Cuarón encontrou uma máquina do tempo e embarcou nela com os atores e sua equipe para 1970. Somente isso explica a reconstituição de época exuberante que ele conseguiu captar nesse filme. Esse "detalhe" magnífico por si só justifica um Oscar.
Vi nos comentários que outras pessoas passaram pela mesma coisa que eu passei: uma volta à infância. Especialmente que a viveu na década de 70, acredito. Esse outro "detalhe" é outro aspecto positivo desse filme e que já vale mais um Oscar.
Eu me vi naqueles meninos diversas vezes. Vi minha mãe, minhas avós. Vi Gilda e Dora, minhas "Cleos", e muitas outras empregadas da minha família, de vizinhos ou de casas de amigos. Mulheres muitas vezes sem cara, sem nome, sem história -- mas que tiveram um papel fundamental no fino tecido da nossa sociedade e da família brasileira de classe média. É essa mulher que está em primeiro plano em Roma. Afinal, ela nunca esteve nesse lugar, nem mesmo considerando sua própria vida. Mais um Oscar por esse ponto. E pela sensibilidade com que conseguiram viver tudo isso, atores e diretores, outro Oscar.
Li muitos comentários reclamando do filme: do ritmo, da falta de ações, da ausência de um desfecho. Bom, ninguém agrada a todos. Há quem prefira filmes que tenham uma narrativa "didática", com tudo bem explicado, bem clichê, e um final feliz. Roma não é assim. Roma é um "retrato" de uma família de classe média daquela época. Parece pouco, mas não é. É preciso mergulhar nas sensações e deixar a sua própria história de vida guiar as interpretações.
Se eu pudesse dizer alguma coisa para Shyamalan, eu diria: Nem tudo que funciona em quadrinhos, funciona em cinema.
São linguagens, espaços, tempos diferentes.
Esse é o maior problema de Vidro, na minha opinião.
Outra coisa: sinceramente, eu acho que a ideia de conectar os dois primeiros filmes e fazer uma trilogia surgiu no meio de Fragmentado. Muita coisa é forçada para se encaixar, e outras, abandonadas para não comprometer o fraco "fio da meada".
Não duvido se surgir um quarto filme. A Liga de alguma coisa...
Concordo com a maioria dos comentários quanto a baixa qualidade dos diálogos e dos atores.
Um tema que poderia ser melhor aprofundado. Porém, 50 personagens e rodadas de decisão a cada 2 minutos não permitiram isso. Havia uma "dinâmica de grupo" muito usada em cursos da década de 90 em que os participantes deveriam escolher pessoas de acordo com perfis pré-indicados que seriam salvas em um abrigo nuclear no caso de uma guerra iminente. Dava boas discussões sobre ética e filosofia. Pensei que o filme entraria por esse caminho, mas restou-me frustração ao final.
Quanto a afirmação de que as pessoas que o membro salvo encontra após se libertar seriam também pessoas que teriam se salvado de outros círculos, por serem em sua maioria crianças e grávidas, tenho dúvidas.
Penso que há uma falha no argumento: se a grávida vale por duas pessoas -- ela e o bebê -- ela jamais se salvaria. Se ela fosse a única a ficar no círculo, teria que "escolher" seu filho. Enfim, um paradoxo. Que aliás poderia ter sido levantado por algum participante do jogo.
Como registro de um importante momento histórico, achei fraco, impreciso e vago. Como cinema, vi qualidades. O eficiente e inteligente uso de espelhos, as locações, a metáfora da tourada, a fotografia e a trilha sonora, econômica porém surtindo um belo efeito dramático. As atuações todas e o casting em geral deixaram a desejar. Alguns textos me confundiram, não sei se houve erro na tradução das legendas. Valeu à pena e recomendo.
Fui totalmente surpreendido pelo filme. Não havia lido nada a respeito antes e estava “desarmado” quando as luzes apagaram para o filme começar. Alguns amigos haviam gostado, outros não, mas sem maiores comentários. Eu esperava o tradicional…
E, de fato, o filme se constrói em cima dessa tradição do terror. Mas não é apenas isso… É de tradição mesmo que o filme trata! Os mitos e suas raízes. Uma leitura sobre as origens das superstições, lendas e histórias.
Fiquei até me perguntando se o filme não inaugura um novo gênero: Terror histórico. Quem tiver mais bagagem, peço que me esclareça.
A proposta é nos manter tensos já a partir dos primeiros minutos. Quando a família é banida e cruza os portões da comunidade, a trilha sonora já comunica: sintam medo. Afinal, em uma época em que a ciência e a lógica formal eram tão pouco desenvolvidas, tudo deveria ser mesmo assustador. Então vemos a família desaparecendo como sombra na penumbra da floresta, que depois irá realmente engoli-los. A opressão do desconhecido. Daí para a frente tudo será suspense, claustrofobia, expectativa. Poucos sustos, é verdade, o que para mim foi um alívio.
Vemos a confusão de crenças que existia em uma família típica do século XVII. A fragilidade diante do estranho e do desconhecido. Uma simples brincadeira, a acusação de uma criança, uma pequena mentira… Tudo poderia desencadear reações desproporcionais motivadas pelo medo e pelas superstições. Os animais, as árvores, a floresta… O sangue da menstruação… Todos reais e ao mesmo tempo imaginários.
Quando Caleb ser perde na floresta, ele encontra a “bruxa má”, disfarçada sob a forma de uma mulher atraente que o seduz. Em seguida, percebemos tratar-se de uma velha quando ela o abraça. Depois, ele cuspirá a “maça envenenada”. Mito que guarda profunda relação com o da maçã de Adão e Eva e da serpente “má”, que expulsou a humanidade do paraíso.
Como sempre, na sociedade patriarcal, quem paga “as contas” são as mulheres. Não por acaso a jovem Thomasin encontra outro grupo de bruxas à beira de uma imensa fogueira, quando todas são alçadas aos céus.
Alguém pode questionar o que explica determinados “fenômenos” e imagens que vemos no filme: o celeiro destruído, o corvo devorando o seio etc. Não é necessário explicar. As explicações não interessam, pois nada disso é racional. O imaginário é rico nessas visões e projeções. Séculos depois, Freud acompanharia a evolução do diagnóstico dos surtos e da histeria, para a partir disso desenvolver a sua teoria fundamental, a psicanálise.
Signos é o que não falta no filme. O bode preto com os longos chifres que tão bem representa Lúcifer. O cálice “sagrado”. O sacrifício do filho de Abraão não está ali por acaso. A “santa ceia”... Alguém mais viu Cristo por ali?
Um ponto de destaque para mim foi a fotografia! Que luz! Que cores! Na cena final, o rosto de Thomasin adquire contorno fantasmagóricos apenas com as projeções de luz e sombras! Fantástico!
Nos créditos finais, a informação crucial: tudo foi construído com base em documentos e relatos! Genial.
Desculpem a repetição, mas gostaria de estruturar melhor minha avaliação sobre o novo filme de Tarantino. Já havia comentado antes, mas apenas com fragmentos de algumas percepções.
Tarantino é reconhecido por fazer críticas políticas e sociais através do cinema, usando metáforas, personagens cuidadosamente construídos, textos, contextos e estética, além de brincadeiras e charadas que esconde nos diálogos, passagens e tramas. Eu considero seu trabalho como diretor meticuloso e determinado. Ele não parte do nada; sabe onde quer chegar.
Primeiro, acho que Tarantino aproveita a oportunidade para brincar com o fato desse ser seu oitavo filme. Por causa das abordagens que faz e do estilo dos seus filmes, ele atrai um mar de críticos. Os oito odiados, portanto, também poderiam ser seus oito trabalhos. Odiados, é claro, por todos aqueles que são alvos de suas ácidas críticas ou não aceitam sua estética e forma de direção.
Mas, acho que ele quis ir além... Fica evidente que ele está botando o dedo em algumas feridas que resistem nos EUA desde a guerra da secessão (mas que valem para outras partes do mundo, inclusive para o Brasil!). Em recente entrevista, ele compara a bandeira dos Confederados à Suástica dos nazistas. E costuma atacar conservadores, fascistas e reacionários. Há uma onda de ódio (racismo, xenofobismo etc), que tornou-se mais visível com a internet (principalmente pelas redes sociais), cujos elementos multiplicadores são denominados de "haters". Então, eu acho que os 8 odiados são (sem ordem de prioridade):
1. Pretos (crítica ao racismo) 2. Mulheres (crítica ao machismo, apoio ao feminismo) 3. Imigrantes, no caso do filme, mexicanos (crítica ao xenofobismo) 4. Índios (crítica ao genocídio dos habitantes nativos da América) 5. Yankees (americanos do norte, que conquistaram uma rendição "incondicional") 6. Velhos (frequentemente abandonados) 7. A justiça (que impede a "justiça de fronteira", ou seja, aquela que é feita pelas próprias mãos 8... E o oitavo, quem seria?
Meu palpite é que o oitavo é ele próprio: Quentin Tarantino!
Quem odeia são todos os que citei acima: conservadores, fundamentalistas religiosos, reacionários e fascistas, além de racistas, machistas, xenofóbicos, confederados etc.
Não por acaso, o que considerei B-R-I-L-H-A-N-T-E, o filme começa com a imagem de Jesus Cristo encobrindo os protagonistas, que vão se revelando aos poucos (ao longo de todo o filme). Vejo nisso uma referência à hipocrisia dos "haters". Afinal, Jesus é o símbolo universal do AMOR, entre os cristãos. E quantos crimes de ódio foram cometidos amparados por essa cruz?
Por falar nisso, será que somente eu vi um turbante da KKK no cristo crucificado?
(*) Em um dos diálogos, há um texto que fala sobre os velhos na sociedade. Não consegui memorizar. Se alguém lembra, peço que passe para mim nos comentários.
Em alguns comentários que vi por aqui, as pessoas destacam muito a Daisy Domergue (pela merecida atuação da Jennifer Jason Leigh), mas esquecem de comentar outra personagem mulher que também tem importância nos argumentos de Tarantino: a Six-Horse Judy, interpretada pela Zoe Bell.
As tomadas externas são deslumbrantes! Esse detalhe já valeu para justificar a escolha do praticamente extinto formato Super Panavision 70. Por coincidência, assisti My Fair Lady há poucos dias e a referência ao uso dessa mesma tecnologia logo nos créditos iniciais de Os Oito Odiados chamou minha atenção, pois é algo também destacado no filme anterior. Não sou técnico, nem especialista nessa área, mas procurei me informar a respeito.
Uma cena maravilhosa é a dos cavalos preto e branco correndo lado a lado puxando a carruagem, em slow motion. Detalhes típicos de QT!
Várias atuações são dignas de menção. Poucos concordarão comigo, mas achei Kurt Russell estupendo no papel.
"Quero ouvir o pescoço dela quebrando com meus próprios ouvidos" Q. Tarantino
Em tempo: alguém sabe explicar o que aconteceu com o gato?... rsrs
"Porque a batalha é longa e eles são muitos. Mas nós somos muitos mais, sempre seremos muitos mais. O amanhã é nosso, camaradas!"
A cena de reunião mais bem filmada. Uma das cenas de despedida mais emocionante. Um final (e a conexão da história com o final) genial.
Um filme emocionante!
Nos 20 anos da videolocadora Planeta Vídeo, fui brindado por essa indicação de Júnior, que por coincidência também completa 20 anos de seu lançamento em 2015.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraCuarón encontrou uma máquina do tempo e embarcou nela com os atores e sua equipe para 1970. Somente isso explica a reconstituição de época exuberante que ele conseguiu captar nesse filme. Esse "detalhe" magnífico por si só justifica um Oscar.
Vi nos comentários que outras pessoas passaram pela mesma coisa que eu passei: uma volta à infância. Especialmente que a viveu na década de 70, acredito. Esse outro "detalhe" é outro aspecto positivo desse filme e que já vale mais um Oscar.
Eu me vi naqueles meninos diversas vezes. Vi minha mãe, minhas avós. Vi Gilda e Dora, minhas "Cleos", e muitas outras empregadas da minha família, de vizinhos ou de casas de amigos. Mulheres muitas vezes sem cara, sem nome, sem história -- mas que tiveram um papel fundamental no fino tecido da nossa sociedade e da família brasileira de classe média. É essa mulher que está em primeiro plano em Roma. Afinal, ela nunca esteve nesse lugar, nem mesmo considerando sua própria vida. Mais um Oscar por esse ponto. E pela sensibilidade com que conseguiram viver tudo isso, atores e diretores, outro Oscar.
Li muitos comentários reclamando do filme: do ritmo, da falta de ações, da ausência de um desfecho. Bom, ninguém agrada a todos. Há quem prefira filmes que tenham uma narrativa "didática", com tudo bem explicado, bem clichê, e um final feliz. Roma não é assim. Roma é um "retrato" de uma família de classe média daquela época. Parece pouco, mas não é. É preciso mergulhar nas sensações e deixar a sua própria história de vida guiar as interpretações.
Vidro
3.5 1,3K Assista AgoraSe eu pudesse dizer alguma coisa para Shyamalan, eu diria: Nem tudo que funciona em quadrinhos, funciona em cinema.
São linguagens, espaços, tempos diferentes.
Esse é o maior problema de Vidro, na minha opinião.
Outra coisa: sinceramente, eu acho que a ideia de conectar os dois primeiros filmes e fazer uma trilogia surgiu no meio de Fragmentado. Muita coisa é forçada para se encaixar, e outras, abandonadas para não comprometer o fraco "fio da meada".
Não duvido se surgir um quarto filme. A Liga de alguma coisa...
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraPan Am
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraAlguém mais viu um anjo em K através dos olhos de Luv no instante da sua morte?
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraIndicado para adolescentes de 14/15 anos.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraSAIA DE CIMA DA PIA, AINDA NÃO ESTÁ FIXA.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraDeus fudeu a natureza.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraO Adágio de Albinoni engrandece qualquer filme!
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraViva Caetano Veloso!!!
Elis
3.5 522 Assista AgoraRoteiro caótico. Elis merecia mais. Algumas omissões são inaceitáveis, como a de Jobim, por exemplo.
Circle
3.0 683 Assista AgoraConcordo com a maioria dos comentários quanto a baixa qualidade dos diálogos e dos atores.
Um tema que poderia ser melhor aprofundado. Porém, 50 personagens e rodadas de decisão a cada 2 minutos não permitiram isso. Havia uma "dinâmica de grupo" muito usada em cursos da década de 90 em que os participantes deveriam escolher pessoas de acordo com perfis pré-indicados que seriam salvas em um abrigo nuclear no caso de uma guerra iminente. Dava boas discussões sobre ética e filosofia. Pensei que o filme entraria por esse caminho, mas restou-me frustração ao final.
Quanto a afirmação de que as pessoas que o membro salvo encontra após se libertar seriam também pessoas que teriam se salvado de outros círculos, por serem em sua maioria crianças e grávidas, tenho dúvidas.
Penso que há uma falha no argumento: se a grávida vale por duas pessoas -- ela e o bebê -- ela jamais se salvaria. Se ela fosse a única a ficar no círculo, teria que "escolher" seu filho. Enfim, um paradoxo. Que aliás poderia ter sido levantado por algum participante do jogo.
Acossado
4.1 510 Assista Agora"Qual a sua maior ambição na vida? -- Tornar-me imortal e depois morrer."
Cidadão Kane
4.3 990 Assista AgoraTudo que é sólido se desmancha no ar.
O Assassinato de Trotski
3.2 12Como registro de um importante momento histórico, achei fraco, impreciso e vago.
Como cinema, vi qualidades. O eficiente e inteligente uso de espelhos, as locações, a metáfora da tourada, a fotografia e a trilha sonora, econômica porém surtindo um belo efeito dramático.
As atuações todas e o casting em geral deixaram a desejar.
Alguns textos me confundiram, não sei se houve erro na tradução das legendas.
Valeu à pena e recomendo.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraFui totalmente surpreendido pelo filme. Não havia lido nada a respeito antes e estava “desarmado” quando as luzes apagaram para o filme começar. Alguns amigos haviam gostado, outros não, mas sem maiores comentários. Eu esperava o tradicional…
E, de fato, o filme se constrói em cima dessa tradição do terror. Mas não é apenas isso… É de tradição mesmo que o filme trata! Os mitos e suas raízes. Uma leitura sobre as origens das superstições, lendas e histórias.
Fiquei até me perguntando se o filme não inaugura um novo gênero: Terror histórico. Quem tiver mais bagagem, peço que me esclareça.
A proposta é nos manter tensos já a partir dos primeiros minutos. Quando a família é banida e cruza os portões da comunidade, a trilha sonora já comunica: sintam medo. Afinal, em uma época em que a ciência e a lógica formal eram tão pouco desenvolvidas, tudo deveria ser mesmo assustador. Então vemos a família desaparecendo como sombra na penumbra da floresta, que depois irá realmente engoli-los. A opressão do desconhecido. Daí para a frente tudo será suspense, claustrofobia, expectativa. Poucos sustos, é verdade, o que para mim foi um alívio.
Vemos a confusão de crenças que existia em uma família típica do século XVII. A fragilidade diante do estranho e do desconhecido. Uma simples brincadeira, a acusação de uma criança, uma pequena mentira… Tudo poderia desencadear reações desproporcionais motivadas pelo medo e pelas superstições. Os animais, as árvores, a floresta… O sangue da menstruação… Todos reais e ao mesmo tempo imaginários.
Quando Caleb ser perde na floresta, ele encontra a “bruxa má”, disfarçada sob a forma de uma mulher atraente que o seduz. Em seguida, percebemos tratar-se de uma velha quando ela o abraça. Depois, ele cuspirá a “maça envenenada”. Mito que guarda profunda relação com o da maçã de Adão e Eva e da serpente “má”, que expulsou a humanidade do paraíso.
Como sempre, na sociedade patriarcal, quem paga “as contas” são as mulheres. Não por acaso a jovem Thomasin encontra outro grupo de bruxas à beira de uma imensa fogueira, quando todas são alçadas aos céus.
Alguém pode questionar o que explica determinados “fenômenos” e imagens que vemos no filme: o celeiro destruído, o corvo devorando o seio etc. Não é necessário explicar. As explicações não interessam, pois nada disso é racional. O imaginário é rico nessas visões e projeções. Séculos depois, Freud acompanharia a evolução do diagnóstico dos surtos e da histeria, para a partir disso desenvolver a sua teoria fundamental, a psicanálise.
Signos é o que não falta no filme. O bode preto com os longos chifres que tão bem representa Lúcifer. O cálice “sagrado”. O sacrifício do filho de Abraão não está ali por acaso. A “santa ceia”... Alguém mais viu Cristo por ali?
Um ponto de destaque para mim foi a fotografia! Que luz! Que cores! Na cena final, o rosto de Thomasin adquire contorno fantasmagóricos apenas com as projeções de luz e sombras! Fantástico!
Nos créditos finais, a informação crucial: tudo foi construído com base em documentos e relatos! Genial.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraOcorreu-me depois do filme. Sem maiores pretensões...
SOMOS TODOS SELVAGENS (O Regresso/The Revenant)
Nasci no meio de um deserto
Minha vida foi um campo aberto
Sono, fome e sede estavam por perto
Passado ausente, futuro incerto
Sou filho da dor e da agonia
Um vazio por companhia
No rio repousa minha cama fria
No peito, dor que me esvazia
Corro no escuro
Coração duro
Um dia fui puro
Choro, grito, grunho
Juro!
Perdi tudo o que eu já não tinha
Sua presença roubou a minha
Do meu sangue brotou uma flor daninha
Vingança eu como com farinha
Paro e me arrependo
Calo, não compreendo
Me vejo sofrendo
Só por estar vivendo
Julgam-me violento
Meu deus é nojento
Porém, o seu advento
É mãe do meu lamento, sofrimento, tormento
Agora onde vejo ausência
Onde tudo é demência
Sobra indecência
Faz falta a ciência
Como heróis, figuraram
Nossas vidas roubaram
Por nós não choraram
Até que outros chegaram
O amanhã se fez
Com morte, paz talvez
Por que tanta estupidez?
Selvagens são vocês
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraDesculpem a repetição, mas gostaria de estruturar melhor minha avaliação sobre o novo filme de Tarantino. Já havia comentado antes, mas apenas com fragmentos de algumas percepções.
Tarantino é reconhecido por fazer críticas políticas e sociais através do cinema, usando metáforas, personagens cuidadosamente construídos, textos, contextos e estética, além de brincadeiras e charadas que esconde nos diálogos, passagens e tramas. Eu considero seu trabalho como diretor meticuloso e determinado. Ele não parte do nada; sabe onde quer chegar.
Em relação ao filme:
Primeiro, acho que Tarantino aproveita a oportunidade para brincar com o fato desse ser seu oitavo filme. Por causa das abordagens que faz e do estilo dos seus filmes, ele atrai um mar de críticos. Os oito odiados, portanto, também poderiam ser seus oito trabalhos. Odiados, é claro, por todos aqueles que são alvos de suas ácidas críticas ou não aceitam sua estética e forma de direção.
Mas, acho que ele quis ir além... Fica evidente que ele está botando o dedo em algumas feridas que resistem nos EUA desde a guerra da secessão (mas que valem para outras partes do mundo, inclusive para o Brasil!). Em recente entrevista, ele compara a bandeira dos Confederados à Suástica dos nazistas. E costuma atacar conservadores, fascistas e reacionários. Há uma onda de ódio (racismo, xenofobismo etc), que tornou-se mais visível com a internet (principalmente pelas redes sociais), cujos elementos multiplicadores são denominados de "haters". Então, eu acho que os 8 odiados são (sem ordem de prioridade):
1. Pretos (crítica ao racismo)
2. Mulheres (crítica ao machismo, apoio ao feminismo)
3. Imigrantes, no caso do filme, mexicanos (crítica ao xenofobismo)
4. Índios (crítica ao genocídio dos habitantes nativos da América)
5. Yankees (americanos do norte, que conquistaram uma rendição "incondicional")
6. Velhos (frequentemente abandonados)
7. A justiça (que impede a "justiça de fronteira", ou seja, aquela que é feita pelas próprias mãos
8... E o oitavo, quem seria?
Meu palpite é que o oitavo é ele próprio: Quentin Tarantino!
Quem odeia são todos os que citei acima: conservadores, fundamentalistas religiosos, reacionários e fascistas, além de racistas, machistas, xenofóbicos, confederados etc.
Não por acaso, o que considerei B-R-I-L-H-A-N-T-E, o filme começa com a imagem de Jesus Cristo encobrindo os protagonistas, que vão se revelando aos poucos (ao longo de todo o filme). Vejo nisso uma referência à hipocrisia dos "haters". Afinal, Jesus é o símbolo universal do AMOR, entre os cristãos. E quantos crimes de ódio foram cometidos amparados por essa cruz?
Por falar nisso, será que somente eu vi um turbante da KKK no cristo crucificado?
(*) Em um dos diálogos, há um texto que fala sobre os velhos na sociedade. Não consegui memorizar. Se alguém lembra, peço que passe para mim nos comentários.
Em alguns comentários que vi por aqui, as pessoas destacam muito a Daisy Domergue (pela merecida atuação da Jennifer Jason Leigh), mas esquecem de comentar outra personagem mulher que também tem importância nos argumentos de Tarantino: a Six-Horse Judy, interpretada pela Zoe Bell.
As tomadas externas são deslumbrantes! Esse detalhe já valeu para justificar a escolha do praticamente extinto formato Super Panavision 70. Por coincidência, assisti My Fair Lady há poucos dias e a referência ao uso dessa mesma tecnologia logo nos créditos iniciais de Os Oito Odiados chamou minha atenção, pois é algo também destacado no filme anterior. Não sou técnico, nem especialista nessa área, mas procurei me informar a respeito.
Uma cena maravilhosa é a dos cavalos preto e branco correndo lado a lado puxando a carruagem, em slow motion. Detalhes típicos de QT!
Várias atuações são dignas de menção. Poucos concordarão comigo, mas achei Kurt Russell estupendo no papel.
"Quero ouvir o pescoço dela quebrando com meus próprios ouvidos"
Q. Tarantino
Em tempo: alguém sabe explicar o que aconteceu com o gato?... rsrs
[spoiler][/spoiler]
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraFiquei pensando... quem seriam os 8 odiados?
Meu palpite:
1. Pretos
2. Mulheres
3. Mexicanos
4. Índios
5. Yankees (americanos do norte)
6. Velhos
7. A justiça
8...
O oitavo seria o próprio Quentin Tarantino?
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista Agora"Quero ouvir o pescoço dela quebrando com meus próprios ouvidos."
Ela
4.2 5,8K Assista Agora"O nosso passado é só uma história que contamos para nós mesmos"
Asas
4.0 95Que maravilha de filme!!!
Terra e Liberdade
4.1 45"Porque a batalha é longa e eles são muitos.
Mas nós somos muitos mais, sempre seremos muitos mais.
O amanhã é nosso, camaradas!"
A cena de reunião mais bem filmada. Uma das cenas de despedida mais emocionante. Um final (e a conexão da história com o final) genial.
Um filme emocionante!
Nos 20 anos da videolocadora Planeta Vídeo, fui brindado por essa indicação de Júnior, que por coincidência também completa 20 anos de seu lançamento em 2015.
TERRA E LIBERDADE!!!
Evereste
3.3 550 Assista AgoraDigno de Sessão da Tarde.
O Império dos Sentidos
3.3 304 Assista AgoraO desejo só deseja.
A pulsão de morte, idem.