O filme é daqueles em que é possível se divertir assistindo, mas ele exige que a pessoa deixe o cérebro na entrada rs...
O roteiro é muito esquemático e formulaico, entregando todos os clichês de filmes de ação infalivelmente, um após o outro, sem trazer o único benefício desse tipo de escolha: ele não faz nada melhor que suas inspirações, nem um sopro de criatividade nem na direção.
Parte de mim estava revirando os olhos, porém a outra parte estava considerando que o diferencial aqui é a presença cativante da Zoe Saldana (tenho um carinho especial por ela desde "Crossroads" Kkk') e que meu velho já tinha assistido 3x no Megapix e tava animado igual a uma criança pra me mostrar esse filme hahaha dito isto... É, dá pra se divertir sim. 😜
Sou fã do estilo de Wes Craven e aqui temos um de seus vários picos de inspiração e originalidade.
O filme é inventivo, assustador (eu me cagava de medo quando criança) e bem-humorado, tudo bem dosado pro meu gosto. Freddy é o vilão de slasher mais carismático de todos, graças à atuação brilhante de Englund, Nancy é mais uma das final girls com massa cinzenta do diretor, que fogem de decisões idiotas, as cenas de sonho são criativas e bem executadas para a época, as mortes idem e a narrativa que confunde a atmosfera onírica e a real é o que eu mais gosto. Tenho minhas reservas com o andamento do roteiro, mas nada é perfeito.
Entendo quem não curte o final, mas eu acho que encaixa com o tom do filme.
Um clássico com cara de clássico mesmo. Virginia Madsen está linda e convincente como Helen, e Tony Todd, inesquecível no papel-título.
Efeitos práticos e montagem precisos, essenciais na construção desse estilo de filme. Não pude evitar de traçar um paralelo mental com "A Hora do Pesadelo" (1984) no que diz respeito a essa trama de realidade, fantasia, sonho, delírio e um assassino que só a vítima vê — o que torna tudo ainda mais tenso — com o diferencial que aqui o roteiro se leva mais a sério e existe um comentário racial que nunca envelhece.
Aliás essa ambiguidade da narrativa foi o aspecto que mais me ganhou.
Esperei uma revelação no desfecho que não veio e isso me agradou ainda mais! Existia mesmo uma ameaça sobrenatural ou Helen enlouqueceu em sua busca obsessiva por desvendar o mistério de Candyman e assassinou todas aquelas pessoas e tudo o que vimos foi a partir do seu ponto de vista esquizofrênico?? Deixar isso no ar sem recorrer a flashbacks baratos para elucidar tudo foi a escolha mais inteligente desse roteiro pra mim. 🐝🐝🐝
Lá pras 3:30 desta madruga tava pelo Prime Video e assisti a esse filme do Scott Derrickson - que foi provavelmente o passaporte dele para dirigir o Doutor Estranho da Marvel (!) assisti sem saber, acabei de descobrir isso kkk!
Filme com roteiro bom, simples, cheio de clima soturno, a direção é bem eficaz em construir tensão, uns poucos sustos bobos, uns momentos nada a ver, mas boas atuações, como do Ethan Hawke, um drama familiar crível (a maior força do filme), que dá um bom suporte para as pequenas coisas darem arrepios... O "vilão" do filme parece ter saído do Slipknot, mas o mistério é maior que ele.
O final é um pouco chocante, mas não é tão inesperado assim.
Mas vale a pena conferir, tava assistindo no escuro e devido às diversas investigações do Hawke no mais absoluto breu domiciliar, precisei acender a luz ! 🦂🦂🦂½
Esse é um filme de ator mesmo, um presente para o Joaquin Phoenix, que está em todas as cenas e tira o máximo de cada uma delas. Sua atuação é metódica, digna de um estudioso da arte, cheia de uma fisicalidade precisa, trejeitos muito orgânicos, o olhar... a risada (chega a irritar após muitos minutos ouvindo)... todos os prêmios são mais que merecidos, de fato. Um ator único, que conseguiu criar algo tão particular, que o inevitável (compará-lo a Heath Ledger) não aconteceu e esse fato, por si só, já é digno de aplausos.
Todd Phillips super competente dirigindo, realmente lembra alguns trabalhos do Scorsese - o que é um puta elogio, na minha opinião - e a cinematografia está em perfeita sintonia com a direção, faz um recorte de Gotham mais realista e crível, com aqueles tons bonitos de marrom. O roteiro também tem detalhes que conferem riqueza à história e a trilha sonora também se destaca, mas achei meio invasiva.
Entendo porque agradou tanto, mas mesmo reconhecendo todos esses aspectos e achando o tema do distúrbio mental relevante de ser discutido, o filme não conseguiu me emocionar ou criar alguma conexão entre mim e o personagem, e isso PRA MIM deixou ele meio meh.
Consigo ver claramente o porquê deste filme ter dividido opiniões.
Ele é muito "Tarantino" (metalinguagem, enquadramentos perfeitos, diálogos longos e verborrágicos, flashbacks dentro de flashbacks, muitos cameos, violência...), mas ao mesmo tempo parece o filme menos "Tarantino" dele.
O roteiro parece mais preocupado em referenciar produções cinematográficas do final dos anos 60 aos borbotões, do que desenvolver a história. Digo isto mesmo sabendo que é óbvio que o filme é uma grande carta de amor do diretor ao cinema; não só sobre a magia de ver um filme na sala escura, como também a magia que acontece no set. E imagino que para alguém que não compartilha da paixão dele ou não tem as referências, as aventuras de Dalton e Booth devam parecer meio "desbotadas" mesmo. Eu consigo entender isso, mas eu amei cada segundo mesmo esperando um desenvolvimento um pouco mais... cadenciado. Impossível não sentir uma certa monotonia até mais ou menos a metade do filme.
Brad Pitt entrega o que se pede dele sem grandes picos de inspiração, sempre contido, misterioso e autoconfiante, deixando Leo DiCaprio brilhar, passeando por praticamente todos os estados de espírito que um personagem pode retratar, indo desde a frustração extrema resultante de sua insegurança; passando pela empáfia, com momentos de humildade e terminando na mais genuína gratidão. As cenas dele gravando com Timothy Olyphant em que esquece o texto e vai gradativamente piorando a atuação, e a outra com a pequena Julia Butters em que ele arrasa, mostram quanto star power esse menino tem, credo!!
Tarantino subverte alguns de seus próprios clichês clássicos como
na cena em que Brad Pitt quer entrar na casa dos hippies e se estabelece aquele impasse tenso presente na maioria dos filmes do cineasta, onde esperamos que a merda aconteça, mas ele puxa nosso tapete hahaha!... Ou no papo longo entre DiCaprio e Pacino em que ele menciona um lança-chamas (o que seria um desses tópicos que os personagens só falam por falar nos filmes dele), e que recebe um call back super inesperado no clímax... ou ainda no destino de Sharon Tate, que prometia um clímax sangrento e traumático, entretanto mais uma vez o diretor escolhe um caminho inesperado para o que ele mesmo estabeleceu.
E faz isso tudo tão sutilmente... é tão inteligente e autorreferente que eu quis aplaudir sozinho na minha sala hahaha.
A construção do clímax é vagarosa até o caos tomar conta e lembrarmos do diretor em seus momentos mais espirituosos, como a luta entre Beatrix Kiddo e Elle Driver em "Kill Bill Vol. 2", com direito a muito humor e gore.
Mas talvez o que tenha mais me emocionado no filme, tenha sido perceber que ele é também (ou principalmente) um réquiem para a atriz Sharon Tate (que foi brutalmente assassinada grávida de 9 meses por seguidores de Charles Manson), aqui retratada em todo o seu esplendor, sempre linda, sorridente, gentil, talentosa... iluminada mesmo.
A sensibilidade (!) do Taranta ao reescrever sua história, me levou aos prantos horas depois de ver o filme, pois esse entendimento coloca tudo em perspectiva e ressignifica sobre O QUE o filme realmente é.
Filmaço! Roteiro delicioso, inteligente, cheio de metáforas e comentários sociais sobre relações de classe; Bong Joon-ho dirige com muita sensibilidade e transita por gêneros como a comédia, o drama e o suspense com fluidez incrível - tudo que acontece após
a governanta demitida tocar a campainha é de uma tensão absurda, coisa de mestre;
design de produção, fotografia e direção de arte lindos, com muitas rimas visuais que usam janelas, lâmpadas, escadas e a geometria para contrastar ideias; todo o elenco está perfeito... aff, esse filme é muito rico!
Filme divertido do início ao fim, muita metalinguagem que a gente gosta, tirando um sarro delicioso do Batman e com aquele tom que agrada a todas as idades.
A estética deslumbrante é maior que tudo no filme, o que não quer dizer que a direção do Yorgos Lanthimos fica muito abaixo e as atuações não sejam fantásticas – Olivia Colman põe o filme no bolso. Ainda não vi os anteriores do Lanthimos (!), e mesmo todos dizendo que é o menos "maluco" dele, gostei muito do estilo dele.
Filme começa bem, muito promissor. Sugerindo ir por um terror cósmico meio Lovecraft, meio Alien, meio Esfera... Mas acaba desperdiçando várias boas ideias e o clímax é... Um pouco patético. Uma pena.
Achei que o filme transcorre sem muita variação de tom na narrativa, na maior parte do tempo, os acontecimentos não empolgam muito; mas o clímax achei forte. Ficou na média.
Me divertiu do início ao fim, com takes muito bonitos dos monstros, a direção consegue imprimir aquela sensação de deslumbramento, os efeitos visuais estão ainda mais impressionantes que no anterior (King Ghidorah e Mothra são fantásticos, não só pelo ótimo CGI, mas pela personalidade bem trabalhada de cada um).
Gostei que fizeram um esforço para injetar alguma profundidade na subtrama humana, que tem um arco próprio bem costurado com as criaturas. O filme não tenta ser mais do que é: um blockbuster de verão sobre monstros gigantes lutando. E isso ele entrega em grande estilo 🤘🏽!
Não acredito que não tinha falado desse filme ainda. Adoro o rumo que o personagem tomou aqui, pegando carona no sucesso estrondoso de "Pânico", que redefiniu o gênero na época (até o pôster satiriza "Pânico 2"), dando mais leveza e se levando menos a sério - porque, vamo combinar que só a premissa dessa franquia é risível. A metalinguagem também é um prato cheio aqui e o diretor Ronny Yu (que mais tarde viria a dirigir o igualmente hilário "Freddy vs Jason") dá várias piscadelas para o espectador. Não entendo a birra que as pessoas têm com terror e comédia assumida; eu, particularmente, gosto muito desse combo, me divirto horrores.
Já venho ensaiando ver um filme de Gaspar Noé desde que "Irreversível" fez barulho por onde passou, e finalmente, com "Clímax", entrei no mundo dele. E foi muito recompensador.
Muitos aspectos da direção me agradaram em cheio, como a forma naturalista que ele conduz as atuações do elenco, que é bem diverso e cru, as coreografias irretocáveis, os temas pesados, as composições de quadro, os travellings que se tornam planos-sequência quase subjetivos, a agonia que ele consegue imprimir cada vez que a câmera se afasta de uma situação, o uso da iluminação e das cores, e até os diálogos, tão corriqueiros a um primeiro momento, mas que revelam as personalidades e inter-relações de seus personagens.
O último ato, quando tudo fica vermelho, me pareceu um pouco longo e bagunçado de um jeito não-proposital. Mas mesmo assim, o filme vale muito a pena. Mas vá preparadx.
Ouvi maravilhas sobre esse filme, que era diferente, que não era a bomba trash que são todos os filmes de animal assassino pós "Tubarão" (1975) e o fato de Alexandre Aja e Sam Raimi estarem envolvidos também me atraiu, pois gosto muito do remake de "The Hills Have Eyes" de 2006 que o primeiro dirigiu, e do segundo sou fanzaço. Mas olha... puxado hein.
A atuação de Kaya Scodelario é sofrível, não me importei com nenhum personagem exceto a cadelinha, a construção de suspense é falha e a tensão inexiste, pois até os jumpscares são incrivelmente previsíveis. O roteiro é muito preguiçoso, repetindo as mesmas cenas apenas mudando o cenário, cheio de facilitações narrativas e frases de efeito cafonas... é só um amontoado de clichês porcamente costurados e sem um pingo de originalidade.
Sei que não dá para ir ver um filme chamado "Predadores Assassinos" esperando um Kubrick, mas até para desligar o cérebro e curtir 87 minutos de diversão escapista, precisa de um mínimo de competência, do contrário fica faltando justamente a... diversão.
No final eu ainda tinha esperanças do helicóptero salva-vidas ter uma pane, despencar e matar todos os personagens, a tela escurecer e os créditos subirem ao som de algum rock animado, mas não foi dessa vez.
Vou começar dizendo o que não gostei. Achei a duração exagerada. Algumas passagens, como a da dança da rainha de maio entre outras poderiam ter sido encurtadas sem prejudicar o ritmo e a narrativa. Tirava uns 30 min fácil. Também senti o diretor muito deslumbrado com sua obra, tipo, "olha só o microcosmo que eu criei, nossa como minha obra é foda" sabe? Um ar de pretensão, de masturbação cinematográfica que me fez revirar os olhos em dados momentos, mas não dá para tirar todo o crédito dele. Ele é bom sim, mas não tão bom quanto pensa.
Dito isto, Midsommar é mais que um filme que quer te perturbar com imagens fortes e uma atmosfera psicológica pesadíssima. É uma experiência sensorial. Por várias vezes Ari Aster usa de efeitos visuais e especiais, como sua câmera sempre bem posicionada, usando movimentos graciosos, para nos pegar pela mão e nos fazer sentir que estamos lá, naquela vila estranha com gente esquisita, sentindo o que os personagens estão sentindo e querendo sair dali tanto quanto eles. E eu achei que ele fez isso brilhantemente.
Não é exagero dizer que, assim como Toni Collette no filme anterior do diretor ("Hereditário"), Florence Pugh merece ser indicada a todos os prêmios possíveis por sua atuação visceral de Dani. Nos dez minutos iniciais eu já queria dar um Oscar para ela. Sua linguagem corporal é de uma naturalidade impressionante, toda a dor da personagem é palpável.
Enfim, todo o elenco está ótimo, cada personagem tem uma função na história, a fotografia, a direção de arte e a trilha sonora são padrão A24, ou seja, de cair o cu da bunda; todos os simbolismos e as camadas de interpretação também me fascinaram. Esse é daqueles filmes pra destrinchar por horas, de tanta coisa interessante/intrigante... mas talvez o aspecto que eu mais tenha gostado, foi perceber que, em meio a tantas temáticas que ele abraça, no fim,
Sem grandes momentos de opulência visual, "Capitã Marvel" me surpreendeu justamente por sua direção comedida em se tratando de uma heroina de escala tão épica. Se por um lado o tratamento da trama parece meio pedestre e sem personalidade; por outro me agradou por não tentar ser mais do que é: um filme leve, divertido, com humor muito bem colocado e bem sessão da tarde. Um arroz com feijão muito bem temperado com um ovo frito em cima.
Sempre o vi ser referido como um clássico, e Milos Forman filma ele como se fosse mesmo, com destaque especial para a trilha sonora impecável - para variar.
A atuação de Jack Nicholson é impressionante; Danny DeVito está irreconhecível e não acredito que achei Christopher Lloyd sexy 🙈.
Achei a história bonita, triste e lindamente filmada. Mas algo no ritmo, algumas cenas parecem esticadas além do necessário por simples capricho autoral... me incomodou, sabe? E a condução do clímax não me emocionou muito, apesar de eu ter me apegado aos personagens. 🤷🏽♂️
Um dos melhores filmes nacionais que eu já vi. A ressonância política das metáforas; as críticas ao complexo de vira-lata do brasileiro e sua falta de apreço pela própria cultura, pela própria História personificado nos dois motoqueiros; o roteiro sempre instigante e surpreendente; a galeria de personagens cujos estilos de vida (gay, trans, puta, professor) pouco importam socialmente - como deveria ser - diante do senso de comunidade e cidadania; as referências visuais e no estilo narrativo, que lembra os faroestes de Sergio Leone e, mais recentemente as incursões de Tarantino; A TRILHA SONORA OMG e Sônia Braga... ufa.
Notável estudo de personagens e do conceito de justiça pelo mestre Sidney Lumet.
A forma teatral como conduz a história dos 12 jurados que devem decidir o destino de um jovem acusado de patricídio, com a maior parte do filme numa locação só e planos longos, com profundidade de campo constante (adoro como isso era uma constante nos filmes da época), caiu como uma luva para o drama de tribunal. Interessante notar também que a trama se desenrola em tempo real; todo o tempo que eles passam na sala, nós passamos com eles, o que confere uma dimensão dramática a mais, com a tensão crescente sendo sentida pelo espectador.
O roteiro tem diálogos certeiros e a galeria de personagens muito distintos funciona como uma vitrine da sociedade americana da época (mas bem que poderia ser do Brasil em 2019) e mostra bem todos os argumentos mais comuns que as pessoas usam para justificar seus julgamentos levianos, baseados em preconceitos, vivências pessoais e falácias, sem nem tentar se colocar no lugar do acusado ou mesmo fazer um exame mais aprofundado antes de mandar um outro ser humano para a morte certa.
As atuações são muito competentes e Henry Fonda faz o papel quase da consciência, sempre questionando as certezas e verdades, mostrando de onde elas vêm e como afetam o nosso julgamento. Muito didático esse filme, e isso nos dias atuais é um puta elogio.
Já venho namorando esse filme desde a época que estava no cinema, acredite se quiser. Há alguns anos encontrei o DVD a um preço ridículo numa locadora que estava fechando e comprei, mas só assisti hoje. Não me arrependo de ter esperado, pois digamos que o momento em que minha vida se encontra foi essencial para a experiência ter sido mais completa. O roteiro de James Schamus baseado no livro de Rick Moody e a direção do sempre competente Ang Lee captam a complexidade dos personagens de um jeito muito sensível - uma marca do diretor.
A história se passa em 1973 (a reconstituição de época é impressionante), no auge da liberação sexual e pré-escândalo de Watergate, e o clima do filme me lembrou muito obras que vieram pouco tempo depois (e possivelmente foram influenciadas por ele), como "Beleza Americana" e "Donnie Darko", que retratam as conturbadas relações familiares nos subúrbios americanos, com seus jovens intelectualizados, um certo olhar niilista e o tema da perda da inocência; Algo que também remete ao clássico "A primeira noite de um homem", sabidamente um dos filmes preferidos de Ang Lee — e meu também.
Interessante notar que não há muita diferença no comportamento dos adultos em relação aos jovens; há uma inquietação, uma inconformidade com o status quo, vontade de dar vazão a desejos e, no caso dos pais, muita irresponsabilidade e negligência com os filhos — provavelmente sinal daqueles tempos.
Gostei também da metáfora que é feita com a HQ do Quarteto Fantástico logo no início, deixando claro que o tema "família" vai ser dissecado ao longo do filme.
A fotografia é lindíssima, especialmente na parte da tal tempestade do título e o elenco estelar é nada menos que perfeito (difícil destacar um só!), e é através deles que a vida do americano médio no início daquela década tão cheia de mudanças vai se desenrolando num filme mais preocupado com seus personagens e suas inter-relações, do que seguir a receita de bolo do mainstream, chegando a um clímax melancólico e que casa perfeitamente com o tom da narrativa.
É... É legal. Mas acho um pouco superestimado. Toda a coisa do amor como fator determinante na ciência aplicada aqui, precisa de um nível de entrega do espectador pra conseguir comprar que eu talvez não estivesse muito disposto. Acho que Nolan já teve dias melhores.
O filme é tecnicamente perfeito, o CGI é primoroso, o design dos monstros e as texturas são excelentes, mas... é só isso. Não consegui ver muita criatividade na fotografia — salvo a cena do salto de para-quedas, que é bem bonita e me sugeriu de onde GOT tirou inspiração para a cena da luta dos dragões em 8x03 —, a direção é apenas correta, o roteiro segue bem a cartilha hollywoodiana super previsível e cheio de facilitações narrativas, os diálogos são expositivos, Ken Watanabe e mais uma pá de bons atores mal aproveitados enquanto Aaron Taylor-Johnson (que eu amo) e Elisabeth Olsen não têm star power o bastante pra segurar o filme. Não vi diferença nenhuma de qualquer outro filme-catástrofe da segunda metade dos anos 90 pra cá.
Colombiana: Em Busca de Vingança
3.4 616 Assista AgoraO filme é daqueles em que é possível se divertir assistindo, mas ele exige que a pessoa deixe o cérebro na entrada rs...
O roteiro é muito esquemático e formulaico, entregando todos os clichês de filmes de ação infalivelmente, um após o outro, sem trazer o único benefício desse tipo de escolha: ele não faz nada melhor que suas inspirações, nem um sopro de criatividade nem na direção.
Parte de mim estava revirando os olhos, porém a outra parte estava considerando que o diferencial aqui é a presença cativante da Zoe Saldana (tenho um carinho especial por ela desde "Crossroads" Kkk') e que meu velho já tinha assistido 3x no Megapix e tava animado igual a uma criança pra me mostrar esse filme hahaha dito isto... É, dá pra se divertir sim. 😜
A Hora do Pesadelo
3.8 1,2K Assista AgoraSou fã do estilo de Wes Craven e aqui temos um de seus vários picos de inspiração e originalidade.
O filme é inventivo, assustador (eu me cagava de medo quando criança) e bem-humorado, tudo bem dosado pro meu gosto. Freddy é o vilão de slasher mais carismático de todos, graças à atuação brilhante de Englund, Nancy é mais uma das final girls com massa cinzenta do diretor, que fogem de decisões idiotas, as cenas de sonho são criativas e bem executadas para a época, as mortes idem e a narrativa que confunde a atmosfera onírica e a real é o que eu mais gosto. Tenho minhas reservas com o andamento do roteiro, mas nada é perfeito.
Entendo quem não curte o final, mas eu acho que encaixa com o tom do filme.
O Mistério de Candyman
3.3 407 Assista AgoraUm clássico com cara de clássico mesmo. Virginia Madsen está linda e convincente como Helen, e Tony Todd, inesquecível no papel-título.
Efeitos práticos e montagem precisos, essenciais na construção desse estilo de filme. Não pude evitar de traçar um paralelo mental com "A Hora do Pesadelo" (1984) no que diz respeito a essa trama de realidade, fantasia, sonho, delírio e um assassino que só a vítima vê — o que torna tudo ainda mais tenso — com o diferencial que aqui o roteiro se leva mais a sério e existe um comentário racial que nunca envelhece.
Aliás essa ambiguidade da narrativa foi o aspecto que mais me ganhou.
Esperei uma revelação no desfecho que não veio e isso me agradou ainda mais! Existia mesmo uma ameaça sobrenatural ou Helen enlouqueceu em sua busca obsessiva por desvendar o mistério de Candyman e assassinou todas aquelas pessoas e tudo o que vimos foi a partir do seu ponto de vista esquizofrênico?? Deixar isso no ar sem recorrer a flashbacks baratos para elucidar tudo foi a escolha mais inteligente desse roteiro pra mim.
🐝🐝🐝
A Entidade
3.2 2,3K Assista AgoraLá pras 3:30 desta madruga tava pelo Prime Video e assisti a esse filme do Scott Derrickson - que foi provavelmente o passaporte dele para dirigir o Doutor Estranho da Marvel (!) assisti sem saber, acabei de descobrir isso kkk!
Filme com roteiro bom, simples, cheio de clima soturno, a direção é bem eficaz em construir tensão, uns poucos sustos bobos, uns momentos nada a ver, mas boas atuações, como do Ethan Hawke, um drama familiar crível (a maior força do filme), que dá um bom suporte para as pequenas coisas darem arrepios... O "vilão" do filme parece ter saído do Slipknot, mas o mistério é maior que ele.
O final é um pouco chocante, mas não é tão inesperado assim.
Mas vale a pena conferir, tava assistindo no escuro e devido às diversas investigações do Hawke no mais absoluto breu domiciliar, precisei acender a luz ! 🦂🦂🦂½
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraEsse é um filme de ator mesmo, um presente para o Joaquin Phoenix, que está em todas as cenas e tira o máximo de cada uma delas. Sua atuação é metódica, digna de um estudioso da arte, cheia de uma fisicalidade precisa, trejeitos muito orgânicos, o olhar... a risada (chega a irritar após muitos minutos ouvindo)... todos os prêmios são mais que merecidos, de fato. Um ator único, que conseguiu criar algo tão particular, que o inevitável (compará-lo a Heath Ledger) não aconteceu e esse fato, por si só, já é digno de aplausos.
Todd Phillips super competente dirigindo, realmente lembra alguns trabalhos do Scorsese - o que é um puta elogio, na minha opinião - e a cinematografia está em perfeita sintonia com a direção, faz um recorte de Gotham mais realista e crível, com aqueles tons bonitos de marrom. O roteiro também tem detalhes que conferem riqueza à história e a trilha sonora também se destaca, mas achei meio invasiva.
Entendo porque agradou tanto, mas mesmo reconhecendo todos esses aspectos e achando o tema do distúrbio mental relevante de ser discutido, o filme não conseguiu me emocionar ou criar alguma conexão entre mim e o personagem, e isso PRA MIM deixou ele meio meh.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraConsigo ver claramente o porquê deste filme ter dividido opiniões.
Ele é muito "Tarantino" (metalinguagem, enquadramentos perfeitos, diálogos longos e verborrágicos, flashbacks dentro de flashbacks, muitos cameos, violência...), mas ao mesmo tempo parece o filme menos "Tarantino" dele.
O roteiro parece mais preocupado em referenciar produções cinematográficas do final dos anos 60 aos borbotões, do que desenvolver a história. Digo isto mesmo sabendo que é óbvio que o filme é uma grande carta de amor do diretor ao cinema; não só sobre a magia de ver um filme na sala escura, como também a magia que acontece no set. E imagino que para alguém que não compartilha da paixão dele ou não tem as referências, as aventuras de Dalton e Booth devam parecer meio "desbotadas" mesmo. Eu consigo entender isso, mas eu amei cada segundo mesmo esperando um desenvolvimento um pouco mais... cadenciado. Impossível não sentir uma certa monotonia até mais ou menos a metade do filme.
Brad Pitt entrega o que se pede dele sem grandes picos de inspiração, sempre contido, misterioso e autoconfiante, deixando Leo DiCaprio brilhar, passeando por praticamente todos os estados de espírito que um personagem pode retratar, indo desde a frustração extrema resultante de sua insegurança; passando pela empáfia, com momentos de humildade e terminando na mais genuína gratidão. As cenas dele gravando com Timothy Olyphant em que esquece o texto e vai gradativamente piorando a atuação, e a outra com a pequena Julia Butters em que ele arrasa, mostram quanto star power esse menino tem, credo!!
Tarantino subverte alguns de seus próprios clichês clássicos como
na cena em que Brad Pitt quer entrar na casa dos hippies e se estabelece aquele impasse tenso presente na maioria dos filmes do cineasta, onde esperamos que a merda aconteça, mas ele puxa nosso tapete hahaha!... Ou no papo longo entre DiCaprio e Pacino em que ele menciona um lança-chamas (o que seria um desses tópicos que os personagens só falam por falar nos filmes dele), e que recebe um call back super inesperado no clímax... ou ainda no destino de Sharon Tate, que prometia um clímax sangrento e traumático, entretanto mais uma vez o diretor escolhe um caminho inesperado para o que ele mesmo estabeleceu.
A construção do clímax é vagarosa até o caos tomar conta e lembrarmos do diretor em seus momentos mais espirituosos, como a luta entre Beatrix Kiddo e Elle Driver em "Kill Bill Vol. 2", com direito a muito humor e gore.
Mas talvez o que tenha mais me emocionado no filme, tenha sido perceber que ele é também (ou principalmente) um réquiem para a atriz Sharon Tate (que foi brutalmente assassinada grávida de 9 meses por seguidores de Charles Manson), aqui retratada em todo o seu esplendor, sempre linda, sorridente, gentil, talentosa... iluminada mesmo.
A sensibilidade (!) do Taranta ao reescrever sua história, me levou aos prantos horas depois de ver o filme, pois esse entendimento coloca tudo em perspectiva e ressignifica sobre O QUE o filme realmente é.
Que filme, amigos.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraFilmaço!
Roteiro delicioso, inteligente, cheio de metáforas e comentários sociais sobre relações de classe; Bong Joon-ho dirige com muita sensibilidade e transita por gêneros como a comédia, o drama e o suspense com fluidez incrível - tudo que acontece após
a governanta demitida tocar a campainha é de uma tensão absurda, coisa de mestre;
LEGO Batman: O Filme
3.9 383 Assista AgoraFilme divertido do início ao fim, muita metalinguagem que a gente gosta, tirando um sarro delicioso do Batman e com aquele tom que agrada a todas as idades.
Bom passatempo.
A Favorita
3.9 1,2K Assista AgoraA estética deslumbrante é maior que tudo no filme, o que não quer dizer que a direção do Yorgos Lanthimos fica muito abaixo e as atuações não sejam fantásticas – Olivia Colman põe o filme no bolso.
Ainda não vi os anteriores do Lanthimos (!), e mesmo todos dizendo que é o menos "maluco" dele, gostei muito do estilo dele.
O Enigma do Horizonte
3.2 310 Assista AgoraFilme começa bem, muito promissor. Sugerindo ir por um terror cósmico meio Lovecraft, meio Alien, meio Esfera... Mas acaba desperdiçando várias boas ideias e o clímax é... Um pouco patético. Uma pena.
Enrolados
3.8 2,8K Assista AgoraAchei que o filme transcorre sem muita variação de tom na narrativa, na maior parte do tempo, os acontecimentos não empolgam muito;
mas o clímax achei forte. Ficou na média.
Frozen: Uma Aventura Congelante
3.9 3,0K Assista AgoraIncrível o poder que a Disney tem de reunir os melhores profissionais contadores de histórias da indústria haha. A magia deles é real!
Todos os personagens são adoráveis, mas Olaf leva essa. Ele é genial!
E toda a mensagem sobre amor e o fato de o roteiro fugir do óbvio na conclusão estão entre as coisas mais legais do filme.
Godzilla II: Rei dos Monstros
3.2 651 Assista AgoraMe divertiu do início ao fim, com takes muito bonitos dos monstros, a direção consegue imprimir aquela sensação de deslumbramento, os efeitos visuais estão ainda mais impressionantes que no anterior (King Ghidorah e Mothra são fantásticos, não só pelo ótimo CGI, mas pela personalidade bem trabalhada de cada um).
Gostei que fizeram um esforço para injetar alguma profundidade na subtrama humana, que tem um arco próprio bem costurado com as criaturas.
O filme não tenta ser mais do que é: um blockbuster de verão sobre monstros gigantes lutando.
E isso ele entrega em grande estilo 🤘🏽!
A Noiva de Chucky
2.5 682 Assista AgoraNão acredito que não tinha falado desse filme ainda.
Adoro o rumo que o personagem tomou aqui, pegando carona no sucesso estrondoso de "Pânico", que redefiniu o gênero na época (até o pôster satiriza "Pânico 2"), dando mais leveza e se levando menos a sério - porque, vamo combinar que só a premissa dessa franquia é risível.
A metalinguagem também é um prato cheio aqui e o diretor Ronny Yu (que mais tarde viria a dirigir o igualmente hilário "Freddy vs Jason") dá várias piscadelas para o espectador. Não entendo a birra que as pessoas têm com terror e comédia assumida;
eu, particularmente, gosto muito desse combo, me divirto horrores.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraJá venho ensaiando ver um filme de Gaspar Noé desde que "Irreversível" fez barulho por onde passou, e finalmente, com "Clímax", entrei no mundo dele. E foi muito recompensador.
Muitos aspectos da direção me agradaram em cheio, como a forma naturalista que ele conduz as atuações do elenco, que é bem diverso e cru, as coreografias irretocáveis, os temas pesados, as composições de quadro, os travellings que se tornam planos-sequência quase subjetivos, a agonia que ele consegue imprimir cada vez que a câmera se afasta de uma situação, o uso da iluminação e das cores, e até os diálogos, tão corriqueiros a um primeiro momento, mas que revelam as personalidades e inter-relações de seus personagens.
O último ato, quando tudo fica vermelho, me pareceu um pouco longo e bagunçado de um jeito não-proposital. Mas mesmo assim, o filme vale muito a pena. Mas vá preparadx.
Predadores Assassinos
3.2 771 Assista AgoraOuvi maravilhas sobre esse filme, que era diferente, que não era a bomba trash que são todos os filmes de animal assassino pós "Tubarão" (1975) e o fato de Alexandre Aja e Sam Raimi estarem envolvidos também me atraiu, pois gosto muito do remake de "The Hills Have Eyes" de 2006 que o primeiro dirigiu, e do segundo sou fanzaço. Mas olha... puxado hein.
A atuação de Kaya Scodelario é sofrível, não me importei com nenhum personagem exceto a cadelinha, a construção de suspense é falha e a tensão inexiste, pois até os jumpscares são incrivelmente previsíveis. O roteiro é muito preguiçoso, repetindo as mesmas cenas apenas mudando o cenário, cheio de facilitações narrativas e frases de efeito cafonas... é só um amontoado de clichês porcamente costurados e sem um pingo de originalidade.
Sei que não dá para ir ver um filme chamado "Predadores Assassinos" esperando um Kubrick, mas até para desligar o cérebro e curtir 87 minutos de diversão escapista, precisa de um mínimo de competência, do contrário fica faltando justamente a... diversão.
No final eu ainda tinha esperanças do helicóptero salva-vidas ter uma pane, despencar e matar todos os personagens, a tela escurecer e os créditos subirem ao som de algum rock animado, mas não foi dessa vez.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraVou começar dizendo o que não gostei.
Achei a duração exagerada. Algumas passagens, como a da dança da rainha de maio entre outras poderiam ter sido encurtadas sem prejudicar o ritmo e a narrativa. Tirava uns 30 min fácil. Também senti o diretor muito deslumbrado com sua obra, tipo, "olha só o microcosmo que eu criei, nossa como minha obra é foda" sabe? Um ar de pretensão, de masturbação cinematográfica que me fez revirar os olhos em dados momentos, mas não dá para tirar todo o crédito dele. Ele é bom sim, mas não tão bom quanto pensa.
Dito isto, Midsommar é mais que um filme que quer te perturbar com imagens fortes e uma atmosfera psicológica pesadíssima. É uma experiência sensorial. Por várias vezes Ari Aster usa de efeitos visuais e especiais, como sua câmera sempre bem posicionada, usando movimentos graciosos, para nos pegar pela mão e nos fazer sentir que estamos lá, naquela vila estranha com gente esquisita, sentindo o que os personagens estão sentindo e querendo sair dali tanto quanto eles. E eu achei que ele fez isso brilhantemente.
Não é exagero dizer que, assim como Toni Collette no filme anterior do diretor ("Hereditário"), Florence Pugh merece ser indicada a todos os prêmios possíveis por sua atuação visceral de Dani. Nos dez minutos iniciais eu já queria dar um Oscar para ela. Sua linguagem corporal é de uma naturalidade impressionante, toda a dor da personagem é palpável.
Enfim, todo o elenco está ótimo, cada personagem tem uma função na história, a fotografia, a direção de arte e a trilha sonora são padrão A24, ou seja, de cair o cu da bunda; todos os simbolismos e as camadas de interpretação também me fascinaram.
Esse é daqueles filmes pra destrinchar por horas, de tanta coisa interessante/intrigante... mas talvez o aspecto que eu mais tenha gostado, foi perceber que, em meio a tantas temáticas que ele abraça, no fim,
este é um filme sobre um relacionamento tóxico marcado pelo luto, e um namorado cuzão que merecia muito se foder.
E quando subiram os créditos eu estava com a mesma expressão de Dani no rosto.
Capitã Marvel
3.7 1,9K Assista AgoraSem grandes momentos de opulência visual, "Capitã Marvel" me surpreendeu justamente por sua direção comedida em se tratando de uma heroina de escala tão épica. Se por um lado o tratamento da trama parece meio pedestre e sem personalidade; por outro me agradou por não tentar ser mais do que é: um filme leve, divertido, com humor muito bem colocado e bem sessão da tarde. Um arroz com feijão muito bem temperado com um ovo frito em cima.
Pra mim, as mais de 2h de filme passaram voando.
Um Estranho no Ninho
4.4 1,8K Assista AgoraSempre o vi ser referido como um clássico, e Milos Forman filma ele como se fosse mesmo, com destaque especial para a trilha sonora impecável - para variar.
A atuação de Jack Nicholson é impressionante; Danny DeVito está irreconhecível e não acredito que achei Christopher Lloyd sexy 🙈.
Achei a história bonita, triste e lindamente filmada. Mas algo no ritmo, algumas cenas parecem esticadas além do necessário por simples capricho autoral... me incomodou, sabe? E a condução do clímax não me emocionou muito, apesar de eu ter me apegado aos personagens. 🤷🏽♂️
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraUm dos melhores filmes nacionais que eu já vi.
A ressonância política das metáforas; as críticas ao complexo de vira-lata do brasileiro e sua falta de apreço pela própria cultura, pela própria História personificado nos dois motoqueiros; o roteiro sempre instigante e surpreendente; a galeria de personagens cujos estilos de vida (gay, trans, puta, professor) pouco importam socialmente - como deveria ser - diante do senso de comunidade e cidadania; as referências visuais e no estilo narrativo, que lembra os faroestes de Sergio Leone e, mais recentemente as incursões de Tarantino; A TRILHA SONORA OMG e Sônia Braga... ufa.
Que. Filme.
12 Homens e Uma Sentença
4.6 1,2K Assista AgoraNotável estudo de personagens e do conceito de justiça pelo mestre Sidney Lumet.
A forma teatral como conduz a história dos 12 jurados que devem decidir o destino de um jovem acusado de patricídio, com a maior parte do filme numa locação só e planos longos, com profundidade de campo constante (adoro como isso era uma constante nos filmes da época), caiu como uma luva para o drama de tribunal. Interessante notar também que a trama se desenrola em tempo real; todo o tempo que eles passam na sala, nós passamos com eles, o que confere uma dimensão dramática a mais, com a tensão crescente sendo sentida pelo espectador.
O roteiro tem diálogos certeiros e a galeria de personagens muito distintos funciona como uma vitrine da sociedade americana da época (mas bem que poderia ser do Brasil em 2019) e mostra bem todos os argumentos mais comuns que as pessoas usam para justificar seus julgamentos levianos, baseados em preconceitos, vivências pessoais e falácias, sem nem tentar se colocar no lugar do acusado ou mesmo fazer um exame mais aprofundado antes de mandar um outro ser humano para a morte certa.
As atuações são muito competentes e Henry Fonda faz o papel quase da consciência, sempre questionando as certezas e verdades, mostrando de onde elas vêm e como afetam o nosso julgamento. Muito didático esse filme, e isso nos dias atuais é um puta elogio.
Tempestade de Gelo
3.6 95Já venho namorando esse filme desde a época que estava no cinema, acredite se quiser. Há alguns anos encontrei o DVD a um preço ridículo numa locadora que estava fechando e comprei, mas só assisti hoje. Não me arrependo de ter esperado, pois digamos que o momento em que minha vida se encontra foi essencial para a experiência ter sido mais completa. O roteiro de James Schamus baseado no livro de Rick Moody e a direção do sempre competente Ang Lee captam a complexidade dos personagens de um jeito muito sensível - uma marca do diretor.
A história se passa em 1973 (a reconstituição de época é impressionante), no auge da liberação sexual e pré-escândalo de Watergate, e o clima do filme me lembrou muito obras que vieram pouco tempo depois (e possivelmente foram influenciadas por ele), como "Beleza Americana" e "Donnie Darko", que retratam as conturbadas relações familiares nos subúrbios americanos, com seus jovens intelectualizados, um certo olhar niilista e o tema da perda da inocência; Algo que também remete ao clássico "A primeira noite de um homem", sabidamente um dos filmes preferidos de Ang Lee — e meu também.
Interessante notar que não há muita diferença no comportamento dos adultos em relação aos jovens; há uma inquietação, uma inconformidade com o status quo, vontade de dar vazão a desejos e, no caso dos pais, muita irresponsabilidade e negligência com os filhos — provavelmente sinal daqueles tempos.
Gostei também da metáfora que é feita com a HQ do Quarteto Fantástico logo no início, deixando claro que o tema "família" vai ser dissecado ao longo do filme.
A fotografia é lindíssima, especialmente na parte da tal tempestade do título e o elenco estelar é nada menos que perfeito (difícil destacar um só!), e é através deles que a vida do americano médio no início daquela década tão cheia de mudanças vai se desenrolando num filme mais preocupado com seus personagens e suas inter-relações, do que seguir a receita de bolo do mainstream, chegando a um clímax melancólico e que casa perfeitamente com o tom da narrativa.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraÉ... É legal. Mas acho um pouco superestimado. Toda a coisa do amor como fator determinante na ciência aplicada aqui, precisa de um nível de entrega do espectador pra conseguir comprar que eu talvez não estivesse muito disposto.
Acho que Nolan já teve dias melhores.
Godzilla
3.1 2,1K Assista AgoraO filme é tecnicamente perfeito, o CGI é primoroso, o design dos monstros e as texturas são excelentes, mas... é só isso.
Não consegui ver muita criatividade na fotografia — salvo a cena do salto de para-quedas, que é bem bonita e me sugeriu de onde GOT tirou inspiração para a cena da luta dos dragões em 8x03 —, a direção é apenas correta, o roteiro segue bem a cartilha hollywoodiana super previsível e cheio de facilitações narrativas, os diálogos são expositivos, Ken Watanabe e mais uma pá de bons atores mal aproveitados enquanto Aaron Taylor-Johnson (que eu amo) e Elisabeth Olsen não têm star power o bastante pra segurar o filme.
Não vi diferença nenhuma de qualquer outro filme-catástrofe da segunda metade dos anos 90 pra cá.