Encontrei a série Alias Grace, no Netflix esses dias. Ambientada na época dos engenhos pós-abolição da escravatura, retrata a vida de uma jovem pobre recém-chegada no Canadá. Grace, a personagem principal, é vítima de uma pai violento e tão logo sai da infância é obrigada a sair de casa e procurar emprego. Consegue-o em uma casa como criada. Temos na amiga Mary o ímpeto revolucionário presente na classe baixa. Por vezes esta cita os revoltosos que lideraram a última rebelião e foram mortos. As hipocrisias da elite são expostas no contexto de trabalho e casa, em particular tem destaque a sociedade de valores cristãos. O sexo antes do casamento é exposto e gera conflitos. O filho dos donos da casa engravida Mary, irônico pelo fato desta ser justamente a que mais tivesse desejos revolucionários, valendo-se da premissa de casarem para depois abandoná-la. O episódio culmina numa tentativa de aborto sem sucesso que mata Mary. Grace fica desolada pela morte e mais ainda pelos impulsos do filho dos donos da casa para consigo. Decide por trabalhar em outro lugar. Em seu segundo emprego acontece a tragédia. A história é dúbia e não deixa claro se houve ou não dolo de Grace no assassinato dos donos da casa. James, um dos empregados da casa revolta-se com seus patrões e decide pelo assassinato deles. Muita dessa raiva surge de Mrs Honey, uma das criadas da casa, que tem um romance com o dono solteiro e passa a destratar os trabalhadores. Muito interessante nesse ponto as divagações de ordem religiosa de Grace, sobre o perdão ou aceitação do amor entre a criada e o dono, uma vez que os dois não eram casados e já havia visto uma amiga morrer em situações semelhantes. Esse entre outros pormenores levam a dualidade imposta pela culpa ou perdão de Grace em relação aos homicídios. Após anos é observado que Grace conseguiu a liberdade e foi absolvida do crime. Casa-se com um dos trabalhadores que conhecera e leva, ao que tudo indica, uma velhice tranquila. Ao final ela escreve uma carta endereçada ao Dr. Simon onde contava, provavelmente, os detalhes que ele precisava saber para fechar o caso e reencontrar a lucidez. Dá a entender, portanto, que ele conseguiria se recuperar. A série encanta por trazer elementos de época, ânsias revoltosas, questionamentos bíblicos e dualidades a serem pensadas pelo espectador. Por fim, aos que assistiram, relembrem a cena dos anjos com as cabeças arrancadas. Art designed by Freepik.
Encontrei a séria Alias Grace, no Netflix esses dias. Ambientada na época dos engenhos pós-abolição da escravatura, retrata a vida de uma jovem pobre recém-chegada no Canadá. Grace, a personagem principal, é vítima de uma pai violento e tão logo saí da infância é obrigada a sair de casa e procurar emprego. Consegue-o em uma casa como criada. Temos na amiga Mary o ímpeto revolucionário presente na classe baixa. Por vezes esta cita os revoltosos que lideraram a última rebelião e foram mortos. As hipocrisias da elite são expostas no contexto de trabalho e casa, em particular tem destaque a sociedade de valores cristãos. O sexo antes do casamento é exposto e gera conflitos. O filho dos donos da casa engravida Mary, irônico pelo fato desta ser justamente a que mais tivesse desejos revolucionários, valendo-se da premissa de casarem para depois abandoná-la. O episódio culmina numa tentativa de aborto sem sucesso que mata Mary. Grace fica desolada pela morte e mais ainda pelos impulsos do filho dos donos da casa para consigo. Decide por trabalhar em outro lugar. Em seu segundo emprego acontece a trágedia. A história é dúbia e não deixa claro se houve ou não dolo de Grace no assassinato dos donos da casa. James, um dos empregados da casa revolta-se com seus patrões e decide pelo assassinato deles. Muita dessa raiva surge de Mrs Honey, uma das criadas da casa, que tem um romance com o dono solteiro e passa a destratar os trabalhadores. Muito interessante nesse ponto as divagações de ordem religiosa de Grace, sobre o perdão ou aceitação do amor entre a criada e o dono, uma vez que os dois não eram casados e já havia visto uma amiga morrer em situações semelhantes. Esse entre outros pormenores levam a dualidade imposta da culpa ou perdão de Grace em relação aos homicídeos. Após ser condenada em júri, internada em um manicômio e presa por 15 anos, o médico psicólogo Dr. Simon tenta através de terapia descobrir mais informações de modo a absolver Grace do crime. Não fica claro quais forças que tentam fazê-lo, mas elas existem. Dr. Simon não encontra respostas e dá indício de estar apaixonado pela paciente. A impossibilidade do amor nesse contexto médico, inclinam o médico a manter relações sexuais com a hospedeira da residência em que estava. A crise pela falta de respostas leva o médico ao delírio. Após anos é observado que Grace conseguiu a liberdade e foi absolvida do crime. Casa-se com um dos trabalhadores que conhecera e leva, ao que tudo indica, uma velhice tranquila. Ao final ela escreve uma carta endereçada ao Dr. Simon onde contava, provavelmente, os detalhes que ele precisava saber para fechar o caso e reencontrar a lucidez. Dá a enteder, portanto, que ele conseguiria se recuperar. A série encanta por trazer elementos de época, ânsias revoltosas, questionamentos bíblicos e dualidades a serem pensadas pelo expectatador. Por fim, aos que assistiram, relembrem a cena dos anjos com as cabeças arrancadas.
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Alias Grace
4.1 278 Assista AgoraEncontrei a série Alias Grace, no Netflix esses dias. Ambientada na época dos engenhos pós-abolição da escravatura, retrata a vida de uma jovem pobre recém-chegada no Canadá. Grace, a personagem principal, é vítima de uma pai violento e tão logo sai da infância é obrigada a sair de casa e procurar emprego. Consegue-o em uma casa como criada.
Temos na amiga Mary o ímpeto revolucionário presente na classe baixa. Por vezes esta cita os revoltosos que lideraram a última rebelião e foram mortos. As hipocrisias da elite são expostas no contexto de trabalho e casa, em particular tem destaque a sociedade de valores cristãos. O sexo antes do casamento é exposto e gera conflitos. O filho dos donos da casa engravida Mary, irônico pelo fato desta ser justamente a que mais tivesse desejos revolucionários, valendo-se da premissa de casarem para depois abandoná-la. O episódio culmina numa tentativa de aborto sem sucesso que mata Mary. Grace fica desolada pela morte e mais ainda pelos impulsos do filho dos donos da casa para consigo. Decide por trabalhar em outro lugar.
Em seu segundo emprego acontece a tragédia. A história é dúbia e não deixa claro se houve ou não dolo de Grace no assassinato dos donos da casa. James, um dos empregados da casa revolta-se com seus patrões e decide pelo assassinato deles. Muita dessa raiva surge de Mrs Honey, uma das criadas da casa, que tem um romance com o dono solteiro e passa a destratar os trabalhadores. Muito interessante nesse ponto as divagações de ordem religiosa de Grace, sobre o perdão ou aceitação do amor entre a criada e o dono, uma vez que os dois não eram casados e já havia visto uma amiga morrer em situações semelhantes. Esse entre outros pormenores levam a dualidade imposta pela culpa ou perdão de Grace em relação aos homicídios.
Após anos é observado que Grace conseguiu a liberdade e foi absolvida do crime. Casa-se com um dos trabalhadores que conhecera e leva, ao que tudo indica, uma velhice tranquila. Ao final ela escreve uma carta endereçada ao Dr. Simon onde contava, provavelmente, os detalhes que ele precisava saber para fechar o caso e reencontrar a lucidez. Dá a entender, portanto, que ele conseguiria se recuperar.
A série encanta por trazer elementos de época, ânsias revoltosas, questionamentos bíblicos e dualidades a serem pensadas pelo espectador.
Por fim, aos que assistiram, relembrem a cena dos anjos com as cabeças arrancadas.
Art designed by Freepik.
Alias Grace
4.1 278 Assista AgoraEncontrei a séria Alias Grace, no Netflix esses dias. Ambientada na época dos engenhos pós-abolição da escravatura, retrata a vida de uma jovem pobre recém-chegada no Canadá. Grace, a personagem principal, é vítima de uma pai violento e tão logo saí da infância é obrigada a sair de casa e procurar emprego. Consegue-o em uma casa como criada.
Temos na amiga Mary o ímpeto revolucionário presente na classe baixa. Por vezes esta cita os revoltosos que lideraram a última rebelião e foram mortos. As hipocrisias da elite são expostas no contexto de trabalho e casa, em particular tem destaque a sociedade de valores cristãos. O sexo antes do casamento é exposto e gera conflitos. O filho dos donos da casa engravida Mary, irônico pelo fato desta ser justamente a que mais tivesse desejos revolucionários, valendo-se da premissa de casarem para depois abandoná-la. O episódio culmina numa tentativa de aborto sem sucesso que mata Mary. Grace fica desolada pela morte e mais ainda pelos impulsos do filho dos donos da casa para consigo. Decide por trabalhar em outro lugar.
Em seu segundo emprego acontece a trágedia. A história é dúbia e não deixa claro se houve ou não dolo de Grace no assassinato dos donos da casa. James, um dos empregados da casa revolta-se com seus patrões e decide pelo assassinato deles. Muita dessa raiva surge de Mrs Honey, uma das criadas da casa, que tem um romance com o dono solteiro e passa a destratar os trabalhadores. Muito interessante nesse ponto as divagações de ordem religiosa de Grace, sobre o perdão ou aceitação do amor entre a criada e o dono, uma vez que os dois não eram casados e já havia visto uma amiga morrer em situações semelhantes. Esse entre outros pormenores levam a dualidade imposta da culpa ou perdão de Grace em relação aos homicídeos.
Após ser condenada em júri, internada em um manicômio e presa por 15 anos, o médico psicólogo Dr. Simon tenta através de terapia descobrir mais informações de modo a absolver Grace do crime. Não fica claro quais forças que tentam fazê-lo, mas elas existem. Dr. Simon não encontra respostas e dá indício de estar apaixonado pela paciente. A impossibilidade do amor nesse contexto médico, inclinam o médico a manter relações sexuais com a hospedeira da residência em que estava. A crise pela falta de respostas leva o médico ao delírio.
Após anos é observado que Grace conseguiu a liberdade e foi absolvida do crime. Casa-se com um dos trabalhadores que conhecera e leva, ao que tudo indica, uma velhice tranquila. Ao final ela escreve uma carta endereçada ao Dr. Simon onde contava, provavelmente, os detalhes que ele precisava saber para fechar o caso e reencontrar a lucidez. Dá a enteder, portanto, que ele conseguiria se recuperar.
A série encanta por trazer elementos de época, ânsias revoltosas, questionamentos bíblicos e dualidades a serem pensadas pelo expectatador.
Por fim, aos que assistiram, relembrem a cena dos anjos com as cabeças arrancadas.