Um daqueles filmes que transitam por vários gêneros e transcendem todos eles. Gostei do quão bem ele usa o conflito entre 'vida' e sonho no ritmo do roteiro, de uma forma que não é meramente expositiva mas sim construindo com isso uma compreensão mais visceral da situação do protagonista no espectador. Também vale elogiar como o filme se mantém fiel à sua visão até o desfecho. As sequências finais são repletas de momentos em que se fica esperando o ponto onde uma solução clichê qualquer irá aparecer para acabar com a tensão e dar uma saída fácil para que a história se redima e possa ser facilmente aceita sem muito esforço mental, mas isso nunca acontece.
As várias sequências que representam sonhos distintos são bem auto-contidas, sem um fio narrativo em comum. O que não quer dizer que não existam elementos constantes em diversas delas. Um tema que persiste, curiosamente, é a ideia da morte - que aparece por vezes com uma carga negativa fortíssima, por vezes como uma fase natural de transição da vida. Outro tema recorrente é a crítica ao "progresso" que desconecta o ser humano da natureza ao seu redor, retratado de maneira tão bela que mesmo quem não concorda com o argumento (meu caso) pode apreciar.
Cada sequência parece adotar um elemento técnico em especial para realçar a sua ideia narrativa. A música/coreografia na sequência das raposas, a teleobjetiva na do jardim de pessegueiros (aliás, alguém lembra de enquadramentos mais perfeitos do que os presentes aqui?), o slow-motion na da nevasca, as cores na do Monte Fuji, a montagem na do Van Gogh, etc.
Nem todas são necessariamente experiências agradáveis, no entanto. A sequência da nevasca, embora eu a tenha achado bastante expressiva e tecnicamente bem-executada, não é algo que eu deseje assistir novamente (lenta demais para o meu gosto).
Minha preferida foi a do jardim de pessegueiros. Por mais que faça todo o esforço racional possível, não consigo evitar a sensação de que esse sonho esteve presente no meu passado desde sempre.
Não tenho um conhecimento muito exato sobre a revolução francesa e esse foi o primeiro filme de Renoir que assisti. Portanto, meu embasamento pra comentar é, na melhor das hipóteses, fraco. Mas a mim agradou o tratamento teatral e verborrágico do filme. Através dele, me parece que Renoir conseguiu retratar e mesmo potencializar o caráter inevitável da revolução (o que até pode ser questionável), que mesmo quando os personagens apresentam incertezas com relação ao presente ou ao futuro, parece surgir com força máxima e os arrastar, sempre em frente. Gostei muito também do tratamento da Marselhesa (música) dentro do filme.
Algumas obras vão muito além do seu próprio meio e são tão fortes que transitam tranquilamente por entre o campo que chamamos de "arte". Assim como as melhores sinfonias são quase filmes e os mais belos filmes são quase pinturas, Le Feu Follet é um poema sobre a angústia do homem impotente perante a força do tempo. É um noturno de Chopin que sonha com imagens.
Como já foi dito aqui em baixo, é genial a forma com que o filme mostra o inexplicável sentimento de solidão e desespero de uma pessoa deslocada com planos simples de um homem olhando para pessoas, com um piano suave tocando ao fundo. Pra mim, a palavra "alienação" nunca esteve tão bem traduzida. A condução neutra, quase dolorosa, da narrativa é incrível: não é que o mundo seja malvado e injusto (como nos filmes neo-realistas). É só que, com o tempo, ele se torna irremediavelmente medíocre.
O título original de "Rebelde Sem Causa" só pode ser uma grande ironia. A rebeldia do Jim não é nada gratuita e tem uma causa ideológica (embora não-política) muito digna. E me parece que mesmo hoje, mais de 50 anos depois desse filme, a juventude ainda não saiu desse vácuo existencial tão bem representado aqui. Mudaram as mídias, as tecnologias, os relacionamentos mas, em sua essência, o vazio continua presente. Daí a facilidade que temos de nos identificar com os jovens da história.
O que mais me chamou atenção aqui foi a ênfase dada aos problemas entre pais e filhos, que estão presentes na vida dos três protagonistas. Somada à falta de perspectiva de vida deles, essa relação conturbada com a família é o que os leva a estabelecer um universo social próprio, tão fútil e perigoso quanto inevitável e necessário.
E isso tudo é resumido nas palavras da empregada que chora sobre o corpo do Plato: "Esse pobre garoto não tem ningúem. Ninguém.".
Outra coisa: quem reclama da Judy aparentemente não entendeu muito bem o universo diegético do filme. Ela é uma garota que sempre viveu uma vida de aparência. O seu grupo de amigos é baseado unicamente na hipocrisia. Segundo as suas próprias palavras, ali "ninguém age sinceramente". Fica claro em cada beijo dela com o namoradinho que eles não estão apaixonados, estão juntos apenas por conveniência, por uma necessidade interna do grupo. O Jim é o primeiro cara corajoso, sincero e adorável que ela conhece. Ele representa um universo inteiramente novo pra ela - o universo que ela sempre quis ("O tempo todo eu estive procurando alguém que me amasse"). Não é nada estranho que ela sequer chore pelo namorado e na mesma noite diga ao Jim que o ama.
Poucos artistas, em qualquer campo, conseguem ser tão poéticos quanto Sam Peckinpah. Ele faz ótimos westerns, mas o que ele realmente filma é a própria essência da saudade de uma época em que a humanidade pertencia aos homens. Os seus personagens são, como nós, seres angustiados, presos na incompatibilidade entre seus impulsos naturais e a modernidade que os enquadra. E todo esse lirismo é representado através de tiroteios, explosões e sangue voando para todo lado. Ou seja, trabalho de gênio.
Aí sim, está uma boa metáfora sobre a solidão e a desestruturação da auto-confiança na sociedade moderna, tão recheada de símbolos e símbolos e símbolos. Apesar de caricato, esse protagonista é tão oniricamente real...
Mister Lonely acerta naquilo que o outro filme de Korine que eu já assisti (Gummo) pecava: tem uma boa história (começo, meio e fim, progressão causal), personagens autônomos, multiplicidade de forças intrínsecas e se assume como um filme absurdo. Mantém as coisas boas: cenas fortes, trilha musical foda e referências à cultura pop (levadas diretamente pro roteiro, dessa vez, o que deu uma força bem maior pra elas, na minha opinião).
Impossível não dizer outra coisa que não "o curta é lindo". Tanto visualmente, quanto com relação à história. Não conheço o original do Hemingway, mas o que é mostrado aqui tem uma força emocional muito grande. Ecologia à parte, a disputa entre o homem e o peixe, a paradoxal força que empurra ao amor e à violência ao mesmo tempo, é magnificamente surreal e realista ao mesmo tempo.
Estava preocupado achando que me faltava conhecimento para entender e desfrutar o filme, mas vendo os comentários abaixo percebo que não fui o único a achá-lo meio fraco. O que senti foi a mesma coisa que relatou o Wesley: início e fim excelentes, mas desenvolvimento sem graça. Se Pasolini tivesse se mantido apenas na época contemporânea, talvez o filme fosse mais interessante.
A história desse curta, por si só, já é muito boa. Não lembro de ver, em outras distopias, tamanha habilidade em transpor os efeitos dos problemas políticos e sociais para dentro da vida de um indivíduo. Claro que isso acaba sempre acontecendo, mas aqui foi muito bem feito.
Mas o que mais me impressionou foi a forma visual do filme. Sem efeitos, apenas com fotos, ele cria uma atmosfera de ficção científica melhor e mais interessante do que a grande maioria dos outros. Ah, e vale a pena citar a narrativa, também. A história, que já é ótima, é contada competentemente.
Um filme que pouco engana o espectador. Ele vai construindo a história com uma série de eventos relativamente previsíveis... mas guarda o principal ponto do clímax muito bem. Fazia muito, muito tempo que um filme não me surpreendia dessa forma. Aqui vemos uma construção de perspectiva esquizofrênica excelente, quase ao nível do perfeito Clube da Luta. A mente do Trevor consegue transformar qualquer detalhe em um gatilho pra um devaneio imenso. E a fotografia traduz muito bem isso pra linguagem visual.
O Christian Bale foi uma surpresa agradável, aqui. Talvez tenha sido preconceito da minha parte subestimá-lo como ator sem conhecer a maioria dos seus trabalhos, mas sinceramente não esperava uma atuação tão boa. A começar pela aparência física dele, pouquíssimos atores se entregariam tanto assim. Mas também é digno de nota o trabalho que ele faz pra construir esse personagem neurótico e problemático, muitas vezes com simples gestos ou expressões faciais.
Putz, como é chato ver um filme com uma temática tão boa ser tão ruim... O roteiro cai em todo clichê possível e imaginável, não há uma única cena que não seja completamente previsível. Além disso, ainda é forçado ao extremo. O fato de os personagens serem crianças não justifica a total falta de profundidade e a inverossimilhança deles. Enfim: uma ideia ótima, um filme péssimo.
Dados ao Bob Dylan 5 segundos para se expressar, ele já torna qualquer coisa interessante. Ainda não me sinto apto a comentar esse documentário com muita clareza, pois estou enebriado pelas músicas e os momentos íntimos (e outros não tão íntimos) nele mostrados. Só me vêm à cabeça dois comentários urgentes: primeiro, que a voz da Joan Baez é maravilhosa. E segundo que esse é um filme para ser assistido tendo ao lado um violão, uma garrafa de café e alguns cigarros.
É inegável a beleza estética do curta. A fantasia da imaginação infantil tá muito bem representada, com trabalhos ótimos de fotografia, som, uma narrativa boa, etc... Dou apenas três estrelas porque é difícil você se sentir realmente tocado com algo que não lhe causa certa identificação.
Que grande porcaria. Isso me lembrou aquela clássica frase do Frank Zappa sobre jornalismo musical. Esse documentário é sobre pessoas que não se entendem, feito por pessoas que não as entendem, para ser visto por pessoas que não entendem nem de juventude, nem de história e nem de cinema. Sério, uma enorme perda de tempo.
Hahahah que fantástico! Muito boa a crítica ao colonialismo indiscriminado e todas as falácias de terra prometida, bem como ao culto cego à ciência e à tecnologia. Consegue ser nostálgico do humanismo sem cair em especismos, dogmas e ignorâncias que são tão comuns nessa área.
Alguns momentos ali são verdadeiras pérolas, como, por exemplo:
"[...] e os caras já tão pensando em montar uma nave pro primeiro homem que vai voltar a pisar na Terra. Que não vai ser eu, com certeza.", o garotinho cantando Raul Seixas, "[...] ninguém se interessa." e "Não tem Coca-Cola na lua, dá pra acreditar?"
Essas situações traduzem algumas das neuras e chagas da pós-modernidade ao pé da letra.
O filme é interessante, a estética da imperfeição com a câmera errando toda hora, enquadramentos estranhíssimos e às vezes completamente desenquadrados funciona super bem aliada ao roteiro, a forma com que o casamento é retratado me agradou bastante, o diálogo cinematográfico com os documentários dá uma boa complementação pra história, mas... Não sei dizer bem por qual motivo, mas o humor do Allen não me atingiu tanto dessa vez. Talvez assista-o novamente, para entender o porquê.
Um retrato tão fiel do espírito da juventude que influenciou artistas de distintas gerações, desde Smiths até Arctic Monkeys. E pudera, o filme é muito bom! O jovem revoltado e sem esperanças, oprimido pela práxis capitalista na mesma medida em que não tem como escapar dela, está encarnado de forma espetacular pelo Albert Finney.
O momento em que a política, a economia, a história e o cinema se encontraram... e tiveram uma maravilhosa e perturbadora orgia. Um filme de ideias, ironias, provocações e contestações, absolutamente necessário pra qualquer pessoa que pense em trabalhar com produção audiovisual (ou que ao menos goste do assunto). E o Glauber a indicar o caminho... pena que tão poucos o sigam...
Preso na Escuridão
4.2 497 Assista AgoraUm daqueles filmes que transitam por vários gêneros e transcendem todos eles.
Gostei do quão bem ele usa o conflito entre 'vida' e sonho no ritmo do roteiro, de uma forma que não é meramente expositiva mas sim construindo com isso uma compreensão mais visceral da situação do protagonista no espectador.
Também vale elogiar como o filme se mantém fiel à sua visão até o desfecho. As sequências finais são repletas de momentos em que se fica esperando o ponto onde uma solução clichê qualquer irá aparecer para acabar com a tensão e dar uma saída fácil para que a história se redima e possa ser facilmente aceita sem muito esforço mental, mas isso nunca acontece.
Sonhos
4.4 381 Assista AgoraMais uma obra espetacular do mestre.
As várias sequências que representam sonhos distintos são bem auto-contidas, sem um fio narrativo em comum. O que não quer dizer que não existam elementos constantes em diversas delas. Um tema que persiste, curiosamente, é a ideia da morte - que aparece por vezes com uma carga negativa fortíssima, por vezes como uma fase natural de transição da vida. Outro tema recorrente é a crítica ao "progresso" que desconecta o ser humano da natureza ao seu redor, retratado de maneira tão bela que mesmo quem não concorda com o argumento (meu caso) pode apreciar.
Cada sequência parece adotar um elemento técnico em especial para realçar a sua ideia narrativa. A música/coreografia na sequência das raposas, a teleobjetiva na do jardim de pessegueiros (aliás, alguém lembra de enquadramentos mais perfeitos do que os presentes aqui?), o slow-motion na da nevasca, as cores na do Monte Fuji, a montagem na do Van Gogh, etc.
Nem todas são necessariamente experiências agradáveis, no entanto. A sequência da nevasca, embora eu a tenha achado bastante expressiva e tecnicamente bem-executada, não é algo que eu deseje assistir novamente (lenta demais para o meu gosto).
Minha preferida foi a do jardim de pessegueiros. Por mais que faça todo o esforço racional possível, não consigo evitar a sensação de que esse sonho esteve presente no meu passado desde sempre.
Pink Floyd: Live at Pompeii
4.8 86Transcendental.
A Marselhesa
3.8 8Não tenho um conhecimento muito exato sobre a revolução francesa e esse foi o primeiro filme de Renoir que assisti. Portanto, meu embasamento pra comentar é, na melhor das hipóteses, fraco. Mas a mim agradou o tratamento teatral e verborrágico do filme. Através dele, me parece que Renoir conseguiu retratar e mesmo potencializar o caráter inevitável da revolução (o que até pode ser questionável), que mesmo quando os personagens apresentam incertezas com relação ao presente ou ao futuro, parece surgir com força máxima e os arrastar, sempre em frente. Gostei muito também do tratamento da Marselhesa (música) dentro do filme.
A cena da inscrição, em que a Marselhesa é executada em outro cômodo e aos poucos todos que estão na fila acabam "hipnotizados" por ela é linda.
Trinta Anos Esta Noite
4.3 142Algumas obras vão muito além do seu próprio meio e são tão fortes que transitam tranquilamente por entre o campo que chamamos de "arte". Assim como as melhores sinfonias são quase filmes e os mais belos filmes são quase pinturas, Le Feu Follet é um poema sobre a angústia do homem impotente perante a força do tempo. É um noturno de Chopin que sonha com imagens.
Como já foi dito aqui em baixo, é genial a forma com que o filme mostra o inexplicável sentimento de solidão e desespero de uma pessoa deslocada com planos simples de um homem olhando para pessoas, com um piano suave tocando ao fundo. Pra mim, a palavra "alienação" nunca esteve tão bem traduzida. A condução neutra, quase dolorosa, da narrativa é incrível: não é que o mundo seja malvado e injusto (como nos filmes neo-realistas). É só que, com o tempo, ele se torna irremediavelmente medíocre.
Juventude Transviada
3.9 546 Assista AgoraO título original de "Rebelde Sem Causa" só pode ser uma grande ironia. A rebeldia do Jim não é nada gratuita e tem uma causa ideológica (embora não-política) muito digna. E me parece que mesmo hoje, mais de 50 anos depois desse filme, a juventude ainda não saiu desse vácuo existencial tão bem representado aqui. Mudaram as mídias, as tecnologias, os relacionamentos mas, em sua essência, o vazio continua presente. Daí a facilidade que temos de nos identificar com os jovens da história.
O que mais me chamou atenção aqui foi a ênfase dada aos problemas entre pais e filhos, que estão presentes na vida dos três protagonistas. Somada à falta de perspectiva de vida deles, essa relação conturbada com a família é o que os leva a estabelecer um universo social próprio, tão fútil e perigoso quanto inevitável e necessário.
E isso tudo é resumido nas palavras da empregada que chora sobre o corpo do Plato: "Esse pobre garoto não tem ningúem. Ninguém.".
Outra coisa: quem reclama da Judy aparentemente não entendeu muito bem o universo diegético do filme. Ela é uma garota que sempre viveu uma vida de aparência. O seu grupo de amigos é baseado unicamente na hipocrisia. Segundo as suas próprias palavras, ali "ninguém age sinceramente". Fica claro em cada beijo dela com o namoradinho que eles não estão apaixonados, estão juntos apenas por conveniência, por uma necessidade interna do grupo. O Jim é o primeiro cara corajoso, sincero e adorável que ela conhece. Ele representa um universo inteiramente novo pra ela - o universo que ela sempre quis ("O tempo todo eu estive procurando alguém que me amasse"). Não é nada estranho que ela sequer chore pelo namorado e na mesma noite diga ao Jim que o ama.
Meu Ódio Será Sua Herança
4.2 204 Assista AgoraPoucos artistas, em qualquer campo, conseguem ser tão poéticos quanto Sam Peckinpah. Ele faz ótimos westerns, mas o que ele realmente filma é a própria essência da saudade de uma época em que a humanidade pertencia aos homens. Os seus personagens são, como nós, seres angustiados, presos na incompatibilidade entre seus impulsos naturais e a modernidade que os enquadra. E todo esse lirismo é representado através de tiroteios, explosões e sangue voando para todo lado. Ou seja, trabalho de gênio.
Certamente o meu diretor de faroestes preferido.
Mister Lonely
3.8 104Aí sim, está uma boa metáfora sobre a solidão e a desestruturação da auto-confiança na sociedade moderna, tão recheada de símbolos e símbolos e símbolos. Apesar de caricato, esse protagonista é tão oniricamente real...
Mister Lonely acerta naquilo que o outro filme de Korine que eu já assisti (Gummo) pecava: tem uma boa história (começo, meio e fim, progressão causal), personagens autônomos, multiplicidade de forças intrínsecas e se assume como um filme absurdo. Mantém as coisas boas: cenas fortes, trilha musical foda e referências à cultura pop (levadas diretamente pro roteiro, dessa vez, o que deu uma força bem maior pra elas, na minha opinião).
O Dia em que Dorival Encarou a Guarda
4.2 79 Assista AgoraÉ o tipo de raiva que falta... contra repressões militares, sociais, políticas, propagandísticas e uma infinidade de outras.
O Velho e o Mar
4.4 101Impossível não dizer outra coisa que não "o curta é lindo". Tanto visualmente, quanto com relação à história. Não conheço o original do Hemingway, mas o que é mostrado aqui tem uma força emocional muito grande. Ecologia à parte, a disputa entre o homem e o peixe, a paradoxal força que empurra ao amor e à violência ao mesmo tempo, é magnificamente surreal e realista ao mesmo tempo.
Depois da Vida
3.9 70Lindo, simplesmente lindo. Essa capacidade dos orientais de falar sobre a transcendentalidade da vida e da alma sempre me cativa.
Édipo Rei
3.8 54Estava preocupado achando que me faltava conhecimento para entender e desfrutar o filme, mas vendo os comentários abaixo percebo que não fui o único a achá-lo meio fraco. O que senti foi a mesma coisa que relatou o Wesley: início e fim excelentes, mas desenvolvimento sem graça. Se Pasolini tivesse se mantido apenas na época contemporânea, talvez o filme fosse mais interessante.
A Pista
4.4 185A história desse curta, por si só, já é muito boa. Não lembro de ver, em outras distopias, tamanha habilidade em transpor os efeitos dos problemas políticos e sociais para dentro da vida de um indivíduo. Claro que isso acaba sempre acontecendo, mas aqui foi muito bem feito.
Mas o que mais me impressionou foi a forma visual do filme. Sem efeitos, apenas com fotos, ele cria uma atmosfera de ficção científica melhor e mais interessante do que a grande maioria dos outros. Ah, e vale a pena citar a narrativa, também. A história, que já é ótima, é contada competentemente.
O Operário
4.0 1,3K Assista AgoraUm filme que pouco engana o espectador. Ele vai construindo a história com uma série de eventos relativamente previsíveis... mas guarda o principal ponto do clímax muito bem. Fazia muito, muito tempo que um filme não me surpreendia dessa forma.
Aqui vemos uma construção de perspectiva esquizofrênica excelente, quase ao nível do perfeito Clube da Luta. A mente do Trevor consegue transformar qualquer detalhe em um gatilho pra um devaneio imenso. E a fotografia traduz muito bem isso pra linguagem visual.
O Christian Bale foi uma surpresa agradável, aqui. Talvez tenha sido preconceito da minha parte subestimá-lo como ator sem conhecer a maioria dos seus trabalhos, mas sinceramente não esperava uma atuação tão boa. A começar pela aparência física dele, pouquíssimos atores se entregariam tanto assim. Mas também é digno de nota o trabalho que ele faz pra construir esse personagem neurótico e problemático, muitas vezes com simples gestos ou expressões faciais.
Ernesto no País do Futebol
3.4 16Putz, como é chato ver um filme com uma temática tão boa ser tão ruim...
O roteiro cai em todo clichê possível e imaginável, não há uma única cena que não seja completamente previsível. Além disso, ainda é forçado ao extremo. O fato de os personagens serem crianças não justifica a total falta de profundidade e a inverossimilhança deles.
Enfim: uma ideia ótima, um filme péssimo.
Dont Look Back
4.4 37Dados ao Bob Dylan 5 segundos para se expressar, ele já torna qualquer coisa interessante. Ainda não me sinto apto a comentar esse documentário com muita clareza, pois estou enebriado pelas músicas e os momentos íntimos (e outros não tão íntimos) nele mostrados. Só me vêm à cabeça dois comentários urgentes: primeiro, que a voz da Joan Baez é maravilhosa.
E segundo que esse é um filme para ser assistido tendo ao lado um violão, uma garrafa de café e alguns cigarros.
Saliva
3.7 73É inegável a beleza estética do curta. A fantasia da imaginação infantil tá muito bem representada, com trabalhos ótimos de fotografia, som, uma narrativa boa, etc...
Dou apenas três estrelas porque é difícil você se sentir realmente tocado com algo que não lhe causa certa identificação.
We All Want to Be Young
4.2 20Que grande porcaria. Isso me lembrou aquela clássica frase do Frank Zappa sobre jornalismo musical. Esse documentário é sobre pessoas que não se entendem, feito por pessoas que não as entendem, para ser visto por pessoas que não entendem nem de juventude, nem de história e nem de cinema.
Sério, uma enorme perda de tempo.
Ainda em Tempo
2.9 9Realista (mesmo se tiver sido ensaiado/combinado), sem platonismos. Demais!
Huahuahuahauhauhauhhu
Todos Foram Para Lua
3.0 7Hahahah que fantástico! Muito boa a crítica ao colonialismo indiscriminado e todas as falácias de terra prometida, bem como ao culto cego à ciência e à tecnologia. Consegue ser nostálgico do humanismo sem cair em especismos, dogmas e ignorâncias que são tão comuns nessa área.
Alguns momentos ali são verdadeiras pérolas, como, por exemplo:
"[...] e os caras já tão pensando em montar uma nave pro primeiro homem que vai voltar a pisar na Terra. Que não vai ser eu, com certeza.", o garotinho cantando Raul Seixas, "[...] ninguém se interessa." e "Não tem Coca-Cola na lua, dá pra acreditar?"
Essas situações traduzem algumas das neuras e chagas da pós-modernidade ao pé da letra.
Maridos e Esposas
3.9 108 Assista AgoraO filme é interessante, a estética da imperfeição com a câmera errando toda hora, enquadramentos estranhíssimos e às vezes completamente desenquadrados funciona super bem aliada ao roteiro, a forma com que o casamento é retratado me agradou bastante, o diálogo cinematográfico com os documentários dá uma boa complementação pra história, mas...
Não sei dizer bem por qual motivo, mas o humor do Allen não me atingiu tanto dessa vez. Talvez assista-o novamente, para entender o porquê.
Hotel do Coração Partido
3.6 172Hahahah, que ótima progressão da comédia à tragédia!
Tudo Começou no Sábado
3.8 25Um retrato tão fiel do espírito da juventude que influenciou artistas de distintas gerações, desde Smiths até Arctic Monkeys. E pudera, o filme é muito bom! O jovem revoltado e sem esperanças, oprimido pela práxis capitalista na mesma medida em que não tem como escapar dela, está encarnado de forma espetacular pelo Albert Finney.
O Vento do Leste
4.1 13O momento em que a política, a economia, a história e o cinema se encontraram... e tiveram uma maravilhosa e perturbadora orgia. Um filme de ideias, ironias, provocações e contestações, absolutamente necessário pra qualquer pessoa que pense em trabalhar com produção audiovisual (ou que ao menos goste do assunto).
E o Glauber a indicar o caminho... pena que tão poucos o sigam...