Esse é um filme sobre as consequências de traumas da infância, que muitas vezes são jogados para "debaixo do tapete" e acabam refletindo na vida adulta, quando se acha que está tudo bem. Há uma forte presença da cor vermelha em meio ao ambiente clean, que torna a fotografia bem peculiar e bem simbólica. Desde o início é notório o desconforto da protagonista em não ser tratada com relevância, sempre cortada nas conversas, ignorada, sendo influenciada pelo o que os outros querem, não tendo espaço para ser ela mesma, num desenvolvimento de personagem bem construído, que traz uma empatia e um incômodo em quem assiste. O desconforto aos poucos vai sendo evidenciado cada vez mais, por meio de um mix de desejos bizarros de gravidez com ações tomadas pela personagem, numa tentativa de tornar toda a felicidade líquida que lhe rodeia em algo menos monótono, solitário e tedioso, levando-a de uma forma estranha e distorcida à contradição de manter o controle sobre si ao mesmo tempo que se pune por ser quem ela é (ou pelo o que ela passou). Um filme desconfortável sobre lidar com os próprios monstros.
Esse filme é a personificação da frase: Quer conhecer uma pessoa, dê-lhe poder... E pressão, no caso. 7 años é um filme curto, direto, intrigante e empolgante em seu percurso, que desde o início já causa uma curiosidade e inquietação para entender o rumo que as coisas irão tomar. Em meio a urgência de uma situação extrema, de estress e conflitos, que envolve vidas, amizade e muito dinheiro, o filme traz a reflexão sobre o preço que cada pessoa vale, quanto custa sua liberdade e do que ela é capaz para se manter livre, deixando claro que quando se trata de autoproteção as pessoas são capazes de coisas inimagináveis. Mas quando tudo passa e a ressaca moral chega, como que fica a convivência de pessoas que eram amigas, mas que se enfrentaram jogando suas percepções mais obscuras umas nas caras das outras?
Este é um filme que traz diversas reflexões sobre a capacidade das pessoas em colocar uma criança no mundo e lidar com a responsabilidade que isso exige. No início parece apenas uma criança mimada buscando atenção com sua agressividade, mas ao longo da narrativa vai ficando claro que não é tão simples assim. Pertencer a uma família disfuncional pode ser interpretado por uma criança de diversas formas e Benni lidou com isso da pior forma possível, mostrando tudo que um ser humano (mesmo tão jovem) pode se tornar diante de um trauma de infância e da incompreensão de seus sentimentos. A atriz dá um show em demostrar toda a carga de energia e ódio que existe dentro daquele pequeno ser contraditoriamente carismático que joga fogo pelos olhos e não para de gritar. Benni é uma criança agressivamente complexa, que é compreendida por quem não pode lhe ajudar inteiramente e a cada surto é jogada para longe, sem exemplo de amor incondicional, sem diálogos, sem aprender a lidar com a intensidade de seus sentimentos, nunca criando raízes. Um filme pesado, reflexivo, que deveria ser assistido por todos que pretendem colocar uma criança no mundo.
Vivarium é intrigante, metafórico. A narrativa começa de forma bem suave, despretensiosamente as coisas vão se desenrolando e a vida comum de um jovem casal é virada de cabeça para baixo em poucos instantes. Vivarium é sobre escolhas e consequências, sobre os ciclos da vida adulta distorcidos de forma bizarra, onde o suspense e o estranhamento estão presentes na tela e no coração o tempo inteiro, com todo um cenário esteticamente pensado nos mínimos detalhes, que transforma a vida perfeita do sonho americano em algo assustador. Um elenco super enxuto, mas bem alinhado com atuações coerentes. Um experimento e uma experiência a ser digerida lentamente.
Injustiça, preconceito e um olhar de compaixão são os pilares desse filme que retrata a combinação cruel entre um homem com doença mental, uma acusação injusta feita por um militar carrasco da Turquia em regime ditatorial e a intolerância. A história tem um apelo sentimental fortíssimo e tudo trabalha a favor de lhe fazer chorar: o roteiro em si que faz questão de ser sofrido, toda a apresentação dos personagens que enfatiza a inocência da história do protagonista e sua filha, a fotografia que é muito bonita e ilustra muito bem aquele universo, os múltiplos movimentos extensos de câmera lenta focando nas expressões e emoções, e uma trilha sonora que encaixa perfeitamente como um ativador de lágrimas nessa luta entre o poder ditatorial e a justiça. É um filme dolorido, quase impossível de ser visto devido a carga dramática, que não foi feita para aqueles que tem um coração mole, com uma conclusão fiel a sua proposta, mas que não a torna menos forçada. Uma dramalheira de qualidade.
O filme parece querer mostrar uma realidade distópica introduzindo o canibalismo como principal aliado para traçar o destino de uma jovem que parece não se encaixar no mundo e busca entender sua razão de ser numa terra dos sonhos, com uma fotografia cheia de cores e contrastes... mas isso não funciona! Quer ser muita coisa e acaba não sendo nada, é um filme vazio e apesar de possuir um elenco bom, as atuações não tem emoção e não existe um caminho a percorrer na construção da história, o roteiro é muito raso. Nada acontece, dá sono, uma perca de tempo.
Esse é um filme para se divertir. A narrativa mescla o movimento de despejo com o super heroísmo adquirido aleatoriamente por um homem comum. De início já parece bem clichê, e é! Mas de uma maneira originalmente descontraída, leve e com uma trilha sonora empolgante que ajuda o filme a se manter, por que demora um pouco pra engrenar. Há personagens bem caricatos, uma vilã bem peculiar e acontece de tudo, lutas, facadas, coisas levitando, pessoas voando e um drama familiar como pano de fundo. Um filme que exige não ser levado a sério e que entretém.
Essa é uma história que se constrói na simplicidade do amor, na grandeza da naturalidade em construir uma vida a dois e vai desenhando o relacionamento de duas mulher de forma muito singela, com uma ótima sintonia das atrizes Juliane Moore e Ellen Page, que trazem uma verdade a mais para a trama, que é baseada em fatos reais. Uma doença terminal traz a tona a necessidade de resolver questões burocráticas, que complica a vida do casal por se tratar de um casal lésbico. Isso tudo traz um mix de sentimentos que torna impossível não se comover em algum momento, mas com uma carga dramática e sentimentalismo bem dosada. Um filme para refletir sobre intolerância, respeito ao sentimento do outro e igualdade de gênero.
Esse é um filme sobre decisões e o efeito dominó de certas atitudes. O que se vê aqui é um homem cansado, com uma rotina que lhe afasta dos deveres de pai e marido, que lhe coloca numa onda de escolhas e consequências que complicam sua vida numa noite de acidente.... Embora a premissa seja interessante, em certo ponto os personagens se tornam irritantes, insistindo em ideias e atitudes burras, que acaba cansando e atrasando o andamento da história... A conclusão não convencional dá um up no sentido da história e fecha bem a ideia de que situações desesperadas pedem medidas desesperadas, mas não é o suficiente para torna-lo uma experiência agradável, por deixar ainda alguns questionamentos.
Este é um filme sobre a busca de respostas entre o passado e o presente, para o encaixe de um "quebra-cabeça". De inicio a mistura de personalidades instáveis, amor mal resolvido, alucinações e uma quase morte, causa uma curiosidade em entender os personagens e o que está acontecendo... Porém, apesar de ser um filme curto e que tem sempre algo acontecendo, o tempo é mal aproveitado, as explicações complexas e conspiratórias são achadas com uma facilidade que não convence, parecendo algo tão mirabolante e matemático que ao finalizar deixa a sensação de que faltou algo, deixando mais perguntas do que respostas.
Como o próprio personagem diz, esse é apenas um dramalhão adolescente. Apesar de abordar um tema sério e necessário como a depressão e transpor uma certa complexidade no personagem Finch, não consegue inspirar empatia em quem assiste. O ritmo é desajustado, os personagens são mal trabalhados e o tema principal acaba sendo mal explorado, transformando o que no início parece ser um filme interessante sobre olhar o outro além do que se vê, em um clichê chatinho de adolescentes. O que salva é a fotografia com paisagens muito bonitas que em meio a tudo isso trazem a mensagem de enxergar a beleza nas coisas simples que te rodeiam e olhar com mais apreço para o ambiente em que se vive...de resto, um filme raso.
O filme traz a realidade do um escritor fracassado em busca da fama, que recebe uma proposta irresistível e obtêm o que quer, mas com consequências não calculadas. É daqueles filmes para assistir com a mente meio desligada, sem grandes expectativas, para se divertir com os acontecimentos e não pensar se aquilo faz sentido ou não... Isso porque é um clichêzão de comédia de ação, cheio de absurdos, personagens caricatos, resoluções forçadas e lutas improváveis.
O filme é sobre a luta com o luto, sobre buscar sua própria essência em meio a dor e resignificar sentimentos. Neste contexto, a trama traz muitas reflexões sobre a formação de cada pessoa, o que ela acredita e o que a faz ser quem ela é, apresentando uma personagem que viveu a vida toda à sombra do irmão que morreu recentemente. Este é um fato que desencadeia ao longo da narrativa uma busca incansável dela por uma conexão com ele, num cenário solitário meio sobrenatual, com uma fotografia fria, e emoções que parecem não aflorar... trazendo à tona a real luta: A busca incessante da protagonista por uma verdade que não é sua, uma busca de conexão que não é com o outro, mas que deveria ser com ela mesma, para aprender a lidar com os próprios fantasmas.
O poço é um filme curioso, instigante, com um suspense que conduz muito bem a trama. A atmosfera lembra muito o clássico Cubo (1995): pessoas trancafiadas num lugar estranho lutando por suas vidas... Mas aqui há uma forte crítica ao sistema econômico e ao relacionamento dos que tem muito com os que não tem nada, muito bem representado pelos níveis que compõem o poço. Conforme as informações vão desembaraçando vamos vivenciando muita ação com as situações extremas que os personagens passam para se alimentar e sobreviver, mostrando a desigualdade e injustiças do sistema de forma fria, dolorosa, sangrenta e aterrorizante... Isso tudo funciona muito bem como uma analogia a vida, que desperta o medo e a curiosidade para saber o que pode acontecer ao chegar no fim do poço e como sair de lá com vida, deixando a reflexão: Será que se houver uma "solidariedade espontânea" por parte de todos os habitantes, os menos afortunados seriam poupados do sofrimento que lhes é imposto ou essa possibilidade é apenas uma utopia em meio a mesquinhez humana?
Esse é um filme sobre segredos guardados e oportunidades de melhoria que se transformam em prisões, que traz uma história que é mais sobre humanos do que de vampiros. Há diversos conflitos que são abordados sobre o medo de relacionar-se e machucar o outro, a fuga de uma realidade dolorosa, a reclusão e o enfrentando das dificuldades que a condição vampiresca impõe, para isso traz uma abordagem diferenciada e mais "pé no chão" do que comumente é vivenciado em outros filmes do gênero, mas apesar disso, da presença de grandes atrizes e atuações convincentes, não é um filme espetacular, mas entretém e mantém o interesse na trama até o fim.
Whisky é monótono, falta emoção, o que reflete bem a vida dos personagens. O filme retrata bem uma vida sem alegrias, sem motivação, no automático o que pode ser muito bem representado pelo movimento repetitivo das máquinas e padrões de movimento das pessoas. Tudo é exaustivamente da mesma firma sempre, até que algo força a rotina ser mudada. É desconfortável para Jacobo, mas parece que era o que Marta esperava a vida toda... E o filme é sobre ela. É muito sutil as mudanças, nada parece acontecer, não é um filme comum que vai agradar de cara, mas com um pouco de sensibilidade pode-se sentir que ele é um aviso, de que as vezes só precisamos de uma dose de vida para parar de repetir o que de fato não nos faz feliz e dizer: hoje não mais.
O filme é bem cru, tudo é muito cotidiano, trazendo uma identificação fácil e uma crítica de forma bem singela, porém forte, aos novos modelos de fonte de renda. O filme toca exatamente em questões que o brasileiro vê todo dia, em que traz a reflexão sobre uma certa ilusão nas promessas de trabalhos por app como o "faça seu próprio dinheiro", "faça seus horários", promessas que dão um ideia precipitada de ser seu próprio chefe, mas que no filme mostra uma outra face, em que a pessoa se torna um escravo do sistema, não é dono de nada e está completamente desamparado. Ao longo da trama é muito duro observar a desarmonização de uma estrutura familiar com as pessoas trabalhando 12 a 15 horas por dia, numa situação irreversível sustentada por uma questão de sobrevivência.. Um filme sobre a decadência da dignidade do ser humano, onde questões trabalhistas são inexistentes e as pessoas apenas seguem o fluxo rumo a própria ruína. Triste.
Bolt é um agente independente, carismático, confiante, invencível... um James Bond do blaxploitation, que em sua jornada para entregar uma encomenda traz todo tipo de emoção à tela com uma trilha sonora empolgante. O filme é bem movimentado, com resoluções por hora exageradas traz muita ação em meio a perseguições, artes maciais, explosões e claro que não podia faltar mulheres, música, paixão e vingança. O filme tem de tudo, mas é bem distribuído, sendo bem honesto em sua proposta. Se a descrença nos fatos é deixada de lado, o filme renderá uma boa dose de divertimento.
Sem dúvida O lamento chama atenção e causa curiosidade com sua atmosfera esquisita, uma fotografia fria e escura o tempo todo, possui cenas que envolvem e causam certa tensão, mas que também confundem pois o que uma hora parece ser algo, acaba se transformando em outra coisa e a história se perde deixando muitos pontos em aberto. É notória a grande presença de elementos culturais e um certo embate entre eles, mas isso é algo que para melhor absorção exige um conhecimento prévio sobre os comportamentos, o que tira o brilho da experiência de quem não o tem... Enfim, um filme desnecessariamente longo, monótono, que passeia entre o drama, o terror e a fantasia, que aborda muita coisa e não diz nada.
Mesmo em um mundo que muitos espalham bondade, existe sempre uma parcela de pessoas que escolhem fazer o contrário simplesmente porque podem e esse filme ilustra muito bem esse universo... é um filme sobre gente ruim que não medem esforços para serem escrotos, utilizando a mulher como um objeto de prazer, descartável, sem utilidade, para descarregar todas suas frustrações. É um filme silencioso, mas que grita por meio da voz doce da protagonista, canções com letras de amor e alegria, mas que ilustram poeticamente a dor, a revolta, o cansaço. É um filme que embrulha o estômago diante de tanta perversidade, falta de humanidade de personagens asquerosos com atitudes grotescas... e mesmo que alguns deles sejam bem caricatos, desenvolve bem esses sentimentos, com cenas pesadas e cruas de muito sofrimento, que solidificam um enorme desejo de vingança, tanto na mulher que sofre como em quem assiste, iniciando a partir daí uma jornada de amadurecimento forçado e um ódio transformado em força, que parece muito uma mistura de "Doce Vingança" e "O regresso", onde a protagonista encontra em meio ao caos uma parceria e o resgate da confiança em alguém no mundo, despertando uma empatia que fortalece os laços, mesmo eles não pertencendo ao mesmo mundo, mas por terem um inimigo em comum. É um filme frio, sofrido, pesado.
Esse é um filme sobre a indiferença que rodeia as relações humanas, em um mundo em que todos estão passando por alguma dificuldade, mas não há empatia suficiente para entender isso. Por meio de um estilo semelhante a um documentário o filme de forma íntima e discreta vai tocando em diversas perspectivas pela ótica de um professor substituto, que carrega em seu olhar vazio um universo de emoções contidas, sentimentos presos que o acompanham desde sempre, de escola em escola, sem nunca se apegar ou criar raízes. Embora aconteçam muitas coisas ao mesmo tempo, tudo é muito crível e de uma sensibilidade incrível, que toca a alma com toda sua beleza melancólica que vai lentamente costurando uma série de percepções sobre a vida, sobre questões como o peso de ser professor e ter que lidar com responsabilidades que não são suas, sobre sentir-se só em meio a uma multidão e invisível perto de quem ama, sobre não querer sentir com medo de perder... enfim, sobre a insensibilidade das pessoas em se verem mas não se enxergarem, não desenvolverem conexões, desde as crianças que não recebem afeto e compreensão da família, até jovens e adultos que não possuem emoção ou carinho em suas vidas. Um filme de emoções pesadas e encantadoramente triste.
A história é bem simples, mas dirigida de uma forma tão espetacular que te prende e faz vibrar com cada passo dado pelos cabos em direção ao caos. Embora inicialmente a urgência da missão seja revelada de forma muito rápida sem nem conhecermos direito os personagens, com o passar dos minutos isso vai sendo melhor digerido. São quase duas horas de angustia numa corrida contra o tempo, em meio ao cenário de guerra muito bem construído, com destruição e corpos dilacerados por todos os lados e todas as expressões (ou falta delas) daqueles homens que estão numa luta sem saber se sobreviverão. 1917 é daqueles filmes que acaba e você fica parado olhando para a tela finalmente respirando e refletindo sobre toda destruição causada pela ambição dos homens na terra (e que esta história não existiria se na época existisse um simples celular).
Inicialmente esse é um filme muito alegre, cheio de cores vivas, o ápice do verão nos anos 80, praia, festa, gente feliz e cheia de energia, porém conforme os acontecimentos vão se desenrolando a melancolia vai tomando conta da tela, as cores vão ficando vez mais sóbrias e os rostos cada vez mais desanimados. Esse é um filme sobre a luta pelo amor, sobre amar o amor, os amigos, a vida, independente da opinião alheia e doa a quem doer. O elenco de peso dá um show de atuações fortes, cada personagem tem seu espaço de destaque, todos cheios de verdade, carregando quem assiste a vivenciar um pouco da dor de perder entes queridos para a AIDS, quando ninguém sabia o que era a doença, nem o porque aquilo estava acontecendo, conhecida apenas como o "câncer gay" ou "peste gay", negligenciada pelo governo e órgãos de saúde. Não é fácil de digerir, é um filme tristemente forte, em que observamos vidas definharem, pessoas perdendo o amor de suas vidas sem poder fazer nada, por um descaso causado pelo preconceito, intolerância, falta de empatia e desrespeito com a vida humana.
Assim como a existência, Border é esquisito, e com toda sua estranheza aborda diversos temas de forma concisa e coesa. Esse é um filme sobre sentir-se só no mundo, ser diferente e viver rodeada de olhares de reprovação a respeito disso. É sobre a ausência de representatividade e todos os males que isso traz, desde o isolamento social, a incapacidade de sonhar e almejar o crescimento na vida, despertando uma série de travamentos ao longo da vida e o envolvimento em relações tóxicas afim de obter uma autenticidade e plenitude em viver. Um filme muito bem construído numa atmosfera que mistura o real e a ficção de uma forma melancolicamente bizarra e bonita, mostrando que não é por que alguém nasceu diferente e sofre injustiças, que irá odiar o mundo e se vingar.
Devorar
3.7 368 Assista AgoraEsse é um filme sobre as consequências de traumas da infância, que muitas vezes são jogados para "debaixo do tapete" e acabam refletindo na vida adulta, quando se acha que está tudo bem.
Há uma forte presença da cor vermelha em meio ao ambiente clean, que torna a fotografia bem peculiar e bem simbólica.
Desde o início é notório o desconforto da protagonista em não ser tratada com relevância, sempre cortada nas conversas, ignorada, sendo influenciada pelo o que os outros querem, não tendo espaço para ser ela mesma, num desenvolvimento de personagem bem construído, que traz uma empatia e um incômodo em quem assiste.
O desconforto aos poucos vai sendo evidenciado cada vez mais, por meio de um mix de desejos bizarros de gravidez com ações tomadas pela personagem, numa tentativa de tornar toda a felicidade líquida que lhe rodeia em algo menos monótono, solitário e tedioso, levando-a de uma forma estranha e distorcida à contradição de manter o controle sobre si ao mesmo tempo que se pune por ser quem ela é (ou pelo o que ela passou).
Um filme desconfortável sobre lidar com os próprios monstros.
Siga o instagram: @umadosedefilmes
7 años
3.6 93 Assista AgoraEsse filme é a personificação da frase: Quer conhecer uma pessoa, dê-lhe poder... E pressão, no caso.
7 años é um filme curto, direto, intrigante e empolgante em seu percurso, que desde o início já causa uma curiosidade e inquietação para entender o rumo que as coisas irão tomar.
Em meio a urgência de uma situação extrema, de estress e conflitos, que envolve vidas, amizade e muito dinheiro, o filme traz a reflexão sobre o preço que cada pessoa vale, quanto custa sua liberdade e do que ela é capaz para se manter livre, deixando claro que quando se trata de autoproteção as pessoas são capazes de coisas inimagináveis.
Mas quando tudo passa e a ressaca moral chega, como que fica a convivência de pessoas que eram amigas, mas que se enfrentaram jogando suas percepções mais obscuras umas nas caras das outras?
Transtorno Explosivo
4.0 158 Assista AgoraEste é um filme que traz diversas reflexões sobre a capacidade das pessoas em colocar uma criança no mundo e lidar com a responsabilidade que isso exige. No início parece apenas uma criança mimada buscando atenção com sua agressividade, mas ao longo da narrativa vai ficando claro que não é tão simples assim. Pertencer a uma família disfuncional pode ser interpretado por uma criança de diversas formas e Benni lidou com isso da pior forma possível, mostrando tudo que um ser humano (mesmo tão jovem) pode se tornar diante de um trauma de infância e da incompreensão de seus sentimentos. A atriz dá um show em demostrar toda a carga de energia e ódio que existe dentro daquele pequeno ser contraditoriamente carismático que joga fogo pelos olhos e não para de gritar. Benni é uma criança agressivamente complexa, que é compreendida por quem não pode lhe ajudar inteiramente e a cada surto é jogada para longe, sem exemplo de amor incondicional, sem diálogos, sem aprender a lidar com a intensidade de seus sentimentos, nunca criando raízes. Um filme pesado, reflexivo, que deveria ser assistido por todos que pretendem colocar uma criança no mundo.
Siga no Instagram: @umadosedefilmes
Viveiro
3.2 763 Assista AgoraVivarium é intrigante, metafórico. A narrativa começa de forma bem suave, despretensiosamente as coisas vão se desenrolando e a vida comum de um jovem casal é virada de cabeça para baixo em poucos instantes. Vivarium é sobre escolhas e consequências, sobre os ciclos da vida adulta distorcidos de forma bizarra, onde o suspense e o estranhamento estão presentes na tela e no coração o tempo inteiro, com todo um cenário esteticamente pensado nos mínimos detalhes, que transforma a vida perfeita do sonho americano em algo assustador. Um elenco super enxuto, mas bem alinhado com atuações coerentes. Um experimento e uma experiência a ser digerida lentamente.
Milagre na Cela 7
4.1 1,2K Assista AgoraInjustiça, preconceito e um olhar de compaixão são os pilares desse filme que retrata a combinação cruel entre um homem com doença mental, uma acusação injusta feita por um militar carrasco da Turquia em regime ditatorial e a intolerância. A história tem um apelo sentimental fortíssimo e tudo trabalha a favor de lhe fazer chorar: o roteiro em si que faz questão de ser sofrido, toda a apresentação dos personagens que enfatiza a inocência da história do protagonista e sua filha, a fotografia que é muito bonita e ilustra muito bem aquele universo, os múltiplos movimentos extensos de câmera lenta focando nas expressões e emoções, e uma trilha sonora que encaixa perfeitamente como um ativador de lágrimas nessa luta entre o poder ditatorial e a justiça. É um filme dolorido, quase impossível de ser visto devido a carga dramática, que não foi feita para aqueles que tem um coração mole, com uma conclusão fiel a sua proposta, mas que não a torna menos forçada. Uma dramalheira de qualidade.
Me segue no Instagram: @umadosedefilmes
Amores Canibais
2.4 393 Assista AgoraO filme parece querer mostrar uma realidade distópica introduzindo o canibalismo como principal aliado para traçar o destino de uma jovem que parece não se encaixar no mundo e busca entender sua razão de ser numa terra dos sonhos, com uma fotografia cheia de cores e contrastes... mas isso não funciona! Quer ser muita coisa e acaba não sendo nada, é um filme vazio e apesar de possuir um elenco bom, as atuações não tem emoção e não existe um caminho a percorrer na construção da história, o roteiro é muito raso. Nada acontece, dá sono, uma perca de tempo.
Psychokinesis
3.0 65 Assista AgoraEsse é um filme para se divertir. A narrativa mescla o movimento de despejo com o super heroísmo adquirido aleatoriamente por um homem comum. De início já parece bem clichê, e é! Mas de uma maneira originalmente descontraída, leve e com uma trilha sonora empolgante que ajuda o filme a se manter, por que demora um pouco pra engrenar. Há personagens bem caricatos, uma vilã bem peculiar e acontece de tudo, lutas, facadas, coisas levitando, pessoas voando e um drama familiar como pano de fundo. Um filme que exige não ser levado a sério e que entretém.
Amor Por Direito
4.0 459 Assista AgoraEssa é uma história que se constrói na simplicidade do amor, na grandeza da naturalidade em construir uma vida a dois e vai desenhando o relacionamento de duas mulher de forma muito singela, com uma ótima sintonia das atrizes Juliane Moore e Ellen Page, que trazem uma verdade a mais para a trama, que é baseada em fatos reais. Uma doença terminal traz a tona a necessidade de resolver questões burocráticas, que complica a vida do casal por se tratar de um casal lésbico. Isso tudo traz um mix de sentimentos que torna impossível não se comover em algum momento, mas com uma carga dramática e sentimentalismo bem dosada. Um filme para refletir sobre intolerância, respeito ao sentimento do outro e igualdade de gênero.
Quando os Anjos Dormem
2.5 230 Assista AgoraEsse é um filme sobre decisões e o efeito dominó de certas atitudes. O que se vê aqui é um homem cansado, com uma rotina que lhe afasta dos deveres de pai e marido, que lhe coloca numa onda de escolhas e consequências que complicam sua vida numa noite de acidente.... Embora a premissa seja interessante, em certo ponto os personagens se tornam irritantes, insistindo em ideias e atitudes burras, que acaba cansando e atrasando o andamento da história... A conclusão não convencional dá um up no sentido da história e fecha bem a ideia de que situações desesperadas pedem medidas desesperadas, mas não é o suficiente para torna-lo uma experiência agradável, por deixar ainda alguns questionamentos.
O Aviso
3.0 218 Assista AgoraEste é um filme sobre a busca de respostas entre o passado e o presente, para o encaixe de um "quebra-cabeça". De inicio a mistura de personalidades instáveis, amor mal resolvido, alucinações e uma quase morte, causa uma curiosidade em entender os personagens e o que está acontecendo... Porém, apesar de ser um filme curto e que tem sempre algo acontecendo, o tempo é mal aproveitado, as explicações complexas e conspiratórias são achadas com uma facilidade que não convence, parecendo algo tão mirabolante e matemático que ao finalizar deixa a sensação de que faltou algo, deixando mais perguntas do que respostas.
Por Lugares Incríveis
3.2 629 Assista AgoraComo o próprio personagem diz, esse é apenas um dramalhão adolescente. Apesar de abordar um tema sério e necessário como a depressão e transpor uma certa complexidade no personagem Finch, não consegue inspirar empatia em quem assiste. O ritmo é desajustado, os personagens são mal trabalhados e o tema principal acaba sendo mal explorado, transformando o que no início parece ser um filme interessante sobre olhar o outro além do que se vê, em um clichê chatinho de adolescentes. O que salva é a fotografia com paisagens muito bonitas que em meio a tudo isso trazem a mensagem de enxergar a beleza nas coisas simples que te rodeiam e olhar com mais apreço para o ambiente em que se vive...de resto, um filme raso.
A História Real de um Assassino Falso
3.0 111 Assista AgoraO filme traz a realidade do um escritor fracassado em busca da fama, que recebe uma proposta irresistível e obtêm o que quer, mas com consequências não calculadas. É daqueles filmes para assistir com a mente meio desligada, sem grandes expectativas, para se divertir com os acontecimentos e não pensar se aquilo faz sentido ou não... Isso porque é um clichêzão de comédia de ação, cheio de absurdos, personagens caricatos, resoluções forçadas e lutas improváveis.
Personal Shopper
3.1 384 Assista AgoraO filme é sobre a luta com o luto, sobre buscar sua própria essência em meio a dor e resignificar sentimentos.
Neste contexto, a trama traz muitas reflexões sobre a formação de cada pessoa, o que ela acredita e o que a faz ser quem ela é, apresentando uma personagem que viveu a vida toda à sombra do irmão que morreu recentemente. Este é um fato que desencadeia ao longo da narrativa uma busca incansável dela por uma conexão com ele, num cenário solitário meio sobrenatual, com uma fotografia fria, e emoções que parecem não aflorar... trazendo à tona a real luta: A busca incessante da protagonista por uma verdade que não é sua, uma busca de conexão que não é com o outro, mas que deveria ser com ela mesma, para aprender a lidar com os próprios fantasmas.
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraO poço é um filme curioso, instigante, com um suspense que conduz muito bem a trama. A atmosfera lembra muito o clássico Cubo (1995): pessoas trancafiadas num lugar estranho lutando por suas vidas... Mas aqui há uma forte crítica ao sistema econômico e ao relacionamento dos que tem muito com os que não tem nada, muito bem representado pelos níveis que compõem o poço.
Conforme as informações vão desembaraçando vamos vivenciando muita ação com as situações extremas que os personagens passam para se alimentar e sobreviver, mostrando a desigualdade e injustiças do sistema de forma fria, dolorosa, sangrenta e aterrorizante... Isso tudo funciona muito bem como uma analogia a vida, que desperta o medo e a curiosidade para saber o que pode acontecer ao chegar no fim do poço e como sair de lá com vida, deixando a reflexão: Será que se houver uma "solidariedade espontânea" por parte de todos os habitantes, os menos afortunados seriam poupados do sofrimento que lhes é imposto ou essa possibilidade é apenas uma utopia em meio a mesquinhez humana?
Me segue no Instagram: @umadosedefilmes
Byzantium: Uma Vida Eterna
3.4 352Esse é um filme sobre segredos guardados e oportunidades de melhoria que se transformam em prisões, que traz uma história que é mais sobre humanos do que de vampiros. Há diversos conflitos que são abordados sobre o medo de relacionar-se e machucar o outro, a fuga de uma realidade dolorosa, a reclusão e o enfrentando das dificuldades que a condição vampiresca impõe, para isso traz uma abordagem diferenciada e mais "pé no chão" do que comumente é vivenciado em outros filmes do gênero, mas apesar disso, da presença de grandes atrizes e atuações convincentes, não é um filme espetacular, mas entretém e mantém o interesse na trama até o fim.
Whisky
3.8 111Whisky é monótono, falta emoção, o que reflete bem a vida dos personagens. O filme retrata bem uma vida sem alegrias, sem motivação, no automático o que pode ser muito bem representado pelo movimento repetitivo das máquinas e padrões de movimento das pessoas. Tudo é exaustivamente da mesma firma sempre, até que algo força a rotina ser mudada. É desconfortável para Jacobo, mas parece que era o que Marta esperava a vida toda... E o filme é sobre ela. É muito sutil as mudanças, nada parece acontecer, não é um filme comum que vai agradar de cara, mas com um pouco de sensibilidade pode-se sentir que ele é um aviso, de que as vezes só precisamos de uma dose de vida para parar de repetir o que de fato não nos faz feliz e dizer: hoje não mais.
Você Não Estava Aqui
4.1 242 Assista AgoraO filme é bem cru, tudo é muito cotidiano, trazendo uma identificação fácil e uma crítica de forma bem singela, porém forte, aos novos modelos de fonte de renda. O filme toca exatamente em questões que o brasileiro vê todo dia, em que traz a reflexão sobre uma certa ilusão nas promessas de trabalhos por app como o "faça seu próprio dinheiro", "faça seus horários", promessas que dão um ideia precipitada de ser seu próprio chefe, mas que no filme mostra uma outra face, em que a pessoa se torna um escravo do sistema, não é dono de nada e está completamente desamparado. Ao longo da trama é muito duro observar a desarmonização de uma estrutura familiar com as pessoas trabalhando 12 a 15 horas por dia, numa situação irreversível sustentada por uma questão de sobrevivência.. Um filme sobre a decadência da dignidade do ser humano, onde questões trabalhistas são inexistentes e as pessoas apenas seguem o fluxo rumo a própria ruína. Triste.
Bolt: O Homem Relâmpago
3.0 2Bolt é um agente independente, carismático, confiante, invencível... um James Bond do blaxploitation, que em sua jornada para entregar uma encomenda traz todo tipo de emoção à tela com uma trilha sonora empolgante. O filme é bem movimentado, com resoluções por hora exageradas traz muita ação em meio a perseguições, artes maciais, explosões e claro que não podia faltar mulheres, música, paixão e vingança. O filme tem de tudo, mas é bem distribuído, sendo bem honesto em sua proposta. Se a descrença nos fatos é deixada de lado, o filme renderá uma boa dose de divertimento.
O Lamento
3.9 431 Assista AgoraSem dúvida O lamento chama atenção e causa curiosidade com sua atmosfera esquisita, uma fotografia fria e escura o tempo todo, possui cenas que envolvem e causam certa tensão, mas que também confundem pois o que uma hora parece ser algo, acaba se transformando em outra coisa e a história se perde deixando muitos pontos em aberto. É notória a grande presença de elementos culturais e um certo embate entre eles, mas isso é algo que para melhor absorção exige um conhecimento prévio sobre os comportamentos, o que tira o brilho da experiência de quem não o tem... Enfim, um filme desnecessariamente longo, monótono, que passeia entre o drama, o terror e a fantasia, que aborda muita coisa e não diz nada.
The Nightingale
3.7 181 Assista AgoraMesmo em um mundo que muitos espalham bondade, existe sempre uma parcela de pessoas que escolhem fazer o contrário simplesmente porque podem e esse filme ilustra muito bem esse universo... é um filme sobre gente ruim que não medem esforços para serem escrotos, utilizando a mulher como um objeto de prazer, descartável, sem utilidade, para descarregar todas suas frustrações. É um filme silencioso, mas que grita por meio da voz doce da protagonista, canções com letras de amor e alegria, mas que ilustram poeticamente a dor, a revolta, o cansaço.
É um filme que embrulha o estômago diante de tanta perversidade, falta de humanidade de personagens asquerosos com atitudes grotescas... e mesmo que alguns deles sejam bem caricatos, desenvolve bem esses sentimentos, com cenas pesadas e cruas de muito sofrimento, que solidificam um enorme desejo de vingança, tanto na mulher que sofre como em quem assiste, iniciando a partir daí uma jornada de amadurecimento forçado e um ódio transformado em força, que parece muito uma mistura de "Doce Vingança" e "O regresso", onde a protagonista encontra em meio ao caos uma parceria e o resgate da confiança em alguém no mundo, despertando uma empatia que fortalece os laços, mesmo eles não pertencendo ao mesmo mundo, mas por terem um inimigo em comum. É um filme frio, sofrido, pesado.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraEsse é um filme sobre a indiferença que rodeia as relações humanas, em um mundo em que todos estão passando por alguma dificuldade, mas não há empatia suficiente para entender isso. Por meio de um estilo semelhante a um documentário o filme de forma íntima e discreta vai tocando em diversas perspectivas pela ótica de um professor substituto, que carrega em seu olhar vazio um universo de emoções contidas, sentimentos presos que o acompanham desde sempre, de escola em escola, sem nunca se apegar ou criar raízes. Embora aconteçam muitas coisas ao mesmo tempo, tudo é muito crível e de uma sensibilidade incrível, que toca a alma com toda sua beleza melancólica que vai lentamente costurando uma série de percepções sobre a vida, sobre questões como o peso de ser professor e ter que lidar com responsabilidades que não são suas, sobre sentir-se só em meio a uma multidão e invisível perto de quem ama, sobre não querer sentir com medo de perder... enfim, sobre a insensibilidade das pessoas em se verem mas não se enxergarem, não desenvolverem conexões, desde as crianças que não recebem afeto e compreensão da família, até jovens e adultos que não possuem emoção ou carinho em suas vidas. Um filme de emoções pesadas e encantadoramente triste.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraA história é bem simples, mas dirigida de uma forma tão espetacular que te prende e faz vibrar com cada passo dado pelos cabos em direção ao caos. Embora inicialmente a urgência da missão seja revelada de forma muito rápida sem nem conhecermos direito os personagens, com o passar dos minutos isso vai sendo melhor digerido. São quase duas horas de angustia numa corrida contra o tempo, em meio ao cenário de guerra muito bem construído, com destruição e corpos dilacerados por todos os lados e todas as expressões (ou falta delas) daqueles homens que estão numa luta sem saber se sobreviverão. 1917 é daqueles filmes que acaba e você fica parado olhando para a tela finalmente respirando e refletindo sobre toda destruição causada pela ambição dos homens na terra (e que esta história não existiria se na época existisse um simples celular).
The Normal Heart
4.3 1,0K Assista AgoraInicialmente esse é um filme muito alegre, cheio de cores vivas, o ápice do verão nos anos 80, praia, festa, gente feliz e cheia de energia, porém conforme os acontecimentos vão se desenrolando a melancolia vai tomando conta da tela, as cores vão ficando vez mais sóbrias e os rostos cada vez mais desanimados. Esse é um filme sobre a luta pelo amor, sobre amar o amor, os amigos, a vida, independente da opinião alheia e doa a quem doer. O elenco de peso dá um show de atuações fortes, cada personagem tem seu espaço de destaque, todos cheios de verdade, carregando quem assiste a vivenciar um pouco da dor de perder entes queridos para a AIDS, quando ninguém sabia o que era a doença, nem o porque aquilo estava acontecendo, conhecida apenas como o "câncer gay" ou "peste gay", negligenciada pelo governo e órgãos de saúde. Não é fácil de digerir, é um filme tristemente forte, em que observamos vidas definharem, pessoas perdendo o amor de suas vidas sem poder fazer nada, por um descaso causado pelo preconceito, intolerância, falta de empatia e desrespeito com a vida humana.
Border
3.6 219 Assista AgoraAssim como a existência, Border é esquisito, e com toda sua estranheza aborda diversos temas de forma concisa e coesa. Esse é um filme sobre sentir-se só no mundo, ser diferente e viver rodeada de olhares de reprovação a respeito disso. É sobre a ausência de representatividade e todos os males que isso traz, desde o isolamento social, a incapacidade de sonhar e almejar o crescimento na vida, despertando uma série de travamentos ao longo da vida e o envolvimento em relações tóxicas afim de obter uma autenticidade e plenitude em viver. Um filme muito bem construído numa atmosfera que mistura o real e a ficção de uma forma melancolicamente bizarra e bonita, mostrando que não é por que alguém nasceu diferente e sofre injustiças, que irá odiar o mundo e se vingar.