Entre outras coisas, me interessa no filme as pequenas esperanças que saem frustradas: o olhar de Charlie quando ele está prestes a sair pela porta e se volta para Nicole quando ela chama seu nome. Talvez houvesse ali, no tom dela, algo que ele reconheceu nele como um chamado. Frustrado, como se viu, pois ela o chamara para entregar a intimação judicial para o divórcio.
Há também a busca quase imperceptível do primeiro advogado de Charlie por café, deparando-se com uma cafeteira vazia. É isso o desespero de Charlie, uma cafeteira vazia que é ofertada na sala quando não deveria estar, pois não se oferece café em uma cafeteira vazia. Não me parece que há em Charlie esperanças de ter Nicole de volta, mas algo de sua vida, que estava tão arranjada com ela - mesmo com os furos que denunciavam faltas que já não era mais no casamento que poderia encontrar: deseja-se o café, mas descobre-se que a cafeteira está vazia.
Por fim, me comove muito perceber que há algo de amor encoberto por trás do ódio com que os dois brigam.
O coringa, em certos jogos, muda de valor conforme a combinação de cartas que o jogador tem em mãos. Em outros, a carta fica de fora, embora pertença ao deque. O Coringa é o "Êxtimo" do jogo: "êxtimo" enquanto aquilo que é íntimo, porque pertence, mas não estando ou fazendo parte dentro do jogo, portanto, em uma outra noção de exterior. Êxtimo, o íntimo externo.
Não é a toa o nome do personagem. E nesse filme de 2019, com a observação obrigatória da atuação magnífica de Joaquim Phoenix, construíram um Coringa que está no êxtimo do jogo do qual ele não pertence pertencendo.
Exterior ao laço social, torna-se íntimo do lugar que sua mãe o coloca: "Happy", seu apelido, do qual não por acaso se atrela ao sintoma do riso incontrolável. É genial ver o encaixe tão perfeito do sintoma ali no lugar no qual Artur é colocado: o riso incontrolável é metonímico à sua profissão, à placa do "Sorria sempre" na parede do trabalho, a nomeação que sua mãe, muito mais enquanto função do que enquanto pessoa, lhe dá, a sua missão na vida, a de "fazer as pessoas sorrirem". .
Mas Artur, além de exteriorado à força em uma sociedade eternamente anoitecida como Gotham City, é muito íntimo do que se torna para o povo da cidade, eles todos chamados de "palhaços" pelo Sr. Wayne, multimilionário. Ao mesmo tempo que está fora do discurso, que se atropela em um riso que não faz laço, Artur se torna o Coringa, "a carta do jogo que muda o valor conforme a combinação de cartas", e é finalmente enlaçado, vivificado, existente. Ele, vendo os outros todos usando máscaras de palhaço, finalmente se reconhece diante do Outro.
Nesse jogo de dentro e fora, íntimo e externo, Coringa é o êxtimo do jogo maravilhoso e pesado que o filme nos dá.
Adaptações, né? Fassbinder faz um trabalho gostoso com o filme, embora eu tenha sentido falta dele trabalhar alguns tantos recursos e cenas, que potencializariam o espírito da história escrita por Jean Genet. O livro, por exemplo, dá a Brest uma névoa incessante, de onde surgem e desaparecem os homens. Senti falta desse recurso no filme, que o potencializaria mais. Ao mesmo tempo é gostoso saber que as diferenças entre o filme e o livro (adaptações, enfim, são sempre adaptações, nunca um retrato completamente fiel) fazem de Querelle duas obras quase distintas, porém cercadas do espírito da marginalização e sensualidade da história e dos personagens.
Eu amo muito a forma como filmes de terror conseguem - se forem realmente bons - mexer com as nossas fantasias, atiçar nossas imaginações e nos deixar naquela sensação de desamparo desesperado diante do desconhecido: o inferno, o diabo, os espíritos, a morte.
Eu amo como, mesmo ao redor de uma sala de cinema com várias pessoas, cada um se sente sozinho, com medo, diante de um bom filme de terror. São nesses momentos que nossas fantasias macabras nos tomam, nossa vulnerabilidade de pessoa sozinha, que não pode com forças para além da física e de tudo o que é humano.
Os filmes de terror, quando bons, também nos colocam diante do mal que se esconde dentro da escuridão: a imagem de um canto escuro atrás da porta, numa tela, nos mostra que em casa, haverá também um canto escuro em todos os cômodos. A escuridão faz parte da vida tanto quanto a iluminação. O que o filme de terror nos faz é confrontar-nos com o mistério que se esconde dentro da escuridão, e o veste de mal, e que pode nos arrastar para o inferno, para o ódio desenfreado, para o macabro desenfreado da vida. Para sentimentos perturbadores, que em muitos de nós conhecemos lá na nossa infância, quando os amiguinhos e os pais nos contavam histórias que nos faziam ter medo do escuro, nos colocando de novo diante de nosso desamparo natural de ser humano.
O que nos faz rir numa sala de cinema, diante de uma cena de terror que claramente nos está aterrorizando é o desespero. Rir de nervoso, sabe como é? É quando esse outro lado da gente olha pra gente mesmo e nos vemos rindo de nós mesmos por estarmos com medo. Há algo de um tanto cômico nisso, e que se abraça ao pavor. O alívio não vem com o riso nervoso, mas com o grito do susto de alguma coisa que inesperadamente acontece no filme.
O nome desse filme deveria ser "passo a passo de um empreendedor de negócios"!. O roteiro é todo seguido disso: um cara pobre, que tem um "grande sonho" (bordão clichê dos empreendedores), arrisca tudo para realizar, se planeja, dá certo, faz contatos, aumenta o negócio, acaba falhando, mas não desiste, passa por cima, vence na vida financeira e familiar.
No meio disso tudo tem o drama básico que não vou contar porque seria spoiler, música e dança.
Gregg Araki fez um filme necessário. Assim como muitos outros filmes seus. A angústia que causa aqui é do tamanho da potência com que o filme nos atravessa. A angústia é essa coisa abstrata, que se expressa pela via circular, corrosiva, que vai remoendo, remoendo: quanto mais sentimos as dores dos personagens, mais somos atingidos pela angústia que causa esse filme. E Gregg, enquanto diretor, usa da melhor técnica: em vários momentos nos apresenta uma fotografia em primeira pessoa; os personagens estão diante de nós, nós os vimos como se fôssemos nós que estivéssemos sofrendo a ação dos fatos do filme. Não é um filme de final feliz, e por isso real. Não há final feliz no abuso infantil porque no abuso, o início já foi violado, usurpado pelo abusador.
Há uma genialidade de Araki aqui (desculpem o trocadilho infame): há quem não associe os danos causados pelo abuso infantil apenas em um dos meninos dois meninos abusado, pelo fato de um deles ter recalcado (mecanismo de defesa postulado por Freud em seus estudos sobre a histeria) o trauma, substituindo os elementos do episódio por uma suposta abdução alienígena, enquanto o outro dos meninos, ao crescer, lembra diversas vezes do treinador que o abusava com admiração ou mesmo prazer. Aí então entra o título do filme: Mistérios da Carne. A carne há de ser desvendada em suas glórias e em suas misérias, atrocidades. Os danos causados pelos abusos sofridos por Neil se refletem em sua frieza, em seu desamparo diante dos afetos: é que nas circunstâncias que levaram os dois rapazes ao episódio dos abusos, nenhum deles teve o amparo ou a vigília de seus cuidadores, de seus responsáveis: enquanto o pai de Brian era um ausente pela displicência diante do filho, a mãe de Neil o evitava, preferindo deixá-lo aos cuidados do treinador pedófilo enquanto ela saía com seus amantes. Mesmo com a repetição (ou evocação, no caso de Brian) dos episódios, em momento algum houve o amparo. De todo modo, não se justifica o abuso do abusador pela ausência daqueles que deveriam cuidar, senão apenas pela atrocidade daquele que comete o abuso sexual.
Por fim, este é também uma lição sobre o que é o recalque enquanto mecanismo de defesa. O "retorno do recalcado" (parece que prestei bem atenção às aulas de psicopatologia!) se mostra nos sonhos permanentes de Neil, que tenta desvendar o que realmente lhe aconteceu; ele "sente" quando os fatos realmente estão para se revelar. Uma aula incrível sobre o recalque é o que Gregg Araki nos dá.
George é um homem que perdeu o companheiro de dezesseis anos de convívio. Esta ideia dá espaço para que imaginemos o conflito do personagem.
George é um homem adulto, homossexual, vivendo no período da Guerra Fria, professor de Literatura. Esta imagem, somada a perda do companheiro, que foi o amor de sua vida - "você é um homem romântico, professor." -, poderia ser trabalhada de diversas formas no cinema.
Em "A Single Man", Tom Ford consegue fazer eu conhecer o mais novo filme favorito de minha vida. O filme é a adaptação do romance de mesmo nome, de Christopher Isherwood. Tom, enquanto diretor, desenha a iminente bomba que destruiria tudo de uma guerra que nunca explodiu às vias de regra, e isso nas entrelinhas da fala de um protagonista que discursa sobre o Medo ser sempre a maior ameaça. Esse mesmo Medo, que é grande e tem diversas facetas, foi que o privou de, à mentalidade dos anos cinquenta, a família de seu companheiro o privar de ir a seu funeral.
Descobrimos a dor de George mais por suas cenas, e pela atuação incrível de Colin Firth, do que pelos flashbacks de seus momentos com seu parceiro, enquanto ele estava vivo. Nos flashbacks, vemos que oito anos de luto não foram o suficiente para que Geoge se curasse, mas foram o suficiente para que ele decidisse o que deveria fazer da vida até então: encerrar a sua guerra fria particular, que ficava entre a falta de vontade de viver e o suicídio de fato, e passar a planejá-lo da forma mais virginiana possível: minunciosa, com cartas de instruções e de despedidas. É preciso, provavelmente, uma frieza adquirida apenas pela convicção em se matar para poder planejar tão detalhadamente a própria morte - não sujar os colchões, a posição com que atiraria em si mesmo, e a possível forma como cairia no chão. A angústia e a beleza, entretanto, dançam juntas na tela.
Este não é um filme dramalhão. Está mais para um lamento digno de uma bicha às portas da velhice, intelectualíssima, cuja toda força e coragem para viver - "é hora de enfrentar mais um maldito dia" - se foi com a Segunda Guerra Mundial, com a nova Guerra Fria, e principalmente, com a morte de seu companheiro de dezesseis fucking anos de convivência e amor. Outras tantas coisas perturbam George: a beleza dos homens. Seus corpo, que afinal é vivo, ainda deseja, embora o desejo não seja tão grande quanto a perda das perspectivas.
Entre os homens, há um de seus alunos: Kenny, Todas as vezes que ele aparece, assim como todas as vezes que a câmera sai da figura de George, Tom aumenta o contraste das cores, e por alguns instantes o filme não tem mais a temperatura fria e melancólica. Kenny me parece a figura do jovem, do novo, do ingênuo, da, mesmo que clichê, esperança. E está apaixonado por George, seu professor. Talvez seja o fio de vida, a pulsão do que ainda resta para viver e descobrir de vida que faça George não dispensá-lo como dispensa todos os outros rapazes. E é também Kenny que, como um símbolo enganoso, uma armadilha tanto para George quanto para o espectador, engana as nossas expectativas quanto ao destino de George, quanto a sua iminente morte, irrefreável: se George não morrer suicidando-se, morrerá de um ataque do coração. George morre, afinal, como se espera. "Tudo é exatamente como deveria ser": e o que deve ser, aqui, não é sua morte, mas antes dela, e também após, sua ligação sublime a seu companheiro morto, que vem resgatá-lo ao final do filme, numa cena, como todas as outras, linda, linda, linda. "A Single Man" também um filme sobre como seguir com a vida, e como transformar as relações, quando se é imposta pela morte a necessidade de transforma-las; é sobre a perda de um companheiro de dezesseis anos de convívio; e é de fato, sobre seu protagonista, George, ter estado só prolongando o próprio destino.
Galera falando que o filme não se aprofundou em nada. Gostei da proposta de não se aprofundar. Se a proposta maior era emocionar de alguma forma, conseguiu me emocionar de várias. O desconforto que eu senti em algumas cenas fez eu me contorcer inquieto na cadeira do cinema. Recomendo fortemente.
Uma Questão de Silêncio
3.5 7Tem no RARGB esses e outros filmes da diretora. Só pesquisar pelo nome dela na barra de busca do site.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraEntre outras coisas, me interessa no filme as pequenas esperanças que saem frustradas: o olhar de Charlie quando ele está prestes a sair pela porta e se volta para Nicole quando ela chama seu nome. Talvez houvesse ali, no tom dela, algo que ele reconheceu nele como um chamado. Frustrado, como se viu, pois ela o chamara para entregar a intimação judicial para o divórcio.
Há também a busca quase imperceptível do primeiro advogado de Charlie por café, deparando-se com uma cafeteira vazia. É isso o desespero de Charlie, uma cafeteira vazia que é ofertada na sala quando não deveria estar, pois não se oferece café em uma cafeteira vazia. Não me parece que há em Charlie esperanças de ter Nicole de volta, mas algo de sua vida, que estava tão arranjada com ela - mesmo com os furos que denunciavam faltas que já não era mais no casamento que poderia encontrar: deseja-se o café, mas descobre-se que a cafeteira está vazia.
Por fim, me comove muito perceber que há algo de amor encoberto por trás do ódio com que os dois brigam.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraO coringa, em certos jogos, muda de valor conforme a combinação de cartas que o jogador tem em mãos. Em outros, a carta fica de fora, embora pertença ao deque. O Coringa é o "Êxtimo" do jogo: "êxtimo" enquanto aquilo que é íntimo, porque pertence, mas não estando ou fazendo parte dentro do jogo, portanto, em uma outra noção de exterior. Êxtimo, o íntimo externo.
Não é a toa o nome do personagem. E nesse filme de 2019, com a observação obrigatória da atuação magnífica de Joaquim Phoenix, construíram um Coringa que está no êxtimo do jogo do qual ele não pertence pertencendo.
Exterior ao laço social, torna-se íntimo do lugar que sua mãe o coloca: "Happy", seu apelido, do qual não por acaso se atrela ao sintoma do riso incontrolável. É genial ver o encaixe tão perfeito do sintoma ali no lugar no qual Artur é colocado: o riso incontrolável é metonímico à sua profissão, à placa do "Sorria sempre" na parede do trabalho, a nomeação que sua mãe, muito mais enquanto função do que enquanto pessoa, lhe dá, a sua missão na vida, a de "fazer as pessoas sorrirem". .
Mas Artur, além de exteriorado à força em uma sociedade eternamente anoitecida como Gotham City, é muito íntimo do que se torna para o povo da cidade, eles todos chamados de "palhaços" pelo Sr. Wayne, multimilionário. Ao mesmo tempo que está fora do discurso, que se atropela em um riso que não faz laço, Artur se torna o Coringa, "a carta do jogo que muda o valor conforme a combinação de cartas", e é finalmente enlaçado, vivificado, existente. Ele, vendo os outros todos usando máscaras de palhaço, finalmente se reconhece diante do Outro.
Nesse jogo de dentro e fora, íntimo e externo, Coringa é o êxtimo do jogo maravilhoso e pesado que o filme nos dá.
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar
4.3 209O futuro ao jeans pertence.
Querelle
3.6 128Adaptações, né? Fassbinder faz um trabalho gostoso com o filme, embora eu tenha sentido falta dele trabalhar alguns tantos recursos e cenas, que potencializariam o espírito da história escrita por Jean Genet. O livro, por exemplo, dá a Brest uma névoa incessante, de onde surgem e desaparecem os homens. Senti falta desse recurso no filme, que o potencializaria mais. Ao mesmo tempo é gostoso saber que as diferenças entre o filme e o livro (adaptações, enfim, são sempre adaptações, nunca um retrato completamente fiel) fazem de Querelle duas obras quase distintas, porém cercadas do espírito da marginalização e sensualidade da história e dos personagens.
A Voz do Silêncio
4.3 355É tipo um drama-porn, drama atrás de drama!
Esperava mais, aliás, menos. Menos drama e mais coerência.
"desculpe!"
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraEu amo muito a forma como filmes de terror conseguem - se forem realmente bons - mexer com as nossas fantasias, atiçar nossas imaginações e nos deixar naquela sensação de desamparo desesperado diante do desconhecido: o inferno, o diabo, os espíritos, a morte.
Eu amo como, mesmo ao redor de uma sala de cinema com várias pessoas, cada um se sente sozinho, com medo, diante de um bom filme de terror. São nesses momentos que nossas fantasias macabras nos tomam, nossa vulnerabilidade de pessoa sozinha, que não pode com forças para além da física e de tudo o que é humano.
Os filmes de terror, quando bons, também nos colocam diante do mal que se esconde dentro da escuridão: a imagem de um canto escuro atrás da porta, numa tela, nos mostra que em casa, haverá também um canto escuro em todos os cômodos. A escuridão faz parte da vida tanto quanto a iluminação. O que o filme de terror nos faz é confrontar-nos com o mistério que se esconde dentro da escuridão, e o veste de mal, e que pode nos arrastar para o inferno, para o ódio desenfreado, para o macabro desenfreado da vida. Para sentimentos perturbadores, que em muitos de nós conhecemos lá na nossa infância, quando os amiguinhos e os pais nos contavam histórias que nos faziam ter medo do escuro, nos colocando de novo diante de nosso desamparo natural de ser humano.
O que nos faz rir numa sala de cinema, diante de uma cena de terror que claramente nos está aterrorizando é o desespero. Rir de nervoso, sabe como é? É quando esse outro lado da gente olha pra gente mesmo e nos vemos rindo de nós mesmos por estarmos com medo. Há algo de um tanto cômico nisso, e que se abraça ao pavor. O alívio não vem com o riso nervoso, mas com o grito do susto de alguma coisa que inesperadamente acontece no filme.
Como eu adoro bons filmes de terror!
O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista AgoraEu poderia passar horas falando deste filme.
Vingadores: Guerra Infinita
4.3 2,6K Assista AgoraAi, gente, Tô bem triste. :(
Com Amor, Simon
4.0 1,2K Assista AgoraAAAAAAAAAAAAA QUE FILME FOFO AAAAAAAAAAAAAAAAA
Me derreti todo, ri demais e fiquei em vários momento com um sorriso imenso no rosto, encantado! Amei!
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraAPRENDAM A CONSUMIR ARTE SEM SE AUTORREFERENCIAR COMO COMPARAÇÃO DO QUE É CERTO OU ERRADO, BANDO DE CARAI!
#PAS.
Aliás, que filme gostoso!
O Rei do Show
3.9 897 Assista AgoraO nome desse filme deveria ser "passo a passo de um empreendedor de negócios"!.
O roteiro é todo seguido disso: um cara pobre, que tem um "grande sonho" (bordão clichê dos empreendedores), arrisca tudo para realizar, se planeja, dá certo, faz contatos, aumenta o negócio, acaba falhando, mas não desiste, passa por cima, vence na vida financeira e familiar.
No meio disso tudo tem o drama básico que não vou contar porque seria spoiler, música e dança.
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraFazia tempo que eu não terminava um filme de boca aberta!
Mistérios da Carne
4.1 975Gregg Araki fez um filme necessário. Assim como muitos outros filmes seus.
A angústia que causa aqui é do tamanho da potência com que o filme nos atravessa. A angústia é essa coisa abstrata, que se expressa pela via circular, corrosiva, que vai remoendo, remoendo: quanto mais sentimos as dores dos personagens, mais somos atingidos pela angústia que causa esse filme. E Gregg, enquanto diretor, usa da melhor técnica: em vários momentos nos apresenta uma fotografia em primeira pessoa; os personagens estão diante de nós, nós os vimos como se fôssemos nós que estivéssemos sofrendo a ação dos fatos do filme. Não é um filme de final feliz, e por isso real. Não há final feliz no abuso infantil porque no abuso, o início já foi violado, usurpado pelo abusador.
Há uma genialidade de Araki aqui (desculpem o trocadilho infame): há quem não associe os danos causados pelo abuso infantil apenas em um dos meninos dois meninos abusado, pelo fato de um deles ter recalcado (mecanismo de defesa postulado por Freud em seus estudos sobre a histeria) o trauma, substituindo os elementos do episódio por uma suposta abdução alienígena, enquanto o outro dos meninos, ao crescer, lembra diversas vezes do treinador que o abusava com admiração ou mesmo prazer. Aí então entra o título do filme: Mistérios da Carne. A carne há de ser desvendada em suas glórias e em suas misérias, atrocidades. Os danos causados pelos abusos sofridos por Neil se refletem em sua frieza, em seu desamparo diante dos afetos: é que nas circunstâncias que levaram os dois rapazes ao episódio dos abusos, nenhum deles teve o amparo ou a vigília de seus cuidadores, de seus responsáveis: enquanto o pai de Brian era um ausente pela displicência diante do filho, a mãe de Neil o evitava, preferindo deixá-lo aos cuidados do treinador pedófilo enquanto ela saía com seus amantes. Mesmo com a repetição (ou evocação, no caso de Brian) dos episódios, em momento algum houve o amparo. De todo modo, não se justifica o abuso do abusador pela ausência daqueles que deveriam cuidar, senão apenas pela atrocidade daquele que comete o abuso sexual.
Por fim, este é também uma lição sobre o que é o recalque enquanto mecanismo de defesa. O "retorno do recalcado" (parece que prestei bem atenção às aulas de psicopatologia!) se mostra nos sonhos permanentes de Neil, que tenta desvendar o que realmente lhe aconteceu; ele "sente" quando os fatos realmente estão para se revelar. Uma aula incrível sobre o recalque é o que Gregg Araki nos dá.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraQue filme maravilhoso.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraNão é um filme ruim. É só um filme que eu não gostei. Infelizmente, porque a expectativa estava, olha... lá em cima.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraQue se repita sempre e sempre essa falta de palavras sempre que eu terminar de assistir um filme dirigido por Tom Ford.
Que se repita sempre e sempre essa falta de palavras sempre que eu terminar de assistir um filme dirigido por Tom Ford.
Que se repita sempre e sempre essa falta de palavras sempre que eu terminar de assistir um filme dirigido por Tom Ford.
Que se repita sempre e sempre essa falta de palavras sempre que eu terminar de assistir um filme dirigido por Tom Ford.
Que se repita sempre e sempre essa falta de palavras sempre que eu terminar de assistir um filme dirigido por Tom Ford.
Those People
3.3 179Ia escrever mais, mas "ruim pra caralho, pqp" é o suficiente.
Direito de Amar
4.0 1,1K Assista AgoraA Single Man, 2009. Dirigido por Tom Ford.
George é um homem que perdeu o companheiro de dezesseis anos de convívio. Esta ideia dá espaço para que imaginemos o conflito do personagem.
George é um homem adulto, homossexual, vivendo no período da Guerra Fria, professor de Literatura. Esta imagem, somada a perda do companheiro, que foi o amor de sua vida - "você é um homem romântico, professor." -, poderia ser trabalhada de diversas formas no cinema.
Em "A Single Man", Tom Ford consegue fazer eu conhecer o mais novo filme favorito de minha vida. O filme é a adaptação do romance de mesmo nome, de Christopher Isherwood. Tom, enquanto diretor, desenha a iminente bomba que destruiria tudo de uma guerra que nunca explodiu às vias de regra, e isso nas entrelinhas da fala de um protagonista que discursa sobre o Medo ser sempre a maior ameaça. Esse mesmo Medo, que é grande e tem diversas facetas, foi que o privou de, à mentalidade dos anos cinquenta, a família de seu companheiro o privar de ir a seu funeral.
Descobrimos a dor de George mais por suas cenas, e pela atuação incrível de Colin Firth, do que pelos flashbacks de seus momentos com seu parceiro, enquanto ele estava vivo. Nos flashbacks, vemos que oito anos de luto não foram o suficiente para que Geoge se curasse, mas foram o suficiente para que ele decidisse o que deveria fazer da vida até então: encerrar a sua guerra fria particular, que ficava entre a falta de vontade de viver e o suicídio de fato, e passar a planejá-lo da forma mais virginiana possível: minunciosa, com cartas de instruções e de despedidas. É preciso, provavelmente, uma frieza adquirida apenas pela convicção em se matar para poder planejar tão detalhadamente a própria morte - não sujar os colchões, a posição com que atiraria em si mesmo, e a possível forma como cairia no chão. A angústia e a beleza, entretanto, dançam juntas na tela.
Este não é um filme dramalhão. Está mais para um lamento digno de uma bicha às portas da velhice, intelectualíssima, cuja toda força e coragem para viver - "é hora de enfrentar mais um maldito dia" - se foi com a Segunda Guerra Mundial, com a nova Guerra Fria, e principalmente, com a morte de seu companheiro de dezesseis fucking anos de convivência e amor. Outras tantas coisas perturbam George: a beleza dos homens. Seus corpo, que afinal é vivo, ainda deseja, embora o desejo não seja tão grande quanto a perda das perspectivas.
Entre os homens, há um de seus alunos: Kenny, Todas as vezes que ele aparece, assim como todas as vezes que a câmera sai da figura de George, Tom aumenta o contraste das cores, e por alguns instantes o filme não tem mais a temperatura fria e melancólica. Kenny me parece a figura do jovem, do novo, do ingênuo, da, mesmo que clichê, esperança. E está apaixonado por George, seu professor. Talvez seja o fio de vida, a pulsão do que ainda resta para viver e descobrir de vida que faça George não dispensá-lo como dispensa todos os outros rapazes. E é também Kenny que, como um símbolo enganoso, uma armadilha tanto para George quanto para o espectador, engana as nossas expectativas quanto ao destino de George, quanto a sua iminente morte, irrefreável: se George não morrer suicidando-se, morrerá de um ataque do coração. George morre, afinal, como se espera. "Tudo é exatamente como deveria ser": e o que deve ser, aqui, não é sua morte, mas antes dela, e também após, sua ligação sublime a seu companheiro morto, que vem resgatá-lo ao final do filme, numa cena, como todas as outras, linda, linda, linda. "A Single Man" também um filme sobre como seguir com a vida, e como transformar as relações, quando se é imposta pela morte a necessidade de transforma-las; é sobre a perda de um companheiro de dezesseis anos de convívio; e é de fato, sobre seu protagonista, George, ter estado só prolongando o próprio destino.
O Homem Que Amava Yngve
4.0 121Gente, que final decepcionante.
Geração Maldita
3.7 126"a vida é um sanduíche ruim difícil de mastigar"
O Amor é Para Todos
4.0 333Eu tô arrasado.
Looking: O Filme
4.0 250 Assista AgoraMe fez lamentar bastante que a série tenha sido cancelada.
Mãe Só Há Uma
3.5 407 Assista AgoraGalera falando que o filme não se aprofundou em nada. Gostei da proposta de não se aprofundar. Se a proposta maior era emocionar de alguma forma, conseguiu me emocionar de várias. O desconforto que eu senti em algumas cenas fez eu me contorcer inquieto na cadeira do cinema. Recomendo fortemente.