A sensação de que as histórias são irregulares é menor do que a compreensão que pouca coisa seria capaz de se equiparar realmente com o que é passagem de Maria Ros pelo cinema nos seus últimos atos de vida. vontade de doar um pouco mais de fôlego quando ela aparece, por mais que nos falte também, seja pela impressão imediata que de fato pouco tempo resta, seja pelo convencimento total que de fato aquela mulher na época final da decrepidez goza de uma sobriedade absurda. E de fato funcionam muito os personagens nas suas despretensiosas relações, é vida mesmo isso aí.
Por mais que quando o centro da trama se apresente role uma identificação que se converte na ideia de que nada mais absolutamente sintomático que o desenrolar da relação, além de não me parecer que o que indica tais ações seja o indício do título, a percepção imediata é que pouca coisa se sustenta, seja os diálogos que conduz a narrativa, seja os personagens que que oscilam menos entre obstinados e reticentes - como parece suscitar o diretor - que como clicherosos e mimados. Achei a segunda metade um pouco superior, mas a forma que dialoga com a primeira, seja pelos vazios propositas ou pelos indícios deixados, são inconsistentes e forçadas,
assim como a reação do personagem masculino que vai da extrema naturalização da mudança de contato a uma brutalidade descabida.
O tanto de responsabilidade que o diretor transfere pra resolvermos pós sessão parece ser mais atitude preguiçosa que uma propositura de embate consciencial. Reverbera de fato, percebi isso não só comigo, mas acredito agora que pelos motivos errados. Mesmo querendo somar pontos pelo que parece ser uma emulação da explicação final do ótimo "Trinta Anos Esta Noite", minha memória afetiva não impede perceber que até isso soa como recurso fácil e contextualmente inverossímil. Provavelmente devo estar sendo exagerado, mas comigo não funcionou mesmo. Talvez uma boa cabeçada no espelho ou uma ou duas frases, muito pouco.
Se apropriar da linguagem infame e congelada da Globo Filmes e não só achar possibilidades como redefiní-la no seu contato com a realidade social na estrutura mais naturalizada por essa mesma empresa - inclusive com a naturalização de relações hierárquicas de classe como essência nacional, que inevitavelmente recaem para uma hierarquização de sujeitos - tendo como tese central justamente a contestação de todas essas máximas: não é pra qualquer uma, definitivamente não é.
Possui um ritmo razoável e atuações convincentes, vide a quase documental atuação da matriarca, que não nos deixa passar ilesos aos desaparecimentos vindouros. Porém a maior perda a primeira vista é justamente o filme se deixar encaixar numa estrutura formulaica que além de o fazer menos sério e um pouco mais desinteressante, parece trocar e atropelar a resolução dos evidentes problemas familiares por uma saída fácil e aventuresca. Mas como as referências mais imediatas do longa ensinaram, sobretudo "A Última Sessão de Cinema" e "Cinema Paradiso", remoer as perdas é também uma forma de avançar. Portanto, há esperança e houveram bons momentos na sessão.
Se não chega a ser um exame geral da classe média como é "O Som ao Redor", é por que ele também não tenta ser. Extremamente verossímil e convincente em tudo que toca, e até o romantismo da pobreza como solução que o filme herda funciona. Não dá realmente mais pra viver na Casa Grande, seja ela uma casa de fato ou um conjunto de ideias repetidas.
A extrema naturalização violência contra mulher que perpassa a obra do Farhadi é um dos pontos que nos localiza, apesar de não parecer, - ainda mais se comparados as idiossincrasias formais de um Kiarostami ou Makhmalbaf que nos fizeram reconhecer o país de uma outra forma - estamos no Irã. Sendo assim, por mais que o roteiro nos tome e realmente fiquemos confusos se escolhemos um lado, a problematização do tema precisa ser muito mais abrangida que a solução imediata da centralidade do processo judicial que condiciona o filme. Mas de qualquer forma, taí um cara que sabe dimensionar um problema e ainda terminar com um roteiro fechadíssimo, nossa!
Uma das maiores cenas de finais sangrentos do cinema é a do filme anterior do Peckinpah, finais previsíveis do sadismo básico do diretor então, mas que inevitavelmente atordoam. Mas a sensação que se tem aqui é diferente. Depois de uma apatia constrangedora, a reviravolta na atitude do personagem central é extremamente imprevisível se comparada com os motivos aparentemente mais justificáveis que haviam se desenvolvido até então. Mas é Peckinpah que está no comando, então é respirar fundo e depois disso julgar se fez ou não sentido.
Por mais que o tom inverossímil da primeira metade incomode e desconcentre, a segunda metade quando se descobre os verdadeiros objetivos elogiosos a UNICEF em detrimento aos problemas que continuam e que não foram resolvidos pelas políticas de caridade é que inviabiliza levar ele a sério. Um problema de passaporte do garoto branco faz esquecer qualquer reflexão sobre todo um projeto de objetificação - promovido por times europeus - de jovens africanos, os que dão e os que não dão certo no futebol, inclusive. Se terminasse uns 40 minutos antes talvez até virasse por algum motivo uma boa lembrança.
A sucessão de fatos é tão bem relacionada a forma que funciona a estrutura mnemômica, principalmente associada a essa parte da vida, que todas as particularidades de uma infância em Taiwan ficam pequenas comparadas as semelhanças que nos vemos imersos comparando com a nossa própria infância. Um filme acima de tudo sobre o tempo - como o título sugere - na percepção exata que se tem sobre ele quando se é criança.
O maoísmo na China no filme de Zhang Yimou aparentemente supre as necessidades e cumpre o que promete no que concerne a divisão de bens e a evolução gradual do nível de qualidade de vida aos membros da classe trabalhadora utilizando por base o voluntarismo característico da tese de Mao, surgido de forma díspar mas ainda sim sincera até mesmo na família central recém despejada da classe de origem. Porém o que pareceria um filme propagandístico apresenta suas principais críticas a partir da linguagem da tragédia, o voluntarismo torna-se alienação e é na repetição de valores que encerram o sistema como prioridade que as tragédias inevitavelmente surgem. Belíssimo filme em mais de um sentido.
A fotografia do personagem Waldo ao fingir descer a escada talvez seja a mais interessante já feita com sombras na parede desde o expressionismo alemão. E a Gene Tierney nem precisaria sair do quadro pra todo mundo se apaixonar e ainda merecer o título desta obra-prima, filmaço.
O respeito que o Malick percorre cada ponto que pulsa no ambiente onde o roteiro dos seus filmes se desenvolvem é admirável, e acaba tocando ainda mais por sabermos onde isso vai parar, na expressão máxima desse tributo a natureza que é "Árvore da Vida", onde ela nos engole por completo. Já havia sido profundamente tocado e nutro ainda uma preferência por "Terra de Ninguém", mas tenho que confessar que a tal transmissão de estado de espírito no qual se fala sobre o cinema do Malick faz muito mais sentido aqui.
A única coisa realmente absurda é esta sinopse. Parece ter sido redigida pelos acusadores de Mersault, claramente os objetos principais da crítica da história do Camus. Por mais que concorde que a história no filme não funcione tão bem como no livro, e que o personagem do Mastroianni não transborde a coerência de personalidade que o Mersault do Camus nos passa, não é perdoável analiticamente tal conclusão mesmo apenas vendo o filme e não conhecendo o livro. Por esta sinopse ele seria condenado novamente por motivos totalmente à parte do julgamento. No mais, acredito que o filme carece do que o livro mais nos dá, a investidura e a associação absoluta com a personalidade 'estranha' do seu personagem central. Mas a sequência final é bacana, o Mastroianni está muito bem nela e a Anna Karina é de uma beleza comovente.
A supressão de fatos como o rompimento de Dorian com Sibyl se dá por uma má interpretação da moça em uma noite de espetáculo, e que a influência definitiva de Lorde Henry sobre Dorian se dá quando o presenteia com um livro, o que acaba sendo determinante para a mudança de personalidade de Dorian, inevitavelmente faz o filme perder o poder que a arte tem no desenvolvimento do roteiro, que vai muito além do retrato. No mais, grande adaptação e uma criação bela, ousada e extravagante da modificação do quadro. E realmente lembrei bastante do Cigano Igor com atuação do Hurd Hatfield, rs.
Duramente atingido por um Huston falseadamente cômico e duramente dilacerador, mostrando que as feridas não se curam apenas pela vontade. Huston realmente chegou na velhice com total controle da persona que moldou ao longo da carreira, e Albert Finney aqui traduziu e resumiu o cinema hustoniano de forma primorosa. E que capa maravilhosa esta.
nossa, com um beijo daquele quem não né... Belíssimo e surpreendente, se tivesse sido feito ontem ainda surpreenderia. Pareceu por vezes uma versão feminina do não menos fundamental "Zero de Conduta". Se não é tão genial e anárquico quanto filme do Jean Vigo, o homoerotismo contido, mas ousadíssimo, o romantismo no plano pessoal e coletivo, e a sinceridade e a paixão que pulula dos poros deste filme dão conta.
Nossa, como fiquei arrepiado ao ver este filme, é isso, é isso mesmo. Quando um abraço é uma proibição no processo de educar é por que alguma coisa está errada. E outro sintoma genialmente identificado é o fato de que supostamente as resoluções de problemas limites, como o que a escola enfrenta, são pretensamente resolvidos com o esquecimento, sendo que deveriam justamente serem baseados na exploração do tema, como faz o Monsieur Lazhar, esse argelino tem muito a ensinar, e eu arrepiado ainda.
É um filme que conta uma história dos conflitos raciais e o principal elemento de análise é o homem branco, por isso o que acabamos conhecendo e assim somos levados a simpatizar-nos durante a projeção são com os seus valores morais, assim como acontece com o personagem da Audrey, até aí tudo bem. A trama não furta-se de mostrar que - apesar do pouco tempo destinado - os Kiowas também partem de princípios morais, o que o difere de um ideal de selvageria veiculado por outros filmes do gênero, ponto pro Houston.
Mas quando o personagem mais detestável acaba se tornando o salvador da família contra os invasores, trouxe-me uma ideia de genuinidade branca que me deixou com uma pulga atrás da orelha.
Mas é um filme seríssimo, e que vale muito ser analisado minunciosamente.
Estupendo! Ninguém melhor que o Houston pra contar esta história recheada de fracassados, e em primeiro plano um fracassado por excelência, Lautrec, soberbo! Sua fama foi a derrocada do Moulin Rouge tal qual concebia, e sem amor e sem o Moulin Rouge, pra que viver, pra quê?!
A Praga
3.5 1A sensação de que as histórias são irregulares é menor do que a compreensão que pouca coisa seria capaz de se equiparar realmente com o que é passagem de Maria Ros pelo cinema nos seus últimos atos de vida. vontade de doar um pouco mais de fôlego quando ela aparece, por mais que nos falte também, seja pela impressão imediata que de fato pouco tempo resta, seja pelo convencimento total que de fato aquela mulher na época final da decrepidez goza de uma sobriedade absurda. E de fato funcionam muito os personagens nas suas despretensiosas relações, é vida mesmo isso aí.
Stockholm
3.5 61Por mais que quando o centro da trama se apresente role uma identificação que se converte na ideia de que nada mais absolutamente sintomático que o desenrolar da relação, além de não me parecer que o que indica tais ações seja o indício do título, a percepção imediata é que pouca coisa se sustenta, seja os diálogos que conduz a narrativa, seja os personagens que que oscilam menos entre obstinados e reticentes - como parece suscitar o diretor - que como clicherosos e mimados. Achei a segunda metade um pouco superior, mas a forma que dialoga com a primeira, seja pelos vazios propositas ou pelos indícios deixados, são inconsistentes e forçadas,
assim como a reação do personagem masculino que vai da extrema naturalização da mudança de contato a uma brutalidade descabida.
O tanto de responsabilidade que o diretor transfere pra resolvermos pós sessão parece ser mais atitude preguiçosa que uma propositura de embate consciencial. Reverbera de fato, percebi isso não só comigo, mas acredito agora que pelos motivos errados. Mesmo querendo somar pontos pelo que parece ser uma emulação da explicação final do ótimo "Trinta Anos Esta Noite", minha memória afetiva não impede perceber que até isso soa como recurso fácil e contextualmente inverossímil. Provavelmente devo estar sendo exagerado, mas comigo não funcionou mesmo. Talvez uma boa cabeçada no espelho ou uma ou duas frases, muito pouco.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraSe apropriar da linguagem infame e congelada da Globo Filmes e não só achar possibilidades como redefiní-la no seu contato com a realidade social na estrutura mais naturalizada por essa mesma empresa - inclusive com a naturalização de relações hierárquicas de classe como essência nacional, que inevitavelmente recaem para uma hierarquização de sujeitos - tendo como tese central justamente a contestação de todas essas máximas: não é pra qualquer uma, definitivamente não é.
O Último Cine Drive-in
3.5 69Possui um ritmo razoável e atuações convincentes, vide a quase documental atuação da matriarca, que não nos deixa passar ilesos aos desaparecimentos vindouros. Porém a maior perda a primeira vista é justamente o filme se deixar encaixar numa estrutura formulaica que além de o fazer menos sério e um pouco mais desinteressante, parece trocar e atropelar a resolução dos evidentes problemas familiares por uma saída fácil e aventuresca. Mas como as referências mais imediatas do longa ensinaram, sobretudo "A Última Sessão de Cinema" e "Cinema Paradiso", remoer as perdas é também uma forma de avançar. Portanto, há esperança e houveram bons momentos na sessão.
Anjos Caídos
4.0 262 Assista AgoraUm Won Kar Wai estabanado, como os destinos. Se não é uma atualização perfeita da própria fórmula, "Felizes Juntos" provará que tentar é preciso.
Casa Grande
3.5 576 Assista AgoraSe não chega a ser um exame geral da classe média como é "O Som ao Redor", é por que ele também não tenta ser. Extremamente verossímil e convincente em tudo que toca, e até o romantismo da pobreza como solução que o filme herda funciona. Não dá realmente mais pra viver na Casa Grande, seja ela uma casa de fato ou um conjunto de ideias repetidas.
A Separação
4.2 726A extrema naturalização violência contra mulher que perpassa a obra do Farhadi é um dos pontos que nos localiza, apesar de não parecer, - ainda mais se comparados as idiossincrasias formais de um Kiarostami ou Makhmalbaf que nos fizeram reconhecer o país de uma outra forma - estamos no Irã. Sendo assim, por mais que o roteiro nos tome e realmente fiquemos confusos se escolhemos um lado, a problematização do tema precisa ser muito mais abrangida que a solução imediata da centralidade do processo judicial que condiciona o filme. Mas de qualquer forma, taí um cara que sabe dimensionar um problema e ainda terminar com um roteiro fechadíssimo, nossa!
Sob o Domínio do Medo
3.8 268Uma das maiores cenas de finais sangrentos do cinema é a do filme anterior do Peckinpah, finais previsíveis do sadismo básico do diretor então, mas que inevitavelmente atordoam. Mas a sensação que se tem aqui é diferente. Depois de uma apatia constrangedora, a reviravolta na atitude do personagem central é extremamente imprevisível se comparada com os motivos aparentemente mais justificáveis que haviam se desenvolvido até então. Mas é Peckinpah que está no comando, então é respirar fundo e depois disso julgar se fez ou não sentido.
O Sol Dentro
3.7 5Por mais que o tom inverossímil da primeira metade incomode e desconcentre, a segunda metade quando se descobre os verdadeiros objetivos elogiosos a UNICEF em detrimento aos problemas que continuam e que não foram resolvidos pelas políticas de caridade é que inviabiliza levar ele a sério. Um problema de passaporte do garoto branco faz esquecer qualquer reflexão sobre todo um projeto de objetificação - promovido por times europeus - de jovens africanos, os que dão e os que não dão certo no futebol, inclusive. Se terminasse uns 40 minutos antes talvez até virasse por algum motivo uma boa lembrança.
Um Tempo para Viver, um Tempo para Morrer
4.0 16A sucessão de fatos é tão bem relacionada a forma que funciona a estrutura mnemômica, principalmente associada a essa parte da vida, que todas as particularidades de uma infância em Taiwan ficam pequenas comparadas as semelhanças que nos vemos imersos comparando com a nossa própria infância. Um filme acima de tudo sobre o tempo - como o título sugere - na percepção exata que se tem sobre ele quando se é criança.
Tempo de Viver
4.3 44O maoísmo na China no filme de Zhang Yimou aparentemente supre as necessidades e cumpre o que promete no que concerne a divisão de bens e a evolução gradual do nível de qualidade de vida aos membros da classe trabalhadora utilizando por base o voluntarismo característico da tese de Mao, surgido de forma díspar mas ainda sim sincera até mesmo na família central recém despejada da classe de origem. Porém o que pareceria um filme propagandístico apresenta suas principais críticas a partir da linguagem da tragédia, o voluntarismo torna-se alienação e é na repetição de valores que encerram o sistema como prioridade que as tragédias inevitavelmente surgem. Belíssimo filme em mais de um sentido.
Laura
4.1 132 Assista AgoraA fotografia do personagem Waldo ao fingir descer a escada talvez seja a mais interessante já feita com sombras na parede desde o expressionismo alemão. E a Gene Tierney nem precisaria sair do quadro pra todo mundo se apaixonar e ainda merecer o título desta obra-prima, filmaço.
Cinzas no Paraíso
4.0 172 Assista AgoraO respeito que o Malick percorre cada ponto que pulsa no ambiente onde o roteiro dos seus filmes se desenvolvem é admirável, e acaba tocando ainda mais por sabermos onde isso vai parar, na expressão máxima desse tributo a natureza que é "Árvore da Vida", onde ela nos engole por completo. Já havia sido profundamente tocado e nutro ainda uma preferência por "Terra de Ninguém", mas tenho que confessar que a tal transmissão de estado de espírito no qual se fala sobre o cinema do Malick faz muito mais sentido aqui.
O Estrangeiro
3.8 49A única coisa realmente absurda é esta sinopse. Parece ter sido redigida pelos acusadores de Mersault, claramente os objetos principais da crítica da história do Camus. Por mais que concorde que a história no filme não funcione tão bem como no livro, e que o personagem do Mastroianni não transborde a coerência de personalidade que o Mersault do Camus nos passa, não é perdoável analiticamente tal conclusão mesmo apenas vendo o filme e não conhecendo o livro. Por esta sinopse ele seria condenado novamente por motivos totalmente à parte do julgamento. No mais, acredito que o filme carece do que o livro mais nos dá, a investidura e a associação absoluta com a personalidade 'estranha' do seu personagem central. Mas a sequência final é bacana, o Mastroianni está muito bem nela e a Anna Karina é de uma beleza comovente.
O Retrato de Dorian Gray
3.9 88 Assista AgoraA supressão de fatos como o rompimento de Dorian com Sibyl se dá por uma má interpretação da moça em uma noite de espetáculo, e que a influência definitiva de Lorde Henry sobre Dorian se dá quando o presenteia com um livro, o que acaba sendo determinante para a mudança de personalidade de Dorian, inevitavelmente faz o filme perder o poder que a arte tem no desenvolvimento do roteiro, que vai muito além do retrato. No mais, grande adaptação e uma criação bela, ousada e extravagante da modificação do quadro. E realmente lembrei bastante do Cigano Igor com atuação do Hurd Hatfield, rs.
O Silêncio
4.0 42A sensibilidade makhmalbafiana não tem limites, só comparada aos ouvidos de Khorshid.
Giselle
2.9 50A minha maior surpresa, entre inúmeras, foi a naturalidade do desapego familiar em prol dos destinos individuais. Filmaço!
Os Vivos e os Mortos
3.8 29Afinal de contas, o fracasso era a própria espécie Huston, mestre!
Dirigindo no Escuro
3.6 209 Assista AgoraAonde o filme chega mostra que o Allen vive muito bem sim além dos seus diálogos, o roteiro aqui talvez seja até o que o filme tem de mais bacana.
À Sombra do Vulcão
3.7 21Duramente atingido por um Huston falseadamente cômico e duramente dilacerador, mostrando que as feridas não se curam apenas pela vontade. Huston realmente chegou na velhice com total controle da persona que moldou ao longo da carreira, e Albert Finney aqui traduziu e resumiu o cinema hustoniano de forma primorosa. E que capa maravilhosa esta.
Senhoritas em Uniforme
3.9 38 Assista Agoranossa, com um beijo daquele quem não né... Belíssimo e surpreendente, se tivesse sido feito ontem ainda surpreenderia. Pareceu por vezes uma versão feminina do não menos fundamental "Zero de Conduta". Se não é tão genial e anárquico quanto filme do Jean Vigo, o homoerotismo contido, mas ousadíssimo, o romantismo no plano pessoal e coletivo, e a sinceridade e a paixão que pulula dos poros deste filme dão conta.
O que Traz Boas Novas
4.0 101 Assista AgoraNossa, como fiquei arrepiado ao ver este filme, é isso, é isso mesmo. Quando um abraço é uma proibição no processo de educar é por que alguma coisa está errada. E outro sintoma genialmente identificado é o fato de que supostamente as resoluções de problemas limites, como o que a escola enfrenta, são pretensamente resolvidos com o esquecimento, sendo que deveriam justamente serem baseados na exploração do tema, como faz o Monsieur Lazhar, esse argelino tem muito a ensinar, e eu arrepiado ainda.
O Passado Não Perdoa
3.6 57 Assista AgoraÉ um filme que conta uma história dos conflitos raciais e o principal elemento de análise é o homem branco, por isso o que acabamos conhecendo e assim somos levados a simpatizar-nos durante a projeção são com os seus valores morais, assim como acontece com o personagem da Audrey, até aí tudo bem. A trama não furta-se de mostrar que - apesar do pouco tempo destinado - os Kiowas também partem de princípios morais, o que o difere de um ideal de selvageria veiculado por outros filmes do gênero, ponto pro Houston.
Mas quando o personagem mais detestável acaba se tornando o salvador da família contra os invasores, trouxe-me uma ideia de genuinidade branca que me deixou com uma pulga atrás da orelha.
Moulin Rouge
3.9 32 Assista AgoraEstupendo! Ninguém melhor que o Houston pra contar esta história recheada de fracassados, e em primeiro plano um fracassado por excelência, Lautrec, soberbo! Sua fama foi a derrocada do Moulin Rouge tal qual concebia, e sem amor e sem o Moulin Rouge, pra que viver, pra quê?!