Cate Blanchett faz um trabalho magistral que engloba o filme inteiro, no qual a personagem-título provoca um misto muito característico de empatia e aversão. é um longa que subsiste na sua capacidade de fazer o espectador se contorcer na poltrona e qualquer risada mais fraca ou diversão que possa passar pela cabeça é de puro constrangimento mesmo. a não ser que você não entenda o que é uma piada ou não, ou seja, uma daquelas pessoas no cinema que nos agraciam com suas presenças.
no entanto, a maior parte do filme tá meio disfarçada de algo leve. bem, pra isso, tem um punhado de cenas que mostram a capacidade da equipe de provocar tristeza pura, seja com a complicada Jasmine ou com o coadjuvante Augie, que faz questão de repetir as suas falas até que uma hora nós entendemos a tragédia na história que ele conta.
isso, inclusive, articula a natureza circular do enredo que, apesar de tudo, torna o filme bastante satisfatório (talvez pareça fácil de imaginar pra quem não assistiu ainda). a última revelação do roteiro é algo que amarra lindamente todas essas dualidades
tão completamente minimalista que não dá pra saber o que os dois primeiros segmentos têm de justificativa pra existir — e se você me disser que eles têm um décimo da emoção latente da última parte, vou precisar de provas
um filme que tem uma pulsação, é vivo. ele não é melhor que o anterior em termos de elegância, trama mais sofisticada ou sequências de ação mais complicadas (no filme pronto na nossa frente, né). ele não tem nada disso. inclusive, o diretor e roteirista retornando depois de Rogue Nation parece ter concentrado uma quantidade imensa da sua capacidade mental na ação e deixado uma parcela insuficiente pros diálogos e até o humor, que sofrem aqui.
é difícil descrever o porquê, mas este é o melhor exemplo de ação sem parar, de sacrifícios ao Buster Keaton (manobras com risco de vida) e de personagens que importam num filme em que a maioria das pessoas são profissionais em dar surras e voar com carros. embora aqui a nossa turma esteja bem desfalcada, já que Luther, Benji e a sniper estão infelizmente reduzidos dessa vez, as vidas deles ainda importam... e quem tá a frente deles é Ethan Hunt. tá aí o coração do filme, o que faz de cada perseguição algo mais que claro perigo: um ato motivado, algo em que o humano é evidenciado no sobrehumano. (veja a sequência blue lives matter, simplesmente incrível.) ah, eu nem falei ainda do
aspecto sobrenatural do filme, que foi uma construção ao longo da série e, aumentando em cada aparição, sempre empurra o protagonista na direção do mitológico, mas sempre honrando a MÁXIMA de (vídeos no YouTube sobre) filmes de ação que diz que nossos herois nunca devem ser invencíveis.
o Lark acaba sendo uma figura interessante que brinca com a questão da sua identidade de um jeito divertido. mas ele falando "Quando eu escrevi [o manifesto]" é terrível, meu Deus. a ação desse 7 não tem como superar a do 6, então espero que deem mais importância pros diálogos no finale
mais próximo do incrível Grand Budapest, são mais brincadeiras com o que o espectador espera do cinema, algo que as piadas sobre a simetria nos filmes do Wes Anderson sozinhas não te contam. dessa vez ele brinca ainda mais com o formato, até um malabarismo com o aspecto de tela, legendas que se dispõem em todas as direções possíveis e mudanças abruptas de preto-e-branco pra cor e vice-versa. isso tudo poderia ser distrações que prejudicassem o filme, mas causam sorrisos quase toda vez que acontecem.
a história #1 é a de mais impacto, mais destinada pra virar clássica, claro. mas os outros segmentos, mais ou menos sérios, todos são tesouros que carregam experiências realmente vividas por artistas com experiência de vida e de contar histórias marcantes. só não tão marcantes quanto o segmento do pintor
O Flash usa seus poderes únicos — ritmo constante, disposição pra se divertir, um novo propósito pro espetáculo de CGI — na luta contra a desoriginalidade da coisa toda
assistir uma adaptação de Medeia, ler a peça de Eurípides e ainda assistir duas vezes outra adaptação (a primeira foi com muito sono) em um mês definitivamente não é algo que eu faria se não fosse trabalho de faculdade. mas, mesmo cansado, sou grato por ter participado de uma reflexão sobre arte (sempre importante) que eu gostei muito em todas as três formas.
de um jeito estranho e até ansiógeno, a ênfase que o filme dá para a religiosidade que Medeia comanda na terra dela, ou, a famosa sabedoria do mal que a personagem encarna, é deslumbrante. nos rostos de atores (provavelmente não profissionais) poderia parecer que existe uma indiferença, especialmente quando eles saem desse estado assim que o sangue de um homem sacrificado é distribuído entre eles. mas fica evidente que existe uma rigidez enorme nessa sociedade, já que a religião está em tudo. muitos dos momentos que mostram isso ainda são pontuados por uma trilha sonora bela, mas bem discordante.
quando Medeia foge com Jasão e desmembra o irmão pra despistar o povo dela que veio atrás deles, essa decisão é tão acertada que é quase cômica: o povo é tão ritualístico que recolher os restos do morto precisa de uma solenidade que dá muito tempo para o casal fugir.
Jasão é criado pelo personagem mais carismático do filme — o único —, um centauro que conta muitas histórias à criança, o jovem, o adulto. ele tem um monólogo que deixa os temas do filme bem claros: se trata da perda da religiosidade, da Grécia mais próxima do laico do que nunca diante da raiva de Medeia, apropriada da sabedoria mística, a arte de se utilizar de venenos (em uma versão) ou maldições (em outra) quando o assunto é vingança.
Jasão rejeita seu papel como herói trágico — papel que, originalmente, era destino traçado pelos deuses e terminava em morte —, sendo carregado por Medeia no seu feito principal (por misericórdia, o único nessa adaptação) e depois desprezando o reino que ele deveria tomar — livre de julgamento a princípio, mas que acaba se revelando prova da arrogância do personagem. quando ele abandona Medeia por uma oportunidade mais oportuna, a bárbara feiticeira traz calamidades com as quais a cidade grega de Corinto está espiritualmente incapaz de lidar.
é impressionante que logo no final do filme a noiva e o sogro de Jasão, princesa e rei, sejam tão humanizados, e ainda com pouquíssimas pinceladas. já seria triste o destino deles se o filme não tivesse incluído uma visão que mostra eles morrendo por fogo só pra depois concretizar o assassinato de um jeito que talvez... nem tenha precisado de magia pra acontecer.
enfim, em toda tragédia grega a história geral era bem conhecida pelo povo, era uma tradição oral que existia antes das peças serem escritas. ou seja, não existiam spoilers nos festivais, sendo valorizados o tratamento e os pormenores que cada autor dava a essas histórias. o filme do von Trier alude a isso quando resume a trajetória do casal até começarem as imagens logo quando Medeia entra em luto por causa da traição de Jasão. o filme do Pasolini é mais seletivo, e em um ou outro momento é difícil perceber que houve um pulo bem grande no tempo (10 anos, no principal caso). o bom é que, junto com as visões, igualmente sorrateiras, que Medeia tem, isso dá um ar de sonho ao filme. enquanto isso no filme do von Trier seria mais pelo lado expressionista de um pesadelo, aqui é daquelas experiências que te levantam da cama perplexo. ENFIM, não é tão recomendado entrar neste filme sem conhecer a lenda de Medeia, se você não puder decifrar o filme. mas as informações estão lá, e a experiência cinematográfica é marcante.
obs.: uma das pouquíssimas vezes que Maria Callas atuou no cinema, e a experiência dela como cantora de ópera brilha no filme. quase todos os personagens têm olhares fixos e expressões que não mudam, mas no caso dela, existe uma majestade em cada emoção sólida que ela mostra, um luxo que o resto do elenco não tem. é muito importante pra entender a personagem que ela já estivesse infeliz durante seus rituais. aliás, também ajuda ela ser absolutamente linda como uma rainha
saber antes do filme que ele envolve o Jones Sr. na trama dá um medo, com certeza, mas é um dos maiores acertos de Last Crusade. longe de ser irritante, o personagem traz uma dinâmica que faz todas as piadas de "esse é o seu pai?" sem cair na pieguice que é pelo menos uma preocupação na cabeça de quem não suportou o humor do 2.
o filme aqui é um prazer constante, e parece uma carta de amor à "arqueologia" do Jones Jr. novamente, o contraste dele com o pai não é feito na idiotice, além de tornar os perigos que o Indiana enfrenta mais perigosos, por medo nosso de que essa reunião tão boa (pra nós e pra eles) acabe de maneira abrupta.
a série continua se movendo cada vez mais pra dentro da fantasia, e não tem o que reclamar disso. vendo a ação se separar cada vez mais do realismo (mas não tão pirada quanto o anterior né) e aquele final que vai com tudo nessa direção, eu fiquei muito satisfeito, surpreso, até, e muito curioso pra ver como essa fantasia vai ser abordada daqui em diante
tem uma grandeza e uma solenidade inspiradora, mesmo se atendo somente a diálogos simples que, de algum jeito, sempre antecipam a traição se esgueirando ao redor da família real. me impressionam também as vezes que a câmera permanece no fim de uma caravana deixando a tela: eu sinto o rei pensativo, "é sério que esse poder nas mãos deles vai destruir tudo?" tô muito interessado em ver outras interpretações.
mas é mais um filme antigo que acaba no meio, mas ainda fica enchendo o saco por mais de uma hora. simplesmente não faz sentido que um filme fique acompanhando algo como um personagem louco, mais pra catatônico do que interessante, andar sem rumo nos campos aí. por quê?
pelo menos essa segunda metade tem a Lady Kaede, que surpreende quando começa a roubar a cena com seus próprios planos sangrentos. é um dos melhores exemplos de como a posição de um certo elemento num filme pode aproveitar muito mais essa introdução. colocar a explosão da personagem no pós-climax, quando as coisas já estão se desfazendo, dá uma beleza particular, decadente, pra personagem, além de comunicar com precisão o comentário que a trajetória dela faz sobre a fundação destruidora, e portanto não confiável dentro de si — até frágil —, daquele império
Gotham é um circo gótico divertidíssimo com uma aura impressionista. a política da cidade é tão sardônica (a própria política, antes do filme como um todo) que é impossível não sorrir, os mesmos sorrisos culpados de quando vemos, várias vezes, o caos que os homens fantasiados (alguns de terno) causam na vida do povo. esse é o tema central do filme, e temos os personagens Shreck e Penguim a agradecer.
o magnata que manipula a cidade das sombras tá sempre relacionado à trama de um jeito tangencial, e sempre indiferente (por exemplo, quando ele é sequestrado e colocado numa gaiola gigante, e fica parado imóvel no fundo dela, tentando sair por meio de propina monótona). mas de vez em quando ele sai desse personagem, e a sutileza do ator é hilária, como se de vez em quando ele esboçasse algum sinal de vida no corpo oco dele.
por outro lado, o Pinguim faz muito mais barulho. ele tem um charme grotesco que nos afeiçoa à vilania dele — além da historinha só pra dar pena no começo do filme — e a cara de pau que tem a ascensão dele a um potencial prefeito de Gotham é divertida, embora o filme seja eficiente ao deixar a natureza do personagem chocar o público bem nas horas em que nós mais estamos rindo dele.
tem uma personagem bem mais interessante, porém. a Selina Kyle começa com o q parece uma fantasia chauvinista, mas que é uma tentativa mal orientada de se identificar com os problemas das mulheres. mas o que é complicado é que o filme é bem auto-consciente e entende bem mais do que isso. então, fica claro que a personagem é uma sátira... só que é absurdamente exagerada e prejudica o filme. só que a Mulher-Gato é uma metamorfose muito boa da personagem — na verdade, a personagem nunca para de mudar, encarnando uma mascarada que dança em cima da linha da moralidade, sexy e perigosa, e como uma Selina que reflete sua ressurreição de um jeito muito mais humano, com dúvidas muito compreensíveis sobre seu papel na cidade e na vida. por extensão, o romance com o protagonista é comovente, e é o melhor uso do personagem secundário cujo nome é o título do filme* (mesma coisa que o 1).
*o segundo melhor uso dele é pilotando o Batmobile. bem, secundário de novo
vi na minha aula de Literatura no curso de Letras!! era von Trier ou Pasolini!! e o professor deu contexto vital pra gente, já que não pudemos ler o texto na íntegra
Medeia, constantemente olhando pra baixo, cabelos censurados numa toca preta, é uma FORÇA da angústia. nessa posição suprimida o filme causa um incômodo constante, especialmente se a protagonista está atravessando um pântano particular dela, indiferente a estar joelhos abaixo da água e constantemente lavada pela chuva. (esse pântano é particularmente lindo, dentro ou fora d'água, e o aspecto de tela faz parecer que é o caldeirão dela mesmo.) a ideia é que toda essa amargura requer uma resposta que vai surgir mais tarde, e isso é como uma frase que a atmosfera do filme registra constantemente na sua consciência.
não sei muito dos Campos Elíseos, mas parece que essa é a associação naquele final. a razão praqueles campos dourados serem um final tão forte, apesar de serem cenas tão enroladas, vem do contexto que me foi dado: à mulher grega não resta nada senão traição e os atos mais hediondos em reação
a ação continua incrível, mas este filme é um passo à frente pra série por dar uma razão mais pessoal do que nunca pros personagens lutarem, um tratamento mais digno do Benji e se aproximar ainda mais da ideia delirante do Hunt ser uma força implacável, que recorre aos seus próximos pra salvar o mundo quando ninguém mais em sã consciência poderia comprar a ideia dele. "eu não consigo ver outra maneira." o filme não tenta se levar a sério quando o Alec Baldwin descreve o protagonista como um semideus, e é difícil não estremecer quando o personagem fica parecendo líder de seita apesar de, como sempre, ser a maior esperança contra os vilões
cada volume veio com menos frescor do que o original, então teve cada vez menos jeito de disfarçar o drama e o humor bem convencionais nos filmes. mas é sempre um prazer retornar a essa dinâmica casual mas inusitada dessas aventuras na bizarrice do espaço, com personagens queridos, um ritmo que privilegia o estado de espírito dos Guardiões pra só depois começar a explodir as coisas (com uns quadros realmente lindos no processo, isso é Cinema de massa).
enquanto o filme vai decepcionando cada vez mais, a historinha do Rocky ganha mais destaque, uma combinação ótima de sentimentalismo animal e crueldade cyberpunk que, talvez porque o personagem já não era fofo o bastante, ainda mostra uma ninhada de guaxinins.
esse capítulo final não exatamente dá um desfecho pra todo mundo, nem despedidas, o que deixa uma sensação de incompletude. mas, bem, pelo menos isso eles fizeram de diferente.
obs.: completamente justifica terem resetado a Gamora
eu sabia que o Spielberg era um bom diretor de ação, igual ele mostra naquela bagunça no começo do filme. mas puta merda, que loucura isso vira bem na metade da duração. uma dinâmica divertida quando o casal está dançando no quarto, depois, terror arrepiante, depois é ação turbinada, culminando numas perseguições que só podem indicar que houve uso de tóxico no processo da produção do filme.
o que resta é uma merda: um senso de humor flácido com uma personagem irritante pra caralho no centro
é uma pegada de fantasia leve, em que o mundo é bastante fantástico mas os personagens falam como gente de verdade. é óbvio que esse seria o caso desse filme, mas o importante é que a dinâmica dos personagens é impecável na maior parte, elenco ótimo (só a tiefling que os roteiristas esqueceram de escrever), enquanto é fácil para nós entrar nesse mundo porque ele pode ser só um cenário, mas é um muito bem feito. a ação impressiona, mesmo que as cenas sejam relativamente simples. o filme anterior da dupla de diretores impressionava por como integrava as sequências pontuais de ação ao resto do filme; aqui eles se soltam e mostram ainda mais que sabem o que estão fazendo
é muito importante que o filme, mesmo não deixando de ser sobre a lenda principal, introduz coadjuvantes de destaque que impressionam com suas habilidades mas também são humanizados muito bem. especialmente a relação de pai e filha que nos afeiçoa com pouco tempo de tela e o Caine que é incrível no combate e ocasionalmente exibe um lado que comove sem esforço. os personagens que não são exatamente humanizados ainda assim têm papéis melhores que outros nos filmes anteriores, e as cenas em que eles não estão matando uns aos outros são muitas nesse filme - o que antes era o principal defeito de cada capítulo anterior, já que o diálogo era desinteressante, agora não sofre com isso. porém, eu falava que era isso que fazia muita falta nesses filmes, e ainda assim eu sinto que este filme está incompleto... enfim, foi bom acompanhar tudo isso obs.: aquele cachorro em cima dos carros me arrepiou
todo M:I tem: a IMF é desativada/criminalizada/tomada por superiores que vão atrapalhar o trabalho dos nossos agentes, o que sempre intriga; Ethan Hunt é absurdamente capacitado pra liderar seu grupo de agentes - tanto como um comunicador quanto como o personagem mais fisicamente pirado do cinema atual -, e Tom Cruise simplesmente fode no papel; e uma coleção de alguns dos momentos mais impressionantes do cinema de ação, que a cada volume prometem maravilhar e desestabilizar a respiração do espectador. aquela festa foi meio Tela Quente, mas não foi de todo ruim. foi um pouco legal ver o Jeremy Renner fazer um analista pego no meio da bagunça, mas eu realmente não entendi a moral desse personagem no filme
eu estava lá dentro, perdendo meu melhor amigo, vivendo entre aquelas paredes
também é legal como os personagens são aquelas figuras do interior, mas isso não só significa que tem uma procissão de piadas adornando o roteiro, mas que elas são parte da própria substância do filme
um monumento à mulher que vai de derrotada e humilhada a resolvida e exemplar, no caminho passando pelos dois lados da lei, às vezes negligente por estar quebrada mas depois dando um show de camaradagem feminina. porque o que uma mulher aprende se junta com o que ela já sabe e ela vai de fodida a fodona de uma hora pra outra - e se o filme que mostrar tudo isso não tornar essa jornada numa história em que as curvas não têm peso, ele é um triunfo
além de conceitos absolutos em incontáveis filmes depois deste, ele não se parece com o padrão de hoje nem com o da época. o realismo prevalece, mas a atmosfera lúgubre é com o que empresta do sobrenatural. infelizmente as atuações acabam atrapalhando muitas cenas importantes, e uma discussão sobre subir ou descer que fica se repetindo sem parar, por mais que seja tensão, não é tensão interessante
faz um bom trabalho em não fazer todas as instâncias do tema central - o relacionamento entre mãe e filha, as gravações que são do mesmo tópico, o retorno do pai/ex- marido etc. - não parecerem artificiais, como muitos filmes bons ainda sofrem, apesar de o ritmo (dentro e fora do relógio na própria trama) ser muito rápido e concentrado. coesão é a palavra
Deneuve constrói uma personagem tão retirada dos seus arredores que até parece uma mulher desinteressante, apesar de engraçada. mas quando ela se abre, a lógica por trás do comportamento dela se torna a coisa mais foda desse filme - além de ser a razão pra ele existir, pra começo de conversa
a violência é alarmante e o melodrama juvenil ao redor nos força a ver como essas circunstâncias amplificam a angústia de ser adolescente. a energia e a perversão aqui, junto com um contexto que dá propósito à chacina com facilidade, provavelmente vão manter essa história como a essencial do subgênero que ela criou
o protagonista faz das críticas aos outros espetáculo, e olha que às vezes são amigos que ele está detonando - embora não seja estranho que ele tenha pessoas arrogantes e fúteis por perto, porque esse crítico mordaz já virou um papel dentro dessa sociedade seleta. ele perambula por Roma, uma cidade que transborda com beleza de vários mundos diferentes, mas não consegue achar a paixão que precisa pra voltar a escrever depois de ter lançado só um livro, e 40 anos atrás. ele deveria estar isento das armadilhas da sua classe e idade, mas não está, e quando a vida quebra esse exterior aqui e ali e o personagem se encontra chorando, é impecável o trabalho do ator nas fraquezas
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraCate Blanchett faz um trabalho magistral que engloba o filme inteiro, no qual a personagem-título provoca um misto muito característico de empatia e aversão. é um longa que subsiste na sua capacidade de fazer o espectador se contorcer na poltrona e qualquer risada mais fraca ou diversão que possa passar pela cabeça é de puro constrangimento mesmo. a não ser que você não entenda o que é uma piada ou não, ou seja, uma daquelas pessoas no cinema que nos agraciam com suas presenças.
no entanto, a maior parte do filme tá meio disfarçada de algo leve. bem, pra isso, tem um punhado de cenas que mostram a capacidade da equipe de provocar tristeza pura, seja com a complicada Jasmine ou com o coadjuvante Augie, que faz questão de repetir as suas falas até que uma hora nós entendemos a tragédia na história que ele conta.
isso, inclusive, articula a natureza circular do enredo que, apesar de tudo, torna o filme bastante satisfatório (talvez pareça fácil de imaginar pra quem não assistiu ainda). a última revelação do roteiro é algo que amarra lindamente todas essas dualidades
A Mulher que Fugiu
3.6 36tão completamente minimalista que não dá pra saber o que os dois primeiros segmentos têm de justificativa pra existir — e se você me disser que eles têm um décimo da emoção latente da última parte, vou precisar de provas
Missão: Impossível - Efeito Fallout
3.9 788um filme que tem uma pulsação, é vivo. ele não é melhor que o anterior em termos de elegância, trama mais sofisticada ou sequências de ação mais complicadas (no filme pronto na nossa frente, né). ele não tem nada disso. inclusive, o diretor e roteirista retornando depois de Rogue Nation parece ter concentrado uma quantidade imensa da sua capacidade mental na ação e deixado uma parcela insuficiente pros diálogos e até o humor, que sofrem aqui.
é difícil descrever o porquê, mas este é o melhor exemplo de ação sem parar, de sacrifícios ao Buster Keaton (manobras com risco de vida) e de personagens que importam num filme em que a maioria das pessoas são profissionais em dar surras e voar com carros. embora aqui a nossa turma esteja bem desfalcada, já que Luther, Benji e a sniper estão infelizmente reduzidos dessa vez, as vidas deles ainda importam... e quem tá a frente deles é Ethan Hunt. tá aí o coração do filme, o que faz de cada perseguição algo mais que claro perigo: um ato motivado, algo em que o humano é evidenciado no sobrehumano. (veja a sequência blue lives matter, simplesmente incrível.) ah, eu nem falei ainda do
aspecto sobrenatural do filme, que foi uma construção ao longo da série e, aumentando em cada aparição, sempre empurra o protagonista na direção do mitológico, mas sempre honrando a MÁXIMA de (vídeos no YouTube sobre) filmes de ação que diz que nossos herois nunca devem ser invencíveis.
obs.:
o Lark acaba sendo uma figura interessante que brinca com a questão da sua identidade de um jeito divertido. mas ele falando "Quando eu escrevi [o manifesto]" é terrível, meu Deus. a ação desse 7 não tem como superar a do 6, então espero que deem mais importância pros diálogos no finale
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
3.2 614 Assista Agoravibes: DVD locado + 2ª trilogia Star Wars
A Crônica Francesa
3.5 287 Assista Agoramais próximo do incrível Grand Budapest, são mais brincadeiras com o que o espectador espera do cinema, algo que as piadas sobre a simetria nos filmes do Wes Anderson sozinhas não te contam. dessa vez ele brinca ainda mais com o formato, até um malabarismo com o aspecto de tela, legendas que se dispõem em todas as direções possíveis e mudanças abruptas de preto-e-branco pra cor e vice-versa. isso tudo poderia ser distrações que prejudicassem o filme, mas causam sorrisos quase toda vez que acontecem.
a história #1 é a de mais impacto, mais destinada pra virar clássica, claro. mas os outros segmentos, mais ou menos sérios, todos são tesouros que carregam experiências realmente vividas por artistas com experiência de vida e de contar histórias marcantes. só não tão marcantes quanto o segmento do pintor
The Flash
3.1 749 Assista AgoraO Flash usa seus poderes únicos — ritmo constante, disposição pra se divertir, um novo propósito pro espetáculo de CGI — na luta contra a desoriginalidade da coisa toda
Medéia, A Feiticeira do Amor
3.7 40assistir uma adaptação de Medeia, ler a peça de Eurípides e ainda assistir duas vezes outra adaptação (a primeira foi com muito sono) em um mês definitivamente não é algo que eu faria se não fosse trabalho de faculdade. mas, mesmo cansado, sou grato por ter participado de uma reflexão sobre arte (sempre importante) que eu gostei muito em todas as três formas.
de um jeito estranho e até ansiógeno, a ênfase que o filme dá para a religiosidade que Medeia comanda na terra dela, ou, a famosa sabedoria do mal que a personagem encarna, é deslumbrante. nos rostos de atores (provavelmente não profissionais) poderia parecer que existe uma indiferença, especialmente quando eles saem desse estado assim que o sangue de um homem sacrificado é distribuído entre eles. mas fica evidente que existe uma rigidez enorme nessa sociedade, já que a religião está em tudo. muitos dos momentos que mostram isso ainda são pontuados por uma trilha sonora bela, mas bem discordante.
quando Medeia foge com Jasão e desmembra o irmão pra despistar o povo dela que veio atrás deles, essa decisão é tão acertada que é quase cômica: o povo é tão ritualístico que recolher os restos do morto precisa de uma solenidade que dá muito tempo para o casal fugir.
Jasão é criado pelo personagem mais carismático do filme — o único —, um centauro que conta muitas histórias à criança, o jovem, o adulto. ele tem um monólogo que deixa os temas do filme bem claros: se trata da perda da religiosidade, da Grécia mais próxima do laico do que nunca diante da raiva de Medeia, apropriada da sabedoria mística, a arte de se utilizar de venenos (em uma versão) ou maldições (em outra) quando o assunto é vingança.
Jasão rejeita seu papel como herói trágico — papel que, originalmente, era destino traçado pelos deuses e terminava em morte —, sendo carregado por Medeia no seu feito principal (por misericórdia, o único nessa adaptação) e depois desprezando o reino que ele deveria tomar — livre de julgamento a princípio, mas que acaba se revelando prova da arrogância do personagem. quando ele abandona Medeia por uma oportunidade mais oportuna, a bárbara feiticeira traz calamidades com as quais a cidade grega de Corinto está espiritualmente incapaz de lidar.
é impressionante que logo no final do filme a noiva e o sogro de Jasão, princesa e rei, sejam tão humanizados, e ainda com pouquíssimas pinceladas. já seria triste o destino deles se o filme não tivesse incluído uma visão que mostra eles morrendo por fogo só pra depois concretizar o assassinato de um jeito que talvez... nem tenha precisado de magia pra acontecer.
enfim, em toda tragédia grega a história geral era bem conhecida pelo povo, era uma tradição oral que existia antes das peças serem escritas. ou seja, não existiam spoilers nos festivais, sendo valorizados o tratamento e os pormenores que cada autor dava a essas histórias. o filme do von Trier alude a isso quando resume a trajetória do casal até começarem as imagens logo quando Medeia entra em luto por causa da traição de Jasão. o filme do Pasolini é mais seletivo, e em um ou outro momento é difícil perceber que houve um pulo bem grande no tempo (10 anos, no principal caso). o bom é que, junto com as visões, igualmente sorrateiras, que Medeia tem, isso dá um ar de sonho ao filme. enquanto isso no filme do von Trier seria mais pelo lado expressionista de um pesadelo, aqui é daquelas experiências que te levantam da cama perplexo. ENFIM, não é tão recomendado entrar neste filme sem conhecer a lenda de Medeia, se você não puder decifrar o filme. mas as informações estão lá, e a experiência cinematográfica é marcante.
obs.: uma das pouquíssimas vezes que Maria Callas atuou no cinema, e a experiência dela como cantora de ópera brilha no filme. quase todos os personagens têm olhares fixos e expressões que não mudam, mas no caso dela, existe uma majestade em cada emoção sólida que ela mostra, um luxo que o resto do elenco não tem. é muito importante pra entender a personagem que ela já estivesse infeliz durante seus rituais. aliás, também ajuda ela ser absolutamente linda como uma rainha
Indiana Jones e a Última Cruzada
4.0 486 Assista Agorasaber antes do filme que ele envolve o Jones Sr. na trama dá um medo, com certeza, mas é um dos maiores acertos de Last Crusade. longe de ser irritante, o personagem traz uma dinâmica que faz todas as piadas de "esse é o seu pai?" sem cair na pieguice que é pelo menos uma preocupação na cabeça de quem não suportou o humor do 2.
o filme aqui é um prazer constante, e parece uma carta de amor à "arqueologia" do Jones Jr. novamente, o contraste dele com o pai não é feito na idiotice, além de tornar os perigos que o Indiana enfrenta mais perigosos, por medo nosso de que essa reunião tão boa (pra nós e pra eles) acabe de maneira abrupta.
a série continua se movendo cada vez mais pra dentro da fantasia, e não tem o que reclamar disso. vendo a ação se separar cada vez mais do realismo (mas não tão pirada quanto o anterior né) e aquele final que vai com tudo nessa direção, eu fiquei muito satisfeito, surpreso, até, e muito curioso pra ver como essa fantasia vai ser abordada daqui em diante
Ran
4.5 265 Assista Agoratem uma grandeza e uma solenidade inspiradora, mesmo se atendo somente a diálogos simples que, de algum jeito, sempre antecipam a traição se esgueirando ao redor da família real. me impressionam também as vezes que a câmera permanece no fim de uma caravana deixando a tela: eu sinto o rei pensativo, "é sério que esse poder nas mãos deles vai destruir tudo?" tô muito interessado em ver outras interpretações.
mas é mais um filme antigo que acaba no meio, mas ainda fica enchendo o saco por mais de uma hora. simplesmente não faz sentido que um filme fique acompanhando algo como um personagem louco, mais pra catatônico do que interessante, andar sem rumo nos campos aí. por quê?
pelo menos essa segunda metade tem a Lady Kaede, que surpreende quando começa a roubar a cena com seus próprios planos sangrentos. é um dos melhores exemplos de como a posição de um certo elemento num filme pode aproveitar muito mais essa introdução. colocar a explosão da personagem no pós-climax, quando as coisas já estão se desfazendo, dá uma beleza particular, decadente, pra personagem, além de comunicar com precisão o comentário que a trajetória dela faz sobre a fundação destruidora, e portanto não confiável dentro de si — até frágil —, daquele império
Nell
3.7 221 Assista Agoradessa vez assistir filme na faculdade não foi tão bom. só prestou mesmo pra mostrar uma comunidade linguística de três pessoas
filmes em Letras: 50%
Batman: O Retorno
3.4 852 Assista AgoraGotham é um circo gótico divertidíssimo com uma aura impressionista. a política da cidade é tão sardônica (a própria política, antes do filme como um todo) que é impossível não sorrir, os mesmos sorrisos culpados de quando vemos, várias vezes, o caos que os homens fantasiados (alguns de terno) causam na vida do povo. esse é o tema central do filme, e temos os personagens Shreck e Penguim a agradecer.
o magnata que manipula a cidade das sombras tá sempre relacionado à trama de um jeito tangencial, e sempre indiferente (por exemplo, quando ele é sequestrado e colocado numa gaiola gigante, e fica parado imóvel no fundo dela, tentando sair por meio de propina monótona). mas de vez em quando ele sai desse personagem, e a sutileza do ator é hilária, como se de vez em quando ele esboçasse algum sinal de vida no corpo oco dele.
por outro lado, o Pinguim faz muito mais barulho. ele tem um charme grotesco que nos afeiçoa à vilania dele — além da historinha só pra dar pena no começo do filme — e a cara de pau que tem a ascensão dele a um potencial prefeito de Gotham é divertida, embora o filme seja eficiente ao deixar a natureza do personagem chocar o público bem nas horas em que nós mais estamos rindo dele.
tem uma personagem bem mais interessante, porém. a Selina Kyle começa com o q parece uma fantasia chauvinista, mas que é uma tentativa mal orientada de se identificar com os problemas das mulheres. mas o que é complicado é que o filme é bem auto-consciente e entende bem mais do que isso. então, fica claro que a personagem é uma sátira... só que é absurdamente exagerada e prejudica o filme. só que a Mulher-Gato é uma metamorfose muito boa da personagem — na verdade, a personagem nunca para de mudar, encarnando uma mascarada que dança em cima da linha da moralidade, sexy e perigosa, e como uma Selina que reflete sua ressurreição de um jeito muito mais humano, com dúvidas muito compreensíveis sobre seu papel na cidade e na vida. por extensão, o romance com o protagonista é comovente, e é o melhor uso do personagem secundário cujo nome é o título do filme* (mesma coisa que o 1).
*o segundo melhor uso dele é pilotando o Batmobile. bem, secundário de novo
Medéia
3.8 74vi na minha aula de Literatura no curso de Letras!! era von Trier ou Pasolini!! e o professor deu contexto vital pra gente, já que não pudemos ler o texto na íntegra
Medeia, constantemente olhando pra baixo, cabelos censurados numa toca preta, é uma FORÇA da angústia. nessa posição suprimida o filme causa um incômodo constante, especialmente se a protagonista está atravessando um pântano particular dela, indiferente a estar joelhos abaixo da água e constantemente lavada pela chuva. (esse pântano é particularmente lindo, dentro ou fora d'água, e o aspecto de tela faz parecer que é o caldeirão dela mesmo.) a ideia é que toda essa amargura requer uma resposta que vai surgir mais tarde, e isso é como uma frase que a atmosfera do filme registra constantemente na sua consciência.
não sei muito dos Campos Elíseos, mas parece que essa é a associação naquele final. a razão praqueles campos dourados serem um final tão forte, apesar de serem cenas tão enroladas, vem do contexto que me foi dado: à mulher grega não resta nada senão traição e os atos mais hediondos em reação
Missão: Impossível - Nação Secreta
3.7 805 Assista Agoraa ação continua incrível, mas este filme é um passo à frente pra série por dar uma razão mais pessoal do que nunca pros personagens lutarem, um tratamento mais digno do Benji e se aproximar ainda mais da ideia delirante do Hunt ser uma força implacável, que recorre aos seus próximos pra salvar o mundo quando ninguém mais em sã consciência poderia comprar a ideia dele. "eu não consigo ver outra maneira." o filme não tenta se levar a sério quando o Alec Baldwin descreve o protagonista como um semideus, e é difícil não estremecer quando o personagem fica parecendo líder de seita apesar de, como sempre, ser a maior esperança contra os vilões
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 804 Assista Agoracada volume veio com menos frescor do que o original, então teve cada vez menos jeito de disfarçar o drama e o humor bem convencionais nos filmes. mas é sempre um prazer retornar a essa dinâmica casual mas inusitada dessas aventuras na bizarrice do espaço, com personagens queridos, um ritmo que privilegia o estado de espírito dos Guardiões pra só depois começar a explodir as coisas (com uns quadros realmente lindos no processo, isso é Cinema de massa).
enquanto o filme vai decepcionando cada vez mais, a historinha do Rocky ganha mais destaque, uma combinação ótima de sentimentalismo animal e crueldade cyberpunk que, talvez porque o personagem já não era fofo o bastante, ainda mostra uma ninhada de guaxinins.
esse capítulo final não exatamente dá um desfecho pra todo mundo, nem despedidas, o que deixa uma sensação de incompletude. mas, bem, pelo menos isso eles fizeram de diferente.
obs.: completamente justifica terem resetado a Gamora
Indiana Jones e o Templo da Perdição
3.9 507 Assista Agoraeu sabia que o Spielberg era um bom diretor de ação, igual ele mostra naquela bagunça no começo do filme. mas puta merda, que loucura isso vira bem na metade da duração. uma dinâmica divertida quando o casal está dançando no quarto, depois, terror arrepiante, depois é ação turbinada, culminando numas perseguições que só podem indicar que houve uso de tóxico no processo da produção do filme.
o que resta é uma merda: um senso de humor flácido com uma personagem irritante pra caralho no centro
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
3.6 509 Assista Agoraé uma pegada de fantasia leve, em que o mundo é bastante fantástico mas os personagens falam como gente de verdade. é óbvio que esse seria o caso desse filme, mas o importante é que a dinâmica dos personagens é impecável na maior parte, elenco ótimo (só a tiefling que os roteiristas esqueceram de escrever), enquanto é fácil para nós entrar nesse mundo porque ele pode ser só um cenário, mas é um muito bem feito.
a ação impressiona, mesmo que as cenas sejam relativamente simples. o filme anterior da dupla de diretores impressionava por como integrava as sequências pontuais de ação ao resto do filme; aqui eles se soltam e mostram ainda mais que sabem o que estão fazendo
John Wick 4: Baba Yaga
3.9 692 Assista Agoraé muito importante que o filme, mesmo não deixando de ser sobre a lenda principal, introduz coadjuvantes de destaque que impressionam com suas habilidades mas também são humanizados muito bem. especialmente a relação de pai e filha que nos afeiçoa com pouco tempo de tela e o Caine que é incrível no combate e ocasionalmente exibe um lado que comove sem esforço. os personagens que não são exatamente humanizados ainda assim têm papéis melhores que outros nos filmes anteriores, e as cenas em que eles não estão matando uns aos outros são muitas nesse filme - o que antes era o principal defeito de cada capítulo anterior, já que o diálogo era desinteressante, agora não sofre com isso. porém, eu falava que era isso que fazia muita falta nesses filmes, e ainda assim eu sinto que este filme está incompleto... enfim, foi bom acompanhar tudo isso
obs.: aquele cachorro em cima dos carros me arrepiou
Missão: Impossível - Protocolo Fantasma
3.7 1,7K Assista Agoratodo M:I tem: a IMF é desativada/criminalizada/tomada por superiores que vão atrapalhar o trabalho dos nossos agentes, o que sempre intriga; Ethan Hunt é absurdamente capacitado pra liderar seu grupo de agentes - tanto como um comunicador quanto como o personagem mais fisicamente pirado do cinema atual -, e Tom Cruise simplesmente fode no papel; e uma coleção de alguns dos momentos mais impressionantes do cinema de ação, que a cada volume prometem maravilhar e desestabilizar a respiração do espectador.
aquela festa foi meio Tela Quente, mas não foi de todo ruim. foi um pouco legal ver o Jeremy Renner fazer um analista pego no meio da bagunça, mas eu realmente não entendi a moral desse personagem no filme
Os Banshees de Inisherin
3.9 571 Assista Agoraeu estava lá dentro, perdendo meu melhor amigo, vivendo entre aquelas paredes
também é legal como os personagens são aquelas figuras do interior, mas isso não só significa que tem uma procissão de piadas adornando o roteiro, mas que elas são parte da própria substância do filme
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
4.0 550 Assista Agoraum monumento à mulher que vai de derrotada e humilhada a resolvida e exemplar, no caminho passando pelos dois lados da lei, às vezes negligente por estar quebrada mas depois dando um show de camaradagem feminina. porque o que uma mulher aprende se junta com o que ela já sabe e ela vai de fodida a fodona de uma hora pra outra - e se o filme que mostrar tudo isso não tornar essa jornada numa história em que as curvas não têm peso, ele é um triunfo
A Noite dos Mortos-Vivos
4.0 549 Assista Agoraalém de conceitos absolutos em incontáveis filmes depois deste, ele não se parece com o padrão de hoje nem com o da época. o realismo prevalece, mas a atmosfera lúgubre é com o que empresta do sobrenatural. infelizmente as atuações acabam atrapalhando muitas cenas importantes, e uma discussão sobre subir ou descer que fica se repetindo sem parar, por mais que seja tensão, não é tensão interessante
A Verdade
3.2 29 Assista Agorafaz um bom trabalho em não fazer todas as instâncias do tema central - o relacionamento entre mãe e filha, as gravações que são do mesmo tópico, o retorno do pai/ex- marido etc. - não parecerem artificiais, como muitos filmes bons ainda sofrem, apesar de o ritmo (dentro e fora do relógio na própria trama) ser muito rápido e concentrado. coesão é a palavra
Deneuve constrói uma personagem tão retirada dos seus arredores que até parece uma mulher desinteressante, apesar de engraçada. mas quando ela se abre, a lógica por trás do comportamento dela se torna a coisa mais foda desse filme - além de ser a razão pra ele existir, pra começo de conversa
Batalha Real
3.6 588 Assista Agoraa violência é alarmante e o melodrama juvenil ao redor nos força a ver como essas circunstâncias amplificam a angústia de ser adolescente. a energia e a perversão aqui, junto com um contexto que dá propósito à chacina com facilidade, provavelmente vão manter essa história como a essencial do subgênero que ela criou
A Grande Beleza
3.9 463 Assista Agorao protagonista faz das críticas aos outros espetáculo, e olha que às vezes são amigos que ele está detonando - embora não seja estranho que ele tenha pessoas arrogantes e fúteis por perto, porque esse crítico mordaz já virou um papel dentro dessa sociedade seleta. ele perambula por Roma, uma cidade que transborda com beleza de vários mundos diferentes, mas não consegue achar a paixão que precisa pra voltar a escrever depois de ter lançado só um livro, e 40 anos atrás. ele deveria estar isento das armadilhas da sua classe e idade, mas não está, e quando a vida quebra esse exterior aqui e ali e o personagem se encontra chorando, é impecável o trabalho do ator nas fraquezas