A cena que mostra Calum sumindo no mar em plena escuridão da noite, depois o barulho crescente das ondas é certamente uma das mais fortes (poesia pura). Teria ele concretizado o ato ali? Teria sido depois?
Eu vi um corpo dissidente lutando pra ser enquadrado (ao invés de elaborar uma fissura naquilo que a prende, nesse caso a religião.
História phoda, porém muito mal dirigido (não sei se por conta das limitações de recurso), roteiro poderia ter sido complexificado... tudo vibra numa mesma intensidade, o tempo todo.
Existem dois tipos de filmes; os que nos arrematam no início e os que nos arrematam com fins imprevisíveis. "A mãe" não é nenhum nem outro. Eu achei a história muito digna, propõe um olhar sobre questões pungentes da nossa sociedade, mas o roteiro e algumas escolhas do diretor me incomodam profundamente. Passamos o filme acompanhando o drama pela perspectiva da mãe para, ao final, descobrirmos o que aconteceu de maneira super distanciada, quase como pelo olhar de uma câmera secreta (tudo aos modos do Deus ex machina do teatro grego e olhe que nem precisava, afinal, tudo se desenhava tão claramente). O ponto alto é o encontro entre a mãe (que tem certeza que o filho foi morto por militares, porém não tem provas) e o policial civil (que intui o caroço no angu). Sei lá, pra mim todo o resto seria uma evolução disso daí, desse entrave e mais, eu teria colocado Marcelia naquele lago, mergulhando desesperadamente, procurando o filho depois de ter a certeza de seu assassinato (eu odeio essa sensação de que poderia ter dirigido melhor uma cena, pra mim é sinal de que o filme não valeu 100%). Enfim, o barato da arte é que ela é capaz de nos oferecer um olhar único sobre algo, quando uma reportagem consegue fazer isso sem muito esforço... meh. Porém, vale a experiência. Marcelia dá um show, apesar de incorporar uma fragilidade que não combina muito com a personagem ao longo da trama.
É um longa denso. Ele nos leva a imaginar (sem oferecer qualquer resposta) os porquês de um "mass murder" (nesse sentido, inclusive, me lembrou de Elefante). Nitram (Martin, se lido ao contrário, nome do assassino "original") aparece como um "desregulado" mental que tem uma existência pífia; tudo que ele faz é/parece estar errado (a primeira cena, inclusive, do vizinho falando pra ele parar com os fogos, depois a mãe falando de sua roupa suja etc.), ele tenta a todo custo agradar os outros a todo custo (cortar grama de graça pra elas, servir de palhaço pros outros), mas tudo dá errado até que uma série de acontecimentos o faz investir em um erro (como que para efetivar o grande erro que é/foi a sua vida até ali). Ah mãe dele é uma grande narcisista e só se importa com ela mesma (um exemplo é quando ela chama o filho de palhaço no dia do velório do pai). É interessante perceber que o caso mudou a lei sobre armas na Austrália, vê como outros países estão atrasados, mas ao mesmo tempo é perigoso criar uma narrativa assim sobre um acontecimento tão cruel.
É bem interessante como o diretor coloca o caçador se transformando em caça, algo como um bicho, um alvo. Contudo, não é sobre a culpa ou a inocência do Lucas, mas sobre como é preciso saber perceber uma estranheza, sobre como é necessário saber acusar e investigar algo.
Quando termina o longa, muitas dúvidas pairam e esse é certamente um dos pontos positivos da direção. Provavelmente alguém abusou a Klara. Provavelmente ela tenha fantasiado algo. Provavelmente há alguém abusando as crianças do bairro. Provavelmente há uma fantasia coletiva. Provavelmente há uma verdade. Provavelmente há uma mentira.
a personagem inventa suely e depois rifa o próprio corpo inventado como uma forma de apoderar-se de si mesma, de reconhecer o seu corpo como propriedade sua e não dos matheuszes | joãos... suely é uma mulher em busca da liberdade, de domar o seu próprio corpo e suas escolhas é um filme forte e surpreendente
a direção de arte é incrível, palmas os 'costumes' e a maquiagem são incríveis, palmas as atuações são muito boas, palmas mas a história, re-contada dessa forma, em tons moralizantes, é carregada também de desesperança o discurso do filme traz o peso da obediência; pinóquio é constantemente impelido a se sujeitar, a obedecer (mesmo que a escola seja uma porcaria!) é um filme sobre uma infância capturada, que deixa de ser inventiva para ser obediente pinóquio termina enquadrado, trabalhando... já não cai nos golpes alheios etc.
não tem muito valor estético, digo, não aprofunda nas questões relacionadas ao filme ou aos seus processos de criação... tem um caráter mais de registro das gravações, arquivo...
Eu gostei da ideia, mas é muito mal executado. Faltaram as camadas. Sem falar que tem umas atuações péssimas. Uma trilha sonora baseada em clichês insistentemente forçada. Uns furos desgraçados no roteiro. Enfim, não recomendo.
Esse longa não é sobre uma família pobre que invade a casa de ricões para usufruir de seus luxos, mas sobre se reconhecer pobre; é sobre saber que a pobreza tem um cheiro (fétido, por sinal). Contudo, não para por aí, o filme é também sobre a única forma [im]possível de agir nesse estado de pobreza, de cárcere... a vingança e a violência, talvez, a última opção/estratégia pra se manter vivo, para evitar o fim!
O diretor explora a cafetinagem intrafamiliar e o resultado disso é um depoimento sofisticadíssimo sobre patriarcado, os efeitos perversos do poder sobre os corpos e os modelos impostos de relação familiar. Em sua pior modalidade, o patriarca/patrão (que não tira o blazer quase nunca durante todo o filme) abu$a dos seus em prol de dinheiro e prazer. É um filme muito forte e o apartamento representa uma prisão da qual, ao que parece, só é possível escapar pela janela (pulando).
uma micronarrativa imperialista nos trópicos a gênese do inferno numa cidadezinha que só começa a se desenhar no mapa quando adentra o campo de visão dos interesses do poder
uma aula sobre como se forja o chão colonial recomendo breathtaking!!!
Traça algumas questões que estão por trás dos assassinatos em massa, a dinâmica do ensino nas escolas, opressão, problemas familiares, o bullying, etc. É difícil contar uma história desse tipo, abordar esse tema tão difícil, mas o diretor conseguiu realizando escolhas sensíveis (a frieza do filme de que muitos falam é igual a dos atirados e a falta de explicitação dos motivos por trás da ação dos atiradores é exatamente equivalente ao fato... difícil de atribuir sentido)
Eu particularmente adorei. O que tá em primeiro plano aqui é o sufocamento e encurralamento dos soldados em plena guerra e não tanto a história de alguém. É tanto que pouquíssimo da vida anterior dos soldados nos chega, nada sabemos sobre eles.
Superficial e beira o meramente factual, quase três horas de documentário e o diretor não conseguiu abordar o que está em questão, porra: o humano, a perca da humanidade, a relação homem-terra... ao invés disso constrói uma narrativa pobre e dicotomizante (hora índio hora fazendeiro). Sua importância está naquilo que trata e na capacidade de gerar outras discussões... pra mim é só.
Certamente o maior problema dessa obra é técnico (desde efeitos especiais até atuações "sem força"). Não entregar o porquê do ataque dos pássaros é algo instigante. E claro, é incrível como o diretor conta a história no sentido de que mesmo com "as limitações técnicas" as cenas finais são impressionantes, dão realmente medo.
não só da mãe, claro, porque a cena final mostra que ele próprio se coloca em risco ao fazer a lição do colega (desobedecendo o regulamento da escola e correndo o risco de ser punido)
. Mas nem é tanto disso que se trata, isso é apenas o mote... a beleza do filme é o sentimento que move o garoto. Não saber onde é a casa coloca o menino, assim como o personagem de Gosto de Cereja, em um pleno deslocamento espacial (idas, vindas, paradas, velocidades).
Há uma pitada forte de surrealismo nesse filme. Cenas que parecem estar bem localizadas no tempo e no espaço num rompante desembocam para uma espécie de universo paralelo. Sem falar que é bastante enigmático além de se apresenta de forma "fatiada", traz a ideia da perda, mas também do encontro etc. É um filme que certamente atingirá de forma diferente cada pessoa que o assistir.
Aftersun
4.1 699Não é sobre suicídio.
A cena que mostra Calum sumindo no mar em plena escuridão da noite, depois o barulho crescente das ondas é certamente uma das mais fortes (poesia pura). Teria ele concretizado o ato ali? Teria sido depois?
Paloma
3.9 56Eu vi um corpo dissidente lutando pra ser enquadrado (ao invés de elaborar uma fissura naquilo que a prende, nesse caso a religião.
História phoda, porém muito mal dirigido (não sei se por conta das limitações de recurso), roteiro poderia ter sido complexificado... tudo vibra numa mesma intensidade, o tempo todo.
A Mãe
3.7 13Existem dois tipos de filmes; os que nos arrematam no início e os que nos arrematam com fins imprevisíveis. "A mãe" não é nenhum nem outro. Eu achei a história muito digna, propõe um olhar sobre questões pungentes da nossa sociedade, mas o roteiro e algumas escolhas do diretor me incomodam profundamente. Passamos o filme acompanhando o drama pela perspectiva da mãe para, ao final, descobrirmos o que aconteceu de maneira super distanciada, quase como pelo olhar de uma câmera secreta (tudo aos modos do Deus ex machina do teatro grego e olhe que nem precisava, afinal, tudo se desenhava tão claramente). O ponto alto é o encontro entre a mãe (que tem certeza que o filho foi morto por militares, porém não tem provas) e o policial civil (que intui o caroço no angu). Sei lá, pra mim todo o resto seria uma evolução disso daí, desse entrave e mais, eu teria colocado Marcelia naquele lago, mergulhando desesperadamente, procurando o filho depois de ter a certeza de seu assassinato (eu odeio essa sensação de que poderia ter dirigido melhor uma cena, pra mim é sinal de que o filme não valeu 100%). Enfim, o barato da arte é que ela é capaz de nos oferecer um olhar único sobre algo, quando uma reportagem consegue fazer isso sem muito esforço... meh. Porém, vale a experiência. Marcelia dá um show, apesar de incorporar uma fragilidade que não combina muito com a personagem ao longo da trama.
Nitram
3.7 32É um longa denso. Ele nos leva a imaginar (sem oferecer qualquer resposta) os porquês de um "mass murder" (nesse sentido, inclusive, me lembrou de Elefante). Nitram (Martin, se lido ao contrário, nome do assassino "original") aparece como um "desregulado" mental que tem uma existência pífia; tudo que ele faz é/parece estar errado (a primeira cena, inclusive, do vizinho falando pra ele parar com os fogos, depois a mãe falando de sua roupa suja etc.), ele tenta a todo custo agradar os outros a todo custo (cortar grama de graça pra elas, servir de palhaço pros outros), mas tudo dá errado até que uma série de acontecimentos o faz investir em um erro (como que para efetivar o grande erro que é/foi a sua vida até ali). Ah mãe dele é uma grande narcisista e só se importa com ela mesma (um exemplo é quando ela chama o filho de palhaço no dia do velório do pai). É interessante perceber que o caso mudou a lei sobre armas na Austrália, vê como outros países estão atrasados, mas ao mesmo tempo é perigoso criar uma narrativa assim sobre um acontecimento tão cruel.
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraÉ bem interessante como o diretor coloca o caçador se transformando em caça, algo como um bicho, um alvo. Contudo, não é sobre a culpa ou a inocência do Lucas, mas sobre como é preciso saber perceber uma estranheza, sobre como é necessário saber acusar e investigar algo.
Quando termina o longa, muitas dúvidas pairam e esse é certamente um dos pontos positivos da direção. Provavelmente alguém abusou a Klara. Provavelmente ela tenha fantasiado algo. Provavelmente há alguém abusando as crianças do bairro. Provavelmente há uma fantasia coletiva. Provavelmente há uma verdade. Provavelmente há uma mentira.
O Céu de Suely
3.9 464 Assista Agoraa personagem inventa suely
e depois rifa o próprio corpo inventado como uma forma de apoderar-se de si mesma, de reconhecer o seu corpo como propriedade sua e não dos matheuszes | joãos... suely é uma mulher em busca da liberdade, de domar o seu próprio corpo e suas escolhas
é um filme forte
e surpreendente
Pinóquio
3.1 226 Assista Agoraa direção de arte é incrível, palmas
os 'costumes' e a maquiagem são incríveis, palmas
as atuações são muito boas, palmas
mas
a história, re-contada dessa forma, em tons moralizantes, é carregada também de desesperança
o discurso do filme traz o peso da obediência; pinóquio é constantemente impelido a se sujeitar, a obedecer (mesmo que a escola seja uma porcaria!)
é um filme sobre uma infância capturada, que deixa de ser inventiva para ser obediente
pinóquio termina enquadrado, trabalhando... já não cai nos golpes alheios etc.
Bacurau no Mapa
3.7 27não tem muito valor estético, digo, não aprofunda nas questões relacionadas ao filme ou aos seus processos de criação... tem um caráter mais de registro das gravações, arquivo...
A Noite Amarela
2.7 51Eu gostei da ideia, mas é muito mal executado. Faltaram as camadas.
Sem falar que tem umas atuações péssimas. Uma trilha sonora baseada em clichês insistentemente forçada. Uns furos desgraçados no roteiro. Enfim, não recomendo.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraEsse longa não é sobre uma família pobre que invade a casa de ricões para usufruir de seus luxos, mas sobre se reconhecer pobre; é sobre saber que a pobreza tem um cheiro (fétido, por sinal). Contudo, não para por aí, o filme é também sobre a única forma [im]possível de agir nesse estado de pobreza, de cárcere... a vingança e a violência, talvez, a última opção/estratégia pra se manter vivo, para evitar o fim!
Miss Violence
3.9 1,0K Assista AgoraO diretor explora a cafetinagem intrafamiliar e o resultado disso é um depoimento sofisticadíssimo sobre patriarcado, os efeitos perversos do poder sobre os corpos e os modelos impostos de relação familiar. Em sua pior modalidade, o patriarca/patrão (que não tira o blazer quase nunca durante todo o filme) abu$a dos seus em prol de dinheiro e prazer. É um filme muito forte e o apartamento representa uma prisão da qual, ao que parece, só é possível escapar pela janela (pulando).
Estrangeiro
3.7 9Pretensiosamente chato.
Melancólico-e-monocórdio.
Quase um clique do Sebastião Salgado só que sem intensidade, sem pulsação.. bons registros... só!
Bacurau
4.3 2,7K Assista Agorauma micronarrativa imperialista nos trópicos
a gênese do inferno numa cidadezinha que só começa a se desenhar no mapa quando adentra o campo de visão dos interesses do poder
uma aula sobre como se forja o chão colonial
recomendo
breathtaking!!!
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar
4.3 209capitalismo tropical
agrestino
Elefante
3.6 1,2K Assista AgoraTraça algumas questões que estão por trás dos assassinatos em massa, a dinâmica do ensino nas escolas, opressão, problemas familiares, o bullying, etc. É difícil contar uma história desse tipo, abordar esse tema tão difícil, mas o diretor conseguiu realizando escolhas sensíveis (a frieza do filme de que muitos falam é igual a dos atirados e a falta de explicitação dos motivos por trás da ação dos atiradores é exatamente equivalente ao fato... difícil de atribuir sentido)
Meu Corpo é Político
3.7 20Onde encontro pra baixar? :(
preciso muito ver esse filme
A Forma da Água
3.9 2,7KUma das piores coisas que assisti ultimamente. Eu realmente não tenho nada para comentar.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraEu particularmente adorei. O que tá em primeiro plano aqui é o sufocamento e encurralamento dos soldados em plena guerra e não tanto a história de alguém. É tanto que pouquíssimo da vida anterior dos soldados nos chega, nada sabemos sobre eles.
Martírio
4.6 59Superficial e beira o meramente factual, quase três horas de documentário e o diretor não conseguiu abordar o que está em questão, porra: o humano, a perca da humanidade, a relação homem-terra... ao invés disso constrói uma narrativa pobre e dicotomizante (hora índio hora fazendeiro). Sua importância está naquilo que trata e na capacidade de gerar outras discussões... pra mim é só.
Corpo Elétrico
3.5 216Singelo e excelente.
Os Pássaros
3.9 1,1KCertamente o maior problema dessa obra é técnico (desde efeitos especiais até atuações "sem força"). Não entregar o porquê do ataque dos pássaros é algo instigante. E claro, é incrível como o diretor conta a história no sentido de que mesmo com "as limitações técnicas" as cenas finais são impressionantes, dão realmente medo.
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista AgoraUm garoto aparentemente muito obediente se vê obrigado a transgredir as ordens da mãe para salvar o amigo;
não só da mãe, claro, porque a cena final mostra que ele próprio se coloca em risco ao fazer a lição do colega (desobedecendo o regulamento da escola e correndo o risco de ser punido)
Muito lindo e poético!
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraHá uma pitada forte de surrealismo nesse filme. Cenas que parecem estar bem localizadas no tempo e no espaço num rompante desembocam para uma espécie de universo paralelo. Sem falar que é bastante enigmático além de se apresenta de forma "fatiada", traz a ideia da perda, mas também do encontro etc. É um filme que certamente atingirá de forma diferente cada pessoa que o assistir.
Embriagado de Amor
3.6 479 Assista AgoraPerplexo com a trilha sonora original.