A série sensação de 2016 foi uma surpresa que ninguém tinha previsto. Depois do lançamento na Netflix, o boca-a-boca incendiou a internet. Os criadores, os irmãos Duffer, fizeram direitinho o dever de casa. É uma nostalgia da cultura pop dos anos 80 que eles não vivenciaram, por serem mais novos, mas que convence. A trilha sonora original é ótima, lembrando as de John Carpenter, assim como as músicas de artistas da época. Destaque também para os efeitos sonoros e a edição de som. Há problemas de roteiro, o horror não assusta tanto, porém o mistério estimula a gente a ir logo para o episódio seguinte. E os personagens mirins arrasam. É uma produção que tem o passado como conteúdo, mas que, em termos de formato, mostra os novos rumos da "TV".
Apesar das incertezas do público e da própria HBO antes do lançamento, Westworld se tornou a melhor série do ano. A produção foi interrompida, a data de estreia adiada. Geralmente, atrasos são sinônimos de problemas. Mas, agora sabemos, a pausa serviu principalmente para melhorar o conceito da série. Os criadores Lisa Joy e Jonathan Nolan conseguiram superar expectativas. Westworld é o ápice da TV, em termos de produção e proposta. E mostra que a HBO não está morta, mesmo com a perda de espaço para serviços de streaming como a Netflix. E que o formato do episódio semanal ainda funciona, criando um buzz potente.
Os criadores da série conseguiram tirar leite de pedra de uma premissa muito básica (a interação de humanos e robôs num parque temático do velho oeste no futuro). As possibilidades narrativas eram inúmeras. Ao invés de se perder, o casal Joy/Nolan fez escolhas interessantes e corajosas. Souberam misturar, na medida certa, discussões filosóficas, antropológicas e sociais com uma trama envolvente.
O sucesso de Westworld se deve também ao alto nível da produção. Fotografia, direção de arte, figurinos, locações, trilha sonora, efeitos especiais e sonoros transformaram a atmosfera da série em algo complexo e excitante. E as atuações foram o que ganharam de vez o espectador. Personagens muito bem desenvolvidos e interpretados. Anthony Hopkins deu um show, provando que ainda está em forma. Outros atores tiveram as performances de suas vidas, como Jeffrey Wright , Thandie Newton e Evan Rachel Wood. E eu nunca vi Rodrigo Santoro tão bem! Westworld veio para ficar e explodir nossas cabeças.
O verdadeiro poder da série Luke Cage é mostrar como a cultura pop pode abordar temas relevantes de uma maneira acessível. Muitas vezes, uma metáfora pode quebrar barreiras e estimular o debate com uma eficácia impressionante. A ficção pode mostrar um contexto mais coerente e articulado sobre a realidade, questionando mitos e preconceitos, levando as pessoas a refletir sobre o que realmente importa. A série faz isso, sem ser leviana nem pesar a mão.
Vemos aqui uma celebração da cultura negra num formato de série de super-herói. É a técnica do contrabando de que fala Martin Scorsese sobre os filmes noir dos anos 40 e 50. Filmes policiais e de suspense na superfície, mas que continham um rico subtexto sobre a natureza humana. Era um recurso que diretores subversivos usavam para escapar da censura e conquistar uma maior audiência. O mesmo foi feito nas séries do Demolidor, ao discutir os limites da justiça, e em Jessica Jones, sobre os papéis da mulher numa sociedade patriarcal. Em Luke Cage, a abordagem foca na questão da negritude, de como é ser negro num mundo racista.
O criador da série, Cheo Hodari Coker, teve a benção da Marvel para mostrar sua visão, mas seguindo certas regras. Mesmo assim, ele conseguiu realizar a produção mais adulta da Marvel até agora. Usou sua experiência de ex-jornalista musical, roteirista e produtor de séries como Southland e Ray Donovan para tornar Luke Cage em algo vibrante e autêntico. O cara é negro e sabe do que está falando. Música, literatura, esportes, História, tudo isso faz do Harlem um personagem tão importante quanto o resto do elenco. Um personagem que merece que alguém lute por ele, o defenda.
Luke Cage tem um nível de produção que empolga mais do que decepciona. A ação pode não ser tão coreografada como na série do Demolidor. Mas, em seus melhores momentos, vemos lutas com energia, divertidas e brutais. O recurso do flashback é utilizado de uma maneira mais orgânica do que em Demolidor e Jessica Jones. O ponto alto é o quarto episódio, no qual conhecemos a origem do herói. É uma das melhores coisas que a Marvel já fez.
A série tem alguns dos diálogos mais afiados da TV ou do cinema americano recente. Por outro lado, o roteiro peca por sua falta de foco, conduzindo uma trama mínima por um tempo além do necessário. O que só deixa mais evidente os furos, as incoerências e as coincidências forçadas. Poderiam muito bem ter resumido a série em dez episódios, amarrando melhor as motivações dos personagens, sem prejudicar o desenvolvimento deles.
E justamente os personagens são a grande atração. Temos atrizes e atores em excelentes performances. Mike Colter se estabeleceu de vez como um herói carismático, alternando vulnerabilidade e força. Os vilões são convincentes, charmosos e ameaçadores, algo muito raro no MCU. Mas a atenção mesmo vai para as personagens femininas. Aliadas ou adversárias, em papéis menores ou maiores, mostram como é mundo comandado por mulheres negras. Mulheres tantas vezes vistas em Hollywood como figuras de terceira, quarta categoria. Destaque especial para a Misty Knight de Simone Missick, em sua determinação e fúria, e a Mariah Dillard de Alfre Woodard, com sua vilania em camadas, tão reconhecível em nosso cotidiano.
A Marvel está de parabéns por bancar uma série tão cheia de atitude, em colocar o dedo numa ferida tão dolorosa. Luke Cage é um poderoso manifesto pop. Como um rap que diz a real entre uma batida e outra.
Aziz Ansari foi inteligente em criar e estrelar uma série cômica que não fosse estúpida, como The Big Bang Theory, nem escrota, como South Park. Ele calibrou os riscos da empreitada, entregando uma produção diferente, mas que não deixasse de ser fofa, de criar empatia.
Depois de assistir ao primeiro episódio, foi inevitável a lembrança dos filmes de Woody Allen. Porque o humor de Master of None é feito por meio de conversas banais e relacionamentos do cotidiano.
Mas o que Ansari trás de novo é a visão de um protagonista que não é branco. É muito interessante ver um cara, descendente de indianos, tentando viver uma vida normal. Claro que temas importantes como racismo, misoginia, feminismo e estereótipos culturais estão presentes na série, em destaque. Porém esses temas são trabalhados de maneira orgânica no roteiro, sem parecer forçado e sem perder sua urgência.
Dev, o personagem de Ansari, é um cara legal, mas está longe de ser perfeito. Ao mesmo tempo em que tem de lidar com problemas familiares, de relacionamento e na carreira de ator de comerciais e pontas, ele também pisa na bola, é injusto com os pais, a namorada e no trabalho.
Parte do sucesso do show se deve ao certo na escalação dos atores. Entre amigos, parentes e gente muito conhecida, como a atriz Claire Danes, Ansari conseguiu uma ótima combinação entre atores profissionais e não atores, em sua maioria, negros, asiáticos e indianos. Uma total inversão no casting habital de séries e filmes americanos.
São dez episódios de trinta minutos muito bem dirigidos. É uma produção de baixo orçamento caprichada em sua direção de arte, fotografia e montagem. A série tem uma pegada pop, com uma pitada hipster, cheia de ótimas músicas.
Master of None é uma comédia leve. Alguns diriam leve demais para um mundo em explosão, considerando a intolerância a minorias e culturas não brancas. Mas a série não é desonesta. Entrega o que propõe, sem ser esquecer o mundo diverso e complicado em que vivemos.
Série bacana. Os personagens mirins arrasam. Ótima trilha sonora original, lembrando as de John Carpenter. Destaque também para os efeitos sonoros e a edição de som. Os criadores fizeram direitinho o dever de casa. É uma nostalgia de algo que os irmãos Duffer não vivenciaram, mas que convence. Há problemas de roteiro, o horror não assusta tanto, mas o mistério estimula a gente a ir logo para o episódio seguinte.
Com certeza, essa temporada foi a que mais agradou aos fãs. Mas isso não quer dizer que tenha sido a melhor em termos narrativos. O maior mérito do ano 6 de GoT foi entregar um fan service mais eficiente do que problemático. Depois de anos de sofrimento da audiência com mortes de personagens queridos, com o triunfo da maldade e uma sequência de mistérios, assistimos à temporada em que os heróis mais se deram bem, em que respostas importantes foram respondidas. Em termos de produção, foram os episódios mais bem realizados. Não só pelos efeitos especiais, mas também pela montagem, fotografia, direção de arte, trilha sonora. A excelência disso tudo acabou camuflando roteiros geralmente frágeis e preguiçosos. A falta de material dos livros e da própria presença de George R.R. Martin como consultor e roteirista prejudicaram o desenvolvimento mais literário, mais sutil de temporadas anteriores. A série caminha para seu desfecho com, pelo menos, dois embates muito aguardados, envolvendo o Norte, Porto Real e Daenerys. Nas duas próximas temporadas, os produtores vão ter que decidir se vão entregar exatamente o que os fãs desejam ou se ainda terão a coragem de surpreendê-los.
A 2ª temporada do Demolidor é superior à 1ª, mas continua com sérios problemas de roteiro. A produção ficou maior, as cenas de luta evoluíram (há pelo menos dois momentos memoráveis: o Demolidor descendo as escadas na porrada; e o Justiceiro enfrentando os criminosos na prisão) e os personagens, antigos e novos, têm o devido espaço para desenvolver seus arcos. As participações de Foggy e Karen estão mais interessantes, mais cheias de conflitos. O Demolidor/Matt Murdock está mais ambíguo, ao mesmo tempo que suas convicções não permitem matar criminosos, ele não pensa duas vezes antes de machucar emocionalmente pessoas queridas.
A grande expectativa dessa temporada eram as participações de Elektra e do Justiceiro. Com certeza, muitos fãs dos quadrinhos vão se decepcionar. Na série, vemos as duas máquinas de matar de um jeito mais humano; além da conta. Anti-heróis feitos para o gosto de um público maior. Os executivos devem achar que as melhores versões de Elektra e do Justiceiro dos quadrinhos empregam uma violência difícil de justificar, pela falta de uma conexão emocional mais reconhecível, mais previsível. Assim como a 1ª temporada serviu como história de formação do Demolidor, o mesmo acontece com Elektra Natchios e Frank Castle.
Independente de ser fã de quadrinhos, o roteiro da série deixou a desejar, principalmente, por dois motivos: há bons embates com menos ação e mais diálogos, mas outros falatórios são bem sofríveis, piegas mesmo, são de dar sono. E as soluções das duas subtramas principais: os planos do Tentáculo e a morte da família do Justiceiro. Os produtores ainda não sabem terminar uma temporada, insistindo em reviravoltas previsíveis e criando expectativas que são miseravelmente satisfeitas. A discussão do bandido bom é bandido morto perde força, fica pelo caminho.
Assim como na 1ª temporada, os episódios mais empolgantes foram os intermediários. Achei o final brochante. Mas com uma esperança. Mais do que um Justiceiro insano, pode vir aí uma Elektra do mal, como membro do Tentáculo. Wilson Fisk faz uma participação de luxo e decisiva, mostrando que ele não pode ser subestimado. Além de jogar no ar um cheiro de A Queda de Murdock para a próxima temporada. Outra coisa interessante são as conexões mais estreitas com os universos dos outros heróis que formarão Os Defensores.
é a melhor coisa já feita com super-heróis na tv. não é perfeita. tem altos e baixos. o roteiro é excelente, mas tem suas derrapadas. é uma série policial noir contemporânea cheia de atitude. a jessica jones de krysten ritter é a heroína live action que há muito tempo a marvel estava devendo. é uma mulher fora dos padrões. e o homem-púrpura de david tennant finalmente é o vilão foda que a marvel sempre prometia e nunca entregava. transforma o tema do assédio, do stalking e da violência contra a mullher numa metáfora vigorosa.
Esta animação é tão preciosa que já se tornou um clássico. Incrível trabalho de criação de um mundo rico, baseado em culturas orientais. É um universo com toque próprio, misturando com muita criatividade elementos da fantasia e da ficção científica. Além de ter personagens muito bem desenvolvidos. Todos bem interessantes, seja herói ou vilão. Agora o grande mérito da série é mostrar personagens femininos tão complexos. Aqui as mulheres não são coitadinhas. Elas fazem parte da ação. As heroínas não são fortes o tempo todo. Nem as vilãs são más o tempo todo. E as mulheres são muitas. O grande destaque fica para a segunda temporada, simplesmente impecável. Incrível evolução de uma primeira temporada já muito boa. A terceira e última considero a mais fraca, mas ainda superior a muitas séries de animação. Avatar é para todas as idades. Diverte sem subestimar ninguém.
Adaptação que respeita os quadrinhos, mas que não se torna escravo deles. A série mostra como super-heróis com uma pegada mais adulta podem ser trabalhados na "tv". Essa 1ª temporada começou arrasadora. Pena que os episódios finais não acompanharam essa excelência. Mas, no geral, as qualidades superaram os defeitos. Assim como O Cavaleiro das Trevas se tornou uma referência para filmes de super-heróis, a série do Demolidor já virou algo a ser copiado.
Que maravilhosa surpresa esse desenho animado. É tão bom que pode ser recomendado para gente de toda as idades. Trata temas profundos com uma sutileza e uma sabedoria impressionantes. É muito divertido, às vezes bobos, mas nunca ofende a inteligência nem da criança nem do adulto. A quebra de paradigma é muito bem-vinda. As mulheres estão na linha de frente da ação, tendo Steven como uma figura masculina que aprende a trabalhar lado a lado com elas.
O piloto da série é decepcionante. Um verdadeiro coito interrompido. As expectativas eram altas e elas não se confirmaram. Claro que eu não podia esperar algo no nível do universo Marvel no cinema, com seus principais heróis e efeitos especiais milionários.
AoS é uma série de TV aberta, o que geralmente significa entretenimento mais convencional. Então eu esperava um programa que fosse divertido, assim como Arquivo X e Fringe eram. Que expandisse o que foi mostrado no cinema, com possibilidade de usar personagens da Marvel menos conhecidos, mas não menos interessantes. Contudo, o que eu vi no piloto foi uma trama enfadonha sobre o drama de um cara com superpoderes, e a investigação da SHIELD para descobrir como ele tinha os adquirido. Pior, a química do time protagonista não funcionava. Todos os clichês estavam lá: o agente caxias que reúne um bando de desajustados (Coulson), os ratos de laboratório jovens e esquisitinhos (Fitz-Simmons), o agente de campo cabeça dura e letal (Ward), a veterana enfezada e igualmente letal (May) e a hacker espertinha (Skye). Aí eu pensei: Oh, boy, mais do mesmo. Então a série teria mais 21 episódios disso? Desisti de acompanhá-la. Tinha tanta coisa melhor para assistir.
O tempo foi passando, a série ia sendo exibida, e os fãs se decepcionando. Os problemas de roteiro continuavam. Os boatos de cancelamento começaram a surgir. O mais decepcionante era saber que a série tinha o dedo de Joss Whedon, criador de duas séries antológicas, Buffy e Firefly. Os showrunners tinham que fazer mudanças drásticas ou a série morreria. Então depois do midseason, a primeira temporada voltou e as notícias eram de que a coisa começou a engrenar. Ao terminar de assistir a primeira temporada, dá para perceber a diferença.
Nos primeiros dez episódios, o formato da série era basicamente do vilão da semana, com pouco investimento nos personagens, principalmente nos protagonistas, e tendo um arco mais ambicioso de fundo, só que caminhando devagar demais. Nos doze episódios seguintes, a série melhorou, porque ficou mais focada. Os produtores decidiram tirar o grande arco da série do armário e investir nos conflitos dos personagens. Acompanhamos o amadurecimento da relação entre os agentes da SHIELD. E digo amadurecimento não apenas no sentido positivo. A cada missão, a cada perigo enfrentado, eles passam a ficar mais conectados uns com os outros, gerando dilemas pessoais e entre eles. Os roteiristas da série deram um upgrade na personalidade de cada um, fazendo algo interessante: passaram a brincar com os clichês que cada personagem representa. Coulson não tem mais tanta certeza do que está fazendo; Fitz-Simmons se tornam cientistas bastante emocionais, expressando mudanças de comportamento às vezes imprevisíveis; Ward se mostra mais complexo do que aparenta; May se revela alguém que se importa por trás de sua máscara de frieza; e Skye sente o peso de guardar um segredo assustador. A gente começa a gostar desses personagens.
Outra melhora foi na condução da narrativa. Apesar de continuarem a exibir episódios não relacionados à trama principal (afinal, na TV aberta americana é preciso encher linguiça), tudo relacionado ao arco maior tem um desenvolvimento num ritmo mais acertado e de maneira mais eletrizante. A cada episódio, as coisas se complicam mais, e os agentes têm menos certezas. As revelações são difíceis de assimilar para eles. E novos mistérios abalam a confiança de todos. As soluções de roteiro são geralmente orgânicas, não apelando tanto para truques fáceis ou batidos. Na segunda metade da temporada, há uma grande virada com um dos agentes e suas motivações são explicadas de maneira satisfatória. É algo que o leitor de quadrinhos já está acostumado e releva se for para melhorar a trama.
Outro ponto positivo são os vilões. Porque uma boa história tem que ter vilões marcantes. Mesmo que os caras maus da série não consigam rivalizar com vilões clássicos da Marvel, os atores que os interpretam se esforçam bastante para que a gente os odeie. E o elemento mais intrigante é ver boas pessoas se tornarem vilões bem convincentes.
O maior acerto de AoS foi confiar em sua própria mitologia. No início, a série estava muito submissa aos eventos do cinema, fazendo um fan service rasteiro. Quando ela passou a usar tais eventos de maneira mais relevante, conseguiu um salto de qualidade absurdo. Por exemplo, os eventos de Capitão América 2 são cruciais para a série.
Aqui menos é mais. Há personagens poderosos, mas não há os excessos de um filme como Os Vingadores, que é divertido, mas a verdade é que não ligamos muito para quem está ao redor do Homem de Ferro, Capitão América, Thor e companhia. Todo o resto parece tão pequeno, tão insignificante. Mesmo que a intenção dos heróis mostre o contrário. Na série, todo mundo conta. E problemas extraordinários têm quer resolvidos por "gente comum".
Só agora eu assisti à 1ª temporada de Knights of Sidonia. É um anime japonês que não faz feio à tradição do estilo mecha. Montagem, fotografia, esfeitos sonoros e trilha sonora fazem as cenas de ação ganhar bastante peso e impacto. A mistura de animação 3D e 2D ajuda mais do que atrapalha a experiência do espectador. O maior trunfo do roteiro é avançar e recuar a história no tempo com o uso habilidoso dos flashbacks. O ponto fraco é que poucos personagens são memoráveis. Você se importa apenas com dois ou três, no máximo, pela falta de desenvolvimento. Tem aquele típico machismo fofo e melodrama de outros animes, mesmo com personagens femininas bastante fortes. Os gaunas, as ameaças alienígenas meio lovecraftianas, são bem interessantes por serem imprevisíveis.
Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraA série sensação de 2016 foi uma surpresa que ninguém tinha previsto. Depois do lançamento na Netflix, o boca-a-boca incendiou a internet. Os criadores, os irmãos Duffer, fizeram direitinho o dever de casa. É uma nostalgia da cultura pop dos anos 80 que eles não vivenciaram, por serem mais novos, mas que convence. A trilha sonora original é ótima, lembrando as de John Carpenter, assim como as músicas de artistas da época. Destaque também para os efeitos sonoros e a edição de som. Há problemas de roteiro, o horror não assusta tanto, porém o mistério estimula a gente a ir logo para o episódio seguinte. E os personagens mirins arrasam. É uma produção que tem o passado como conteúdo, mas que, em termos de formato, mostra os novos rumos da "TV".
Westworld (1ª Temporada)
4.5 1,3KApesar das incertezas do público e da própria HBO antes do lançamento, Westworld se tornou a melhor série do ano. A produção foi interrompida, a data de estreia adiada. Geralmente, atrasos são sinônimos de problemas. Mas, agora sabemos, a pausa serviu principalmente para melhorar o conceito da série. Os criadores Lisa Joy e Jonathan Nolan conseguiram superar expectativas. Westworld é o ápice da TV, em termos de produção e proposta. E mostra que a HBO não está morta, mesmo com a perda de espaço para serviços de streaming como a Netflix. E que o formato do episódio semanal ainda funciona, criando um buzz potente.
Os criadores da série conseguiram tirar leite de pedra de uma premissa muito básica (a interação de humanos e robôs num parque temático do velho oeste no futuro). As possibilidades narrativas eram inúmeras. Ao invés de se perder, o casal Joy/Nolan fez escolhas interessantes e corajosas. Souberam misturar, na medida certa, discussões filosóficas, antropológicas e sociais com uma trama envolvente.
O sucesso de Westworld se deve também ao alto nível da produção. Fotografia, direção de arte, figurinos, locações, trilha sonora, efeitos especiais e sonoros transformaram a atmosfera da série em algo complexo e excitante. E as atuações foram o que ganharam de vez o espectador. Personagens muito bem desenvolvidos e interpretados. Anthony Hopkins deu um show, provando que ainda está em forma. Outros atores tiveram as performances de suas vidas, como Jeffrey Wright , Thandie Newton e Evan Rachel Wood. E eu nunca vi Rodrigo Santoro tão bem! Westworld veio para ficar e explodir nossas cabeças.
Luke Cage (1ª Temporada)
3.7 502O verdadeiro poder da série Luke Cage é mostrar como a cultura pop pode abordar temas relevantes de uma maneira acessível. Muitas vezes, uma metáfora pode quebrar barreiras e estimular o debate com uma eficácia impressionante. A ficção pode mostrar um contexto mais coerente e articulado sobre a realidade, questionando mitos e preconceitos, levando as pessoas a refletir sobre o que realmente importa. A série faz isso, sem ser leviana nem pesar a mão.
Vemos aqui uma celebração da cultura negra num formato de série de super-herói. É a técnica do contrabando de que fala Martin Scorsese sobre os filmes noir dos anos 40 e 50. Filmes policiais e de suspense na superfície, mas que continham um rico subtexto sobre a natureza humana. Era um recurso que diretores subversivos usavam para escapar da censura e conquistar uma maior audiência. O mesmo foi feito nas séries do Demolidor, ao discutir os limites da justiça, e em Jessica Jones, sobre os papéis da mulher numa sociedade patriarcal. Em Luke Cage, a abordagem foca na questão da negritude, de como é ser negro num mundo racista.
O criador da série, Cheo Hodari Coker, teve a benção da Marvel para mostrar sua visão, mas seguindo certas regras. Mesmo assim, ele conseguiu realizar a produção mais adulta da Marvel até agora. Usou sua experiência de ex-jornalista musical, roteirista e produtor de séries como Southland e Ray Donovan para tornar Luke Cage em algo vibrante e autêntico. O cara é negro e sabe do que está falando. Música, literatura, esportes, História, tudo isso faz do Harlem um personagem tão importante quanto o resto do elenco. Um personagem que merece que alguém lute por ele, o defenda.
Luke Cage tem um nível de produção que empolga mais do que decepciona. A ação pode não ser tão coreografada como na série do Demolidor. Mas, em seus melhores momentos, vemos lutas com energia, divertidas e brutais. O recurso do flashback é utilizado de uma maneira mais orgânica do que em Demolidor e Jessica Jones. O ponto alto é o quarto episódio, no qual conhecemos a origem do herói. É uma das melhores coisas que a Marvel já fez.
A série tem alguns dos diálogos mais afiados da TV ou do cinema americano recente. Por outro lado, o roteiro peca por sua falta de foco, conduzindo uma trama mínima por um tempo além do necessário. O que só deixa mais evidente os furos, as incoerências e as coincidências forçadas. Poderiam muito bem ter resumido a série em dez episódios, amarrando melhor as motivações dos personagens, sem prejudicar o desenvolvimento deles.
E justamente os personagens são a grande atração. Temos atrizes e atores em excelentes performances. Mike Colter se estabeleceu de vez como um herói carismático, alternando vulnerabilidade e força. Os vilões são convincentes, charmosos e ameaçadores, algo muito raro no MCU. Mas a atenção mesmo vai para as personagens femininas. Aliadas ou adversárias, em papéis menores ou maiores, mostram como é mundo comandado por mulheres negras. Mulheres tantas vezes vistas em Hollywood como figuras de terceira, quarta categoria. Destaque especial para a Misty Knight de Simone Missick, em sua determinação e fúria, e a Mariah Dillard de Alfre Woodard, com sua vilania em camadas, tão reconhecível em nosso cotidiano.
A Marvel está de parabéns por bancar uma série tão cheia de atitude, em colocar o dedo numa ferida tão dolorosa. Luke Cage é um poderoso manifesto pop. Como um rap que diz a real entre uma batida e outra.
Master of None (1ª Temporada)
4.2 247 Assista AgoraAziz Ansari foi inteligente em criar e estrelar uma série cômica que não fosse estúpida, como The Big Bang Theory, nem escrota, como South Park. Ele calibrou os riscos da empreitada, entregando uma produção diferente, mas que não deixasse de ser fofa, de criar empatia.
Depois de assistir ao primeiro episódio, foi inevitável a lembrança dos filmes de Woody Allen. Porque o humor de Master of None é feito por meio de conversas banais e relacionamentos do cotidiano.
Mas o que Ansari trás de novo é a visão de um protagonista que não é branco. É muito interessante ver um cara, descendente de indianos, tentando viver uma vida normal. Claro que temas importantes como racismo, misoginia, feminismo e estereótipos culturais estão presentes na série, em destaque. Porém esses temas são trabalhados de maneira orgânica no roteiro, sem parecer forçado e sem perder sua urgência.
Dev, o personagem de Ansari, é um cara legal, mas está longe de ser perfeito. Ao mesmo tempo em que tem de lidar com problemas familiares, de relacionamento e na carreira de ator de comerciais e pontas, ele também pisa na bola, é injusto com os pais, a namorada e no trabalho.
Parte do sucesso do show se deve ao certo na escalação dos atores. Entre amigos, parentes e gente muito conhecida, como a atriz Claire Danes, Ansari conseguiu uma ótima combinação entre atores profissionais e não atores, em sua maioria, negros, asiáticos e indianos. Uma total inversão no casting habital de séries e filmes americanos.
São dez episódios de trinta minutos muito bem dirigidos. É uma produção de baixo orçamento caprichada em sua direção de arte, fotografia e montagem. A série tem uma pegada pop, com uma pitada hipster, cheia de ótimas músicas.
Master of None é uma comédia leve. Alguns diriam leve demais para um mundo em explosão, considerando a intolerância a minorias e culturas não brancas. Mas a série não é desonesta. Entrega o que propõe, sem ser esquecer o mundo diverso e complicado em que vivemos.
Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraSérie bacana. Os personagens mirins arrasam. Ótima trilha sonora original, lembrando as de John Carpenter. Destaque também para os efeitos sonoros e a edição de som. Os criadores fizeram direitinho o dever de casa. É uma nostalgia de algo que os irmãos Duffer não vivenciaram, mas que convence. Há problemas de roteiro, o horror não assusta tanto, mas o mistério estimula a gente a ir logo para o episódio seguinte.
Game of Thrones (6ª Temporada)
4.6 1,6KCom certeza, essa temporada foi a que mais agradou aos fãs. Mas isso não quer dizer que tenha sido a melhor em termos narrativos. O maior mérito do ano 6 de GoT foi entregar um fan service mais eficiente do que problemático. Depois de anos de sofrimento da audiência com mortes de personagens queridos, com o triunfo da maldade e uma sequência de mistérios, assistimos à temporada em que os heróis mais se deram bem, em que respostas importantes foram respondidas. Em termos de produção, foram os episódios mais bem realizados. Não só pelos efeitos especiais, mas também pela montagem, fotografia, direção de arte, trilha sonora. A excelência disso tudo acabou camuflando roteiros geralmente frágeis e preguiçosos. A falta de material dos livros e da própria presença de George R.R. Martin como consultor e roteirista prejudicaram o desenvolvimento mais literário, mais sutil de temporadas anteriores. A série caminha para seu desfecho com, pelo menos, dois embates muito aguardados, envolvendo o Norte, Porto Real e Daenerys. Nas duas próximas temporadas, os produtores vão ter que decidir se vão entregar exatamente o que os fãs desejam ou se ainda terão a coragem de surpreendê-los.
Demolidor (2ª Temporada)
4.3 967 Assista Agora(Esta resenha contém spoilers.)
A 2ª temporada do Demolidor é superior à 1ª, mas continua com sérios problemas de roteiro. A produção ficou maior, as cenas de luta evoluíram (há pelo menos dois momentos memoráveis: o Demolidor descendo as escadas na porrada; e o Justiceiro enfrentando os criminosos na prisão) e os personagens, antigos e novos, têm o devido espaço para desenvolver seus arcos. As participações de Foggy e Karen estão mais interessantes, mais cheias de conflitos. O Demolidor/Matt Murdock está mais ambíguo, ao mesmo tempo que suas convicções não permitem matar criminosos, ele não pensa duas vezes antes de machucar emocionalmente pessoas queridas.
A grande expectativa dessa temporada eram as participações de Elektra e do Justiceiro. Com certeza, muitos fãs dos quadrinhos vão se decepcionar. Na série, vemos as duas máquinas de matar de um jeito mais humano; além da conta. Anti-heróis feitos para o gosto de um público maior. Os executivos devem achar que as melhores versões de Elektra e do Justiceiro dos quadrinhos empregam uma violência difícil de justificar, pela falta de uma conexão emocional mais reconhecível, mais previsível. Assim como a 1ª temporada serviu como história de formação do Demolidor, o mesmo acontece com Elektra Natchios e Frank Castle.
Independente de ser fã de quadrinhos, o roteiro da série deixou a desejar, principalmente, por dois motivos: há bons embates com menos ação e mais diálogos, mas outros falatórios são bem sofríveis, piegas mesmo, são de dar sono. E as soluções das duas subtramas principais: os planos do Tentáculo e a morte da família do Justiceiro. Os produtores ainda não sabem terminar uma temporada, insistindo em reviravoltas previsíveis e criando expectativas que são miseravelmente satisfeitas. A discussão do bandido bom é bandido morto perde força, fica pelo caminho.
Assim como na 1ª temporada, os episódios mais empolgantes foram os intermediários. Achei o final brochante. Mas com uma esperança. Mais do que um Justiceiro insano, pode vir aí uma Elektra do mal, como membro do Tentáculo. Wilson Fisk faz uma participação de luxo e decisiva, mostrando que ele não pode ser subestimado. Além de jogar no ar um cheiro de A Queda de Murdock para a próxima temporada. Outra coisa interessante são as conexões mais estreitas com os universos dos outros heróis que formarão Os Defensores.
Jessica Jones (1ª Temporada)
4.1 1,1K Assista Agoraé a melhor coisa já feita com super-heróis na tv. não é perfeita. tem altos e baixos. o roteiro é excelente, mas tem suas derrapadas. é uma série policial noir contemporânea cheia de atitude. a jessica jones de krysten ritter é a heroína live action que há muito tempo a marvel estava devendo. é uma mulher fora dos padrões. e o homem-púrpura de david tennant finalmente é o vilão foda que a marvel sempre prometia e nunca entregava. transforma o tema do assédio, do stalking e da violência contra a mullher numa metáfora vigorosa.
Avatar: A Lenda de Aang (1ª Temporada)
4.5 208 Assista AgoraEsta animação é tão preciosa que já se tornou um clássico. Incrível trabalho de criação de um mundo rico, baseado em culturas orientais. É um universo com toque próprio, misturando com muita criatividade elementos da fantasia e da ficção científica. Além de ter personagens muito bem desenvolvidos. Todos bem interessantes, seja herói ou vilão. Agora o grande mérito da série é mostrar personagens femininos tão complexos. Aqui as mulheres não são coitadinhas. Elas fazem parte da ação. As heroínas não são fortes o tempo todo. Nem as vilãs são más o tempo todo. E as mulheres são muitas. O grande destaque fica para a segunda temporada, simplesmente impecável. Incrível evolução de uma primeira temporada já muito boa. A terceira e última considero a mais fraca, mas ainda superior a muitas séries de animação. Avatar é para todas as idades. Diverte sem subestimar ninguém.
Demolidor (1ª Temporada)
4.4 1,5K Assista AgoraAdaptação que respeita os quadrinhos, mas que não se torna escravo deles. A série mostra como super-heróis com uma pegada mais adulta podem ser trabalhados na "tv". Essa 1ª temporada começou arrasadora. Pena que os episódios finais não acompanharam essa excelência. Mas, no geral, as qualidades superaram os defeitos. Assim como O Cavaleiro das Trevas se tornou uma referência para filmes de super-heróis, a série do Demolidor já virou algo a ser copiado.
Steven Universo (1ª Temporada)
4.6 95Que maravilhosa surpresa esse desenho animado. É tão bom que pode ser recomendado para gente de toda as idades. Trata temas profundos com uma sutileza e uma sabedoria impressionantes. É muito divertido, às vezes bobos, mas nunca ofende a inteligência nem da criança nem do adulto. A quebra de paradigma é muito bem-vinda. As mulheres estão na linha de frente da ação, tendo Steven como uma figura masculina que aprende a trabalhar lado a lado com elas.
Agentes da S.H.I.E.L.D. (1ª Temporada)
3.8 474 Assista AgoraO piloto da série é decepcionante. Um verdadeiro coito interrompido. As expectativas eram altas e elas não se confirmaram. Claro que eu não podia esperar algo no nível do universo Marvel no cinema, com seus principais heróis e efeitos especiais milionários.
AoS é uma série de TV aberta, o que geralmente significa entretenimento mais convencional. Então eu esperava um programa que fosse divertido, assim como Arquivo X e Fringe eram. Que expandisse o que foi mostrado no cinema, com possibilidade de usar personagens da Marvel menos conhecidos, mas não menos interessantes. Contudo, o que eu vi no piloto foi uma trama enfadonha sobre o drama de um cara com superpoderes, e a investigação da SHIELD para descobrir como ele tinha os adquirido. Pior, a química do time protagonista não funcionava. Todos os clichês estavam lá: o agente caxias que reúne um bando de desajustados (Coulson), os ratos de laboratório jovens e esquisitinhos (Fitz-Simmons), o agente de campo cabeça dura e letal (Ward), a veterana enfezada e igualmente letal (May) e a hacker espertinha (Skye). Aí eu pensei: Oh, boy, mais do mesmo. Então a série teria mais 21 episódios disso? Desisti de acompanhá-la. Tinha tanta coisa melhor para assistir.
O tempo foi passando, a série ia sendo exibida, e os fãs se decepcionando. Os problemas de roteiro continuavam. Os boatos de cancelamento começaram a surgir. O mais decepcionante era saber que a série tinha o dedo de Joss Whedon, criador de duas séries antológicas, Buffy e Firefly. Os showrunners tinham que fazer mudanças drásticas ou a série morreria. Então depois do midseason, a primeira temporada voltou e as notícias eram de que a coisa começou a engrenar. Ao terminar de assistir a primeira temporada, dá para perceber a diferença.
Nos primeiros dez episódios, o formato da série era basicamente do vilão da semana, com pouco investimento nos personagens, principalmente nos protagonistas, e tendo um arco mais ambicioso de fundo, só que caminhando devagar demais. Nos doze episódios seguintes, a série melhorou, porque ficou mais focada. Os produtores decidiram tirar o grande arco da série do armário e investir nos conflitos dos personagens. Acompanhamos o amadurecimento da relação entre os agentes da SHIELD. E digo amadurecimento não apenas no sentido positivo. A cada missão, a cada perigo enfrentado, eles passam a ficar mais conectados uns com os outros, gerando dilemas pessoais e entre eles. Os roteiristas da série deram um upgrade na personalidade de cada um, fazendo algo interessante: passaram a brincar com os clichês que cada personagem representa. Coulson não tem mais tanta certeza do que está fazendo; Fitz-Simmons se tornam cientistas bastante emocionais, expressando mudanças de comportamento às vezes imprevisíveis; Ward se mostra mais complexo do que aparenta; May se revela alguém que se importa por trás de sua máscara de frieza; e Skye sente o peso de guardar um segredo assustador. A gente começa a gostar desses personagens.
Outra melhora foi na condução da narrativa. Apesar de continuarem a exibir episódios não relacionados à trama principal (afinal, na TV aberta americana é preciso encher linguiça), tudo relacionado ao arco maior tem um desenvolvimento num ritmo mais acertado e de maneira mais eletrizante. A cada episódio, as coisas se complicam mais, e os agentes têm menos certezas. As revelações são difíceis de assimilar para eles. E novos mistérios abalam a confiança de todos. As soluções de roteiro são geralmente orgânicas, não apelando tanto para truques fáceis ou batidos. Na segunda metade da temporada, há uma grande virada com um dos agentes e suas motivações são explicadas de maneira satisfatória. É algo que o leitor de quadrinhos já está acostumado e releva se for para melhorar a trama.
Outro ponto positivo são os vilões. Porque uma boa história tem que ter vilões marcantes. Mesmo que os caras maus da série não consigam rivalizar com vilões clássicos da Marvel, os atores que os interpretam se esforçam bastante para que a gente os odeie. E o elemento mais intrigante é ver boas pessoas se tornarem vilões bem convincentes.
O maior acerto de AoS foi confiar em sua própria mitologia. No início, a série estava muito submissa aos eventos do cinema, fazendo um fan service rasteiro. Quando ela passou a usar tais eventos de maneira mais relevante, conseguiu um salto de qualidade absurdo. Por exemplo, os eventos de Capitão América 2 são cruciais para a série.
Aqui menos é mais. Há personagens poderosos, mas não há os excessos de um filme como Os Vingadores, que é divertido, mas a verdade é que não ligamos muito para quem está ao redor do Homem de Ferro, Capitão América, Thor e companhia. Todo o resto parece tão pequeno, tão insignificante. Mesmo que a intenção dos heróis mostre o contrário. Na série, todo mundo conta. E problemas extraordinários têm quer resolvidos por "gente comum".
Knights of Sidonia
4.0 66 Assista AgoraSó agora eu assisti à 1ª temporada de Knights of Sidonia. É um anime japonês que não faz feio à tradição do estilo mecha. Montagem, fotografia, esfeitos sonoros e trilha sonora fazem as cenas de ação ganhar bastante peso e impacto. A mistura de animação 3D e 2D ajuda mais do que atrapalha a experiência do espectador. O maior trunfo do roteiro é avançar e recuar a história no tempo com o uso habilidoso dos flashbacks. O ponto fraco é que poucos personagens são memoráveis. Você se importa apenas com dois ou três, no máximo, pela falta de desenvolvimento. Tem aquele típico machismo fofo e melodrama de outros animes, mesmo com personagens femininas bastante fortes. Os gaunas, as ameaças alienígenas meio lovecraftianas, são bem interessantes por serem imprevisíveis.