Sou grande fã de Donald Glover, um artista multitalentoso que, quando inspirado, consegue entregar algo impactante. No caso da série Sr. & Sra. Smith, temos aqui uma dramédia de ação muito bem produzida, e só. Uma farofa superior ao filme com Angelina Jolie e Brad Pitt. Recomendado para maratonar ao lado do companheiro ou da companheira, num final de semana preguiçoso. Glover tem todo o direito de apenas se divertir em seus projetos, ainda mais quando ele tem poder de decisão. Mas, como órfão de Atlanta, aguardo uma nova obra que mostre todo o seu potencial.
Produção nacional competente, com pegada hollywoodiana, mas selo de qualidade brasileiro/nordestino/cearense. Mesmo com certa falta de coesão, uma barriga lá pelo meio da história e algumas soluções de roteiro pra lá de convenientes, a trama é dinâmica e instigante. E os melhores personagens são bem desenvolvidos. Não romantiza o cangaço nem a vida criminosa. Tudo é muito próximo aos casos de assaltos reais e o contexto regional que inspiraram a série. Os realizadores acertaram ao optar pela crítica social em tons de cinza do que por um caminho mais sinistro e cínico de um Bons Companheiros, de Scorsese, por exemplo.
A 3ª temporada de Slow Horses está afiadíssima como nunca. Depois de uma ótima 1ª temporada, que nos aprensentou a um mundo da espionagem mais realista, e de uma 2ª temporada boa mas convoluta, temos no terceiro ano uma trama mais simples, intensa e coesa. A dinâmica entre os personagens faz a história avançar de maneira consistente, com reviravoltas que causam consequências reais. É a temporada mais imprevisível e sombria da série. A cereja do bolo são os diálogos no seu melhor, que vão do sarcasmo mais infame à fina ironia. Em 2024, vem aí a 4ª temporada, e a 5ª já foi confirmada.
Uma das experiências mais incríveis de 2023 foi maratonar as três temporadas dessa dramédia revolucionária. Ora se tira muito sarro, ora se aborda com muita sensibilidade temas caros aos povos indígenas nos EUA, como decolonialismo, pobreza e orgulhoso ancestral. Com diálogos afiados, personagens cativantes e muito afeto, chegamos ao fim da série com uma perspectiva renovada.
A segunda temporada conseguiu a façanha de superar a primeira. Roteiros mais inspirados, melhor desenvolvimento de personagens secundários, maior protagonismo de Sydney e participações especiais de grandes atores. O caos afetivo e profissional de Carmy ganha novas camadas. E o amor pela gastronomia e pela cidade de Chicago continua mais vivo do que nunca.
Nunca tinha jogado o game, mas sabia de sua existência, de sua importância. O que me fisgou foram os trailers, as pessoas envolvidas, o valor de produção. A HBO prometeu e entregou a primeira grande série de 2023. Intensa e brutal, mas com momentos afetuosos marcantes, temos aqui um universo que pega o tema batido do pós-apocalipse zumbi e traz uma abordagem revigorante.
Essa adaptação fez justiça à obra do mestre do suspense Naoki Urasawa. A fidelidade não engessou o anime. Pelo contrário, proporcionou uma outra experiência sensorial. O silêncio das páginas em preto e branco do mangá deu lugar às cores e sons de uma animação deslumbrante. A melancolia dos personagens continua presente. Afinal, o que é ser humano?
Gêmeas – Mórbida Semelhança (Dead Ringers) é uma série baseada no filme de Cronenberg. O que parecia ser uma péssima ideia se mostrou uma grata surpresa. Uma produção que quebra estereótipos e expectativas sobre a condição feminina. Mulheres fora da curva em luta contra um patriarcado brutal. Mesmo que suas batalhas tomem rumos pra lá de questionáveis. Rachel Weisz tem o papel (duplo) de sua vida como as irmãs Mentle. Os diálogos são afiadíssimos. E a montagem arrojada eleva o poder e o suspense da narrativa. Mas infelizmente nem todo o potencial da série é aproveitado. O desenvolvimento de personagens relevantes fica pelo caminho. E subtramas importantes foram mal resolvidas. Além do final apressado e inverossímil. De qualquer maneira, Dead Ringers é uma série impactante que merece ser vista.
As duas primeiras temporadas de Atlanta são brilhantes. Donald Glover e sua galera souberam criar uma série impactante sobre o que é ser negro nos EUA. Temas relevantes e difíceis são levantados, mas sempre de maneira criativa e inesperada, criando assim a marca registrada da série: o surreal, o bizarro que toma conta da narrativa, nos pega de surpresa e escancara a questão social ou existencial numa abordagem única. E o conceito da série é aprimorado pela sofisticação da produção de cada episódio. Roteiro, atuações, fotografia, montagem, direção de arte, trilha sonora, tudo contribui para que Atlanta se torne um marco da televisão, no mesmo patamar de outras grandes obras (Sopranos, Mad Men, Succession, Twin Peaks).
O problema é que Atlanta sofreu algo parecido com os rumos de Westworld, uma série que mostrou algo novo, fez sucesso, criou expectativa, mas acabou caindo de qualidade. O caso de Westworld é mais decepcionante. No final das contas, as temporadas 3 e 4 de Atlanta são bem irregulares, só que ainda apresentam momentos de excelência. O último episódio da série é mais do que digno. Valoriza o que Atlanta teve de melhor em sua perspectiva de mundo maluca, autoconsciente e melancólica.
Treta (Beef), na Netflix, é uma série esquisita. E foi por isso que gostei tanto. Teve uma grande repercussão pela combinação bastante acertada entre comédia nonsense e drama sombrio. Vemos aqui um elenco majoriatamente asiático tirando sarro e subvertendo estereótipos. Steven Yeun e Ali Wong interprertam protagonistas antipáticos, mas tridimensionais. Além de termos outros personagens igualmente bizarros e humanos. O showrunner, Lee Sung Jin, soube dar uma estética comteporânea e cinematográfica (afinal, é uma produção da A24) a essa série que já fez história.
Reinventar-se não é o problema, e sim não executar bem essa mudança. Apenas os episódios Loch Henry e Beyond The Sea me causaram algum impacto. Produção de primeira, só que, no geral, os roteiros e as atuações ficaram devendo.
Chega ao fim uma das melhores séries de todos os tempos. Sem exagero. A saga da infame família Roy termina com um gosto amargo para a maioria dos personagens. Mesmo vencendo, muitos saem de cena com uma sensação de derrota. Avassaladora para uns, mais assimilável para outros. No final, o grande vencedor foi o capitalismo e o maior perdedor foi o povo, as pessoas “comuns”. Afinal, a série é um ácido espelho do mundo real, no qual a vida de bilhões de consumidores/cidadãos/eleitores fica à mercê das vaidades, caprichos e interesses de alguns poucos magnatas, de algumas poucas famílias.
O fascinante em acompanhar Succession é que o criador da série, Jesse Armstrong, não leva essa gente rica a sério, mas sabe muito bem os danos que elas podem causar. Além disso, temos uma produção impecável, com todos os elementos convergindo para entregar ao espectador uma sátira ou dramédia de alto nível.
O grande trunfo aqui são seus personagens. Roteiro, fotografia, montagem, trilha sonora, tudo faz com que as atuações se tornem ainda mais marcantes, em suas sutilezas e brutalidades.
Em Succession, mais do que glamurosos, os ricos são patéticos em seus excessos, sem escrúpulos, imaturos, malignos e ainda assim muito humanos. São pessoas desprezíveis enfrentando dramas reais. Você não torce por ninguém (ou não deveria). Só quer ver o circo pegar fogo nessa mistura de um The Office dos endinheirados com um Game of Thrones corporativo.
A aguardada 3a temporada de Atlanta ainda mantém o surrealismo e a crítica social afiadissima. Mas fica devendo para as temporadas anterior em termos de coesão narrativa e desenvolvimento de personagens. Mesmo assim, há episodios que são curtas-metragens brilhantes.
A série Small Axe (2020) é um épico sobre algo pouquíssimo mostrado nas telas: o brutal racismo estrutural na Inglaterra. No caso, temos foco aqui nos anos 1960 a 1980. Época de muita repressão policial, tirania do sistema judiciário e negligência do sistema educacional.
O estado britânico fazia de tudo para que crianças, jovens, mulheres e homens negros, nascidos no país ou oriundos das chamadas Índias Ocidentais, atualmente o Caribe, não prosperassem em nenhum aspecto de suas vidas, fossem como estudantes, universitários, trabalhadores ou donos de negócios.
Por isso, organizar-se politicamente e fortelecer os laços na comunidade se tornaram fundamentais. E assim gerava-se mais conflito simbólico e material, e mais repressão.
São cinco episódios em formato de antologia, com histórias independentes, algumas baseadas em eventos e personagens reais.
O grande nome por trás da série é Steve McQueen, diretor do oscarizado 12 Anos de Escravidão. É patente como ele conhece muito bem, seja por experIência pessoal ou por pesquisa, todo o material retratado.
Small Axe não é "apenas" uma obra de denúncia. É também um momento de celebração. Uma experiência cinematográfica madura e inventiva, rica em detalhes e cheia de nuances. Acompanhamos o encontro vibrante de culturas caribenhas, com todas as suas cores, expressões, sons, costumes, ideias, desejos e sonhos.
O que torna Slow Horses cativante é a mistura equilibradíssima entre humor sombrio e intriga política. A série mostra o mundo da espionagem como um ambiente perigoso, mas também cheio de burocracia, incompetência, arrivismo e traições. 30% James Bond e 70% Le Carré, Slow Horses nos consquista pelos diálogos afiados e boas reviravoltas.
Severance é a grande surpresa do ano. Série com roteiro envolvente e perturbador que impacta ainda mais pelo incrível apuro da produção, na direção de arte, fotografia, montagem, trilha sonora, efeitos visuais e sonoros. Seja como oprimidos ou opressores, os personagens nos transmitem todo o absurdo desse pesadelo corporativo.
A 1ª temporada, passada no Havaí, tinha acertado em cheio em sua sátira à gente rica, alienada e com egos frágeis, falando-se principalmente sobre decolonização. Na 2ª temporada dessa antologia afiadíssima, vamos para a Sicília. Acompanhamos um novo grupo de hóspedes da franquia de hotéis de luxo. Agora o sexo é parte fundamental nas dinâmicas de poder.
A 3ª temporada dessa antologia de curtas, baseada em contos de grandes autores de ficção científica, possivelmente é a melhor já lançada. Formam um conjunto mais sólido de histórias cativantes que utilizam técnicas de animação bastante criativas e até mesmo deslumbrantes.
The Wire foi uma série policial que marcou época por ir na raiz dos problemas que geram a criminalidade. Na nova série, o showrunner David Simon fala novamente sobre o crime na cidade de Baltimore. Desta vez, o foco é a corrupção policial. Um retrato realista e brutal da hipócrita e racista guerra às drogas.
Fiquei chocado com a qualidade dessa série. Andor tem a ambição de contar uma história acima da média com personagens ambíguos, soluções de roteiro corajosas e uma atmosfera cheia de tensão. Finalmente podemos ver todo o potencial narrativo do vasto universo de Star Wars.
No centro do drama, há a crise do homi cis hétero branco. Na verdade, mostra as rachaduras emocionais e existenciais desse centro de poder. A série pega esse ponto de partida, numa mistura de clichê com uma fragilidade honesta, e transforma em algo humano, nos momentos de calmaria e de tempestade. Engaja o espectador principalmente pelos personagens tridimensionais. E que trilha sonora! O Urso é uma das melhores surpresas do ano.
Odokawa é um protagonista super carismático, mesmo sendo tão rabugento. E que episódio final! Gostei do final em aberto da série. Achei mais instigante do que o final do "filme".
Sr. e Sra. Smith (1ª Temporada)
3.7 75 Assista AgoraSou grande fã de Donald Glover, um artista multitalentoso que, quando inspirado, consegue entregar algo impactante. No caso da série Sr. & Sra. Smith, temos aqui uma dramédia de ação muito bem produzida, e só. Uma farofa superior ao filme com Angelina Jolie e Brad Pitt. Recomendado para maratonar ao lado do companheiro ou da companheira, num final de semana preguiçoso. Glover tem todo o direito de apenas se divertir em seus projetos, ainda mais quando ele tem poder de decisão. Mas, como órfão de Atlanta, aguardo uma nova obra que mostre todo o seu potencial.
Cangaço Novo (1ª Temporada)
4.4 208 Assista AgoraProdução nacional competente, com pegada hollywoodiana, mas selo de qualidade brasileiro/nordestino/cearense. Mesmo com certa falta de coesão, uma barriga lá pelo meio da história e algumas soluções de roteiro pra lá de convenientes, a trama é dinâmica e instigante. E os melhores personagens são bem desenvolvidos. Não romantiza o cangaço nem a vida criminosa. Tudo é muito próximo aos casos de assaltos reais e o contexto regional que inspiraram a série. Os realizadores acertaram ao optar pela crítica social em tons de cinza do que por um caminho mais sinistro e cínico de um Bons Companheiros, de Scorsese, por exemplo.
Slow Horses (3ª Temporada)
4.1 4 Assista AgoraA 3ª temporada de Slow Horses está afiadíssima como nunca. Depois de uma ótima 1ª temporada, que nos aprensentou a um mundo da espionagem mais realista, e de uma 2ª temporada boa mas convoluta, temos no terceiro ano uma trama mais simples, intensa e coesa. A dinâmica entre os personagens faz a história avançar de maneira consistente, com reviravoltas que causam consequências reais. É a temporada mais imprevisível e sombria da série. A cereja do bolo são os diálogos no seu melhor, que vão do sarcasmo mais infame à fina ironia. Em 2024, vem aí a 4ª temporada, e a 5ª já foi confirmada.
Reservation Dogs (3ª Temporada)
4.3 7Uma das experiências mais incríveis de 2023 foi maratonar as três temporadas dessa dramédia revolucionária. Ora se tira muito sarro, ora se aborda com muita sensibilidade temas caros aos povos indígenas nos EUA, como decolonialismo, pobreza e orgulhoso ancestral. Com diálogos afiados, personagens cativantes e muito afeto, chegamos ao fim da série com uma perspectiva renovada.
O Urso (2ª Temporada)
4.5 236A segunda temporada conseguiu a façanha de superar a primeira. Roteiros mais inspirados, melhor desenvolvimento de personagens secundários, maior protagonismo de Sydney e participações especiais de grandes atores. O caos afetivo e profissional de Carmy ganha novas camadas. E o amor pela gastronomia e pela cidade de Chicago continua mais vivo do que nunca.
The Last of Us (1ª Temporada)
4.4 1,2K Assista AgoraNunca tinha jogado o game, mas sabia de sua existência, de sua importância. O que me fisgou foram os trailers, as pessoas envolvidas, o valor de produção. A HBO prometeu e entregou a primeira grande série de 2023. Intensa e brutal, mas com momentos afetuosos marcantes, temos aqui um universo que pega o tema batido do pós-apocalipse zumbi e traz uma abordagem revigorante.
Pluto (1ª Temporada)
4.2 42Essa adaptação fez justiça à obra do mestre do suspense Naoki Urasawa. A fidelidade não engessou o anime. Pelo contrário, proporcionou uma outra experiência sensorial. O silêncio das páginas em preto e branco do mangá deu lugar às cores e sons de uma animação deslumbrante. A melancolia dos personagens continua presente. Afinal, o que é ser humano?
Planeta dos Abutres (1ª Temporada)
4.4 46 Assista AgoraCriação de mundo incrível. Personagens instigantes. Belíssima trilha sonora.
Gêmeas: Mórbida Semelhança
3.5 42 Assista AgoraGêmeas – Mórbida Semelhança (Dead Ringers) é uma série baseada no filme de Cronenberg. O que parecia ser uma péssima ideia se mostrou uma grata surpresa. Uma produção que quebra estereótipos e expectativas sobre a condição feminina. Mulheres fora da curva em luta contra um patriarcado brutal. Mesmo que suas batalhas tomem rumos pra lá de questionáveis. Rachel Weisz tem o papel (duplo) de sua vida como as irmãs Mentle. Os diálogos são afiadíssimos. E a montagem arrojada eleva o poder e o suspense da narrativa. Mas infelizmente nem todo o potencial da série é aproveitado. O desenvolvimento de personagens relevantes fica pelo caminho. E subtramas importantes foram mal resolvidas. Além do final apressado e inverossímil. De qualquer maneira, Dead Ringers é uma série impactante que merece ser vista.
Atlanta (4ª Temporada)
4.4 53 Assista AgoraAs duas primeiras temporadas de Atlanta são brilhantes. Donald Glover e sua galera souberam criar uma série impactante sobre o que é ser negro nos EUA. Temas relevantes e difíceis são levantados, mas sempre de maneira criativa e inesperada, criando assim a marca registrada da série: o surreal, o bizarro que toma conta da narrativa, nos pega de surpresa e escancara a questão social ou existencial numa abordagem única. E o conceito da série é aprimorado pela sofisticação da produção de cada episódio. Roteiro, atuações, fotografia, montagem, direção de arte, trilha sonora, tudo contribui para que Atlanta se torne um marco da televisão, no mesmo patamar de outras grandes obras (Sopranos, Mad Men, Succession, Twin Peaks).
O problema é que Atlanta sofreu algo parecido com os rumos de Westworld, uma série que mostrou algo novo, fez sucesso, criou expectativa, mas acabou caindo de qualidade. O caso de Westworld é mais decepcionante. No final das contas, as temporadas 3 e 4 de Atlanta são bem irregulares, só que ainda apresentam momentos de excelência. O último episódio da série é mais do que digno. Valoriza o que Atlanta teve de melhor em sua perspectiva de mundo maluca, autoconsciente e melancólica.
Treta
4.1 313 Assista AgoraTreta (Beef), na Netflix, é uma série esquisita. E foi por isso que gostei tanto. Teve uma grande repercussão pela combinação bastante acertada entre comédia nonsense e drama sombrio. Vemos aqui um elenco majoriatamente asiático tirando sarro e subvertendo estereótipos. Steven Yeun e Ali Wong interprertam protagonistas antipáticos, mas tridimensionais. Além de termos outros personagens igualmente bizarros e humanos. O showrunner, Lee Sung Jin, soube dar uma estética comteporânea e cinematográfica (afinal, é uma produção da A24) a essa série que já fez história.
Black Mirror (6ª Temporada)
3.3 602Reinventar-se não é o problema, e sim não executar bem essa mudança. Apenas os episódios Loch Henry e Beyond The Sea me causaram algum impacto. Produção de primeira, só que, no geral, os roteiros e as atuações ficaram devendo.
Black Mirror (5ª Temporada)
3.2 959O primeiro episódio é bom. O segundo tem um potencial desperdiçado. E o terceiro é constrangedor; o pior episódio de Black Mirror ever.
Succession (4ª Temporada)
4.5 219 Assista AgoraChega ao fim uma das melhores séries de todos os tempos. Sem exagero. A saga da infame família Roy termina com um gosto amargo para a maioria dos personagens. Mesmo vencendo, muitos saem de cena com uma sensação de derrota. Avassaladora para uns, mais assimilável para outros. No final, o grande vencedor foi o capitalismo e o maior perdedor foi o povo, as pessoas “comuns”. Afinal, a série é um ácido espelho do mundo real, no qual a vida de bilhões de consumidores/cidadãos/eleitores fica à mercê das vaidades, caprichos e interesses de alguns poucos magnatas, de algumas poucas famílias.
O fascinante em acompanhar Succession é que o criador da série, Jesse Armstrong, não leva essa gente rica a sério, mas sabe muito bem os danos que elas podem causar. Além disso, temos uma produção impecável, com todos os elementos convergindo para entregar ao espectador uma sátira ou dramédia de alto nível.
O grande trunfo aqui são seus personagens. Roteiro, fotografia, montagem, trilha sonora, tudo faz com que as atuações se tornem ainda mais marcantes, em suas sutilezas e brutalidades.
Em Succession, mais do que glamurosos, os ricos são patéticos em seus excessos, sem escrúpulos, imaturos, malignos e ainda assim muito humanos. São pessoas desprezíveis enfrentando dramas reais. Você não torce por ninguém (ou não deveria). Só quer ver o circo pegar fogo nessa mistura de um The Office dos endinheirados com um Game of Thrones corporativo.
Atlanta (3ª Temporada)
4.4 84A aguardada 3a temporada de Atlanta ainda mantém o surrealismo e a crítica social afiadissima. Mas fica devendo para as temporadas anterior em termos de coesão narrativa e desenvolvimento de personagens. Mesmo assim, há episodios que são curtas-metragens brilhantes.
Small Axe
4.5 9A série Small Axe (2020) é um épico sobre algo pouquíssimo mostrado nas telas: o brutal racismo estrutural na Inglaterra. No caso, temos foco aqui nos anos 1960 a 1980. Época de muita repressão policial, tirania do sistema judiciário e negligência do sistema educacional.
O estado britânico fazia de tudo para que crianças, jovens, mulheres e homens negros, nascidos no país ou oriundos das chamadas Índias Ocidentais, atualmente o Caribe, não prosperassem em nenhum aspecto de suas vidas, fossem como estudantes, universitários, trabalhadores ou donos de negócios.
Por isso, organizar-se politicamente e fortelecer os laços na comunidade se tornaram fundamentais. E assim gerava-se mais conflito simbólico e material, e mais repressão.
São cinco episódios em formato de antologia, com histórias independentes, algumas baseadas em eventos e personagens reais.
O grande nome por trás da série é Steve McQueen, diretor do oscarizado 12 Anos de Escravidão. É patente como ele conhece muito bem, seja por experIência pessoal ou por pesquisa, todo o material retratado.
Small Axe não é "apenas" uma obra de denúncia. É também um momento de celebração. Uma experiência cinematográfica madura e inventiva, rica em detalhes e cheia de nuances. Acompanhamos o encontro vibrante de culturas caribenhas, com todas as suas cores, expressões, sons, costumes, ideias, desejos e sonhos.
Slow Horses (2ª Temporada)
4.0 7O que torna Slow Horses cativante é a mistura equilibradíssima entre humor sombrio e intriga política. A série mostra o mundo da espionagem como um ambiente perigoso, mas também cheio de burocracia, incompetência, arrivismo e traições. 30% James Bond e 70% Le Carré, Slow Horses nos consquista pelos diálogos afiados e boas reviravoltas.
Ruptura (1ª Temporada)
4.5 750 Assista AgoraSeverance é a grande surpresa do ano. Série com roteiro envolvente e perturbador que impacta ainda mais pelo incrível apuro da produção, na direção de arte, fotografia, montagem, trilha sonora, efeitos visuais e sonoros. Seja como oprimidos ou opressores, os personagens nos transmitem todo o absurdo desse pesadelo corporativo.
The White Lotus (2ª Temporada)
4.2 343 Assista AgoraA 1ª temporada, passada no Havaí, tinha acertado em cheio em sua sátira à gente rica, alienada e com egos frágeis, falando-se principalmente sobre decolonização. Na 2ª temporada dessa antologia afiadíssima, vamos para a Sicília. Acompanhamos um novo grupo de hóspedes da franquia de hotéis de luxo. Agora o sexo é parte fundamental nas dinâmicas de poder.
Amor, Morte e Robôs (Volume 3)
4.1 344 Assista AgoraA 3ª temporada dessa antologia de curtas, baseada em contos de grandes autores de ficção científica, possivelmente é a melhor já lançada. Formam um conjunto mais sólido de histórias cativantes que utilizam técnicas de animação bastante criativas e até mesmo deslumbrantes.
A Cidade É Nossa
4.0 26 Assista AgoraThe Wire foi uma série policial que marcou época por ir na raiz dos problemas que geram a criminalidade. Na nova série, o showrunner David Simon fala novamente sobre o crime na cidade de Baltimore. Desta vez, o foco é a corrupção policial. Um retrato realista e brutal da hipócrita e racista guerra às drogas.
Andor (1ª Temporada)
4.2 175 Assista AgoraFiquei chocado com a qualidade dessa série. Andor tem a ambição de contar uma história acima da média com personagens ambíguos, soluções de roteiro corajosas e uma atmosfera cheia de tensão. Finalmente podemos ver todo o potencial narrativo do vasto universo de Star Wars.
O Urso (1ª Temporada)
4.3 412 Assista AgoraNo centro do drama, há a crise do homi cis hétero branco. Na verdade, mostra as rachaduras emocionais e existenciais desse centro de poder. A série pega esse ponto de partida, numa mistura de clichê com uma fragilidade honesta, e transforma em algo humano, nos momentos de calmaria e de tempestade. Engaja o espectador principalmente pelos personagens tridimensionais. E que trilha sonora! O Urso é uma das melhores surpresas do ano.
Odd Taxi
4.4 18Odokawa é um protagonista super carismático, mesmo sendo tão rabugento. E que episódio final! Gostei do final em aberto da série. Achei mais instigante do que o final do "filme".