Incomodou as pessoas certas: a direita que tem testosterona no lugar dos neurônios e a esquerda que quer policiar a arte, quem faz arte e como faz arte.
O filme, em si, é bem bom! Peca bastante em algumas coisas, isso frustra pq tinha potencial pra ser obra-prima, mas tá ótimo!
"Para evitar arrependimento, levei Padilha para a cidade, vigiei-o durante a noite. No outro dia, cedo, ele meteu o rabo na ratoeira e assinou a escritura. Deduzi a dívida, os juros, o preço da casa, e entreguei-lhe sete contos e quinhentos e cinquenta milréis. Não tive remorsos."
Adaptação digna de uma obra-prima do Graciliano Ramos. A segunda, por sinal. Casos raríssimos onde, tanto livro quanto filme, são obras-primas!
Uma boa ideia, ainda que batida, pode dar certo demais quando o filme assume uma abordagem inovadora. O filme começa assim, brincando com convenções de gênero e tudo mais, e no fim das contas parece que o diretor desanima e fala "ah, vamo concluir essa porra de qualquer jeito mesmo" o que resulta numa total porcaria. Uma pena.
Alguns dos mais complexos dramas do cinema atual estão surgindo com os rótulos de "pós-terror" ou "folk horror".
Esse filme é extremamente poético! Não há uma linha que mudar em absolutamente nada. A narração em off (que faz total sentido) parece uma atriz lendo uma livro de poesias locais com pérolas nunca antes vistas. A montagem, que pode parecer confusa em alguns momentos, traz à tona o sentimento de mundo da personagem principal. Todas as atuações são genuínas, sem exageros. A direção de arte é ciente do potencial que tem em mãos, graças a um cenário natural tão belo, então não toma a beleza do filme para si. A fotografia idem, com a luz natural. A trilha sonora, que vai de Zbigniew Preisner a Arvo Pärt, consegue engrandecer em beleza o filme. E a direção parece ser de um cara com décadas de estrada.
Tudo no lugar certo, no momento certo. Prum primeiro longa, Goran Stolevski está mais que de parabéns!
O vizinho do lado diz que falta a Dave fé. "Não tipo Budismo ou Catolicismo, mas em si mesmo." Em seguida o desafia: faça algo hoje que você não costuma fazer. O letárgico Dave sai da sua zona de conforto para uma jornada que não lhe pertence, mas que se torna sua a partir do momento em que ele age.
Ao intervir no destino assumindo um papel que é de outro, Dave vê as duas realidades - a sua, com seu passado, seus fantasmas e sua passividade e a do outro, o ausente e desconhecido gerente de um hotel que não funciona - se fundirem.
A chave da psique de Dave está no diálogo com a dona da funerária: - Qual caixão você gostaria? - Um que feche.
O filme é uma Farsa contemporânea, e desempenha muito bem esse papel com humor genuíno e elevado, contrastando sempre com a morbidez visual e temática. O personagem principal, uma criança em corpo de adulto, que parou no tempo com a morte do pai (ou que, numa interpretação mais espírita, encontra-se no Umbral), vaga entre um mundo material putrefeito e um outro fantasmagórico, alucinatório, surreal e imaterial, confundindo-os. Não sabe o que é morte e o que é vida porque desconhece a linha tênue que separa o animado do inanimado. O ambiente está em decomposição, e por esse cenário transitam inúmeros fantasmas. A decadência de Davel é tamanha que ele chega ao ponto de, nessa fusão fantasia/fantasmas + material/morte, reencenar (talvez para seu próprio entendimento de "vida" ou "existência") a evolução humana: aprisionado (prisão dentro da prisão - selva no fundo do mar) e sendo observado por figuras femininas, Dave retorna ao animal e dali, pelo contato com o único elemento externo de todo o filme (Nora), começa a ser, de novo, humano e pelo contato com a vida em formação, através de um filho, volta ele também a ser vivo - ou coisa parecida, já que ele cava com as próprias mãos a camada de terra e grama para voltar a pisar o chão encardido do hotel. Isso se dá numa representação horrenda do Éden. Tudo acontece de forma tão arbitrária e aleatória quanto num pesadelo.
Em seguida, após concluir a jornada, Dave volta a seu papel, como numa personagem que, ou Pirandello riscou de "Seis Personagens à Procura de um Autor", ou caiu de paraquedas na peça "Sem Saída" de Sartre.
Pode-se dizer que o tema da obra é a existência, ou a ausência desta: a morte. Ou que Dave alucinava por causa do ar tomado pelas partículas do mofo das paredes? Pode-se dizer muito sobre o filme, mas compreender muito pouco. Felizmente, não é preciso compreender para apreciar e esse filme é, além de tudo, extremamente divertido e até mesmo agradável!
O diretor usa muito bem o grotesco para construir um universo surreal, no espaço reduzido de um hotel. Apesar da ótima edição, da boa montagem, de cenário e figurinos bastante originais e fortes, de uma direção de arte qualificada, da fotografia equilibrada e da direção segura, o filme talvez passasse melhor como peça de teatro.
Um absurdo! Esse filme deveria ter 30 horas. Soljenítsin é INTERMINÁVEL! De uma sapiência ungida. Poético até no silêncio ou fora de cena. Profundo do olhar às mais brandas palavras sobre os mais abjetos assuntos. Que artista! Parabéns a Sokurov por ter dado voz e homenageado não apenas Soljenítsin, mas também Tarkóvski, dois dos maiores poetas (na acepção mais sublime do termo) do século XX, que foram terrivelmente perseguidos e arrancados da pátria que tanto amavam.
Poderia ter explorado melhor a razão desse esquecimento planejado do Festival. Os shows são fabulosos, em especial Stevie Wonder com 19 anos e Sly & The Family Stone, e a Nina Simone parece estar em outra dimensão, acima dos humanos.
The Amazing Transplant
2.9 2 Assista AgoraSensacional!
Doris Wishman escarrando a masculinidade frágil lá pelos anos 60.
O Bingo Macabro
2.1 543 vivas ao cinema anticapitalista e anticolonialista!
Porém, bem ruinzinho!
Vizinhos
2.2 84Me identifiquei com o personagem do Hassum.
#misofonia
Morte Morte Morte
3.1 638 Assista AgoraMelhor filme made in Hollywood do ano.
Sátira ácida, crítica e engraçada, sem perder o suspense!
Os Monstros
2.3 32 Assista AgoraMelhor Rob Zombie desde Halloween 2
Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro
4.1 3,5K Assista AgoraTá aí, explícito pra quem tem olhos.
E ainda vai haver gente votando num miliciano pra ser reeleito presidente do país.
Tropa de Elite
4.0 1,8K Assista AgoraO filme brasileiro mais visto e mais mal visto dos últimos 20 anos.
Shark Side of the Moon
2.2 7Talvez o melhor filme de 2022.
Tem que ter muito talento pra juntar tanta tosqueira e maluquice num filme só!
Ainda assim, decepcionou, pq nessa de empilhar absurdos, faltou um pouco de coesão e de tom.
Men: Faces do Medo
3.2 403 Assista AgoraIncomodou as pessoas certas: a direita que tem testosterona no lugar dos neurônios e a esquerda que quer policiar a arte, quem faz arte e como faz arte.
O filme, em si, é bem bom! Peca bastante em algumas coisas, isso frustra pq tinha potencial pra ser obra-prima, mas tá ótimo!
Bill Burr: Ao Vivo no Red Rocks
3.6 6 Assista AgoraPô, Bill... Roubou uma piada do Louis CK no finalzinho do ato
Dave Chappelle: Um Nome
3.9 1"I used to think Dave Chapelle was the next Pryor. Now I think he’s the next MLK. Very proud to count you as a freind, Dave."
Norm MacDonald, 12/06/2020
A Tristeza
3.4 230Um comentário óbvio mas que pode ajudar a quem não sacou o conteúdo político do filme: os zumbis são os bolsominions.
Norm Macdonald: Nothing Special
4.1 2 Assista AgoraNorm é único
O Homem do Norte
3.7 945 Assista AgoraLegal.
Agora pode voltar pro terror, Eggers.
David Spade: Não é Pessoal
3.0 2 Assista AgoraRegular. Primeiro stand-up que eu vejo do David Spade, não animei muito a assistir os outros.
São Bernardo
4.1 66"Para evitar arrependimento, levei Padilha para a cidade, vigiei-o durante
a noite. No outro dia, cedo, ele meteu o rabo na ratoeira e assinou a escritura.
Deduzi a dívida, os juros, o preço da casa, e entreguei-lhe sete contos e
quinhentos e cinquenta milréis. Não tive remorsos."
Adaptação digna de uma obra-prima do Graciliano Ramos. A segunda, por sinal. Casos raríssimos onde, tanto livro quanto filme, são obras-primas!
Monstruoso
2.5 29Uma boa ideia, ainda que batida, pode dar certo demais quando o filme assume uma abordagem inovadora. O filme começa assim, brincando com convenções de gênero e tudo mais, e no fim das contas parece que o diretor desanima e fala "ah, vamo concluir essa porra de qualquer jeito mesmo" o que resulta numa total porcaria. Uma pena.
Você Não Estará Só
3.6 125 Assista AgoraAlguns dos mais complexos dramas do cinema atual estão surgindo com os rótulos de "pós-terror" ou "folk horror".
Esse filme é extremamente poético! Não há uma linha que mudar em absolutamente nada.
A narração em off (que faz total sentido) parece uma atriz lendo uma livro de poesias locais com pérolas nunca antes vistas. A montagem, que pode parecer confusa em alguns momentos, traz à tona o sentimento de mundo da personagem principal. Todas as atuações são genuínas, sem exageros. A direção de arte é ciente do potencial que tem em mãos, graças a um cenário natural tão belo, então não toma a beleza do filme para si. A fotografia idem, com a luz natural. A trilha sonora, que vai de Zbigniew Preisner a Arvo Pärt, consegue engrandecer em beleza o filme. E a direção parece ser de um cara com décadas de estrada.
Tudo no lugar certo, no momento certo.
Prum primeiro longa, Goran Stolevski está mais que de parabéns!
Lago Bodom
2.8 57 Assista AgoraFilmaço!
Acaba passando do ponto nos plot twists e nas ideias de reconstrução, mas só
Hotel Poseidon
2.9 5O vizinho do lado diz que falta a Dave fé. "Não tipo Budismo ou Catolicismo, mas em si mesmo." Em seguida o desafia: faça algo hoje que você não costuma fazer. O letárgico Dave sai da sua zona de conforto para uma jornada que não lhe pertence, mas que se torna sua a partir do momento em que ele age.
Ao intervir no destino assumindo um papel que é de outro, Dave vê as duas realidades - a sua, com seu passado, seus fantasmas e sua passividade e a do outro, o ausente e desconhecido gerente de um hotel que não funciona - se fundirem.
A chave da psique de Dave está no diálogo com a dona da funerária:
- Qual caixão você gostaria?
- Um que feche.
O filme é uma Farsa contemporânea, e desempenha muito bem esse papel com humor genuíno e elevado, contrastando sempre com a morbidez visual e temática. O personagem principal, uma criança em corpo de adulto, que parou no tempo com a morte do pai (ou que, numa interpretação mais espírita, encontra-se no Umbral), vaga entre um mundo material putrefeito e um outro fantasmagórico, alucinatório, surreal e imaterial, confundindo-os. Não sabe o que é morte e o que é vida porque desconhece a linha tênue que separa o animado do inanimado.
O ambiente está em decomposição, e por esse cenário transitam inúmeros fantasmas.
A decadência de Davel é tamanha que ele chega ao ponto de, nessa fusão fantasia/fantasmas + material/morte, reencenar (talvez para seu próprio entendimento de "vida" ou "existência") a evolução humana: aprisionado (prisão dentro da prisão - selva no fundo do mar) e sendo observado por figuras femininas, Dave retorna ao animal e dali, pelo contato com o único elemento externo de todo o filme (Nora), começa a ser, de novo, humano e pelo contato com a vida em formação, através de um filho, volta ele também a ser vivo - ou coisa parecida, já que ele cava com as próprias mãos a camada de terra e grama para voltar a pisar o chão encardido do hotel. Isso se dá numa representação horrenda do Éden.
Tudo acontece de forma tão arbitrária e aleatória quanto num pesadelo.
Em seguida, após concluir a jornada, Dave volta a seu papel, como numa personagem que, ou Pirandello riscou de "Seis Personagens à Procura de um Autor", ou caiu de paraquedas na peça "Sem Saída" de Sartre.
Pode-se dizer que o tema da obra é a existência, ou a ausência desta: a morte.
Ou que Dave alucinava por causa do ar tomado pelas partículas do mofo das paredes?
Pode-se dizer muito sobre o filme, mas compreender muito pouco. Felizmente, não é preciso compreender para apreciar e esse filme é, além de tudo, extremamente divertido e até mesmo agradável!
O diretor usa muito bem o grotesco para construir um universo surreal, no espaço reduzido de um hotel. Apesar da ótima edição, da boa montagem, de cenário e figurinos bastante originais e fortes, de uma direção de arte qualificada, da fotografia equilibrada e da direção segura, o filme talvez passasse melhor como peça de teatro.
Diálogos com Solzhenitsyn
4.2 4Um absurdo!
Esse filme deveria ter 30 horas. Soljenítsin é INTERMINÁVEL!
De uma sapiência ungida. Poético até no silêncio ou fora de cena. Profundo do olhar às mais brandas palavras sobre os mais abjetos assuntos.
Que artista!
Parabéns a Sokurov por ter dado voz e homenageado não apenas Soljenítsin, mas também Tarkóvski, dois dos maiores poetas (na acepção mais sublime do termo) do século XX, que foram terrivelmente perseguidos e arrancados da pátria que tanto amavam.
Deadly Water
0.5 3https://www.imdb.com/title/tt12146654/
Summer of Soul (...ou, Quando A Revolução Não Pôde Ser …
4.3 61 Assista AgoraPoderia ter explorado melhor a razão desse esquecimento planejado do Festival.
Os shows são fabulosos, em especial Stevie Wonder com 19 anos e Sly & The Family Stone, e a Nina Simone parece estar em outra dimensão, acima dos humanos.
Fallen
1.2 4Baby Doll:
https://www.imdb.com/title/tt15791176/?ref_=nm_flmg_act_2
Fallen:
https://www.imdb.com/title/tt16913072/