor, o filme é impecável nos aspectos técnicos, com cinematografia e som criando a atmosfera adequada, embora sofra um pouco até nisso, por conta da história se passar principalmente em um planeta que é um deserto gigantesco (eis o nome), não permitindo muita variedade visual, mas transmite autenticidade e escala: o responsável pela fotografia dessa vez foi Greig Frasier, que trabalhou em Rogue One, e depois que eu descobri isso, as semelhanças visuais ficaram bem óbvias em algumas cenas, especialmente as de neblina. O design de som do filme ficou muito bom, contribuindo para a autenticidade da história, mas a trilha sonora, embora não seja ruim, é tão genérica que eu não teria percebido que foi composta pelo Hans Zimmer se eu não tivesse visto na ficha do filme. Os efeitos são muito bons, mas eu senti um pouco de falta do uso bem coordenado de maquetes e CGI do mesmo nível daquele filme que eu já mencionei duas vezes, já que Duna pende mais para o CGI.
O elenco do filme é muito bom, no geral: fiquei um pouco preocupado com Timothée Chalamet no papel do protagonista, porque ele é uma figurinha famosa da atualidade, tem uma carinha de criança e ele parece sempre tentar parecer "legal" e "descolado", mas tudo isso acabou funcionando a favor do filme, porque Paul Artreides é um jovem inexperiente que subitamente se vê com muitas responsabilidades, em uma situação sórdida, enquanto precisa manter o controle das próprias emoções e lidar com a situação, e o ator transmite bem isso, inclusive no amadurecimento. Claro, o personagem não funcionaria tão bem não fosse Rebecca Ferguson muito bem no papel da Lady Jessica (que é minha personagem favorita do filme), fazendo com que a dinâmica entre mão e filho da história seja crível, e seja muito fácil se importar com os dois: interessante observar que, embora Duna tenha influenciado muito histórias de ficção científicas modernas, e de outros gêneros, mas ainda é uma das únicas histórias com uma dinâmica entre "mãe e filho" como um dos pontos centrais da trama, ao contrários dos muitos mais comuns, de "pai e filho", "mãe e filha", e até mesmo "pai e filha". Oscar Isaac e Jason Momoa carismáticos como sempre, e Stellan Skargard rouba a cena sempre que aparece como o Barão bizarro. Eu queria ver mais do Javier Bardem e do Dave Bautista, mas acho que eles vão ter um papel maior na segunda parte.
Acho que todo mundo (e talvez nem seja exagero falar isso nesse caso) sabe que Zendaya foi promovida exaustivamente, e primeiro eu tive que procurar quem ela é, e depois de descobrir, ficou bem óbvio que era uma tática para atrair um público que normalmente não veria a adaptação de um livro de sci fi de 1965, sendo uma dessas celebridades que são provavelmente muito populares com o público que está em torno da idade de poder começar a votar. O lado negativo é que ela tem a pior atuação e diálogos de qualquer ator do filme, e não por uma margem pequena, e os sonhos do Paul a respeito da personagem ficam repetitivos bem rápido, quebrando o ritmo do filme; o lado positivo é que ela aparece tão pouco no filme, que não chega a ser um grande problema.
Quanto ao roteiro e desenvolvimento da história, acho que fizeram um bom trabalho deixar tudo bem coerente e fácil de compreender, e em alguns momentos isso é até em detrimento da qualidade geral. Eu vi muitos criticando o filme por ser arrastado, mas eu acho que é o oposto: o filme é muito apressado em muitos momentos, com muito diálogo expositório, quase chegando no nível de um filme do Nolan nesse aspecto (ainda bem que é só quase); junto com alguns momentos um tanto forçados e melodramáticos que são mais comuns em filmes "pipocão", Duna está longe de ser tão sutil e contemplativo quanto A Chegada ou BR 2049. Apesar de uns tropeços, o roteiro funciona muito bem no geral, com o aspecto político da trama funcionando muito bem, e ao contrário do que ocorre em A Ameaça Fantasma, faz sentido dentro do contexto estabelecido, e complementa o aspecto de ficção da história, ao invés de prejudicá-lo. Eu não vou criticar a história por ser "clichê", ou muito parecida com Star Wars, como muitos fizeram, porque esse filme busca ser uma adaptação fiel de uma história que é uma das bases da ficção científica moderna, e reclamar disso faz tanto sentido quanto reclamar que os filmes de O Senhor dos Anéis têm pontos em comum com o desenho Caverna do Dragão, ou tão razoável quanto dizer que Star Wars é só uma cópia de A Fortaleza Escondida. Um problema que o filme tem, no entanto, é adapta metade do livro, e é muito aparente que é uma história incompleta; pode parecer óbvio que é o caso, sendo chamado de "Parte 1", mas filmes como Kill Bill Vol. 1 A Sociedade do Anel funcionam como uma história completa, mesmo sendo parte de uma história maior, algo que não acontece aqui. Eu acho que isso poderia ter sido resolvido, ou pelo menos amenizado, se tivessem escolhido outro momento da história para parar o filme, ou mudado algum aspecto do final, mas não sei dizer, porque ainda não li o livro. A decisão de dividir o filme em dois não é ruim, em si, porque permite uma adaptação mais fiel com uma duração mais razoável; eu veria um filme de 5 horas do Villeneuve, mas eu entendo porque isso poderia ser chato para a maioria.
O último filme que eu vi nos cinemas antes da quarentena foi Bad Boys Para Sempre, com um amigo, e não foi bom; Duna é o primeiro filme que eu vejo nos cinemas desde a reabertura, com o mesmo amigo, e foi uma boa experiência de volta, com um cinema quase vazio, e as poucas pessoas presentes bem distantes e milagrosamente silenciosas, além do filme ter sido decente.
A melhor das continuações, por tentar voltar às raízes da série e mostrar um Rambo mais realista que usa táticas de guerrilha, e ainda consegue ser o mais violento da série, apesar disso. O maior problema do filme é que ainda é ação pastelão de uma série que já não é séria desde o segundo filme (e o primeiro já não fazia um trabalho tão bom em tratar de assuntos sérios), mas quer tratar de assuntos atuais de forma séria e dramática, com uma equipe que claramente não tem a capacidade para tal, descambando para ação desenfreada. É um filme divertido, se for visto de forma descompromissada.
O quarto filme da minha maratona de Halloween desse ano é, bem, o novo Halloween, e o título resume bem o filme: Michael Myers mata muito nesse filme, e de forma brutal, chegando quase no nível de brutalidade dos filmes da franquia que Rob Zombie dirigiu. O filme é divertido por ter vários momentos que não se levam a sério, bastante "gore" e mortes criativas, mas não consigo dizer que é bom, porque boa parte do roteiro é só uma desculpa para trazer antigos personagens de volta, e esse aspecto se leva muito mais a sério do que deveria para um filme desses: tenta fazer um comentário sobre o perigo da mentalidade de manada e também como a violência do Michael é um produto da própria cidade e como ele a influencia, chegando quase no ponto do subtexto do primeiro filme, mas acaba sendo passada de forma forçada e exagerada. As únicas atuações realmente boas são da Jamie Lee Curtis e da Judy Greer, e o filme não é consistente com o anterior: se existe aquele grupo querendo se vingar do Michael, onde eles estavam durante os acontecimentos do filme anterior (lembrando que os filmes se passam na mesma noite)?
Como alguém já escreveu em um comentário abaixo: qual o propósito de ignorar as continuações se os "novos" filmes estão indo para o mesmo caminho, de qualquer forma? Halloween Kills parece uma mistura do segundo e quarto filmes da franquia, com um pouco de Sexta Feira 13 Parte V, com algumas das futuras vítimas do Michael sendo apresentadas no que parecem umas vinhetas com algumas piadas, e toda essa familiaridade e enrolação deixam o filme arrastado: são uns 100 minutos da mesma coisa, e eu acho que esse e o anterior poderiam ter sido condensados em um único filme, porque não tem roteiro suficiente aqui que justifique uma continuação. Acho que não é spoiler dizer aqui que Michael volta a ser sobrenatural nesse filme, apesar do filme anterior ter mostrado ele como humano, voltando mais uma vez ao ponto das outras continuações:
Laurie até explica, no final, que parece que ele fica mais forte sempre que mata, como se fosse um personagem de videogame subindo de nível.
Eu me diverti com a criatividade de algumas das mortes, fazendo esse filme parecer um legítimo "slasher" do tipo que raramente é lançado atualmente, mas quando o filme tenta ter um roteiro, uma história, ou causar algum impacto e fazer algum comentário, os problemas ficam evidentes, e o filme se arrasta, e não cumpre o que propõe. Quando anunciaram que seria uma trilogia, deu a entender que eles já tinham a história toda planejada, mas esse filme passa a impressão de que eles foram escrevendo sem preocupação com o que foi estabelecido no anterior, ou mesmo no primeiro filme da série (eles mudaram o icônico final do Halloween de 78 aqui). Minhas expectativas para a continuação diminuíram ainda mais: o filme de 2018 foi como o primeiro Halloween e H20, mas inferior ao primeiro; Halloween Kills é como uma mistura do 2 e do 4, mas inferior a ambos; se for seguir essa tendência, o próximo será uma mistura inferior do 5, 6 e Ressurreição, que são os piores da franquia, especialmente Ressurreição.
Para o terceiro filme da minha maratona de Halloween desse ano, eu finalmente assisti a Um Lugar Silencioso. O filme tem fotografia e direção interessantes, e as atuações são o ok, mas o roteiro cheio de furos, conveniências e inconsistências que só servem para gerar e resolver conflitos de forma forçada e que em muitos casos acabam contradizendo o que o filme estabelece ao ponto de que eu comecei a gostar mais do filme quando parei de considerá-lo terror e comecei a vê-lo como uma comédia pastelão.
O filme já começa com o casal deixando a criança mais nova andar pela loja sem supervisão, com muitas possibilidades de fazer barulho, e ele quase faz, mas a irmã mais velha impede; logo depois, os pais vão na frente, deixando a criança muito afastada deles, de uma forma que já seria irresponsável em circunstâncias normais, e que é ainda mais absurdo no contexto do filme; obviamente, a criança faz barulho com um brinquedo, porque ninguém ficou de olho nela tanto quanto deveria, e ela é levada por um monstro, e isso já me fez questionar como eles conseguiram sobreviver por tanto tempo, já que logo no começo do filme Evelynn e Lee se mostram péssimos pais. Mais tarde no filme eles mostram que a família deixou um pequeno memorial no local onde a criança foi pega, o que seria tocante, não fosse o fato de que eles com certeza arriscaram fazer barulho de forma desnecessária ao montar aquilo, arriscando perder ainda mais membros da família.
Constantemente parece que os personagens não estando pensando na melhor forma de sobreviver, porque o roteiro tenta quebrar o silêncio do filme criando situações artificiais de tensão e suspense que provavelmente não existiriam se a família pensasse melhor no que estava fazendo, além de outros problemas no roteiro em geral: -Em certa cena, Lee chega atrás da filha para impedir que ela desça no porão, de forma que poderia tê-la assustado e causado barulho; -Lee mostra ao filho que a cachoeira abafa os sons e torna o lugar seguro, mas em momento algum parece que eles cogitaram montar um acampamento por lá; -A cena em que Lee e o filho encontram o velho na estrada acaba sendo não intencionalmente cômica, porque parece que ele só estava esperando os dois chegarem para gritar, o que não faz sentido; -Uma das crianças mete a mão na lâmpada a óleo e quase põe fogo na casa toda, de forma que eu me questiono, mais uma vez, como a família conseguiu sobreviver tanto tempo; -Como todo os cuidados que eles tomaram, aparentemente ninguém percebeu o prego grande e óbvio brotando da escada, e Evelynn, apesar de grávida, tenta levar um saco pesado escada acima ao invés de esperar Lee voltar, e obviamente ela pisa no prego, porque esse filme fica tentando arranjar motivos para gerar conflito; -Perto do final do filme, eles mostram que existe um cômodo escondido onde eles não podem ser ouvidos, e mesmo sendo seguro, eles nunca vão para lá fora uns poucos momentos, fazendo tudo na superfície, e quando a bolsa da Evelynn estoura, ao invés de ir até esse cômodo para conceber a criança, ela vai para o banheiro da casa, onde ela fica muito vulnerável, tudo isso para criar tensão artificial. Isso também mostra como o filme acha que pode "ligar e desligar" o suspense quando quer: apesar do início, parece que o parto ocorreu de forma bem tranquila, muito mais do que provavelmente aconteceria; -Lee não escuta o barulho bem alto e óbvio da caixa d'água vazando quando sai, e que conveniente que ela fica logo acima do cômodo secreto subterrâneo, e começa a vazar em um dos poucos momentos em que alguém está lá embaixo; -O garoto se mostrou bem esperto durante o filme, ciente da questão do barulho, mas claro que, para gerar suspense, em uma cena ele começa a fugir de um dos monstros pelo milharal, fazendo muito barulho no processo, e dando de cara com o pneu de um trator, mas nesse caso o filme se esquece de forma conveniente das regras que estabeleceu; -Parece que em momento algum eles cogitaram deixar caixas de som ou aparelhos em lugares mais afastados para atrair os monstros, nem em montar armadilhas usando sons; -Eu acho dificíl aceitar a ideia de que os militares não conseguiram conter os monstros com grandes limitações físicas, porque mesmo se você comprar o absurdo que é eles serem invulneráveis a munições e tecnologia que podem penetrar bunkers, e que podem ser disparadas de grandes distâncias, e que conseguiram acabar com veículos reforçados, o negócio fica realmente ridículo quando mostram qual era a fraqueza dos bichos:
existe uma série de equipamentos no mundo, especialmente nos EUA, que poderiam causar o efeito mostrado no final do filme, mas aparentemente os militares e cientistas não conseguiram descobrir algo tão óbvio;
-Eu dei risada do sacrifício do Lee no final, porque o modo como ele grita é engraçado, e foi completamente desnecessário para criar um final triste de forma bem forçada: ele poderia ter jogado o machado contra o silo para fazer barulho, ou feito algum outro barulho que poderia ter salvado as crianças e ainda tê-lo deixado vivo. Levando em conta como ele agiu na cena em questão e durante todo o filme, parece até que ele estava tentando se matar o tempo todo.
Esse é um filme que foi bem recebido por público e crítica, e eu não questiono gosto pessoal, e do jeito que o filmow é, eu preciso lembrar constantemente que essa é minha opinião e não estou aqui para desmerecer a dos outros. Corro o risco de ser acusado de "chato" por apontar esses problemas, mas acho que é bem evidente a forma direta e negativa que eles afetam o filme, tirando boa parte da tensão da proposta, e quando os personagens, em um filme desses, parecem não tomar atitudes óbvias que ajudariam em sua sobrevivência, eu não consigo me importar com eles, e como consequência, com nada que está acontecendo.
Segundo filme que eu vi para a maratona de Halloween desse ano, Christine é um filme do John Carpenter adaptado de um livro do Stephen King, e infelizmente não é um dos melhores do diretor. A primeira metade é arrastada e com muitas cenas que parecem desnecessárias com diálogo forçado, valentões estereotipados e vários atores que parecem perto dos 30 tentando se passar por adolescentes. O filme pega ritmo na segunda metade, virando um filme bem decente de terror e suspense, com a boa direção de Carpenter e a ótima trilha sonora. Apesar dos defeitos na primeira metade, é um filme que vale a pena, sendo divertido, com uma boa dinâmica entre os dois personagens principais.
O primeiro filme da minha maratona de Halloween desse ano foi Anatomia, um filme europeu pouco conhecido de 2000. Eu geralmente gosto de filmes de terror que envolvem medicina, como Raw e Excision, porque a temática ainda consegue me deixar desconfortável, e eu acho que a Franka Potente é uma boa atriz que sempre faz uns papéis com bastante energia, mas esse filme só acabou sendo meio chato.
O estilo de edição e direção eram muito comuns na época, de filmes europeu tentando emular o estilo mais frenético americano, mas de um jeito um pouco diferente, o que acaba tirando boa parte da tensão e suspense que o filme deveria ter, e fora a protagonista, os personagens são tão rasos e sem graça que é dificíl se importar com qualquer um, e lá se foi toda a tensão, para mim. Eu também não gostei do tom inconsistente do filme, que fica variando entre comédia e terror sem misturar os dois bem, e acaba sendo pouco engraçado e pouco assustador, e até as cenas envolvendo cirurgias mostram pouca coisa, oferecendo pouco mesmo aos fãs de gore. Até traz alguns temas e ideias interessantes, mas não compensa a execução; pode até ser divertido, se visto de forma descompromissada.
Tenet é um filme confuso, porque não foi feito para fazer sentido: a cena em que a personagem da cientista fala algo do tipo "não tente entender, apenas sinta" é Nolan falando diretamente ao público que pegou uma premissa que daria umas cenas de ação criativas e uns visuais interessantes, mas não se preocupou muito com um roteiro consistente. Diferente de Primer, um filme sobre viagem no tempo onde a confusão é necessária à trama e assistir o filme várias vezes leva ao entendimento, em Tenet a confusão é mais consequência da forma como Nolan escreve seus filmes, e assistir várias vezes e pensar a respeito só deixará mais evidente os furos, inconsistências, e descaso do roteiro: algumas já são bem evidentes da primeira vez, e os filmes do Nolan geralmente não melhoram quando vistos várias vezes. Alguns exemplos são:
- Eles tentam explicar que é um caso de "looping" e entropia reversa, e não exatamente de "viagem no tempo", mas se o roteiro fosse consistente, eles teriam presenciado mais casos de "entropia reversa" do que o congelamento no carro, ainda mais levando em conta o número de explosões que o filme tem; - A cientista poderia simplesmente ter destruído o algoritmo, ao invés de dividi-lo em várias partes para uma conveniente caça ao tesouro estilo Indiana Jones; - Priya aparentemente se esquece de como usar o algoritmo que ela conhece tão bem no final do filme, sendo pega pelo Protagonista; - O filme joga umas ideias mas nunca exemplifica visualmente, como suposta desintegração se a mesma pessoa tocar sua versão de entropia reversa, ou a questão do fim do mundo, mas nunca dá um exemplo visual desses aspectos, em alguma forma, então acaba parecendo só umas ideias jogadas; a cena do ataque final para impedir o uso do algoritmo é precedida por uma cena do líder explicando o ataque em si, mas praticamente nada do que é estabelecido contribui para a cena (um exemplo de como isso é feito muito bem é em Sicario.)
Um dos problemas é que o filme quer ser mais inteligente do que realmente é: como em Inception, boa parte da duração são personagens explicando a premissa e as regras, apenas para não segui-las em boa parte do filme, abandonado-as quando é conveniente para o espetáculo. Dos filmes do Nolan que eu assisti, esse é o que eu considero o pior, porque o que é supostamente o núcleo emocional do filme não compensa os problemas de roteiro, mesmo chegando aos níveis de pieguice dos piores momentos de Interestelar: o filme tem bons atores, mas os personagens são mal desenvolvidos e receberam essa direção que se leva muito a sério, fazendo todos parecerem muito apáticos. O antagonista foi o pior, com uma motivação que é a forma mais imatura do niilismo, e que contradiz seu próprio personagem:
ele quer destruir tudo, porque nada importa, ele odeia o mundo, mesmo que isso signifique levar o próprio filho junto, um desperdício do ótimo Kenneth Branagh.
O relacionamento entre os personagens principais tinha potencial, mas foi desperdiçado, porque as duas horas e meia de filme são tomadas principalmente por diálogos expositórios e cenas de ação. A nota não é negativa porque o aspecto visual do filme é muito bom, e isso é inegável que o Nolan faz muito bem, mas se for assistir esperando um roteiro bem escrito e coeso, provavelmente irá se decepcionar.
Chinatown
4.1 635 Assista AgoraEu não sabia, ou não lembrava, que Chinatown é um filme do Polanski, e só fui ver isso depois que terminei de assistir. Chinatown é um filme tecnicamente competente, mas tem problemas de roteiro, que fica andando em círculos a maior parte do tempo para uma grande revelação bem no final que não foi realmente bem elaborada anteriormente, e o suposto final chocante é tão forçado e abrupto que eu achei dificíl de levar a sério; não ajuda que as atuações também não são muito boas, o que contribui para a comicidade não intencional. O resultado é que Chinatown parece dois filmes diferentes que não se complementam, porque a trama de incesto adentra o que supostamente era a trama principal de fraude na distribuição de água tão naturalmente quanto um tijolo adentra uma máquina de lavar roupa em funcionamento, e o final é quando a máquina começa a pegar fogo e explode. E quanto à discussão nos comentários: levando em conta que a personagem da Evelyn é a que mais sofre durante filme, e direção e roteiro sempre favorecem mais Jake no contexto da história, raramente empáticos a ela, mostra que tem misoginia sim, no filme; isso fica ainda mais escancarado na cena exagerada onde ela leva vários tapas do Jake, qualquer agência que ela tinha na história acaba, e ele ainda é mostrado como tendo a razão. O filme também é bem racista, algo que não vi mencionado ainda, com chineses servindo apenas com personagens de fundo e retratados de forma caricata. Eu já expliquei porque eu não sigo o argumento de "levar em conta a época em que foi feito" no meu comentário sobre o primeiro filme do 007, e obviamente um homem medíocre se doeu, apesar de ter deixado minhas razões bem claras. Para qualquer um que queira contestar esses aspectos mencionados, tenha em mente que isso implica não somente em ignorar os aspectos mais datados do filme, mas também demonstra um esforço em tentar defender um filme dirigido por um pedófilo, então antes de vir perder meu tempo e o seu com seus péssimos argumentos, sugiro que olhe-se bem no espelho e diga "eu não me importo que Polanski tenha molestado uma garota de 12 anos".
Turma da Mônica: Lições
3.9 273 Assista AgoraSepare todos os ingredientes necessários e se certifique de que todos estão em temperatura ambiente. Ingredientes gelados muda a consistência do bolo e a química por trás do preparo, levando a resultados diferentes e nada agradáveis. Depois que colocar o bolo no forno evite abri-lo por pelo menos 20 minutos. Se abrir antes, você corre o risco de ter um bolo solado. A disfunção erétil compartilha fatores de risco com as doenças cardiovasculares, incluindo a falta de exercícios, obesidade, tabagismo, hipercolesterolemia e síndrome metabólica. O risco de DE pode ser reduzido com a modificação destes fatores de risco, particularmente a realização de exercícios e a perda de peso. Outro fator de risco para DE é a prostatectomia radical (PR) de qualquer forma (aberta, laparoscópica ou robótica) devido ao risco de lesão dos nervos cavernosos, má oxigenação do corpo cavernoso e insuficiência vascular. Cerca de 25-75% dos homens submetidos a PR apresentam DE pós-operatória. Os paciente considerados para prostatectomia radical com preservação dos nervos devem idealmente ser potentes e os nervos cavernosos devem ser preservados para assegurar a recuperação da disfunção erétil após a PR. Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia. há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Mata-cavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo
prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. Na principal destas, a pintura do tecto e das paredes é mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e grandes pássaros que as tomam nos blocos, de espaço a espaço. Nos quatro cantos do tecto as figuras das estações, e ao centro das paredes os medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa, com os nomes por baixo... Não alcanço a razão de tais personagens. Quando fo mos para a casa de Mata-cavalos, já ela estava assim decorada; vinha do decênio anterior. Naturalmente era gosto do tem po meter sabor clássico e figuras antigas em pinturas americanas. O mais é também análogo e parecido. Tenho chacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço e lavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é pacata, com a exterior, que é ruidosa. Dylan sentou-se no sofá diante de uma pilha de livros espalhados sobre a mesa de café, com o bloco de notas no colo. Ela estava pesquisando sobre escravidão sexual, fetiches envolvendo dor, jogo de poder e as razões por que essas coisas excitavam as pessoas. Ao ler detalhes, ela mesma sentiu isso. E se imaginou em vários ambientes: sendo amarrada, levando uns tapas e até mesmo sendo açoitada com chicote. Ela poderia pôr a culpa na pulsação que sentia entre as coxas. Se quisesse mentir para si mesma.
Levando tudo em conta, ganha relevo a epígrafe conradiana quanto à linha de
sombra, já incluída na primeira edição. Ainda é verdade que, no seu processo histórico, o Brasil precisa abandonar a sua juventude e articular um projeto estratégico
sério que o livre do subdesenvolvimento e da mediocridade. Ainda que com atraso
pelo menos um quarto de século. É importante manter a incitação a cruzarmos a
linha de sombra, para que, em face das dificuldades envolvidas nesse desafio, não
nos deixemos levar pelo ceticismo. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me
faltassem os outros, vá um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enga nar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas crêem na
mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa. Essa idéia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplastro anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição de privilégio que então redigi,
chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, qu e estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostrado res, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas. Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os modestos me argúam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha
idéia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro lado, sede de nomeada. Digamos: — amor da glória. Primeiro, acenda o forno para manter seu aquecimento e coloque uma vasilha com água. Isso vai evitar o ressecamento do bolo. Para untar a fôrma usamos com frequência a margarina, correto? Errado. Na verdade, a melhor forma de untar é com óleo, pois além da facilidade em espalhá-lo de forma uniforme, ele também evita, com mais eficiência, que o bolo grude. Boa dica, não acha?!
A partir desta ideia, pensamos que a função que desejamos integrar seja o produto entre uma função que foi derivada e outra que não, de maneira que conseguimos realizar uma substituição para encontrar a integral desejada. Usaremos a função ln x como exemplo. É muito comum saber-se a sua derivada, que é a função recíproca y = 1/x, por sua praticidade de uso na derivação logarítmica. Todavia, para encontrarmos sua integral, é necessário usar da integração por partes. Sempre se busca uma integral mais fácil de calcular do que a original, geralmente alguma que seja mais conhecida. Porém, há um problema. Nós temos apenas uma função f(x) = ln x e não duas. The weather beaten trail wound ahead into the dust racked climes of the baren land which dominates large portions of the Norgolian empire. Age worn hoof prints smothered by the sifting sands of time shone dully against the dust splattered crust of earth. The tireless sun cast its parching rays of incandescense from overhead, half way through its daily revolution. Small rodents scampered about, occupying themselves in the daily accomplishments of their dismal lives. Dust sprayed over three heaving mounts in blinding clouds, while they bore the burdonsome cargoes of their struggling overseers. A minha idéia, depois de tantas cabriolas, constituíra-se idéia fixa. Deus te livre, leitor, de uma idéia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho. Vê o Cavour; foi a idéia fixa da unidade italiana que o
matou. Verdade é que Bismarck não morreu; mas cumpre advertir que a natureza é uma grande caprichosa e a história uma eterna loureira. Por exemplo, Suetônio deu-nos um Cláudio, que era um simplório, — ou “uma abóbora” como lhe chamou Sêneca, e um Tito, que mereceu ser as delícias de Roma. Veio modernamente um professor e achou meio de demonstrar que dos dois césares, o delicioso, o verdadeiro delicioso, foi o “abóbora” de Sêneca. E tu, madama Lucrécia, flor dos Bórgias, se um poeta te pintou como a Messalina católica, apareceu um Gregorovius incrédulo que te apagou muito essa qualidade, e, se não vieste a lírio, também não ficaste pântano. Eu deixo-me estar entre o poeta e o sábio. Frase boba da noit: oque o lapis escreveu....a borracha apagou... gente...votem na minha enquete Amanhaaaa... mim fazer le maionese. Mais tarde, soube-se que a idéia sem precedentes do suco era uma sugestão que dois amigos de Wheeler comentaram dias antes do assalto. Wheeler testou a ideia aplicando suco em seu rosto e tirando uma foto para se certificar da eficácia. Na fotografia, o rosto dele não apareceu, provavelmente porque o enquadramento tinha sido um pouco desajeitado e acabou se concentrando no teto da sala em vez do rosto coberto com suco de limão. Sem perceber, Wheeler deu por certo que ficaria invisível durante o assalto. Meses depois, o professor de psicologia social na Universidade de Cornell, David Dunning, não conseguia acreditar na história do intrépido Wheeler e do suco de limão. Intrigado pelo caso, especialmente pela incompetência exibida pelo ladrão frustrado, ele se propôs a realizar uma investigação com uma hipótese anterior: poderia ser possível que minha própria incompetência me deixasse inconsciente dessa mesma incompetência? Mudanças em adaptações não são necessariamente algo ruim, mas mesmo que a escrita dos personagens nunca tenha sido grande coisa na franquia, o modo como os personagens mudaram aqui foi para pior, na maioria dos casos: Leon virou um mané, um alívio cômico, de uma forma bem irritante (e sim, ele é um mané nos jogos também, mas não no sentido de ser incompetente, e de formas que deixam o personagem mais divertido, como, por exemplo, ter uma paixonite por uma pessoa manipuladora e moralmente ambígua); Wesker virou um bonitão genérico, e eu sei que é ridícula a caracterização dele no primeiro jogo, com cabelinho loiro típico de vilão e óculos escuros em ambientes fechados mesmo não sendo cego, mas esse é um dos casos em que provavelmente seria melhor abraçar o ridículo; Chris é outro bonitão genérico que é muito fácil esquecer que está no filme, tão pequeno impacto dele na trama; Claire não sofreu tanto com as mudanças, mas aqui ela é o genérico da personagem determinada que aparece em uma série de filmes e séries ultimamente, quando especialmente no remake do segundo jogo, ela é competente e determinada, mas também tem mais algumas características que dão um pouco mais de profundidade à personagem; Lisa Trevor era um dos aspectos mais interessantes do REmake, mas aqui ela foi colocada só para fan service. Comentários, opiniões, e informação no geral divulgadas a respeito dessa adaptação de Duna me passaram a impressão não muito animadora de que o filme parecia estar tomando um rumo mais "convencional", mais próximo do que se espera de um filme de alto orçamento produzido por um estúdio, em resposta à recepção financeira não muito favorável (para executivos de estúdio, pelo menos) do excelente Blade Runner 2049. Indicações disso são o elenco cheio de figuras muito conhecidas atualmente, a maioria bons atores, mas que também aparentemente foram colocados apenas para atrair um público que normalmente não se interessaria por uma adaptação de Duna (principalmente toda essa promoção forçada da Zendaya), e termos como "acessível" usados para descrever o filme. Depois de assistir ao filme de fato, eu acho que tudo isso acabou sendo verdade, e Duna de Villeneuve é o pior filme de ficção científica do diretor (diria até que é o pior do diretor, no geral)... mas ainda é um bom filme. Na minha opinião, o melhor filme de alto orçamento produzido por um estúdio desde Blade Runner 2049. O resultado de tal crescimento econômico foi a perda de competitividade por parte dos EUA no contexto global da época, especialmente em relação ao Japão e à Alemanha. A perda de competitividade levou ao questionamento do papel do dólar como moeda central, o que levou o governo americano, na década de 70, a duas tentativas de manutenção de sua hegemonia: o abandono das taxas fixas, em 73, que não atingiu seu objetivo, mas eventualmente levou ao choque de juros de 79, que foi efetivo em restabelecer a competitividade norte-americana.
O ingrediente principal do bolo, a cenoura, é uma raiz adocicada muito conhecida pelo seu sabor e cores vibrantes. Apesar do laranja ser o mais comum, você pode encontrar até cenoura da cor roxa. A cenoura pode ser utilizada para a produção de diversos alimentos e pode ser consumida de várias formas, desde crua em uma salada, até como suco. Mas antes de te passar a receita, vou te contar algumas curiosidades sobre a cenoura que talvez você não saiba. Depois dessa primeira introdução, prometo que vou te passar uma receita maravilhosa de bolo de cenoura simples e deliciosa. É importante observar o papel da melhoria na distribuição da renda para a ampliação
do mercado consumidor brasileiro. Foi amplamente divulgado na mídia especializada e não especializada a importância do aumento do consumo das classes C e D como motor do crescimento dos gastos do consumo. Este efeito foi particularmente importante após a eclosão da crise financeira global em 2008, momento em que a manutenção dos gastos com consumo destas classes evitou uma retração mais profunda na demanda agregada. Obviamente, esse comentário é um monte de baboseira aleatória que tem nada a ver com o filme. Isso porque foi feito especificamente para pegar um tipo de pessoa que é muito comum aqui no filmow: a pessoa que não lê um comentário, mas mesmo sem saber o que está escrito, quer reclamar que é muito "longo", ou da nota, para ganhar biscoito. Até eu ver o filme e deixar uma nota e um comentário de verdade, esse comentário vai ficar aqui, para ver quantos eu pego.
O Projeto Adam
3.3 457 Assista AgoraSepare todos os ingredientes necessários e se certifique de que todos estão em temperatura ambiente. Ingredientes gelados muda a consistência do bolo e a química por trás do preparo, levando a resultados diferentes e nada agradáveis. Depois que colocar o bolo no forno evite abri-lo por pelo menos 20 minutos. Se abrir antes, você corre o risco de ter um bolo solado. A disfunção erétil compartilha fatores de risco com as doenças cardiovasculares, incluindo a falta de exercícios, obesidade, tabagismo, hipercolesterolemia e síndrome metabólica. O risco de DE pode ser reduzido com a modificação destes fatores de risco, particularmente a realização de exercícios e a perda de peso. Outro fator de risco para DE é a prostatectomia radical (PR) de qualquer forma (aberta, laparoscópica ou robótica) devido ao risco de lesão dos nervos cavernosos, má oxigenação do corpo cavernoso e insuficiência vascular. Cerca de 25-75% dos homens submetidos a PR apresentam DE pós-operatória. Os paciente considerados para prostatectomia radical com preservação dos nervos devem idealmente ser potentes e os nervos cavernosos devem ser preservados para assegurar a recuperação da disfunção erétil após a PR. Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia. há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Mata-cavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo
prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. Na principal destas, a pintura do tecto e das paredes é mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e grandes pássaros que as tomam nos blocos, de espaço a espaço. Nos quatro cantos do tecto as figuras das estações, e ao centro das paredes os medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa, com os nomes por baixo... Não alcanço a razão de tais personagens. Quando fo mos para a casa de Mata-cavalos, já ela estava assim decorada; vinha do decênio anterior. Naturalmente era gosto do tem po meter sabor clássico e figuras antigas em pinturas americanas. O mais é também análogo e parecido. Tenho chacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço e lavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é pacata, com a exterior, que é ruidosa. Dylan sentou-se no sofá diante de uma pilha de livros espalhados sobre a mesa de café, com o bloco de notas no colo. Ela estava pesquisando sobre escravidão sexual, fetiches envolvendo dor, jogo de poder e as razões por que essas coisas excitavam as pessoas. Ao ler detalhes, ela mesma sentiu isso. E se imaginou em vários ambientes: sendo amarrada, levando uns tapas e até mesmo sendo açoitada com chicote. Ela poderia pôr a culpa na pulsação que sentia entre as coxas. Se quisesse mentir para si mesma.
Levando tudo em conta, ganha relevo a epígrafe conradiana quanto à linha de
sombra, já incluída na primeira edição. Ainda é verdade que, no seu processo histórico, o Brasil precisa abandonar a sua juventude e articular um projeto estratégico
sério que o livre do subdesenvolvimento e da mediocridade. Ainda que com atraso
pelo menos um quarto de século. É importante manter a incitação a cruzarmos a
linha de sombra, para que, em face das dificuldades envolvidas nesse desafio, não
nos deixemos levar pelo ceticismo. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me
faltassem os outros, vá um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enga nar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas crêem na
mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa. Essa idéia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplastro anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição de privilégio que então redigi,
chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, qu e estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostrado res, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas. Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os modestos me argúam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha
idéia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro lado, sede de nomeada. Digamos: — amor da glória. Primeiro, acenda o forno para manter seu aquecimento e coloque uma vasilha com água. Isso vai evitar o ressecamento do bolo. Para untar a fôrma usamos com frequência a margarina, correto? Errado. Na verdade, a melhor forma de untar é com óleo, pois além da facilidade em espalhá-lo de forma uniforme, ele também evita, com mais eficiência, que o bolo grude. Boa dica, não acha?!
A partir desta ideia, pensamos que a função que desejamos integrar seja o produto entre uma função que foi derivada e outra que não, de maneira que conseguimos realizar uma substituição para encontrar a integral desejada. Usaremos a função ln x como exemplo. É muito comum saber-se a sua derivada, que é a função recíproca y = 1/x, por sua praticidade de uso na derivação logarítmica. Todavia, para encontrarmos sua integral, é necessário usar da integração por partes. Sempre se busca uma integral mais fácil de calcular do que a original, geralmente alguma que seja mais conhecida. Porém, há um problema. Nós temos apenas uma função f(x) = ln x e não duas. The weather beaten trail wound ahead into the dust racked climes of the baren land which dominates large portions of the Norgolian empire. Age worn hoof prints smothered by the sifting sands of time shone dully against the dust splattered crust of earth. The tireless sun cast its parching rays of incandescense from overhead, half way through its daily revolution. Small rodents scampered about, occupying themselves in the daily accomplishments of their dismal lives. Dust sprayed over three heaving mounts in blinding clouds, while they bore the burdonsome cargoes of their struggling overseers. A minha idéia, depois de tantas cabriolas, constituíra-se idéia fixa. Deus te livre, leitor, de uma idéia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho. Vê o Cavour; foi a idéia fixa da unidade italiana que o
matou. Verdade é que Bismarck não morreu; mas cumpre advertir que a natureza é uma grande caprichosa e a história uma eterna loureira. Por exemplo, Suetônio deu-nos um Cláudio, que era um simplório, — ou “uma abóbora” como lhe chamou Sêneca, e um Tito,
que mereceu ser as delícias de Roma. Veio modernamente um professor e achou meio de demonstrar que dos dois césares, o delicioso, o verdadeiro delicioso, foi o “abóbora” de Sêneca. E tu, madama Lucrécia, flor dos Bórgias, se um poeta te pintou como a
Messalina católica, apareceu um Gregorovius incrédulo que te apagou muito essa qualidade, e, se não vieste a lírio, também não ficaste pântano. Eu deixo-me estar entre o poeta e o sábio. Frase boba da noit: oque o lapis escreveu....a borracha apagou... gente...votem na minha enquete Amanhaaaa... mim fazer le maionese. Mais tarde, soube-se que a idéia sem precedentes do suco era uma sugestão que dois amigos de Wheeler comentaram dias antes do assalto. Wheeler testou a ideia aplicando suco em seu rosto e tirando uma foto para se certificar da eficácia. Na fotografia, o rosto dele não apareceu, provavelmente porque o enquadramento tinha sido um pouco desajeitado e acabou se concentrando no teto da sala em vez do rosto coberto com suco de limão. Sem perceber, Wheeler deu por certo que ficaria invisível durante o assalto. Meses depois, o professor de psicologia social na Universidade de Cornell, David Dunning, não conseguia acreditar na história do intrépido Wheeler e do suco de limão. Intrigado pelo caso, especialmente pela incompetência exibida pelo ladrão frustrado, ele se propôs a realizar uma investigação com uma hipótese anterior: poderia ser possível que minha própria incompetência me deixasse inconsciente dessa mesma incompetência? Mudanças em adaptações não são necessariamente algo ruim, mas mesmo que a escrita dos personagens nunca tenha sido grande coisa na franquia, o modo como os personagens mudaram aqui foi para pior, na maioria dos casos: Leon virou um mané, um alívio cômico, de uma forma bem irritante (e sim, ele é um mané nos jogos também, mas não no sentido de ser incompetente, e de formas que deixam o personagem mais divertido, como, por exemplo, ter uma paixonite por uma pessoa manipuladora e moralmente ambígua); Wesker virou um bonitão genérico, e eu sei que é ridícula a caracterização dele no primeiro jogo, com cabelinho loiro típico de vilão e óculos escuros em ambientes fechados mesmo não sendo cego, mas esse é um dos casos em que provavelmente seria melhor abraçar o ridículo; Chris é outro bonitão genérico que é muito fácil esquecer que está no filme, tão pequeno impacto dele na trama; Claire não sofreu tanto com as mudanças, mas aqui ela é o genérico da personagem determinada que aparece em uma série de filmes e séries ultimamente, quando especialmente no remake do segundo jogo, ela é competente e determinada, mas também tem mais algumas características que dão um pouco mais de profundidade à personagem; Lisa Trevor era um dos aspectos mais interessantes do REmake, mas aqui ela foi colocada só para fan service. Comentários, opiniões, e informação no geral divulgadas a respeito dessa adaptação de Duna me passaram a impressão não muito animadora de que o filme parecia estar tomando um rumo mais "convencional", mais próximo do que se espera de um filme de alto orçamento produzido por um estúdio, em resposta à recepção financeira não muito favorável (para executivos de estúdio, pelo menos) do excelente Blade Runner 2049. Indicações disso são o elenco cheio de figuras muito conhecidas atualmente, a maioria bons atores, mas que também aparentemente foram colocados apenas para atrair um público que normalmente não se interessaria por uma adaptação de Duna (principalmente toda essa promoção forçada da Zendaya), e termos como "acessível" usados para descrever o filme. Depois de assistir ao filme de fato, eu acho que tudo isso acabou sendo verdade, e Duna de Villeneuve é o pior filme de ficção científica do diretor (diria até que é o pior do diretor, no geral)... mas ainda é um bom filme. Na minha opinião, o melhor filme de alto orçamento produzido por um estúdio desde Blade Runner 2049.
O ingrediente principal do bolo, a cenoura, é uma raiz adocicada muito conhecida pelo seu sabor e cores vibrantes. Apesar do laranja ser o mais comum, você pode encontrar até cenoura da cor roxa. A cenoura pode ser utilizada para a produção de diversos alimentos e pode ser consumida de várias formas, desde crua em uma salada, até como suco. Mas antes de te passar a receita, vou te contar algumas curiosidades sobre a cenoura que talvez você não saiba. Depois dessa primeira introdução, prometo que vou te passar uma receita maravilhosa de bolo de cenoura simples e deliciosa. É importante observar o papel da melhoria na distribuição da renda para a ampliação
do mercado consumidor brasileiro. Foi amplamente divulgado na mídia especializada e não especializada a importância do aumento do consumo das classes C e D como motor do crescimento dos gastos do consumo. Este efeito foi particularmente importante após a eclosão da crise financeira global em 2008, momento em que a manutenção dos gastos com consumo destas classes evitou uma retração mais profunda na demanda agregada. Vejamos agora quantos vêm reclamar do tamanho do comentário sem ter lido eu consigo pegar aqui.
Eu obviamente não escrevi sobre o filme. A questão aqui é que é comum ter alguém reclamando que um comentário é muito longo sem ter lido, então resolvi fazer essa abominação de trechos aleatórios de dois livros do Machado de Assis, um artigo sobre disfunção erétil, um romance erótico aleatório, umas receitas de bolo de cenoura, um documento sobre economia brasileira, uns comentários anteriores meus, entre outras coisas, para ver quantos vão reclamar do fato do comentário ser muito longo, sem ter ideia do conteúdo, porque não leram. Vejamos, então, quantos vão sentir a necessidade de comentar a respeito de algo que não leram, e nem são obrigados a ler.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraAtenção: tem spoiler, mas se você está aqui, provavelmente já viu o filme.
Acho que o maior problema com Sem Volta Para casa, ou pelo menos o que me impede de gostar do filme e considerá-lo bom, sem ressalvas, é que ele tem um enredo muito absurdo e que não é bem construído, e com muitas situações forçadas e conveniências, mesmo para o padrão do MCU: o que coloca a trama em movimento é parte uma estupidez momentânea por parte do Peter que vai contra o que foi estabelecido a respeito do personagem nos dois filmes anteriores, com ele pedindo para o Doutor Estranho alterar a realidade para os amigos do Peter entrarem na faculdade, antes de cogitar opções mais óbvias e mais simples, e também por conta da estupidez do Dr. Estranho, que não ironicamente cogita a possibilidade de alterar toda a realidade por um motivo bem fraco, mesmo antes dele saber que era só sobre Peter e os amigos entrarem na faculdade. O Estranho culpa Peter pelo feitiço ter dado errado, mas o que ele fez? Não é só o Dr. que consegue usar mágica e manipular a realidade? Como Peter simplesmente falando no meio do círculo, mas sem interferir diretamente no que o Dr. estava fazendo, causou o problema? Outro aspecto da trama é que o Dr. sempre foi absurdamente poderoso, tanto que nunca fez sentido o quanto eles penaram contra o Tanos em filmes anteriores, e Sem Volta Para Casa só piora essa falha de roteiro, porque aqui o Estranho é ainda mais poderoso, até não ser, por conveniência de roteiro, ao ser derrotado por um Peter Parker porque aparentemente a dimensão distorcida ser "apenas geometria", ainda que nem cinco minutos antes Peter estava agindo como um completo idiota, e o roteiro também parece ter esquecido que o Estranho também é muito inteligente, e mais experiente que o Peter, além de ser habilidoso com magia, ter a vantagem na dimensão distorcida, inteligência acima da média e um cirurgião com doutorado e inteligência acima da média. Não vou fingir que poderes mágicos de um personagem de HQ precisam fazer muito sentido, mas vou ser chato aqui e questionar por que é necessário se conectar a outras realidades para fazer alterações na própria.
Tudo isso é só a explicação mínima que deram para executar o artifício desse filme, que é trazer personagens de filmes anteriores de volta e tornar todos os filmes do miranha canônicos dentro do MCU, e funciona nesse aspecto, mas eu acharia legal se tivessem colocado um pouco mais de esforço na premissa. A forma como esse aspecto é executa é bom e ruim, ao mesmo tempo: acho que a maioria vai concordar que os vilões dos filmes do Sam Raimi são os melhores do Miranha até agora, e eles também são o melhor aspecto desse filme, com Alfred Molina voltando com facilidade ao papel e o Duende do Willem Dafoe conseguindo ser o vilão mais assustador do MCU até o momento; porém, fora do contexto dos filmes do Raimi, tendo que dividir tempo de filme com outros três vilões, o cara mágico e mais dois miranhas além dos deles, eles não brilham tanto aqui quanto no contexto dos seus filmes originais. Um aspecto onde as mudanças foram totalmente positivas em relação ao material original foi na retratação do miranha do Garfield: por piores que os dois filmes que os filmes do Espetacular Homem Aranha sejam (e eles são ruins, especialmente o segundo), em Sem Volta Para Casa os melhores aspectos foram filtrados, como a atuação do Garfield, com um personagem bem emotivo e sincero, um Electro que não é irritante, o homem lagarto quase nem aparecendo, e total ausência daquele Duende tosqueira que aparece nos cinco minutos finais do primeiro filme; eu gostei como eles focaram no aspecto do trauma do personagem, porque os três, ele foi o que mais viu pessoas próximas com quem ele se importava morrer, especialmente no caso da morte da Gwen, e faz sentido que ele seja o que age de forma mais afetuosa do trio, ao descobrir a existência de miranhas paralelos; ele não é meu miranha preferido no geral, mas gostei muito dele nesse filme, e o ator convence. Tobey foi meio decepcionante, ficando meio ofuscado e ao fundo comparado aos outros dois, e apesar da relação que o personagem tem com os vilões ser um dos pontos fortes dos filmes originais, aqui ele nem quase nem interage com o Duende ou com o Doc Oc, e isso foi uma oportunidade perdida na minha opinião; a atuação também não foi grande coisa, meio travada. Quanto ao miranha do Tom Holland, eu gosto do que fizeram com ele aqui, no quesito de desenvolvimento de personagem: aqui o personagem é jogado em situações bem sombrias que o forçam a amadurecer, e onde ele os outros dois miranhas agem como mentores; esse é o filme onde o miranha do MCU de fato se torna o miranha clássico, o amigão da vizinhança, que é quebrado, cheio de mágoas e traumas, e enfrenta várias barras sem a assistência dos milhões de dólares e tecnologia das Indústrias Stark.
Infelizmente, o filme tem vários problemas que impedem que eu o ache realmente bom, no geral: já escrevi sobre algumas forçações e conveniências de roteiro, e o filme faz mais algumas só para criar drama de forma artificial: seria muito fácil alguém da SHIELD fazer algumas ligações e livrar o nome do Peter Parker, considerando o poder e a influência que a organização tem, e a importância do miranha para eles, e de quebra ainda processar o JJJ, mas a lógica é jogada pela janela em nome de um drama fácil. Essa forçação dramática também ocorre no final, com o roteiro criando um drama envolvendo as dimensões, e Dr. Estranho precisando realizar uma mágica para fazer todos se esquecerem do Peter e sua ligação com o miranha, mas isso é só mais uma arbitrariedade de roteiro que não foi muito bem pensada, levando em conta que os poderes do Estranho já se mostraram fortes e variados o suficiente para alterar a realidade de várias formas possíveis, até nos pequenos detalhes; esse ponto do roteiro acaba não fazendo sentido dentro do contexto da história, porque a magia aparentemente só apaga a memória das pessoas, e não os acontecimentos que foram consequência das pessoas conhecerem o miraha/Peter (a tia May continua morta), então é só alguém ver uns episódios anteriores do podcast do JJJ ou algumas das muitas gravações que os alunos da escola do Peter fizeram e têm no celular para lembrar que ele é o miranha. Além do mais, embora os Vingadores tecnicamente não existam mais, um evento em que vários vilões de outra dimensão invadem uma realidade ao mesmo tempo parece uma ameaça nível Vingadores, ou ao menos algo que justificaria os antigos membros ainda na ativa darem uma mão para o Peter, porque eles não sabem que dois miranhas também atravessaram as dimensões. Outros problemas para mim foram as cenas de ação, com uns cortes estranhos, umas coreografias travadas e muito CGI ruim se comparadas a outros filmes da Marvel; a fotografia também não é muito legal, com muitas cenas sendo muito escuras sem bom motivo, até as que se passam durante o dia, e isso é provavelmente para esconder a qualidade do CGI.
Eu não gostei muito de Sem Volta para Casa, achando-o bem abaixo dos dois primeiros filmes do Raimi e da animação do Miranhaverso, e nem mesmo chega ao nível dos dois filmes anteriores do Jon Watts; é melhor que os dois filmes do Mark Webb e o terceiro do Raimi, mas isso não é dizer muito. Mesmo que eu não tenha gostado muito do filme, eu ainda acho que chamá-lo de "superestimado", como muitos estão fazendo, simplesmente não faz sentido: uma mídia não é superestimada simplesmente porque você não gosta dela, mas só pode realmente ser considerada como tal se forem a´presentados argumentos sólidos do por que as razões dadas pelas pessoas que gostaram não fazem sentido, e não atingem seu propósito. No caso desse filme, quem gostou provavelmente foi porque viu a reunião nostálgica do universo dos miranhas que queria, e essa não deixa de ser uma razão válida, pois era um dos principais propósitos do filme, e isso ele entrega: não vou dizer que é uma obra prima, e o roteiro é bem fraco, mas esse filme é mais um "evento" no MCU do que propriamente um filme, e esse tipo de "espetáculo pelo espetáculo" tem sim seus méritos.
Acho dificíl negar que os encarregados do MCU estão encontrando dificuldades em lançar histórias no universo que pareçam importantes o suficiente para despertar o interesse de quem acompanhou toda a construção da história até Ultimato, e estão se utilizando de outros artifícios, como apelo nostálgico, introdução de seres ainda mais poderosos que os anteriores, ao ponto que fica cômico e absurdo em muitos casos, e no futuro provavelmente vão se utilizar das propriedades que a Disney adquiriu desde então, como os X-Men. Sem Volta Para casa foi o único filme do MCU ao qual eu assisti depois de Ultimato (inteiro, pelo menos, porque eu comecei Shang-Chi e não terminei), e foi mais pela curiosidade de ver o miranha do Tobey e seus vilões voltando a aparecer em um filme. Eu posso não ter gostado, mas é dificíl se decepcionar com um filme que entrega o que promete, porque parecia que seria uma bagunça antes de ser lançado, acabou sendo uma bagunça com apelo nostálgico e um roteiro que só existe por formalidade.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraEu tenho um amigo que eu costumava ver com certa frequência antes da pandemia: no quesito política, ele é relativamente razoável, com visões e argumentos com as quais eu posso concordar, embora conhecimento dele no geral seja bem superficial, e ele também tinha certa dificuldade, em alguns momentos, em separar qualquer sentimento negativo momentâneo que ele estivesse passando de um assunto mais abrangente e menos pessoal, fazendo com que as ideias expressas perdessem lógica e quase virassem gritaria. O problema é que esse amigo, como muitos por aí, insistia em falar de política depois de beber, e de alguma forma ele já conseguia ficar bem mais alterado que a média depois de uma latinha de cerveja, e ele bebia bem mais que uma latinha; nesse momentos, não importa o assunto, ou os argumentos, a coerência sumia, mesmo as afirmações superficiais deixavam de fazer sentido, e tudo era gritaria da parte dele, e mesmo que ele estivesse expressando algo que normalmente eu concordaria totalmente, nessas horas eu simplesmente não queria ser associado a ele por conta da forma como estava agindo, e ressentia o fato de que ele insistia em tentar "ganhar" a discussão em um assunto que ele não entendia muito na base do grito, em estado alterado, e ressentia também que ele se recusava a ouvir a razão e se irritava quando alguém o mandava calar a boca, mesmo de forma educada. Ver esse filme me lembrou desse tipo de situação, e enquanto esse meu amigo eventualmente aceitou os fatos e cortou consideravelmente a cerveja nas nossas reuniões, e também conseguiu realizar uma certa reflexão de suas atitudes mesmo sóbrio, mas não o suficiente que eu e outros não tenhamos que lidar com típica palhaçada dele sóbrio (mas já é um progresso), Adam McKay ainda insiste em dirigir filmes que tratam de assuntos sérios, embora ele não conseguia produzir comentário além de gritaria sobre o óbvio intercalado com umas piadas sem graça.
Claro, ainda é relevante, e necessário, criticar o negacionismo, o anti cientificismo, essa insistência em formar opiniões baseadas em nada, ou pior ainda, em fragmentos de informação (muitas vezes falsa) que aparecem em redes sociais, e é relevante criticar o descaso e ignorância de pessoas no poder e a crença cega em instituições privadas e governamentais, mas tudo o que McKay entrega nesse filme é uma gritaria, aparentem,ente querendo mostrar o quão mais inteligente ele é que todo mundo, enquanto a crítica, o comentário em si, é bem superficial, e apresenta nada de instigante: não existe debate, não existe racionalização, com todos os personagens sendo apenas versões caricatas e rasas de ideias que deveriam ser desenvolvidas e aprofundadas no filme. Enquanto um diretor como Paul Verhovenn consegue encaixar críticas ácidas e relevantes de forma bem integrada no que são também ótimos filmes de ação, e Michael Haneke consegue, através de uma visão única e direção competente, apresentar críticas sociais e observações perturbadoras ao mostrar, simplesmente, o cotidiano de determinados personagens, Não Olhe para Cima do McKay é basicamente todo comentário, sem profundidade, com os aspectos do filme em si, como progressão do roteiro e personagens, servindo como nada mais que artifícios, simples acessórios ao tema e à mensagem; personagens em Não Olhe para Cima servem basicamente a mesma função que elementos do cenário, como cadeiras e lâmpadas, servem em filmes melhores.
Até mesmo a escolha dos atores para cada um dos personagens é bem questionável, no contexto do que o filme tenta passar: os dois personagens para os quais supostamente devemos torcer, dois cientistas inteligentes, Kate e Randall, são interpretados, respectivamente, por Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio: os dois são provavelmente as pessoas mais questionáveis do elenco principal, tanto em questão de talento quanto em questão ética, e os que são os melhores atores (Jonah Hill, Meryl Streep, Ron Pearlman, Cate Blanchett) ou as celebridades que se mostraram as melhores pessoas mesmo fora dos filmes (como Ariana Grande) são relegados aos personagens do qual devemos, como audiência, ter raiva. Sim, eu sei que é só um filme, e o que "atuação" significa, mas levando em conta como a cabeça do Adam McKay parece funcionar, não tenho certeza se os papéis forma atribuídos por questão de adequação ao personagem.
Eu sinto falta de quando o McKay dirigia filmes como Talladega Nights e The Other Guys: sim, eram comédias não muito inteligentes, cheias de gritaria, mas pelo menos eram idiotas de propósito, e não se levavam a sério: não tentavam ser nada além do que eram, e eu conseguia rir com elas. Em algum momento, por algum motivo, Adam McKay, que previamente havia dirigido filmes onde Will Ferrel corre pelado por uma rua e berra igual a uma criança, ou onde Will Ferrel corre de cuecas por uma pista de corrida tentando apagar um fogo invisível, ou onde Will Ferrel berra igual a uma criança e e corre para esfregar os testículos em um prato de uma bateria, ou... ah, já deu pra entender; em algum momento o sujeito conhecido por esses filmes achou que poderia misturar sua comédia escrachada e irreverente com temas sérios, mas o que acabou acontecendo é que essa nova "leva" de filmes do diretor não têm a comédia, e falham em produzir qualquer comentários elaborados que vão além do mínimo. Eu havia elogiado A Grande Aposta antes, mais como ferramenta didática do que como filme em si, mas depois de ver Don't Look Up, minha perspectiva mudou: agora, eu ressinto o fato de que de todas os diretores a tratarem de um assunto tão importante, tão relevante, e com tanto potencial para comentário e crítica, com tantos diretores talentosos e inteligentes, o encarregado foi logo Adam McKay; eu ressinto que ele achou necessário desperdiçar os talentos da Margot Robbie, simplesmente porque achou que não poderia chamar a atenção da audiência para a questão dos ativos financeiros a não ser que colocasse a atriz para explicar pontos da trama dentro de uma banheira, porque por algum motivo ele acredita que existe uma intersecção significativa entre pessoas que buscam um melhor entendimento do mercado financeiro, e adolescentes hormonais com problemas de atenção. Desde 2016, Adam McKay tem feito nada mais que jogar as famigeradas Oscar Bait, ou "isca de oscar", e a Academia tem mordido com gosto. Deixando claro que eu não levo a Academia a sério, e se eu gosto de um filme indicado, é mera coincidência, mas eu gosto de preencher aquelas insígnias do IMDb, e A Grande Aposta e Vice já apareceram lá, e ao que tudo indica, Don't Look Up vai aparecer também, e essa insistência do site em colocar filmes do diretor nas insígnias parece uma piada de mal gosto: os filmes dele obviamente só são indicados por conta do assunto tratado, e não pela execução excepcional. Eu só vi os primeiros cinco minutos de Vice, e decidi que vou dar minha nota baseado no que eu vi, na sinopse, e no que eu sei dos filmes do Adam McKay; caso algum outro filme dele apareça em insígnias futuras, eu vou dar nota só baseado em sinopse e conhecimento prévio de filmes dele, porque não vou perder mais tempo com os filmes dele, e provavelmente não vou fazer um julgamento diferente do que faria caso me submetesse ao resto.
Remetendo ao que eu falei antes, Don't Look Up é como conversar com uns amigos no bar, depois de umas cervejas, mas o amigo consideravelmente mais alterado insiste em falar sobre política, e falar por cima de todo mundo, em um volume que o bar todo começa a olhar para sua mesa, e você só consegue sentir ansiedade, e irritação pela insistência desse seu amigo em prolongar o assunto, mesmo não tendo muito a dizer desde o começo; no fim das contas, você só quer ir embora ou que seu amigo se acalme e volte a contar piadas nível quinta série. Don't Look Up é um filme que claramente odeia as pessoas e ideias que está criticando, de uma forma que não consegue respirar o suficiente para fazer mais além de gritar o óbvio; mas por conta da retratação caricata de todos os personagens, parece odiar também todos os envolvidos na história, independente de posicionamento, coerência e ética: parece odiar cientistas, e ciência, e a ideia de comentário e crítica em si, e a si mesmo. Parece também ter um ódio em especial pelo espectador: não respeita nosso tempo, sendo pelo menos uma meia hora mais longo do que deveria ser, e repetindo as próprias ideias constantemente; não respeita nossa capacidade de abstração e síntese; não respeita nosso posicionamento em relação à efetividade da execução do filme, mesmo com quem concorda com as ideias apresentadas, pois Adam McKay parece expressar a própria arrogância pessoal em cada cena. Em praticamente qualquer outro caso, mesmo quando eu tenho uma opinião muito negativa a respeito de um filme, o comentário é longo porque eu gosto de discutir a respeito, e não porque o filme me irritou, porque filmes são filmes; Don't Look Up não chegou realmente a me irritar, mas chegou perto. Ficou uma sensação estranha depois de quase duas horas e meia, com um filme apresentando críticas e ideias com as quais eu concordo e apoio, a princípio, mas tudo o que apresentou foi o óbvio, ansiedade, e misantropia. Esse filme tem sido comparado a Idiocracy, e realmente me lembrou dele em alguns aspectos: tenta ser uma crítica à sociedade, mas tem pouco a dizer além do óbvio e intercala isso com humor sem graça; implica que a classe trabalhadora causa a própria ignorância e sofrimento, e não explora o problema de forma inteligente ou profunda (sendo justo, Idiocracy é basciamente um dedo do meio para a classe trabalhadora, enquanto Don't Look Up consegue mostrar a questão de forma mais elaborada); e claro, um desprezo desfocado e pouco fundamentado em relação ao ser humano como um todo, ou misantropia. Don't Look Up não chega a ser tão ruim quanto Idiocracy, porque o primeiro ao menos se compromete o suficiente com aspecto "científico" do roteiro para não descer ao nível de defender a ideia comprovadamente incorreta e extremamente racista de "eugenia". Ambos os filmes acabam culpados, em certa medida, da mesma ignorância e visão limitada que tentam criticar: Don't Look Up apenas em alguns momentos; Idiocracy, do começo ao fim.
O problema aqui obviamente não é o assunto tratado, nem a crítica em si, nem o fato do filme ser uma comédia, nem de se levar muito a sério: o problema é o diretor, que também é o roteirista (roteiro adaptado, mas ainda assim) e o produtor. A escolha do Adam McKay chega a refletir de forma grotesca uma das críticas que o filme tenta fazer: existem diretores muito mais qualificados para fazer uma sátira que aborda temas sérios, mas McKay é popular no momento. É besteira ficar pensando a respeito, e provavelmente vou soar pretensioso, mas não custa imaginar o que outros diretores poderiam fazer com os conceitos explorados, como Yorgos Lanthimos, ou Michael Haneke. Melancolia, do Lars Von Trier, também trata de um cometa que vai se chocar contra a terra, e apesar do surrealismo bizarro do diretor, acaba sendo muito mais bizarro que o Don't Look Up na questão da exploração da natureza humana nesse tipo de situação. Mas o filme do McKay é comparável sim a um lançamento anterior de temática semelhante: é uma versão de Chicken Little com atores reais. Resumindo: quem quer que sejam os responsáveis, parem de dar esse filmes para o Adam McKay. O que vou escrever agora com certeza vai soar pretensioso, mas a diferença entre os filme mais críticos do McKay e de um diretor mais competente e talentoso é comparável à diferença entre uma redação básica de um aluno da oitava série e um trabalho de conclusão de curso de um universitário: mesmo que ambos estejam tecnicamente corretos, apenas um realmente tem algo a dizer, e as qualificações e o conhecimento para transmitir suas ideias.
Água Negra
3.2 137Eu sempre reclamo de atuação ruim de crianças em filmes, e falo que não é desculpa ser criança se essa atuação prejudica o filme, e parece que filmes como a versão original de Água Negra existem para que eu me arrependa parcialmente de reclamar disso: o filme é um terror japonês com um clima melancólico constante, onde todo o elenco é bom, incluindo a atriz que interpreta a criança, e quando a criança começa a chorar de maneira convincente por causa da mãe, fica dificíl de assistir (e eu nem tenho filhos). Ótimo filme, provavelmente nunca verei de novo, pelo bem da minha saúde mental.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraNão tenho muita nostalgia pela franquia: acho o primeiro filme bom, gosto das mensagens que quer passar, os efeitos são muito bons e tem boas cenas de ação, mas acho datado esteticamente, com atuações bem fracas e personagens com os quais não consigo me importar muito, por conta disso; o segundo é bem medíocre, salvo as cenas de ação. O terceiro eu achei bem ruim mesmo, com cenas de ação excessivas e não tão bem trabalhadas quanto nos anteriores, e o aspecto filosófico sendo representado por diálogos longos, carregados de informação irrelevantes, e ainda mais pretensiosos que os do filme anterior, com atuações que não salvam. Esse declínio provavelmente é por conta de não apenas forçarem um filme que funciona bem como essa história única que provavelmente nunca deveria ter sido transformado em uma franquia nessa trilogia que também tentaram expandir para essa franquia multimídia de um universo compartilhado. As Irmãs Wachowski e a Warner tentaram, entre 2003 e 2005, o que a Disney tem feito com o MCU desde 2008, mas com resultados mais próximos do que a Disney tem feito com Star Wars desde 2015: Reloaded e Revolutions, duas continuações da mesma franquia, foram lançadas em 2003, o que já é absurdo, mas eles também lançaram a coletânea Animatrix e o jogo Enter the Matrix no mesmo ano, e ambos contam histórias diferentes que deveriam se conectar de alguma forma ao universo dos filmes (Enter the Matrix inclusive tem cenas gravadas exclusivamente para o jogo). Isso é uma bagunça, onde simplesmente não existe tempo para um planejamento adequado de como tudo isso iria se encaixar, levando em conta em conta que as Irmãs Wachowski estavam escrevendo e dirigindo as duas continuações e o jogo, e provavelmente também supervisionando os curtas de Animatrix; já era uma receita para desastre, mesmo sem levar em conta a saturação que tantas propriedades da mesma franquia sendo lançadas em sucessão dessa forma pode trazer, saturação que foi agravada por ainda lançarem dois jogos em 2005, Path of Neo, que não foi bem recebido, e o MMO The Matrix online, que teve os servidores desligados em julho de 2009.
O primeiro parágrafo é para estabelecer contexto, do porque não me decepcionei com Resurrections: basicamente, não gosto tanto do primeiro filme quanto tantos outros, e o declínio da franquia já ocorreu lá em 2003, sendo dificíl criar expectativas. Mesmo assim, acho que o novo filme consegue ser pior que os anteriores. Um contra argumento à defesa que sempre surge: se um filme é ruim de propósito, isso significa apenas que é ruim; lembrando que é algo que vale também quando a defesa é usada para esses filmes péssimos, geralmente algum besteirol ou um filme de terror bem ruim, que sempre alguém defende e dá uma nota alta por supostamente ser "tosqueira proposital". Levando em conta que o orçamento desse filme foi bem alto, até mesmo para os padrões de Hollywood (estimado em US$ 190 milhões), Lana Wachowski poderia ter feito um filme para servir como um dedo do meio para a Warner, e também competente nas questões técnicas: não existe um bom motivo para efeitos especiais, coreografia e roteiro serem consideravelmente piores que nos anteriores, lançados há quase 20 anos atrás (ou há mais de 20, no caso do primeiro), e esses aspectos serem tão bom quanto ou melhores que nos anteriores não afetariam os temas (ao menos, não deveriam afetar). O roteiro é uma bagunça, ainda mais que em Reloaded ou Revolutions, porque por pior que fossem, especialmente em Revolutions, era possível traçar algum sentido que mostrava alguma consistência temática, e com o que foi estabelecido. Ressurections nem tenta fazer sentido, usando sempre da "temática meta" para desculpar qualquer furo ou inconsistência: precisavam de uma desculpa para trazer Neo de volta, apesar dele definitivamente ter morrido no final de Revolutions, e basicamente jogam uma explicação que ele estava vivo o tempo todo, mas em outra forma, e algo bizarro que a trilogia original de filmes eram jogos dentro da Matrix, que ele mesmo programou, porque ele é um programador, nesse filme; sim, eu sei que eles trazem a questão de "múltiplas versões da Matrix e do Escolhido" na explicação, mas nunca é implicado, na trilogia original, que todos são a mesma pessoa, dentro e fora da Matrix. Jogam depois uma explicação de como conseguem trazê-lo de volta, resgatá-lo da Matrix, e nada segue a lógica que foi estabelecida anteriormente em três filmes, um jogo e vários curtas. Depois tem também um rolo sobre tirar a Trinity da Matrix, mas já fica estabelecido que ela odeia a própria vida na Matriz, então é dificíl sentir o conflito dela em tomar a pílula vermelha. O personagem do Neil Patrick Harris surge do nada, e não faz sentido no contexto do universo estabelecido, parecendo um super vilão genérico de desenho animado. Sem bom motivo, eles substituíram dois atores de personagens importantes: Yahya Abdul-Mateen II é um bom ator, mas é um péssimo Morpheus; o agente de Smith de Hugo Weaving era um dos únicos aspectos consistentemente bons de todos os três filmes, mas aqui ele é interpretado por um cara bem diferente, que é péssimo, e parece uma paródia do personagem original.
O roteiro também não se decide sobre os temas que quer tratar: toda essa parte de criticar a Warner por basicamente "forçar" Lana a fazer o filme é só no começo, depois o filme passa para uma questão de assumir sua verdadeira identidade e questionamento de papéis tradicionais da mulher, e eu acho que é um bom tema a ser abordado aqui, especialmente porque (e vou entrar numa tangente aqui), aconteceu com a franquia Matrix o que infelizmente acontece com muitos filmes famosos: reacionários imaturos que não entendem a mídia que dizem gostar tentaram se a apropriar da e distorcer a mensagem da série, querendo associar a mensagem de "tomar a pílula vermelha e sair da Matrix" com baboseira conspiratória que usam para justificar a própria misoginia, racismo, homofobia, e absurdamente, até mesmo transfobia. Querem um dica do que a pílula vermelha realmente significa? Procurem "estrógeno" no google imagens e comparem as cores; sim, desde o primeiro filme, Matrix sempre foi, em algum nível, sobre a experiência de descoberta de identificação, sobre transexuliade. Eu gosto da temática abordada a partir de determinado momento do filme, em teoria, porque ajuda a reforçar um dos temas da franquia, e ajudar a apagar essa interpretação que um certo grupo tenta usar para cometer crimes de ódio, mas como tudo no filme, eu posso dizer, honestamente, que foi bem executado: sem preocupação com consistência, tudo jogado e muito óbvio, e querendo ser "meta" antes de ter um roteiro.
Talvez fosse mais fácil aceitar essa interpretação de que o filme "é bom, porque é ruim de propósito", se as irmãs Wachowski tivessem dirigido bons filmes depois do primeiro Matrix, mas não é o caso: sei que tem muitos que gostam de Reloaded e Revolutions, mas eles foram bem divisivos. Quanto ao resto, alguém realmente acha Speed Racer bom, não ironicamente? Ou se lembra de Cloud Atlas? E não existe argumento bom o suficiente para defender Jupiter Ascending.
Outro ponto que eu queria deixar: eu odeio a Niobe nesse filme, a ponto de ser a personagem que eu menos gosto de toda a franquia. Já existe algo bem irritante a respeito de pessoas velhas, seja em filmes ou na vida real, que fazem nada além de reclamar de tudo que pessoas mais novas fazem, mesmo que necessário; a maquiagem que colocaram na Jada Pinkett Smith para fazer ela parecer velha é nada convincente, a ela definitivamente parece alguém fingindo ser velho, e não uma pessoa velha de verdade. O ponto é, existe algo ainda mais irritante em uma pessoa fingindo muito mal ser velha que faz nada além de literalmente ver a grama crescer com autoridade para mandar prender pessoas mais novas que estão fazendo algo de útil.
O filme é comparado a Os Últimos Jedi, nessa questão de subversão e desconstrução do universo, mas esse pelo menos buscou manter consistência com filmes anteriores, funciona como uma progressão da história, e por mais que o roteiro tenha problemas e seja controverso entre quem assistiu, os aspectos técnicos são da qualidade que se espera da franquia, e as atuações são boas. Resurrections lembra mais A Ascenção Skywalker, por ser desfocado e frustrado com algo, mas até mesmo Ep. IX teve maior cuidado nos aspectos técnicos.
Outro ponto: sei que o comentário foi longo, e foi bem hiperbólico em alguns pontos, mas no fim das contas é mais um filme: eu não fiquei irritado de verdade, e ninguém deveria, eu gosto de ver filmes e comentar em detalhe a respeito, só isso. Eu digo isso porque "acampar" na seção de comentários, deixando vários comentários agressivos, links, ofensas para quem avaliou o filme positivamente e mesmo várias respostas para comentários positivos, não é normal: é mais que falta do que fazer, é sinal de um problema maior, algo que só pode ser resolvido saindo do filmow um pouco e tocando grama com os pés, ou com terapia, mesmo. Muitos provavelmente já sabem de quem estou falando, então tenham em mente que essa pessoa pode não estar em um bom lugar, mentalmente, no momento. Isso não significa, claro, que uma cutucada aqui e ali pra acordar vai fazer mal.
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraJá não tinha achado esse novo Scream muito bom logo depois de assistir, mas quanto mais penso a respeito, pior fica. Quando sai um filme aguardado de alguma franquia clássica, a não ser que seja absurdamente ruim ou tenha feito algo para irritar uma parcela específica e pouco razoável dos fãs, as notas e comentários iniciais tendem a ser positivos de forma exagerada, e no caso do novo Scream aqui no filmow, também achei estranho que a maioria falava basicamente nada a respeito do filme em si, e depois de assistir, é fácil ver o porquê.
Como é de praxe no filmow, sempre têm aqueles que não se contentam em terem gostado do filme, mas querem desmerecer opinião alheia com o clássico, e na grande maioria das vezes péssimo argumento no estilo "o que você esperava?". O primeiro Scream é considerado um clássico não só por conta da questão da "meta linguagem" na superfície, mas por ter um roteiro sólido que não apenas é bem acima da média para um slasher, mas também bem sólido para a média de filmes em geral. O filme não comprometia desenvolvimento de personagens, coerência e consistência para passar a própria mensagem narrativa. A questão é que, se você acha que quem é familiar com a série não deve esperar coerência, consistência ou um certo grau de realismo, com ações minimamente coerentes dos personagens, me desculpe, mas quem não entende o que torna especialmente o primeiro filme bom, e tem expectativas inconsistente com o que já foi apresentado, é você mesmo. Argumento mais plausível seria dizer que as expectativas não devem ser altas baseado na queda em qualidade das continuações, mas também não funciona porque: esse filme faz um ponto para especificamente ser uma "requel", basicamente o primeiro filme de novo com algumas diferenças e novos personagens, e acho que é muito conveniente que as diferenças incluem não ter um bom roteiro, nem bons personagens; o roteiro no geral é pior que o das continuações anteriores. Além do mais, mesmo se fosse o caso, isso significaria que o primeiro filme também é ruim, e
Quanto ao filme em si, o elenco é o pior até o momento: os atores novos não são convincentes, e os personagens são rasos, sem carisma, e existem apenas para cumprir tabela do que Scream deve ter no contexto "meta", e nada além disso; Dylan Minnete interpreta o mesmo personagem de todo filme/série que ele participa, Mikey Madison só reprisa o papel dela em Era Uma Vez em... Hollywood, mas aqui é levado mais a sério do que deveria, a atriz que faz a protagonista não consegue expressar emoção de forma convincente, e personagem mais nova, a irmã da protagonista que deveria ser o principal fator emocional, não tem personalidade ou desenvolvimento além de ser esfaqueada várias vezes. Jack Quaid é o menos pior da nova leva, e faz o possível com o roteiro dado. Os novos personagens são os menos competentes, e os menos inteligentes da franquia até agora, ao ponto que deixa de ser engraçado e passa a irritar O trio clássico retorna aqui, mas aparecem bem pouco, e aqui parecem ter voltado simplesmente por formalidade, e para serem pagos, entregando atuações bem mais fracas que nos filmes anteriores.
Toda a questão do "meta" aqui é desperdiçada: o roteiro aqui mostra um conhecimento mais limitado dos tópicos relevantes tratados que nos filmes anteriores, e a mensagem até chega a se contradizer em alguns pontos. O filme parece tentar ignorar, também, que Scream 4 já foi a continuação "nostálgica" da série, que mostra os personagens clássicos retornando para a cidade do primeiro filme, mostra cenas familiares com alguma subversão, e com personagens novos que se encaixam no papéis clássicos; comete até mesmo alguns erros. Eu não acho que Scream 4 seja um filme muito bom, mas acho que tudo o que o quinto filme da franquia tentou fazer, o quarto fez melhor, e antes. Para uma série que é tão auto referencial, é um absurdo não comentarem a respeito do fato que o novo Scream é muito similar ao filme anterior.
A revelação dos assassinos também é a pior da franquia até agora: tudo fica muito óbvio, de forma bem rápida, mas não por conta de pistas bem distribuídas ao longo do filme, mas porque o filme deixa óbvio, sem sutileza ou mistério envolvido. Além de ser óbvio, é incoerente com o que é mostrado ao longo do filme: um dos assassinos é baixo e bem magro, mas em cenas onde fica óbvio que é essa pessoa em particular, ele é mostrado como sendo alto e peitando um policial treinado com facilidade; mesmo o outro assassino é consideravelmente mais fraco (ou deveria ser) do que a maioria das pessoas que eles atacam durante o filme. Esses são os mesmo erros que Scream 4 cometeu, mas aqui é ainda pior, porque o elenco é fraco, e parece que houve um cuidado ainda menor aqui em esconder as falhas.
Nenhuma continuação após a segunda conseguiu apresentar uma motivação para desenrolar dos eventos e retorno dos personagens que não parecesse forçada e pouco natural à franquia, mas o novo Scream consegue ser o pior também nesse aspecto: a protagonista é filha do Billy Loomis, porque apesar de tudo em que ele estava envolvido no primeiro filme, ele teve tempo de se envolver com uma mulher e engravidá-la, antes de ser morto pela Sidney, e de forma bem conveniente, essa mulher nunca foi mencionada antes,a aparentemente ninguém mais na cidade sabia a respeito, apesar de Woodsboro ser aquele tipo de cidade pequena onde todo mundo sabe da vida de todos, e as notícias correm (lembrando que no primeiro filme, basicamente a cidade inteira sabia de aspectos privados da vida da mãe da Sidney). A história também traz o clichê de um protagonista que abandona a cidade e a família por determinado motivo, mas isso tem praticamente nenhum impacto na história em si, e todo o conflito proveniente disso se resume a umas poucas falas. O roteiro ainda consegue usar uns clichês bem batidos e irritantes de forma nada irônica, como a protagonista tendo alucinações bem vívidas, e aquela reintrodução de personagens clássicos onde é óbvio quem são, mas mostra eles de costas e toca uma música dramática.
Scream 2022 é um filme vazio, que existe apenas para referenciar o primeiro de forma mecânica, em uma série onde até os piores doas anteriores se esforçaram para apresentar uma narrativa com personagens que servem algum propósito além riscar itens de uma lista. Outro problema é mostrado no filme, provavelmente de forma não intencional: a franquia já foi superada na questão da meta narrativa, com diversos filmes lançados na década passada que apresentam comentário sobre o gênero terror, enquanto ainda funcionam como uma narrativa em si. Eu sei que tem muita gente atualmente que sempre corre para menosprezar esses filmes de terror supostamente da nova leva, simplesmente por tentarem algo diferente do que se vê atualmente no gênero, jogando uns apitos de cachorro no meio, chamando o filme de "moderninho" para criar um espantalho a respeito de pessoas que gostam desses filmes, mas isso só mostra um conhecimento limitado do que é "terror": muitos dos filmes mais inovadores, conceituados, experimentais e considerados clássicos da história do cinema são de terror. O tipo de terror que as más línguas adoram chamar de "pretensioso", superestimado, ou aquele outro apito de cachorro, "não é terror raiz", é mais próximo do que o gênero oferecia de forma relativamente comum da década de vinte até a década de setenta, do que os filmes lançados desde a década de setenta que aparentemente essas pessoas usam como referência. Acho relevante falar a respeito, porque o novo Scream faz algumas referências a esses filmes de terror que saíram na década passada, de uma forma bem neutra, mas um pessoal aqui assumiu, de alguma forma, que o filme estava criticando o que pessoas que não conhecem o gênero de "pós horror", ou algo do tipo; se houve alguma crítica, foi às pessoas que se criticam um filme simplesmente por tentar algo diferente... em um filme que faz nada de diferente. Mesmo não levando em conta o gênero como um todo, e focando só nos clássicos que esse mesmo pessoal adora chamar de alguma variação de "slasher raiz": sério que ainda existem fãs de terror em 2022 que esses filmes ainda seriam considerados clássicos se tivessem mais nada a oferecer além da violência e do sangue de forma superficial? Ainda existe quem acha que o primeiro Texas Chainsaw Massacre é só a respeito de uma família de canibais no Texas que assassina uma uma série de jovens, ou que o primeiro Halloween é só a respeito de um psicopata que escapou de um instituição e saiu em uma matança aleatória?
Esse comentário acabou ficando muito longo, também, mas tem muito mais a ser dito no contexto que cerca o filme, de qualquer forma. Eu não esperava muito, levando em conta que as impressões iniciais são bem exageradas, mas eu esperava mais que esse filme; esperava pelo menos que fosse melhor que Scream 3 e 4, mas acabou sendo, para mim, o pior dos filmes. Algo positivo nesse filme é que me fez apreciar um pouco mais o que o 3 e o 4 fizeram direito, e apreciar ainda mais o bom trabalho do 2 como continuação. Tanto para quem quer um bom terror "meta" ou um "slasher" descompromissado com bastante sangue e "gore", sem se preocupar com história e personagens, existem opções melhores lançadas na década passada.
O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface
2.2 697 Assista AgoraTem spoiler no comentário: não marquei individualmente porque nada a respeito do roteiro desse filme é bem feito, e não faz diferença ficar sabendo antes de ver o filme; de qualquer forma, aviso dado.
Esse filme chegou sim a me dar um susto, que foi quando eu voltei para casa depois de ter saído para buscar, abrir o Netflix e ver isso disponível. Se eu vi material promocional ou reportagem a respeito de um novo filme da franquia Texas Chainsaw Massacre, eu realmente não lembro, mas ele existe, porque é a onda dos reboots e continuações nostálgicas, e o Halloween de 2018 fez sucesso, então a franquia entrou na onda e lançou uma continuação direta do primeiro filme, que ignora todas as outras continuações, e tem praticamente o mesmo nome do original, só faltando o "The". Nem é a primeira vez que tentaram algo do tipo: o filme de 2013, chamado simplesmente de Texas Chainsaw, também é uma continuação direta do primeiro filme que tentou servir como um "soft reboot", que também envolvia um grupo de jovens esbarrando acidentalmente em um Leatherface geriátrico que de alguma forma conseguiu se esconder das autoridades por várias décadas, embora tenha ficado bem claro que nem ele ou o resto da família tenham alguma ideia do significado de "discrição". Acho que o simples fato desse novo filme existir já mostra o quão bem recebida foi essa tentativa de reboot de 2013. A franquia é uma bagunça, ainda mais levando em conta que o terceiro e o quarto filmes também foram tentativas de reboot.
A trama agora é a respeito de jovens ricos ligados a mídias sociais organizando um projeto de gentrificação de uma cidade abandonada do Texas, e fica bem claro que o roteirista tinha uma ideia bem vaga de como esse aspecto da internet funciona, mas teve que incluir algo do tipo para "atualizar" a história e tentar fazer algum comentário, mas é feito de tal forma que tem o efeito oposto, e data o filme. Os envolvidos também acharam que esse filme caça níquel que foi despejado direto no Netflix sem muita fanfarra poderia tratar do assunto muito sério e sensível de tiroteios em escolas dos Estados Unidos, e esse definitivamente não é o tipo de assunto que deveria ser abordado de uma forma tão trivial, mas esse filme é tão dificíl de levar a sério que acaba não sendo um problema tão grande, ironicamente.
O filme traz a personagem da Sally de volta, semelhante ao que fizeram com a Laurie em Halloween, com uma diferença essencial: Marilyn Burns morreu em 2014, e nesse filme a personagem é interpretada pela Olwen Fouéré. Eu até entendo quando a morte de um ator atrapalha na produção de uma continuação já planejada, especialmente se o personagem é essencial e precisa ser substituído, mas o único propósito de trazer Sally de volta aqui foi um retorno nostálgico, porque ela é uma personagem do legado da série, e sem a atriz original, o retorno simplesmente não é nostálgico, e tem nada ligado ao legado da série (Aliás, quem tirou aquela foto dos amigos na van? Não foi o caronista, porque a única foto que ele tirou, ele mesmo queimou). É ainda pior porque trazem a personagem de volta simplesmente para contribuir quase nada para a história, morrendo rapidamente, e sem realizar sua vingança. Acaba funcionando como uma metáfora bem apta para a série como um todo: os personagens do original violavam túmulos e utilizavam os cadáveres para construir móveis e bibelôs bizarros; no caso da franquia, embora não tenha contado com um filme bom desde o primeiro (ou desde o segundo, dependendo de como você se sentiu a respeito da mudança de foco do Tobe Hooper para a continuação), sempre tem alguém com mais dinheiro que bom senso que se recusa a simplesmente deixar a franquia morrer, e de tempos em tempos desenterra seu cadáver para tentar conseguir uma grana fácil.
O resto do elenco é bem esquecível: a melhor personagem e a melhor atuação são da Elsie Fisher, que estava muito bem em Oitava Série, e enquanto ela tenta com o roteiro fornecido, não tem muito o que salvar. O resto foi colocado obviamente para servir para a contagem de corpos: estereotipados, e impossível de se importar quando qualquer um deles morre. A história tenta ser profunda em alguns pontos, mas falha, e em alguns momentos o filme alterna entre fazer uma piada em um momento e tentar se levar muito a sério logo em seguida, como é o caso da cena do ônibus.
Chega aqui o momento em que é bom lembrar que cada um tem direito à sua opinião, mas como sempre acontece quando um filme desses é lançado, algumas pessoas ficam realmente incomodadas com a nota baixa do filme e criam um espantalho baseado em quase nada para tentar desmerecer opiniões alheias, querendo mostrar que são melhores que o espantalho que criaram simplesmente baseado em gosto sobre filmes, e é por conta dessas situações que é necessário mostrar porque essas pessoas provavelmente não entendem os filmes que dizem gostar tão bem quanto querem fazer parecer, e porque esse filme não é uma boa continuação do primeiro filme, e nem um bom slasher.
O que é comunicado a respeito do Leatherface, baseado no primeiro filme, é que ele é um sujeito com sérios problemas mentais, que sofre abuso do irmão e do tio, mas é definitivamente um ser humano, no sentido físico. Esses aspectos davam uma certa vulnerabilidade ao personagem, mas também o tornavam único e cumpria o propósito da proposta inicial de Tobe Hooper: o psicopata em questão tem nada de sobrenatural, e pode ser seu vizinho, o que acontece, literalmente, no filme, e algo que a maioria das continuações respeitaram, e até o mesmo aquele remake exagerado, em certa medida. A continuação de 2022 foi feita como fan service, e comete, em certa medida, o mesmo erro do filme de 2013 (embora não tão forçado): muitas cenas tentam mostrar Leatherface como "legal", uma espécie de anti herói. Ele agora tem força sobrenatural, especialmente para um senhor de mais de 70 anos, e o modo como ele "volta" ao personagem é hilário de tão ridículo: ele arrebenta uma parede da casa onde estão escondidos um avental com gravata e uma motosserra, que o filme deixa bem claro que são os mesmos do primeiro filme, e a serra ainda funciona perfeitamente. Isso é o tipo de cena que normalmente apareceria em um filme mostrando um super herói voltando à ativa, e é apresentada praticamente da mesma forma que a cena em John Wick onde o personagem arrebenta o chão do porão para retornar à "vida antiga" com o propósito de vingança, e acho que não preciso dizer porque isso é ridículo e não funciona no contexto de um filme da franquia Texas Chainsaw Massacre. Outros aspectos do personagem também ficaram mais genéricos: o filme faz quase nenhuma alusão ao fato de que o personagem trabalhava em um matadouro, sem uma das características essenciais do terror da série, a questão da inversão de papéis, de humanos sendo tratados como gado; nada de ganchos, de mesa de corte, e parecem também ter se esquecido que o personagem é um canibal. Ele também tem força sobre humana e resistência a tiros nesse filme, como o Michael Myers e o Jason, e juntando isso tudo, sobrou muito pouco do personagem, de fato.
Têm aqueles que só querem ver um slasher estilo "clássico", com muito sangue, e acham que o roteiro não importa, e isso é um sentimento justo, mas é bom lembrar que os filmes do gênero que são de fato considerados clássicos atualmente, como os primeiros A Nightmare on Elm Street, o primeiro Halloween, e o primeiro Scream, têm bons roteiros que exploram assuntos sérios de forma efetiva, sob a ótica do terror. O caso é o mesmo, claro, com o primeiro The Texas Chainsaw Massacre: a sequência básica de eventos do filme é bem estruturada o suficiente para contar um a história consistente e que não perde tempo, mas o filme é também um reflexo do cinismo da década de 70 nos EUA, com os vários problemas de uma década conturbada sendo abordados de alguma forma no filme, mas sem prejudicar a trama principal. Esse novo filme, além de ter um roteiro bem fraco com péssimas atuações e esfregar os supostos temas na cara do espectador, e mesmo assim tem várias mensagens ao mesmo tempo que se contradizem, não funciona como um slasher, ao menos para mim, por conta de muito do sangue e "gore" ser CGI bem ruim, e das mortes serem pouco criativas. Para quem não se importa com roteiro e só quer ver sangue e umas mortes criativas, têm uns filmes por aí que pouca gente fala a respeito por não estarem associados a uma franquia famosa, mas que têm efeitos muito melhores, e práticos, como Chromeskull, No One Lives, e a série Slasher. A cena final é provavelmente o pior (ou melhor) exemplo desse problema: tentam fazer uma homenagem à clássica cena final do primeiro filme, com uma subversão, mas essa subversão é uma decapitação bem comum em slashers, e com CGI nada convincente; não ajuda que os créditos ainda tentam bancar na nostalgia com aquela estética VHS da década de oitenta, sendo que a nostalgia ao primeiro TCM está mais associada ao grindhouse da década de 70. A questão desses dois parágrafos é a seguinte: tudo bem ter gostado do filme, mas não venha com esse papo do espantalho de que quem não gostou, é porque não gosta do slasher "clássico", "raiz", ou porque teve "expectativas muito altas" para um filme da franquia, já que ficou bem óbvio que essa é uma argumentação desonesta.
Eu não sei como eu coloco esse filme no meu ranking pessoal da franquia: certamente menos pior que o Texas Chainsaw de 2013, mas isso não dizer muito; definitivamente abaixo do primeiro, segundo, terceiro, o remake e a prequel do remake; ainda não decidi se acho melhor ou pior que o quarto filme e o Leatherface, de 2017.
Pânico 3
3.0 775 Assista AgoraScream 3 consegue, ao mesmo tempo, ser o filme mais forçado, inconsistente, e exagerado de toda a franquia, e ser o menos interessante, mais esquecível, e mais tedioso. Ao contrário do segundo filme, a história aqui não parece uma progressão natural para o caminho que a série deveria tomar, mas apenas algo que inventaram para fechar uma trilogia com as revelações mais "bombásticas" e absurdas até o momento; muito do roteiro desse filme, incluindo a identidade e a motivação do assassino,parece ter sido elaborado às pressas simplesmente para cumprir uma cota. O carisma e as boas atuações do elenco que retorna, juntamente com a direção do Wes Craven que ainda é deixa claro o estilo do diretor, mesmo que seja de maneira não tão efetiva aqui, ainda colocam esse filme acima da média de um slasher comum, mas isso não é dizer muito, e acaba sendo bem medíocre, no fim das contas.
A história envolve aspectos do passado da Sidney, mais especificamente da mãe dela, que não simplesmente não foram apresentados nos filmes anteriores de uma forma que justifique a importância que recebem neste terceiro filme; na verdade, eu nem lembro mais se eles chegaram a ser apresentados, de alguma forma. Não existe problema em apresentar elementos novos, desde que sejam bem integrados à história, mas aqui eles não são, e o filme ainda quer passar a impressão de que está desenvolvendo em cima de algo estabelecido. Os novos personagens são bem exagerados e caricatos, e provavelmente foi essa a intenção, para satirizar o narcisismo de Hollywood, mas no fim das contas só servem para adicionar à contagem de corpos, e como praticamente tudo no filme, não deixam impacto e são bem esquecíveis, apesar dos exageros. O mesmo vale para o assassino da vez, como motivações que seguem o fluxo fraco da história, impacto na história que é pouco sentido, e uma revelação e morte que parecem ter sido tratadas apenas como formalidades da série, e não a culminação de um arco interessante e satisfatório.
Scream 3 não chega a ser terrível, especialmente no contexto no contexto dos slashers, um subgênero cheio de porcarias, e eu até gosto de alguns momentos, como a cena em que a Sidney foge do assassino em o que é um cenário do filme, mas também um cenário no contexto da história do filme recriando a casa da personagem em Woodsboro; é o tipo de meta linguagem que combina com os temas da série, mas mesmo isso não é muito explorado. O filme chega a um nível de mediocridade que, pelo menos do ponto de vista do entretenimento, é pior do que se fosse absurdamente ruim, porque nesse caso, poderia ter sido muito engraçado, de uma forma não intencional, e mais interessante de conversar a respeito, mas é apenas tedioso.
Pânico 2
3.2 818 Assista AgoraPara uma continuação que aparentemente foi feita às pressas para pegar carona no sucesso do primeiro, fico surpreso que consegue ser uma boa continuação que desenvolve em aspectos do primeiro, como a forma que os eventos do filme anterior foram adaptados em um slasher, e como afetaram a saúde mental e os futuros relacionamentos de Sidney; como é uma continuação, Wes Craven aproveitou para fazer comentários a respeito não apenas do gênero em si, mas também do filme anterior. Ainda não vi o filme mais recente da série (não quero arriscar pegar a omicron, e por mais que eu goste de cinema, com os estúdios mudando o modelo de lançamento durante a quarentena, eu me acostumei muito a ver filmes que estão no cinema ou pouco depois de terem saído sem ter que lidar com algum mané que não consegue ficar quieto e um monte de gente enchendo a cara de pipoca), mas das três primeiras continuações, eu considero essa a melhor.
O elenco que retorna continua bom, a maior parte dos novos personagens são interessantes e contribuem bem para a história (conseguiram até escrever um papel para o Jerry O'Connell que não é de um sujeito irritante), mas nenhum dos novos chega a ter o mesmo carisma e impacto do elenco que retorna: Sidney, Gale, Dewey e Randy continuam sendo os melhores personagens. Como continuação, Scream 2 cumpre bem seu papel, continuando a história de forma que parece natural, mostrando como Sidney tem dificuldade em se afastar das consequência do ocorrido em Woodsboro, mesmo mudando de cidade, e as boas atuações do elenco principal carregam bem essa parte da história; existe também uma tentativa de aumentar a tensão, com o assassino tendo uma presença maior, e mortes ocorrendo mesmo em ambientes que seriam seguros em outros filmes. O problema é que essa tentativa de aumento da tensão e dos riscos para os personagens vêm às custas de um roteiro com mais exageros, com situações mais absurdas, menos consistência, e no geral um cuidado menor, se comparado ao filme anterior. O maior exemplo disso provavelmente é a questão dos assassinos: no primeiro filme, as pistas da identidade deles são colocadas na história de forma consistente, de forma que a revelação faz sentido, sem recorrer aos clichês batidos do gênero; em Scream 2, apesar de trazer a mesma "reviravolta" de "dois em um" do primeiro, o comportamento do Ghostface, o assassino fantasiado, sugere uma única pessoa, sem particularidades notáveis em diferentes cenas, aproximando-se mais de um vilão tradicional de slasher, aguentando muita agressão física, de forma que humanos geralmente não conseguem, e nada disso é mostrado nos personagens que são supostamente sua verdadeira identidade. As identidades acabam sendo mais óbvias que no primeiro filme, mas não é por conta das pistas deixadas por um roteiro consistente, mas porque o roteiro cai aqui em em clichês do gênero. Outro problema são personagens tomando decisões estúpidas só para criar tensão, e não da forma mais inteligente e subversiva como era no primeiro filme.
Apesar dos vários problemas que tornam o filme inferior ao seu antecessor, Scream 2 ainda consegue ser uma boa continuação, e um filme de terror bem divertido.
Pânico
3.6 1,6K Assista AgoraO primeiro filme da série Pânico é um dos únicos filmes do subgênero "slasher" que pode ser considerado "bom", sem muitas ressalvas. Uma evolução natural do conceito de metalinguagem que Wes Craven havia explorado em O Novo Pesadelo, de 1994. Ao contrário da maioria dos exemplos de filme de terror que tentam fazer um comentário a respeito do gênero, mas só dão uma "piscadinha" para o espectador e seguem todos os clichês da mesma forma, Pânico realmente subverte as expectativas, de uma forma que parece natural e contribui para a consistência do roteiro. Mesmo quando o filme se utiliza de alguns clichês, é de uma forma satírica e inteligente. O roteiro no geral é bem construído, com detalhes e pistas sobre a reviravolta do final bem incorporados nas cenas, e bons personagens com boas atuações (principalmente Neve Campbell) que tornam fácil se importar com o o desenrolar dos eventos, mesmo que o filme não se leve muito a sério em vários pontos.
Mesmo sendo uma sátira do gênero, também funciona muito bem se visto de forma não irônica, como um slasher mais convencional: o roteiro e atuações sólidos e a direção de Wes Craven asseguram que o filme tem cenas que são tensas, e uma quantidade razoável de sangue e "gore" para quem espera isso. Na minha opinião, está entre os melhores filmes de sua categoria, que assim como o primeiro Halloween e os primeiros A Hora do Pesadelo, um clássico que é único no que tenta fazer, e na forma como executa.
Headless
2.6 11 Assista AgoraHeadless, assim como o filme que o "originou", Found, quer muito ser levado a sério e visto como algo mais profundo do que realmente é, mas é muito exagerado, escrachado e apela muito para o fator de choque e "gore" para ser levado a sério, e isso é um problema, porque o filme nunca passa para ironia ou paródia, tentando manter o tom sombrio, e acaba virando uma comédia não intencional. A forma como o protagonista "consuma" uma cabeça decapitada logo no começo quer ser perturbador, mas é tudo tão súbito e exagerado que acaba sendo cômico; quando ele faz isso mais umas duas ou três vezes durante o filme, só fica chato e repetitivo, mesmo.
Mas o propósito de Headless era emular o estilo de filmes de terror tipo "exploitation" da década de 70, e infelizmente, falha nesse aspecto, falhando em seu propósito, não havendo muito aqui para entusiastas de filmes da era. Para começar, não existe preocupação com a autenticidade na direção: o filme muito claramente foi gravado com uma câmera digital barata da década de 2010, e colocaram uns efeitos de pós produção do filme "queimando" para tentar dar aquele efeito "grindhouse", mas é muito artificial para passar a autenticidade necessária. O problema se estende para os personagens e cenários: as atuações são atuações ruins de 2015; os diálogos são diálogos ruins de 2015 com umas gírias americanas da década de 70 jogadas no meio para tentar dar mais autenticidade, mas que só acabam chamando mais atenção para a natureza artificial do filme; os cenários são obviamente algumas poucas localidades que o orçamento permitia filmar, onde a produção provavelmente só escondeu os itens mais modernos, mas não colocou mobília, papel de parede ou decoração típica do período que estava tentando emular, então tudo fica só parecendo localidades modernas com uma falta preocupante de mobília; no caso do figurino, eles tentam menos ainda. Talvez a parte que melhor sumarize e evidencie os problemas citados é uma cena em que o assassino dá carona para o que supostamente deveria ser uma mulher hippie, mas a roupa que ela usa parece uma fantasia bem barata, ou algo feito de última hora para uma festa à fantasia, e a atuação dela, tentando fingir estar chapada, também é péssima.
Os clássicos de baixo orçamento da década de 70 eram mais perturbadores não pelo sangue ou violência, mas pela crueza, pela autenticidade, e pela forma como abordavam temas contemporâneos, influenciados em grande parte pelo clima de pessimismo trazido pela Guerra do Vietnã e dos efeitos da cultura corporativa agressiva na população comum. O Massacre da Serra Elétrica, por exemplo, introduz a questão do terror em ambiente familiar, com uma família, implicando também que a família foi levada ao canibalismo por conta das condições econômicas que levaram à demissão deles no emprego do matadouro; Quadrilha de Sádicos mostra o confronto entre o que era na época considerada a família tradicional, ideal, "nuclear", com a família marginalizada que sofreu com efeitos de testes nucleares, e teve que recorrer ao ataque e dos viajantes e canibalismo para garantir a sobrevivência, o filme tentando mostrar também que o conceito de "civilidade" desaparece em situações onde os luxos da civilização moderna não existem; Halloween traz uma crítica à suposta paz e ordem dos subúrbios, construída na base da negação e ignorância, e a forma como esses erros do passado têm consequências nas gerações futuras. Headless parece não entender esse aspecto dos filmes do período, e a suposta profundidade não reflete aspectos socioeconômicos e políticos relevantes, daquele ou desse período, mas é uma tentativa bem rasa e forçada de gerar alguma simpatia pelo personagem, que da forma como é executada, parece que os envolvidos estavam tentando criar um cenário absurdo para justificar misoginia, e isso é um problema.
Enfim, não tem muito aqui para fãs de cinema de terror da década de 70, muito menos para fãs de filmes de terror no geral.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraSó um aviso: eu não marco "spoiler" para filmes de mais de cinco anos, então leiam por sua própria conta e risco, e não venham reclamar da falta de marcação, pois o aviso está dado. Não que fosse fazer muita diferença, de qualquer forma, já que o filme entrega toda a história no trailer; e se a preocupação é em "estragar" algo, o próprio roteiro já se encarrega disso.
O nome é "Batman vs Superman", mas baseado em alguns comentários em defesa do filme, poderia ser "Dunning e Kruger vs o Espantalho"...
Depois de alguns anos, decidi dar uma chance à versão estendida, para ver se realmente conserta o filme, mas as cenas adicionais não consertam os problemas fundamentais, intrínsecos ao filme, apenas adiciona mais dele. O mesmo roteiro que deixa de fazer sentido se você parar pensar nele por mais de dois segundos, cujo argumento dos defensores é criar espantalho falando que o motivo de alguém não ter gostado é por não ter entendido, mas não: entender o que está acontecendo, superficialmente, é bem fácil, porque esse não é um filme inteligente, ou sutil; o problema sempre foi a execução, a forma como a história é apresentada. Os minutos iniciais estabelecem bem o tom do filme, que, fora a recapitulação da história do Batman, que até ficou bem feita (Jeffrey Dean Morgan, o Comediante, como Thomas Wayne, foi um toque legal), passa para um funcionário das empresas Wayne, por algum motivo, ligando para o Bruce para saber o que fazer enquanto Dragon Ball rolava do lado de fora do prédio, ao vivo, ao invés de evacuar imediatamente; Bruce dirige até o prédio, apesar da presença dele no local fazer zero diferença, e se colocando em risco de forma desnecessária ao abraçar uma criança no meio de uma área onde escombros do prédio estão caindo, em uma cena bem melodramática onde música séria toca; mas acho que seria muito engraçado se o Bátima morresse nos primeiros cinco minutos com uma pedrada na cabeça... o que segue é uma cena onde Lois e um agente disfarçado da CIA são pegos porque o cara coloca um localizador comicamente grande em um lugar muito óbvio; obviamente, ele é morto, mas Lois não, e o Homem Tramontina interfere em um conflito externo na hora exata para salvar justamente a pessoa em quem ele tem um interesse pessoal (acha que o cara que morreu não importa, porque o super-herói que pode cruzar o globo em menos de um segundo não está dormindo com ele); depois, vem uma cena bem desnecessária com umas implicações um tanto desconfortáveis que mostra que pelo menos alguns dos envolvidos só queriam uma desculpa para que Amy Adams aparecesse com o mínimo de roupas possível, ao mesmo tempo que outros queriam várias desculpas para o Henry Cavill aparecer sem camisa.
E assim o filme segue, com a versão estendida mantendo o mesmo nível de qualidade geral da versão de cinema: mesma pretensão em ser um filme profundo, sem a profundidade; mesmas péssimas atuações de Henry Cavill e Gal Gadot; mesmo personagem do Laurence Fishburne que age como nenhum editor na face da terra ao ignorar reportagens que venderiam jornais; mesmo desperdício de talento da Amy Adams ao colocá-la em um papel tão inconsequente e irrelevante para a história; mesmo Lex Luthor pretensioso e mal interpretado que parece uma fusão entre Coringa e Zuckerberg que destoa muito do resto do filme; mesma quantidade de fan service desnecessário e intrusivo; mesma Mulher Maravilha sub aproveitada que foi colocada no filme simplesmente porque a Warner estava correndo com esses filmes; mesmas justificativas forçadas e mal explicadas para a treta entre o Morcegão e o Homem Nepotismo, que seriam resolvidas com 5 minutos de diálogo caso fossem dois adultos conversando; mesmo plano idiota e mal executado do Bátima para matar o modelo da Calvin Klein que sacrifica eficiência e praticidade em nome de simbolismo forçado; mesma explicação hilária e forçada do porque eles resolvem parar a briga (MARTHAAAAA!!!!!); mesmo Batman sociopata que causa estragos e explosões quase no mesmo nível de um filme do Michael Bay, faz zero trabalho de detetive, e mata mais pessoas que o a média do Jason em um Sexta-Feira 13; mesma inclusão forçada e de última hora do Doomsday, com o mesmo péssimo visual que parece massa disforme de biscoito renderizada em CGI ruim; mesmo problema com cenas de ação muito escuras com câmera que fica balançando e CGI pouco convincente; mesmo Cara do Peitoral de Aço que consegue detectar Lois em perigo do outro lado do mundo, mas não consegue saber onde a própria mãe que foi sequestrada está, na mesma cidade, só para ter um motivo para ele pedir ajuda para o Nick Dunne Emo; mesmo final extremamente manipulador, onde um personagem mal atuado morre e tem um funeral no melhor estilo 'murica, com a bandeira da atual nação mais imperialista do mundo sendo colocada em câmera lenta em cima do caixão por militares, e mais um simbolismo bíblico sendo enfiado goela abaixo da audiência logo depois.
Para que os problemas de Batman V Superman realmente fossem resolvidos não bastaria adicionar mais a ele do que já existe: seria preciso de um roteiro melhor estruturado, uma edição mais coerente, melhores atuações, personagens melhores desenvolvidos, uma direção menos preocupada com espetáculo e visuais e mais preocupada com coesão e estrutura, e no geral, menos do que foi apresentado: menos personagens, para que todos tenham alguma relevância, menos fan service intrusivo com prévias de filmes futuros que provavelmente nem irão acontecer, entre outros aspectos. Levar-se menos a sério ajuda também, porque as cenas que deveriam ser séria acabam sendo hilárias por conta da execução, como Homem Cavill e Holden que pirou por procurar muito Amy (será que alguém ainda lembra disso?) grunhindo um para outro no escuro, vestindo roupas collant, como dois homens inseguros de meia idade em uma festa à fantasia tendo uma discussão após umas bebidas. Existe uma porção dos defensores desse filme que não se contentam apenas em gostar do que gostam, mas também buscam invalidar as opiniões dos que acham o filme ruim, os chamando de "haters", geralmente porque não têm argumentos além do gosto pessoal. Com gosto não se discute, mas se você for assumir a postura arrogante de que esse filme é inegavelmente bom e for acusar a todos os que não gostaram de não terem entendido, o mínimo a se fazer é fornecer argumentos convincentes de que os vários problemas já apontados não são problemas, ou, no mínimo, não afetam o todo do filme de forma significativa... e quase seis anos depois do lançamento do filme, esses argumentos ainda não foram feitos.
Monster Hunter
2.4 407 Assista AgoraÉ um pouco frustrante ver estúdios jogando dinheiro em cima de um filme desses, porque existe um filme muito bom aqui no meio, e uma boa adaptação do jogo, um filme com o personagem do Tony Jaa e talvez mais alguns, envolvendo pouco diálogo, focando em estabelecer o mundo e as criaturas. Infelizmente, é mais um caso onde os estadunidenses querem fazer um filme para outros estadunidenses que gostam de farofada, e pegaram o diretor notório por fazer farofa, Paul W.S. Anderson, que assim como fez com a franquia Resident Evil, pegou uma propriedade já estabelecida e escreveu uma fanfic tendo sua esposa como a personagem principal e melhor que todos os outros personagens. Não estou falando que Milla Jovovich é uma atriz ruim: ela atua bem nos papéis certos, mas não sei se existe algum ator talentoso o suficiente para fazer esses diálogos e esse roteiro funcionarem; além do mais, se você ousa escrever que qualquer ator/diretor/filme é ruim aqui no filmow, por pior ou mais superestimado que sejam, sempre tem um risco de uns fanboys levarem a opinião para o lado pessoal. Sim, por mais que seja uma tangente, vou usar a oportunidade para lembrar que o filmow fez nada a respeito de usuários que, em duas ocasiões diferentes, responderam a comentários que eu fiz de forma que claramente viola as regras de conduta do site (simplesmente porque eles levaram para o lado pessoal minha opinião a respeito de algo que eles gostavam), e apesar da denúncia, nada foi feito a respeito; ainda tem muito caso pior que o meu no site que fizeram nada a respeito.
Acho que é válido nesse caso falar dos típicos comentários das más línguas. Vi alguns aqui escrevendo que não se pode esperar muito do roteiro do filme ou pelo fato de muitas cenas são absurdas, porque é baseado em um "videogame". Não vou dizer que é preciso ter jogado para comentar sobre o filme (uma adaptação precisa ser independente do material base, afinal de contas), mas se você não familiar com o jogo, ou é um desses que menospreza jogos como uma forma de contar histórias porque sua noção a respeito da mídia ficou parada na década de 80, então você não tem base para julgar o filme nos critérios de uma adaptação; paradoxalmente, essas são as mesmas pessoas que aceitam e defendem essa farofada do filme, quando os padrões deveriam ser mais altos, supostamente. Monster Hunter não tem muito em termos de história, isso é verdade, mas estabelece um mundo interessante, com criaturas interessantes, que poderiam ser bem aproveitadas em um filme, porque muitos parecem se esquecer que cinema é uma mídia visual, e que a escrita e o aspecto visual são intrínsecos, na maior parte do tempo; o filme, no entanto, perde muito tempo tentando estabelecer essa baboseira de "peixe fora d'água", com o clichê bem batido de um mundo paralelo ao nosso, para incluir os militares, porque os estúdios não querem que a audiência da 'murica saia um milímetro se quer da zona de conforto, então o protagonista precisa ser americano, militar, e precisa ter uma família da qual sente saudades e sempre olhar uma foto deles, ou um anel de noivado, porque isso é mais fácil que escrever caracterização decente, e não preciso dizer que nada disso vem do jogo. Como contra exemplo, acho dificíl alguém dizer que Mad Max: Estrada da Fúria não tem um roteiro interessante, ou minimamente decente, só porque é um filme de ação e se passa todo em um deserto, porque conseguiram estabelecer um mundo interessante, que em si contava uma história; no caso de Monster Hunter, eles claramente tinham orçamento para cenário e um CGI que é muito bom para as criaturas, mas o roteiro não explora o que seriam os aspectos mais interessantes. O argumento do filme ser "absurdo" porque é baseado em um jogo também não funciona bem, porque o jogo em si é mais "realista" (claro, ignorando o fato de que se passa em um mundo com dragões e gatos antropomórficos): os personagens não aguentam nem perto da quantidade de pancada que a protagonista aguenta no filme, nem têm essa destreza e força praticamente sobre humanas; uma das mecânicas do jogo é uma barra de stamina, mas a Palico, no filme, parece nunca se cansar. O problema dessas mudanças é que elimina qualquer tensão, e os únicos personagens que morrem são os que o filme basicamente marca para a morte, pela forma como (não) são caracterizados. Outro dos argumentos mais usados, mesmo por quem entende de jogos, é de que uma adaptação de um jogo não pode ser boa, por conta das diferenças entre mídias, mas a recepção e qualidade de Arcane vieram para mostrar que mesmo um jogo onde história não é o aspecto mais importante pode ser adaptada em um mídia não interativa com um roteiro bem construído, então a baixa qualidade das adaptações de videogame até hoje têm sido principalmente por conta de incompetência e descaso; essas duas qualidades definem bem Uwe Boll como "cineasta", e até hoje ele dirigiu a grande maioria das adaptações de jogos para filmes.
Outro tipo de comentário feito por más línguas que sempre pipocam em filmes que não são bem recebidos são algo do tipo "eu não entendo a nota baixa" ou " os haters só reclamam", mas não oferecem um contra argumento para quem não gostou. Gostar do filme ou não é questão de opinião, no fim das contas, e é isso que importa para que assistiu, mas não venham tentar desmerecer opinião alheia só porque é negativa, ainda mais quando você não consegue formular um argumento. Sejamos sinceros: você entendeu sim o porque da nota baixa, pois existem vários comentários com usuários deixando suas razões bem claras, mas você quis deixar um comentário passivo agressivo; caso você realmente não tenha entendido os motivos, então é um problema de capacidade de interpretação de texto. O outro caso é quem reclama dos "haters": deixando bem claro que só porque a pessoa tem uma opinião negativa a respeito de algo que você gosta, não significa que ela só quer odiar o filme de propósito; a grande maioria das opiniões negativas aqui só expressaram a própria opinião mesmo, sem má fé. Ficar bravo que muitos não gostaram do filme que você não gostou a ponto de partir para insulto infundado sem apresentar argumento é bem mais próximo da definição de um hater, além de arrogante. Até hoje eu não entendo porque tem sempre quem não se contenta em gostar desse tipo de filme quando sai, mas sente a necessidade de tentar desmerecer quem não gostou: se fosse uma obra experimental de baixo orçamento com boas ideias, mas execução falha, até vai, mas isso é o tipo de baboseira genérica de alto orçamento que estúdios lançam sempre. Mesmo que a bilheteria não tenha coberto o orçamento (provavelmente porque o filme foi lançado em um ano de pandemia, é baseado em um jogo que ainda é considerada nicho, especialmente para o público regular do cinema, e o trailer fez o filme parecer bem genérico), provavelmente nem isso e nem as críticas vão afetar as carreiras dos envolvidos de alguma forma negativa, ainda mais porque existem grandes financiadores por trás dessa tragédia.
Existem todos os elementos para um bom filme e uma boa adaptação de Monster Hunter aqui, mas existem muitos outros que tornam o filme ruim. A Capcom desenvolve e detém os direitos de franquias muito boas, mas infelizmente parece que não se importam muito com a qualidade na hora de vender os direitos para adaptações. Dinheiro sempre fala alto, então espero que a bilheteria desse filme, assim como a de Welcome to Racoon City, façam a companhia cogitar uma abordagem diferente na venda dos direitos. Talvez funcione bem com entretenimento descompromissado, mas até para isso existem melhores opções. Vale lembrar que não tem problema em ter gostado do filme, isso é uma opinião, mas não venham tentando desmerecer opinião alheia só porque é negativa, principalmente se não tiver um contra argumento. Não existe problema em querer mais substância e cuidado nos filmes que você assiste, mesmo que seja um filme de ação descompromissado.
Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City
2.2 581Mesmo que os primeiros jogos da franquia não tenham muito em termos de história, essa salada que fizeram com os três primeiros jogos da série (e ainda enfiaram uma referência a Code: Veronica) ficou muito apressada em menos de duas horas de filme, com personagens mal desenvolvidos, uma história que imagino que deve ser confusa em alguns pontos para quem não conhece os jogos, o roteiro tem uma série de furos e inconsistências mesmo se ignorar a ligação com os jogos, e no final das contas, é dificíl se importar com qualquer coisa que acontece durante o filme. Nada do que acontece passa o suspense ou a urgência que o filme tenta passar, e que os jogos conseguem (na maioria das vezes, pelo menos).
Mudanças em adaptações não são necessariamente algo ruim, mas mesmo que a escrita dos personagens nunca tenha sido grande coisa na franquia, o modo como os personagens mudaram aqui foi para pior, na maioria dos casos: Leon virou um mané, um alívio cômico, de uma forma bem irritante (e sim, ele é um mané nos jogos também, mas não no sentido de ser incompetente, e de formas que deixam o personagem mais divertido, como, por exemplo, ter uma paixonite por uma pessoa manipuladora e moralmente ambígua); Wesker virou um bonitão genérico, e eu sei que é ridícula a caracterização dele no primeiro jogo, com cabelinho loiro típico de vilão e óculos escuros em ambientes fechados mesmo não sendo cego, mas esse é um dos casos em que provavelmente seria melhor abraçar o ridículo; Chris é outro bonitão genérico que é muito fácil esquecer que está no filme, tão pequeno impacto dele na trama; Claire não sofreu tanto com as mudanças, mas aqui ela é o genérico da personagem determinada que aparece em uma série de filmes e séries ultimamente, quando especialmente no remake do segundo jogo, ela é competente e determinada, mas também tem mais algumas características que dão um pouco mais de profundidade à personagem; Lisa Trevor era um dos aspectos mais interessantes do REmake, mas aqui ela foi colocada só para fan service.
Os personagens não são bem escritos, e as atuações são bem ruins, todas elas, até de atores que normalmente são decentes em outros filmes, como Donal Logue e Neal McDonough. Aliás, alguém pode me explicar esse monte de elogios à Kaya Scodelario nos comentários? É algo que ela fez não relacionado a filmes, algum meme? A atuação dela no filme foi menos pior que a dos outros atores no elenco principal, mas ainda foi bem ruim. Tive que olhar no IMDb para lembrar que ela foi a protagonista de outro filme de terror ruim que eu vi faz não muito tempo, Crawl, aquele dos crocodilos, e percebi que não lembrava muito a respeito da atuação dela naquele filme, apesar de ser a protagonista. Além das atuações, algo que ficou bem claro que seria ruim só de ver os trailers é o CGI: praticamente no mesmo nível daquele primeiro filme que saiu em 2002, e já não era considerado bom para a época. Welcome to Racoon City teve um orçamento estimado baixo para um filme do tipo, de US$ 25 milhões, mas isso não é mais desculpa para CGI ruim em 2021, com recursos mais acessíveis e truques que podem ser utilizados para esconder algumas limitações, com filmes de orçamento muito menor fazer um trabalho melhor nesse aspecto. Ainda mais triste esse aspecto se for levado em conta o quão tecnicamente avançado cada jogo é para sua época: sempre faço piada comparando filme de CGI ruim com gráfico de videogame, mas acho que esse é um dos casos onde eu acho que não existe exagero em dizer que os gráficos dos jogos mais recentes são melhores que o CGI desse filme, pelo menos no caso dos monstros. Pelo menos, nas raras ocasiões onde o filme tem algum efeito prático, eles são bons.
O filme tem sim alguns aspectos positivos, que são surpreendentes se for levado em conta o tipo de filme em que eles estão: a cinematografia é muito boa em várias cenas, com um uso bem legal de luz, sombra e cores, as cenas de ação não são grande coisa, mas não são essa bagunça picotada e mal iluminada que é bem comum em filmes de orçamento até maior, e algumas cenas são interessantes e dinâmicas, visualmente. Não é o suficiente para redimir o filme, porque roteiro, atuações e personagens, os aspectos mais importantes, são péssimos, mas eu fiquei surpreso, porque geralmente, quando um filme é ruim nesses aspectos, é ruim em tudo.
Apesar do filme ser bem ruim, considero um ruim mais suportável que o de determinados filmes com médias maiores aqui no filmow, alguns até com uma fanbase que levam as críticas para o lado pessoal. Esse aqui, pelo menos, é curto, e não tenta te convencer a todo momento que é a coisa mais importante do mundo, e mesmo no quesito de não adaptar bem os personagens, ainda é um exemplo menos pior que um certo filme que muitos ainda insistem em defender, por algum motivo. No geral, achei menos pior que a maioria dos filmes com a Jovovich.
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraEsquadrão Suicida é um filme incrível, no sentido que é literalmente dificíl de acreditar que mesmo filmes de alto orçamento produzidos por um estúdio podem chegar a um nível tão baixo, porque embora simplesmente jogar dinheiro em cima de algo não garanta qualidade, pelo menos deveria servir para impor algum limite antes de chegar ao fundo do poço; todo problema que eu consigo imaginar que pode ocorrer em um filme, é representado nessa bagunça, e talvez até mais alguns. Já é ruim o suficiente que esse filme são na verdade dois filmes diferentes picotados e editados de forma a tentar formar um todo coerente, mas a colcha de retalhos fica bem evidente, principalmente da forma como a trama deixa de fazer sentido quando se pensa a respeito por mais que cinco segundos e todos esses segmentos musicais no começo parecem forçados, porque foram forçados, e é um dos muitos casos no filme onde executivos de estúdio com mais dinheiro do que bom senso e inteligência entraram em pânico com a recepção ruim de Batman vs Superman, olharam para a recepção positiva de Guardiões da Galáxia, e tentaram copiar o dever de casa, mas escreveram em um guardanapo usado, com giz de cera. A trilha sonora de destaque do filme são uma série de músicas licenciadas, clássicos, que são bem legais, mas no contexto utilizado aqui, parece que pegaram a playlist do Spotify de alguém da produção e enfiaram no filme sem muita preocupação com o contexto; é tão óbvio e irritante a forma como utilizam que esse filme pode conseguir o feito de te fazer odiar músicas que você provavelmente adorava antes, como Bohemian Rhapsody.
Consequência da colcha de retalhos é também que o roteiro, além dos típicos furos, contradições, e falta de preocupação com consistência, ainda consegue tornar Esquadrão Suicida o único filme que eu consigo pensar a respeito que ativamente mente para o espectador em alguns momentos, e espera que não será notado (não vou marcar spoiler para um filme ruim de 5 anos atrás, então já falo pra não encherem o saco com isso, como vieram fazer no meu comentário de Batman v Superman): tentam estabelecer essa "amizade" entre os personagens, mas nunca os desenvolvem de maneira adequada; o cara que morre no começo é o único que não recebe uma introdução musical com descrição; apresentam uma personagem do nada depois de um tempo, e a única característica dela é ser um estereótipo da japonês criado por roteiristas de quadrinhos que sabem basicamente nada do Japão, porque o nome dela é Katana, a arma dela é uma katana. ela usa uma bandana com a bandeira do Japão na testa, e a história dela envolve a Yakuza, e basicamente toda a história dela é explicada em uma fala que provavelmente foi escrita na hora; muitas vezes o filme diz algo que a história contradiz imediatamente, ou no caso do cara de fogo, mostra uma cena, e depois mostra o que é supostamente a mesma cena, mas acontecendo de forma diferente da anterior. Os efeitos especiais não são bons, e a fotografia é escura, dessaturada, sem bom motivo, o que se torna um problema ainda maior quando aparecem uns inimigos que são umas formas escuras humanoides que parecem, em cenas noturnas, em cenas cheias de cortes na ação.
A história quer estabelecer uma conexão entre os personagens até o final do filme, mas o roteiro desenvolve nada, e no fim das contas eles só falam que são amigos, e esperam que quem assistiu simplesmente vai aceitar. Margot Robbie é uma boa atriz, mas o modo como a personagem foi escrita nesse filme foi para servir de fan service, e não muito mais; Will Smith é um ator carismático, mas colocaram ele para fazer um vilão nesse filme e não convence; acertaram no caso do Jai Courtney, porque pegaram um ator ruim para fazer um personagem com quem ninguém se importa, o Capitão Bumerangue, e ele acaba sendo um dos aspectos menos piores do filme; Cara Delenvigne alterna entre June Moone, com a típica falta de expressão da atriz, e a antagonista do filme, com a falta de expressão, mas coberta em CGI, com uma roupa que faz ela parecer um vilão dos Power Rangers, e e dando umas "requebradas"; o resto é ainda mais esquecível. Quer dizer, esquecível, exceto pelo Coringa do Leto, que todo mundo já falou a respeito, e ele é péssimo mesmo em outro nível: personagem nada irritante, aparentemente foram do filme também, com o ator sendo um mala com os colegas e chamando de "preparação para o papel". Ele parece querer canalizar todos os coringas desde o Cesar Romero, mas acaba fazendo um personagem que se parece nada com o que o Coringa deveria ser, e é mais um gangster genérico, e nem se encaixa no filme em questão.
O filme, claro, termina não sendo consistente com o que estabeleceu anteriormente, sem uma explicação. Eu vi algumas pessoas falando que a versão estendida é boa, mas falaram a mesma coisa de Batman v Superman, e acabou sendo o mesmo nível com umas cenas a mais que fazem nada para resolver os problemas. Pensando nisso, eu pesquisei a respeito das diferenças da versão estendida antes de perder meu tempo vendo uma versão mais longa de Esquadrão Suicida, e ficou bem claro que as mudanças fazem nada para consertar o filme, e só o deixam mais longo. É um filme que só piora quanto mais eu penso a respeito, e eu só sou lembrado desse filme porque, como é o caso de BvS, existem pessoas que realmente não se conformam com a recepção ruim do filme e querem mostrar para todo, de toda forma, que essa bagunça na verdade ´é um filme muito bom, e quem discorda está errado, e eu não entendo o por que de tanta insistência em defender... isso. Não é o pior filme que eu já vi, mas consigo pensar em poucos de alto orçamento que falham tanto em praticamente todos os aspectos.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraComentários, opiniões, e informação no geral divulgadas a respeito dessa adaptação de Duna me passaram a impressão não muito animadora de que o filme parecia estar tomando um rumo mais "convencional", mais próximo do que se espera de um filme de alto orçamento produzido por um estúdio, em resposta à recepção financeira não muito favorável (para executivos de estúdio, pelo menos) do excelente Blade Runner 2049. Indicações disso são o elenco cheio de figuras muito conhecidas atualmente, a maioria bons atores, mas que também aparentemente foram colocados apenas para atrair um público que normalmente não se interessaria por uma adaptação de Duna (principalmente toda essa promoção forçada da Zendaya), e termos como "acessível" usados para descrever o filme. Depois de assistir ao filme de fato, eu acho que tudo isso acabou sendo verdade, e Duna de Villeneuve é o pior filme de ficção científica do diretor (diria até que é o pior do diretor, no geral)... mas ainda é um bom filme. Na minha opinião, o melhor filme de alto orçamento produzido por um estúdio desde Blade Runner 2049.
Como já é esperado de um trabalho do diretor, o filme é impecável nos aspectos técnicos, com cinematografia e som criando a atmosfera adequada, embora sofra um pouco até nisso, por conta da história se passar principalmente em um planeta que é um deserto gigantesco (eis o nome), não permitindo muita variedade visual, mas transmite autenticidade e escala: o responsável pela fotografia dessa vez foi Greig Frasier, que trabalhou em Rogue One, e depois que eu descobri isso, as semelhanças visuais ficaram bem óbvias em algumas cenas, especialmente as de neblina. O design de som do filme ficou muito bom, contribuindo para a autenticidade da história, mas a trilha sonora, embora não seja ruim, é tão genérica que eu não teria percebido que foi composta pelo Hans Zimmer se eu não tivesse visto na ficha do filme. Os efeitos são muito bons, mas eu senti um pouco de falta do uso bem coordenado de maquetes e CGI do mesmo nível daquele filme que eu já mencionei duas vezes, já que Duna pende mais para o CGI.
O elenco do filme é muito bom, no geral: fiquei um pouco preocupado com Timothée Chalamet no papel do protagonista, porque ele é uma figurinha famosa da atualidade, tem uma carinha de criança e ele parece sempre tentar parecer "legal" e "descolado", mas tudo isso acabou funcionando a favor do filme, porque Paul Artreides é um jovem inexperiente que subitamente se vê com muitas responsabilidades, em uma situação sórdida, enquanto precisa manter o controle das próprias emoções e lidar com a situação, e o ator transmite bem isso, inclusive no amadurecimento. Claro, o personagem não funcionaria tão bem não fosse Rebecca Ferguson muito bem no papel da Lady Jessica (que é minha personagem favorita do filme), fazendo com que a dinâmica entre mão e filho da história seja crível, e seja muito fácil se importar com os dois: interessante observar que, embora Duna tenha influenciado muito histórias de ficção científicas modernas, e de outros gêneros, mas ainda é uma das únicas histórias com uma dinâmica entre "mãe e filho" como um dos pontos centrais da trama, ao contrários dos muitos mais comuns, de "pai e filho", "mãe e filha", e até mesmo "pai e filha". Oscar Isaac e Jason Momoa carismáticos como sempre, e Stellan Skargard rouba a cena sempre que aparece como o Barão bizarro. Eu queria ver mais do Javier Bardem e do Dave Bautista, mas acho que eles vão ter um papel maior na segunda parte.
Acho que todo mundo (e talvez nem seja exagero falar isso nesse caso) sabe que Zendaya foi promovida exaustivamente, e primeiro eu tive que procurar quem ela é, e depois de descobrir, ficou bem óbvio que era uma tática para atrair um público que normalmente não veria a adaptação de um livro de sci fi de 1965, sendo uma dessas celebridades que são provavelmente muito populares com o público que está em torno da idade de poder começar a votar. O lado negativo é que ela tem a pior atuação e diálogos de qualquer ator do filme, e não por uma margem pequena, e os sonhos do Paul a respeito da personagem ficam repetitivos bem rápido, quebrando o ritmo do filme; o lado positivo é que ela aparece tão pouco no filme, que não chega a ser um grande problema.
Quanto ao roteiro e desenvolvimento da história, acho que fizeram um bom trabalho deixar tudo bem coerente e fácil de compreender, e em alguns momentos isso é até em detrimento da qualidade geral. Eu vi muitos criticando o filme por ser arrastado, mas eu acho que é o oposto: o filme é muito apressado em muitos momentos, com muito diálogo expositório, quase chegando no nível de um filme do Nolan nesse aspecto (ainda bem que é só quase); junto com alguns momentos um tanto forçados e melodramáticos que são mais comuns em filmes "pipocão", Duna está longe de ser tão sutil e contemplativo quanto A Chegada ou BR 2049. Apesar de uns tropeços, o roteiro funciona muito bem no geral, com o aspecto político da trama funcionando muito bem, e ao contrário do que ocorre em A Ameaça Fantasma, faz sentido dentro do contexto estabelecido, e complementa o aspecto de ficção da história, ao invés de prejudicá-lo. Eu não vou criticar a história por ser "clichê", ou muito parecida com Star Wars, como muitos fizeram, porque esse filme busca ser uma adaptação fiel de uma história que é uma das bases da ficção científica moderna, e reclamar disso faz tanto sentido quanto reclamar que os filmes de O Senhor dos Anéis têm pontos em comum com o desenho Caverna do Dragão, ou tão razoável quanto dizer que Star Wars é só uma cópia de A Fortaleza Escondida. Um problema que o filme tem, no entanto, é adapta metade do livro, e é muito aparente que é uma história incompleta; pode parecer óbvio que é o caso, sendo chamado de "Parte 1", mas filmes como Kill Bill Vol. 1 A Sociedade do Anel funcionam como uma história completa, mesmo sendo parte de uma história maior, algo que não acontece aqui. Eu acho que isso poderia ter sido resolvido, ou pelo menos amenizado, se tivessem escolhido outro momento da história para parar o filme, ou mudado algum aspecto do final, mas não sei dizer, porque ainda não li o livro. A decisão de dividir o filme em dois não é ruim, em si, porque permite uma adaptação mais fiel com uma duração mais razoável; eu veria um filme de 5 horas do Villeneuve, mas eu entendo porque isso poderia ser chato para a maioria.
O último filme que eu vi nos cinemas antes da quarentena foi Bad Boys Para Sempre, com um amigo, e não foi bom; Duna é o primeiro filme que eu vejo nos cinemas desde a reabertura, com o mesmo amigo, e foi uma boa experiência de volta, com um cinema quase vazio, e as poucas pessoas presentes bem distantes e milagrosamente silenciosas, além do filme ter sido decente.
Rambo IV
3.3 455 Assista AgoraA melhor das continuações, por tentar voltar às raízes da série e mostrar um Rambo mais realista que usa táticas de guerrilha, e ainda consegue ser o mais violento da série, apesar disso. O maior problema do filme é que ainda é ação pastelão de uma série que já não é séria desde o segundo filme (e o primeiro já não fazia um trabalho tão bom em tratar de assuntos sérios), mas quer tratar de assuntos atuais de forma séria e dramática, com uma equipe que claramente não tem a capacidade para tal, descambando para ação desenfreada. É um filme divertido, se for visto de forma descompromissada.
Halloween Kills: O Terror Continua
3.0 683 Assista AgoraO quarto filme da minha maratona de Halloween desse ano é, bem, o novo Halloween, e o título resume bem o filme: Michael Myers mata muito nesse filme, e de forma brutal, chegando quase no nível de brutalidade dos filmes da franquia que Rob Zombie dirigiu. O filme é divertido por ter vários momentos que não se levam a sério, bastante "gore" e mortes criativas, mas não consigo dizer que é bom, porque boa parte do roteiro é só uma desculpa para trazer antigos personagens de volta, e esse aspecto se leva muito mais a sério do que deveria para um filme desses: tenta fazer um comentário sobre o perigo da mentalidade de manada e também como a violência do Michael é um produto da própria cidade e como ele a influencia, chegando quase no ponto do subtexto do primeiro filme, mas acaba sendo passada de forma forçada e exagerada. As únicas atuações realmente boas são da Jamie Lee Curtis e da Judy Greer, e o filme não é consistente com o anterior: se existe aquele grupo querendo se vingar do Michael, onde eles estavam durante os acontecimentos do filme anterior (lembrando que os filmes se passam na mesma noite)?
Como alguém já escreveu em um comentário abaixo: qual o propósito de ignorar as continuações se os "novos" filmes estão indo para o mesmo caminho, de qualquer forma? Halloween Kills parece uma mistura do segundo e quarto filmes da franquia, com um pouco de Sexta Feira 13 Parte V, com algumas das futuras vítimas do Michael sendo apresentadas no que parecem umas vinhetas com algumas piadas, e toda essa familiaridade e enrolação deixam o filme arrastado: são uns 100 minutos da mesma coisa, e eu acho que esse e o anterior poderiam ter sido condensados em um único filme, porque não tem roteiro suficiente aqui que justifique uma continuação. Acho que não é spoiler dizer aqui que Michael volta a ser sobrenatural nesse filme, apesar do filme anterior ter mostrado ele como humano, voltando mais uma vez ao ponto das outras continuações:
Laurie até explica, no final, que parece que ele fica mais forte sempre que mata, como se fosse um personagem de videogame subindo de nível.
Eu me diverti com a criatividade de algumas das mortes, fazendo esse filme parecer um legítimo "slasher" do tipo que raramente é lançado atualmente, mas quando o filme tenta ter um roteiro, uma história, ou causar algum impacto e fazer algum comentário, os problemas ficam evidentes, e o filme se arrasta, e não cumpre o que propõe. Quando anunciaram que seria uma trilogia, deu a entender que eles já tinham a história toda planejada, mas esse filme passa a impressão de que eles foram escrevendo sem preocupação com o que foi estabelecido no anterior, ou mesmo no primeiro filme da série (eles mudaram o icônico final do Halloween de 78 aqui). Minhas expectativas para a continuação diminuíram ainda mais: o filme de 2018 foi como o primeiro Halloween e H20, mas inferior ao primeiro; Halloween Kills é como uma mistura do 2 e do 4, mas inferior a ambos; se for seguir essa tendência, o próximo será uma mistura inferior do 5, 6 e Ressurreição, que são os piores da franquia, especialmente Ressurreição.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraPara o terceiro filme da minha maratona de Halloween desse ano, eu finalmente assisti a Um Lugar Silencioso. O filme tem fotografia e direção interessantes, e as atuações são o ok, mas o roteiro cheio de furos, conveniências e inconsistências que só servem para gerar e resolver conflitos de forma forçada e que em muitos casos acabam contradizendo o que o filme estabelece ao ponto de que eu comecei a gostar mais do filme quando parei de considerá-lo terror e comecei a vê-lo como uma comédia pastelão.
O filme já começa com o casal deixando a criança mais nova andar pela loja sem supervisão, com muitas possibilidades de fazer barulho, e ele quase faz, mas a irmã mais velha impede; logo depois, os pais vão na frente, deixando a criança muito afastada deles, de uma forma que já seria irresponsável em circunstâncias normais, e que é ainda mais absurdo no contexto do filme; obviamente, a criança faz barulho com um brinquedo, porque ninguém ficou de olho nela tanto quanto deveria, e ela é levada por um monstro, e isso já me fez questionar como eles conseguiram sobreviver por tanto tempo, já que logo no começo do filme Evelynn e Lee se mostram péssimos pais. Mais tarde no filme eles mostram que a família deixou um pequeno memorial no local onde a criança foi pega, o que seria tocante, não fosse o fato de que eles com certeza arriscaram fazer barulho de forma desnecessária ao montar aquilo, arriscando perder ainda mais membros da família.
Constantemente parece que os personagens não estando pensando na melhor forma de sobreviver, porque o roteiro tenta quebrar o silêncio do filme criando situações artificiais de tensão e suspense que provavelmente não existiriam se a família pensasse melhor no que estava fazendo, além de outros problemas no roteiro em geral:
-Em certa cena, Lee chega atrás da filha para impedir que ela desça no porão, de forma que poderia tê-la assustado e causado barulho;
-Lee mostra ao filho que a cachoeira abafa os sons e torna o lugar seguro, mas em momento algum parece que eles cogitaram montar um acampamento por lá;
-A cena em que Lee e o filho encontram o velho na estrada acaba sendo não intencionalmente cômica, porque parece que ele só estava esperando os dois chegarem para gritar, o que não faz sentido;
-Uma das crianças mete a mão na lâmpada a óleo e quase põe fogo na casa toda, de forma que eu me questiono, mais uma vez, como a família conseguiu sobreviver tanto tempo;
-Como todo os cuidados que eles tomaram, aparentemente ninguém percebeu o prego grande e óbvio brotando da escada, e Evelynn, apesar de grávida, tenta levar um saco pesado escada acima ao invés de esperar Lee voltar, e obviamente ela pisa no prego, porque esse filme fica tentando arranjar motivos para gerar conflito;
-Perto do final do filme, eles mostram que existe um cômodo escondido onde eles não podem ser ouvidos, e mesmo sendo seguro, eles nunca vão para lá fora uns poucos momentos, fazendo tudo na superfície, e quando a bolsa da Evelynn estoura, ao invés de ir até esse cômodo para conceber a criança, ela vai para o banheiro da casa, onde ela fica muito vulnerável, tudo isso para criar tensão artificial. Isso também mostra como o filme acha que pode "ligar e desligar" o suspense quando quer: apesar do início, parece que o parto ocorreu de forma bem tranquila, muito mais do que provavelmente aconteceria;
-Lee não escuta o barulho bem alto e óbvio da caixa d'água vazando quando sai, e que conveniente que ela fica logo acima do cômodo secreto subterrâneo, e começa a vazar em um dos poucos momentos em que alguém está lá embaixo;
-O garoto se mostrou bem esperto durante o filme, ciente da questão do barulho, mas claro que, para gerar suspense, em uma cena ele começa a fugir de um dos monstros pelo milharal, fazendo muito barulho no processo, e dando de cara com o pneu de um trator, mas nesse caso o filme se esquece de forma conveniente das regras que estabeleceu;
-Parece que em momento algum eles cogitaram deixar caixas de som ou aparelhos em lugares mais afastados para atrair os monstros, nem em montar armadilhas usando sons;
-Eu acho dificíl aceitar a ideia de que os militares não conseguiram conter os monstros com grandes limitações físicas, porque mesmo se você comprar o absurdo que é eles serem invulneráveis a munições e tecnologia que podem penetrar bunkers, e que podem ser disparadas de grandes distâncias, e que conseguiram acabar com veículos reforçados, o negócio fica realmente ridículo quando mostram qual era a fraqueza dos bichos:
existe uma série de equipamentos no mundo, especialmente nos EUA, que poderiam causar o efeito mostrado no final do filme, mas aparentemente os militares e cientistas não conseguiram descobrir algo tão óbvio;
-Eu dei risada do sacrifício do Lee no final, porque o modo como ele grita é engraçado, e foi completamente desnecessário para criar um final triste de forma bem forçada: ele poderia ter jogado o machado contra o silo para fazer barulho, ou feito algum outro barulho que poderia ter salvado as crianças e ainda tê-lo deixado vivo. Levando em conta como ele agiu na cena em questão e durante todo o filme, parece até que ele estava tentando se matar o tempo todo.
Esse é um filme que foi bem recebido por público e crítica, e eu não questiono gosto pessoal, e do jeito que o filmow é, eu preciso lembrar constantemente que essa é minha opinião e não estou aqui para desmerecer a dos outros. Corro o risco de ser acusado de "chato" por apontar esses problemas, mas acho que é bem evidente a forma direta e negativa que eles afetam o filme, tirando boa parte da tensão da proposta, e quando os personagens, em um filme desses, parecem não tomar atitudes óbvias que ajudariam em sua sobrevivência, eu não consigo me importar com eles, e como consequência, com nada que está acontecendo.
Christine, O Carro Assassino
3.3 671 Assista AgoraSegundo filme que eu vi para a maratona de Halloween desse ano, Christine é um filme do John Carpenter adaptado de um livro do Stephen King, e infelizmente não é um dos melhores do diretor. A primeira metade é arrastada e com muitas cenas que parecem desnecessárias com diálogo forçado, valentões estereotipados e vários atores que parecem perto dos 30 tentando se passar por adolescentes. O filme pega ritmo na segunda metade, virando um filme bem decente de terror e suspense, com a boa direção de Carpenter e a ótima trilha sonora. Apesar dos defeitos na primeira metade, é um filme que vale a pena, sendo divertido, com uma boa dinâmica entre os dois personagens principais.
Anatomia
3.0 136 Assista AgoraO primeiro filme da minha maratona de Halloween desse ano foi Anatomia, um filme europeu pouco conhecido de 2000. Eu geralmente gosto de filmes de terror que envolvem medicina, como Raw e Excision, porque a temática ainda consegue me deixar desconfortável, e eu acho que a Franka Potente é uma boa atriz que sempre faz uns papéis com bastante energia, mas esse filme só acabou sendo meio chato.
O estilo de edição e direção eram muito comuns na época, de filmes europeu tentando emular o estilo mais frenético americano, mas de um jeito um pouco diferente, o que acaba tirando boa parte da tensão e suspense que o filme deveria ter, e fora a protagonista, os personagens são tão rasos e sem graça que é dificíl se importar com qualquer um, e lá se foi toda a tensão, para mim. Eu também não gostei do tom inconsistente do filme, que fica variando entre comédia e terror sem misturar os dois bem, e acaba sendo pouco engraçado e pouco assustador, e até as cenas envolvendo cirurgias mostram pouca coisa, oferecendo pouco mesmo aos fãs de gore. Até traz alguns temas e ideias interessantes, mas não compensa a execução; pode até ser divertido, se visto de forma descompromissada.
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraTenet é um filme confuso, porque não foi feito para fazer sentido: a cena em que a personagem da cientista fala algo do tipo "não tente entender, apenas sinta" é Nolan falando diretamente ao público que pegou uma premissa que daria umas cenas de ação criativas e uns visuais interessantes, mas não se preocupou muito com um roteiro consistente. Diferente de Primer, um filme sobre viagem no tempo onde a confusão é necessária à trama e assistir o filme várias vezes leva ao entendimento, em Tenet a confusão é mais consequência da forma como Nolan escreve seus filmes, e assistir várias vezes e pensar a respeito só deixará mais evidente os furos, inconsistências, e descaso do roteiro: algumas já são bem evidentes da primeira vez, e os filmes do Nolan geralmente não melhoram quando vistos várias vezes. Alguns exemplos são:
- Eles tentam explicar que é um caso de "looping" e entropia reversa, e não exatamente de "viagem no tempo", mas se o roteiro fosse consistente, eles teriam presenciado mais casos de "entropia reversa" do que o congelamento no carro, ainda mais levando em conta o número de explosões que o filme tem;
- A cientista poderia simplesmente ter destruído o algoritmo, ao invés de dividi-lo em várias partes para uma conveniente caça ao tesouro estilo Indiana Jones;
- Priya aparentemente se esquece de como usar o algoritmo que ela conhece tão bem no final do filme, sendo pega pelo Protagonista;
- O filme joga umas ideias mas nunca exemplifica visualmente, como suposta desintegração se a mesma pessoa tocar sua versão de entropia reversa, ou a questão do fim do mundo, mas nunca dá um exemplo visual desses aspectos, em alguma forma, então acaba parecendo só umas ideias jogadas; a cena do ataque final para impedir o uso do algoritmo é precedida por uma cena do líder explicando o ataque em si, mas praticamente nada do que é estabelecido contribui para a cena (um exemplo de como isso é feito muito bem é em Sicario.)
Um dos problemas é que o filme quer ser mais inteligente do que realmente é: como em Inception, boa parte da duração são personagens explicando a premissa e as regras, apenas para não segui-las em boa parte do filme, abandonado-as quando é conveniente para o espetáculo. Dos filmes do Nolan que eu assisti, esse é o que eu considero o pior, porque o que é supostamente o núcleo emocional do filme não compensa os problemas de roteiro, mesmo chegando aos níveis de pieguice dos piores momentos de Interestelar: o filme tem bons atores, mas os personagens são mal desenvolvidos e receberam essa direção que se leva muito a sério, fazendo todos parecerem muito apáticos. O antagonista foi o pior, com uma motivação que é a forma mais imatura do niilismo, e que contradiz seu próprio personagem:
ele quer destruir tudo, porque nada importa, ele odeia o mundo, mesmo que isso signifique levar o próprio filho junto, um desperdício do ótimo Kenneth Branagh.
O relacionamento entre os personagens principais tinha potencial, mas foi desperdiçado, porque as duas horas e meia de filme são tomadas principalmente por diálogos expositórios e cenas de ação. A nota não é negativa porque o aspecto visual do filme é muito bom, e isso é inegável que o Nolan faz muito bem, mas se for assistir esperando um roteiro bem escrito e coeso, provavelmente irá se decepcionar.