"Ela era Lo, apenas Lo, pela manhã, um metro e quarenta e cinco de altura e um pé de meia só. Era Lola de calças compridas. Era Dolly na escola. Dolores na linha pontilhada. Mas nos meus braços sempre foi Lolita. Luz da minha vida, fogo da minha carne. Minha alma, meu pecado. LO-LI-TA."
"A mente quer ser Deus, o corpo lembra que somos bichos. Minha mente mandou obedecer meu corpo, obedeci, meu corpo ficou feliz, viveu muito, viveu rápido, minha mente foi atrás. Judite estava indo embora, quando apareceu o cachorro, bobo e bonito, assim nascido, achava que era invisivel, mas não era. O cachorro recém chegou, não tinha pressa, não tinha para onde ir, Judite não podia ir embora e deixar o cachorro ali, assim foi ficando. O cachorro olhava para ela como quem espera uma resposta, como quem espera uma semente da árvore virar flor, fruto." "Judite precisava mesmo ir embora, não dava mais para adiar. Judite sabia que o cachorro a seguiria por onde fosse, o lugar dele era onde ela ia, mas Judite não podia levar o cachorro, ela precisava afastá-lo de qualquer jeito, por isso, fingiu que não amava o cachorro. Ele vai sofrer um pouco, vai crescer. Se for comigo, nunca vai crescer. Eu tô indo embora e você não pode ir comigo. Por que não? Pro lugar onde eu vou não pode cachorro. E você quer ir? Não. Eu tenho que ir. Eu te amo, cachorro." O cinema nacional me atrai de uma forma inexplicável. Sensacional!
O amor parece ser a maior limitação de Brandon, ele não consegue lidar com os sentimentos mais profundos, assim procura por subterfúgios para amenizar essa condição limitante, sendo o sexo a sua ferramenta para isso. O efêmero prazer sexual se torna uma droga, a qual, ele, totalmente dependente, recorre constantemente, numa atitude desesperada de fugir dos problemas, os quais, ele não consegue lidar. Um filme denso, que causa um certo mal estar ao abordar o drama vivido pelo personagem principal, imerso em uma crise existencial, se revelando um ser humano complexo. O próprio título do filme: "Vergonha", retrata bem o estado de espírito de Brandon, que se sente envergonhado por ser refém do seu vício sexual. O filme, apesar de algumas falhas no roteiro, faz com que nos identifiquemos em alguns aspectos com Brandon, não só pelos seus dilemas pessoais, mas pela forma com que se dá as relações sociais e afetivas contemporâneas, que vivenciamos atualmente nos grandes centros urbanos. Sexo, se consegue facilmente, sem maiores esforços, já o amor e os vínculos afetivos parecem cada vez mais inatingíveis. Ironicamente, quando estamos diante de alguém interessante, onde se tem a possibilidade de sentimentos mais complexos, nos recuamos, com medo de amar, com medo dos nossos próprios sentimentos. Assim, o paradoxo está construído, como temer algo, como o amor, que é inerente aos seres humanos ?
Sem dúvidas, uma experiência cinematográfica única, uma verdadeira obra-prima, uma façanha na história da sétima arte, o filme levou 12 anos para ser concluído, o que já é suficiente para que o trabalho do diretor Richard Linklater tenha todo o reconhecimento do público. O que torna o filme interessantíssimo é poder acompanhar todos esses anos da vida dos personagens e, de certa forma, também dos atores, perceber as transformações, tanto físicas como psicológicas, vivenciar seus dramas, suas decepções, suas felicidades, suas vidas. A trama tem uma duração considerável, mas penso que seja extremamente difícil resumir doze anos de histórias em menos de três horas de filme. Com o desenrolar do roteiro, vamos criando uma certa empatia pelos personagens e começamos a torcer por eles, a sensação quando o filme acaba é de querer continuar acompanho aquelas pessoas por toda a vida, como se fôssemos conhecidos de longa data. Do ponto de vista técnico, o diretor foi muito feliz nas edições, ficaram perfeitas, empenhou um trabalho impecável, é como se cada peça do quebra-cabeça fosse colocada de maneira sublime. As atuações são incríveis, a trilha sonora é um espetáculo à parte, ao ouvir Coldplay no início do filme, minha empolgação aumentou ainda mais. Por falar em música, o filme tem algo em comum com o Brasil, traz em sua trilha sonora músicas brasileiras da cantora e compositora Luísa Maita. Boyhood é a mais perfeita personificação de um álbum de fotografias, onde cada página retrata um momento de nossas vidas. O filme reproduz a vida como ela é, sem excessos desnecessários, simples e sutil, retrata os bons e os maus momentos e os aprendizados que temos por meio das experiências vividas, fatos inerentes à nossa vida. Através do filme percebemos como o tempo é importante, como mudamos ao longo dele e como ele tem a incrível capacidade de nos mudar. Um forte candidato ao Oscar de melhor filme, tanto pela sua complexidade, como também pela qualidade. Algumas pessoas acharam o filme simples demais, talvez não concordem comigo, mas a simplicidade é o último grau de sofisticação. Por fim, Boyhood é a prova de que a vida de todos nós daria, sim, um filme.
O relacionamento entre Andrew e Fletcher é perfeito, aparentemente pode soar como um paradoxo, mas eles são perfeitamente imperfeitos um para o outro. De um lado, o jovem ambiciosamente doentio por música, que chega a se abdicar de sua própria vida em prol do seu sonho de deixar seu nome marcado na música, do outro lado, um maestro impiedoso, com um método questionável de extrair o melhor que lhe possam oferecer. Fletcher, se torna uma espécie de sadomasoquista, ao machucar, em todos os sentidos, o seu aluno, que sangra para alcançar o seu objetivo. Para o professor, tudo na vida, se necessário, é descartável na busca da excelência. Ele trava uma verdadeira guerra psicológica com seus alunos. Implacável e brutal, ele impulsiona os garotos além de suas limitações, muitas vezes de forma atroz. O diretor, Damien Chazelle, foi muito feliz na escolha da forma como filmar o tema, já que o Jazz, desde os primórdios, foi marcado pela interminável busca da perfeição por parte dos músicos. O Jazz tem ritmo e é arriscado, tendo em grande parte emergido das adversidades, no rompimento com o comum e das baixas probabilidades. Deste modo, tanto o protagonista como o antagonista são doentiamente, cada um com os seus excessos, perfeitos um para outro! Um duelo magnífico, com um final incrível, os olhares falam por si só. Sacrifícios são sempre recompensados !
"Ele me "infectou" com vida. Ele era uma força da natureza. Eu vi coisas incríveis. Outro século se inicia. Mas eu... tive de ver meus amigos e amados morrerem ao longo dos anos. Minha esposa, meu filho. E você... Você também vai morrer. E minha maldição é saber que vou estar lá pra ver. É minha expiação, entende? É minha punição por acabar com um milagre de Deus."
Quem conhece, de fato, a história de Turing, percebe que há algumas falhas no roteiro. Por ser uma cinebiografia, há quem defenda o máximo de veracidade possível, mas há quem também, assim como eu, não se decepcione com tais licenças poéticas. O filme é uma abordagem inovadora da vida de Alan Turing, interpretado com maestria pelo ator Benedict Cumberbatch, em uma de suas melhores atuações. O filme demonstra Turing como um ser digno da gratidão de toda a humanidade, ao evitar milhares de mortes através de sua criação genial. Mostra que não foram apenas os soldados que lutaram e morreram em prol de suas nações, por trás deles, nos bastidores, haviam várias cabeças que de certa forma também participaram da guerra, só que com armas diferentes. Fazendo uma observação mais holística sobre o filme, percebi que ele aborda o julgamento, retrata como estamos julgando tudo, o tempo todo, a começar pelo personagem principal que sempre foi julgado, desde garoto. Em dado momento do filme, tal fato fica mais explícito no momento em que Turing, nas conversas que tem com o policial, lhe explica o jogo da imitação, em que ao julgarmos uma "pessoa diferente" estamos imitando uma idéia comum, não estamos pensando, não usamos a lógica, a racionalidade, não imaginamos que ser diferente pode ser algo benéfico. É como se o diretor do filme desejase que por meio de códigos coubesse ao espectador decifrá-los. Ele critica a nossa tendência de imitar, não nos permitimos ser únicos, estamos condenados a optar por essa igualdade, essa normalidade mórbida, onde todo mundo quer se parecer com todo mundo, tudo se torna padronizado, as singularidades foram extintas. Assim, acabamos por esquecer que a diferença pode ser essencial. Às vezes, é na diferença que está a salvação. Alan Turing, como todo gênio, possuía problemas em se relacionar, mas esses problemas foram essenciais para as suas proezas, foi justamente o fato dele ser diferente das outras pessoas, um ser a frente de seu tempo, que fez com que milhares de vidas fossem salvas, deixando um notável legado para o mundo através de conquistas científicas e sendo considerado o pai da computação moderna. Pessoas diferentes pensam de maneira diferente, qualquer esforço que vise normalizar seus pensamentos, pode colocar tudo a perder. Ser diferente, no caso de Turing, foi essencial, já que se o cientista tivesse nascido sob os padrões sociais da normalidade, o mundo estaria mais pobre. Uma história especial, um filme que retrata bem como a ignorância destrói gênios, retrata a intolerância da sociedade diante do diferente. Turing, antecipou em dois anos a vitória dos Aliados na 2ª Guerra Mundial, ao decifrar um enigma capaz de salvar milhões de vidas. Foi por ser diferente, que Alan Turing, escreveu seu nome, com louvor na história da humanidade. Um filme que faz jus à sua indicação ao Oscar !
Uma crítica à Broadway e ao padrão hollywoodiano de fazer espetáculos/filmes homéricos, cheios de explosões, efeitos especiais, tecnologias de última geração e acabam esquecendo o que realmente importa em um filme, com atores rasos e superficiais mas que agradam aos críticos de cinema totalmente arbitrários, enredos e histórias pífias. A sétima arte parece viver um dilema, o que prezar ? A popularização, o lucro voraz, levar o público a uma fantasia perfeita montada sobre maniqueísmos e efeitos especiais ou a capacidade de causar catarses nos espectadores ? Arte é questionamento. É provocação. É precisão. É atuação na medida exata. Confundem-se também as fronteiras entre o que é entretenimento e o que é a grande arte. O cinema está se convertendo em uma maquinaria, em uma fábrica de produtos para entreter as pessoas, deixá-las estúpidas. Um filme com tiradas sarcásticas que miram críticos, atores e até mesmo repórteres, uma crítica ferrenha à indústria do entretenimento. Tecnicamente, Birdman é extraordinário; o filme é montado exatamente como uma peça de teatro, e como tal, não possui nenhum corte durante sua história, exceto entre os atos, as atuações são sublimes, vemos atuações dentro de outras atuações, numa perfeita metalinguagem, a trilha sonora envolvente, o trabalho de câmera sensacional, propiciando um plano sequência impecável, além das referências a Hitchcock. Por fim, o filme também critica uma sociedade que necessita dos aplausos. Retrata a urgência de ser visto, ser amado e admirado, o drama de todos nós. O exímio retrato do mundo da fama, dos críticos, do medo da invisibilidade. Uma outra abordagem aponta uma lista de clichês sobre o herói em crise americano: o ótimo ator e mau pai de família, inseguro e instável, que brilha na tela e sofre no camarim. Será mesmo legítimo medir o sucesso de algo por meio de compartilhamentos, retuítes e número de visualizações nas redes sociais, ou será que o sucesso vai além de meros cliques triviais ? Um dos aspesctos mais relevantes do filme, é a questão de aproveitarmos os momentos da melhor maneira possível, nesse mundo globalizado, estamos cada vez mais reféns das tecnologias, dos smartphones, e tudo isso, acaba nos impossibilitando de viver os momentos, optamos por tirar fotos e fazer filmagens, na tentativa de eternizar tais momentos, tudo em vão, pois ao fazermos isso, capturamos o momento mas não o vivemos de fato. Um filme completamente metafórico, talvez por isso muitas pessoas não consigam comprendê-lo em sua essência. Vale a pena conferir !
É exatamente aquele tipo de filme que você não entende nada por um tempo para depois juntar todas as peças do quebra-cabeça. Incrível perceber que um simples ato inicial irá desencadear uma série de consequências em nossas vidas; É fato que as nossas escolhas têm a capacidade de determinar o nosso futuro, e assim em meio ao medo do desconhecido, vamos tentando acertar, tomando apenas decisões que acreditamos ser as melhores possíveis e construindo, desta maneira, o nosso destino, logo, só no final descobriremos se tudo valeu a pena ou não ! A teoria do caos é infalível, assim como a Lei de Murphy. O caos parece estar na essência de tudo, moldando o Universo, pequenas alterações numa situação trazem efeitos incalculáveis, mesmo que tais alterações possam parecer insignificantes, têm a capacidade de originar enormes catástrofes. Um pequeno ato errado no passado pode comprometer um futuro inteiro. Será que o acaso vai mesmo nos proteger sempre que andarmos distraídos? *O final desse filme é espetacular !
"...Pelos campos há fome Em grandes plantações Pelas ruas marchando Indecisos cordões Ainda fazem da flor Seu mais forte refrão E acreditam nas flores Vencendo o canhão..." NENHUM TIPO DE DITADURA NUNCA MAIS !
Um filme que cria analogias entre o período escravagista do Brasil e a atual dinâmica social do país e o mais interessante é perceber que muitas coisas não mudaram durante todos esses anos. Esse filme é, sem dúvida, um tesouro nacional, retratando perfeitamente a história desse país, marcado pela exploração. Ainda que o filme te cause uma vergonha imensa, ele é uma representação fiel da nossa sociedade. Nos escandaliza, ao mostrar a forma impiedosa com que o sistema é usado para favorecer o próprio sistema. Diálogos pautados em preconceitos e hedonismos, travestidos de um altruísmo visceral. Em tempos de politicamente correto, em que a caridade e o bem-fazer estão em alta, as ideias do filme, mostram estas atitudes serem apenas mais um jogo mercantil para a estimulação do consumo sem culpa. Um soco no estômago !
“E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.”
"Por que é que você me pede tanta aspirina? Não estou reclamando, embora isso custe dinheiro. - É para eu não me doer. - Como é que é? Hein? Você se dói? - Eu me dôo o tempo todo. - Aonde? - Dentro, não sei explicar."
Irreversível
4.0 1,8K Assista Agora"O tempo destrói todas as coisas."
Acordar para a Vida
4.3 789"Um dos maiores erros que podemos cometer é achar que estamos vivos."
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista Agora"Aonde devemos ir, nós que peregrinamos por este deserto, em busca do melhor de nós mesmos?" (O Primeiro Homem da História)
A Lista de Schindler
4.6 2,3K Assista Agora"Aquele que salva uma pessoa, salva o mundo inteiro."
O Artista
4.2 2,1K Assista Agora"Se é um filme bom, o som pode ser desligado e a plateia continuará tendo uma ideia clara do que está acontecendo." - Alfred Hitchcock
Lolita
3.7 823 Assista Agora"Ela era Lo, apenas Lo, pela manhã, um metro e quarenta e cinco de altura e um pé de meia só. Era Lola de calças compridas. Era Dolly na escola. Dolores na linha pontilhada. Mas nos meus braços sempre foi Lolita. Luz da minha vida, fogo da minha carne. Minha alma, meu pecado. LO-LI-TA."
Lucy
3.3 3,4K Assista Agora“A ignorância gera o caos, não o conhecimento".
Casablanca
4.3 1,0K Assista Agora“De todos os bares, de todas as cidades, no mundo inteiro, ela tinha que entrar justamente no meu.”
Os Pássaros
3.9 1,1KA beleza de Tippi Hedren é impressionante, que mulher linda!
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista Agora“Dave, my mind is going. I can feel it.”
Boa Sorte
3.6 440"A mente quer ser Deus, o corpo lembra que somos bichos. Minha mente mandou obedecer meu corpo, obedeci, meu corpo ficou feliz, viveu muito, viveu rápido, minha mente foi atrás. Judite estava indo embora, quando apareceu o cachorro, bobo e bonito, assim nascido, achava que era invisivel, mas não era. O cachorro recém chegou, não tinha pressa, não tinha para onde ir, Judite não podia ir embora e deixar o cachorro ali, assim foi ficando. O cachorro olhava para ela como quem espera uma resposta, como quem espera uma semente da árvore virar flor, fruto."
"Judite precisava mesmo ir embora, não dava mais para adiar. Judite sabia que o cachorro a seguiria por onde fosse, o lugar dele era onde ela ia, mas Judite não podia levar o cachorro, ela precisava afastá-lo de qualquer jeito, por isso, fingiu que não amava o cachorro. Ele vai sofrer um pouco, vai crescer. Se for comigo, nunca vai crescer. Eu tô indo embora e você não pode ir comigo. Por que não? Pro lugar onde eu vou não pode cachorro. E você quer ir? Não. Eu tenho que ir. Eu te amo, cachorro."
O cinema nacional me atrai de uma forma inexplicável. Sensacional!
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraO amor parece ser a maior limitação de Brandon, ele não consegue lidar com os sentimentos mais profundos, assim procura por subterfúgios para amenizar essa condição limitante, sendo o sexo a sua ferramenta para isso. O efêmero prazer sexual se torna uma droga, a qual, ele, totalmente dependente, recorre constantemente, numa atitude desesperada de fugir dos problemas, os quais, ele não consegue lidar. Um filme denso, que causa um certo mal estar ao abordar o drama vivido pelo personagem principal, imerso em uma crise existencial, se revelando um ser humano complexo.
O próprio título do filme: "Vergonha", retrata bem o estado de espírito de Brandon, que se sente envergonhado por ser refém do seu vício sexual. O filme, apesar de algumas falhas no roteiro, faz com que nos identifiquemos em alguns aspectos com Brandon, não só pelos seus dilemas pessoais, mas pela forma com que se dá as relações sociais e afetivas contemporâneas, que vivenciamos atualmente nos grandes centros urbanos.
Sexo, se consegue facilmente, sem maiores esforços, já o amor e os vínculos afetivos parecem cada vez mais inatingíveis. Ironicamente, quando estamos diante de alguém interessante, onde se tem a possibilidade de sentimentos mais complexos, nos recuamos, com medo de amar, com medo dos nossos próprios sentimentos. Assim, o paradoxo está construído, como temer algo, como o amor, que é inerente aos seres humanos ?
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraSem dúvidas, uma experiência cinematográfica única, uma verdadeira obra-prima, uma façanha na história da sétima arte, o filme levou 12 anos para ser concluído, o que já é suficiente para que o trabalho do diretor Richard Linklater tenha todo o reconhecimento do público. O que torna o filme interessantíssimo é poder acompanhar todos esses anos da vida dos personagens e, de certa forma, também dos atores, perceber as transformações, tanto físicas como psicológicas, vivenciar seus dramas, suas decepções, suas felicidades, suas vidas. A trama tem uma duração considerável, mas penso que seja extremamente difícil resumir doze anos de histórias em menos de três horas de filme. Com o desenrolar do roteiro, vamos criando uma certa empatia pelos personagens e começamos a torcer por eles, a sensação quando o filme acaba é de querer continuar acompanho aquelas pessoas por toda a vida, como se fôssemos conhecidos de longa data. Do ponto de vista técnico, o diretor foi muito feliz nas edições, ficaram perfeitas, empenhou um trabalho impecável, é como se cada peça do quebra-cabeça fosse colocada de maneira sublime. As atuações são incríveis, a trilha sonora é um espetáculo à parte, ao ouvir Coldplay no início do filme, minha empolgação aumentou ainda mais. Por falar em música, o filme tem algo em comum com o Brasil, traz em sua trilha sonora músicas brasileiras da cantora e compositora Luísa Maita. Boyhood é a mais perfeita personificação de um álbum de fotografias, onde cada página retrata um momento de nossas vidas. O filme reproduz a vida como ela é, sem excessos desnecessários, simples e sutil, retrata os bons e os maus momentos e os aprendizados que temos por meio das experiências vividas, fatos inerentes à nossa vida. Através do filme percebemos como o tempo é importante, como mudamos ao longo dele e como ele tem a incrível capacidade de nos mudar. Um forte candidato ao Oscar de melhor filme, tanto pela sua complexidade, como também pela qualidade. Algumas pessoas acharam o filme simples demais, talvez não concordem comigo, mas a simplicidade é o último grau de sofisticação. Por fim, Boyhood é a prova de que a vida de todos nós daria, sim, um filme.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraO relacionamento entre Andrew e Fletcher é perfeito, aparentemente pode soar como um paradoxo, mas eles são perfeitamente imperfeitos um para o outro. De um lado, o jovem ambiciosamente doentio por música, que chega a se abdicar de sua própria vida em prol do seu sonho de deixar seu nome marcado na música, do outro lado, um maestro impiedoso, com um método questionável de extrair o melhor que lhe possam oferecer. Fletcher, se torna uma espécie de sadomasoquista, ao machucar, em todos os sentidos, o seu aluno, que sangra para alcançar o seu objetivo. Para o professor, tudo na vida, se necessário, é descartável na busca da excelência. Ele trava uma verdadeira guerra psicológica com seus alunos. Implacável e brutal, ele impulsiona os garotos além de suas limitações, muitas vezes de forma atroz. O diretor, Damien Chazelle, foi muito feliz na escolha da forma como filmar o tema, já que o Jazz, desde os primórdios, foi marcado pela interminável busca da perfeição por parte dos músicos. O Jazz tem ritmo e é arriscado, tendo em grande parte emergido das adversidades, no rompimento com o comum e das baixas probabilidades. Deste modo, tanto o protagonista como o antagonista são doentiamente, cada um com os seus excessos, perfeitos um para outro! Um duelo magnífico, com um final incrível, os olhares falam por si só. Sacrifícios são sempre recompensados !
À Espera de Um Milagre
4.4 2,1K Assista Agora"Ele me "infectou" com vida. Ele era uma força da natureza. Eu vi coisas incríveis. Outro século se inicia. Mas eu... tive de ver meus amigos e amados morrerem ao longo dos anos. Minha esposa, meu filho. E você... Você também vai morrer. E minha maldição é saber que vou estar lá pra ver. É minha expiação, entende? É minha punição por acabar com um milagre de Deus."
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraQuem conhece, de fato, a história de Turing, percebe que há algumas falhas no roteiro. Por ser uma cinebiografia, há quem defenda o máximo de veracidade possível, mas há quem também, assim como eu, não se decepcione com tais licenças poéticas. O filme é uma abordagem inovadora da vida de Alan Turing, interpretado com maestria pelo ator Benedict Cumberbatch, em uma de suas melhores atuações. O filme demonstra Turing como um ser digno da gratidão de toda a humanidade, ao evitar milhares de mortes através de sua criação genial. Mostra que não foram apenas os soldados que lutaram e morreram em prol de suas nações, por trás deles, nos bastidores, haviam várias cabeças que de certa forma também participaram da guerra, só que com armas diferentes. Fazendo uma observação mais holística sobre o filme, percebi que ele aborda o julgamento, retrata como estamos julgando tudo, o tempo todo, a começar pelo personagem principal que sempre foi julgado, desde garoto. Em dado momento do filme, tal fato fica mais explícito no momento em que Turing, nas conversas que tem com o policial, lhe explica o jogo da imitação, em que ao julgarmos uma "pessoa diferente" estamos imitando uma idéia comum, não estamos pensando, não usamos a lógica, a racionalidade, não imaginamos que ser diferente pode ser algo benéfico. É como se o diretor do filme desejase que por meio de códigos coubesse ao espectador decifrá-los. Ele critica a nossa tendência de imitar, não nos permitimos ser únicos, estamos condenados a optar por essa igualdade, essa normalidade mórbida, onde todo mundo quer se parecer com todo mundo, tudo se torna padronizado, as singularidades foram extintas. Assim, acabamos por esquecer que a diferença pode ser essencial. Às vezes, é na diferença que está a salvação. Alan Turing, como todo gênio, possuía problemas em se relacionar, mas esses problemas foram essenciais para as suas proezas, foi justamente o fato dele ser diferente das outras pessoas, um ser a frente de seu tempo, que fez com que milhares de vidas fossem salvas, deixando um notável legado para o mundo através de conquistas científicas e sendo considerado o pai da computação moderna. Pessoas diferentes pensam de maneira diferente, qualquer esforço que vise normalizar seus pensamentos, pode colocar tudo a perder. Ser diferente, no caso de Turing, foi essencial, já que se o cientista tivesse nascido sob os padrões sociais da normalidade, o mundo estaria mais pobre. Uma história especial, um filme que retrata bem como a ignorância destrói gênios, retrata a intolerância da sociedade diante do diferente. Turing, antecipou em dois anos a vitória dos Aliados na 2ª Guerra Mundial, ao decifrar um enigma capaz de salvar milhões de vidas. Foi por ser diferente, que Alan Turing, escreveu seu nome, com louvor na história da humanidade. Um filme que faz jus à sua indicação ao Oscar !
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraUma crítica à Broadway e ao padrão hollywoodiano de fazer espetáculos/filmes homéricos, cheios de explosões, efeitos especiais, tecnologias de última geração e acabam esquecendo o que realmente importa em um filme, com atores rasos e superficiais mas que agradam aos críticos de cinema totalmente arbitrários, enredos e histórias pífias. A sétima arte parece viver um dilema, o que prezar ? A popularização, o lucro voraz, levar o público a uma fantasia perfeita montada sobre maniqueísmos e efeitos especiais ou a capacidade de causar catarses nos espectadores ? Arte é questionamento. É provocação. É precisão. É atuação na medida exata. Confundem-se também as fronteiras entre o que é entretenimento e o que é a grande arte. O cinema está se convertendo em uma maquinaria, em uma fábrica de produtos para entreter as pessoas, deixá-las estúpidas. Um filme com tiradas sarcásticas que miram críticos, atores e até mesmo repórteres, uma crítica ferrenha à indústria do entretenimento. Tecnicamente, Birdman é extraordinário; o filme é montado exatamente como uma peça de teatro, e como tal, não possui nenhum corte durante sua história, exceto entre os atos, as atuações são sublimes, vemos atuações dentro de outras atuações, numa perfeita metalinguagem, a trilha sonora envolvente, o trabalho de câmera sensacional, propiciando um plano sequência impecável, além das referências a Hitchcock. Por fim, o filme também critica uma sociedade que necessita dos aplausos. Retrata a urgência de ser visto, ser amado e admirado, o drama de todos nós. O exímio retrato do mundo da fama, dos críticos, do medo da invisibilidade. Uma outra abordagem aponta uma lista de clichês sobre o herói em crise americano: o ótimo ator e mau pai de família, inseguro e instável, que brilha na tela e sofre no camarim. Será mesmo legítimo medir o sucesso de algo por meio de compartilhamentos, retuítes e número de visualizações nas redes sociais, ou será que o sucesso vai além de meros cliques triviais ? Um dos aspesctos mais relevantes do filme, é a questão de aproveitarmos os momentos da melhor maneira possível, nesse mundo globalizado, estamos cada vez mais reféns das tecnologias, dos smartphones, e tudo isso, acaba nos impossibilitando de viver os momentos, optamos por tirar fotos e fazer filmagens, na tentativa de eternizar tais momentos, tudo em vão, pois ao fazermos isso, capturamos o momento mas não o vivemos de fato. Um filme completamente metafórico, talvez por isso muitas pessoas não consigam comprendê-lo em sua essência. Vale a pena conferir !
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista Agora“Não podem haver barreiras para o empenho humano. Não importa o quão ruim a vida pareça estar, onde há vida, há esperança.”
Efeito Borboleta
4.0 2,9K Assista AgoraÉ exatamente aquele tipo de filme que você não entende nada por um tempo para depois juntar todas as peças do quebra-cabeça. Incrível perceber que um simples ato inicial irá desencadear uma série de consequências em nossas vidas; É fato que as nossas escolhas têm a capacidade de determinar o nosso futuro, e assim em meio ao medo do desconhecido, vamos tentando acertar, tomando apenas decisões que acreditamos ser as melhores possíveis e construindo, desta maneira, o nosso destino, logo, só no final descobriremos se tudo valeu a pena ou não ! A teoria do caos é infalível, assim como a Lei de Murphy. O caos parece estar na essência de tudo, moldando o Universo, pequenas alterações numa situação trazem efeitos incalculáveis, mesmo que tais alterações possam parecer insignificantes, têm a capacidade de originar enormes catástrofes. Um pequeno ato errado no passado pode comprometer um futuro inteiro. Será que o acaso vai mesmo nos proteger sempre que andarmos distraídos?
*O final desse filme é espetacular !
O Dia que Durou 21 Anos
4.3 226"...Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão..."
NENHUM TIPO DE DITADURA NUNCA MAIS !
Quanto Vale ou É por Quilo?
4.0 253Um filme que cria analogias entre o período escravagista do Brasil e a atual dinâmica social do país e o mais interessante é perceber que muitas coisas não mudaram durante todos esses anos. Esse filme é, sem dúvida, um tesouro nacional, retratando perfeitamente a história desse país, marcado pela exploração. Ainda que o filme te cause uma vergonha imensa, ele é uma representação fiel da nossa sociedade. Nos escandaliza, ao mostrar a forma impiedosa com que o sistema é usado para favorecer o próprio sistema. Diálogos pautados em preconceitos e hedonismos, travestidos de um altruísmo visceral. Em tempos de politicamente correto, em que a caridade e o bem-fazer estão em alta, as ideias do filme, mostram estas atitudes serem apenas mais um jogo mercantil para a estimulação do consumo sem culpa. Um soco no estômago !
O Cortiço
2.6 77 Assista Agora“E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.”
Vidas Secas
3.9 277"...chorou, mas estava invisível, e ninguém percebeu o choro."
A Hora da Estrela
3.9 516"Por que é que você me pede tanta aspirina? Não estou reclamando, embora isso custe dinheiro.
- É para eu não me doer.
- Como é que é? Hein? Você se dói?
- Eu me dôo o tempo todo.
- Aonde?
- Dentro, não sei explicar."