Duas qualidades definem esse filme: estética e economia. Sem dúvida, o diretor se valeu desses recursos para criar esse grande filme, que se classifica como obra de arte.
Do título, a cor, às narrativas, aos diálogos, ao movimento da câmera, à trilha sonora, ao tratamento do problema central da história: a prevalência da economia.
Nas imagens, enquadramentos, cenários, fotografia: o predomínio da estética.
-- o discurso do funeral: "A camarada Wanda ajudou a construir uma nova Polônia. Fez a justiça do povo. Viverá para sempre na nossa memória. Adeus, camarada!"
-- o diálogo da Ida com o músico, na cena final. E depois? E depois? -- A vida.
Fraquíssimo o filme. Distorção total dos fatos históricos, que foram maqueados, de um dos mais bárbaros episódios da invasão do continente americano. O romance (o livro original), por sua vez, é excelente.
*** ATENÇÃO *** Esse comentário não contém SPOILERs. Ou seja, ele não estraga nenhuma surpresa do filme, nem antecipa seu desfecho. Porém, contém descrições de cenas e referências a diálogos. Tudo que poderia constar em uma sinopse ou trailer. Acredito até que a leitura do texto antes de assistir ao filme deve contribuir para melhor atenção e percepção de detalhes.
*** ATENÇÃO 2 *** Esse comentário é longo. Se você não gosta de ler, não leia. Se você acha que conhecer a visão de outra pessoa sobre determinado assunto é perda de tempo, não leia. Não vale comentar coisas do tipo: "vou perder mais tempo lendo do que assistindo o filme", "é um livro sobre o filme?" ou "não vou ler"... rsrs
O destino de Júpiter - Jupiter Ascending
Mais um caso de filme que o título em português retira valor do título original.
Conhecendo os irmãos Andy e Lana Wachowski e seus trabalhos anteriores, vou concentrar minha análise na área que considero foi o objeto temático do filme: economia-política. O filme utiliza uma alegoria sci-fi para construir a forma de apresentação que dará sentido ao seu conteúdo. Na aparência, um filme de ação; na essência, uma crítica a ideologia dominante em escala global.
Não por acaso, o filme tem uma baixa avaliação do público no Filmow. É sintomático: filmes que fazem crítica ao capitalismo tendem a ser mal avaliados. Ainda mais, quando fazem isso de forma tão direta e incisiva:
Dessa vez, a dupla de produtores-diretores nem se preocupou tanto em disfarçar seus objetivos. A crítica é transparente. Textual, como em algumas passagens que reproduzo abaixo:
"Assim é o capitalismo: a sujeira vai pelo ralo e o lucro fica boiando."
"Dividir nunca foi o ponto forte da sua espécie."
"Confiança é uma ilusão. Eu só acredito em interesse recíproco."
"Toda sociedade humana é uma pirâmide [hierarquia social, concentração da riqueza no topo] e umas vidas valem mais do que outras."
"Eu crio vida. Vida é um ato de consumismo. Viver é consumir."
"Único propósito: tirar Lucro."
"O principal recurso do mundo é o Tempo!" [Claro, tempo é dinheiro! Time is money!]
(*) Os textos entre colchetes são inserções minha.
So, let´s play!
Júpiter é a representação do Socialismo, a classe trabalhadora (filha de um cientista chamado MAXmiliano). Sua mãe genética (não a biológica) foi a primeira fase do Socialismo. Por isso, o título "A ascensão de Júpiter" faz muito mais sentido do que "O destino de Júpiter". Em tempo, e considerando isso: -- É linda a cena em que Jupiter diz "Eu tive muito medo quando comecei a cair".
A mãe genética de Jupiter, que no filme é apresentada apenas como uma escultura -- um monumento histórico, adorado e reverenciado, -- no final da vida pediu ao próprio filho que a matasse (creio que ela pretendia salvar a humanidade, de uma iminente terceira guerra mundial, por exemplo, se fizermos um paralelo com a história). Ela havia passado por alguma grande transformação no final de sua vida, não esclarecida no filme, que a fez desejar seu próprio fim.
A família Abrasax simboliza a burguesia, a mínima parcela da população que detém os principais recursos de produção, os criadores do capitalismo e da vida como ela é (na ilusão dos que vivem nos planetas/territórios mantidos pelos capitalistas). Os 3 filhos da casa Abrasax podem ser: -- Balem: Estados Unidos -- Titus: Inglaterra -- Kalique: França, pois esta foi a filha que conservou a escultura da mãe e que tentou uma aliança com a "irmã"
O que está em jogo é evitar a ascensão do Socialismo (Júpiter), pois isso despertaria a humanidade para um novo modo de vida, livre da dominação, consciente do mundo ao seu redor. Neste ponto, aproveito para recomendar outro excelente filme: Adeus, Lenin.
A "imortalidade" do capitalismo depende da exploração da vida humana. O filme fala em "grande expansão". Também parece alertar para importantes questões ambientais, quando mostra que a "colheita" da população humana se dará no momento que ela (população representando a produção de mercadorias) exceder a capacidade de sustentação do planeta.
O orgulho ferido da classe (capitalista) que se julga responsável pelo destino da humanidade é bem demonstrado quando um dos membros da família Abrasax reclama que: fazemos tudo por "eles" (povo) por misericórdia, e em troca não recebemos gratidão, nem reconhecimento. O sentimento de classe fica evidente quando Caine (salvo engano) reconhece: Abrasax (burgueses) somente ficam ao lado de Abrasax (burgueses).
O excesso de utilização de símbolos místicos tem como função derrubar, combater, destruir, crenças religiosas que funcionam como instituições da superestrutura convenientes com a manutenção do sistema. "A religião é o ópio do povo". Não se trata de propor uma nova crença, mas de ridicularizar as que hoje impedem o crescimento, a libertação, o despertar da consciência, das pessoas e nações.
Alguns acontecimentos são apagados das memórias de alguns humanos (recurso que vimos em outros filmes também, como MIB). O detalhe aqui é que fica explícito que se trata de uma fórmula simples: Conhecimento + Tecnologia ("sementes da nossa imortalidade", declara um dos Abrasax), uma alusão clara ao papel da mídia tradicional, que manipula eventos e, de certa forma, promove o apagamento de memórias. Assim como na vida real, algumas pessoas todavia têm suas memórias (consciência) preservadas, porém, ninguém dá muito crédito a elas.
"Mentiras são necessárias. São a fonte da crença e da esperança."
"A verdade? A maioria não ia querer a verdade."
Os planetas, na perspectiva dos Abrasax, são colônias de seres humanos. Esses humanos têm como finalidade alimentar a vida da classe superior e manter o equilíbrio econômico do sistema. Assim, os humanos são como gado. Um mero rebanho. "Seu planeta é uma fazenda. É como abater um rebanho de gado." Fica bem evidente a referência ao imperialismo que subjugou povos e exerceu a dominação econômica (ou pela força) de diversas nações.
Outro ponto que não passa despercebido é a alusão ao ineficiente, monstruoso, deformado, modelo de organização burocrática dos estados socialistas. Outra instituição poderosa da antiga URSS, a KGB, a temida polícia secreta, aparece como a Égide. Olhe que curioso, a Égide é definida pela Wikipedia nos seguintes termos: "Na terminologia jurídica, égide representa a proteção de um bem ou determinados direitos. Por exemplo, diz-se que o direito à saúde está sob a égide da constituição ou que 'meu filho esta sob minha égide'". Direitos humanos, direito à liberdade, direitos...
Interessante: todos os "Estados" querem a "russa" (o socialismo). Claro que para impedir que ela ocupe seu devido lugar. O "casamento" (alianças) e as permanentes tentativas de seduzi-la nos fazem imaginar isso.
A luta de classes é a linha condutora das batalhas do filme (em lindas e emocionantes cenas!). "Não sairemos desse planeta sem lutar", gritam os aliados de Júpiter. Uma ponta de mágoa, de injustiça, de frustração, também aparece: "Quanto mais se importa, mais o mundo tende e lhe machucar por isso." Júpiter em sua pureza, questiona: "Como alguém pode ser dona da Terra?".
Referência sutis como imagens do planeta vermelho, o fato de Júpiter ser conhecido pela imensa tempestade de gases identificada como "mancha vermelha", e a refinaria que explode, entre outras, contribuem para a atmosfera mágica dessa extraordinária obra-prima de "ficção-realidade".
Algumas coisas não consegui linkar. Talvez, quem embarcar nessa minha viagem, consiga me esclarecer ou ter um insight:
-- Por que as abelhas? Pesquisei sobre o desaparecimento das abelhas em várias partes do mundo (principalmente nos Estados Unidos). Sei que são insetos altruístas. "As abelhas são altruístas, têm consciência comunitária, morrem pela colmeia. Têm capacidade de aprender e de se comunicar. Enquanto cuidam de si, beneficiam outros seres." Seria algo nessa linha? Ou com a referência em outra passagem do filme de que abelhas não mentem e não questionam?
-- Assassinos entram na casa dos pais de Júpiter perguntando onde está o dinheiro. Por algum motivo, levam o telescópio. O crime não é esclarecido no filme.
-- A origem do caçador, Caine. Híbrido genético com lobo. E de Stinger: híbrido genético com abelha. Por que a filha de stinger está doente e sem dinheiro?
-- Por que a hora do despertador é 4h45?
-- Por que as referências a esculturas gregas e arquitetura árabe?
Eu sempre acho que nada é colocado por acaso nesse tipo de filme, repleto de metáforas e analogias.
Estou querendo supor que Júpiter e Caine são partes de um todo, de uma mesma coisa. Mas não consegui "enxergar" isso claramente.
Com certeza, tal como em Matrix, deveremos ter continuações do filme. Bom, isso se o "capitalismo" providenciar recursos para isso, né? Afinal, diante de uma crítica tão explícita, talvez os Abrasax resolvam financiar outros tipos de filmes mais adequados a apagar memórias e manter o povo na ilusão.
Nos aspectos cinematográficos, eu achei esse filme deslumbrante. A impressão digital da dupla de diretores é inconfundível. E que música!!! Michael Giacchino arrebentou! É quase uma sinfonia de Beethoven! Espetacular. Ponto alto do filme. Dá um brilho especial às grandes cenas de ação. As cores, a fotografia e a computação gráfica também achei um arraso. Mila Kunis linda, Redmayne um pouco exagerado, Tatum ok.
Eu tenho amigos homens, "machos" de verdade, não gays, que todavia acredito devem se masturbar pensando em Christian Grey, o personagem do best-seller, agora transformado em filme, "50 tons de cinza". Vejo diariamente em minha timeline a verdadeira adoração que alguns possuem por esse modelo de homem imposto pela hegemonia cultural americana: o "business man" bem sucedido e bilionário. Incrível a excitação que eles ficam quando falam ou estão perto de homens assim. Não adoram apenas esse homem, claro, mas todos os atributos físicos e materiais que estão embutidos nessa verdadeira salsicha de hot-dog do "american way of life", como carros, sucesso, grifes, mulheres, modo de pensar, estilo etc. Para tudo isso, eles se masturbam também, nem que seja mentalmente.
Há uma cena no começo do filme que quase me levou a vomitar (ao contrário daqueles meus amigos a que me referi acima que devem ter tido outra experiência de expelir): a cena da entrevista no incrível escritório de Mr. Grey. Observe bem o que o "homem de negócios" fala sobre seu trabalho e sucesso. Preste atenção na mensagem. O reforço ideológico. A cuidadosa manutenção da superestrutura. Ele é um homem bem sucedido, bilionário, porque trabalhou muito, arduamente, e sempre soube tirar o melhor das pessoas. Olhe ao seu redor, todavia. Aplique um método científico simples e compare com a realidade que lhe cerca. Você acha mesmo que homens como Grey são os que trabalham mais duro? Ou na verdade, passando-se a teoria de palestra motivacional na peneira, essas tão badaladas "pessoas de sucesso" aplicaram uma fórmula bem mais simples: menos escrúpulo, menos trabalho, mais dinheiro? Sem generalizações, claro!
Hollywood está cada vez mais perfeita em sua propaganda que inspira homens, mulheres, adolescentes e crianças ao redor do mundo a perseguirem "sonhos", a manterem a chama acesa de que "acreditar" é o caminho e que tudo pode se realizar para eles também. Claro, desde que façam isso sem raciocinar, sem usar a massa crítica e consumindo cada vez mais os produtos de sua cultura. Desliga a mente e vai em frente, sonha e acredita, que você chega lá!
Contos de gata borralheira e de príncipes encantados que combinam perfeitamente com mentes preenchidas pelo vazio filosófico, com vidas sem significados, com seres que se "auto-desconhecem", com pessoas despolitizadas. A alienação permanente do EU, e do NÓS. A anestesia que desconecta do OUTRO, e do TODO.
Esse vírus da adoração desenfreada pela cultura alheia, felizmente, não inoculou em todos. Inclusive, muitos que conhecem os EUA profundamente para saber separar o REAL do IMAGINÁRIO. O "país das maravilhas" criado e vendido pela "indústria dos sonhos e da fantasia".
Há quem viva, todavia, uma eterna infância. Uma maçã não pode decidir "não amadurecer" e se manter pregada à árvore. Seres humanos, podem.
Quem se encanta com o filme "50 tons de cinza" certamente não ri das piadas inteligentes e da sátira oportuna de Sacha Baron Cohen em "Borat". Aquele "estrangeiro" desorientado que se masturba diante das vitrines da 5a. Avenida de Nova York, caga nos suntuosos canteiros públicos ou traz seu cocô em um saquinho plástico para a anfitriã de alta sociedade que lhe oferece um jantar, perguntando educadamente o que fazer com aquilo, está compreendendo muito melhor a realidade americana do que aquela imensa legião de seguidores.
Anastasia é a nova "Uma Linda Mulher". Basta comparar a estudante tímida, descuidada e desengonçada do começo do filme com a "Cinderela" do final. Sendo que a personagem de Júlia Roberts era muito mais honesta: assumia publicamente sua profissão -- prostituta. Anastasia também é, mas se envergonha disso.
Interessante foi perceber que a vergonha extrapolou a ficção e atingiu a própria atriz, Dakota Johnson, que em entrevista montada pela produção do filme ao "deslumbrado" Fantástico, da sócia-hollywoodiana Rede Globo, declarou que teria vergonha que seus pais (ou sua filha, se a tivesse) assistissem ao filme.
Isso me lembra Nota que publiquei aqui (Facebook) tempos atrás (no link: https://www.facebook.com/notes/carlos-von-sohsten/relativismo-moral/4847653646422), em que o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, ao discorrer sobre relativismo moral, relata a história do maratonista espanhol que estava em segundo lugar numa corrida e ao ver que o líder, um corredor nigeriano, que havia ficado em primeiro lugar praticamente toda a maratona, se atrapalhara e não cruzara a linha de chegada parando antes para dar uma entrevista, empurrou-o até o ponto certo para que pudesse confirmar sua vitória. Indagado posteriormente pelos jornalistas porque fizera aquilo, afinal poderia ter ganho a corrida (estava na regra!), ele declarou que não imaginava que pudesse ter feito algo diferente. Disse ainda o corredor espanhol: "Se eu ganhasse desse jeito, o que ia falar para a minha mãe?". Cortella completa: "Como a mãe é a matriz de vida, ela é a última pessoa que se quer envergonhar".
Pelo "Deus" dinheiro, há pessoas que fazem tudo -- envergonham até a própria mãe. Essa é uma "película" muito tênue que separa quem é ético de quem não é.
Esse mesmo relativismo moral é o que ameniza a reação do grande público quanto as atitudes do protagonista em virtude do que sofreu na infância. Ouvi na saída do cinema: "Ah, mas ele faz isso, coitado, porque sofreu muito quando criança, era filho de prostituta e foi abusado sexualmente". E assim, a violência física e psicológica a que submete sua parceira fica justificada.
E se Grey não fosse um bilionário? Se ele fosse um morador de rua, pobre e negro, a compreensão dos seus atos seria a mesma? Certamente, não! O "menino" filho de prostituta e abusado sexualmente seria agora jogado em um presídio, após ser torturado, para ser abusado de novo pelos colegas de cela. Não lhe soa real, rotineiro e familiar isso?
Aqui para nós, o que Grey precisa é de médicos psiquiatras, psicólogos e assistência social. Anastasia, também!
Percebe-se a mesma tendência à relativização quando o empresário bem sucedido aparece em um evento discursando sobre projetos sociais que mantém na África para combater a fome. Que bonzinho!!! Ignora completamente as relações de causa e consequência (há fome é miséria na África para que haja superabundância para pessoas como Grey, como Grey estou dizendo!), aspectos históricos e relações econômicas. Que bilionário mais inculto!
A sociedade aplaude esse tipo de gesto: é dessa forma -- através dessa caridade vazia, ilusória e mantenedora do status quo -- que se adquire um "ticket to heaven", conforme essa "consciência social" debilitada. Haja ópio!
Não é à toa que, por causa do filme, as feministas estão subindo pela parede! Com razão! Tantas décadas de luta para conseguir avançar lenta em parcos soluços nas conquistas para a igualdade social, espaços políticos, respeito e dignidade para a mulher, e um filme com um apelo vulgar empurra tudo para baixo. Lá vem mais ideias de mulher como mercadoria, submissa, como um mero objeto do prazer do homem, dominador, provedor. A indústria pornográfica está em festa! As lojas vão abarrotar de algemas, açoites e chicotes. O filme, nesse aspecto da condição sócio-política da mulher, é mesmo um balde de água fria. Um retrocesso enquanto mensagem. Não que ele seja o único filme nesse sentido (sem mencionar séries, novelas, reality shows etc), mas pelo magnitude de penetração e influência que alcançou. Em cabecinhas não bem "formadas" ou "informadas", o estrago dessa contaminação cultural é grande. E lá vai Grey dando carros e roupas para sua "putinha" da hora...
A superficialidade da relação do casal de "50 tons" é algo igualmente extraordinário. Por sinal, essa mesma característica envolve outros relacionamentos de filmes famosos recentes (últimos 20 anos, pelo menos), que retratam esse modelo de juventude e família americanos. Uma tristeza! A relação de Grey e Anastasia está subordinada a um "acordo de confidencialidade" e um "contrato" com regras de submissão e punição -- dela. A "negocificação" do "amor" como jamais vista antes.
O fetiche é uma realidade social: fato. Esqueça as definições de dicionário. Está impregnando tudo à nossa volta em diversas aparências e formas. Como diz o filósofo moderno, Slavoj Zizek, em seu aspecto mais puro, ele é um objeto minúsculo e estúpido ao qual nos agarramos e que nos permite suportar todas as concessões imundas que fizemos na vida. Pode ir de experiências espirituais íntimas à filhos. O problema é quando o fetiche é o ponto de partida, o nascedouro, o princípio que origina as relações sociais, ou uma relação afetiva. Daí, a glorificação da futilidade. A "glamorização" que excita. A supremacia do TER.
À mulher que se excitar na cena em que Grey espanca Ana, sugiro andar com telefones e contatos da delegacia da mulher mais próxima na bolsa. Ao homem, cuidado, a Lei Maria da Penha está aí. Para ambos, sugiro tratamento psicológico. É sabido que traumas de infância são poderosos influenciadores em comportamentos e atitudes da vida adulta. Apanhou do pai, foi molestada sexualmente por um tio, sofreu pressões psicológicas severas: terapia! Uma coisa é brincadeira; outra coisa é coisa séria. Sacou?
Finalmente, para quem tem complexo de vira-lata, o filme será um grande momento. Para quem não tem, é ótimo para um exercício de reflexão, como dá para perceber. Ao contrário do cartaz do filme, recomendo: Não perca o controle! Isso é tudo o que eles querem.
Sem dúvida, um dos principais propósitos da produção é jogar em nossa cara alguns aspectos do nosso lado "humano", do qual tanto nos vangloriamos quando nos referimos à nossa própria espécie.
"Macacos não matam macacos."
"Nós começamos a guerra e os humanos não irão nos perdoar."
E, a contaminação do ódio "humano" através das cicatrizes de Koba.
Em tempos de guerra, concluímos: estamos longe, muitos longe dos macacos...
Sobre o Azul do título O título original do filme é bastante inferior, em termos de significado, ao título escolhido tanto para o inglês, como para o português. Isso já atiça minha curiosidade: qual o sentido dessa mudança drástica? De onde, ou de quem, partiu isso? Do diretor? Se alguém souber as respostas, por favor, compartilhe comigo. O título “Azul é a cor mais quente”, na minha opinião, diz muito mais sobre o filme do que o título original. É o título do romance gráfico que deu origem ao filme. Experimente alterar o nome de algo que você gosta, tipo: passe a chamar chocolate de detergente. “O que você quer de sobremesa, senhora? – Mousse de detergente” Ok, a comparação é esdrúxula, mas serve ao meu propósito de expressar o que sinto quanto a mudança do título. Deu pra entender? Há que se observar que o azul está impregnado na personagem Adèle. Em todas as críticas que li, é feita referência que destaca apenas aos cabelos azuis de Emma, como se esse fosse o detalhe mais importante dos azuis que gravitam em torno de Adèle. Todavia, essa é apenas mais uma alusão à cor que simboliza a vida de Adèle, como a fumaça do cigarro, os lençóis da cama, as paredes e molduras dos quadros do quarto, as roupas e muitos outros azuis que gritam ao redor da personagem. Mas, o que eles querem dizer? Não vi ninguém interpretar isso. E, obviamente, como se trata de algo tão sutil e subjetivo, e cada um perceberá isso através das lentes da sua cultura e experiência de vida (que podem ser azuis ou não), é possível admitir-se uma infinidade de interpretações. Qual é a sua? Algo que me ocorreu é que nascemos azul ou rosa. Meninos são azuis. Meninas são rosas. Tradicionalmente falando, é claro! Mas, isso é tão arraigado em nossa cultura, que eu não me lembro em toda a minha existência de ter visto um enxoval de bebê que tivesse uma cor diferente. Então, se o azul é a cor mais quente, homens seriam mais quentes do que mulheres? Não acho, mas pode ter sido o ponto de vista do diretor. Adèle teria uma natureza de “menino”, daí a sua homossexualidade? Não tenho respostas para essa pergunta. Faço-a como simples recurso de retórica, como outras que farei no decorrer dessa minha reflexão. Vale uma observação neste ponto: Adèle é filha única. Teriam seus pais criado a expectativa de um filho homem? Sabemos que esse tipo de comportamento dos pais, ainda que não manifestado de forma categórica, colabora para a criação de profundos sentimentos e condições psicológicas nos filhos. O fato é que o azul está mais fortemente relacionado à Adèle do que aos cabelos de Emma, que no decorrer do filme, inclusive, abandona a cor exótica (que a deixou muito bonita, por sinal).
Sobre os textos dos livros Está mais do que claro que os textos estão ali para explicar situações ou mesmo “contar” parte da história. Isso foi feito de forma bastante óbvia e explícita. Não achei nada indireto, nem sutil, como outros críticos viram. Por exemplo, na crítica abaixo.
Tal como no caso do autor do texto do link acima (crítico que considero genial, diga-se de passagem), a metáfora da água ficou “batendo” na minha cabeça, tal qual água mole em pedra dura. Assim, uma outra citação de Sartre (salvo engano) que trata de nossa essência: se já nascemos definidos ou se é a cultura que nos definirá. Acredito, portanto, que o filme busca nos colocar diante dessa dúvida, que é de boa parte da humanidade e que tanta polêmica causa por aí quanto as opções sexuais das pessoas: nascemos heterossexuais/homossexuais ou a vida nos conduzirá a essa escolha? Adèle me parece compartilhar dessa dúvida, durante todo o filme, em suas reflexões introspectivas e silenciosas. Porém, de uma forma muito superficial, considerando-se os traços de sua personalidade (ver tópico abaixo sobre a personalidade da protagonista).
Sobre o sexo entre H x M e M x M Nesse aspecto, o filme indica: sexo entre mulheres é muito mais intenso, demorado, interessante, variado, do que o sexo entre um homem e uma mulher. Uma visão bastante preconceituosa, se é que houve realmente essa intenção. Ou que simplesmente reflete as experiências dos criadores do filme. A autora da revista, como já disse antes, tinha a intenção de banalizar a questão da homossexualidade. O filme não cumpre esse objetivo. Pelo contrário! O filme também chama a atenção para a preocupação que os homens têm quanto a satisfação sexual de suas parceiras, ou melhor dizendo, quanto ao seu desempenho e perfomance sexual. Uma pergunta bastante batida e que Thomas não resiste em repetir: “Foi bom para você?”, que Adèle responde com uma mentira, pressionada por algum motivo interior. Ela não quer desagradar ou magoar seu parceiro. Quantas e quantas mulheres mentem da mesma forma e mantém suas vidas sexuais desinteressantes, frias, sem cor, sem azul? Por outro lado, nas cenas de sexo entre as duas mulheres não há necessidade dessa afirmação. Ambas aparentam total satisfação. Êxtase absoluto. E dormem relaxadas, juntinhas, na posição em que acabaram, ainda que seja com seus rostos colados ao sexo uma da outra.
Sobre as cenas de sexo Achei as cenas de sexo lindas. Mas são pornô sim! Todavia, da melhor qualidade. Elas também são necessárias. E de certa forma, depois que soube dos comentários da relação entre o diretor e as atrizes, suponho que existe algum fetiche por ali, enrustido, da parte dele. Percebe-se um traço fetichista também na forma como ele exibe, em várias cenas, os corpos femininos. Arriscaria dizer que o diretor apaixonou-se pela Adèle real e que sentiu enorme prazer em fazer esse filme. Outro fetiche do diretor franco-tunisiano, Abdellatif Kechiche, é com o espagueti. A que será que ele associa? Pistas? Uma coisa que captei (não fui o único): no dia em que assisti, o cinema estava lotado de um público predominantemente gay. Não senti por parte dele muita aprovação quanto a intensidade, posições e duração das cenas de sexo. Pelo contrário, ouvi críticas e reclamações, do tipo: “Isso não existe”, “Muito exagerado”. E risos nervosos, muitos risos nervosos. Curioso isso! Julie Maroh, criadora da revista que serviu de base ao filme, critica fortemente o conteúdo. Se em sua criação ela tinha como objetivo banalizar o sexo entre mulheres, na tela, ficou frustrada: “Me parece claro que foi isso que faltou na tela: lésbicas”. E descreve as cenas de sexo com implacável dureza: “uma ostentação brutal e cirúrgica, demonstrativa e fria do sexo dito lésbico, que parece com o pornô, e que me deixou muito desconfortável. Sobretudo quando, no meio de uma sala de cinema, todo mundo cai na gargalhada. Os/as heteronormativos/as, porque eles/elas não se identificam e acham a cena ridícula. Os homos e outras transidentidades, porque não é credível e porque eles/elas acham igualmente a cena ridícula. E, em meio aos únicos que não se ouve rir, há os eventuais caras que estão ocupados demais com a excitação diante da encarnação de um de seus fantasmas.” Então é isso: meu lado azul falou mais quente.
Sobre a traição de Adèle Adèle trai Emma com um homem?!?! Esse é outro “detalhe” que não vi retratado em nenhuma outra crítica. Alguém comentou: Adèle traiu porque estava sendo traída. Não. Não estava. Emma é uma mulher moderna, despojada de preconceitos, fiel às suas crenças, segura de si mesma. Ela apenas gosta muito de algumas de suas amigas. Naturalmente. Para ela, isso representa um outro tipo de relação. Outro tipo de afeto. Emma é muito integra quanto a seus sentimentos e por isso fica indignada quando é traída. Ainda que por um homem! O que ela não admite é a mentira, a dissimulação, a armação utilizada por Adèle. Talvez até aceitasse que Adèle saísse com seus colegas do trabalho em noites calientes e cheias de sexo, se isso fosse feito de forma aberta e transparente pela sua parceira. O mundo está repleto de casais adeptos do “open relationship”. Alguém ainda analisou: Adèle não considerava aquilo uma traição. Errado! Considerava sim. Tanto que fazia escondido e criou toda uma armação para dissimular. Adèle não queria revelar seu relacionamento homossexual para seus colegas de trabalho. Ela explicita isso. Ora, mas isso não justifica a mentira. Ela sabia que fazia algo errado e que magoaria sua parceira.
Sobre os close ups Um crítico falou que os close ups dos quais o diretor se valeu durante todo o filme serviram para nos colocar na condição de voyeur. Discordo. O voyeur observa as coisas de longe, na sombra, disfarçadamente. Os close ups, pelo contrário, colocam-nos diante dos personagens, quase como se ali estivéssemos, na frente deles. Concordo com a abordagem que considera que, nesse filme, os close ups têm a função de salientar detalhes gigantescos, que através do silêncio ou do som que emitem fazem-nos refletir sobre nossa própria vida. Mérito do diretor! Perfeito diante da proposta do filme.
Sobre o catarro Ora, ora, ora. Em um filme tão cheio de metáforas, o catarro é o esperma, é claro! Quem não viu isso?
Sobre a diferença de interesses entre Adèle e Emma Esse era o maior abismo no relacionamento das duas personagens. Emma cheia de interesses profissionais, intelectuais, convivendo com uma elite da arte e da cultura, com projetos e “grandes” sonhos. Ambição define a personagem. Adèle, o oposto. Uma muler simples, despretensiosa, comum. Para ela, o básico estava bom. Seu “empreguinho” de professora infantil, a mesma rotina, ser a “dona de casa” que cuidava da recepção dos sofisticados amigos de Emma. E depois de tudo, lavava a louça cândida e placidamente. Resignação define a personagem. Como conciliar um relacionamento entre a ambição e a acomodação? Um dia a casa iria ruir. Ou não! Afinal, não há milhões de relacionamentos exatamente assim? O problema é que Emma não aceitava isso de sua “esposa”. Queria que ela fosse “feliz”. Adèle não entedia isso, pois considerava-se “feliz”. Aos poucos, as duas parecem acostumar-se à situação. A personalidade indefinida de Adèle A personalidade de Adèle chega a ser irritante em alguns momentos do filme. Claudicante. Inexpressiva. Insegura. Vazia. Uma pessoa que não se comunica. Não expressa seus sentimentos. Não me lembro de ter conhecido pessoas de personalidade tão apática quanto a de Adèle. Esse traço de seu comportamento trazia-me de volta à cadeira do cinema. Quebrava o clima de realismo tão fortemente propiciado por outros aspectos do filme. Sempre sou invadido por uma imensa dissonância cognitiva com personagens assim e pessoas mais ou menos assim.
E o final, hein?
Outros comentários Adèle é linda. Emma também! Fotografia e trilha sonora: excelentes! Costumo gostar das críticas de Isabela Boscov. Mas, o texto dela para esse filme deixou muito a desejar. Acontece. Desculpem. Do filme, escrevi um livro. rsrs
Quero me redimir... (Nunca havia feito tantos comentários em um mesmo filme antes... rsrs).
Revi o filme e não ficaram pontas soltas!
Assumo total responsabilidade pela minha própria leseira... rsrs.
É verdade que o filme precisa ser assistido com muita atenção para que nenhum detalhe escape. Um rápido cochilo, uma olhada para o saco de pipoca, uma divagação sobre a cena anterior e pronto!, lá se vai um detalhe perdido.
A cena da Joy escapando do labirinto, por exemplo, apagou totalmente da minha memória na primeira "leitura".
O diálogo do detetive Loki com o outro investigador, na casa de Bob Taylor, foi tão rápido e com legendas tão confusas, que me escapou. (Quem mandou desaprender inglês e depender das letrinhas brancas que somem em fundos brancos???... rsrs)
Ter que assistir filmes mais de uma vez para captar detalhes sutilmente escondidos ou ampliar a percepção sobre o texto é comum (pelo menos para mim). Matrix e The Wall perdi as contas de quantas vezes assisti. A Origem, 6 vezes. Amnésia, Dois coelhos, O cubo, mais recentemente, Gravidade, e muitos outros que nem lembro agora.
"Os Suspeitos" entrou para a lista.
Ainda bem que no meu primeiro comentário eu já havia ressaltado a qualidade do filme. Opinião que mantenho. Excelente suspense.
Recomendo!
Aproveito para agradecer a todos que interagiram com meus comentários, pela imensa boa vontade em me ajudar a compreender o filme. Isso é fantástico no Filmow! Valeu, cinéfilos!
- Houve um momento do filme que eu pensei que o desfecho seria igual ao de "O amigo oculto", com Robert de Niro. Ou seja, que Dover seria um pai psicopata que fazia tudo aquilo, juntamento com os outros doidinhos, na forma de uma brincadeira macabra, o labirinto.
- Outro desfecho que me veio a mente em determinada parte do filme, foi o de que as explicações viriam na forma de reorganização temporal da história. Ou seja, algumas cenas estariam distantes no tempo, ou invertidas, até determinada altura do filme e, no final, seriam colocadas na sequência cronológica correta. Não lembro de algum filme que tenha utilizado o mesmo recurso par dar exemplo. O único que me vem à mente é "Amnésia", embora essa questão temporal neste filme seja bem evidente.
- Uma última dúvida: como o apito vermelho foi parar no buraco sob o carro? Dover não o havia escondido em seu porão? Quando Anna aparece com um apito na cadeira de rodas cheguei a pensar que seria mais uma ponta solta do filme, ou a chave para decifrá-lo.
O nome desse filme deveria ser "Pontas soltas". Afinal, é isso o que mais sobra ao final. Vi pelos comentários abaixo que muita gente considerou isso um ponto positivo. Chegaram até a comparar com "A Origem". Ora, mas são coisas completamente diferentes. Uma coisa é deixar no ar ideias/sugestões para reflexões; outra é ponta de roteiro sobrando. O maior pecado que se cometeu de cara nesse filme foi a tradução do título. O nome original tem muito mais a revelar, do que "Os Suspeitos". Por que não deixar "Prisioneiros"? Será que venderia menos? Depois dessa minha introdução pancada, todos devem imaginar que não gostei do filme. Erraram os que pensaram dessa forma. Gostei sim! Vejo vários pontos positivos em “Os Suspeitos”. Chego a pensar que o excesso de pontas soltas foi intencional. É fato que o espectador fica "prisioneiro" na cadeira do cinema durante toda a trama. Suspense em high level. Fotografia perfeita! Boas, não ótimas, interpretações. Direção espetacular, por não entregar de bandeja aquilo que está claro e que o espectador pode deduzir. Mas, ficam dúvidas, em suspense. A reação da platéia no corte final é digna de registro. Surpresa geral! Uma curiosidade:
na sua sessão, a platéia riu algumas vezes? Por exemplo, na cena em que a mãe de Joy mostra foto da filha ao Alex aprisionado, ensanguentado e com os olhos inchados de tanto apanhar? Na sessão que eu estava, rolaram risadas em várias cenas. Curioso isso!
Bom, vamos a minha lista de dúvidas... Vi que muitos "entenderam" o filme… Ou têm vergonha de dizer que não entenderam nada, ou o burro da história sou eu mesmo. Vejamos:
- Como, de onde, por que a menina Joy se libertou? - Por que ela diz que Dover estava lá e a amordaçava? - Que líquido é aquele que a Sra. Jones dá para o Dover tomar e que não parece fazer grandes efeitos? - Por que o Dover, que pelo perfil apresentado deveria sempre ter um plano B, cai tão facilmente nas “garras” da Sra. Jones? - Qual a explicação das janelas e da meia da Anna encontrada sob uma delas? - Por que o suicida entra nas casas das vítimas sorrateiramente? - Qual a explicação dos labirintos e de uma suposta brincadeira macabra que havia? - O que significavam as serpentes? - Por que o Alex parece saber mais sobre as meninas, mas depois nada disso se esclarece? - Qual a relação entre Alex, o suicida e a Sra. Jones? Alex é mesmo o menino desaparecido há 26 anos? - O que está por trás do suicídio do pai do Sr. Dover? - Revistaram a casa da Sra. Jones e não encontraram nenhum dos pertences do Sr. Dover? Nem o celular no ralo? - O Sr. Jones era o cadáver na casa do padre pedófilo? E aí? - E os manequins enterrados? E o sangue e a cabeça de porco? - Por que Dover retorna a casa da sra. Jones quando Joy se assusta com ele no hospital? - Por que não há uma pergunta sequer na lista acima com o detetiva Loki?... rsrs A verdade é que há muitos prisioneiros no filme. - Dover no buraco - As meninas - Alex - O suicida - A mãe prisioneira da saudade do filho desaparecido - As famílias prisioneiras da angústia pelas filhas desaparecidas - A sra. Jones prisioneira da sua psicopatia - O detetive Loki prisioneiro da sua missão
E, nós, espectadores? Acho que somos os prisioneiros mais importantes da história. Somos os prisioneiros da dúvida! E, por isso a filme vale à pena e eu o recomendo.
O roteiro tem muitas falhas ou foi só impressão minha? Achei fraco. Só posso avaliar esse filme como uma metáfora crítica entre o "mundo desenvolvido" e o terceiro mundo. Se esse era o ponto, foi bom. Os atores brasileiros fizeram bonito. Alice Braga está ótima! Consolida-se cada vez mais na cena mundial. Todavia, valeu o preço do ingresso.
Um terror 5 estrelas, o que é raro! Acho que os últimos que me empolgaram foram: O sexto sentido, A vila, Atividade Paranormal e Sinais (tem um outro de extraterrestres também, mas não estou lembrando o nome agora - da "coruja" na janela").
O malasio James Wan tem grande responsabilidade pelo sucesso do filme. Que direção! Utiliza diversos recursos cinematográficos para nos conduzir diretamente à casa mal-assombrada e praticamente nos transformar num membro da família.
Vera Farmiga como sempre excelente, maravilhosa! Mas, diga-se de passagem, todos os atores estão de parabéns! A Joey King, que também está em cartaz em "O ataque", demonstra que é craque desde pequena.
O filme parece reunir todos os elementos de um bom terror na medida certa. Até mesmo a utilização de um pequeno toque de humor, extremamente necessário para quebrar o clima no momento certo e envolver ainda mais o espectador no suspense.
A cena em plano sequência da mudança é cinema puro! Os cortes estão no momento exato. Aquilo que é mostrado e aquilo que permanece escondido, também. Os sustos! Detalhe: terror tem que ter cenas previsíveis. A arte todavia está na boa utilização disso, combinado com aquilo que não podemos antecipar.
No dia que assisti, o cinema estava lotado. O que é sempre muito bom nesse tipo de filme. Foi emocionante perceber a reação da platéia: dos gritos de pânico, às risadinhas nervosas, e até mesmo as piadinhas, como por exemplo: "a menina bugou", na cena de sonambulismo.
A expectativa gerada através das matérias e críticas (não sei se isso foi uma estratégia de marketing planejada) e o fato de "basear-se em uma história real" ajudaram bastante, devemos reconhecer. Mas isso não tira o mérito do filme.
A fotografia e cores estão na medida certa. Direção de arte e de fotografia mantiveram um alinhamento estupendo. A trilho sonora: perfeita!
Não achei defeito nesse filme (coisa rara!!!...rsrs).
Eu me diverti muito! E me arrepiei em várias partes do filme. Não importa se você acredita ou não; se você tem medo ou não; o papel do bom filme é fazer você sentir as emoções. E, esse excelente filme consegue isso!
Consegui sair do cinema sem dar uma risada sequer.
O filme impressiona pela péssima qualidade - de tudo! É aquele tipo de filme pra queimar ator. Até o cachorro - que recebe créditos destacados ao final - está péssimo, por aí você tira o resto.
Parece trabalho de conclusão de curso de aluno de cursinho de cinema. Cursinho de 4 meses, não curso de graduação. Inacreditável.
O texto chega a ser ridículo. As piadas (se é que podemos chamar de piadas!) são previsíveis. E, Luis Fernando Guimarães para esse tipo de humor já deu. Tem que repensar o personagem que encarna sempre. Pode usar sua experiência para fazer coisas mais consistentes.
O abuso da Renault é algo que deveria até ser proibido (tem dinheiro da Ancine nesse filme???). Observe! É ridículo! E, como tudo é mal feito nessa "brincadeira", conseguiram queimar até o carro escolhido para ser a estrela principal: preste atenção no som do motor do Fluence. Quem compraria um carro daquele com barulho de lancha velha???
Lamentável.
Envergonha o cinema nacional. Vai ficar ao lado daquela última porcaria do Casseta & Planeta.
Não saco nada das referências a séries japonesas e animes que vi destacadas em alguns comentários.
Para mim, o filme teve uma ponta de Indepence Day. Aquele velho e ufanista discurso americano...
Não achei de todo ruim. Preferi mergulhar nas metáforas, como nas neuroconexões e nas partes em que uma pessoa interfere na memória de outra. Tem PNL nisso... rsrs.
As sequências de lutas me confundiram e cansaram. Confesso que tive sono lá pelas tantas...
É um bom filme, mas não um excelente... Há méritos de Del Toro? Certamente! Mas o casting não correspondeu.
Uma beleza de filme! Vi que vários comentários já utilizaram os adjetivos que eu planejava usar... rsrs. Glória Pires exibe uma força dramática exuberante, ao mesmo tempo leve e poética. Constrói um personagem raro e complexo. É preciso reconhecer, igualmente, o primoroso trabalho da Miranda Otto e da Tracy Middendorf. O filme é delas! Música, fotografia, direção de arte, figurinos, locações e a direção geral: todos merecem os parabéns! Torcer para que nos traga um Oscar! Merece!
Eu já havia assistido no cinema. E, de cara, o filme me impressionou. Um trabalho fantástico da parceria dos irmãos Nolan, de roteiro e diretor. Aluguei ontem para assistir com meu filho. Não resisti em tentar montar o quebra-cabeça, e já ia assistir pela terceira vez consecutiva quando resolvi passar antes pelos Extras. E o que havia lá?
- "Se você sofre de Amnésia, assista nessa sequência". Ou seja, a sequência cronológica (e lógica) da história.
Todavia, vale a pena você tentar por conta própria antes. Força o cérebro um pouquinho, vai. É um exercício de neuróbica! rsrs
A Boa Mentira
4.2 360 Assista AgoraA força da história supera a baixa qualidade da produção e direção.
Ida
3.7 439Duas qualidades definem esse filme: estética e economia. Sem dúvida, o diretor se valeu desses recursos para criar esse grande filme, que se classifica como obra de arte.
Do título, a cor, às narrativas, aos diálogos, ao movimento da câmera, à trilha sonora, ao tratamento do problema central da história: a prevalência da economia.
Nas imagens, enquadramentos, cenários, fotografia: o predomínio da estética.
Grandes cenas:
-- a mãe que recolhe os restos mortais do filho. Quase ouvi algum som de trilha por ali ou foi criação da minha imaginação?
-- o suicídio, com o detalhe do cigarro apagado antes.
-- a emoção da noviça durante o voto das companheiras.
Grandes textos:
-- o discurso do funeral: "A camarada Wanda ajudou a construir uma nova Polônia. Fez a justiça do povo. Viverá para sempre na nossa memória. Adeus, camarada!"
-- o diálogo da Ida com o músico, na cena final. E depois? E depois? -- A vida.
Beleza. Sétima arte em estado puro.
As Incríveis Peripécias do Ônibus Atômico
2.9 20Um dos filmes mais bizarros que já assisti na vida.
O Capitão de Castela
3.6 8 Assista AgoraFraquíssimo o filme. Distorção total dos fatos históricos, que foram maqueados, de um dos mais bárbaros episódios da invasão do continente americano. O romance (o livro original), por sua vez, é excelente.
O Destino de Júpiter
2.5 1,3K Assista Agora*** ATENÇÃO *** Esse comentário não contém SPOILERs. Ou seja, ele não estraga nenhuma surpresa do filme, nem antecipa seu desfecho. Porém, contém descrições de cenas e referências a diálogos. Tudo que poderia constar em uma sinopse ou trailer. Acredito até que a leitura do texto antes de assistir ao filme deve contribuir para melhor atenção e percepção de detalhes.
*** ATENÇÃO 2 *** Esse comentário é longo. Se você não gosta de ler, não leia. Se você acha que conhecer a visão de outra pessoa sobre determinado assunto é perda de tempo, não leia. Não vale comentar coisas do tipo: "vou perder mais tempo lendo do que assistindo o filme", "é um livro sobre o filme?" ou "não vou ler"... rsrs
O destino de Júpiter - Jupiter Ascending
Mais um caso de filme que o título em português retira valor do título original.
Conhecendo os irmãos Andy e Lana Wachowski e seus trabalhos anteriores, vou concentrar minha análise na área que considero foi o objeto temático do filme: economia-política. O filme utiliza uma alegoria sci-fi para construir a forma de apresentação que dará sentido ao seu conteúdo. Na aparência, um filme de ação; na essência, uma crítica a ideologia dominante em escala global.
Não por acaso, o filme tem uma baixa avaliação do público no Filmow. É sintomático: filmes que fazem crítica ao capitalismo tendem a ser mal avaliados. Ainda mais, quando fazem isso de forma tão direta e incisiva:
Dessa vez, a dupla de produtores-diretores nem se preocupou tanto em disfarçar seus objetivos. A crítica é transparente. Textual, como em algumas passagens que reproduzo abaixo:
"Assim é o capitalismo: a sujeira vai pelo ralo e o lucro fica boiando."
"Dividir nunca foi o ponto forte da sua espécie."
"Confiança é uma ilusão. Eu só acredito em interesse recíproco."
"Toda sociedade humana é uma pirâmide [hierarquia social, concentração da riqueza no topo] e umas vidas valem mais do que outras."
"Eu crio vida. Vida é um ato de consumismo. Viver é consumir."
"Único propósito: tirar Lucro."
"O principal recurso do mundo é o Tempo!" [Claro, tempo é dinheiro! Time is money!]
(*) Os textos entre colchetes são inserções minha.
So, let´s play!
Júpiter é a representação do Socialismo, a classe trabalhadora (filha de um cientista chamado MAXmiliano). Sua mãe genética (não a biológica) foi a primeira fase do Socialismo. Por isso, o título "A ascensão de Júpiter" faz muito mais sentido do que "O destino de Júpiter". Em tempo, e considerando isso: -- É linda a cena em que Jupiter diz "Eu tive muito medo quando comecei a cair".
A mãe genética de Jupiter, que no filme é apresentada apenas como uma escultura -- um monumento histórico, adorado e reverenciado, -- no final da vida pediu ao próprio filho que a matasse (creio que ela pretendia salvar a humanidade, de uma iminente terceira guerra mundial, por exemplo, se fizermos um paralelo com a história). Ela havia passado por alguma grande transformação no final de sua vida, não esclarecida no filme, que a fez desejar seu próprio fim.
A família Abrasax simboliza a burguesia, a mínima parcela da população que detém os principais recursos de produção, os criadores do capitalismo e da vida como ela é (na ilusão dos que vivem nos planetas/territórios mantidos pelos capitalistas). Os 3 filhos da casa Abrasax podem ser:
-- Balem: Estados Unidos
-- Titus: Inglaterra
-- Kalique: França, pois esta foi a filha que conservou a escultura da mãe e que tentou uma aliança com a "irmã"
O que está em jogo é evitar a ascensão do Socialismo (Júpiter), pois isso despertaria a humanidade para um novo modo de vida, livre da dominação, consciente do mundo ao seu redor. Neste ponto, aproveito para recomendar outro excelente filme: Adeus, Lenin.
A "imortalidade" do capitalismo depende da exploração da vida humana. O filme fala em "grande expansão". Também parece alertar para importantes questões ambientais, quando mostra que a "colheita" da população humana se dará no momento que ela (população representando a produção de mercadorias) exceder a capacidade de sustentação do planeta.
O orgulho ferido da classe (capitalista) que se julga responsável pelo destino da humanidade é bem demonstrado quando um dos membros da família Abrasax reclama que: fazemos tudo por "eles" (povo) por misericórdia, e em troca não recebemos gratidão, nem reconhecimento. O sentimento de classe fica evidente quando Caine (salvo engano) reconhece: Abrasax (burgueses) somente ficam ao lado de Abrasax (burgueses).
O excesso de utilização de símbolos místicos tem como função derrubar, combater, destruir, crenças religiosas que funcionam como instituições da superestrutura convenientes com a manutenção do sistema. "A religião é o ópio do povo". Não se trata de propor uma nova crença, mas de ridicularizar as que hoje impedem o crescimento, a libertação, o despertar da consciência, das pessoas e nações.
Alguns acontecimentos são apagados das memórias de alguns humanos (recurso que vimos em outros filmes também, como MIB). O detalhe aqui é que fica explícito que se trata de uma fórmula simples: Conhecimento + Tecnologia ("sementes da nossa imortalidade", declara um dos Abrasax), uma alusão clara ao papel da mídia tradicional, que manipula eventos e, de certa forma, promove o apagamento de memórias. Assim como na vida real, algumas pessoas todavia têm suas memórias (consciência) preservadas, porém, ninguém dá muito crédito a elas.
"Mentiras são necessárias. São a fonte da crença e da esperança."
"A verdade? A maioria não ia querer a verdade."
Os planetas, na perspectiva dos Abrasax, são colônias de seres humanos. Esses humanos têm como finalidade alimentar a vida da classe superior e manter o equilíbrio econômico do sistema. Assim, os humanos são como gado. Um mero rebanho. "Seu planeta é uma fazenda. É como abater um rebanho de gado." Fica bem evidente a referência ao imperialismo que subjugou povos e exerceu a dominação econômica (ou pela força) de diversas nações.
Outro ponto que não passa despercebido é a alusão ao ineficiente, monstruoso, deformado, modelo de organização burocrática dos estados socialistas. Outra instituição poderosa da antiga URSS, a KGB, a temida polícia secreta, aparece como a Égide. Olhe que curioso, a Égide é definida pela Wikipedia nos seguintes termos: "Na terminologia jurídica, égide representa a proteção de um bem ou determinados direitos. Por exemplo, diz-se que o direito à saúde está sob a égide da constituição ou que 'meu filho esta sob minha égide'". Direitos humanos, direito à liberdade, direitos...
Interessante: todos os "Estados" querem a "russa" (o socialismo). Claro que para impedir que ela ocupe seu devido lugar. O "casamento" (alianças) e as permanentes tentativas de seduzi-la nos fazem imaginar isso.
A luta de classes é a linha condutora das batalhas do filme (em lindas e emocionantes cenas!). "Não sairemos desse planeta sem lutar", gritam os aliados de Júpiter. Uma ponta de mágoa, de injustiça, de frustração, também aparece: "Quanto mais se importa, mais o mundo tende e lhe machucar por isso." Júpiter em sua pureza, questiona: "Como alguém pode ser dona da Terra?".
Referência sutis como imagens do planeta vermelho, o fato de Júpiter ser conhecido pela imensa tempestade de gases identificada como "mancha vermelha", e a refinaria que explode, entre outras, contribuem para a atmosfera mágica dessa extraordinária obra-prima de "ficção-realidade".
Algumas coisas não consegui linkar. Talvez, quem embarcar nessa minha viagem, consiga me esclarecer ou ter um insight:
-- Por que as abelhas? Pesquisei sobre o desaparecimento das abelhas em várias partes do mundo (principalmente nos Estados Unidos). Sei que são insetos altruístas. "As abelhas são altruístas, têm consciência comunitária, morrem pela colmeia. Têm capacidade de aprender e de se comunicar. Enquanto cuidam de si, beneficiam outros seres." Seria algo nessa linha? Ou com a referência em outra passagem do filme de que abelhas não mentem e não questionam?
-- Assassinos entram na casa dos pais de Júpiter perguntando onde está o dinheiro. Por algum motivo, levam o telescópio. O crime não é esclarecido no filme.
-- A origem do caçador, Caine. Híbrido genético com lobo. E de Stinger: híbrido genético com abelha. Por que a filha de stinger está doente e sem dinheiro?
-- Por que a hora do despertador é 4h45?
-- Por que as referências a esculturas gregas e arquitetura árabe?
Eu sempre acho que nada é colocado por acaso nesse tipo de filme, repleto de metáforas e analogias.
Estou querendo supor que Júpiter e Caine são partes de um todo, de uma mesma coisa. Mas não consegui "enxergar" isso claramente.
Com certeza, tal como em Matrix, deveremos ter continuações do filme. Bom, isso se o "capitalismo" providenciar recursos para isso, né? Afinal, diante de uma crítica tão explícita, talvez os Abrasax resolvam financiar outros tipos de filmes mais adequados a apagar memórias e manter o povo na ilusão.
Nos aspectos cinematográficos, eu achei esse filme deslumbrante. A impressão digital da dupla de diretores é inconfundível. E que música!!! Michael Giacchino arrebentou! É quase uma sinfonia de Beethoven! Espetacular. Ponto alto do filme. Dá um brilho especial às grandes cenas de ação. As cores, a fotografia e a computação gráfica também achei um arraso. Mila Kunis linda, Redmayne um pouco exagerado, Tatum ok.
Cinquenta Tons de Cinza
2.2 3,3K Assista AgoraEu tenho amigos homens, "machos" de verdade, não gays, que todavia acredito devem se masturbar pensando em Christian Grey, o personagem do best-seller, agora transformado em filme, "50 tons de cinza". Vejo diariamente em minha timeline a verdadeira adoração que alguns possuem por esse modelo de homem imposto pela hegemonia cultural americana: o "business man" bem sucedido e bilionário. Incrível a excitação que eles ficam quando falam ou estão perto de homens assim. Não adoram apenas esse homem, claro, mas todos os atributos físicos e materiais que estão embutidos nessa verdadeira salsicha de hot-dog do "american way of life", como carros, sucesso, grifes, mulheres, modo de pensar, estilo etc. Para tudo isso, eles se masturbam também, nem que seja mentalmente.
Há uma cena no começo do filme que quase me levou a vomitar (ao contrário daqueles meus amigos a que me referi acima que devem ter tido outra experiência de expelir): a cena da entrevista no incrível escritório de Mr. Grey. Observe bem o que o "homem de negócios" fala sobre seu trabalho e sucesso. Preste atenção na mensagem. O reforço ideológico. A cuidadosa manutenção da superestrutura. Ele é um homem bem sucedido, bilionário, porque trabalhou muito, arduamente, e sempre soube tirar o melhor das pessoas. Olhe ao seu redor, todavia. Aplique um método científico simples e compare com a realidade que lhe cerca. Você acha mesmo que homens como Grey são os que trabalham mais duro? Ou na verdade, passando-se a teoria de palestra motivacional na peneira, essas tão badaladas "pessoas de sucesso" aplicaram uma fórmula bem mais simples: menos escrúpulo, menos trabalho, mais dinheiro? Sem generalizações, claro!
Hollywood está cada vez mais perfeita em sua propaganda que inspira homens, mulheres, adolescentes e crianças ao redor do mundo a perseguirem "sonhos", a manterem a chama acesa de que "acreditar" é o caminho e que tudo pode se realizar para eles também. Claro, desde que façam isso sem raciocinar, sem usar a massa crítica e consumindo cada vez mais os produtos de sua cultura. Desliga a mente e vai em frente, sonha e acredita, que você chega lá!
Contos de gata borralheira e de príncipes encantados que combinam perfeitamente com mentes preenchidas pelo vazio filosófico, com vidas sem significados, com seres que se "auto-desconhecem", com pessoas despolitizadas. A alienação permanente do EU, e do NÓS. A anestesia que desconecta do OUTRO, e do TODO.
Esse vírus da adoração desenfreada pela cultura alheia, felizmente, não inoculou em todos. Inclusive, muitos que conhecem os EUA profundamente para saber separar o REAL do IMAGINÁRIO. O "país das maravilhas" criado e vendido pela "indústria dos sonhos e da fantasia".
Há quem viva, todavia, uma eterna infância. Uma maçã não pode decidir "não amadurecer" e se manter pregada à árvore. Seres humanos, podem.
Quem se encanta com o filme "50 tons de cinza" certamente não ri das piadas inteligentes e da sátira oportuna de Sacha Baron Cohen em "Borat". Aquele "estrangeiro" desorientado que se masturba diante das vitrines da 5a. Avenida de Nova York, caga nos suntuosos canteiros públicos ou traz seu cocô em um saquinho plástico para a anfitriã de alta sociedade que lhe oferece um jantar, perguntando educadamente o que fazer com aquilo, está compreendendo muito melhor a realidade americana do que aquela imensa legião de seguidores.
Anastasia é a nova "Uma Linda Mulher". Basta comparar a estudante tímida, descuidada e desengonçada do começo do filme com a "Cinderela" do final. Sendo que a personagem de Júlia Roberts era muito mais honesta: assumia publicamente sua profissão -- prostituta. Anastasia também é, mas se envergonha disso.
Interessante foi perceber que a vergonha extrapolou a ficção e atingiu a própria atriz, Dakota Johnson, que em entrevista montada pela produção do filme ao "deslumbrado" Fantástico, da sócia-hollywoodiana Rede Globo, declarou que teria vergonha que seus pais (ou sua filha, se a tivesse) assistissem ao filme.
Isso me lembra Nota que publiquei aqui (Facebook) tempos atrás (no link: https://www.facebook.com/notes/carlos-von-sohsten/relativismo-moral/4847653646422), em que o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, ao discorrer sobre relativismo moral, relata a história do maratonista espanhol que estava em segundo lugar numa corrida e ao ver que o líder, um corredor nigeriano, que havia ficado em primeiro lugar praticamente toda a maratona, se atrapalhara e não cruzara a linha de chegada parando antes para dar uma entrevista, empurrou-o até o ponto certo para que pudesse confirmar sua vitória. Indagado posteriormente pelos jornalistas porque fizera aquilo, afinal poderia ter ganho a corrida (estava na regra!), ele declarou que não imaginava que pudesse ter feito algo diferente. Disse ainda o corredor espanhol: "Se eu ganhasse desse jeito, o que ia falar para a minha mãe?". Cortella completa: "Como a mãe é a matriz de vida, ela é a última pessoa que se quer envergonhar".
Pelo "Deus" dinheiro, há pessoas que fazem tudo -- envergonham até a própria mãe. Essa é uma "película" muito tênue que separa quem é ético de quem não é.
Esse mesmo relativismo moral é o que ameniza a reação do grande público quanto as atitudes do protagonista em virtude do que sofreu na infância. Ouvi na saída do cinema: "Ah, mas ele faz isso, coitado, porque sofreu muito quando criança, era filho de prostituta e foi abusado sexualmente". E assim, a violência física e psicológica a que submete sua parceira fica justificada.
E se Grey não fosse um bilionário? Se ele fosse um morador de rua, pobre e negro, a compreensão dos seus atos seria a mesma? Certamente, não! O "menino" filho de prostituta e abusado sexualmente seria agora jogado em um presídio, após ser torturado, para ser abusado de novo pelos colegas de cela. Não lhe soa real, rotineiro e familiar isso?
Aqui para nós, o que Grey precisa é de médicos psiquiatras, psicólogos e assistência social. Anastasia, também!
Percebe-se a mesma tendência à relativização quando o empresário bem sucedido aparece em um evento discursando sobre projetos sociais que mantém na África para combater a fome. Que bonzinho!!! Ignora completamente as relações de causa e consequência (há fome é miséria na África para que haja superabundância para pessoas como Grey, como Grey estou dizendo!), aspectos históricos e relações econômicas. Que bilionário mais inculto!
A sociedade aplaude esse tipo de gesto: é dessa forma -- através dessa caridade vazia, ilusória e mantenedora do status quo -- que se adquire um "ticket to heaven", conforme essa "consciência social" debilitada. Haja ópio!
Não é à toa que, por causa do filme, as feministas estão subindo pela parede! Com razão! Tantas décadas de luta para conseguir avançar lenta em parcos soluços nas conquistas para a igualdade social, espaços políticos, respeito e dignidade para a mulher, e um filme com um apelo vulgar empurra tudo para baixo. Lá vem mais ideias de mulher como mercadoria, submissa, como um mero objeto do prazer do homem, dominador, provedor. A indústria pornográfica está em festa! As lojas vão abarrotar de algemas, açoites e chicotes. O filme, nesse aspecto da condição sócio-política da mulher, é mesmo um balde de água fria. Um retrocesso enquanto mensagem. Não que ele seja o único filme nesse sentido (sem mencionar séries, novelas, reality shows etc), mas pelo magnitude de penetração e influência que alcançou. Em cabecinhas não bem "formadas" ou "informadas", o estrago dessa contaminação cultural é grande. E lá vai Grey dando carros e roupas para sua "putinha" da hora...
A superficialidade da relação do casal de "50 tons" é algo igualmente extraordinário. Por sinal, essa mesma característica envolve outros relacionamentos de filmes famosos recentes (últimos 20 anos, pelo menos), que retratam esse modelo de juventude e família americanos. Uma tristeza! A relação de Grey e Anastasia está subordinada a um "acordo de confidencialidade" e um "contrato" com regras de submissão e punição -- dela. A "negocificação" do "amor" como jamais vista antes.
O fetiche é uma realidade social: fato. Esqueça as definições de dicionário. Está impregnando tudo à nossa volta em diversas aparências e formas. Como diz o filósofo moderno, Slavoj Zizek, em seu aspecto mais puro, ele é um objeto minúsculo e estúpido ao qual nos agarramos e que nos permite suportar todas as concessões imundas que fizemos na vida. Pode ir de experiências espirituais íntimas à filhos. O problema é quando o fetiche é o ponto de partida, o nascedouro, o princípio que origina as relações sociais, ou uma relação afetiva. Daí, a glorificação da futilidade. A "glamorização" que excita. A supremacia do TER.
À mulher que se excitar na cena em que Grey espanca Ana, sugiro andar com telefones e contatos da delegacia da mulher mais próxima na bolsa. Ao homem, cuidado, a Lei Maria da Penha está aí. Para ambos, sugiro tratamento psicológico. É sabido que traumas de infância são poderosos influenciadores em comportamentos e atitudes da vida adulta. Apanhou do pai, foi molestada sexualmente por um tio, sofreu pressões psicológicas severas: terapia! Uma coisa é brincadeira; outra coisa é coisa séria. Sacou?
Finalmente, para quem tem complexo de vira-lata, o filme será um grande momento. Para quem não tem, é ótimo para um exercício de reflexão, como dá para perceber. Ao contrário do cartaz do filme, recomendo: Não perca o controle! Isso é tudo o que eles querem.
O Quarto Protocolo
3.2 17 Assista AgoraForsyth é muito superior ao filme.
O Candidato Honesto
2.5 432 Assista AgoraJim Carrey fake.
Planeta dos Macacos: O Confronto
3.9 1,8K Assista AgoraOntem fui ver esse filme. Gostei, bastante.
Sem dúvida, um dos principais propósitos da produção é jogar em nossa cara alguns aspectos do nosso lado "humano", do qual tanto nos vangloriamos quando nos referimos à nossa própria espécie.
"Macacos não matam macacos."
"Nós começamos a guerra e os humanos não irão nos perdoar."
E, a contaminação do ódio "humano" através das cicatrizes de Koba.
Em tempos de guerra, concluímos: estamos longe, muitos longe dos macacos...
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista Agora3 + 5
A Menina que Roubava Livros
4.0 3,4K Assista AgoraQuando todos estão no abrigo anti-aéreo, Hans toca algumas músicas em sua sanfona. Alguém as reconheceu? Sabe nome e compositor?
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraAzul é a cor mais quente ou A vida de Adèle?
Sobre o Azul do título
O título original do filme é bastante inferior, em termos de significado, ao título escolhido tanto para o inglês, como para o português. Isso já atiça minha curiosidade: qual o sentido dessa mudança drástica? De onde, ou de quem, partiu isso? Do diretor?
Se alguém souber as respostas, por favor, compartilhe comigo.
O título “Azul é a cor mais quente”, na minha opinião, diz muito mais sobre o filme do que o título original. É o título do romance gráfico que deu origem ao filme. Experimente alterar o nome de algo que você gosta, tipo: passe a chamar chocolate de detergente. “O que você quer de sobremesa, senhora? – Mousse de detergente” Ok, a comparação é esdrúxula, mas serve ao meu propósito de expressar o que sinto quanto a mudança do título. Deu pra entender?
Há que se observar que o azul está impregnado na personagem Adèle. Em todas as críticas que li, é feita referência que destaca apenas aos cabelos azuis de Emma, como se esse fosse o detalhe mais importante dos azuis que gravitam em torno de Adèle. Todavia, essa é apenas mais uma alusão à cor que simboliza a vida de Adèle, como a fumaça do cigarro, os lençóis da cama, as paredes e molduras dos quadros do quarto, as roupas e muitos outros azuis que gritam ao redor da personagem. Mas, o que eles querem dizer? Não vi ninguém interpretar isso. E, obviamente, como se trata de algo tão sutil e subjetivo, e cada um perceberá isso através das lentes da sua cultura e experiência de vida (que podem ser azuis ou não), é possível admitir-se uma infinidade de interpretações. Qual é a sua?
Algo que me ocorreu é que nascemos azul ou rosa. Meninos são azuis. Meninas são rosas. Tradicionalmente falando, é claro! Mas, isso é tão arraigado em nossa cultura, que eu não me lembro em toda a minha existência de ter visto um enxoval de bebê que tivesse uma cor diferente.
Então, se o azul é a cor mais quente, homens seriam mais quentes do que mulheres? Não acho, mas pode ter sido o ponto de vista do diretor. Adèle teria uma natureza de “menino”, daí a sua homossexualidade? Não tenho respostas para essa pergunta. Faço-a como simples recurso de retórica, como outras que farei no decorrer dessa minha reflexão.
Vale uma observação neste ponto: Adèle é filha única. Teriam seus pais criado a expectativa de um filho homem? Sabemos que esse tipo de comportamento dos pais, ainda que não manifestado de forma categórica, colabora para a criação de profundos sentimentos e condições psicológicas nos filhos.
O fato é que o azul está mais fortemente relacionado à Adèle do que aos cabelos de Emma, que no decorrer do filme, inclusive, abandona a cor exótica (que a deixou muito bonita, por sinal).
Sobre os textos dos livros
Está mais do que claro que os textos estão ali para explicar situações ou mesmo “contar” parte da história. Isso foi feito de forma bastante óbvia e explícita. Não achei nada indireto, nem sutil, como outros críticos viram.
Por exemplo, na crítica abaixo.
http://lounge.obviousmag.org/incinerrante/2014/01/a-agua-como-metafora-azul-e-a-cor-mais-quente-politicas-da-identidade-poeticas-da-existencia.html
Tal como no caso do autor do texto do link acima (crítico que considero genial, diga-se de passagem), a metáfora da água ficou “batendo” na minha cabeça, tal qual água mole em pedra dura. Assim, uma outra citação de Sartre (salvo engano) que trata de nossa essência: se já nascemos definidos ou se é a cultura que nos definirá.
Acredito, portanto, que o filme busca nos colocar diante dessa dúvida, que é de boa parte da humanidade e que tanta polêmica causa por aí quanto as opções sexuais das pessoas: nascemos heterossexuais/homossexuais ou a vida nos conduzirá a essa escolha?
Adèle me parece compartilhar dessa dúvida, durante todo o filme, em suas reflexões introspectivas e silenciosas. Porém, de uma forma muito superficial, considerando-se os traços de sua personalidade (ver tópico abaixo sobre a personalidade da protagonista).
Sobre o sexo entre H x M e M x M
Nesse aspecto, o filme indica: sexo entre mulheres é muito mais intenso, demorado, interessante, variado, do que o sexo entre um homem e uma mulher. Uma visão bastante preconceituosa, se é que houve realmente essa intenção. Ou que simplesmente reflete as experiências dos criadores do filme. A autora da revista, como já disse antes, tinha a intenção de banalizar a questão da homossexualidade. O filme não cumpre esse objetivo. Pelo contrário!
O filme também chama a atenção para a preocupação que os homens têm quanto a satisfação sexual de suas parceiras, ou melhor dizendo, quanto ao seu desempenho e perfomance sexual. Uma pergunta bastante batida e que Thomas não resiste em repetir: “Foi bom para você?”, que Adèle responde com uma mentira, pressionada por algum motivo interior. Ela não quer desagradar ou magoar seu parceiro. Quantas e quantas mulheres mentem da mesma forma e mantém suas vidas sexuais desinteressantes, frias, sem cor, sem azul?
Por outro lado, nas cenas de sexo entre as duas mulheres não há necessidade dessa afirmação. Ambas aparentam total satisfação. Êxtase absoluto. E dormem relaxadas, juntinhas, na posição em que acabaram, ainda que seja com seus rostos colados ao sexo uma da outra.
Sobre as cenas de sexo
Achei as cenas de sexo lindas. Mas são pornô sim! Todavia, da melhor qualidade.
Elas também são necessárias.
E de certa forma, depois que soube dos comentários da relação entre o diretor e as atrizes, suponho que existe algum fetiche por ali, enrustido, da parte dele. Percebe-se um traço fetichista também na forma como ele exibe, em várias cenas, os corpos femininos. Arriscaria dizer que o diretor apaixonou-se pela Adèle real e que sentiu enorme prazer em fazer esse filme.
Outro fetiche do diretor franco-tunisiano, Abdellatif Kechiche, é com o espagueti. A que será que ele associa? Pistas?
Uma coisa que captei (não fui o único): no dia em que assisti, o cinema estava lotado de um público predominantemente gay. Não senti por parte dele muita aprovação quanto a intensidade, posições e duração das cenas de sexo. Pelo contrário, ouvi críticas e reclamações, do tipo: “Isso não existe”, “Muito exagerado”. E risos nervosos, muitos risos nervosos. Curioso isso!
Julie Maroh, criadora da revista que serviu de base ao filme, critica fortemente o conteúdo. Se em sua criação ela tinha como objetivo banalizar o sexo entre mulheres, na tela, ficou frustrada: “Me parece claro que foi isso que faltou na tela: lésbicas”. E descreve as cenas de sexo com implacável dureza:
“uma ostentação brutal e cirúrgica, demonstrativa e fria do sexo dito lésbico, que parece com o pornô, e que me deixou muito desconfortável. Sobretudo quando, no meio de uma sala de cinema, todo mundo cai na gargalhada. Os/as heteronormativos/as, porque eles/elas não se identificam e acham a cena ridícula. Os homos e outras transidentidades, porque não é credível e porque eles/elas acham igualmente a cena ridícula. E, em meio aos únicos que não se ouve rir, há os eventuais caras que estão ocupados demais com a excitação diante da encarnação de um de seus fantasmas.”
Então é isso: meu lado azul falou mais quente.
Sobre a traição de Adèle
Adèle trai Emma com um homem?!?! Esse é outro “detalhe” que não vi retratado em nenhuma outra crítica.
Alguém comentou: Adèle traiu porque estava sendo traída. Não. Não estava. Emma é uma mulher moderna, despojada de preconceitos, fiel às suas crenças, segura de si mesma. Ela apenas gosta muito de algumas de suas amigas. Naturalmente. Para ela, isso representa um outro tipo de relação. Outro tipo de afeto. Emma é muito integra quanto a seus sentimentos e por isso fica indignada quando é traída. Ainda que por um homem! O que ela não admite é a mentira, a dissimulação, a armação utilizada por Adèle. Talvez até aceitasse que Adèle saísse com seus colegas do trabalho em noites calientes e cheias de sexo, se isso fosse feito de forma aberta e transparente pela sua parceira. O mundo está repleto de casais adeptos do “open relationship”.
Alguém ainda analisou: Adèle não considerava aquilo uma traição. Errado! Considerava sim. Tanto que fazia escondido e criou toda uma armação para dissimular. Adèle não queria revelar seu relacionamento homossexual para seus colegas de trabalho. Ela explicita isso. Ora, mas isso não justifica a mentira. Ela sabia que fazia algo errado e que magoaria sua parceira.
Sobre os close ups
Um crítico falou que os close ups dos quais o diretor se valeu durante todo o filme serviram para nos colocar na condição de voyeur. Discordo. O voyeur observa as coisas de longe, na sombra, disfarçadamente. Os close ups, pelo contrário, colocam-nos diante dos personagens, quase como se ali estivéssemos, na frente deles.
Concordo com a abordagem que considera que, nesse filme, os close ups têm a função de salientar detalhes gigantescos, que através do silêncio ou do som que emitem fazem-nos refletir sobre nossa própria vida. Mérito do diretor! Perfeito diante da proposta do filme.
Sobre o catarro
Ora, ora, ora. Em um filme tão cheio de metáforas, o catarro é o esperma, é claro! Quem não viu isso?
Sobre a diferença de interesses entre Adèle e Emma
Esse era o maior abismo no relacionamento das duas personagens.
Emma cheia de interesses profissionais, intelectuais, convivendo com uma elite da arte e da cultura, com projetos e “grandes” sonhos. Ambição define a personagem.
Adèle, o oposto. Uma muler simples, despretensiosa, comum. Para ela, o básico estava bom. Seu “empreguinho” de professora infantil, a mesma rotina, ser a “dona de casa” que cuidava da recepção dos sofisticados amigos de Emma. E depois de tudo, lavava a louça cândida e placidamente. Resignação define a personagem.
Como conciliar um relacionamento entre a ambição e a acomodação? Um dia a casa iria ruir. Ou não! Afinal, não há milhões de relacionamentos exatamente assim?
O problema é que Emma não aceitava isso de sua “esposa”. Queria que ela fosse “feliz”. Adèle não entedia isso, pois considerava-se “feliz”.
Aos poucos, as duas parecem acostumar-se à situação.
A personalidade indefinida de Adèle
A personalidade de Adèle chega a ser irritante em alguns momentos do filme. Claudicante. Inexpressiva. Insegura. Vazia. Uma pessoa que não se comunica. Não expressa seus sentimentos.
Não me lembro de ter conhecido pessoas de personalidade tão apática quanto a de Adèle. Esse traço de seu comportamento trazia-me de volta à cadeira do cinema. Quebrava o clima de realismo tão fortemente propiciado por outros aspectos do filme. Sempre sou invadido por uma imensa dissonância cognitiva com personagens assim e pessoas mais ou menos assim.
E o final, hein?
Outros comentários
Adèle é linda. Emma também!
Fotografia e trilha sonora: excelentes!
Costumo gostar das críticas de Isabela Boscov. Mas, o texto dela para esse filme deixou muito a desejar. Acontece.
Desculpem. Do filme, escrevi um livro. rsrs
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraSobre esses meus dois comentários anteriores:
http://filmow.com/comentarios/3952626/
http://filmow.com/comentarios/3953330/
Quero me redimir... (Nunca havia feito tantos comentários em um mesmo filme antes... rsrs).
Revi o filme e não ficaram pontas soltas!
Assumo total responsabilidade pela minha própria leseira... rsrs.
É verdade que o filme precisa ser assistido com muita atenção para que nenhum detalhe escape. Um rápido cochilo, uma olhada para o saco de pipoca, uma divagação sobre a cena anterior e pronto!, lá se vai um detalhe perdido.
A cena da Joy escapando do labirinto, por exemplo, apagou totalmente da minha memória na primeira "leitura".
O diálogo do detetive Loki com o outro investigador, na casa de Bob Taylor, foi tão rápido e com legendas tão confusas, que me escapou. (Quem mandou desaprender inglês e depender das letrinhas brancas que somem em fundos brancos???... rsrs)
Ter que assistir filmes mais de uma vez para captar detalhes sutilmente escondidos ou ampliar a percepção sobre o texto é comum (pelo menos para mim). Matrix e The Wall perdi as contas de quantas vezes assisti. A Origem, 6 vezes. Amnésia, Dois coelhos, O cubo, mais recentemente, Gravidade, e muitos outros que nem lembro agora.
"Os Suspeitos" entrou para a lista.
Ainda bem que no meu primeiro comentário eu já havia ressaltado a qualidade do filme. Opinião que mantenho. Excelente suspense.
Recomendo!
Aproveito para agradecer a todos que interagiram com meus comentários, pela imensa boa vontade em me ajudar a compreender o filme. Isso é fantástico no Filmow! Valeu, cinéfilos!
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraComplementando esse meu comentário anterior: http://filmow.com/comentarios/3952626/
- Houve um momento do filme que eu pensei que o desfecho seria igual ao de "O amigo oculto", com Robert de Niro. Ou seja, que Dover seria um pai psicopata que fazia tudo aquilo, juntamento com os outros doidinhos, na forma de uma brincadeira macabra, o labirinto.
- Outro desfecho que me veio a mente em determinada parte do filme, foi o de que as explicações viriam na forma de reorganização temporal da história. Ou seja, algumas cenas estariam distantes no tempo, ou invertidas, até determinada altura do filme e, no final, seriam colocadas na sequência cronológica correta. Não lembro de algum filme que tenha utilizado o mesmo recurso par dar exemplo. O único que me vem à mente é "Amnésia", embora essa questão temporal neste filme seja bem evidente.
- Uma última dúvida: como o apito vermelho foi parar no buraco sob o carro? Dover não o havia escondido em seu porão? Quando Anna aparece com um apito na cadeira de rodas cheguei a pensar que seria mais uma ponta solta do filme, ou a chave para decifrá-lo.
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraO nome desse filme deveria ser "Pontas soltas". Afinal, é isso o que mais sobra ao final.
Vi pelos comentários abaixo que muita gente considerou isso um ponto positivo. Chegaram até a comparar com "A Origem". Ora, mas são coisas completamente diferentes.
Uma coisa é deixar no ar ideias/sugestões para reflexões; outra é ponta de roteiro sobrando.
O maior pecado que se cometeu de cara nesse filme foi a tradução do título. O nome original tem muito mais a revelar, do que "Os Suspeitos". Por que não deixar "Prisioneiros"? Será que venderia menos?
Depois dessa minha introdução pancada, todos devem imaginar que não gostei do filme. Erraram os que pensaram dessa forma. Gostei sim! Vejo vários pontos positivos em “Os Suspeitos”. Chego a pensar que o excesso de pontas soltas foi intencional. É fato que o espectador fica "prisioneiro" na cadeira do cinema durante toda a trama. Suspense em high level. Fotografia perfeita! Boas, não ótimas, interpretações. Direção espetacular, por não entregar de bandeja aquilo que está claro e que o espectador pode deduzir.
Mas, ficam dúvidas, em suspense. A reação da platéia no corte final é digna de registro. Surpresa geral!
Uma curiosidade:
na sua sessão, a platéia riu algumas vezes? Por exemplo, na cena em que a mãe de Joy mostra foto da filha ao Alex aprisionado, ensanguentado e com os olhos inchados de tanto apanhar? Na sessão que eu estava, rolaram risadas em várias cenas. Curioso isso!
Bom, vamos a minha lista de dúvidas... Vi que muitos "entenderam" o filme… Ou têm vergonha de dizer que não entenderam nada, ou o burro da história sou eu mesmo. Vejamos:
- Como, de onde, por que a menina Joy se libertou?
- Por que ela diz que Dover estava lá e a amordaçava?
- Que líquido é aquele que a Sra. Jones dá para o Dover tomar e que não parece fazer grandes efeitos?
- Por que o Dover, que pelo perfil apresentado deveria sempre ter um plano B, cai tão facilmente nas “garras” da Sra. Jones?
- Qual a explicação das janelas e da meia da Anna encontrada sob uma delas?
- Por que o suicida entra nas casas das vítimas sorrateiramente?
- Qual a explicação dos labirintos e de uma suposta brincadeira macabra que havia?
- O que significavam as serpentes?
- Por que o Alex parece saber mais sobre as meninas, mas depois nada disso se esclarece?
- Qual a relação entre Alex, o suicida e a Sra. Jones? Alex é mesmo o menino desaparecido há 26 anos?
- O que está por trás do suicídio do pai do Sr. Dover?
- Revistaram a casa da Sra. Jones e não encontraram nenhum dos pertences do Sr. Dover? Nem o celular no ralo?
- O Sr. Jones era o cadáver na casa do padre pedófilo? E aí?
- E os manequins enterrados? E o sangue e a cabeça de porco?
- Por que Dover retorna a casa da sra. Jones quando Joy se assusta com ele no hospital?
- Por que não há uma pergunta sequer na lista acima com o detetiva Loki?... rsrs
A verdade é que há muitos prisioneiros no filme.
- Dover no buraco
- As meninas
- Alex
- O suicida
- A mãe prisioneira da saudade do filho desaparecido
- As famílias prisioneiras da angústia pelas filhas desaparecidas
- A sra. Jones prisioneira da sua psicopatia
- O detetive Loki prisioneiro da sua missão
E, nós, espectadores? Acho que somos os prisioneiros mais importantes da história. Somos os prisioneiros da dúvida!
E, por isso a filme vale à pena e eu o recomendo.
Dose Dupla
3.3 395 Assista AgoraExcelente filme de ação. Original.
Química muito boa entre Denzel W. e Mark W. Texto bem feito. Humor fino e ácido.
Bem dirigido.
Recomendo!
Elysium
3.3 2,0K Assista AgoraO roteiro tem muitas falhas ou foi só impressão minha?
Achei fraco.
Só posso avaliar esse filme como uma metáfora crítica entre o "mundo desenvolvido" e o terceiro mundo. Se esse era o ponto, foi bom.
Os atores brasileiros fizeram bonito. Alice Braga está ótima! Consolida-se cada vez mais na cena mundial.
Todavia, valeu o preço do ingresso.
Invocação do Mal
3.8 3,9K Assista AgoraUm terror 5 estrelas, o que é raro! Acho que os últimos que me empolgaram foram: O sexto sentido, A vila, Atividade Paranormal e Sinais (tem um outro de extraterrestres também, mas não estou lembrando o nome agora - da "coruja" na janela").
O malasio James Wan tem grande responsabilidade pelo sucesso do filme. Que direção! Utiliza diversos recursos cinematográficos para nos conduzir diretamente à casa mal-assombrada e praticamente nos transformar num membro da família.
Vera Farmiga como sempre excelente, maravilhosa! Mas, diga-se de passagem, todos os atores estão de parabéns! A Joey King, que também está em cartaz em "O ataque", demonstra que é craque desde pequena.
O filme parece reunir todos os elementos de um bom terror na medida certa. Até mesmo a utilização de um pequeno toque de humor, extremamente necessário para quebrar o clima no momento certo e envolver ainda mais o espectador no suspense.
A cena em plano sequência da mudança é cinema puro! Os cortes estão no momento exato. Aquilo que é mostrado e aquilo que permanece escondido, também. Os sustos! Detalhe: terror tem que ter cenas previsíveis. A arte todavia está na boa utilização disso, combinado com aquilo que não podemos antecipar.
No dia que assisti, o cinema estava lotado. O que é sempre muito bom nesse tipo de filme. Foi emocionante perceber a reação da platéia: dos gritos de pânico, às risadinhas nervosas, e até mesmo as piadinhas, como por exemplo: "a menina bugou", na cena de sonambulismo.
A expectativa gerada através das matérias e críticas (não sei se isso foi uma estratégia de marketing planejada) e o fato de "basear-se em uma história real" ajudaram bastante, devemos reconhecer. Mas isso não tira o mérito do filme.
A fotografia e cores estão na medida certa. Direção de arte e de fotografia mantiveram um alinhamento estupendo. A trilho sonora: perfeita!
Não achei defeito nesse filme (coisa rara!!!...rsrs).
Eu me diverti muito! E me arrepiei em várias partes do filme. Não importa se você acredita ou não; se você tem medo ou não; o papel do bom filme é fazer você sentir as emoções. E, esse excelente filme consegue isso!
Cine Holliúdy
3.5 609 Assista AgoraProposta interessante.
O Amigo Oculto
3.6 1,2K Assista AgoraAcho um excelente suspense psicológico.
Inclusive porque há personagens psicólogos, mas claro que não apenas por isso.
O roteiro é excelente e a direção está perfeita.
Une todos os elementos de um filme de terror, mas não é um filme de terror.
Mantém o suspense em nível elevado e no final tem um final surpreendente.
A cena que mais me intrigou foi a da chaleira. No final, tudo fica esclarecido.
A Dakota está brilhante! Que talento! De Niro, nota 10!
#Recomendo
Se Puder... Dirija!
1.8 178Consegui sair do cinema sem dar uma risada sequer.
O filme impressiona pela péssima qualidade - de tudo! É aquele tipo de filme pra queimar ator. Até o cachorro - que recebe créditos destacados ao final - está péssimo, por aí você tira o resto.
Parece trabalho de conclusão de curso de aluno de cursinho de cinema. Cursinho de 4 meses, não curso de graduação. Inacreditável.
O texto chega a ser ridículo. As piadas (se é que podemos chamar de piadas!) são previsíveis. E, Luis Fernando Guimarães para esse tipo de humor já deu. Tem que repensar o personagem que encarna sempre. Pode usar sua experiência para fazer coisas mais consistentes.
O abuso da Renault é algo que deveria até ser proibido (tem dinheiro da Ancine nesse filme???). Observe! É ridículo! E, como tudo é mal feito nessa "brincadeira", conseguiram queimar até o carro escolhido para ser a estrela principal: preste atenção no som do motor do Fluence. Quem compraria um carro daquele com barulho de lancha velha???
Lamentável.
Envergonha o cinema nacional. Vai ficar ao lado daquela última porcaria do Casseta & Planeta.
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraNão saco nada das referências a séries japonesas e animes que vi destacadas em alguns comentários.
Para mim, o filme teve uma ponta de Indepence Day. Aquele velho e ufanista discurso americano...
Não achei de todo ruim. Preferi mergulhar nas metáforas, como nas neuroconexões e nas partes em que uma pessoa interfere na memória de outra. Tem PNL nisso... rsrs.
As sequências de lutas me confundiram e cansaram. Confesso que tive sono lá pelas tantas...
É um bom filme, mas não um excelente... Há méritos de Del Toro? Certamente! Mas o casting não correspondeu.
That's it!
Flores Raras
3.8 567 Assista AgoraUma beleza de filme!
Vi que vários comentários já utilizaram os adjetivos que eu planejava usar... rsrs.
Glória Pires exibe uma força dramática exuberante, ao mesmo tempo leve e poética. Constrói um personagem raro e complexo. É preciso reconhecer, igualmente, o primoroso trabalho da Miranda Otto e da Tracy Middendorf. O filme é delas!
Música, fotografia, direção de arte, figurinos, locações e a direção geral: todos merecem os parabéns!
Torcer para que nos traga um Oscar! Merece!
Amnésia
4.2 2,2K Assista AgoraDICA PARA QUEM ALUGAR O DVD
Eu já havia assistido no cinema. E, de cara, o filme me impressionou. Um trabalho fantástico da parceria dos irmãos Nolan, de roteiro e diretor.
Aluguei ontem para assistir com meu filho.
Não resisti em tentar montar o quebra-cabeça, e já ia assistir pela terceira vez consecutiva quando resolvi passar antes pelos Extras. E o que havia lá?
- "Se você sofre de Amnésia, assista nessa sequência". Ou seja, a sequência cronológica (e lógica) da história.
Todavia, vale a pena você tentar por conta própria antes. Força o cérebro um pouquinho, vai. É um exercício de neuróbica! rsrs