Impossível não dizer outra coisa que não "o curta é lindo". Tanto visualmente, quanto com relação à história. Não conheço o original do Hemingway, mas o que é mostrado aqui tem uma força emocional muito grande. Ecologia à parte, a disputa entre o homem e o peixe, a paradoxal força que empurra ao amor e à violência ao mesmo tempo, é magnificamente surreal e realista ao mesmo tempo.
A história desse curta, por si só, já é muito boa. Não lembro de ver, em outras distopias, tamanha habilidade em transpor os efeitos dos problemas políticos e sociais para dentro da vida de um indivíduo. Claro que isso acaba sempre acontecendo, mas aqui foi muito bem feito.
Mas o que mais me impressionou foi a forma visual do filme. Sem efeitos, apenas com fotos, ele cria uma atmosfera de ficção científica melhor e mais interessante do que a grande maioria dos outros. Ah, e vale a pena citar a narrativa, também. A história, que já é ótima, é contada competentemente.
Putz, como é chato ver um filme com uma temática tão boa ser tão ruim... O roteiro cai em todo clichê possível e imaginável, não há uma única cena que não seja completamente previsível. Além disso, ainda é forçado ao extremo. O fato de os personagens serem crianças não justifica a total falta de profundidade e a inverossimilhança deles. Enfim: uma ideia ótima, um filme péssimo.
É inegável a beleza estética do curta. A fantasia da imaginação infantil tá muito bem representada, com trabalhos ótimos de fotografia, som, uma narrativa boa, etc... Dou apenas três estrelas porque é difícil você se sentir realmente tocado com algo que não lhe causa certa identificação.
Que grande porcaria. Isso me lembrou aquela clássica frase do Frank Zappa sobre jornalismo musical. Esse documentário é sobre pessoas que não se entendem, feito por pessoas que não as entendem, para ser visto por pessoas que não entendem nem de juventude, nem de história e nem de cinema. Sério, uma enorme perda de tempo.
Hahahah que fantástico! Muito boa a crítica ao colonialismo indiscriminado e todas as falácias de terra prometida, bem como ao culto cego à ciência e à tecnologia. Consegue ser nostálgico do humanismo sem cair em especismos, dogmas e ignorâncias que são tão comuns nessa área.
Alguns momentos ali são verdadeiras pérolas, como, por exemplo:
"[...] e os caras já tão pensando em montar uma nave pro primeiro homem que vai voltar a pisar na Terra. Que não vai ser eu, com certeza.", o garotinho cantando Raul Seixas, "[...] ninguém se interessa." e "Não tem Coca-Cola na lua, dá pra acreditar?"
Essas situações traduzem algumas das neuras e chagas da pós-modernidade ao pé da letra.
Dessa vez terei que discordar do sempre sensato Wesley: o filme não me pareceu mais pretensioso do que necessita ser qualquer obra artística. As redundâncias nulas, pra mim, foram agradáveis espirais descendentes, convergindo num ponto deveras clichê... erro que é facilmente perdoado depois daquela magnífica frase final do detetive.
Por falar em falas, esse mesmo personagem tem várias geniais, por exemplo:
Uma boa ideia, uma história simpática de um romance não-usual. Mas tamanha masturbação literária, tamanho conservadorismo na fotografia (um ou outro plano interessante, só), situações tão previsíveis, atuações tão novelísticas...
Eis o relógio, nosso carrasco presencial eterno. Sim, aí está a estrutura da poesia que vem do interior, filha da angústia e do sangue, estranha e ampla. Um curta simples, imagino que amador, mas que me encantou justamente por essa simplicidade, e provavelmente também pela semelhança dessa situação com meu dia-a-dia.
Discordo totalmente do comentário do Vinícius, logo abaixo. Pra mim, a forma com que o curta trata a desmantelação da infância em dois universos que, embora contrastantes, apresentam esse mesmo acontecimento é fantástica. E o fato de ter um espaço de tempo tão curto para fazer isso, e saber aproveitá-lo, só aumenta o mérito dos realizadores. Não é uma aula de sociologia, e sim uma obra de arte (nas acepções mais práticas dos termos), um produto que busca sintetizar e resignificar a realidade para tornar a representação, paradoxalmente, mais real.
Que ótimo exemplo de como utilizar o surreal para representar o real na sua forma mais onírica! Em um curtíssimo espaço de tempo, o Svankmajer consegue dissecar várias formas de interações, tanto humanas quanto não-humanas.
Sim, admito que essa situação e as ideias do protagonista já me ocorreram diversas vezes, e fiquei contente em vê-las retratadas de forma convincente em uma produção. Mas, para além disso, me pareceu muito vago, muito simplório na sua história. Passei pelos três minutos com a sensação de que nada realmente aconteceu... nem lá, nem aqui (ok, apenas o contentamento do qual já falei). Enfim... legalzinho, mas não é algo que eu recomendaria.
Aquilo que creio ser o desejo de muitas mulheres (hahahah), revestido com máscaras religiosas. Não consigo esconder minha simpatia pela utilização do imaginário popular regional na construção de narrativas cinematográficas (ou literárias). Acima de tudo, é sobre um processo pelo qual todo homem acaba passando, uma fase universal da vida.
A fotografia está belíssima, as atuações sublimes, o trabalho de som, então, transcende qualquer elogio. Eu estava muito desanimado com as produções desse gênero nos últimos anos. Jamais imaginei que seria um nacional, e ainda por cima curtametragem, que contrariaria essa minha visão pessimista.
Como é raro encontrar um documentário que realmente te faça pensar. "Mato Eles?" dá poucas respostas, e eventualmente faz algumas perguntinhas de vestibular, sarcasticamente dando alternativas de respostas do tipo "acerte e entre para o seleto grupo da elite". E faz uso de uma técnica que eu sempre achei muito interessante: para melhor retratar certas coisas, adota a ficção. O resultado sai muito mais real e explicativo do que qualquer um que fosse adquirido através de técnicas puramente documentais.
Um curta despretensioso e bem divertido, com alguns errinhos técnicos que não comprometem muito. Apesar de aderir ao absurdo na história, o que ele mostra na verdade é um ótimo retrato artístico e cômico dos nossos tempos: a juventude cada vez mais precoce, o ainda (inacreditavelmente ainda!) gigantesco poder de criação de fantasias do imperialismo cultural norte-americano, a complacência das figuras paternas e maternas, etc...
Hipnotizante, sombrio, lindo, assustador, poético, impactante. Um bom exemplo de quando a narrativa transcende a história e entra no âmbito da metafísica.
O Dia em que Dorival Encarou a Guarda
4.2 79 Assista AgoraÉ o tipo de raiva que falta... contra repressões militares, sociais, políticas, propagandísticas e uma infinidade de outras.
O Velho e o Mar
4.4 101Impossível não dizer outra coisa que não "o curta é lindo". Tanto visualmente, quanto com relação à história. Não conheço o original do Hemingway, mas o que é mostrado aqui tem uma força emocional muito grande. Ecologia à parte, a disputa entre o homem e o peixe, a paradoxal força que empurra ao amor e à violência ao mesmo tempo, é magnificamente surreal e realista ao mesmo tempo.
A Pista
4.4 185A história desse curta, por si só, já é muito boa. Não lembro de ver, em outras distopias, tamanha habilidade em transpor os efeitos dos problemas políticos e sociais para dentro da vida de um indivíduo. Claro que isso acaba sempre acontecendo, mas aqui foi muito bem feito.
Mas o que mais me impressionou foi a forma visual do filme. Sem efeitos, apenas com fotos, ele cria uma atmosfera de ficção científica melhor e mais interessante do que a grande maioria dos outros. Ah, e vale a pena citar a narrativa, também. A história, que já é ótima, é contada competentemente.
Ernesto no País do Futebol
3.4 16Putz, como é chato ver um filme com uma temática tão boa ser tão ruim...
O roteiro cai em todo clichê possível e imaginável, não há uma única cena que não seja completamente previsível. Além disso, ainda é forçado ao extremo. O fato de os personagens serem crianças não justifica a total falta de profundidade e a inverossimilhança deles.
Enfim: uma ideia ótima, um filme péssimo.
Saliva
3.7 73É inegável a beleza estética do curta. A fantasia da imaginação infantil tá muito bem representada, com trabalhos ótimos de fotografia, som, uma narrativa boa, etc...
Dou apenas três estrelas porque é difícil você se sentir realmente tocado com algo que não lhe causa certa identificação.
We All Want to Be Young
4.2 20Que grande porcaria. Isso me lembrou aquela clássica frase do Frank Zappa sobre jornalismo musical. Esse documentário é sobre pessoas que não se entendem, feito por pessoas que não as entendem, para ser visto por pessoas que não entendem nem de juventude, nem de história e nem de cinema.
Sério, uma enorme perda de tempo.
Ainda em Tempo
2.9 9Realista (mesmo se tiver sido ensaiado/combinado), sem platonismos. Demais!
Huahuahuahauhauhauhhu
Todos Foram Para Lua
3.0 7Hahahah que fantástico! Muito boa a crítica ao colonialismo indiscriminado e todas as falácias de terra prometida, bem como ao culto cego à ciência e à tecnologia. Consegue ser nostálgico do humanismo sem cair em especismos, dogmas e ignorâncias que são tão comuns nessa área.
Alguns momentos ali são verdadeiras pérolas, como, por exemplo:
"[...] e os caras já tão pensando em montar uma nave pro primeiro homem que vai voltar a pisar na Terra. Que não vai ser eu, com certeza.", o garotinho cantando Raul Seixas, "[...] ninguém se interessa." e "Não tem Coca-Cola na lua, dá pra acreditar?"
Essas situações traduzem algumas das neuras e chagas da pós-modernidade ao pé da letra.
Hotel do Coração Partido
3.6 172Hahahah, que ótima progressão da comédia à tragédia!
Deus Ex-Machina
3.0 3Dessa vez terei que discordar do sempre sensato Wesley: o filme não me pareceu mais pretensioso do que necessita ser qualquer obra artística. As redundâncias nulas, pra mim, foram agradáveis espirais descendentes, convergindo num ponto deveras clichê... erro que é facilmente perdoado depois daquela magnífica frase final do detetive.
Por falar em falas, esse mesmo personagem tem várias geniais, por exemplo:
"Toda mulher chama a amante do marido de puta..."
O Nosso Livro
3.7 17Uma boa ideia, uma história simpática de um romance não-usual.
Mas tamanha masturbação literária, tamanho conservadorismo na fotografia (um ou outro plano interessante, só), situações tão previsíveis, atuações tão novelísticas...
O Buraco Negro
4.0 85Um curta muito simples, mas a ideia é boa e a metáfora funciona sim.
The Structure of Poetry
1.6 23Eis o relógio, nosso carrasco presencial eterno. Sim, aí está a estrutura da poesia que vem do interior, filha da angústia e do sangue, estranha e ampla.
Um curta simples, imagino que amador, mas que me encantou justamente por essa simplicidade, e provavelmente também pela semelhança dessa situação com meu dia-a-dia.
A Invenção da Infância
4.4 71Discordo totalmente do comentário do Vinícius, logo abaixo. Pra mim, a forma com que o curta trata a desmantelação da infância em dois universos que, embora contrastantes, apresentam esse mesmo acontecimento é fantástica. E o fato de ter um espaço de tempo tão curto para fazer isso, e saber aproveitá-lo, só aumenta o mérito dos realizadores.
Não é uma aula de sociologia, e sim uma obra de arte (nas acepções mais práticas dos termos), um produto que busca sintetizar e resignificar a realidade para tornar a representação, paradoxalmente, mais real.
Dimensões do Diálogo
4.4 188Que ótimo exemplo de como utilizar o surreal para representar o real na sua forma mais onírica!
Em um curtíssimo espaço de tempo, o Svankmajer consegue dissecar várias formas de interações, tanto humanas quanto não-humanas.
Gnarls Barkley: Who's Gonna Save My Soul
3.4 15Sim, admito que essa situação e as ideias do protagonista já me ocorreram diversas vezes, e fiquei contente em vê-las retratadas de forma convincente em uma produção. Mas, para além disso, me pareceu muito vago, muito simplório na sua história. Passei pelos três minutos com a sensação de que nada realmente aconteceu... nem lá, nem aqui (ok, apenas o contentamento do qual já falei).
Enfim... legalzinho, mas não é algo que eu recomendaria.
Amor Só de Mãe
4.0 144Aquilo que creio ser o desejo de muitas mulheres (hahahah), revestido com máscaras religiosas. Não consigo esconder minha simpatia pela utilização do imaginário popular regional na construção de narrativas cinematográficas (ou literárias). Acima de tudo, é sobre um processo pelo qual todo homem acaba passando, uma fase universal da vida.
A fotografia está belíssima, as atuações sublimes, o trabalho de som, então, transcende qualquer elogio.
Eu estava muito desanimado com as produções desse gênero nos últimos anos. Jamais imaginei que seria um nacional, e ainda por cima curtametragem, que contrariaria essa minha visão pessimista.
Mato Eles?
4.4 16Como é raro encontrar um documentário que realmente te faça pensar. "Mato Eles?" dá poucas respostas, e eventualmente faz algumas perguntinhas de vestibular, sarcasticamente dando alternativas de respostas do tipo "acerte e entre para o seleto grupo da elite".
E faz uso de uma técnica que eu sempre achei muito interessante: para melhor retratar certas coisas, adota a ficção. O resultado sai muito mais real e explicativo do que qualquer um que fosse adquirido através de técnicas puramente documentais.
Adeus aos Normais
3.6 44Um curta despretensioso e bem divertido, com alguns errinhos técnicos que não comprometem muito.
Apesar de aderir ao absurdo na história, o que ele mostra na verdade é um ótimo retrato artístico e cômico dos nossos tempos: a juventude cada vez mais precoce, o ainda (inacreditavelmente ainda!) gigantesco poder de criação de fantasias do imperialismo cultural norte-americano, a complacência das figuras paternas e maternas, etc...
E, é claro, não poderia faltar:
Forgot the fuckin' passport!!!
Como Fazer um Curta Experimental, Cult e Pseudo-Intelectual
3.5 103Eis a juventude brasileira...
Lembro-me Ainda de Quando Comíamos Pão de Mel Toda Manhã …
3.0 21Não sei se isso é real, mas esse título é muito bom.
Harpya
4.1 34Hipnotizante, sombrio, lindo, assustador, poético, impactante. Um bom exemplo de quando a narrativa transcende a história e entra no âmbito da metafísica.
The Dante Quartet
3.8 7Em algum lugar na curva do infinito você entra nos padrões abstratos e se descobre lá.
Chuva
4.1 31"And I'm happy when it rains, and I'm happy when it rains..."