Martha Marcy May Marlene realiza um estudo psicológico de personagem e contrapõe os sentidos paranóicos vividos pela mesma em diferentes ocasiões com uma visão sincera e intimista. Mas, ao mesmo tempo em que a experiência se intensifica e se mostra cada vez mais perturbadora, o filme arrisca muito pouco e lentamente se torna frustrante.
O drama psicológico vivido por MMMM se desenvolve lentamente a partir de fragmentos e flashbacks essenciais para o entendimento de seu problema, que revelam uma montagem cuidadosa na forma de expor a fragilidade e limitações da personagem e de uma forma bastante intensa unifica os problemas do passado com a fase conturbada em que ela se encontra no presente. Situações que remetem ao desvio de conduta psicológico e a um pequeno discurso pessimista simplório onde a aceitação é uma forma dominante de poder que nunca é questionada.
A carga dramática que o filme carrega lentamente se mostra falha em alguns aspectos. Pois mesmo que o problema seja apresentado de uma forma crua e difícil de digerir, o filme falha em expor com clareza as motivações da protagonista e se apega ao lugar comum da superficialidade, que intercala uma fraca e indefinida composição de drama psicológico familiar unificado a uma estética de aproximação intermitente.
A forma intensificada de emoções que o filme consegue transmitir – principalmente pela ótima interpretação de Elizabeth Olsen - de alguma forma sobrepõe seus erros visíveis. Porém, é difícil se conectar com uma história onde a personagem se perde em seus próprios pensamentos e transforma uma longa jornada pelo descobrimento de suas aflições em um infinito e desanimador abrigo de medo e frustrações.
Investir em ideias nem sempre significa sinônimo de qualidade. Para um filme pretensioso como Primer que tem a função inicial de ser um sci-fi lógico e inteligente, sua incapacidade de conexão com o espectador torna a fraca experiência em uma jornada entediante e confusa.
O enredo discute a viagem no tempo com uma linguagem científica extremamente complicada e formula teorias vazias sobre a duplicidade temporal onde o ser humano (sem qualquer explicação) adquire a capacidade de interferir e agir de uma maneira diferente em uma mesma ocasião proporcional ao tempo em que se encontra. O que, por si só, já limita sua capacidade intelectual de progredir logicamente, pois o filme não faz a menor questão de explicar qualquer fator importante para seu desenvolvimento. Que se formula inicialmente na concepção de um dispositivo capaz de interagir com as camadas do tempo e assim, indicar suas conseqüências, mas são idéias completamente desperdiçadas e que perdem seus valores devido à complexidade desnecessária em como tudo é apresentado.
Sinto que a proposta do diretor em fazer um filme sem sentido foi cumprida. Ao mesmo tempo em que os propósitos e falhas se encaixam, o filme comete um erro grave determinante onde subestima a inteligência do espectador e tenta se sobressair diante de suas ilusões e idéias mal-direcionadas.
De uma maneira bastante negativa e irregular Vanishing On 7th Street reutiliza o já saturado tema de ameaças desconhecidas abusando do uso de clichês previsíveis típicos do gênero, para assim, em uma falta de processo criativo, entregar apenas mais um filme descartável que domina o tédio com perfeição.
O processo de sobreviver em meio ao caos desconhecido deveria ser um fator determinante para conectar a estória do filme diretamente com o espectador, mas ao invés disso, o filme falha inicialmente na introdução de personagens e constrói superficialmente um clima de suspense com um excesso de dúvidas que pairam no ar. O que remete a questionamentos inevitáveis que carecem de explicações lógicas baseadas em suas próprias falhas, e que numa tentativa de desespero intencional substitui respostas por cenas de suspense patéticas e irritantes.
O que torna tudo ainda mais sem sentido são as pretensões e escolhas que o filme tenta conjugar ao enredo, que falham inteiramente em seus propósitos e direcionam a estória a um rumo sem volta onde a tentativa incoerente de transmitir uma mensagem espiritual sobre o ato de existir entre a luz e as trevas (baseada inteiramente em uma suposta teoria conspiratória) nunca encontra seu lugar diante do caos e confusão armados.
Difícil encontrar qualquer ponto positivo em um filme que deixa de lado seu “propósito” inicial para entregar um produto genérico e entediante, que não consegue se sustentar por ser patético, tedioso e sem sentido.
Headhunters quebra algumas fronteiras de aceitação e sucesso com o público e o faz muito bem com sua proposta inicial, mas infelizmente é um filme vazio que direciona ao lugar comum dos filmes que se estendem demais para tentar surpreender.
O filme tem um suspense envolvente e consegue manter um nível de ação que complementa muito bem seu desenvolvimento com cenas de ação ágeis e situações tensas de perseguição, o que até então são aspectos básicos para qualquer filme de ação funcionar e nesse caso, tudo flui muito bem. Porém, após algum tempo, tudo se torna óbvio demais, e mesmo que o filme guarde suas surpresas para o final (explicações de reviravoltas e etc.) o que seria completamente inesperado não causa tanto impacto como deveria e parece manipulador, conseguindo tirar a total atenção do espectador para o que realmente importa, e assim, mascarar suas falhas com eficiência. A estória em alguns momentos consegue surpreender, mas no geral a falta de originalidade não sustenta a falta de sentido e direção de escolhas que o filme toma.
Por mais que a tentativa de fazer um filme com uma identidade própria seja louvável, Headhunters falha por entregar apenas mais um filme derivativo, vazio e com potencial para ser esquecido rapidamente.
Prince of Persia: The Sands of time é mais uma péssima adaptação que não dignifica a estória original concebida e transferida diretamente dos jogos da série para a linguagem cinematográfica.
O roteiro adaptado sofre de uma limitação de idéias indiscutível e distorce a estória original ao ponto de não fazer algum sentido lógico e principalmente estrutural. A estória segue uma linha narrativa extremamente limitada e supre sua precariedade superficial com cenas de ação que em alguns momentos até lembram a estética de movimentos que o príncipe realiza nos jogos, porém por outro lado, o filme não respeita suas origens de referências (nem a identidade do personagem é mantida com fidelidade) e transforma tudo em um show acrobático manipulador, entediante e que tenta resgatar através de uma linguagem rápida e intuitiva alguns elementos deslocados da estória que não se sobressaem como deveriam.
O filme tem seus méritos de produção e acerta em alguns aspectos técnicos, mas a falta de comprometimento em relação ao que realmente importa torna tudo artificial demais e completamente sem sentido.
Os aspectos psicológicos requeridos em um estudo de personagem transferem para a estória uma intensidade impactante, tanto no que diz respeito a analise experimental sobre um possível distúrbio que interfere na rotina de uma família, quanto ao ímpeto incontrolável de buscar proteção em meio a uma possível e aterrorizante ameaça de destruição. Impressionante a forma como o filme expõe um comportamento paranóico/psicótico e através disso consolida um clima tenso de mistério com elementos pós-apocalípticos que entregam a tragédia de uma forma sublime e arrebatadora.
O filme ainda conta com atuações impressionantes, sobretudo de Michael Shannon que se entregou totalmente ao personagem e transmite toda sua obsessão em uma interpretação magnífica. Jessica Chastain também não decepciona e surpreende bastante pois sabe dosar toda sua delicadeza e força com uma interpretação de uma personagem que exige intensidade.
Um filme envolvente que desconstrói argumentos e idealiza uma estória magnífica envolvida em um clima de mistério articulado de uma forma atmosférica e desconcertante. Maravilhoso.
Jeff, Who lives at home é um filme simples e objetivo, mas em alguns momentos chega a ser decepcionante.
A proposta do filme é bem executada e o drama construído (mesmo sendo uma parte pouco explorada) ainda sim consegue cativar o espectador através de personagens divertidos e identificáveis, que conseguem dosar muito bem seus dramas particulares com um humor calculado, porém, interessante. Por outro lado, a estória decepciona por ser intencionalmente extensiva e basicamente indutiva a um clímax inesperado que não empolga ou emociona. O fato de interligar acontecimentos para assim poder transmitir uma mensagem reflexiva de superação não funcionou como deveria nesse caso.
O filme acerta por ser despretensioso em contar uma estória simples com inteligência, mas falha em tentar transmitir uma emoção que nunca é preenchida.
Repetindo a mesma fórmula de seus antecessores Paranormal Activity 3 tenta inovar suas idéias e características, mas falha por ser uma sequencia ainda mais chata, entediante e esquecível.
Talvez o único mérito dessa franquia seja o suspense atmosférico carregado que por sinal é até bem conduzido entre as câmeras irregulares e trêmulas, mas por outro lado, a repetição de cenas previsíveis torna tudo cansativo demais e sucessivamente entediante. A estória continua sem pé nem cabeça com explicações superficiais que não funcionam de jeito algum, os momentos de “susto” calculados são ainda mais previsíveis e a incoerência de alguns acontecimentos ainda perdura no seu pobre desenvolvimento, o que acarreta em um comprometimento visível e problemático.
Repetição atrás de repetição resumem bem o que Paranormal Activity 3 tenta fazer, porém falha novamente em mais um filme descartável, tedioso e esquecível. Péssimo.
Ghost Rider: Spirit of Vengeance é simplesmente um filme péssimo, esquecível e entediante.
Começando pelo roteiro (¿Que roteiro?) que não faz o menor sentido e repete os mesmos erros da fórmula batida e genérica que não funcionava desde seu antecessor. As cenas de ação são patéticas assim como seus aspectos visuais que são extremamente artificiais em conjunto a um jogo cênico estúpido que tenta mascarar o enredo com cenas de rápida sucessão que não causam impacto algum. O filme tenta inserir em um contexto dramático barato um discurso religioso pífio, algumas cenas que recontam a origem do motoqueiro múltiplas vezes (não sei pra que exatamente) e através disso se torna bastante repetitivo e definitivamente chato.
Salmon Fishing in the Yemen é um bom filme, mas sinto que poderia ser melhor no desenvolvimento de algumas idéias que ficam em segundo plano.
O título traduzido para “Amor Impossível” categoriza o filme erroneamente como uma comédia romântica barata e sem propósitos, o que é um erro grave não só de tradução, mas principalmente de interpretação por parte dos tradutores brasileiros, que parecem ser eternos apaixonados e estão sempre em busca de atrair um público específico com esses títulos pífios e açucarados.
O filme consegue quebrar fronteiras do gênero e desenvolve um drama sólido que possui seus méritos transitivos em relação ao romance e ao humor britânico que é super ágil, irônico e insere na linguagem do filme um alívio cômico original e divertido. Por outro lado, as partes mais técnicas e teóricas que dizem respeito ao projeto ambicioso de introduzir a pesca do salmão no Iêmen são bem explicadas e analisadas dentro de um contexto político e burocrático bem delineado. O romance em questão é o que menos importa, pois abusa um pouco de clichês previsíveis, mas que se salvam devido a boas atuações de Emily Blunt e Ewan McGregor, que basicamente sustentam o filme junto com Kristin Scott Thomas que em um ótimo trabalho de atuação adiciona ao filme um tom divertido e descontraído.
O filme tem algumas imperfeições no que diz respeito à estória (que é meio desinteressante e esquecível), mas consegue contorná-los com um humor diferente e situações despretensiosas. Bom Filme.
Dream House é um filme péssimo e absolutamente previsível.
O fator originalidade não encontra espaço algum dentro dessa estória totalmente derivativa e sem emoção. Sustentado basicamente por um elenco mal-aproveitado e deslocado, o fraco teor de suspense é inatingível e em momento algum surpreende ou diferencia o filme de alguma forma plausível e interessante. Mas entre tantos aspectos negativos o que compromete mesmo é a previsibilidade do roteiro. Difícil não decifrar o mistério do filme em poucos minutos de sua exibição, pois a montagem da estória é tão mal-feita que chega a ser patético o momento principal onde uma possível reviravolta é apresentada.
Um filme descartável, fraco e mal-aproveitado. Péssimo.
Warrior é um filme emocionante, intenso e maravilhoso.
Renunciar o passado nem sempre é a melhor opção. O que pode ser viável a princípio em pouco tempo pode se tornar uma via de mão dupla que direciona a caminhos distintos e que pode ser capaz de interferir nos sentimentos mais profundos onde o sofrimento é independente. O filme indica esses caminhos através de uma estória emocionante onde a dor, o sofrimento e a culpa fazem parte do destino e lugar comum de uma família destruída pelas marcas do tempo, o abandono e, sobretudo, o desinteresse.
Entre encontros e desencontros as vidas dos personagens Tommy (Tom Hardy em uma atuação visceral e espetacular), Brendan (Joel Edgerton conseguindo transpor em uma atuação magnífica todo sofrimento e dor do personagem) e Paddy (Nick Nolte simplesmente brilhante) se cruzam, mas não por uma simples armadilha do destino, o que realmente “reata” os laços familiares é a busca por um ideal compartilhado, que interage e adiciona um motivo de reaproximação que não encontra meios para funcionar além da frieza emocional e as cicatrizes marcadas de um passado que nunca é esquecido ou perdoado.
A violência conduz os momentos mais intensos do filme e é bastante difícil não se conectar com as situações propostas. O foco principal da narrativa em tornar uma disputa calculada em um reencontro dolorido e marcado torna tudo extremamente emocionante e com uma intensidade fora do comum. O embate maior não se reduz apenas a violência física, mas sim ao que diz respeito ao perdão e o ato de se entregar inteiramente a redenção, e por fim, seguir um caminho onde a brutalidade da vida e todo seu sofrimento se tornem indefinidos e a busca pelos desejos de poder seja substituída pela compaixão e a proteção mútua.
Um filme visceral e emocionante, que com toda sua brutalidade e fragilidade é capaz de emocionar e interagir com o espectador de uma forma repentina e arrebatadora. Filme Maravilhoso.
Movimento Browniano é um filme péssimo, pretensioso e completamente sem propósitos.
O apelo sexual que o filme possui de certa forma é justificado, porém as lacunas e espaços que o filme deixa em aberto são motivos suficientes para desconectar o espectador e tirar o foco narrativo de ligação com a estória, que tenta induzir a uma reflexão involuntária, mas falha na introdução dos personagens, suas culpas e dramas inconstantes.
O ritmo lento empregado em longas sequências silenciosas (que abusa de planos abertos em uma fotografia minimalista) torna tudo cansativo demais e não complementa o enredo positivamente, o que acarreta em um comprometimento desanimador. De alguma forma o filme ainda tenta levantar questões filosóficas, poéticas e até psicológicas, mas falha por ser superficial demais e vazio em seus conceitos fracassados.
Classificar Movimento Browniano é uma tarefa um pouco árdua, pois o filme em vários momentos demonstra ser um experimento que não deu certo e uma obra incompleta cheia de falhas e incoerência. Filme Péssimo.
I Spit On Your Grave é uma boa refilmagem e por incrível que pareça, consegue ser melhor que o original em vários aspectos, mas em outros nem tanto.
As referências ao filme de 79 são específicas em pequenos detalhes estruturais da estória, que continua basicamente a mesma, mas conta com apenas algumas diferenças importantes. Começando pela estética gore que é muito melhor produzida e aplicada nesse filme do que no outro, os momentos de tensão convencem e a esperada vingança é infinitamente mais elaborada e torturante. Por outro lado, a escolha da protagonista foi uma falha comprometedora. Ela não consegue sustentar o instinto vingativo da personagem, por ser frágil demais e pouco experiente, sua interpretação é fraca e pouco aproveitada.
Comparações óbvias a parte, I Spit On Your Grave consegue melhorar os aspectos falhos do filme em que foi inspirado, mas ainda sim não é um filme definitivo para se tornar marcante.
Cidadão Kane é um dos grandes clássico do cinema. Uma verdadeira obra-prima.
O filme apresenta de diferentes formas o status de personalidade social e política do personagem fictício Charles Kane, e exemplifica através de sua estória suas motivações, conquistas e os bastidores de sua vida conturbada. A personalidade visionária de Kane que precisou assumir uma grande responsabilidade ainda muito cedo é cheia de contornos e camadas de ascensão em sua vida social e política, o que engrandece a idealização de seu império e construção de uma imagem como um homem idealista capaz de suprir as necessidades dos fracos e oprimidos.
Mas como toda grande responsabilidade tem seus prós e contras o filme não deixa de expor o lado mais humano e solitário de Kane e, sobretudo, sua personalidade egoísta e egocêntrica que o prejudicou de diversas formas em seus relacionamentos. O que acarreta em consequências que mudam drasticamente o estilo de vida de um homem que até então se mostrava forte e governante, mas em um momento decisivo sua fragilidade é exposta e o que lhe resta é a solidão por suas escolhas.
Um filme belo, emocionante e reflexivo, que mostra a ascensão, o declínio e a queda de uma figura imponente com bastante sinceridade e sutileza.
Mad Max é um ótimo filme e, sobretudo, uma boa introdução para o universo da franquia.
O clima futurista mesclado ao universo violento subentendido rende bons momentos e cenas de ação inspiradas. O sistema policial que age de uma forma agressiva em relação aos delinquentes evidencia um modelo de sociedade opressivo (pouco explorado, por sinal) onde a violência é predominante, e o filme faz questão de expor esse tipo de agressividade de uma forma séria, mas que encontra meios diversificados para entreter entre cenas de perseguição, manobras ousadas e exposição das turbinas e motores potentes.
Mesmo sendo um pouco previsível e com uma reviravolta meio boba e sem emoção Mad Max ainda sim consegue ser um ótimo filme, com seu estilo próprio e ótimas cenas de ação.
God Bless America é um ótimo filme. Diferente e original.
Um filme que faz uma crítica ácida ao sistema social americano e toda sua superficialidade através de uma forma agressiva de “protesto” limitada, mas que dentro das propostas do filme funcionam muito bem. Além disso, o filme exercita um discurso crítico em relação à sociedade em geral que “engole” tudo que as diferentes formas de mídia oferecem e aborda temas que vão da saturação televisiva de reality shows desnecessários, a discursos políticos agressivos que distorcem e afrontam o senso social moralista.
Mas nem por isso o filme é perfeito. As situações são bastante inverossímeis, o tom irônico depressivo não funciona corretamente e a agressividade é uma característica banalizada que fortalece as motivações do protagonista como desculpa pelo fracasso.
Por fim, God Bless America consegue sobrepor seus problemas com um tom crítico que é relevante para a sociedade atual. Ótimo Filme.
Dogville é um filme incrível, intenso e revelador.
Uma verdadeira obra experimental da sétima arte que revela diferentes comportamentos do ser humano e exemplifica através de uma situação perturbadora a ganância, egoísmo e hipocrisia que cercam os arredores da cidade de Dogville. O estilo “teatro filmado” reproduz uma linguagem intimista e visualmente esclarecedora, que transmite com intensidade a dinâmica de interpretação dos envolvidos. A estória é simples, despretensiosa e um pouco cansativa, mas analisa e se desenvolve em um caminho onde o sofrimento passivo é reconhecido e substituído pelo poder e a arrogância.
Um filme artístico que reproduz brilhantemente os sentimentos mais corruptíveis e sórdidos do ser humano. Filme Maravilhoso.
Red Riding Hood é um filme péssimo, descartável e entediante.
Começando pela estória que tenta resgatar o conto infantil do Chapeuzinho Vermelho através de uma linguagem clássica e juvenil, mas a inspiração adaptativa é falha e não consegue sustentar suas falhas grotescas. O filme tenta imprimir características sombrias dentro da estória que não funcionam propriamente e parecem demasiadamente artificiais. Apenas o visual gélido mesclado a cor vermelha destacada em certos momentos consegue transpor a barreira visual limitada da arte desprovida de inspiração.
Os protagonistas são meramente superficiais e ninguém é devidamente aproveitado. A personagem mais importante (Amanda Seyfried não é nada convincente) é quase muda e desaproveitada entre um pseudo triangulo amoroso melodramático que não chega a lugar algum.
O filme falha em querer adaptar uma estória conhecida dentro de padrões superficiais e se perde diante de tamanha previsibilidade e falta de empatia. Péssimo Filme.
Chinatown é um excelente filme. Um clássico noir estiloso, surpreendente e maravilhoso.
O frio jogo investigativo cheio de mistérios é brilhantemente conduzido entre pistas e dúvidas que pairam no ar, evidenciando um enredo arriscado, que expõe com clareza os fatos e surpreende pela reviravolta emocionante e, sobretudo inesperada. O clima quente e opressivo de Los Angeles do final anos 30 é extremamente bem retratado e a cidade é tão opressiva quanto os próprios envolvidos no jogo investigativo, fazendo um contraponto entre a corrupção e o instinto de justiça, visto através de olhos corruptos, capaz de envolver e enfatizar todas as camadas emblemáticas do roteiro.
Um filme brilhante, clássico e uma verdadeira obra-prima do cinema. Maravilhoso.
Faust busca retratar com uma visão livre adaptativa a estória de Goethe e rebusca elementos da obra original através de uma marca autoral intensa e reveladora.
Diferentes faces e camadas de realidade constroem as características do filme. O onírico e o ilusório entre o encontro do real e o imaginário incorporados a uma fotografia suja e sombria, que é tão densa quanto à própria personalidade de Fausto, que na tentativa falha de preencher seu vazio condicional busca motivos e questiona a existência da alma entre a visceralidade e as razões da morte. O que lhe resta é aceitar a mortalidade do ser e se entregar aos desejos carnais sem medir as consequências, evidenciando o estudo comportamental dos personagens através de uma linguagem metafórica que se funde aos sentimentos de angústia e prazer ambíguos.
Difícil definir em palavras o grau de experiência que esse filme proporciona. Faust É um filme único e devidamente complexo. Excelente.
Easy A é um ótimo filme. Uma comédia leve, divertida e cativante.
O modo como a estória é desenvolvida e o roteiro inteligente são o que diferenciam esse filme de tantos outros do mesmo gênero. O uso de referências a cultura pop, comédias românticas dos anos 80 e até uma estória clássica da literatura consolidam o tom diferente e divertido que o filme possui. O filme ainda consegue através de uma temática atual passar uma mensagem sobre aceitação, respeito e as consequências que a mentira pode causar. A falta de controle da situação é o ponto mais interessante do filme e as situações são hilárias.
Emma Stone está muito bem no papel de Olive a garota que era mal notada e da noite pro dia se torna a mais popular com uma reputação digamos, duvidosa a seu respeito.
Mesmo sendo previsível e pouco original Easy A ainda sim consegue se destacar e contornar seus pequenos problemas de uma forma inteligente e divertida. Ótimo Filme.
Mary and Max é um filme lindo, estranho e adorável. Uma pequena obra de destaque entre os filmes de animação.
O estilo artístico diferente e sofisticado misturados a uma emocionante estória sobre a amizade e a solidão se complementam e dão forma a um filme inspirador e divertido. O fator emocional e a dedicação da amizade entre Mary Max rendem momentos simples, mas de pura emoção. A dedicação e escolhas do diretor em se focar em temas pesados como a depressão, o maltrato, a solidão e distúrbios psicológicos variados fazem o filme alcançar um patamar que busca em sua linguagem madura um público quase específico, o que definitivamente não pode ser julgado como um fator negativo, pois o filme expõe os problemas com sensibilidade o suficiente para agradar qualquer pessoa, de qualquer idade e a sua dinâmica e sutilidade tornam a experiência reflexiva e altamente inspiradora.
O diferencial de Mary and Max é sua essência especial e densidade psicológica, fatores únicos que o destacam como uma obra de grande importância para os filmes de animação da atualidade. Um filme brilhante e divertido, com sinceridade e emoção. Excelente.
Thank You For Smoking é um filme excelente e original com uma ótima idéia e um discurso argumentativo genial.
Com uma sátira inteligente e ambígua sobre o consumo do cigarro e uma visão crítica sobre a hipocrisia do governo em relação aos fumantes, a indústria do tabaco e os efeitos da mídia no relacionamento político-social. Além disso, o filme exercita o ato de argumentação com clareza e expõe com inteligência a arte de dialogar com coerência e flexibilidade. A capacidade argumentativa é o que compõe a direção afiada do filme, fazendo com que o debate lógico entre os envolvidos desconstrua o tema do moralismo apático social induzindo a uma experiência gratificante ao espectador.
Um filme inteligente e definitivamente desconstrutor. Excelente.
Martha Marcy May Marlene
3.4 268Martha Marcy May Marlene realiza um estudo psicológico de personagem e contrapõe os sentidos paranóicos vividos pela mesma em diferentes ocasiões com uma visão sincera e intimista. Mas, ao mesmo tempo em que a experiência se intensifica e se mostra cada vez mais perturbadora, o filme arrisca muito pouco e lentamente se torna frustrante.
O drama psicológico vivido por MMMM se desenvolve lentamente a partir de fragmentos e flashbacks essenciais para o entendimento de seu problema, que revelam uma montagem cuidadosa na forma de expor a fragilidade e limitações da personagem e de uma forma bastante intensa unifica os problemas do passado com a fase conturbada em que ela se encontra no presente. Situações que remetem ao desvio de conduta psicológico e a um pequeno discurso pessimista simplório onde a aceitação é uma forma dominante de poder que nunca é questionada.
A carga dramática que o filme carrega lentamente se mostra falha em alguns aspectos. Pois mesmo que o problema seja apresentado de uma forma crua e difícil de digerir, o filme falha em expor com clareza as motivações da protagonista e se apega ao lugar comum da superficialidade, que intercala uma fraca e indefinida composição de drama psicológico familiar unificado a uma estética de aproximação intermitente.
A forma intensificada de emoções que o filme consegue transmitir – principalmente pela ótima interpretação de Elizabeth Olsen - de alguma forma sobrepõe seus erros visíveis. Porém, é difícil se conectar com uma história onde a personagem se perde em seus próprios pensamentos e transforma uma longa jornada pelo descobrimento de suas aflições em um infinito e desanimador abrigo de medo e frustrações.
Primer
3.5 489 Assista AgoraInvestir em ideias nem sempre significa sinônimo de qualidade. Para um filme pretensioso como Primer que tem a função inicial de ser um sci-fi lógico e inteligente, sua incapacidade de conexão com o espectador torna a fraca experiência em uma jornada entediante e confusa.
O enredo discute a viagem no tempo com uma linguagem científica extremamente complicada e formula teorias vazias sobre a duplicidade temporal onde o ser humano (sem qualquer explicação) adquire a capacidade de interferir e agir de uma maneira diferente em uma mesma ocasião proporcional ao tempo em que se encontra. O que, por si só, já limita sua capacidade intelectual de progredir logicamente, pois o filme não faz a menor questão de explicar qualquer fator importante para seu desenvolvimento. Que se formula inicialmente na concepção de um dispositivo capaz de interagir com as camadas do tempo e assim, indicar suas conseqüências, mas são idéias completamente desperdiçadas e que perdem seus valores devido à complexidade desnecessária em como tudo é apresentado.
Sinto que a proposta do diretor em fazer um filme sem sentido foi cumprida. Ao mesmo tempo em que os propósitos e falhas se encaixam, o filme comete um erro grave determinante onde subestima a inteligência do espectador e tenta se sobressair diante de suas ilusões e idéias mal-direcionadas.
Mistério da Rua 7
2.0 964De uma maneira bastante negativa e irregular Vanishing On 7th Street reutiliza o já saturado tema de ameaças desconhecidas abusando do uso de clichês previsíveis típicos do gênero, para assim, em uma falta de processo criativo, entregar apenas mais um filme descartável que domina o tédio com perfeição.
O processo de sobreviver em meio ao caos desconhecido deveria ser um fator determinante para conectar a estória do filme diretamente com o espectador, mas ao invés disso, o filme falha inicialmente na introdução de personagens e constrói superficialmente um clima de suspense com um excesso de dúvidas que pairam no ar. O que remete a questionamentos inevitáveis que carecem de explicações lógicas baseadas em suas próprias falhas, e que numa tentativa de desespero intencional substitui respostas por cenas de suspense patéticas e irritantes.
O que torna tudo ainda mais sem sentido são as pretensões e escolhas que o filme tenta conjugar ao enredo, que falham inteiramente em seus propósitos e direcionam a estória a um rumo sem volta onde a tentativa incoerente de transmitir uma mensagem espiritual sobre o ato de existir entre a luz e as trevas (baseada inteiramente em uma suposta teoria conspiratória) nunca encontra seu lugar diante do caos e confusão armados.
Difícil encontrar qualquer ponto positivo em um filme que deixa de lado seu “propósito” inicial para entregar um produto genérico e entediante, que não consegue se sustentar por ser patético, tedioso e sem sentido.
Headhunters
3.9 355Headhunters quebra algumas fronteiras de aceitação e sucesso com o público e o faz muito bem com sua proposta inicial, mas infelizmente é um filme vazio que direciona ao lugar comum dos filmes que se estendem demais para tentar surpreender.
O filme tem um suspense envolvente e consegue manter um nível de ação que complementa muito bem seu desenvolvimento com cenas de ação ágeis e situações tensas de perseguição, o que até então são aspectos básicos para qualquer filme de ação funcionar e nesse caso, tudo flui muito bem. Porém, após algum tempo, tudo se torna óbvio demais, e mesmo que o filme guarde suas surpresas para o final (explicações de reviravoltas e etc.) o que seria completamente inesperado não causa tanto impacto como deveria e parece manipulador, conseguindo tirar a total atenção do espectador para o que realmente importa, e assim, mascarar suas falhas com eficiência. A estória em alguns momentos consegue surpreender, mas no geral a falta de originalidade não sustenta a falta de sentido e direção de escolhas que o filme toma.
Por mais que a tentativa de fazer um filme com uma identidade própria seja louvável, Headhunters falha por entregar apenas mais um filme derivativo, vazio e com potencial para ser esquecido rapidamente.
Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo
3.3 2,0K Assista AgoraPrince of Persia: The Sands of time é mais uma péssima adaptação que não dignifica a estória original concebida e transferida diretamente dos jogos da série para a linguagem cinematográfica.
O roteiro adaptado sofre de uma limitação de idéias indiscutível e distorce a estória original ao ponto de não fazer algum sentido lógico e principalmente estrutural. A estória segue uma linha narrativa extremamente limitada e supre sua precariedade superficial com cenas de ação que em alguns momentos até lembram a estética de movimentos que o príncipe realiza nos jogos, porém por outro lado, o filme não respeita suas origens de referências (nem a identidade do personagem é mantida com fidelidade) e transforma tudo em um show acrobático manipulador, entediante e que tenta resgatar através de uma linguagem rápida e intuitiva alguns elementos deslocados da estória que não se sobressaem como deveriam.
O filme tem seus méritos de produção e acerta em alguns aspectos técnicos, mas a falta de comprometimento em relação ao que realmente importa torna tudo artificial demais e completamente sem sentido.
O Abrigo
3.6 720 Assista AgoraTake Shelter é um filme incrível e surpreendente.
Os aspectos psicológicos requeridos em um estudo de personagem transferem para a estória uma intensidade impactante, tanto no que diz respeito a analise experimental sobre um possível distúrbio que interfere na rotina de uma família, quanto ao ímpeto incontrolável de buscar proteção em meio a uma possível e aterrorizante ameaça de destruição. Impressionante a forma como o filme expõe um comportamento paranóico/psicótico e através disso consolida um clima tenso de mistério com elementos pós-apocalípticos que entregam a tragédia de uma forma sublime e arrebatadora.
O filme ainda conta com atuações impressionantes, sobretudo de Michael Shannon que se entregou totalmente ao personagem e transmite toda sua obsessão em uma interpretação magnífica. Jessica Chastain também não decepciona e surpreende bastante pois sabe dosar toda sua delicadeza e força com uma interpretação de uma personagem que exige intensidade.
Um filme envolvente que desconstrói argumentos e idealiza uma estória magnífica envolvida em um clima de mistério articulado de uma forma atmosférica e desconcertante. Maravilhoso.
Jeff e as Armações do Destino
3.4 315 Assista AgoraJeff, Who lives at home é um filme simples e objetivo, mas em alguns momentos chega a ser decepcionante.
A proposta do filme é bem executada e o drama construído (mesmo sendo uma parte pouco explorada) ainda sim consegue cativar o espectador através de personagens divertidos e identificáveis, que conseguem dosar muito bem seus dramas particulares com um humor calculado, porém, interessante. Por outro lado, a estória decepciona por ser intencionalmente extensiva e basicamente indutiva a um clímax inesperado que não empolga ou emociona. O fato de interligar acontecimentos para assim poder transmitir uma mensagem reflexiva de superação não funcionou como deveria nesse caso.
O filme acerta por ser despretensioso em contar uma estória simples com inteligência, mas falha em tentar transmitir uma emoção que nunca é preenchida.
Atividade Paranormal 3
2.9 1,9K Assista AgoraRepetindo a mesma fórmula de seus antecessores Paranormal Activity 3 tenta inovar suas idéias e características, mas falha por ser uma sequencia ainda mais chata, entediante e esquecível.
Talvez o único mérito dessa franquia seja o suspense atmosférico carregado que por sinal é até bem conduzido entre as câmeras irregulares e trêmulas, mas por outro lado, a repetição de cenas previsíveis torna tudo cansativo demais e sucessivamente entediante. A estória continua sem pé nem cabeça com explicações superficiais que não funcionam de jeito algum, os momentos de “susto” calculados são ainda mais previsíveis e a incoerência de alguns acontecimentos ainda perdura no seu pobre desenvolvimento, o que acarreta em um comprometimento visível e problemático.
Repetição atrás de repetição resumem bem o que Paranormal Activity 3 tenta fazer, porém falha novamente em mais um filme descartável, tedioso e esquecível. Péssimo.
Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança
2.4 1,6K Assista AgoraGhost Rider: Spirit of Vengeance é simplesmente um filme péssimo, esquecível e entediante.
Começando pelo roteiro (¿Que roteiro?) que não faz o menor sentido e repete os mesmos erros da fórmula batida e genérica que não funcionava desde seu antecessor. As cenas de ação são patéticas assim como seus aspectos visuais que são extremamente artificiais em conjunto a um jogo cênico estúpido que tenta mascarar o enredo com cenas de rápida sucessão que não causam impacto algum. O filme tenta inserir em um contexto dramático barato um discurso religioso pífio, algumas cenas que recontam a origem do motoqueiro múltiplas vezes (não sei pra que exatamente) e através disso se torna bastante repetitivo e definitivamente chato.
Não existe nada que salve esse filme. Péssimo.
Amor Impossível
3.2 352 Assista AgoraSalmon Fishing in the Yemen é um bom filme, mas sinto que poderia ser melhor no desenvolvimento de algumas idéias que ficam em segundo plano.
O título traduzido para “Amor Impossível” categoriza o filme erroneamente como uma comédia romântica barata e sem propósitos, o que é um erro grave não só de tradução, mas principalmente de interpretação por parte dos tradutores brasileiros, que parecem ser eternos apaixonados e estão sempre em busca de atrair um público específico com esses títulos pífios e açucarados.
O filme consegue quebrar fronteiras do gênero e desenvolve um drama sólido que possui seus méritos transitivos em relação ao romance e ao humor britânico que é super ágil, irônico e insere na linguagem do filme um alívio cômico original e divertido. Por outro lado, as partes mais técnicas e teóricas que dizem respeito ao projeto ambicioso de introduzir a pesca do salmão no Iêmen são bem explicadas e analisadas dentro de um contexto político e burocrático bem delineado. O romance em questão é o que menos importa, pois abusa um pouco de clichês previsíveis, mas que se salvam devido a boas atuações de Emily Blunt e Ewan McGregor, que basicamente sustentam o filme junto com Kristin Scott Thomas que em um ótimo trabalho de atuação adiciona ao filme um tom divertido e descontraído.
O filme tem algumas imperfeições no que diz respeito à estória (que é meio desinteressante e esquecível), mas consegue contorná-los com um humor diferente e situações despretensiosas. Bom Filme.
A Casa dos Sonhos
3.2 1,4K Assista AgoraDream House é um filme péssimo e absolutamente previsível.
O fator originalidade não encontra espaço algum dentro dessa estória totalmente derivativa e sem emoção. Sustentado basicamente por um elenco mal-aproveitado e deslocado, o fraco teor de suspense é inatingível e em momento algum surpreende ou diferencia o filme de alguma forma plausível e interessante. Mas entre tantos aspectos negativos o que compromete mesmo é a previsibilidade do roteiro. Difícil não decifrar o mistério do filme em poucos minutos de sua exibição, pois a montagem da estória é tão mal-feita que chega a ser patético o momento principal onde uma possível reviravolta é apresentada.
Um filme descartável, fraco e mal-aproveitado. Péssimo.
Guerreiro
4.0 919 Assista AgoraWarrior é um filme emocionante, intenso e maravilhoso.
Renunciar o passado nem sempre é a melhor opção. O que pode ser viável a princípio em pouco tempo pode se tornar uma via de mão dupla que direciona a caminhos distintos e que pode ser capaz de interferir nos sentimentos mais profundos onde o sofrimento é independente. O filme indica esses caminhos através de uma estória emocionante onde a dor, o sofrimento e a culpa fazem parte do destino e lugar comum de uma família destruída pelas marcas do tempo, o abandono e, sobretudo, o desinteresse.
Entre encontros e desencontros as vidas dos personagens Tommy (Tom Hardy em uma atuação visceral e espetacular), Brendan (Joel Edgerton conseguindo transpor em uma atuação magnífica todo sofrimento e dor do personagem) e Paddy (Nick Nolte simplesmente brilhante) se cruzam, mas não por uma simples armadilha do destino, o que realmente “reata” os laços familiares é a busca por um ideal compartilhado, que interage e adiciona um motivo de reaproximação que não encontra meios para funcionar além da frieza emocional e as cicatrizes marcadas de um passado que nunca é esquecido ou perdoado.
A violência conduz os momentos mais intensos do filme e é bastante difícil não se conectar com as situações propostas. O foco principal da narrativa em tornar uma disputa calculada em um reencontro dolorido e marcado torna tudo extremamente emocionante e com uma intensidade fora do comum. O embate maior não se reduz apenas a violência física, mas sim ao que diz respeito ao perdão e o ato de se entregar inteiramente a redenção, e por fim, seguir um caminho onde a brutalidade da vida e todo seu sofrimento se tornem indefinidos e a busca pelos desejos de poder seja substituída pela compaixão e a proteção mútua.
Um filme visceral e emocionante, que com toda sua brutalidade e fragilidade é capaz de emocionar e interagir com o espectador de uma forma repentina e arrebatadora. Filme Maravilhoso.
Movimento Browniano
2.4 111Movimento Browniano é um filme péssimo, pretensioso e completamente sem propósitos.
O apelo sexual que o filme possui de certa forma é justificado, porém as lacunas e espaços que o filme deixa em aberto são motivos suficientes para desconectar o espectador e tirar o foco narrativo de ligação com a estória, que tenta induzir a uma reflexão involuntária, mas falha na introdução dos personagens, suas culpas e dramas inconstantes.
O ritmo lento empregado em longas sequências silenciosas (que abusa de planos abertos em uma fotografia minimalista) torna tudo cansativo demais e não complementa o enredo positivamente, o que acarreta em um comprometimento desanimador. De alguma forma o filme ainda tenta levantar questões filosóficas, poéticas e até psicológicas, mas falha por ser superficial demais e vazio em seus conceitos fracassados.
Classificar Movimento Browniano é uma tarefa um pouco árdua, pois o filme em vários momentos demonstra ser um experimento que não deu certo e uma obra incompleta cheia de falhas e incoerência. Filme Péssimo.
Doce Vingança
3.4 2,4K Assista AgoraI Spit On Your Grave é uma boa refilmagem e por incrível que pareça, consegue ser melhor que o original em vários aspectos, mas em outros nem tanto.
As referências ao filme de 79 são específicas em pequenos detalhes estruturais da estória, que continua basicamente a mesma, mas conta com apenas algumas diferenças importantes. Começando pela estética gore que é muito melhor produzida e aplicada nesse filme do que no outro, os momentos de tensão convencem e a esperada vingança é infinitamente mais elaborada e torturante. Por outro lado, a escolha da protagonista foi uma falha comprometedora. Ela não consegue sustentar o instinto vingativo da personagem, por ser frágil demais e pouco experiente, sua interpretação é fraca e pouco aproveitada.
Comparações óbvias a parte, I Spit On Your Grave consegue melhorar os aspectos falhos do filme em que foi inspirado, mas ainda sim não é um filme definitivo para se tornar marcante.
Cidadão Kane
4.3 991 Assista AgoraCidadão Kane é um dos grandes clássico do cinema. Uma verdadeira obra-prima.
O filme apresenta de diferentes formas o status de personalidade social e política do personagem fictício Charles Kane, e exemplifica através de sua estória suas motivações, conquistas e os bastidores de sua vida conturbada. A personalidade visionária de Kane que precisou assumir uma grande responsabilidade ainda muito cedo é cheia de contornos e camadas de ascensão em sua vida social e política, o que engrandece a idealização de seu império e construção de uma imagem como um homem idealista capaz de suprir as necessidades dos fracos e oprimidos.
Mas como toda grande responsabilidade tem seus prós e contras o filme não deixa de expor o lado mais humano e solitário de Kane e, sobretudo, sua personalidade egoísta e egocêntrica que o prejudicou de diversas formas em seus relacionamentos. O que acarreta em consequências que mudam drasticamente o estilo de vida de um homem que até então se mostrava forte e governante, mas em um momento decisivo sua fragilidade é exposta e o que lhe resta é a solidão por suas escolhas.
Um filme belo, emocionante e reflexivo, que mostra a ascensão, o declínio e a queda de uma figura imponente com bastante sinceridade e sutileza.
Mad Max
3.6 724 Assista AgoraMad Max é um ótimo filme e, sobretudo, uma boa introdução para o universo da franquia.
O clima futurista mesclado ao universo violento subentendido rende bons momentos e cenas de ação inspiradas. O sistema policial que age de uma forma agressiva em relação aos delinquentes evidencia um modelo de sociedade opressivo (pouco explorado, por sinal) onde a violência é predominante, e o filme faz questão de expor esse tipo de agressividade de uma forma séria, mas que encontra meios diversificados para entreter entre cenas de perseguição, manobras ousadas e exposição das turbinas e motores potentes.
Mesmo sendo um pouco previsível e com uma reviravolta meio boba e sem emoção Mad Max ainda sim consegue ser um ótimo filme, com seu estilo próprio e ótimas cenas de ação.
Deus Abençoe a América
4.0 799God Bless America é um ótimo filme. Diferente e original.
Um filme que faz uma crítica ácida ao sistema social americano e toda sua superficialidade através de uma forma agressiva de “protesto” limitada, mas que dentro das propostas do filme funcionam muito bem. Além disso, o filme exercita um discurso crítico em relação à sociedade em geral que “engole” tudo que as diferentes formas de mídia oferecem e aborda temas que vão da saturação televisiva de reality shows desnecessários, a discursos políticos agressivos que distorcem e afrontam o senso social moralista.
Mas nem por isso o filme é perfeito. As situações são bastante inverossímeis, o tom irônico depressivo não funciona corretamente e a agressividade é uma característica banalizada que fortalece as motivações do protagonista como desculpa pelo fracasso.
Por fim, God Bless America consegue sobrepor seus problemas com um tom crítico que é relevante para a sociedade atual. Ótimo Filme.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraDogville é um filme incrível, intenso e revelador.
Uma verdadeira obra experimental da sétima arte que revela diferentes comportamentos do ser humano e exemplifica através de uma situação perturbadora a ganância, egoísmo e hipocrisia que cercam os arredores da cidade de Dogville. O estilo “teatro filmado” reproduz uma linguagem intimista e visualmente esclarecedora, que transmite com intensidade a dinâmica de interpretação dos envolvidos. A estória é simples, despretensiosa e um pouco cansativa, mas analisa e se desenvolve em um caminho onde o sofrimento passivo é reconhecido e substituído pelo poder e a arrogância.
Um filme artístico que reproduz brilhantemente os sentimentos mais corruptíveis e sórdidos do ser humano. Filme Maravilhoso.
A Garota da Capa Vermelha
3.0 2,5K Assista AgoraRed Riding Hood é um filme péssimo, descartável e entediante.
Começando pela estória que tenta resgatar o conto infantil do Chapeuzinho Vermelho através de uma linguagem clássica e juvenil, mas a inspiração adaptativa é falha e não consegue sustentar suas falhas grotescas. O filme tenta imprimir características sombrias dentro da estória que não funcionam propriamente e parecem demasiadamente artificiais. Apenas o visual gélido mesclado a cor vermelha destacada em certos momentos consegue transpor a barreira visual limitada da arte desprovida de inspiração.
Os protagonistas são meramente superficiais e ninguém é devidamente aproveitado. A personagem mais importante (Amanda Seyfried não é nada convincente) é quase muda e desaproveitada entre um pseudo triangulo amoroso melodramático que não chega a lugar algum.
O filme falha em querer adaptar uma estória conhecida dentro de padrões superficiais e se perde diante de tamanha previsibilidade e falta de empatia. Péssimo Filme.
Chinatown
4.1 636 Assista AgoraChinatown é um excelente filme. Um clássico noir estiloso, surpreendente e maravilhoso.
O frio jogo investigativo cheio de mistérios é brilhantemente conduzido entre pistas e dúvidas que pairam no ar, evidenciando um enredo arriscado, que expõe com clareza os fatos e surpreende pela reviravolta emocionante e, sobretudo inesperada. O clima quente e opressivo de Los Angeles do final anos 30 é extremamente bem retratado e a cidade é tão opressiva quanto os próprios envolvidos no jogo investigativo, fazendo um contraponto entre a corrupção e o instinto de justiça, visto através de olhos corruptos, capaz de envolver e enfatizar todas as camadas emblemáticas do roteiro.
Um filme brilhante, clássico e uma verdadeira obra-prima do cinema. Maravilhoso.
Fausto
3.4 220 Assista AgoraFaust busca retratar com uma visão livre adaptativa a estória de Goethe e rebusca elementos da obra original através de uma marca autoral intensa e reveladora.
Diferentes faces e camadas de realidade constroem as características do filme. O onírico e o ilusório entre o encontro do real e o imaginário incorporados a uma fotografia suja e sombria, que é tão densa quanto à própria personalidade de Fausto, que na tentativa falha de preencher seu vazio condicional busca motivos e questiona a existência da alma entre a visceralidade e as razões da morte. O que lhe resta é aceitar a mortalidade do ser e se entregar aos desejos carnais sem medir as consequências, evidenciando o estudo comportamental dos personagens através de uma linguagem metafórica que se funde aos sentimentos de angústia e prazer ambíguos.
Difícil definir em palavras o grau de experiência que esse filme proporciona. Faust É um filme único e devidamente complexo. Excelente.
A Mentira
3.6 2,2K Assista AgoraEasy A é um ótimo filme. Uma comédia leve, divertida e cativante.
O modo como a estória é desenvolvida e o roteiro inteligente são o que diferenciam esse filme de tantos outros do mesmo gênero. O uso de referências a cultura pop, comédias românticas dos anos 80 e até uma estória clássica da literatura consolidam o tom diferente e divertido que o filme possui. O filme ainda consegue através de uma temática atual passar uma mensagem sobre aceitação, respeito e as consequências que a mentira pode causar. A falta de controle da situação é o ponto mais interessante do filme e as situações são hilárias.
Emma Stone está muito bem no papel de Olive a garota que era mal notada e da noite pro dia se torna a mais popular com uma reputação digamos, duvidosa a seu respeito.
Mesmo sendo previsível e pouco original Easy A ainda sim consegue se destacar e contornar seus pequenos problemas de uma forma inteligente e divertida. Ótimo Filme.
Mary e Max: Uma Amizade Diferente
4.5 2,4KMary and Max é um filme lindo, estranho e adorável. Uma pequena obra de destaque entre os filmes de animação.
O estilo artístico diferente e sofisticado misturados a uma emocionante estória sobre a amizade e a solidão se complementam e dão forma a um filme inspirador e divertido. O fator emocional e a dedicação da amizade entre Mary Max rendem momentos simples, mas de pura emoção. A dedicação e escolhas do diretor em se focar em temas pesados como a depressão, o maltrato, a solidão e distúrbios psicológicos variados fazem o filme alcançar um patamar que busca em sua linguagem madura um público quase específico, o que definitivamente não pode ser julgado como um fator negativo, pois o filme expõe os problemas com sensibilidade o suficiente para agradar qualquer pessoa, de qualquer idade e a sua dinâmica e sutilidade tornam a experiência reflexiva e altamente inspiradora.
O diferencial de Mary and Max é sua essência especial e densidade psicológica, fatores únicos que o destacam como uma obra de grande importância para os filmes de animação da atualidade. Um filme brilhante e divertido, com sinceridade e emoção. Excelente.
Obrigado por Fumar
3.9 797 Assista AgoraThank You For Smoking é um filme excelente e original com uma ótima idéia e um discurso argumentativo genial.
Com uma sátira inteligente e ambígua sobre o consumo do cigarro e uma visão crítica sobre a hipocrisia do governo em relação aos fumantes, a indústria do tabaco e os efeitos da mídia no relacionamento político-social. Além disso, o filme exercita o ato de argumentação com clareza e expõe com inteligência a arte de dialogar com coerência e flexibilidade. A capacidade argumentativa é o que compõe a direção afiada do filme, fazendo com que o debate lógico entre os envolvidos desconstrua o tema do moralismo apático social induzindo a uma experiência gratificante ao espectador.
Um filme inteligente e definitivamente desconstrutor. Excelente.