Além de conter uma história poderosa, na qual a grande personagem é um objeto, O Violino Vermelho contém uma interessante abordagem do tempo no cinema. Há uma mistura de linearidade com circularidade, isto é, embora a história seja compreensível como seguindo um fio passado/presente, há repetições que dão a impressão de eterno retorno (no caso, o epicentro de tudo é o leilão do violino). Também apaixonei-me pela presença dos objetos no filme. O grande fascínio que os objetos exercem sobre o homem estão soberbamente representados pelo próprio violino e por diversos outros componentes dos cenários e do enredo. Enfim, filme para quem gosta de cinema pelo que ele é capaz de fazer para modificar o mundo.
Talvez seja necessário assistir "um naco" prévio (http://www.youtube.com/watch?v=NsRcogaAQmg)ou um revelador MAKING OF DURVAL DISCOS slide show (http://www.youtube.com/watch?v=KEMGGsxNEZw) não disponibilizados na ficha do filme em Filmow para "tentar" entender e aceitar esse filme como maravilhoso!
John Patrick Shanley além da autoria e direção da peça, dirige o filme de forma bastante original e não menos interessante: tudo, absolutamente tudo é duvidoso e passa longe de esclarecimentos. Todos os planos escondem algo, guardam algum tipo de significado; as marcações e os movimentos dos atores estão conectados com o que ocorre naquele instante, seja diretamente, indiretamente, explicita ou implicitamente. Se isso é bom? É ótimo. Mais que isso, é uma experiência hipnótica onde o espectador participa da narrativa e se torna um personagem inserido na trama, convidado a compartilhar do que acontece no momento e constantemente induzido a sentir e pensar na dúvida, simplesmente duvidando de tudo que vê. Logo, temos a claustrofóbica sensação de desconfiança sobre todos os personagens, suas motivações e finalmente suas ações.
Estamos no meio dos anos ‘60, em uma escola católica controlada por padres e freiras. Os tempos estão mudando e tradição certamente é o que a diretora da escola, irmã Aloysius (Streep) quer preservar. Essa não é a mesma linha de pensamento do Padre Flynn (Philip Seymour Hoffman), jovem e flexível que acredita que na Igreja como uma instituição mais “amigável”. Desde o início os dois são opostos que indiretamente se atraem e o que o une são as dúvidas da inocente irmã James (Amy Adams). Ela nota que Donald Miller, o único garoto negro da escola é protegido pelo Padre, e certo dia, depois de uma conversa na sala de seu protetor, o menino volta com cheiro de vinho no hálito e se comportando de maneira estranha. Ela recorre a experiência de sua superior. Aloysius tem certeza de que há algo de errado na relação de Flynn com o garoto, o Padre por sua vez nega a culpa e no meio desse embate fica a ingênua freira e consequentemente o espectador.
Fica claro que Shanley se importa e muito com as performances, afinal veio do teatro e tratou de colocar um time de peso para dar a vida a seus personagens – resultado disso é que quatro das cinco indicações que o filme recebeu para o Oscar, são para as magníficas performances de Streep, Hoffman, Adams e a surpreendente Viola Davis que interpreta a mãe de Donald. São poucos minutos, mas ela entrega um sincero e soberbo entendimento do texto e da complexidade de suas falas. Streep é, como sempre, a melhor do elenco – inicialmente ela personifica o “dragão faminto”, a megera e rígida diretora, farta com o comportamento dos alunos e movida pela intolerância. A medida que o filme avança, a irmã Aloysius ganha mais complexidade, mais facetas a serem mostradas e despe-se do maniqueísmo fácil. Obviamente, tal papel não poderia ser de outra pessoa se não a Diva absoluta do cinema atual. Suas nuances traduzem com perfeição tudo que sente a diretora da escola e o questionamento pelo qual esta mulher esta passando, detalhadamente.
Amy Adams vem consolidando uma carreira através da competência e do profissionalismo, e sua delicada e inocente irmã James é mais uma prova de que esses elementos vem sendo usados com inteligência, esbanjando técnica. A imersão no personagem é digna de aplauso e, por vezes, ela consegue roubar a cena.
Philip Seymour Hoffman que sempre nos presenteia com ótimas atuações, não decepciona e trata de responder suas “rivais” de igual para igual. Sempre que confrotado pelas duas freiras, presenciamos um banho de técnica e um verdadeiro duelo de atuações.
A direção e o texto de Shanley também nos permitem fazer outras leituras que nos levam a conclusões de outros temas que ali podem estar sendo tratados, ou seja, há algo mais denso ainda do que a experiência proposta. Mas claro, há um preço por isso: quem não conseguir entrar no jogo do diretor pode não curtir e aí fica com um drama tradicionalista, contido e extremamente carregado de alegorias que podem incomodar pela sua presença constante. O final do filme também pode não se fazer claro, alguns podem achar se tratar de absolvição, de respostas fáceis e fragilidade do roteiro – ainda que seja apenas desfecho mais que coerente onde, o tema tratado atinge seu ápice e chega até aqueles que ainda não tinham sido tocados por ele, anexado a narrativa e também um reflexo do espectador que não tinha até ali entrado no jogo do diretor.
De qualquer forma, ambas as possibilidades nos revelam um filme acima da média, e pelo sim pelo não…
Um filme ou qualquer outra obra de arte sempre nos indica, de algum modo, o ponto de vista pelo qual ele deve ser abordado - ou seja, seu tema, o problema que pretende tratar. No caso de O Carteiro e o Poeta, já a primeira cena mostra que o problema é a construção de uma vida pessoal, singular e verdadeira, apesar das dificuldades do tempo e do lugar. Por isso mesmo, dizendo logo a que veio, o filme se inicia com Mario Ruopollo resfriado e deitado numa cama, onde lê um cartão postal com notícias de seus primos que vivem na América. Essa imagem inicial ilustra a perplexidade do protagonista frente às limitações impostas à sua vida pelo ambiente social onde vive. Ouve-se, enquanto isso, o barulho dos barcos dos pescadores que retornam à praia depois da pesca. Entre eles está o pai de Mário que chega em casa para comer e comenta que já é tempo dele procurar um emprego, ganhar a vida. Mário responde que tem alergia aos barcos, que sempre enjoa e, portanto, não pode ser pescador. O pai dele também reconhece essa inadequação quando afirma que ele jamais gostou de pescar. Para não deixar dúvidas quanto ao fato de Mário ser um indivíduo diferente dos outros habitantes da ilha, ele é apresentado ao espectador, logo na primeira cena do filme, exatamente como um dos poucos que sabem ler naquele lugar. Falar ou escrever sobre a obra de outrém é tarefa árdua, não se vive o que viveu o artista e apenas impressões visuais e sonoras pode-se querer comentar. É um filme que deve ser visto com olhar de poeta...
“Quando se explica a poesia, ela se torna banal.” (Neruda)
“O que se pode inferir sobre uma comparação entre a atividade do carteiro e a do poeta, é que em maior ou menor grau ambos trabalham com a palavra, têm a atribuição de levar a mensagem aos seus interlocutores.” (Prof. Juarez Firmino)
"Chinatown" é o primeiro filme de uma trilogia que só chegou a sua segunda parte. O filme é dirigido pelo aclamado Roman Polanski, que está tendo o azar de ver algumas de suas fitas envelhecendo mal, como acontece com o "O Bebê de Rosemary", que já não funciona mais. Porém, com "Chinatown" vem acontecendo o contrário. O filme quanto mais antigo fica parece ficar mais ousado e impiedoso. Polanski em sua melhor forma, mescla com sutileza violência com intrigas, o que acaba resultando em uma fita envolvente e instigante.A trama gira em torna de Gites (Jack Nicholson), um detetive de "affair" que é contratado por Evelyn (Faye Dunaway). O corpo de seu marido foi encontrado e aparentemente parece que ele bebeu muito e acabou se afogando. Gites acaba entrando em um grande jogo de mentiras, corrupção e traição. Tudo indica que o marido de Evelyn foi na realidade assassinado. Em meio a tudo isso, a mulher guarda segredos e mais segredos e Gites acaba virando um peixe fora d'água. Porém, ele está envolvido na situação mais do que ele mesmo espera.Polanski ousou em sua direção, porém méritos devem ser dados também para o ótimo roteiro de Robert Towne. Que, aliás, foi vencedor do Oscar de melhor roteiro original. Polanski conduz com muita qualidade a trama, apresentando os fatos com lentidão, porém de maneira muito intrigante, o que é a arma para deixar o espectador atento durante as 2 horas de duração do filme. Temos que valorizar também o elenco plausível, destacando, claro, o brilhante Jack Nicholson, que carrega o filme praticamente sozinho. Faye Dunaway nem é uma excelente atriz, mas nunca deixou a desejar e aqui não é diferente. Atuação discreta, porém construtiva.Temos ainda uma ótima fotografia de John A. Alonzo, passando por momentos obscuros e outros claramente mais românticos. A seqüência final é belissimamente bem fotografada. Contudo, nada se compara a trilha sonora de Jerry Goldsmith. Seus temas criam tensão e apreensão nas cenas, deixando o espectador com claustrofobia. O tema do romance é executado com perfeição durante a trama. Polanski aproveitou a boa equipe na produção e rodou cenas antológicas, como por exemplo onde Nicholson tem de pular uma grade por causa da invasão da água ou a seqüência dos tapas, que ficou maravilhosa, e ainda a excelente cena final, que é perfeita."Chinatown" teve uma continuação dirigida por Jack Nicholson chamada "A Chave do Enigma", que acabou sendo um fracasso e um dos motivos para a terceira parte não ser realizada. Aqui Polanski realiza uma fita policial "noir" de causar muita inveja em muito diretor consagrado por aí. Seu filme ficou com personalidade e hoje talvez soe mais crítico do que foi diretamente na década de 70. Recomendo o filme para quem gosta de filme inteligentes e bem raciocinados. Esse é aquele tipo de filme que tudo se revela somente no final, de depois de diversas reviravoltas, um final como este não poderia ser melhor. Um ótimo filme, vale uma conferida.
Produzido pela Blue Yonder Pictures em parceria com a ChristianCinema.com, distribuido pela COMEV. Quando vi, pela primeira vez, imaginei ser um bom filme. Assisti e não vi nada, sequer a busca por Deus, apenas um filme comum, quase um engodo.
Um baita filme daqueles que nos direcionam ao auto conhecimento. Os sonhos pra vida tem parte importante nisso. É muito bom sonhar, mas também planejar, fazer planos e se apegar aos objetivos pra que tudo simplesmente não se torne castelos no ar.
O perfume de escândalo que cercou o lançamento do filme de Godard obscurecen o seu verdadeiro significado. Considerado sacrílego por alguns, incompreensível por outros, a polêmica ocultou a profunda espiritualidade, evidente, entretanto, desta obra. Como sempre, Godard surpreende ao mesmo tempo pela novidade de sua abordagem, pela forma original e pela audácia da mensagem. Diante do mistério da natividade de Jesus, Godard simplesmente perguntou a si mesmo: como contar essa história em nossa modernidade? Como contar um acontecimento tão extraordinário que se deu a 2 mil anos e que é o fundamento de fé de milhões de indivíduos no mundo e, principalmente, como contá-lo em função dos modos modernos de comunicação? Enquanto Pasolini, com O Evangelho segundo São Mateus, permanece no registro são-sulpiciano da reconstituição histórica e da mensagem tradicional cristã, Godard tenta dela fazer a narrativa como se estivesse se dirigindo a crianças da nossa época, habituadas com os heróis das séries televisionadas e com a leitura das histórias em quadrinhos. É por isso que transpõe o maravilhoso cristão para o mundo imaginário de hoje, mistura de Pieds Nickeles e de Star Trek. Em vez de um anjo do outro mundo, Gabriel é um homem comum, que viaja de avião; já não é só e seráfico, mas pragmático e acompanhado por uma garota maliciosa, como a heroína de Alice no País das Maravilhas; a estrela dos Reis Magos é substituída pela bandeirinha de um carro-socorro; Maria é filha de um frentista e membro de um time de basquete, e José é motorista de táxi... Gente simples, comum, exatamente como eram os pais de Jesus no tempo de Herodes. O lugar já não é o campo primitivo, mas a cidade com as suas atividades - o trabalho de José, as relações humanas, as relações difíceis entre os homens e as mulheres, uma cidade alheia aos mistérios da fé, onde Maria vai encontrar-se sozinha para enfrentar o seu destino em meio à indiferença e ao ceticismo que caracterizam o mundo moderno. Esta opção de atualizar o acontecimento tem por função recolocar a problemática da mensagem cristã no mundo de hoje e não mais relegá-la ao museu imobilizado da instituição religiosa; os cartões repetitivos e insistentes Naquele tempo servem para marcar, ao mesmo tempo, a intemporalidade e a contemporaneidade do acontecimento. Ao transportar rigorosamente a natividade para o mundo atual, Godard atualiza por isso mesmo a mensagem milenar e lhe confere perenidade. Eis por que as duas personagens principais estão bem situadas em sua época e vivem os conflitos de um casal moderno: José tem um caso com outra mulher e Maria duvida do seu amor. Entretanto, de acordo com a tradição, Maria é jovem, inocente e virgem. Diante da incapacidade da ciência para explicar a sua milagrosa fecundação, a moça vai aceitando pouco a pouco o inacreditável por caminhos outros que não os da razão. Como imaginar, em nossa época, semelhante acontecimento e como fazê-lo aceitar aos outros? A princípio há a expectativa: a jovem espera algo de extraordinário: "Indagava-me se algum fato notável ia acontecer na minha vida" pois, contrariamente aos homens, "todas as mulheres desejam alguma coisa que seja única neste mundo". Em seguida, após a Anunciação, ela vai aos poucos assumindo o seu destino e descobrindo uma outra dimensão na vida, uma dimensão secreta que não pode partilhar com ninguém, porque cada um deve fazer a sua própria descoberta da espiritualidade. "Quero que a alma seja corpo e não se poderá dizer que o corpo é alma (...) Não mais haverá sexualidade em mim, conhecerei o discurso verdadeiro da alma." Mas Maria é feita de carne humana, tem desejos de mulher e a castidade que se impõe lhe pesa. Nua na cama, vê-se a braços com o desejo, como todas as mulheres; e trava um combate desgastante contra a tentação; daí as alusões à masturbação recusada, que são talvez chocantes, mas que se inscrevem perfeitamente no projeto godardiano de tornar viva e credível a personagem. Tais tentações não empanam a espiritualidade de Maria, ao contrário, é pelo combate contra si mesma que atinge o mistério do espírito e se eleva em relação aos outros. Se tudo lhe fosse dado, se tudo lhe fosse fácil, o seu mérito seria menor. A sua ascese não está definitivamente adquirida, é o resultado de um esforço sobre a carne, sobre a vida cotidiana. Godard transgrediu a imagem tradicionalmente passiva de Maria, simples receptáculo da Palavra, simples instrumento da Divindade, para lhe dar uma consciência, uma elevação pessoal que a coloca acima de todos os outros. Ela adquire, enquanto mulher, uma verdadeira grandeza; ela é cheia de graça. A segunda parte do filme, mais rápida, esboça o destino do menino, mas sobretudo a evolução de Maria alguns anos após o acontecimento tão grande que tudo é consumido. O que nos mostra Godard é um casal banal, um marido autoritário e um garotinho voluntarioso, mimado pela mãe. Na realidade, Maria conhece o destino de seu filho; longe de se opor a ele, entrega-lhe o menino, como se esse destino não mais lhe dissesse respeito. O gesto da criança explorando-lhe o corpo por debaixo do vestido não é obscenidade, mas o último vestígio da ligação extraordinária que existiu entre o seu corpo e o seu filho, ligação única de que José está excluído. Como acontece com freqüência nos filmes de Godard, a mulher é dotada de um poder de adivinhação, de um instinto de que o homem é desprovido e, nesse sentido, este filme é uma homenagem à glória da mulher. "Sempre me indaguei o que é que se sabe de uma mulher (...) há um mistério." Mas o mundo em que vivemos já não percebe esse segredo e é muito duro carregá-lo na solidão. Maria, como todos nós, esqueceu; negligenciou as recomendações da pequena acompanhante de Gabriel: "Maria, seja dura, seja pura, siga apenas o seu caminho. Não esqueça". A verdade é que a igreja brasileira, ao proibir o filme, possibilitou que muitos tomassem conhecimento de "haver um filme proibido pela Igreja" e criou uma espectativa muito maior que poderia imaginar a cadeia exibidora nacional. É uym bom filme!
Assisti várias versões filmadas desse livro que marca desde seu lançamento e essa versão tem alguns atropelos: O filme foi feito em formato de músical. Eu amo músicais mas este não é do tipo que eu gosto. As músicas são muito parecidas umas com as outras e sem graça, e as letras contém elementos que fogem um pouco da temática do livro. E por falar em fuga, o filme não mostra vários personagens e passagens chave do livro e ainda os cita sem ter mostrado, ou seja, é necessário ter lido o livro para entender (e quem não leu levante o dedo!). No inicio do filme você pensa que é porque isso não caberia no filme, mas o filme é curto e metade dele é preenchido por longas cenas de música. Outro problema é que, praticamente, não há dança como se espera em um musical. Mas também há coisas boas: O figurino, principalmente o do Pequeno Príncipe, está muito bom. O avião usado no filme é o mesmo que Saint-Exupery caiu no acidente que inspirou o livro. O trabalho experimental com câmeras olho-de-peixe é interessante. Uma boa exceção da ausência de dança é a cena da cobra, com Bob Fosse. No mais, o filme só vale a pena ser visto por curiosidade, para quem leu o livro (acho que todo mundo já leu).
Um filme para assistir e voltar assistir novamente. Contando com um elenco formidável, retrata uma família intrigante e repleta de energias e contradições, fala também de uma paranormal ( Maryl Streep ) na opinião uma das melhores atrizes que já vi atuar, com certeza este filme faz parte do meu rol dos melhores filmes. Uma curiosidade: Apesar da história se passar na América do Sul, grande parte das cenas foi filmada na Dinamarca, sendo que alguns trechos foram também filmados em Lisboa.
Falar o que sobre esse filme? Basta ver o rol de premiações: Oscar 1963 (EUA) * Venceu nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor edição, melhor direção de arte - a cores, melhor fotografia - a cores, melhor som e melhor trilha sonora. * Indicado nas categorias de melhor ator (Peter O' Toole), melhor ator coadjuvante (Omar Sharif) e melhor roteiro adaptado.
Bafta 1963 (Reino Unido) * Venceu nas categorias de melhor ator britânico (Peter O'Toole), melhor filme britânico, melhor roteiro britânico e melhor filme de qualquer Origem * Indicado nas categorias de melhor ator estrangeiro (Anthony Quinn).
Prêmio David di Donatello 1964 (Itália) * Venceu, em 1964, na categoria de melhor filme estrangeiro.
Globo de Ouro 1963 (EUA) * Venceu nas categorias de melhor fotografia colorida, melhor filme drama, melhor diretor, melhor ator coadjuvante (Omar Sharif) e ator novato mais promissor (Omar Sharif). * Indicado na categoria de ator novato mais promissor (Peter O' Toole).
E poucos sabem que existiu, realmente, um Lawrence na Arábia: O argumento do filme basea-se na biografia de T.E. Lawrence (1888-1935) descrita no seu livro Sete Pilares da Sabedoria. O filme explora a excentricidade e a personalidade enigmática de Lawrence.
E, como o cinema não é uma arte morta, o filme, além de sua existência vencedora, tem sua história e curiosidades:
* Quando o filme estreou, continha 222 minutos. Devido às reclamações dos donos dos cinemas, o filme foi cortado em 35 minutos, passando para 187 minutos, para haver mais uma exibição diária. Só em 1989 é que foram restítuidos os 35 minutos que lhe faltavam. * Apesar de ser um filme com quase quatro horas de duração, não tem nenhuma actriz. Todos os protagonistas são do sexo masculino. * A primeira escolha para o papel de T.E. Lawrence foi Albert Finney. Desacordo de verbas fez com que escolhessem Peter O'Toole. * O filme é considerado pelo IMDb no seu ranking em 27 na sua lista de melhores filmes de todos os tempos. * Inicialmente a trilha sonora seria composta por três compositores. Porém Maurice Jarre acabou ficando com todo o trabalho de composição da trilha, pela qual ganhou um Óscar. * Enquanto preparavam o material para rodar as cenas da sabotagem do trem, todas elas rodadas em locações, a equipe do diretor David Lean terminou encontrando destroços da sabotagem verdadeira, realizada por T. E. Lawrence.
Falar o que sobre o filme se o próprio filme por si só se completa?
Assisti esse fime quando estudava no Colégio Marista (eu deveria ter 9 ou 10 anos, não recordo) e desde sembre adorei o filme. Procurei-o com gana até encontrá-lo e continuo gostando. Um filme que toca o coração (imagine eu, há 40 anos, menino tentando esconder as lágrimas numa sala onde poucos não choravam...). Não tem idade, Marcelino (Pablito (Pablo Calvo Hidalgo) tinha 8 anos quando se tornou mundialmente conhecido com Marcelino e, mesmo tendo trabalhado em mais sete filmes sem ter conseguiudo repetir o sucesso. Morreu em 2 de fevereiro de 2000) continua encantando...
Não foi pela bela e inusitada trama, também não pelos meninos (que deram show) mas pelo bem trabalhado, pela música que encantou (e ainda encanta), pelo meticuloso trabalho de montagem (depois, muito depois de ter assistido, assisti o documentário sobre o filme) e por amar o belo adorei esse filme como também é boa a continuação(não vou mentir, também chorei)...
Fruto do cinema-catástrofe densamente explorado em inúmeras produções nos anos 70, "O Destino do Poseidon" (1972) destacou-se pela fidelidade de expressão da realidade trágica. A autêntica tensão emocional transmitida por um elenco de primeira grandeza, aliada aos espetaculares efeitos visuais, resultaram numa obra detentora de intensa capacidade de envolvimento, servindo de modelo para futuros filmes que abordaram o tema. "O Destino do Poseidon" relata um acidente fictício com um transatlântico em alto-mar, virado de cabeça para baixo por uma onda gigantesca em plena noite de ano novo. A partir daí, é acompanhada a trajetória de um grupo de nove passageiros e um tripulante dentro do navio invertido, tentando salvar as suas vidas, desesperadamente. Para proporcionar um maior envolvimento emocional nos espectadores, tornando-os tão aflitos quanto as próprias vítimas do acidente, apresenta-se inicialmente uma breve história sobre cada um dos personagens, retratados como simples mortais vulneráveis a situações inesperadas, o que alimenta ainda mais o teor de suspense no filme.Um dos fatores que mais contribuiu para essa obra de sucesso, foi a presença de um elenco bem equilibrado, composto na sua maioria por atores de grande porte. Gene Hakcman (1930), no auge da sua carreira e recém-premiado com o Oscar de melhor ator por "Operação França" (1971), interpreta o corajoso e persistente Reverendo Frank Scott. A atriz Shelley Winters (1922) encarna a gorducha e simpática Sra. Belle Rosen, sendo responsável por algumas das cenas mais engraçadas e emocionantes, recebendo a indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Os outros personagens de destaque são: o detetive machão Mike Rogo (Ernest Borgnine, 1917); sua esposa histérica e ex-prostituta, Linda Rogo (Stella Stevens, 1938); o paciente e atencioso Sr. James Martin (Red Buttons, 1919); a sensível vocalista Nonnie Parry (Carol Lynley, 1942); o comissário Acres (Roddy McDowall, 1928-1998); o Capitão Harrison (Leslie Nielsen, 1926); a adolescente apaixonada Susan Shelby (Pamela Sue Martin, 1954) e o curioso garoto Robin Shelby (Eric Shea, 1960). Além da presença dos veteranos coadjuvantes Jack Albertson (1907-1981), como o Sr. Manny Rosen, e Arthur O'Connell (1908-1981), como John, o Capelão do Navio.Numa época em que os recursos de efeitos especiais ainda não passavam tanta autenticidade para o público quanto os atuais, "O Destino do Poseidon" mostrou um excelente resultado, sendo premiado com o Oscar de melhores efeitos visuais, graças ao genial trabalho de L. B. Abbott (1908-1985). Dentre as cenas mais impressionantes do filme, destacam-se a em que a onda gigantesca atinge o transatlântico e a do figurante que cai sobre o vitral luminoso do teto (que passou para o fundo) do navio. Outra premiação merecida foi a do Oscar de melhor canção, por "The Morning After", com música e letra de Al Kasha e Joel Hirschhorn.Embora não sendo executado com a grandiosidade do "Titanic" (1997), de James Cameron (1954), "O Destino do Poseidon", de Ronald Neame (1911) e Irwin Allen (1916-1991), ainda consegue impressionar o público com considerável intensidade, sem precisar ter apelado para um meloso romance publicitário, que só serviu para ofuscar o naufrágio no filme de Cameron. Em "O Destino do Poseidon" a tragédia suplanta qualquer outro acontecimento, recebendo uma bem dosada abordagem realista, sem recorrer para exageros, prendendo a atenção do público a cada minuto rodado." Algumas curiosidades desse filme: * As filmagens de O destino do Poseidon foram paralisadas por duas vezes, devido a problemas financeiros. Apenas quando o produtor Irwin Allen entrou no projeto é que o filme pôde ser concluído.
* A maioria das cenas externas do filme foram rodadas usando um modelo construído tendo por base um pequeno modelo do navio Queen Mary, disponível no Museu Marítimo de Los Angeles.
* Algumas das cenas dentro do Poseidon, antes do acidente com a onda gigante, foram rodadas no próprio navio Queen Mary.
* A atriz Shelley Winters chegou a treinar antes das filmagens com um técnico de natação, para fazer com que sua interpretação de uma nadadora premiada, fosse a mais realista possível.
* Paul Gallico, autor do livro no qual O Destino de Poseidon foi baseado, escreveu a história inspirado por um incidente verídico, ocorrido com o próprio Queen Mary durante a Segunda Guerra Mundial. Certa vez, enquanto levava tropas americanas para a Europa, o navio foi atingido por uma onda gigante em pleno Atlântico Norte. Posteriormente, foi calculado que se o navio tivesse girado mais 12,7 centímetros, ele teria virado da mesma forma que foi mostrado em O Destino de Poseidon.
O Violino Vermelho
4.0 126 Assista AgoraAlém de conter uma história poderosa, na qual a grande personagem é um objeto, O Violino Vermelho contém uma interessante abordagem do tempo no cinema. Há uma mistura de linearidade com circularidade, isto é, embora a história seja compreensível como seguindo um fio passado/presente, há repetições que dão a impressão de eterno retorno (no caso, o epicentro de tudo é o leilão do violino). Também apaixonei-me pela presença dos objetos no filme. O grande fascínio que os objetos exercem sobre o homem estão soberbamente representados pelo próprio violino e por diversos outros componentes dos cenários e do enredo. Enfim, filme para quem gosta de cinema pelo que ele é capaz de fazer para modificar o mundo.
Durval Discos
3.7 336Talvez seja necessário assistir "um naco" prévio (http://www.youtube.com/watch?v=NsRcogaAQmg)ou um revelador MAKING OF DURVAL DISCOS slide show (http://www.youtube.com/watch?v=KEMGGsxNEZw) não disponibilizados na ficha do filme em Filmow para "tentar" entender e aceitar esse filme como maravilhoso!
Dúvida
3.9 1,0K Assista AgoraJohn Patrick Shanley além da autoria e direção da peça, dirige o filme de forma bastante original e não menos interessante: tudo, absolutamente tudo é duvidoso e passa longe de esclarecimentos. Todos os planos escondem algo, guardam algum tipo de significado; as marcações e os movimentos dos atores estão conectados com o que ocorre naquele instante, seja diretamente, indiretamente, explicita ou implicitamente. Se isso é bom? É ótimo. Mais que isso, é uma experiência hipnótica onde o espectador participa da narrativa e se torna um personagem inserido na trama, convidado a compartilhar do que acontece no momento e constantemente induzido a sentir e pensar na dúvida, simplesmente duvidando de tudo que vê. Logo, temos a claustrofóbica sensação de desconfiança sobre todos os personagens, suas motivações e finalmente suas ações.
Estamos no meio dos anos ‘60, em uma escola católica controlada por padres e freiras. Os tempos estão mudando e tradição certamente é o que a diretora da escola, irmã Aloysius (Streep) quer preservar. Essa não é a mesma linha de pensamento do Padre Flynn (Philip Seymour Hoffman), jovem e flexível que acredita que na Igreja como uma instituição mais “amigável”. Desde o início os dois são opostos que indiretamente se atraem e o que o une são as dúvidas da inocente irmã James (Amy Adams). Ela nota que Donald Miller, o único garoto negro da escola é protegido pelo Padre, e certo dia, depois de uma conversa na sala de seu protetor, o menino volta com cheiro de vinho no hálito e se comportando de maneira estranha. Ela recorre a experiência de sua superior. Aloysius tem certeza de que há algo de errado na relação de Flynn com o garoto, o Padre por sua vez nega a culpa e no meio desse embate fica a ingênua freira e consequentemente o espectador.
Fica claro que Shanley se importa e muito com as performances, afinal veio do teatro e tratou de colocar um time de peso para dar a vida a seus personagens – resultado disso é que quatro das cinco indicações que o filme recebeu para o Oscar, são para as magníficas performances de Streep, Hoffman, Adams e a surpreendente Viola Davis que interpreta a mãe de Donald. São poucos minutos, mas ela entrega um sincero e soberbo entendimento do texto e da complexidade de suas falas. Streep é, como sempre, a melhor do elenco – inicialmente ela personifica o “dragão faminto”, a megera e rígida diretora, farta com o comportamento dos alunos e movida pela intolerância. A medida que o filme avança, a irmã Aloysius ganha mais complexidade, mais facetas a serem mostradas e despe-se do maniqueísmo fácil. Obviamente, tal papel não poderia ser de outra pessoa se não a Diva absoluta do cinema atual. Suas nuances traduzem com perfeição tudo que sente a diretora da escola e o questionamento pelo qual esta mulher esta passando, detalhadamente.
Amy Adams vem consolidando uma carreira através da competência e do profissionalismo, e sua delicada e inocente irmã James é mais uma prova de que esses elementos vem sendo usados com inteligência, esbanjando técnica. A imersão no personagem é digna de aplauso e, por vezes, ela consegue roubar a cena.
Philip Seymour Hoffman que sempre nos presenteia com ótimas atuações, não decepciona e trata de responder suas “rivais” de igual para igual. Sempre que confrotado pelas duas freiras, presenciamos um banho de técnica e um verdadeiro duelo de atuações.
A direção e o texto de Shanley também nos permitem fazer outras leituras que nos levam a conclusões de outros temas que ali podem estar sendo tratados, ou seja, há algo mais denso ainda do que a experiência proposta. Mas claro, há um preço por isso: quem não conseguir entrar no jogo do diretor pode não curtir e aí fica com um drama tradicionalista, contido e extremamente carregado de alegorias que podem incomodar pela sua presença constante. O final do filme também pode não se fazer claro, alguns podem achar se tratar de absolvição, de respostas fáceis e fragilidade do roteiro – ainda que seja apenas desfecho mais que coerente onde, o tema tratado atinge seu ápice e chega até aqueles que ainda não tinham sido tocados por ele, anexado a narrativa e também um reflexo do espectador que não tinha até ali entrado no jogo do diretor.
De qualquer forma, ambas as possibilidades nos revelam um filme acima da média, e pelo sim pelo não…
O Carteiro e o Poeta
4.2 300Um filme ou qualquer outra obra de arte sempre nos indica, de algum modo, o ponto de vista pelo qual ele deve ser abordado - ou seja, seu tema, o problema que pretende tratar. No caso de O Carteiro e o Poeta, já a primeira cena mostra que o problema é a construção de uma vida pessoal, singular e verdadeira, apesar das dificuldades do tempo e do lugar.
Por isso mesmo, dizendo logo a que veio, o filme se inicia com Mario Ruopollo resfriado e deitado numa cama, onde lê um cartão postal com notícias de seus primos que vivem na América. Essa imagem inicial ilustra a perplexidade do protagonista frente às limitações impostas à sua vida pelo ambiente social onde vive. Ouve-se, enquanto isso, o barulho dos barcos dos pescadores que retornam à praia depois da pesca. Entre eles está o pai de Mário que chega em casa para comer e comenta que já é tempo dele procurar um emprego, ganhar a vida. Mário responde que tem alergia aos barcos, que sempre enjoa e, portanto, não pode ser pescador. O pai dele também reconhece essa inadequação quando afirma que ele jamais gostou de pescar. Para não deixar dúvidas quanto ao fato de Mário ser um indivíduo diferente dos outros habitantes da ilha, ele é apresentado ao espectador, logo na primeira cena do filme, exatamente como um dos poucos que sabem ler naquele lugar.
Falar ou escrever sobre a obra de outrém é tarefa árdua, não se vive o que viveu o artista e apenas impressões visuais e sonoras pode-se querer comentar. É um filme que deve ser visto com olhar de poeta...
“Quando se explica a poesia, ela se torna banal.” (Neruda)
“O que se pode inferir sobre uma comparação entre a atividade do carteiro e a do poeta, é que em maior ou menor grau ambos trabalham com a palavra, têm a atribuição de levar a mensagem aos seus interlocutores.” (Prof. Juarez Firmino)
Outra capa desse filme:
Chinatown
4.1 635 Assista Agora"Chinatown" é o primeiro filme de uma trilogia que só chegou a sua segunda parte. O filme é dirigido pelo aclamado Roman Polanski, que está tendo o azar de ver algumas de suas fitas envelhecendo mal, como acontece com o "O Bebê de Rosemary", que já não funciona mais. Porém, com "Chinatown" vem acontecendo o contrário. O filme quanto mais antigo fica parece ficar mais ousado e impiedoso. Polanski em sua melhor forma, mescla com sutileza violência com intrigas, o que acaba resultando em uma fita envolvente e instigante.A trama gira em torna de Gites (Jack Nicholson), um detetive de "affair" que é contratado por Evelyn (Faye Dunaway). O corpo de seu marido foi encontrado e aparentemente parece que ele bebeu muito e acabou se afogando. Gites acaba entrando em um grande jogo de mentiras, corrupção e traição. Tudo indica que o marido de Evelyn foi na realidade assassinado. Em meio a tudo isso, a mulher guarda segredos e mais segredos e Gites acaba virando um peixe fora d'água. Porém, ele está envolvido na situação mais do que ele mesmo espera.Polanski ousou em sua direção, porém méritos devem ser dados também para o ótimo roteiro de Robert Towne. Que, aliás, foi vencedor do Oscar de melhor roteiro original. Polanski conduz com muita qualidade a trama, apresentando os fatos com lentidão, porém de maneira muito intrigante, o que é a arma para deixar o espectador atento durante as 2 horas de duração do filme. Temos que valorizar também o elenco plausível, destacando, claro, o brilhante Jack Nicholson, que carrega o filme praticamente sozinho. Faye Dunaway nem é uma excelente atriz, mas nunca deixou a desejar e aqui não é diferente. Atuação discreta, porém construtiva.Temos ainda uma ótima fotografia de John A. Alonzo, passando por momentos obscuros e outros claramente mais românticos. A seqüência final é belissimamente bem fotografada. Contudo, nada se compara a trilha sonora de Jerry Goldsmith. Seus temas criam tensão e apreensão nas cenas, deixando o espectador com claustrofobia. O tema do romance é executado com perfeição durante a trama. Polanski aproveitou a boa equipe na produção e rodou cenas antológicas, como por exemplo onde Nicholson tem de pular uma grade por causa da invasão da água ou a seqüência dos tapas, que ficou maravilhosa, e ainda a excelente cena final, que é perfeita."Chinatown" teve uma continuação dirigida por Jack Nicholson chamada "A Chave do Enigma", que acabou sendo um fracasso e um dos motivos para a terceira parte não ser realizada. Aqui Polanski realiza uma fita policial "noir" de causar muita inveja em muito diretor consagrado por aí. Seu filme ficou com personalidade e hoje talvez soe mais crítico do que foi diretamente na década de 70. Recomendo o filme para quem gosta de filme inteligentes e bem raciocinados. Esse é aquele tipo de filme que tudo se revela somente no final, de depois de diversas reviravoltas, um final como este não poderia ser melhor. Um ótimo filme, vale uma conferida.
Teoria de Tudo
2.9 28 Assista AgoraProduzido pela Blue Yonder Pictures em parceria com a ChristianCinema.com, distribuido pela COMEV.
Quando vi, pela primeira vez, imaginei ser um bom filme. Assisti e não vi nada, sequer a busca por Deus, apenas um filme comum, quase um engodo.
Em Busca da Felicidade
3.7 96 Assista AgoraUm baita filme daqueles que nos direcionam ao auto conhecimento. Os sonhos pra vida tem parte importante nisso. É muito bom sonhar, mas também planejar, fazer planos e se apegar aos objetivos pra que tudo simplesmente não se torne castelos no ar.
Mil Séculos Antes de Cristo
3.1 37Se você ainda não assistiu, parabéns! Eu perdi tempo ao assistí-lo.
Eu Vos Saúdo, Maria
3.5 105O perfume de escândalo que cercou o lançamento do filme de Godard obscurecen o seu verdadeiro significado. Considerado sacrílego por alguns, incompreensível por outros, a polêmica ocultou a profunda espiritualidade, evidente, entretanto, desta obra. Como sempre, Godard surpreende ao mesmo tempo pela novidade de sua abordagem, pela forma original e pela audácia da mensagem.
Diante do mistério da natividade de Jesus, Godard simplesmente perguntou a si mesmo: como contar essa história em nossa modernidade? Como contar um acontecimento tão extraordinário que se deu a 2 mil anos e que é o fundamento de fé de milhões de indivíduos no mundo e, principalmente, como contá-lo em função dos modos modernos de comunicação?
Enquanto Pasolini, com O Evangelho segundo São Mateus, permanece no registro são-sulpiciano da reconstituição histórica e da mensagem tradicional cristã, Godard tenta dela fazer a narrativa como se estivesse se dirigindo a crianças da nossa época, habituadas com os heróis das séries televisionadas e com a leitura das histórias em quadrinhos. É por isso que transpõe o maravilhoso cristão para o mundo imaginário de hoje, mistura de Pieds Nickeles e de Star Trek. Em vez de um anjo do outro mundo, Gabriel é um homem comum, que viaja de avião; já não é só e seráfico, mas pragmático e acompanhado por uma garota maliciosa, como a heroína de Alice no País das Maravilhas; a estrela dos Reis Magos é substituída pela bandeirinha de um carro-socorro; Maria é filha de um frentista e membro de um time de basquete, e José é motorista de táxi... Gente simples, comum, exatamente como eram os pais de Jesus no tempo de Herodes. O lugar já não é o campo primitivo, mas a cidade com as suas atividades - o trabalho de José, as relações humanas, as relações difíceis entre os homens e as mulheres, uma cidade alheia aos mistérios da fé, onde Maria vai encontrar-se sozinha para enfrentar o seu destino em meio à indiferença e ao ceticismo que caracterizam o mundo moderno. Esta opção de atualizar o acontecimento tem por função recolocar a problemática da mensagem cristã no mundo de hoje e não mais relegá-la ao museu imobilizado da instituição religiosa; os cartões repetitivos e insistentes Naquele tempo servem para marcar, ao mesmo tempo, a intemporalidade e a contemporaneidade do acontecimento. Ao transportar rigorosamente a natividade para o mundo atual, Godard atualiza por isso mesmo a mensagem milenar e lhe confere perenidade.
Eis por que as duas personagens principais estão bem situadas em sua época e vivem os conflitos de um casal moderno: José tem um caso com outra mulher e Maria duvida do seu amor.
Entretanto, de acordo com a tradição, Maria é jovem, inocente e virgem. Diante da incapacidade da ciência para explicar a sua milagrosa fecundação, a moça vai aceitando pouco a pouco o inacreditável por caminhos outros que não os da razão. Como imaginar, em nossa época, semelhante acontecimento e como fazê-lo aceitar aos outros? A princípio há a expectativa: a jovem espera algo de extraordinário: "Indagava-me se algum fato notável ia acontecer na minha vida" pois, contrariamente aos homens, "todas as mulheres desejam alguma coisa que seja única neste mundo". Em seguida, após a Anunciação, ela vai aos poucos assumindo o seu destino e descobrindo uma outra dimensão na vida, uma dimensão secreta que não pode partilhar com ninguém, porque cada um deve fazer a sua própria descoberta da espiritualidade. "Quero que a alma seja corpo e não se poderá dizer que o corpo é alma (...) Não mais haverá sexualidade em mim, conhecerei o discurso verdadeiro da alma." Mas Maria é feita de carne humana, tem desejos de mulher e a castidade que se impõe lhe pesa. Nua na cama, vê-se a braços com o desejo, como todas as mulheres; e trava um combate desgastante contra a tentação; daí as alusões à masturbação recusada, que são talvez chocantes, mas que se inscrevem perfeitamente no projeto godardiano de tornar viva e credível a personagem. Tais tentações não empanam a espiritualidade de Maria, ao contrário, é pelo combate contra si mesma que atinge o mistério do espírito e se eleva em relação aos outros. Se tudo lhe fosse dado, se tudo lhe fosse fácil, o seu mérito seria menor. A sua ascese não está definitivamente adquirida, é o resultado de um esforço sobre a carne, sobre a vida cotidiana. Godard transgrediu a imagem tradicionalmente passiva de Maria, simples receptáculo da Palavra, simples instrumento da Divindade, para lhe dar uma consciência, uma elevação pessoal que a coloca acima de todos os outros. Ela adquire, enquanto mulher, uma verdadeira grandeza; ela é cheia de graça.
A segunda parte do filme, mais rápida, esboça o destino do menino, mas sobretudo a evolução de Maria alguns anos após o acontecimento tão grande que tudo é consumido. O que nos mostra Godard é um casal banal, um marido autoritário e um garotinho voluntarioso, mimado pela mãe. Na realidade, Maria conhece o destino de seu filho; longe de se opor a ele, entrega-lhe o menino, como se esse destino não mais lhe dissesse respeito. O gesto da criança explorando-lhe o corpo por debaixo do vestido não é obscenidade, mas o último vestígio da ligação extraordinária que existiu entre o seu corpo e o seu filho, ligação única de que José está excluído.
Como acontece com freqüência nos filmes de Godard, a mulher é dotada de um poder de adivinhação, de um instinto de que o homem é desprovido e, nesse sentido, este filme é uma homenagem à glória da mulher. "Sempre me indaguei o que é que se sabe de uma mulher (...) há um mistério." Mas o mundo em que vivemos já não percebe esse segredo e é muito duro carregá-lo na solidão. Maria, como todos nós, esqueceu; negligenciou as recomendações da pequena acompanhante de Gabriel:
"Maria, seja dura, seja pura, siga apenas o seu caminho. Não esqueça".
A verdade é que a igreja brasileira, ao proibir o filme, possibilitou que muitos tomassem conhecimento de "haver um filme proibido pela Igreja" e criou uma espectativa muito maior que poderia imaginar a cadeia exibidora nacional.
É uym bom filme!
O Pequeno Príncipe
3.9 442 Assista AgoraAssisti várias versões filmadas desse livro que marca desde seu lançamento e essa versão tem alguns atropelos:
O filme foi feito em formato de músical. Eu amo músicais mas este não é do tipo que eu gosto. As músicas são muito parecidas umas com as outras e sem graça, e as letras contém elementos que fogem um pouco da temática do livro. E por falar em fuga, o filme não mostra vários personagens e passagens chave do livro e ainda os cita sem ter mostrado, ou seja, é necessário ter lido o livro para entender (e quem não leu levante o dedo!). No inicio do filme você pensa que é porque isso não caberia no filme, mas o filme é curto e metade dele é preenchido por longas cenas de música. Outro problema é que, praticamente, não há dança como se espera em um musical.
Mas também há coisas boas:
O figurino, principalmente o do Pequeno Príncipe, está muito bom. O avião usado no filme é o mesmo que Saint-Exupery caiu no acidente que inspirou o livro. O trabalho experimental com câmeras olho-de-peixe é interessante. Uma boa exceção da ausência de dança é a cena da cobra, com Bob Fosse.
No mais, o filme só vale a pena ser visto por curiosidade, para quem leu o livro (acho que todo mundo já leu).
A Casa dos Espíritos
3.9 449 Assista AgoraUm filme para assistir e voltar assistir novamente. Contando com um elenco formidável, retrata uma família intrigante e repleta de energias e contradições, fala também de uma paranormal ( Maryl Streep ) na opinião uma das melhores atrizes que já vi atuar, com certeza este filme faz parte do meu rol dos melhores filmes.
Uma curiosidade:
Apesar da história se passar na América do Sul, grande parte das cenas foi filmada na Dinamarca, sendo que alguns trechos foram também filmados em Lisboa.
Lawrence da Arábia
4.2 417 Assista AgoraFalar o que sobre esse filme? Basta ver o rol de premiações:
Oscar 1963 (EUA)
* Venceu nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor edição, melhor direção de arte - a cores, melhor fotografia - a cores, melhor som e melhor trilha sonora.
* Indicado nas categorias de melhor ator (Peter O' Toole), melhor ator coadjuvante (Omar Sharif) e melhor roteiro adaptado.
Bafta 1963 (Reino Unido)
* Venceu nas categorias de melhor ator britânico (Peter O'Toole), melhor filme britânico, melhor roteiro britânico e melhor filme de qualquer Origem
* Indicado nas categorias de melhor ator estrangeiro (Anthony Quinn).
Prêmio David di Donatello 1964 (Itália)
* Venceu, em 1964, na categoria de melhor filme estrangeiro.
Globo de Ouro 1963 (EUA)
* Venceu nas categorias de melhor fotografia colorida, melhor filme drama, melhor diretor, melhor ator coadjuvante (Omar Sharif) e ator novato mais promissor (Omar Sharif).
* Indicado na categoria de ator novato mais promissor (Peter O' Toole).
E poucos sabem que existiu, realmente, um Lawrence na Arábia:
O argumento do filme basea-se na biografia de T.E. Lawrence (1888-1935) descrita no seu livro Sete Pilares da Sabedoria. O filme explora a excentricidade e a personalidade enigmática de Lawrence.
E, como o cinema não é uma arte morta, o filme, além de sua existência vencedora, tem sua história e curiosidades:
* Quando o filme estreou, continha 222 minutos. Devido às reclamações dos donos dos cinemas, o filme foi cortado em 35 minutos, passando para 187 minutos, para haver mais uma exibição diária. Só em 1989 é que foram restítuidos os 35 minutos que lhe faltavam.
* Apesar de ser um filme com quase quatro horas de duração, não tem nenhuma actriz. Todos os protagonistas são do sexo masculino.
* A primeira escolha para o papel de T.E. Lawrence foi Albert Finney. Desacordo de verbas fez com que escolhessem Peter O'Toole.
* O filme é considerado pelo IMDb no seu ranking em 27 na sua lista de melhores filmes de todos os tempos.
* Inicialmente a trilha sonora seria composta por três compositores. Porém Maurice Jarre acabou ficando com todo o trabalho de composição da trilha, pela qual ganhou um Óscar.
* Enquanto preparavam o material para rodar as cenas da sabotagem do trem, todas elas rodadas em locações, a equipe do diretor David Lean terminou encontrando destroços da sabotagem verdadeira, realizada por T. E. Lawrence.
Falar o que sobre o filme se o próprio filme por si só se completa?
O Informante
3.8 244Um filme coerente com atuações irreprensíveis que mostra a crueza do impérito tabagista americano. Muito bom!
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Outra capa:
Marcelino Pão e Vinho
3.8 163 Assista AgoraAssisti esse fime quando estudava no Colégio Marista (eu deveria ter 9 ou 10 anos, não recordo) e desde sembre adorei o filme. Procurei-o com gana até encontrá-lo e continuo gostando. Um filme que toca o coração (imagine eu, há 40 anos, menino tentando esconder as lágrimas numa sala onde poucos não choravam...). Não tem idade, Marcelino (Pablito (Pablo Calvo Hidalgo) tinha 8 anos quando se tornou mundialmente conhecido com Marcelino e, mesmo tendo trabalhado em mais sete filmes sem ter conseguiudo repetir o sucesso. Morreu em 2 de fevereiro de 2000) continua encantando...
Meu Primeiro Amor
3.9 1,8K Assista AgoraNão foi pela bela e inusitada trama, também não pelos meninos (que deram show) mas pelo bem trabalhado, pela música que encantou (e ainda encanta), pelo meticuloso trabalho de montagem (depois, muito depois de ter assistido, assisti o documentário sobre o filme) e por amar o belo adorei esse filme como também é boa a continuação(não vou mentir, também chorei)...
Entre Lençóis
2.3 443 Assista AgoraImagine um casal, apebnas eles e uma noite. Um filme para se ver a dois. Muito Bom!
Ninho de Vespas
2.6 1De Bira para Zé:
O Destino do Poseidon
3.6 98Fruto do cinema-catástrofe densamente explorado em inúmeras produções nos anos 70, "O Destino do Poseidon" (1972) destacou-se pela fidelidade de expressão da realidade trágica. A autêntica tensão emocional transmitida por um elenco de primeira grandeza, aliada aos espetaculares efeitos visuais, resultaram numa obra detentora de intensa capacidade de envolvimento, servindo de modelo para futuros filmes que abordaram o tema. "O Destino do Poseidon" relata um acidente fictício com um transatlântico em alto-mar, virado de cabeça para baixo por uma onda gigantesca em plena noite de ano novo. A partir daí, é acompanhada a trajetória de um grupo de nove passageiros e um tripulante dentro do navio invertido, tentando salvar as suas vidas, desesperadamente. Para proporcionar um maior envolvimento emocional nos espectadores, tornando-os tão aflitos quanto as próprias vítimas do acidente, apresenta-se inicialmente uma breve história sobre cada um dos personagens, retratados como simples mortais vulneráveis a situações inesperadas, o que alimenta ainda mais o teor de suspense no filme.Um dos fatores que mais contribuiu para essa obra de sucesso, foi a presença de um elenco bem equilibrado, composto na sua maioria por atores de grande porte. Gene Hakcman (1930), no auge da sua carreira e recém-premiado com o Oscar de melhor ator por "Operação França" (1971), interpreta o corajoso e persistente Reverendo Frank Scott. A atriz Shelley Winters (1922) encarna a gorducha e simpática Sra. Belle Rosen, sendo responsável por algumas das cenas mais engraçadas e emocionantes, recebendo a indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Os outros personagens de destaque são: o detetive machão Mike Rogo (Ernest Borgnine, 1917); sua esposa histérica e ex-prostituta, Linda Rogo (Stella Stevens, 1938); o paciente e atencioso Sr. James Martin (Red Buttons, 1919); a sensível vocalista Nonnie Parry (Carol Lynley, 1942); o comissário Acres (Roddy McDowall, 1928-1998); o Capitão Harrison (Leslie Nielsen, 1926); a adolescente apaixonada Susan Shelby (Pamela Sue Martin, 1954) e o curioso garoto Robin Shelby (Eric Shea, 1960). Além da presença dos veteranos coadjuvantes Jack Albertson (1907-1981), como o Sr. Manny Rosen, e Arthur O'Connell (1908-1981), como John, o Capelão do Navio.Numa época em que os recursos de efeitos especiais ainda não passavam tanta autenticidade para o público quanto os atuais, "O Destino do Poseidon" mostrou um excelente resultado, sendo premiado com o Oscar de melhores efeitos visuais, graças ao genial trabalho de L. B. Abbott (1908-1985). Dentre as cenas mais impressionantes do filme, destacam-se a em que a onda gigantesca atinge o transatlântico e a do figurante que cai sobre o vitral luminoso do teto (que passou para o fundo) do navio. Outra premiação merecida foi a do Oscar de melhor canção, por "The Morning After", com música e letra de Al Kasha e Joel Hirschhorn.Embora não sendo executado com a grandiosidade do "Titanic" (1997), de James Cameron (1954), "O Destino do Poseidon", de Ronald Neame (1911) e Irwin Allen (1916-1991), ainda consegue impressionar o público com considerável intensidade, sem precisar ter apelado para um meloso romance publicitário, que só serviu para ofuscar o naufrágio no filme de Cameron. Em "O Destino do Poseidon" a tragédia suplanta qualquer outro acontecimento, recebendo uma bem dosada abordagem realista, sem recorrer para exageros, prendendo a atenção do público a cada minuto rodado."
Algumas curiosidades desse filme:
* As filmagens de O destino do Poseidon foram paralisadas por duas vezes, devido a problemas financeiros. Apenas quando o produtor Irwin Allen entrou no projeto é que o filme pôde ser concluído.
* A maioria das cenas externas do filme foram rodadas usando um modelo construído tendo por base um pequeno modelo do navio Queen Mary, disponível no Museu Marítimo de Los Angeles.
* Algumas das cenas dentro do Poseidon, antes do acidente com a onda gigante, foram rodadas no próprio navio Queen Mary.
* A atriz Shelley Winters chegou a treinar antes das filmagens com um técnico de natação, para fazer com que sua interpretação de uma nadadora premiada, fosse a mais realista possível.
* Paul Gallico, autor do livro no qual O Destino de Poseidon foi baseado, escreveu a história inspirado por um incidente verídico, ocorrido com o próprio Queen Mary durante a Segunda Guerra Mundial. Certa vez, enquanto levava tropas americanas para a Europa, o navio foi atingido por uma onda gigante em pleno Atlântico Norte. Posteriormente, foi calculado que se o navio tivesse girado mais 12,7 centímetros, ele teria virado da mesma forma que foi mostrado em O Destino de Poseidon.
Batman
3.5 831 Assista AgoraJá notaram que o símbolo de Batman parece uma boca desdentada?
O Filho do Máskara
1.8 371 Assista AgoraSofrível, não aconselho!
A Casa Monstro
3.4 600 Assista AgoraMuito bom e o material extra é revelador! Um filme para todas as idades.
Se Meu Fusca Falasse
3.2 101 Assista AgoraAinda hoje gosto desse filme, assisto-o vez em quando
Em Algum Lugar do Passado
3.9 600 Assista AgoraNão vou mentir, chorei...
Lembranças de Outra Vida
3.6 337 Assista AgoraGostosinho e alegre, bom para crianças...