TOTEM , de #MarcelSarmiento Com: #JamesTupper #KerrisDorsey #LiaMcHugh #AhnaOReilly
Kellie é uma adolescente que cuida de seu pai James e de sua irmã Abby após a morte de sua mãe. Quando James leva para casa sua nova namorada, uma entidade paranormal começa a persegui-los. Histórias sobrenaturais sobre espíritos malignos têm aos baldes hoje em dia. Não me importo em ver filmes sobre o mesmo tema, mas aqui a tentativa do diretor é frustrante e não sai do lugar. Tudo o que o raso roteiro propõe, não consegue resolver de forma criativa ou instigante, então ao invés de amedrontar ou assustar, aborrece. #HorrorMovies #Cinema
"Você percebe que talvez não existe o céu. Só existe o chão."
Fortíssimo documentário sobre o racismo e a injustiça na América. O diretor, que é irmão do homem que foi assassinado, tenta uma explicação dos porquês que a justiça inocentou seu assassino. É seco, e deixa um amargo na boca.
“Tudo tem seu preço. A grande dificuldade da vida é aceitar esse preço.”
TODO O DINHEIRO DO MUNDO , de #RidleyScott #AllTheMoneyInTheWorld EUA, 2017.
O sequestro do herdeiro John Paul Getty III ( #CharliePlummer ), neto de 16 anos do magnata do petróleo americano Jean Paul Getty ( #ChristopherPlummer ). Desesperada a mãe de John, Gail Harris ( #MichelleWilliams ), pediu ajuda financeira ao avô do menino, que recusou. Os sequestradores então decidem enviar à imprensa uma orelha do menino para obrigar a família a acelerar o pagamento do resgate. Na tela parece mentira, mas a nebulosa história aconteceu. Ridley Scott filma esse drama com muita firmeza e beleza (através das lentes do diretor de fotografia #DariuszWolski ), e nos faz ficar na ponta da cadeira ao acompanhar o drama vivido principalmente pela mãe do garoto. É um filme polêmico nos bastidores, pois #KevinSpacey foi substituído por Plummer após as denúncias de abuso sexual, mas o que importa mesmo é a mão segura de Scott para contar uma história sobre o poder dos endinheirados e suas formas de ver a vida. É um outro mundo, por isso parece mais uma grande história inventada. Mas não é! #MarkWahlberg #RomainDuris #Oscar2018
“Estuprada enquanto morria...E ainda sem presos...Como assim xerife Willoughby”.
TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME , de #MartinMcDonagh #ThreeBillboardsOutsideEbbingMissouri EUA,2017.
Pois é! Vou falar a frase: um dos melhores filmes do ano várias vezes aqui nas postagens. Apaixonado por cinema é assim mesmo, morre de amores por vários filmes como se fossem o melhor do ano. Amo filmes com roteiros e atores incríveis. Esse aqui tem tudo isso. Vibro. E tem #FrancesMcDormand , essa sim me faz vibrar muito!!! Ela vive uma mãe que teve a filha brutalmente assassinada e o criminoso nunca foi encontrado pela polícia. Após perceber que o caso foi deixado de lado pela autoridade local, ela aluga três outdoors em uma estrada abandonada onde provoca e exige justiça ao xerife Bill Willoughby ( #WoodyHarrelson ). Não existe uma única cena no filme em que tiramos os olhos. O diretor, que também é o roteirista do filme, fala sobre a raiva. Todos nós temos esse sentimento. Aqui a pergunta é se devemos deixar essa raiva ser sentida. A filha dela foi morta enquanto estava sendo estuprada. Ela precisa deixar esse ódio correr pelo seu corpo. Ela precisa sentir a raiva, para poder expurga-la. Raiva é o que sentimos de início pelo personagem do policial brilhantemente defendido por #SamRockwell . Aí é que está, da nossa cadeira sentimos esse ódio ao ver o que acontece na história da vida dessas pessoas, evitamos sentir, disfarçamos ,mas o sentimento está lá! É um filme de sensações. A entrega do elenco nos leva para aquele lugar num dos “melhores filmes do ano”. #Oscar2018
A FORMA DA ÁGUA , de #GuillermodelToro #TheShapeofWater EUA, 2017.
Fico arrebatado quando assisto um filme que é completo. Cinematograficamente é um prazer inenarrável ver um trabalho tão primoroso como essa linda obra de arte de Guillermo Del Toro. A história, a essa altura, todos já devem saber: Uma funcionária da limpeza de um laboratório descobre um ser aquático que está aprisionado para futuras experiências em prol do governo americano. Ela se afeiçoa à criatura e tenta salvá-la. Uma fábula como muitas outras, se não fosse a perfeição com que o diretor orquestra todos os cantinhos do filme. Ele disse que se inspirou em O Monstro da Lagoa Negra, clássico dos anos 50, mas visualmente o que se vê na tela é Metrópolis de #FritzLang. Aliás são muitas as referencias do diretor, são homenagens ao cinema que ele presta aqui nesse belo filme. Citá-las aqui seria estragar boa parte das delicias de descobrir esse espetáculo. Então quero salientar um dos ótimos motivos para amar esse filme: Sally Hawkins. Essa grande atriz inglesa está em um dos seus melhores momentos no cinema. Quem viu Simplesmente Feliz e Blue Jasmine sabe do tamanho do talento dessa atriz. É ela quem conduz nossas emoções no filme, torcemos pelo monstro através dos olhos de Sally. Aí o diretor tem na manga algo que muitos filmes aventurescos não tem: atores que superam a história. Então, apesar de ser um filme grandioso, cheio de suspense, romance e aventura, está no olhar de uma atriz seu maior trunfo.
O que diferencia um filme comum de outro? Afinal, são tantos os filmes sobre o mesmo tema que perderíamos o interesse de ver algo que já vimos em outro lugar. Então, a diferença está no ponto de vista. E Spielberg é perito em contar histórias já contadas através de seu ponto de vista. Quantos filme já vimos sobre o nazismo? Centenas. A Lista de Schindler sai da sua cabeça? Da minha não. The Post não é tão memorável como Schindler, mas vale a sessão! Diretor e uma dupla de atores extraordinários, #MerylStreep e #TomHanks fazem dessa história que já foi contada, um belo drama filmado com muita garra. Meryl Streep e Tom Hanks vivem editora e diretor do "Washington Post", que em 1971 decidiu publicar documentos secretos do Pentágono sobre a atuação americana na Guerra do Vietnã. Abuso de poder, censura, machismo e liberdade de imprensa. Spielberg coloca esses temas em questão nesse filme contido que vai ficar melhor cada vez que assisti-lo. Gosto desse Spielberg que conversa com o cinemão sem sê-lo. Gosto da direção imperfeita.
“Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... tão desprezada, tão murmurada... Fingindo alegre seu triste fado.”
Não é um documentário excepcional esse que traça a trajetória de vida da poeta e “doceira” Cora Coralina. São poucos os 75 minutos perto da vida incrível dessa mulher idem. Mas não é só a metragem do longa, a direção se contenta em contar do inicio ao fim a história de Cora. Ora através de entrevistas, ora por encenações ou até mesmo através de seus poemas. Mas a trivialidade enfraquece o filme, pois Cora, uma mulher muito além do seu tempo fica resumida a relatos. Falta vida, falta poesia. Mesmo assim é um deleite ver, ouvir e ler Cora através do filme. Então fico agradecido durante a projeção, que alguém está falando dela, que o cinema reserva pra ela uma sessão, mesmo que só uma, vespertina e curta sessão de cinema onde a vida de uma das mais extraordinárias mulheres é revivida, relembrada. Entre as atrizes que declamam seus poemas, #BethGoulart #ZezéMotta #CamilaMardila #WalderezdeBarros fazem deles belas cenas. Que venham mais e mais relatos sobre CoraCoralina.
São muitas as metáforas que essa bela animação aborda. É provável que muitas crianças vejam apenas a história de um touro que por ser bonzinho, não quer participar das touradas de Madrid, quer apenas...cheirar flores do campo. Opa! Carlos Saldanha, apesar de fazer um filme para as massas traz várias camadas por traz desse fofo desenho animado que inclusive é tecnicamente impecável. A gente é para o que nasce? Essa pergunta acompanha Ferdinando desde o momento em que ele foge do lugar em que nasceu pois queriam treina-lo para combater numa arena de touradas. Ele encontra uma menina que vive numa fazenda cultivando...FLORES!!! Ele se encontra na vida e ali vive feliz até quase para sempre. É sobre a importância do amor e do afeto na vida dos seres. Com muito bom humor uma cena descreve exatamente a sensação de receber amor pela primeira vez. Uma cabra, personagem hilária, recebe pela primeira vez um abraço carinhoso e diz: nossa! Isso que é amor? A cena comove. O filme aborda também a partir das questões de Ferdinando, o vegetarianismo, a homossexualidade e os tais valores familiares ditados pela sociedade hipócrita em que vivemos. É um filme infantil, isso tudo está subentendido, nas entrelinhas, mas acredito que o longa pode sim deixar plantadas sementinhas escondidas nas cabeças das crianças, e tenho fé que um dia elas irão brotar por um mundo melhor, como as flores de Ferdinando.
“Não a chame de Daniel, trate ela como mulher. Chame-a pelo nome feminino.”
Transfobia. É uma palavra recorrente nos dias de hoje. Até quando uma pessoa aguenta agressões físicas e psicológicas diárias? Marina ( Daniela Vega ), uma mulher transexual tem um namorado. Ele sofre um mal-estar e morre. Mas Marina não irá apenas lidar com o luto, ela vai enfrentar a violência da família do falecido, que não a reconhece como namorada Ela será humilhada por ser transexual por ser amante (o namorado era casado quando a encontrou) e também por ser mulher mais jovem e mais pobre. Quantos obstáculos Marina precisa enfrentar nessa vida ordinária que leva? O filme começa com uma cena onde Orlando, o namorado dá de presente à Marina uma viagem pra Foz do Iguaçu. É o prenuncio de uma possível felicidade para uma pessoa tão exilada da sociedade. Ela passa o filme inteiro lutando por essa felicidade, que é simples: ir de mãos dadas com o ser amado para admirar a sétima maravilha do mundo. Seria simples, se não fossem as atrocidades que os seres humanos são capazes de fazer.
“Os rostos que eu vou encontrando, eu fotografo, para não perde-los nos vãos da minha memória.”
Vira e mexe eu falo sobre o quanto acho imprescindível a arte na vida de uma pessoa. Ela pode ter educação, saúde, moradia, trabalho, que também são essenciais, mas sem a arte, a vida daquela pessoa não vai além. Agnès Varda é uma cineasta que a gente se apaixona assistindo os primeiros cinco minutos de qualquer um de seus filmes. É só dar uma olhada em “Cléo das 5 as 7”e pronto, você estará apaixonado pela diretora. Aqui o documentário retrata uma experiência fotográfica e cinematográfica de duas grandes pessoas conhecidas por questionarem a cultura da exibição das imagens: a própria cineasta, e JR, fotógrafo e criador de galerias e exposições fotográficas ao ar livre. Juntos, eles viajam por algumas regiões da França, precisamente em pequenas vilas, as “villages” do título.A magia trajetória desses dois artistas emociona tanto, mas tanto que nos faz questionar se o que vivemos até agora fez a diferença na vida de outras pessoas, se por onde passamos a mágica de estar vivo aconteceu. O filme mostra uma coisa que é tão simples, e que nos esquecemos completamente de exercer: ser e fazer feliz. Mostrar pra alguém que essa pessoa é importante. É um filme por um mundo melhor. Ë a valorização da arte e do ser humano. Não a espécie homo sapiens, o “ser humano”. Salve Agnès Varda!!!!
O pai de Kwanda está preocupado com o filho, "ele é sensível demais". Por isso pede ajuda à Xolani, um operário de Queenstown, na África do Sul, que organiza o Ukwaluka: um rito de passagem no qual adolescentes são circuncidados e vivem acampados na montanha durante a recuperação. Eles devem passar por provações enquanto aprendem os códigos masculinos de sua cultura Xhosi. Kwanda, diferente dos demais iniciados, questiona todos os aspectos dessa tradição. O resumo do filme já informa o quão importante é esse filme. O diretor conta em uma entrevista que queria mostrar a intensidade das trocas físicas e emocionais que são possíveis num local como esse, com essa cultura. Na África do Sul esse ritual é um tabu, é controverso, portanto o filme provoca uma reação forte. Reação forte também sente o protagonista. Ele briga o filme inteiro consigo mesmo. O que ele acredita ser certo, passa a não parecer mais ser certo, e isso gera uma luta dentro de si mesmo.Quantas e quantas vezes nós não passamos por isso no nosso dia a dia, na nossa vida? Mas aqui a coisa é séria, são costumes milenares sendo colocado em questão. Corajoso e forte, Os Iniciados é um filme que possivelmente vai reverberar dentro de nós.
“Eu não quero uma carreira, eu quero meu próprio planeta.”
Eu as vezes fico pensativo quando percebo quem são as pessoas que admiro. A maioria delas tem parafusos a menos na cachola. É no defeito que começo a gostar. Na área artística então nem se fala!!! Van Gogh, Janis Joplin, Lars Von Trier, Bjork...todos anjos do inferno, a lista é gigantesca! Esses citados são gênios indiscutíveis, e o filme em questão fala de um artista que não é muito genial...na verdade ele é péssimo! Cinematograficamente falando, Greg Sestero fez um dos piores filmes da história, The Room . Ed Wood virou lenda e nas mão de Tim Burton ganhou uma homenagem primorosa, depois de ver o filme você passa a admirar sua figura, seus filmes continuam ruins. Aqui acontece parecido, James Franco é o protagonista e acompanhamos a filmagem do tal péssimo filme. Maluco total, o ator, diretor, roteirista, produtor Greg Sestero é daquelas figuras impares. A cena em que ele seleciona o elenco para o seu filme é das mais engraçadas do cinema. E o filme de Franco é uma homenagem aos artistas que tem dentro deles a necessidade de fazer sua arte, tenha talento ou não, sem aquilo você não vive. É sobre esses artistas que o filme fala. A crítica que Franco faz à industria cinematográfica é real e atual. Os nãos que os atores, diretores, roteiristas levam dos grandes empresários do cinema são cruéis. Disfarçado de sátira, James Franco faz sua homenagem àqueles que sonham em terem sua obra realizada. Sestero teve, e é maravilhosamente ruim!
“Nada demais, só dormir no mesmo quarto juntos, e ao acordar falar sobre o que sonhamos. O que acha?”
Um casal de cervos numa floresta nevada. O macho fareja a fêmea e segue adiante. Cabeças e patas de bois. Um homem uniformizado fuma. Estamos agora num matadouro. Vem da Hungria esse filme repleto de metáforas, nenhuma sem sentido, nenhuma gratuita. São fragmentos até que a história se concretize pra nós. Gosto da forma de como a diretora vai entregando os pedaços da história, os personagens trabalham num lugar onde transformam animais vivos, inteiros, em pedaços. E no centro de tudo existe um casal que se conhece no matadouro. Em comum eles têm deficiências. Ele tem um braço paralisado, ela por excesso de sensibilidade não consegue estabelecer contato com humanos. É forte, mas é simples. As imagens impressionam, muitas delas nos fazem virar o rosto, mas é a vida ali na frente, vida que muitas vezes temos também vontade de virar o rosto. No cinema ainda dá, na vida muitas vezes não.
“Existe uma diferença entre estar solitário e sozinho.”
Lucky é um homem de 90 anos, ateu, que entra numa jornada espiritual com alguns personagens peculiares que junto com ele, habitam uma cidade do deserto americano. O personagem é vivido por Harry Dean Stanton , aqui em seu último trabalho. E que despedida!!! É tão delicado ver a construção desse personagem, que nas miudezas criadas pelo ator vamos nos aproximando cada vez mais de Lucky. Para mim o personagem significa o próprio cinema independente. Ele existe ali, sozinho, no meio do nada e acredita que não precisa de nada e ninguém mais a sua volta. Parte da beleza do filme deve-se ao ator, mas o diretor entrega um trabalho autoral onde já cria sua assinatura. É um filme triste sem sê-lo. Graças ao diretor, o ator que já era lenda do cinema independente americano, ganha uma homenagem pela carreira brilhante que teve.
Magali Biff, que extraordinário trabalho você nos entrega aqui. Nas mãos da diretora e roteirista Caroline Leone e do também incrível Cacá Amaral como seu companheiro de cena, a atriz nos carrega jornada adentro das suas emoções. No papel de Rosa, uma mulher que após trabalhar 30 anos numa metalúrgica é despedida da noite pro dia. A vida inteira dessa mulher desaba nesse momento, e é o Zé quem irá conduzi-lá numa viagem que mudará sua percepção da vida. Rosa e Zé são personagens que cruzamos e convivemos diariamente. São brasileiros, seres humanos, somos nós. O genial filme é além de tudo urgente nesse país governado por canalhas e ladrões, que mexem na reforma trabalhista como se a vida das pessoas não significasse nada... Filme obrigatório.
“Se fazer insensível para não sentir nada? Que desperdício!”
Antes de falar sobre o filme, gostaria de falar sobre James Woods. Li que o ator está fazendo uma campanha nos Estados Unidos para que esse filme não seja assistido. Segundo ele, o filme vai contra a moral e os bons costumes da família. Ora senhor James Woods !!!! O que será que é “família” para o senhor? O que será que significa o amor para um ser que pensa assim de um filme que fala única e exclusivamente de...amor. Ainda bem que Armie Hammer, protagonista do filme já andou respondendo belamente aos absurdos do recalcado Senhor Woods. Tempos obscuros esses que vivemos. No mundo inteiro mais e mais pessoas estão se revelando intolerantes, racistas e preconceituosas. Será que na verdade nada mudou desde que o mundo é mundo, só que agora as pessoas tem vozes? Eu acredito que é por aí... Mas vamos ao filme, uma beleza rara no cinema: Qual foi a última vez que você viu na tela uma linda história de amor? Que te arrebatou e te fez querer viver aquilo na pele? Pra dizer a verdade precisei pensar muito para lembrar, e já faz tempo que vi um filme assim. Me chame pelo seu nome, esse tão lindo e singelo filme, arrebata. Através da história de Elio , garoto de 17 anos que vive com os pais numa vila do interior da Itália nos anos 80, somos arremessados num mundo que não existe mais. Os pais de Elio hospedam um estudante americano durante um verão. E é o que basta, um verão, para que corações batam mais forte. A descoberta da sexualidade de Elio é o fio condutor da trama, mas o diretor vai além e nos leva junto naquele verão. Um verão onde ainda não existe a AIDS, portanto os medos são outros, um verão em que o amor fala mais alto do que qualquer outro sentimento. Dificilmente esse filme sairá da sua retina, pelo menos por um bom tempo , tempo esse em que vale a pena jogar tudo para o alto e se entregar a paixão pela vida.
A história de Mulheres Divinas se passa num pequeno vilarejo suíço, em 1971, onde se discute o direito de voto das mulheres, algo que será decidido pelos homens do país. Pois é, o direito das mulheres nas mãos dos homens. A revolução feminina em ebulição ao redor do mundo enquanto esse vilarejo continua no limbo se tratando em direitos das mulheres. Não por acaso, a protagonista aqui se chama Nora ( MarieLeuenberger ), como no espetáculo Casa de Bonecas, de Ibsen, onde essa outra Nora vive para satisfazer os prazeres dos filhos e do marido, até decidir romper isso e decidir der feliz. Uma cena do filme representa muito bem essa ruptura inspirada em Ibsen, após o jantar, Nora se levanta e diz para os filhos e marido lavarem os pratos pois ela vai ler e descansar. Eles ficam perplexos com essa atitude. A sociedade machista dos dias de hoje ainda age assim, mas o filme retrata uma época que sociedade, governo e religião ditavam essas regras, as leis sobre os direitos das mulheres evoluíram, mas os seres humanos, em alguns casos, nem tanto.
Fiz questão de aguardar a estreia de O destino de uma nação para ver, no mesmo dia, Churchill. Ambos do Reino Unido e ambos de 2017. O primeiro estreia já vencedor de vários prêmios e aposta certa que irá estar entre os candidatos ao Oscar, o segundo é mais singelo no sentido midiático, estreou no Brasil ano passado e não causou muito frisson. Acho os filmes complementares e é realmente interessante assisti-los juntamente. A obra de Joe Wright é mais comovente. Ele é um diretor espetaculoso, traz os fatos históricos para o mundo do espetáculo, é só lembrar de Anna Karenina ou Desejo e Reparação. O poder de seus filmes está na beleza e na emoção das imagens, só que nesse seu novo trabalho ele conta com um ator monstruosamente talentoso: Gary Oldman . A câmera de Wright cola no Chruchill de Oldman do inicio ao fim e você não consegue, e não quer, parar de olhar pra ele. Então o dono do espetáculo aqui é Gary Oldman que nos leva as lágrimas com esse personagem fascinante. Do outro lado temos Brian Cox no filme que leva no título o nome do personagem. Mas o filme de Jonathan Teplitzky é mais burocrático e até mesmo didático, por isso assistimos com um pouco mais de distanciamento mas não com menos interesse. Brian Cox também é um excelente ator e junto com Miranda Richardson faz algumas cenas que até superam o casal do outro filme, onde a esposa é interpretada pela ótima Kristin Scott Thomas , porém a direção aqui não vai além do convencional, limitando os atores a representarem os fatos históricos. É como se Churchill fosse uma aula de história muito bem elaborada e bem contada através de um sério livro, e O destino de uma nação fosse a mesma aula, porém extraída de um diário intimo do próprio Winston Churchill.
São muitas as interpretações que podemos fazer sobre esse belo filme. Nico ( Guillermo Pfening) é ator e deixa a Argentina para tentar a sorte em Nova York, na expectativa de estrelar o novo filme de um diretor-revelação mexicano e, ao mesmo tempo, esquecer o diretor da novela que fazia em seu país, com quem tinha um caso amoroso. A produção do filme é adiada e entre trabalhos como garçom e babá do filho de uma amiga a tal sorte nunca aparece. O roteiro rodeia os clichês de uma das muitas histórias de imigrantes contadas no cinema, mas a diferença aqui é que tudo está muito próximo de nós. As emoções, na verdade angústias, vividas pelo personagem é filmada de uma forma muito sincera, real. O que mais pesa pra Nico pra mim é a solidão, mas não acho que isso é por ter ido morar num país estrangeiro, a solidão de Nico está nele e naquele momento o acompanharia por onde estivesse.
Como foi difícil assistir esse filme. Tudo o que é mostrado ali na tela, vivi no meu dia a dia na década de 90. Então foi uma viagem ao passado com direito a trilha sonora, cheiros, sabores e emoções compartilhadas com aqueles personagens ali mostrados. A história é sobre o grupo ativista francês Act Up, e suas lutas pelos direitos dos soropositivos. Mas o trabalho do diretor e do incrível elenco vai muito além, o coração vem até a boca com a atmosfera criada pelo roteiro. Lembro que quando a #AIDS surgiu, escola, governo, igreja e mídia diziam ser a doença dos gays e prostitutas, ponto final. Para adolescentes que descobriam sexualidade naquele momento, ficava confuso. “Então, se sou gay, posso pegar essa doença.” Era isso. O medo estava instalado nas nossas mentes. Foi então, através de um texto da Madonna, que vinha no encarte do disco Like A Prayer, eu comecei a entender que não era uma doença transmitida pelos gays e sim de todo ser humano que tivesse contato sexual sem proteção ou que compartilhasse uma agulha com alguém infectado. Santa Madonna esclareceu pra mim que era só botar camisinha e ser feliz. Quis colocar esse relato pessoal porque o filme fala exatamente sobre isso, sobre as informações que não eram divulgadas para a população, fora os absurdos cometidos pela igreja, que proibia a camisinha e por aí vai... O filme vem em um momento delicado e urgente onde cresce o número de jovens infectados pelo vírus HIV. Temos que falar sobre a AIDS!
Já te tiraram da zona de conforto? Não o simples conforto, mas te tirar do seu lugar seguro, aquele que você acredita que estará pelo todo sempre. The Square toca nessa ferida profundamente. Um fato imprevisível nos faz mostrar realmente quem somos. Coloque uma pessoa boa, humana, de bom coração, numa situação que foge abruptamente do controle, e você verá ali naquele instante quem é essa pessoa. Aqui no caso o foco está na atitude tomada pelo curador de um museu ao perceber que foi vítima de um golpe e teve os pertences roubados. Christian consegue rastrear o celular e decide enviar uma carta colocando sob suspeita todos os moradores do edifício onde o aparelho se encontra, na periferia de Estocolmo. Esse fato vai desencadear uma avalanche de emoções na vida de Christian e das pessoas ao seu redor. No filme anterior do diretor, #ForcaMaior, ele usa uma avalanche real para tirar um indivíduo do lugar comum, o filme é incrível, mas esse agora é ainda melhor. O tal “mundo ideal” , cheio de boas intenções que as pessoas tanto falam mas não fazem, cai por terra e se torna utópico na vida do protagonista.É um filme provocador? Sim, o diretor causa náuseas, incômodo, pessoas saem do cinema numa das cenas mais provocantes, onde um homem faz uma performance num jantar de gala, onde todos estão seguros e de num piscar de olhos se veem como são por dentro. Você já se viu por dentro? É aterrorizante. O filme também é brilhantemente apavorante.
Há tempos um filme não me deixava sem dormir. Esse documentário causou uma ruptura dentro de mim. É possível que cause isso em todos os que puderem e conseguirem assistir até o fim esse doloroso trabalho onde as imagens falam por si. Se você acha que já sofreu com as histórias sobre o holocausto contadas no cinema, aqui você irá encontrar uma realidade nunca imaginada.
É sobre dor. É sobre perdas(e o que se ganha com elas). É sobre amor. É sobre humanos(e o que se perde com eles). Incrivelmente dirigido, e emocionalmente interpretado. Mãe Só Há Uma...
Totem
2.1 37 Assista Agora“Fantasmas dão medo, mesmo que seja a mamãe.”
TOTEM , de #MarcelSarmiento Com: #JamesTupper #KerrisDorsey #LiaMcHugh #AhnaOReilly
Kellie é uma adolescente que cuida de seu pai James e de sua irmã Abby após a morte de sua mãe. Quando James leva para casa sua nova namorada, uma entidade paranormal começa a persegui-los.
Histórias sobrenaturais sobre espíritos malignos têm aos baldes hoje em dia. Não me importo em ver filmes sobre o mesmo tema, mas aqui a tentativa do diretor é frustrante e não sai do lugar.
Tudo o que o raso roteiro propõe, não consegue resolver de forma criativa ou instigante, então ao invés de amedrontar ou assustar, aborrece. #HorrorMovies #Cinema
Strong Island
3.5 49"Você percebe que talvez não existe o céu. Só existe o chão."
Fortíssimo documentário sobre o racismo e a injustiça na América. O diretor, que é irmão do homem que foi assassinado, tenta uma explicação dos porquês que a justiça inocentou seu assassino. É seco, e deixa um amargo na boca.
Todo o Dinheiro do Mundo
3.3 229 Assista Agora“Tudo tem seu preço. A grande dificuldade da vida é aceitar esse preço.”
TODO O DINHEIRO DO MUNDO , de #RidleyScott #AllTheMoneyInTheWorld EUA, 2017.
O sequestro do herdeiro John Paul Getty III ( #CharliePlummer ), neto de 16 anos do magnata do petróleo americano Jean Paul Getty ( #ChristopherPlummer ). Desesperada a mãe de John, Gail Harris ( #MichelleWilliams ), pediu ajuda financeira ao avô do menino, que recusou. Os sequestradores então decidem enviar à imprensa uma orelha do menino para obrigar a família a acelerar o pagamento do resgate.
Na tela parece mentira, mas a nebulosa história aconteceu. Ridley Scott filma esse drama com muita firmeza e beleza (através das lentes do diretor de fotografia #DariuszWolski ), e nos faz ficar na ponta da cadeira ao acompanhar o drama vivido principalmente pela mãe do garoto.
É um filme polêmico nos bastidores, pois #KevinSpacey foi substituído por Plummer após as denúncias de abuso sexual, mas o que importa mesmo é a mão segura de Scott para contar uma história sobre o poder dos endinheirados e suas formas de ver a vida. É um outro mundo, por isso parece mais uma grande história inventada. Mas não é! #MarkWahlberg #RomainDuris #Oscar2018
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista Agora“Estuprada enquanto morria...E ainda sem presos...Como assim xerife Willoughby”.
TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME , de #MartinMcDonagh #ThreeBillboardsOutsideEbbingMissouri EUA,2017.
Pois é! Vou falar a frase: um dos melhores filmes do ano várias vezes aqui nas postagens. Apaixonado por cinema é assim mesmo, morre de amores por vários filmes como se fossem o melhor do ano.
Amo filmes com roteiros e atores incríveis. Esse aqui tem tudo isso. Vibro. E tem #FrancesMcDormand , essa sim me faz vibrar muito!!!
Ela vive uma mãe que teve a filha brutalmente assassinada e o criminoso nunca foi encontrado pela polícia. Após perceber que o caso foi deixado de lado pela autoridade local, ela aluga três outdoors em uma estrada abandonada onde provoca e exige justiça ao xerife Bill Willoughby ( #WoodyHarrelson ).
Não existe uma única cena no filme em que tiramos os olhos.
O diretor, que também é o roteirista do filme, fala sobre a raiva. Todos nós temos esse sentimento. Aqui a pergunta é se devemos deixar essa raiva ser sentida. A filha dela foi morta enquanto estava sendo estuprada. Ela precisa deixar esse ódio correr pelo seu corpo. Ela precisa sentir a raiva, para poder expurga-la.
Raiva é o que sentimos de início pelo personagem do policial brilhantemente defendido por #SamRockwell . Aí é que está, da nossa cadeira sentimos esse ódio ao ver o que acontece na história da vida dessas pessoas, evitamos sentir, disfarçamos ,mas o sentimento está lá!
É um filme de sensações. A entrega do elenco nos leva para aquele lugar num dos “melhores filmes do ano”. #Oscar2018
A Forma da Água
3.9 2,7K“Você nunca irá saber o quanto eu te amei.”
A FORMA DA ÁGUA , de #GuillermodelToro #TheShapeofWater EUA, 2017.
Fico arrebatado quando assisto um filme que é completo. Cinematograficamente é um prazer inenarrável ver um trabalho tão primoroso como essa linda obra de arte de Guillermo Del Toro.
A história, a essa altura, todos já devem saber: Uma funcionária da limpeza de um laboratório descobre um ser aquático que está aprisionado para futuras experiências em prol do governo americano. Ela se afeiçoa à criatura e tenta salvá-la.
Uma fábula como muitas outras, se não fosse a perfeição com que o diretor orquestra todos os cantinhos do filme.
Ele disse que se inspirou em O Monstro da Lagoa Negra, clássico dos anos 50, mas visualmente o que se vê na tela é Metrópolis de #FritzLang.
Aliás são muitas as referencias do diretor, são homenagens ao cinema que ele presta aqui nesse belo filme. Citá-las aqui seria estragar boa parte das delicias de descobrir esse espetáculo. Então quero salientar um dos ótimos motivos para amar esse filme: Sally Hawkins. Essa grande atriz inglesa está em um dos seus melhores momentos no cinema. Quem viu Simplesmente Feliz e Blue Jasmine sabe do tamanho do talento dessa atriz. É ela quem conduz nossas emoções no filme, torcemos pelo monstro através dos olhos de Sally. Aí o diretor tem na manga algo que muitos filmes aventurescos não tem: atores que superam a história. Então, apesar de ser um filme grandioso, cheio de suspense, romance e aventura, está no olhar de uma atriz seu maior trunfo.
#SallyHawkins #OctaviaSpencer #MichaelShannon #RichardJenkins #DougJones
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista Agora“Vamos lá, vamos fazer isso, vamos publicar!”
O que diferencia um filme comum de outro? Afinal, são tantos os filmes sobre o mesmo tema que perderíamos o interesse de ver algo que já vimos em outro lugar. Então, a diferença está no ponto de vista. E Spielberg é perito em contar histórias já contadas através de seu ponto de vista.
Quantos filme já vimos sobre o nazismo? Centenas. A Lista de Schindler sai da sua cabeça? Da minha não. The Post não é tão memorável como Schindler, mas vale a sessão! Diretor e uma dupla de atores extraordinários, #MerylStreep e #TomHanks fazem dessa história que já foi contada, um belo drama filmado com muita garra.
Meryl Streep e Tom Hanks vivem editora e diretor do "Washington Post", que em 1971 decidiu publicar documentos secretos do Pentágono sobre a atuação americana na Guerra do Vietnã.
Abuso de poder, censura, machismo e liberdade de imprensa. Spielberg coloca esses temas em questão nesse filme contido que vai ficar melhor cada vez que assisti-lo. Gosto desse Spielberg que conversa com o cinemão sem sê-lo. Gosto da direção imperfeita.
Cora Coralina - Todas as Vidas
3.8 23“Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.”
Não é um documentário excepcional esse que traça a trajetória de vida da poeta e “doceira” Cora Coralina. São poucos os 75 minutos perto da vida incrível dessa mulher idem. Mas não é só a metragem do longa, a direção se contenta em contar do inicio ao fim a história de Cora. Ora através de entrevistas, ora por encenações ou até mesmo através de seus poemas. Mas a trivialidade enfraquece o filme, pois Cora, uma mulher muito além do seu tempo fica resumida a relatos. Falta vida, falta poesia. Mesmo assim é um deleite ver, ouvir e ler Cora através do filme. Então fico agradecido durante a projeção, que alguém está falando dela, que o cinema reserva pra ela uma sessão, mesmo que só uma, vespertina e curta sessão de cinema onde a vida de uma das mais extraordinárias mulheres é revivida, relembrada.
Entre as atrizes que declamam seus poemas, #BethGoulart #ZezéMotta #CamilaMardila #WalderezdeBarros fazem deles belas cenas.
Que venham mais e mais relatos sobre CoraCoralina.
O Touro Ferdinando
3.7 440 Assista Agora“Eu posso entrar na arena sem ter que brigar?”
São muitas as metáforas que essa bela animação aborda. É provável que muitas crianças vejam apenas a história de um touro que por ser bonzinho, não quer participar das touradas de Madrid, quer apenas...cheirar flores do campo. Opa! Carlos Saldanha, apesar de fazer um filme para as massas traz várias camadas por traz desse fofo desenho animado que inclusive é tecnicamente impecável. A gente é para o que nasce? Essa pergunta acompanha Ferdinando desde o momento em que ele foge do lugar em que nasceu pois queriam treina-lo para combater numa arena de touradas. Ele encontra uma menina que vive numa fazenda cultivando...FLORES!!! Ele se encontra na vida e ali vive feliz até quase para sempre.
É sobre a importância do amor e do afeto na vida dos seres. Com muito bom humor uma cena descreve exatamente a sensação de receber amor pela primeira vez. Uma cabra, personagem hilária, recebe pela primeira vez um abraço carinhoso e diz: nossa! Isso que é amor? A cena comove.
O filme aborda também a partir das questões de Ferdinando, o vegetarianismo, a homossexualidade e os tais valores familiares ditados pela sociedade hipócrita em que vivemos. É um filme infantil, isso tudo está subentendido, nas entrelinhas, mas acredito que o longa pode sim deixar plantadas sementinhas escondidas nas cabeças das crianças, e tenho fé que um dia elas irão brotar por um mundo melhor, como as flores de Ferdinando.
Uma Mulher Fantástica
4.1 423 Assista Agora“Não a chame de Daniel, trate ela como mulher. Chame-a pelo nome feminino.”
Transfobia. É uma palavra recorrente nos dias de hoje. Até quando uma pessoa aguenta agressões físicas e psicológicas diárias?
Marina ( Daniela Vega ), uma mulher transexual tem um namorado. Ele sofre um mal-estar e morre. Mas Marina não irá apenas lidar com o luto, ela vai enfrentar a violência da família do falecido, que não a reconhece como namorada Ela será humilhada por ser transexual por ser amante (o namorado era casado quando a encontrou) e também por ser mulher mais jovem e mais pobre.
Quantos obstáculos Marina precisa enfrentar nessa vida ordinária que leva? O filme começa com uma cena onde Orlando, o namorado dá de presente à Marina uma viagem pra Foz do Iguaçu. É o prenuncio de uma possível felicidade para uma pessoa tão exilada da sociedade. Ela passa o filme inteiro lutando por essa felicidade, que é simples: ir de mãos dadas com o ser amado para admirar a sétima maravilha do mundo. Seria simples, se não fossem as atrocidades que os seres humanos são capazes de fazer.
Visages, Villages
4.4 161 Assista Agora“Os rostos que eu vou encontrando, eu fotografo, para não perde-los nos vãos da minha memória.”
Vira e mexe eu falo sobre o quanto acho imprescindível a arte na vida de uma pessoa. Ela pode ter educação, saúde, moradia, trabalho, que também são essenciais, mas sem a arte, a vida daquela pessoa não vai além. Agnès Varda é uma cineasta que a gente se apaixona assistindo os primeiros cinco minutos de qualquer um de seus filmes. É só dar uma olhada em “Cléo das 5 as 7”e pronto, você estará apaixonado pela diretora.
Aqui o documentário retrata uma experiência fotográfica e cinematográfica de duas grandes pessoas conhecidas por questionarem a cultura da exibição das imagens: a própria cineasta, e JR, fotógrafo e criador de galerias e exposições fotográficas ao ar livre. Juntos, eles viajam por algumas regiões da França, precisamente em pequenas vilas, as “villages” do título.A magia trajetória desses dois artistas emociona tanto, mas tanto que nos faz questionar se o que vivemos até agora fez a diferença na vida de outras pessoas, se por onde passamos a mágica de estar vivo aconteceu.
O filme mostra uma coisa que é tão simples, e que nos esquecemos completamente de exercer: ser e fazer feliz. Mostrar pra alguém que essa pessoa é importante. É um filme por um mundo melhor. Ë a valorização da arte e do ser humano. Não a espécie homo sapiens, o “ser humano”.
Salve Agnès Varda!!!!
Os Iniciados
3.6 47 Assista Agora“Não está cansado de fingir ser algo que não é?”
O pai de Kwanda está preocupado com o filho, "ele é sensível demais". Por isso pede ajuda à Xolani, um operário de Queenstown, na África do Sul, que organiza o Ukwaluka: um rito de passagem no qual adolescentes são circuncidados e vivem acampados na montanha durante a recuperação. Eles devem passar por provações enquanto aprendem os códigos masculinos de sua cultura Xhosi. Kwanda, diferente dos demais iniciados, questiona todos os aspectos dessa tradição. O resumo do filme já informa o quão importante é esse filme. O diretor conta em uma entrevista que queria mostrar a intensidade das trocas físicas e emocionais que são possíveis num local como esse, com essa cultura. Na África do Sul esse ritual é um tabu, é controverso, portanto o filme provoca uma reação forte. Reação forte também sente o protagonista. Ele briga o filme inteiro consigo mesmo. O que ele acredita ser certo, passa a não parecer mais ser certo, e isso gera uma luta dentro de si mesmo.Quantas e quantas vezes nós não passamos por isso no nosso dia a dia, na nossa vida? Mas aqui a coisa é séria, são costumes milenares sendo colocado em questão. Corajoso e forte, Os Iniciados é um filme que possivelmente vai reverberar dentro de nós.
Artista do Desastre
3.8 555 Assista Agora“Eu não quero uma carreira, eu quero meu próprio planeta.”
Eu as vezes fico pensativo quando percebo quem são as pessoas que admiro. A maioria delas tem parafusos a menos na cachola. É no defeito que começo a gostar. Na área artística então nem se fala!!! Van Gogh, Janis Joplin, Lars Von Trier, Bjork...todos anjos do inferno, a lista é gigantesca! Esses citados são gênios indiscutíveis, e o filme em questão fala de um artista que não é muito genial...na verdade ele é péssimo! Cinematograficamente falando, Greg Sestero fez um dos piores filmes da história, The Room . Ed Wood virou lenda e nas mão de Tim Burton ganhou uma homenagem primorosa, depois de ver o filme você passa a admirar sua figura, seus filmes continuam ruins. Aqui acontece parecido, James Franco é o protagonista e acompanhamos a filmagem do tal péssimo filme. Maluco total, o ator, diretor, roteirista, produtor Greg Sestero é daquelas figuras impares. A cena em que ele seleciona o elenco para o seu filme é das mais engraçadas do cinema. E o filme de Franco é uma homenagem aos artistas que tem dentro deles a necessidade de fazer sua arte, tenha talento ou não, sem aquilo você não vive. É sobre esses artistas que o filme fala. A crítica que Franco faz à industria cinematográfica é real e atual. Os nãos que os atores, diretores, roteiristas levam dos grandes empresários do cinema são cruéis. Disfarçado de sátira, James Franco faz sua homenagem àqueles que sonham em terem sua obra realizada. Sestero teve, e é maravilhosamente ruim!
Corpo e Alma
3.6 223 Assista Agora“Nada demais, só dormir no mesmo quarto juntos, e ao acordar falar sobre o que sonhamos. O que acha?”
Um casal de cervos numa floresta nevada. O macho fareja a fêmea e segue adiante. Cabeças e patas de bois. Um homem uniformizado fuma. Estamos agora num matadouro. Vem da Hungria esse filme repleto de metáforas, nenhuma sem sentido, nenhuma gratuita. São fragmentos até que a história se concretize pra nós. Gosto da forma de como a diretora vai entregando os pedaços da história, os personagens trabalham num lugar onde transformam animais vivos, inteiros, em pedaços. E no centro de tudo existe um casal que se conhece no matadouro. Em comum eles têm deficiências. Ele tem um braço paralisado, ela por excesso de sensibilidade não consegue estabelecer contato com humanos. É forte, mas é simples. As imagens impressionam, muitas delas nos fazem virar o rosto, mas é a vida ali na frente, vida que muitas vezes temos também vontade de virar o rosto. No cinema ainda dá, na vida muitas vezes não.
Lucky
4.1 193 Assista Agora“Existe uma diferença entre estar solitário e sozinho.”
Lucky é um homem de 90 anos, ateu, que entra numa jornada espiritual com alguns personagens peculiares que junto com ele, habitam uma cidade do deserto americano. O personagem é vivido por Harry Dean Stanton , aqui em seu último trabalho. E que despedida!!! É tão delicado ver a construção desse personagem, que nas miudezas criadas pelo ator vamos nos aproximando cada vez mais de Lucky. Para mim o personagem significa o próprio cinema independente. Ele existe ali, sozinho, no meio do nada e acredita que não precisa de nada e ninguém mais a sua volta.
Parte da beleza do filme deve-se ao ator, mas o diretor entrega um trabalho autoral onde já cria sua assinatura. É um filme triste sem sê-lo. Graças ao diretor, o ator que já era lenda do cinema independente americano, ganha uma homenagem pela carreira brilhante que teve.
Pela Janela
3.5 57Magali Biff, que extraordinário trabalho você nos entrega aqui. Nas mãos da diretora e roteirista Caroline Leone e do também incrível Cacá Amaral como seu companheiro de cena, a atriz nos carrega jornada adentro das suas emoções. No papel de Rosa, uma mulher que após trabalhar 30 anos numa metalúrgica é despedida da noite pro dia. A vida inteira dessa mulher desaba nesse momento, e é o Zé quem irá conduzi-lá numa viagem que mudará sua percepção da vida. Rosa e Zé são personagens que cruzamos e convivemos diariamente. São brasileiros, seres humanos, somos nós. O genial filme é além de tudo urgente nesse país governado por canalhas e ladrões, que mexem na reforma trabalhista como se a vida das pessoas não significasse nada... Filme obrigatório.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista Agora“Se fazer insensível para não sentir nada? Que desperdício!”
Antes de falar sobre o filme, gostaria de falar sobre James Woods. Li que o ator está fazendo uma campanha nos Estados Unidos para que esse filme não seja assistido. Segundo ele, o filme vai contra a moral e os bons costumes da família. Ora senhor James Woods !!!! O que será que é “família” para o senhor? O que será que significa o amor para um ser que pensa assim de um filme que fala única e exclusivamente de...amor. Ainda bem que Armie Hammer, protagonista do filme já andou respondendo belamente aos absurdos do recalcado Senhor Woods. Tempos obscuros esses que vivemos. No mundo inteiro mais e mais pessoas estão se revelando intolerantes, racistas e preconceituosas. Será que na verdade nada mudou desde que o mundo é mundo, só que agora as pessoas tem vozes? Eu acredito que é por aí... Mas vamos ao filme, uma beleza rara no cinema:
Qual foi a última vez que você viu na tela uma linda história de amor? Que te arrebatou e te fez querer viver aquilo na pele? Pra dizer a verdade precisei pensar muito para lembrar, e já faz tempo que vi um filme assim. Me chame pelo seu nome, esse tão lindo e singelo filme, arrebata. Através da história de Elio , garoto de 17 anos que vive com os pais numa vila do interior da Itália nos anos 80, somos arremessados num mundo que não existe mais. Os pais de Elio hospedam um estudante americano durante um verão. E é o que basta, um verão, para que corações batam mais forte. A descoberta da sexualidade de Elio é o fio condutor da trama, mas o diretor vai além e nos leva junto naquele verão. Um verão onde ainda não existe a AIDS, portanto os medos são outros, um verão em que o amor fala mais alto do que qualquer outro sentimento. Dificilmente esse filme sairá da sua retina, pelo menos por um bom tempo , tempo esse em que vale a pena jogar tudo para o alto e se entregar a paixão pela vida.
Mulheres Divinas
3.9 38 Assista AgoraA história de Mulheres Divinas se passa num pequeno vilarejo suíço, em 1971, onde se discute o direito de voto das mulheres, algo que será decidido pelos homens do país. Pois é, o direito das mulheres nas mãos dos homens. A revolução feminina em ebulição ao redor do mundo enquanto esse vilarejo continua no limbo se tratando em direitos das mulheres.
Não por acaso, a protagonista aqui se chama Nora ( MarieLeuenberger ), como no espetáculo Casa de Bonecas, de Ibsen, onde essa outra Nora vive para satisfazer os prazeres dos filhos e do marido, até decidir romper isso e decidir der feliz. Uma cena do filme representa muito bem essa ruptura inspirada em Ibsen, após o jantar, Nora se levanta e diz para os filhos e marido lavarem os pratos pois ela vai ler e descansar. Eles ficam perplexos com essa atitude. A sociedade machista dos dias de hoje ainda age assim, mas o filme retrata uma época que sociedade, governo e religião ditavam essas regras, as leis sobre os direitos das mulheres evoluíram, mas os seres humanos, em alguns casos, nem tanto.
O Destino de Uma Nação
3.7 722 Assista AgoraFiz questão de aguardar a estreia de O destino de uma nação para ver, no mesmo dia, Churchill. Ambos do Reino Unido e ambos de 2017. O primeiro estreia já vencedor de vários prêmios e aposta certa que irá estar entre os candidatos ao Oscar, o segundo é mais singelo no sentido midiático, estreou no Brasil ano passado e não causou muito frisson. Acho os filmes complementares e é realmente interessante assisti-los juntamente. A obra de Joe Wright é mais comovente. Ele é um diretor espetaculoso, traz os fatos históricos para o mundo do espetáculo, é só lembrar de Anna Karenina ou Desejo e Reparação. O poder de seus filmes está na beleza e na emoção das imagens, só que nesse seu novo trabalho ele conta com um ator monstruosamente talentoso: Gary Oldman . A câmera de Wright cola no Chruchill de Oldman do inicio ao fim e você não consegue, e não quer, parar de olhar pra ele. Então o dono do espetáculo aqui é Gary Oldman que nos leva as lágrimas com esse personagem fascinante. Do outro lado temos Brian Cox no filme que leva no título o nome do personagem. Mas o filme de Jonathan Teplitzky é mais burocrático e até mesmo didático, por isso assistimos com um pouco mais de distanciamento mas não com menos interesse. Brian Cox também é um excelente ator e junto com Miranda Richardson faz algumas cenas que até superam o casal do outro filme, onde a esposa é interpretada pela ótima Kristin Scott Thomas , porém a direção aqui não vai além do convencional, limitando os atores a representarem os fatos históricos. É como se Churchill fosse uma aula de história muito bem elaborada e bem contada através de um sério livro, e O destino de uma nação fosse a mesma aula, porém extraída de um diário intimo do próprio Winston Churchill.
Ninguém Está Olhando
3.3 36São muitas as interpretações que podemos fazer sobre esse belo filme.
Nico ( Guillermo Pfening) é ator e deixa a Argentina para tentar a sorte em Nova York, na expectativa de estrelar o novo filme de um diretor-revelação mexicano e, ao mesmo tempo, esquecer o diretor da novela que fazia em seu país, com quem tinha um caso amoroso.
A produção do filme é adiada e entre trabalhos como garçom e babá do filho de uma amiga a tal sorte nunca aparece. O roteiro rodeia os clichês de uma das muitas histórias de imigrantes contadas no cinema, mas a diferença aqui é que tudo está muito próximo de nós. As emoções, na verdade angústias, vividas pelo personagem é filmada de uma forma muito sincera, real. O que mais pesa pra Nico pra mim é a solidão, mas não acho que isso é por ter ido morar num país estrangeiro, a solidão de Nico está nele e naquele momento o acompanharia por onde estivesse.
120 Batimentos por Minuto
4.0 190 Assista AgoraComo foi difícil assistir esse filme. Tudo o que é mostrado ali na tela, vivi no meu dia a dia na década de 90. Então foi uma viagem ao passado com direito a trilha sonora, cheiros, sabores e emoções compartilhadas com aqueles personagens ali mostrados. A história é sobre o grupo ativista francês Act Up, e suas lutas pelos direitos dos soropositivos. Mas o trabalho do diretor e do incrível elenco vai muito além, o coração vem até a boca com a atmosfera criada pelo roteiro. Lembro que quando a #AIDS surgiu, escola, governo, igreja e mídia diziam ser a doença dos gays e prostitutas, ponto final. Para adolescentes que descobriam sexualidade naquele momento, ficava confuso. “Então, se sou gay, posso pegar essa doença.” Era isso. O medo estava instalado nas nossas mentes. Foi então, através de um texto da Madonna, que vinha no encarte do disco Like A Prayer, eu comecei a entender que não era uma doença transmitida pelos gays e sim de todo ser humano que tivesse contato sexual sem proteção ou que compartilhasse uma agulha com alguém infectado. Santa Madonna esclareceu pra mim que era só botar camisinha e ser feliz. Quis colocar esse relato pessoal porque o filme fala exatamente sobre isso, sobre as informações que não eram divulgadas para a população, fora os absurdos cometidos pela igreja, que proibia a camisinha e por aí vai... O filme vem em um momento delicado e urgente onde cresce o número de jovens infectados pelo vírus HIV. Temos que falar sobre a AIDS!
The Square - A Arte da Discórdia
3.6 318 Assista AgoraJá te tiraram da zona de conforto? Não o simples conforto, mas te tirar do seu lugar seguro, aquele que você acredita que estará pelo todo sempre. The Square toca nessa ferida profundamente. Um fato imprevisível nos faz mostrar realmente quem somos. Coloque uma pessoa boa, humana, de bom coração, numa situação que foge abruptamente do controle, e você verá ali naquele instante quem é essa pessoa. Aqui no caso o foco está na atitude tomada pelo curador de um museu ao perceber que foi vítima de um golpe e teve os pertences roubados. Christian consegue rastrear o celular e decide enviar uma carta colocando sob suspeita todos os moradores do edifício onde o aparelho se encontra, na periferia de Estocolmo. Esse fato vai desencadear uma avalanche de emoções na vida de Christian e das pessoas ao seu redor. No filme anterior do diretor, #ForcaMaior, ele usa uma avalanche real para tirar um indivíduo do lugar comum, o filme é incrível, mas esse agora é ainda melhor. O tal “mundo ideal” , cheio de boas intenções que as pessoas tanto falam mas não fazem, cai por terra e se torna utópico na vida do protagonista.É um filme provocador? Sim, o diretor causa náuseas, incômodo, pessoas saem do cinema numa das cenas mais provocantes, onde um homem faz uma performance num jantar de gala, onde todos estão seguros e de num piscar de olhos se veem como são por dentro. Você já se viu por dentro? É aterrorizante. O filme também é brilhantemente apavorante.
Com Amor, Van Gogh
4.3 1,0K Assista AgoraQue deleite! Apesar de simples na narrativa, o filme enche os olhos de quem ama esse artista tão essencial. Que vida!
Memória dos Campos
4.6 15Há tempos um filme não me deixava sem dormir. Esse documentário causou uma ruptura dentro de mim. É possível que cause isso em todos os que puderem e conseguirem assistir até o fim esse doloroso trabalho onde as imagens falam por si. Se você acha que já sofreu com as histórias sobre o holocausto contadas no cinema, aqui você irá encontrar uma realidade nunca imaginada.
Mãe Só Há Uma
3.5 408 Assista AgoraÉ sobre dor.
É sobre perdas(e o que se ganha com elas).
É sobre amor.
É sobre humanos(e o que se perde com eles).
Incrivelmente dirigido, e emocionalmente interpretado.
Mãe Só Há Uma...