Apesar de Terry Gilliam ter conseguido encontrar uma boa e criativa saída, com a utilização de outros atores e mudanças no roteiro, em decorrência da morte de Heath Ledger, é inegável que o falecimento do ator prejudicou o filme. De qualquer forma, "O Mundo Imaginário do Dr Parnassus" ainda é, apesar de todos os problemas na produção, um dos melhores trabalhos do diretor, com boa atuação de todo o elenco, excelente visual e aquele estilo surrealista e excêntrico já conhecido de Gilliam.
É assistir, se deixar levar por esse mundo imaginário e maluco e curtir.
Além de ser excessivamente monótono e lento, ainda conta com um péssimo roteiro, que explora muito mal uma ideia até interessante - semelhante ao que algumas décadas depois seria o tema central do bom "Ex Machina - e tem diálogos fracos, personagens mal desenvolvidos e inúmeros furos. Eu poderia dizer que vale a pena assistir pelo sessentão e ícone do cinema Kirk Douglas, ou pela beleza estonteante da Farrah Fawcett, mas, sinceramente, nem isso compensa a quase 1 hora e meia de duração de "Missão Saturno 3". Vi apenas por curiosidade e não curti.
Um filme belíssimo, mas também aterrorizante. Em meio a um contexto de Guerra Civil na Espanha, uma menina - Ofélia - busca na fantasia um refúgio para as atrocidades que lhe cercavam de perto, assim como também às dificuldades que passava na convivência com o seu sádico padrasto. Com um roteiro criativo e aspectos técnicos e visuais impecáveis, "O Labirinto do Fauno" serve também para o espectador como um escape à realidade, sendo uma fábula à moda antiga e apresentando uma história que mistura o real e o místico.
E quando mencionei anteriormente os aspectos visuais, em grande parte refiro-me ao visual único que Del Toro imprime em suas obras, com a junção do CGI com efeitos práticos - maquiagem e bonecos - e sendo uma marca bastante conhecida do diretor.
Ao final, Ofélia morre, mas renasce em um mundo de fantasia, como a filha desaparecida de um monarca em um reino distante. No entanto, inteligentemente Del Toro deixa uma "puga atrás da orelha" do espectador, com uma pequena incerteza se o que está diante de nós é verdadeiro, na história, ou não. Ou seja, é tarefa do público entender se ela realmente entrou em contato com o fantástico, oriundo da natureza mítica inatingível pelos adultos, ou se toda sua história não foi fruto da própria imaginação, em uma tática psíquica de negação e autodefesa contra a tragédia familiar que se abateu sobre sua vida. Em um, temos um final feliz, mas em outro temos um final trágico. Nesse caso, suponho que a maioria vai preferir acreditar no final feliz, isto é, acreditar na fantasia, assim como a pequena Ofélia também acreditou. No entanto, o que é fascinante - e triste - é que, na verdade, não faz tanta diferença se o que houve foi real ou não, pois a mensagem é a mesma: ela termina, ao final, em um lugar muito melhor do que este mundo cruel, sendo que, de uma forma ou de outra, o seu sofrimento cessou.
Uma obra que mescla drama, horror e fantasia e constrói um interessante conto de fadas com esses elementos, reconectando-nos com a nossa imaginação e trazendo uma necessária magia ao cinema.
"O Profissional" é, de fato, um filme inusitado. Reunindo elementos estranhos e incomuns - que talvez teriam, sob uma direção ruim, altas chances de funcionar mal, consegue, com um bom trabalho do diretor Luc Besson e uma grande atuação de todo o elenco, não somente entregar ação e drama na medida certa, mas também algumas divertidas e bem humoradas cenas, em uma história bem construída e com identidade e visual próprios.
Leon e Mathilda, à princípio, parecem personagens extremamente distantes, sendo o primeiro um frio assassino de aluguel e a segunda uma jovem abusada pelos pais e inserida em um núcleo familiar instável. No entanto, à medida que os seus destinos se cruzam e a trama se desenrola, percebemos não somente uma grande conexão entre os dois, mas também mais semelhanças do que se imaginava no início, sobretudo considerando que ambos, de uma certa maneira, estavam "sozinhos" no mundo, com a única relação mais fraterna de cada um sendo exatamente a que constroem entre si. Sendo assim, nesse inusitado e improvável relacionamento, ambos se ajudam, com Leon auxiliando a menina em se torna uma assassina - com o intuito de vingar o que houve com o seu irmão - e Mathilda ensinando o assassino a ler e escrever - humanizando-o e dando alegria a sua solitária vida.
A química entre os dois é, sem dúvida, o ponto forte do filme, dando profundidade e beleza à história e diferenciando esta película de outras produções do gênero de ação. Em diversos momentos lembrou-me, inclusive, o filme "Taxi Driver", em que os personagens interpretados por De Niro e Jodie Foster também cultivam uma relação parecida e possuem, ao final, um destino semelhante ao que ocorre nesta obra de Luc Besson. Neste caso, o destino é trágico e belo ao mesmo tempo, pois Leon perde a vida e se sacrifica para que Mathilda escape e sobreviva, mas, de certa maneira, ele apenas começou a realmente viver e ser feliz depois de conhecer a garota, que deu um significado maior a sua vida pouco antes de perdê-la. Assim como Travis era apenas uma taxista comum que acabou se tornando herói ao salvar uma prostituta, Leon era apenas um assassino de aluguel que se tornou herói somente após conhecer Mathilda.
Com relação às conotações sexuais de algumas cenas envolvendo os dois, acredito que fica bem claro, ou pelo menos ficou para mim, que Leon não possui segundas intenções com Mathilda, amando-a mais como uma filha do que qualquer outra coisa. É a garota que, em dados momentos, cultiva uma atração sexual, o que não é absurdo pelo ponto de vista dela, já que a menina era uma adolescente que jamais havia sido tratada tão bem por alguém como estava sendo naquele instante. O filme, no entanto, não ultrapassa qualquer linha ética ou moral aqui e nem incentiva pedofilia ou algo do tipo, com Leon cuidando dela como uma filha e Mathilda apenas possuindo uma espécie de amor platônico por ele.
E encerrando a minha análise dos personagens, vale também destacar que, para toda boa história com um herói, é sempre necessário ter um ótimo vilão e aqui temos isso na figura do dissimulado Norman Stansfield. Esse policial corrupto do DEA - narcóticos - é brilhantemente interpretado por Gary Oldman, que consegue transmitir uma espécie de maldade caótica e instável, roubando a cena.
Um filme divertido, bonito, intenso e criativo, que prende bem a atenção do espectador e garante um bom entretenimento. Recomendado.
Antes de assistir, por algum motivo pensei que ia ser um filme arrastado e cheio de clichês, mas fui positivamente surpreso em encontrar uma ótima película, que realmente faz jus ao fato de ser um clássico do cinema. "Fugindo do Inferno" retrata uma história surpreendentemente real, de oficiais de diversas nacionalidades dentre os Aliados, que estão presos em um campo de concentração nazista e planejam a fuga, com o roteiro - diga-se, muito bem elaborado - mostrando desde o planejamento da arriscada missão até a sua execução. O filme mistura momentos de comédia, drama e ação, prendendo a atenção do espectador ao longo das mais de duas e horas de duração - que passam desapercebidas - em uma trama que é uma verdadeira montanha russa de emoções, na qual sentimos esperança e alegria, mas também apreensão e tristeza.
Naturalmente, apesar de retratar uma história verdadeira, o roteiro faz diversas alterações a fim de adaptar ao cinema e também, é claro, para conseguir atrair a atenção do público. Dessa maneira, algumas cenas de ação que não ocorreram na realidade são adicionadas, assim como a participação de oficiais americanos é aumentada - na verdade, embora todos tenham feito parte da missão de fuga, oficiais de outras nacionalidades eram maioria na empreitada, no entanto são mudanças compreensíveis e que são bem executadas no filme sem parecerem muito forçadas. No geral, o filme consegue balancear bem o aspecto comercial, necessário para a produção da película na época, com o aspecto artístico e histórico, conseguindo ainda manter diversos elementos verídicos, o que honra bem a história desses prisioneiros e homenageia, sobretudo, os que morreram na fuga.
Ao final, temos um encerramento fiel à história verdadeira, mas trágico, pois, após tanto planejamento na "operação", muitas coisas acontecem da maneira errada e apenas 3 conseguem sobreviver e não retornar à prisão, com a grande maioria dos participantes tendo o seu destino na morte ou no retorno a algum campo de concentração. No entanto, finais tristes também têm a sua beleza e talvez sejam até mais poderosos do que finais felizes. Neste caso em particular, vale destacar que, mesmo para aqueles que morreram, eles ao menos tiveram esse melancólico fim lutando pela sua liberdade. Caíram, mas caíram de pé e de forma honrada ou, como o próprio oficial Bartlett afirmou pouco antes da morte: "nunca me senti tão vivo".
Também fundamental destacar a música tema e a atuação de boa parte do elenco, em especial Steve McQueen, que, mesmo tendo uma participação até mais curta do que eu imaginava na tela, consegue ter uma presença marcante em cada cena e está presente em momentos icônicos com o seu interessante e carismático personagem.
Sendo assim, "Fugindo do Inferno" é um clássico que não perde, mesmo após tanto tempo, a sua qualidade, entrega todos os elementos de um grande filme e honra uma história verdadeira e incrível com um roteiro bem amarrado e acessível a públicos de todas as gerações. Recomendado.
Um dos grandes clássicos do gênero noir, "Chinatown" entrega ação, suspense, drama e romance, em um roteiro complexo - porém, muito bem amarrado - e uma trama cheia de mistérios e reviravoltas. Durante a maior parte do filme, não sabemos em quem confiar, ou até pensamos que talvez não devêssemos confiar em ninguém, com a história prendendo a atenção do espectador e construindo o suspense até o clímax, em que, nos vinte minutos derradeiros, a verdade é revelada como um grande quebra cabeça sendo finalizado, entregando um final poderoso e impactante, porém trágico.
Também vale destacar a grande atuação do elenco, em especial Nicholson e Dunaway, que estão excelentes em seus respectivos papéis. A cena em que ambos discutem sobre a real identidade de Catherine é uma das mais fortes que já vi e apenas um exemplo de como ambos estão impecáveis nesta película.
Para quem gosta de dramas investigativos, é perfeito. E mesmo aos que não são os maiores apreciadores do gênero, apesar de poder parecer lento ou até mesmo confuso em alguns momentos, tudo é compensado nos minutos finais quando as peças se encaixam.
A idéia é interessante, mas poderia ter sido bem melhor desenvolvida, com o roteiro tendo vários furos. Por outro lado, tem os seus bons momentos e pontos positivos, como os aspectos visuais e a boa química, pelos menos no início, entre os personagens principais.
Se este filme lhe deixou, durante a maior parte do tempo, com um embrulho no estômago e com as sensações de tristeza e desconforto, é porque, então, "O Pianista" cumpriu bem o seu papel. Esta obra de Roman Polanski, baseada na vida real do pianista polonês Wladyslaw Szpilman, retrata, de maneira fiel e extremamente realista, não somente a trajetória de Szpilman em busca de sobreviver, mas também os horrores da ocupação nazista na Polônia e do Holocausto de uma forma geral.
É difícil de assistir, pois os acontecimentos retratados foram, de fato, chocantes, mas é exatamente isso que o filme quer nos mostrar: como a perseguição aos judeus foi absurda e repugnante, destruindo famílias e tornando a sua respectiva existência um sofrimento completo e com apenas um leve sopro de esperança pela sobrevivência. Sendo assim, esta película acaba ultrapassando a arte e se tornando quase que um documentário.
E contribuiu para tudo isso a grande direção de Polanski, os impecáveis aspectos técnicos - que trazem beleza a todo o cenário de tristeza e destruição retratado- e a estupenda atuação de Adrien Brody, que aqui está no grande trabalho da carreira e que lhe rendeu o Oscar.
Com um roteiro bem criativo e inteligente, "Mais Estranho que a Ficção" caminha na linha tênue entre o drama e a comédia e gira em torno de um dos temas que considero mais interessantes, que é o da metalinguagem. Nesse caso, verificamos que os personagens envolvidos na história não somente estão cientes de que fazem parte da história, mas buscam formas de alterá-la ou, ao menos, entendê-la, misturando imaginação e realidade.
É um filme que, apesar do roteiro bem elaborado, não tem a ambição de ser uma grande obra prima ou de provocar grandes reflexões, sendo despretensioso, entregando uma história agradável e um final satisfatório, sendo que o livro de Eiffel acaba até sendo uma espécie de analogia a isso. No entanto, se há uma bela lição deixada aqui é, sobretudo, a de que a nossa existência se torna mais leve quando apreciamos as pequenas coisas da vida, isto é, aquelas que aparentam ser apenas elementos irrelevantes e que costumamos ignorar em nossa apressada rotina, mas que, na verdade, têm grande importância, podendo, inclusive, nos salvar de uma forma ou de outra.
Ótimo filme. Com uma história muito bem elaborada, "Dentro da Casa" provoca no espectador o mesmo sentimento que o professor Germain tem ao ler as páginas entregues pelo seu aluno Claude: a todo momento, ficamos curiosos para saber o que vai acontecer em seguida e ansiosos pelo próximo "capítulo".
É interessante ver, além do enredo em si, o paralelo que é feito entre o aluno, o professor e até nós mesmos. Claude, que havia crescido sem a presença materna, fazia aquilo não somente por mera curiosidade ou atração pela mãe do amigo, mas por um desejo de integrar, mesmo que momentaneamente, uma família "normal" ou, ao menos, ver o que se passava dentro desse núcleo familiar, mesmo correndo riscos e até ameaçando a própria estabilidade daquela família. Germain, por sua vez, que havia se tornado professor depois de fracassar como escritor e estava frustrado com a falta de qualidade dos trabalhos de seus alunos, via talento em Claude e buscava incentivá-lo a continuar escrevendo a fim de torná-lo, talvez, um grande escritor no futuro, mesmo que para isso deixasse de lado sua vida pessoal e também ultrapasse limites morais e éticos.
E, quanto ao espectador, deve-se destacar que, se Germain e Claude utilizavam essa "aventura" com a vida alheia para satisfazer os seus desejos e frustrações, enquanto nós, de certa maneira, também utilizamos essa criativa história, além dos filmes de uma forma geral, como meio de escape de nosso cotidiano. Também vale destacar que, assim como Germain não tem noção exata do que é real e do que é ficção nos escritos de Claude, o espectador também não consegue separar o que realmente ocorreu no enredo daquilo que foi apenas fruto da imaginação do personagem. No entanto, o filme, que propositadamente promove esse mistério, é tão bom e dinâmico que, quando Claude finaliza sua história, pouco nos importa se tudo aquilo foi real em algum momento, pois o que nos moveu até ali foram as sensações provocadas, como em um bom livro, aliás.
Uma trama muito bem amarrada, que prende a atenção do espectador e faz o tempo passar rapidamente.
Assisti sem esperar muita coisa e gostei do que vi. Em uma sequência que até supera bem o filme original (que é um clássico e teve grande impacto cultural, mas apenas um filme razoável em termos de qualidade), entrega ação e drama na medida certa e é um bom entretenimento.
Claro que tem aqueles momentos mais piegas e clichês, mas não chega a ser exatamente um grande problema, pois é algo já esperado, sobretudo para quem viu o primeiro filme. O roteiro é um pouco previsível e alguns personagens poderiam ter sido melhor desenvolvidos, com a trama centrando-se, sobretudo, em Maverick e Rooster. Gostaria de ter visto mais da bela Jennifer Connelly, que aqui está muito bem.
No geral, cumpre bem o seu papel e tem bons efeitos especiais e visuais. Oscar de Melhor Filme? Sinceramente, acho um exagero ser indicado, mas não deixa de ser uma boa diversão.
Divertido e nostálgico, "Uma Cilada para Roger Rabbit" mistura comédia, investigação policial e um clima "noir" dos anos 40, contando com personagens clássicos da Disney e Warner e também algumas piadas mais "ácidas", tornando-o um bom entretenimento tanto para jovens quanto para adultos.
Não é um filme para se levar muito à sério, mas em que o espectador deve se deixar levar pelas "maluquices" típicas dos desenhos animados e dar umas boas risadas. E, claro, também para ver a sensual Jéssica Rabbit, que, com sua presença marcante e aparência provocativa, dá um toque de erotismo à história.
O filme em si, admito, apesar de bom e leve, não é lá nenhuma grande obra prima, mas é preciso destacar todo o grande trabalho que se teve para, nos anos 80, fazer uma produção com essa qualidade de animação, sendo que algumas cenas demoraram meses para serem feitas. Dessa maneira, foi não somente uma película agradável de se assistir, mas uma obra inovadora para a época e que abriu espaço para outros filmes icônicos com estilo semelhante.
Vale muito a pena acompanhar para se divertir e resgatar boas memórias da infância.
Um clássico. Neste filme, o terror não se sustenta em "jump scares" baratos, mas no permanente clima de tensão e suspeitas entre Rosemary e os seus vizinhos. Mesmo nas cenas mais banais e que fazem parte de uma normal rotina familiar, ficamos com a sensação de que alguma coisa está errada ou algo ruim está prestes a acontecer, o que deve-se, em grande parte, ao bem elaborado roteiro e à ótima direção de Polanski, que constroem um assustador suspense. Sendo assim, o terror é psicológico, não estando naquilo que vemos, mas naquilo que não vemos e apenas imaginamos, o que fica ainda mais claro na cena final, em que brilhantemente se escolheu por não mostrar a real face do bebê, deixando a sua aparência por conta da imaginação do espectador.
Também importante destacar a grande atuação de todo o elenco, com destaque a Ruth Gordon e Sidney Blackmer, que interpretam com perfeição os misteriosos vizinhos, e, claro, Mia Farrow, que brilha em um papel difícil, inicialmente como uma esposa doce, frágil, submissa e manipulável, que se encontra angustiada por todas as suspeitas e dúvidas em torno do seu relacionamento com os vizinhos e até mesmo com o próprio marido e, ao longo do filme, tornando-se uma mãe preocupada com o seu bebê e ainda não sabendo o que estava por vir.
E o que falar do final? Muito bem construído, mas, ao mesmo tempo, extremamente trágico. Rosemary foi, ao longo da trama, enganada, isolada, estuprada e abusada psicologicamente, além de ter tido o seu grande sonho da maternidade deturpado a fim de que o seu corpo fosse usado para dar luz ao que pior poderia existir: o anticristo. E o mais triste é que, mesmo apesar de tudo, a vontade dela de ser mãe era tão grande que, no final, ela ainda aceita o bebê e escolhe cuidar dele. Toda essa experiência para ela foi um grande pesadelo do qual ela não somente jamais iria acordar, como também ainda havia, no final, escolhido continuar vivenciando, pois a decisão de cuidar do seu demoníaco filho acabou sendo dela e ninguém a forçou isso.
Um filme de terror e suspense inteligente, assustador e memorável.
Um dos melhores filmes já feitos do gênero "gangster". Divertido e com roteiro muito bem amarrado, "The Sting" nos conta uma história de vigaristas tentando enganar outros vigaristas e, com sua trama inteligente e cheia de reviravoltas, não somente prende a atenção do espectador como também surpreende o público com um excelente final. Também vale a pena destacar a icônica e marcante trilha sonora de Scott Joplin.
Aqui não temos grandes lições de moral ou temas muito complexos sendo abordados, mas uma boa e velha "comédia de crime" para se divertir, aproveitar e se deixar ser enganado pelas idas e vindas da envolvente história, com o tempo passando rápido ao assistir.
Meu amigo, o que foi isso? Assisti sem esperar muita coisa, mas acabou sendo uma grande e grata surpresa! Misterioso, assustador e insanamente inteligente são alguns termos possíveis de serem usados para tentar descrever este filme que mistura terror psicológico, suspense e fantasia e abre margem para diversas interpretações.
Na trama, Jess está inserida em uma espécie de loop temporal, em que os mesmos eventos são repetidos continuadamente. À princípio, o seu plano, ao perceber isso, é alterar os acontecimentos de maneira a tentar salvar os seus amigos e também a si própria, saindo do navio e encerrando o loop. No entanto, quando ela percebe, ao ver vários dos seus colares caídos no navio, que repetiu esse mesmo caminho inúmeras outras vezes e também ao verificar que todas as suas tentativas de salvar os outros tripulantes fracassavam, ela aceita que aquele ciclo de eventos não vai ser interrompido, torna-se o "assassino encapuzado" que havia derrotado anteriormente e procura seguir à risca a sequência de fatos vistos por ela no início, buscando assim uma nova maneira de encerrar tudo isso, isto é, sendo morta. E ela, dessa forma, consegue escapar do navio e retorna a sua casa, onde é surpreendida vendo... a si mesma. E é a partir deste ponto em diante que muitos espectadores não conseguem entender o que está acontecendo, o que, admito, é perfeitamente compreensível, pois essa é uma história bem elaborada, mas longe de ser simples.
Eu prefiro enxergar "O Triângulo do Medo" como um grande e inteligente quebra cabeça, ao qual temos de atentar aos mínimos detalhes e referências escondidas para buscar entender em sua totalidade. Pode ser uma tarefa difícil no início, talvez até vista como desnecessária por aqueles que querem que o filme entregue tudo já mastigado e explicado, mas é justamente aí que se encontra a genialidade desta obra e o que torna esta película um ótimo, porém pouco reconhecido, filme. Se tudo fosse explicado logo de imediato, qual seria a graça? Não haveria exatamente o mistério que tanto nos fascina aqui, que é o de ser uma espécie de enigma com difícil resolução, mas que, quando compreendido de uma forma ou de outra, nos deixa boquiaberto e com vontade de assistir tudo de novo.
Sendo assim, retornando de onde parei, vamos buscar entender a história. Depois de se deparar com ela mesma na volta para casa, Jess vê, agora de uma outra perspectiva, a forma como maltratava o seu filho, o que obviamente a desagrada de imediato. Ela não consegue se reconhecer nas atitudes que acabava de presenciar - mesmo que tenham sido realizadas por si própria - e, como reação imediata, mata a mulher que fazia aquilo, que, no caso, era ela mesma, mas em um outro tempo. Em seguida, coloca o corpo no porta malas e parte com o seu filho para o litoral, onde acidentalmente mata uma gaivota. Ao jogar a gaivota morta no mar, vê outras gaivotas jogadas mortas no mesmo local, o que é um indicativo de que esse acontecimento já se repetiu no passado, isto é, ela continuava presa no loop temporal. Depois, ela se envolve em outro acidente, batendo em um caminhão e sendo, desta vez, fatal ao seu filho, que morre, enquanto ela continua viva e sem nenhum ferimento.
Então, o espectador poderia se perguntar: como ela não teve ferimento algum? E mais: como as pessoas em volta do carro não perceberam que o corpo que caiu do porta malas era idêntico à sobrevivente que estava ali diante deles? E aí que vem o grande ponto para entender plenamente o filme: aquilo tudo não é real. E não é real porque Jess já não estava viva há muito tempo. Ela não estava viva quando entrou no barco, não estava viva quando matou a si própria em casa e, logo, não estava viva quando sofreu o acidente. A história não no explica os detalhes de como ela morreu originalmente, embora presumamos que também tenha sido em um acidente naquele mesmo local, mas o que realmente importa é reconhecer que a personagem principal está presa, já há muito tempo, naquele loop e o que se passa diante de seus olhos já não é mais real, mas uma espécie de prisão em que se encontra no pós morte, ou, como também podemos descrever, o limbo.
No entanto, por que Jess está presa nesse limbo? Bem, agora temos de utilizar um pouco de mitologia grega. O nome do navio em que ela e os seus amigos estão presos nesse loop chama-se Aeolus, que, dentro da religião grega, é o Deus dos ventos e o pai de... Sísifo. Como é brevemente mencionado no filme, Sísifo "engana" a morte e, por conta disso, é condenado a ter de empurrar uma pedra para cima de uma montanha eternamente. Não importa o que fizesse, a pedra que colocava no topo da montanha sempre caía de novo e ele seria obrigado a repetir a tarefa continuadamente pela eternidade. E o que isso tem haver com Jess? Bem, o motorista que dá uma carona para ela depois do acidente seria, na verdade, "A Morte", que estava querendo levar a sua alma. Quando ela sai do carro, o motorista pergunta para a protagonista se iria voltar, com a mesma respondendo que sim, mas sabemos que isso não é verdade, pois ela não retorna e vai para o barco, talvez com o intuito de repetir o loop, tentar alterar alguns acontecimentos e salvar o seu filho. Sendo assim, ela engana novamente a morte, o que já teria feito antes, o que a condena a também novamente ter de repetir o loop e toda aquela sequência assustadora de acontecimentos, sempre com o mesmo final e sempre sendo repetido inúmeras outras vezes durante toda a eternidade.
No entanto, se ao entrar no navio ela já sabia o que iria acontecer com todos os tripulantes ali presentes, o que explica o seu comportamento estranho no início, no momento em que ela dorme e acorda, Jess tem a impressão de que tudo aquilo, na verdade, teria sido apenas um terrível pesadelo, o que a leva a rapidamente esquecer o que havia ocorrido antes e prosseguir como se nada tivesse acontecido. É por isso, portanto, que, ao repetir o loop, ela apenas tinha uma leve sensação de Déjà vu, mas não sabia exatamente o que iria acontecer, mesmo que já tivesse estado naquela situação inúmeras vezes. Sendo assim, ela não sabia ainda que estava em um loop e, portanto, não somente teria que vivenciar tudo novamente, como teria que fazê-lo sempre com a mesma sensação de medo e surpresa que havia tido no início, em uma tortura sem fim. Jess vive o seu próprio mito de Sísifo, com a diferença de que o personagem da mitologia grega sabe que está preso eternamente naquela condição, enquanto ela tem de viver tudo aquilo sempre como se fosse a primeira vez.
Um filme pouco conhecido, mas com roteiro brilhante e que vale muito à pena assistir. Super recomendado!
Fazendo uso de um visual surrealista, tradicional em suas produções, Terry Gillian nos apresenta uma bem elaborada e inteligente crítica não somente aos estados totalitários do século XX, mas também ao exagerado consumismo presente na sociedade. Apesar da ambientação fantasiosa, o filme atinge em cheio os regimes autoritários que restringem as liberdades do cidadão e também mira os hábitos consumistas praticados em excesso pelas pessoas, sendo ambos os elementos reais e ainda presentes no mundo, tornando "Brazil" uma obra extremamente atual e pertinente, ou, como alguns já descreveram, uma versão moderna e mais cômica - porém não menos profunda- de "1984" - não o filme que havia sido lançado um ano antes, mas o livro.
Tendo inspirado, com o seus aspectos visuais, diversos filmes que vieram depois, como o famoso Batman de Tim Burton, o principal aspecto desta película é, na verdade, a crítica política inserida por baixo de todo o ambiente surreal que nos é apresentado. Dito isso, o mais fascinante é que, diferente de outras distopias inventadas para ficção, como o próprio "1984" que inspirou esta obra, não existe a tradicional figura do vilão no mundo de "Brazil". Em momento algum, é mostrado o núcleo central do governo ou um ditador, assim como também não há um nêmesis pessoal para o personagem principal Sam. Todas as pessoas cometendo os mais monstruosos atos de autoritarismo ou violência são caracterizadas como funcionários públicos normais, que apenas estão cumprindo a sua função em mais um dia de trabalho.
A história, portanto, não nos apresenta nenhum indivíduo em particular para colocarmos a culpa ou a responsabilidade pelos acontecimentos presenciados, o que torna esse sistema totalitário ainda mais difícil de consertar, sobretudo considerando que até mesmo as pessoas que trabalham nos departamentos e agências governamentais aparentam estar presas dentro desse organismo estatal inchado. A culpa recai, portanto, na sociedade de uma maneira geral, que, com a sua falta de empatia e com hábitos consumistas exagerados, negligencia a liberdade, com cada cidadão apenas pensando em si próprio e aceitando a realidade autoritária presente. Ninguém está realmente satisfeito com a vida que leva e cada indivíduo tem a sua forma de escape, seja por programas de televisão, por cirurgias plásticas ou pelos sonhos, mas todos aceitam pacificamente a distopia em que estão inseridos e não fazem nada para alterá-la.
E um final que é triste e bonito ao mesmo tempo. Triste, obviamente, por que Sam termina em uma prisão do governo, onde provavelmente irá passar o resto da vida e sem experimentar a real sensação da liberdade. No entanto, por outro lado, também é bonito, pois ele consegue, com o poder da imaginação, criar em sua mente uma vida paralela, que irá ser, para ele, a sua realidade. Sendo assim, mesmo preso, ele consegue experimentar uma liberdade, que, mesmo sendo apenas imaginária, é a que ele irá ter como real dali pra frente. A sua vida real será de tortura e aprisionamento, enquanto sua vida imaginária será feliz, mas apenas a última ele irá efetivamente reconhecer. Isso também mostra como a dilaceração da liberdade humana quando não mata o homem literalmente, o corrói por dentro e dilacera sua integridade mental, a tal ponto do indivíduo perder completamente a sanidade.
Diferente do que alguns pensam, o título do filme não é uma referência ao regime militar presente no Brasil na época de seu lançamento, mas, como já admitiu o próprio Gillian certa vez, apenas uma homenagem à música "Aquarela do Brasil", que escutava quando jovem e o fazia pensar sobre um mundo exótico e fantasioso para o qual poderia fugir da sua realidade. Da mesma maneira, no filme, o personagem Sam procura um escape da realidade com os seus sonhos, que acabam sendo a única forma encontrada por ele para fugir desse mundo distópico sem qualquer tipo de solução ou salvação. No entanto, apesar de não ser uma alusão direta ao nosso país, não dá para negar que o Estado inchado e burocrático mostrado na história poderia ser, perfeitamente, uma representação do governo brasileiro em todas as suas esferas, tanto no passado quanto no presente.
É um filme com muitas camadas e detalhes e feito para se assistir mais de uma vez, com um excelente visual e uma inteligente crítica política e social. Super recomendado.
Uma história verdadeira e emocionante de um homem que sofreu de maneira indescritível durante boa parte de sua vida, por conta de suas deformidades físicas e, sobretudo, devido ao tratamento deplorável que recebia da maioria das pessoas. O preconceito, a rejeição e o desprezo despejados a ele devido a sua aparência nos fazem observar que a verdadeira aberração não era aquele que estava a ser exibido em circos como se fosse uma, que era um pessoa inteligente, educada e com um bom coração, mas os indivíduos que o julgavam e o exploravam, que, por sua vez, comportavam-se como verdadeiros monstros.
É impossível para este filme ou qualquer outra produção, seja no cinema ou no teatro, mostrar de maneira fidedigna e exata o quanto que John Merrick sofreu, mas "O Homem Elefante" consegue cumprir bem o papel de nos passar os sentimentos de tristeza e indignação também sentidos por John, obviamente não na mesma proporção, mas suficientes para nos sensibilizarmos com a trajetória de sua incomum vida, sendo este o grande trunfo do filme, tornando-o impactante, emocionante e memorável.
Todo o elenco está ótimo, mas, naturalmente, o grande destaque vai para John Hurt, que, mesmo com toda a maquiagem, consegue exprimir, de maneira impecável, tanto a dor sofrida por seu personagem quanto a doçura de seu coração, por meio da voz e dos olhos, que, convenhamos, basicamente é o que sobra ao ator para utilizar como forma de expressão e ele consegue muito bem cumprir esse difícil papel.
Um filme que precisamos "ter estômago" para digerir, mas que, no final das contas, encerra-se de uma forma bonita e com uma bela lição: nem todo o sofrimento e tristeza que afligiram John Merrick foram o suficiente para torná-lo uma má pessoa, com ele mantendo sua bondade e dignidade mesmo diante de tudo e conseguindo, nos últimos anos de sua vida, ser finalmente tratado de maneira decente e como um ser humano.
Um filme belíssimo e tocante, que nos faz refletir sobre família, relações afetivas e a vida de uma maneira geral, além de nos emocionar com a história de Alvin Straight, brilhantemente interpretado por Richard Farnsworth, e toda a sua trajetória em busca de se reencontrar com o irmão.
Pode parecer lento para alguns em determinados momentos, mas a intenção do filme é exatamente essa, fazendo o espectador aproveitar cada instante com o seu devido tempo, sem apressar as coisas e sentindo a experiência de uma forma única, como se também estivéssemos fazendo parte dessa viagem. Aliás, caso Alvin quisesse chegar rápido ao seu destino, ele poderia ter ido de ônibus ou ido de carona com alguém conhecido, mas ele opta, por vontade própria, em utilizar um cortador de grama como seu "veículo", pois esse é o caminho que julga ser o correto para ele.
Isso, inclusive, é brevemente abordado pelo personagem na seguinte fala: "There's no that one knows your life better than a brother that's near your age. He knows who you are and what you are better than anyone on earth. My brother and I said some unforgivable things the last time we met, but, I'm trying to put that behind me... and this trip is a hard swallow of my pride. I just hope I'm not too late... a brother's a brother." Sendo assim, essa aventura de Alvin é a maneira que ele encontra de engolir todo o seu orgulho, esquecer as desavenças do passado e fazer as pazes com o irmão, como uma espécie de "teste" para mostrar o que ele estaria disposto a fazer para finalmente reencontrá-lo e uma prova, ao seu irmão, do amor que Alvin nutre por ele.
Além de toda a jornada pessoal do protagonista, o filme também aborda as pessoas que Alvin encontra pelo caminho, ajudando-o e também sendo, de uma forma ou de outra, ajudadas por ele. E todos esses elementos acompanhados por uma grande direção de Lynch, uma agradável trilha sonora e uma bela fotografia.
E, claro, não é possível falar de "Uma História Real" sem separar o devido espaço para mencionar a gigantesca atuação de Farnsworth, em uma performance que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e o tornou o mais velho a ser nomeado ao prêmio da Academia nessa categoria. Importante lembrar que o ator estava com câncer na época e, durante as filmagens, a doença já estava se espalhando pelos seus ossos, sendo que a paralisia de suas pernas nas cenas finais era real. Mesmo com todas as dificuldades, continuou filmando até o fim e entregou a grande atuação da carreira justamente em seu último trabalho. Uma performance sutil e ao mesmo tempo emocionante, mas, sobretudo, uma história de superação de um ator em seus últimos meses de vida (ele viria a cometer suicídio em 2000, já em um estado irreversível).
Também conhecido como o primeiro grande trabalho de Audrey Hepburn - no papel que não somente a levou ao seu único Oscar, mas também ao estrelato, "A Princesa e o Plebeu" é um filme leve e divertido de se assistir, misturando, na medida certa, elementos de romance, comédia e drama. O roteiro é simples, mas a bela direção e a excelente performance do elenco engrandecem o filme e cativam o espectador.
O curioso é que, embora Anna seja a princesa da história, quem realmente vive um conto de fadas durante o filme é ela, conseguindo ter um escape, mesmo que breve, de sua ocupada e restrita rotina e tendo experiências jamais vividas por ela antes. O jornalista Joe, por outro lado, no início buscava apenas se aproveitar da presença da princesa para conseguir uma boa reportagem e faturar dinheiro, mas aos poucos se apaixona pela doçura e beleza de Anna, a tal ponto de, no final, simplesmente desistir de escrever o seu texto jornalístico, talvez visando não constranger a moça perante sua família real. Por fim, o desfecho do filme é triste, porém realista.
Pessoalmente, não considerei uma grande obra prima, mas é uma história simples e agradável, que vale a pena acompanhar, sobretudo, pela beleza tanto da paisagem de Roma quanto de Audrey Hepburn, que aqui está irretocável.
Um ótimo filme que não somente explora a temática dos dramas investigativos e de tribunais, mas também nos faz refletir sobre diversas questões envolvendo honra e ética no meio militar. Até que ponto é correto obedecer determinadas ordens? Ou até que ponto um militar deve agir supostamente em nome de algo maior, como a pátria ou a defesa da liberdade? Devemos obedecer a hierarquia ou a nossa consciência? No início, parece mais um filme de tribunal dentre vários, no entanto vai lentamente crescendo e atinge o ápice na reta final em uma grande cena, que também conta com algumas falas memoráveis, terminando bem maior do que começou.
E "A Few Good Men" cumpre bem o seu papel não apenas devido a um roteiro bem amarrado e uma grande direção de Rob Reiner, mas também pela força do seu elenco, com grandes atuações de Cruise, Moore e, sobretudo, Nicholson. Essa combinação de fatores nos faz imergir na investigação, com as surpresas e idas e vindas do processo, e prende a atenção do espectador.
Logo, se você gosta de produções do gênero, irá adorar, e, se não é o maior fã dessa temática, irá começar a gostar a partir deste filme. Recomendado.
Comédia non sense de ótima qualidade, boas piadas e diversão garantida durante essa bizarra aventura. Confesso que gostei mais deste do que o trabalho do Monty Python em "Life of Brian", que também foi bom, com "Em Busca do Cálice Sagrado" cumprindo bem o seu papel e garantindo muitas risadas. Além disso, também destaco a trilha sonora "medieval", que é muito boa e tem músicas viciantes, como a do Sir Robin!
Para quem gosta desse tipo de humor e aceita se deixar levar pelas maluquices do roteiro, é um prato cheio. Não tentem raciocinar muito sobre o que está acontecendo e apenas curtam.
Um ótimo filme de terror psicológico, que prende a atenção do espectador com uma história aparentemente simples, mas cujo suspense é muito bem construído. A tensão é provocada não somente com as cenas mais brutais e perturbadoras de tortura, mas devido, sobretudo, à constante sensação de aprisionamento e medo vivenciado pelo personagem Paul Sheldon, que também se transmite ao público.
Imprescindível também mencionar a excelente atuação de todo o elenco, em especial Kathy Bates, que está assustadora na pele da enfermeira Annie Wilkes, alternando momentos excessivamente gentis com atitudes verdadeiramente assustadoras e cruéis. James Caan também merece ser aplaudido por sua performance realista de um escritor vivenciando um aterrorizante pesadelo.
No final das contas, "Misery" cumpre bem o seu papel e vale à pena assistir para quem curte filmes do gênero.
Belíssimo nos aspectos técnicos e com um tema interessante, "Nell" pode parecer estranho no começo, mas, aos poucos, vamos nos acostumando e enxergando uma história tocante. Lembrando filmes como "O Quarto de Jack" e a antiga história do "Menino selvagem de Aveyron", presenciamos as dificuldades de uma pessoa criada completamente fora da civilização em interagir com desconhecidos e de se integrar com o resto do mundo.
No entanto, se o tema é fascinante, a impressão que fica ao espectador é que o potencial da história não é muito bem utilizado, com o filme se tornando bastante previsível em muitos momentos e caminhando uma trilha mais melodramática do que propriamente explorando as questões éticas ou filosóficas envolvidas. Outro ponto que me incomodou foi a pouca presença da personagem principal Nell, que em diversas oportunidades mais parece uma coadjuvante em uma narrativa que acaba por girar excessivamente em torno dos doutores Lovell e Paula.
Esses problemas no roteiro são parcialmente compensados, por outro lado, com uma excelente atuação de Jodie Foster, que, em uma papel extremamente difícil e desafiador, consegue "roubar a cena" mesmo em situações nas quais a história não foca muito em sua personagem. A atriz, em uma performance que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, consegue expressar bem a complexidade de Nell, uma jovem mulher doce e com um coração puro, mas que se encontra com medo de se conectar com o resto do mundo.
De uma maneira geral, é um filme razoável, destacando-se pelos aspectos técnicos, pelo tema e pela grande atuação de Foster, mas que peca no roteiro e na maneira como a história é conduzida.
O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus
3.7 1,4K Assista AgoraApesar de Terry Gilliam ter conseguido encontrar uma boa e criativa saída, com a utilização de outros atores e mudanças no roteiro, em decorrência da morte de Heath Ledger, é inegável que o falecimento do ator prejudicou o filme. De qualquer forma, "O Mundo Imaginário do Dr Parnassus" ainda é, apesar de todos os problemas na produção, um dos melhores trabalhos do diretor, com boa atuação de todo o elenco, excelente visual e aquele estilo surrealista e excêntrico já conhecido de Gilliam.
É assistir, se deixar levar por esse mundo imaginário e maluco e curtir.
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraDepois desse filme, eu nunca mais ouvi "Singing in the Rain" da mesma forma!
Missão Saturno 3
2.8 17 Assista AgoraAlém de ser excessivamente monótono e lento, ainda conta com um péssimo roteiro, que explora muito mal uma ideia até interessante - semelhante ao que algumas décadas depois seria o tema central do bom "Ex Machina - e tem diálogos fracos, personagens mal desenvolvidos e inúmeros furos. Eu poderia dizer que vale a pena assistir pelo sessentão e ícone do cinema Kirk Douglas, ou pela beleza estonteante da Farrah Fawcett, mas, sinceramente, nem isso compensa a quase 1 hora e meia de duração de "Missão Saturno 3". Vi apenas por curiosidade e não curti.
O Labirinto do Fauno
4.2 2,9KUm filme belíssimo, mas também aterrorizante. Em meio a um contexto de Guerra Civil na Espanha, uma menina - Ofélia - busca na fantasia um refúgio para as atrocidades que lhe cercavam de perto, assim como também às dificuldades que passava na convivência com o seu sádico padrasto. Com um roteiro criativo e aspectos técnicos e visuais impecáveis, "O Labirinto do Fauno" serve também para o espectador como um escape à realidade, sendo uma fábula à moda antiga e apresentando uma história que mistura o real e o místico.
E quando mencionei anteriormente os aspectos visuais, em grande parte refiro-me ao visual único que Del Toro imprime em suas obras, com a junção do CGI com efeitos práticos - maquiagem e bonecos - e sendo uma marca bastante conhecida do diretor.
Ao final, Ofélia morre, mas renasce em um mundo de fantasia, como a filha desaparecida de um monarca em um reino distante. No entanto, inteligentemente Del Toro deixa uma "puga atrás da orelha" do espectador, com uma pequena incerteza se o que está diante de nós é verdadeiro, na história, ou não. Ou seja, é tarefa do público entender se ela realmente entrou em contato com o fantástico, oriundo da natureza mítica inatingível pelos adultos, ou se toda sua história não foi fruto da própria imaginação, em uma tática psíquica de negação e autodefesa contra a tragédia familiar que se abateu sobre sua vida. Em um, temos um final feliz, mas em outro temos um final trágico. Nesse caso, suponho que a maioria vai preferir acreditar no final feliz, isto é, acreditar na fantasia, assim como a pequena Ofélia também acreditou. No entanto, o que é fascinante - e triste - é que, na verdade, não faz tanta diferença se o que houve foi real ou não, pois a mensagem é a mesma: ela termina, ao final, em um lugar muito melhor do que este mundo cruel, sendo que, de uma forma ou de outra, o seu sofrimento cessou.
Uma obra que mescla drama, horror e fantasia e constrói um interessante conto de fadas com esses elementos, reconectando-nos com a nossa imaginação e trazendo uma necessária magia ao cinema.
O Profissional
4.3 2,2K Assista Agora"O Profissional" é, de fato, um filme inusitado. Reunindo elementos estranhos e incomuns - que talvez teriam, sob uma direção ruim, altas chances de funcionar mal, consegue, com um bom trabalho do diretor Luc Besson e uma grande atuação de todo o elenco, não somente entregar ação e drama na medida certa, mas também algumas divertidas e bem humoradas cenas, em uma história bem construída e com identidade e visual próprios.
Leon e Mathilda, à princípio, parecem personagens extremamente distantes, sendo o primeiro um frio assassino de aluguel e a segunda uma jovem abusada pelos pais e inserida em um núcleo familiar instável. No entanto, à medida que os seus destinos se cruzam e a trama se desenrola, percebemos não somente uma grande conexão entre os dois, mas também mais semelhanças do que se imaginava no início, sobretudo considerando que ambos, de uma certa maneira, estavam "sozinhos" no mundo, com a única relação mais fraterna de cada um sendo exatamente a que constroem entre si. Sendo assim, nesse inusitado e improvável relacionamento, ambos se ajudam, com Leon auxiliando a menina em se torna uma assassina - com o intuito de vingar o que houve com o seu irmão - e Mathilda ensinando o assassino a ler e escrever - humanizando-o e dando alegria a sua solitária vida.
A química entre os dois é, sem dúvida, o ponto forte do filme, dando profundidade e beleza à história e diferenciando esta película de outras produções do gênero de ação. Em diversos momentos lembrou-me, inclusive, o filme "Taxi Driver", em que os personagens interpretados por De Niro e Jodie Foster também cultivam uma relação parecida e possuem, ao final, um destino semelhante ao que ocorre nesta obra de Luc Besson. Neste caso, o destino é trágico e belo ao mesmo tempo, pois Leon perde a vida e se sacrifica para que Mathilda escape e sobreviva, mas, de certa maneira, ele apenas começou a realmente viver e ser feliz depois de conhecer a garota, que deu um significado maior a sua vida pouco antes de perdê-la. Assim como Travis era apenas uma taxista comum que acabou se tornando herói ao salvar uma prostituta, Leon era apenas um assassino de aluguel que se tornou herói somente após conhecer Mathilda.
Com relação às conotações sexuais de algumas cenas envolvendo os dois, acredito que fica bem claro, ou pelo menos ficou para mim, que Leon não possui segundas intenções com Mathilda, amando-a mais como uma filha do que qualquer outra coisa. É a garota que, em dados momentos, cultiva uma atração sexual, o que não é absurdo pelo ponto de vista dela, já que a menina era uma adolescente que jamais havia sido tratada tão bem por alguém como estava sendo naquele instante. O filme, no entanto, não ultrapassa qualquer linha ética ou moral aqui e nem incentiva pedofilia ou algo do tipo, com Leon cuidando dela como uma filha e Mathilda apenas possuindo uma espécie de amor platônico por ele.
E encerrando a minha análise dos personagens, vale também destacar que, para toda boa história com um herói, é sempre necessário ter um ótimo vilão e aqui temos isso na figura do dissimulado Norman Stansfield. Esse policial corrupto do DEA - narcóticos - é brilhantemente interpretado por Gary Oldman, que consegue transmitir uma espécie de maldade caótica e instável, roubando a cena.
Um filme divertido, bonito, intenso e criativo, que prende bem a atenção do espectador e garante um bom entretenimento. Recomendado.
Fugindo do Inferno
4.1 142 Assista AgoraAntes de assistir, por algum motivo pensei que ia ser um filme arrastado e cheio de clichês, mas fui positivamente surpreso em encontrar uma ótima película, que realmente faz jus ao fato de ser um clássico do cinema. "Fugindo do Inferno" retrata uma história surpreendentemente real, de oficiais de diversas nacionalidades dentre os Aliados, que estão presos em um campo de concentração nazista e planejam a fuga, com o roteiro - diga-se, muito bem elaborado - mostrando desde o planejamento da arriscada missão até a sua execução. O filme mistura momentos de comédia, drama e ação, prendendo a atenção do espectador ao longo das mais de duas e horas de duração - que passam desapercebidas - em uma trama que é uma verdadeira montanha russa de emoções, na qual sentimos esperança e alegria, mas também apreensão e tristeza.
Naturalmente, apesar de retratar uma história verdadeira, o roteiro faz diversas alterações a fim de adaptar ao cinema e também, é claro, para conseguir atrair a atenção do público. Dessa maneira, algumas cenas de ação que não ocorreram na realidade são adicionadas, assim como a participação de oficiais americanos é aumentada - na verdade, embora todos tenham feito parte da missão de fuga, oficiais de outras nacionalidades eram maioria na empreitada, no entanto são mudanças compreensíveis e que são bem executadas no filme sem parecerem muito forçadas. No geral, o filme consegue balancear bem o aspecto comercial, necessário para a produção da película na época, com o aspecto artístico e histórico, conseguindo ainda manter diversos elementos verídicos, o que honra bem a história desses prisioneiros e homenageia, sobretudo, os que morreram na fuga.
Ao final, temos um encerramento fiel à história verdadeira, mas trágico, pois, após tanto planejamento na "operação", muitas coisas acontecem da maneira errada e apenas 3 conseguem sobreviver e não retornar à prisão, com a grande maioria dos participantes tendo o seu destino na morte ou no retorno a algum campo de concentração. No entanto, finais tristes também têm a sua beleza e talvez sejam até mais poderosos do que finais felizes. Neste caso em particular, vale destacar que, mesmo para aqueles que morreram, eles ao menos tiveram esse melancólico fim lutando pela sua liberdade. Caíram, mas caíram de pé e de forma honrada ou, como o próprio oficial Bartlett afirmou pouco antes da morte: "nunca me senti tão vivo".
Também fundamental destacar a música tema e a atuação de boa parte do elenco, em especial Steve McQueen, que, mesmo tendo uma participação até mais curta do que eu imaginava na tela, consegue ter uma presença marcante em cada cena e está presente em momentos icônicos com o seu interessante e carismático personagem.
Sendo assim, "Fugindo do Inferno" é um clássico que não perde, mesmo após tanto tempo, a sua qualidade, entrega todos os elementos de um grande filme e honra uma história verdadeira e incrível com um roteiro bem amarrado e acessível a públicos de todas as gerações. Recomendado.
Chinatown
4.1 635 Assista AgoraUm dos grandes clássicos do gênero noir, "Chinatown" entrega ação, suspense, drama e romance, em um roteiro complexo - porém, muito bem amarrado - e uma trama cheia de mistérios e reviravoltas. Durante a maior parte do filme, não sabemos em quem confiar, ou até pensamos que talvez não devêssemos confiar em ninguém, com a história prendendo a atenção do espectador e construindo o suspense até o clímax, em que, nos vinte minutos derradeiros, a verdade é revelada como um grande quebra cabeça sendo finalizado, entregando um final poderoso e impactante, porém trágico.
Também vale destacar a grande atuação do elenco, em especial Nicholson e Dunaway, que estão excelentes em seus respectivos papéis. A cena em que ambos discutem sobre a real identidade de Catherine é uma das mais fortes que já vi e apenas um exemplo de como ambos estão impecáveis nesta película.
Para quem gosta de dramas investigativos, é perfeito. E mesmo aos que não são os maiores apreciadores do gênero, apesar de poder parecer lento ou até mesmo confuso em alguns momentos, tudo é compensado nos minutos finais quando as peças se encaixam.
Passageiros
3.3 1,5K Assista AgoraA idéia é interessante, mas poderia ter sido bem melhor desenvolvida, com o roteiro tendo vários furos. Por outro lado, tem os seus bons momentos e pontos positivos, como os aspectos visuais e a boa química, pelos menos no início, entre os personagens principais.
No geral, é um bom passatempo.
O Pianista
4.4 1,8K Assista AgoraSe este filme lhe deixou, durante a maior parte do tempo, com um embrulho no estômago e com as sensações de tristeza e desconforto, é porque, então, "O Pianista" cumpriu bem o seu papel. Esta obra de Roman Polanski, baseada na vida real do pianista polonês Wladyslaw Szpilman, retrata, de maneira fiel e extremamente realista, não somente a trajetória de Szpilman em busca de sobreviver, mas também os horrores da ocupação nazista na Polônia e do Holocausto de uma forma geral.
É difícil de assistir, pois os acontecimentos retratados foram, de fato, chocantes, mas é exatamente isso que o filme quer nos mostrar: como a perseguição aos judeus foi absurda e repugnante, destruindo famílias e tornando a sua respectiva existência um sofrimento completo e com apenas um leve sopro de esperança pela sobrevivência. Sendo assim, esta película acaba ultrapassando a arte e se tornando quase que um documentário.
E contribuiu para tudo isso a grande direção de Polanski, os impecáveis aspectos técnicos - que trazem beleza a todo o cenário de tristeza e destruição retratado- e a estupenda atuação de Adrien Brody, que aqui está no grande trabalho da carreira e que lhe rendeu o Oscar.
Um filme triste, mas excelente.
Mais Estranho que a Ficção
3.9 604Com um roteiro bem criativo e inteligente, "Mais Estranho que a Ficção" caminha na linha tênue entre o drama e a comédia e gira em torno de um dos temas que considero mais interessantes, que é o da metalinguagem. Nesse caso, verificamos que os personagens envolvidos na história não somente estão cientes de que fazem parte da história, mas buscam formas de alterá-la ou, ao menos, entendê-la, misturando imaginação e realidade.
É um filme que, apesar do roteiro bem elaborado, não tem a ambição de ser uma grande obra prima ou de provocar grandes reflexões, sendo despretensioso, entregando uma história agradável e um final satisfatório, sendo que o livro de Eiffel acaba até sendo uma espécie de analogia a isso. No entanto, se há uma bela lição deixada aqui é, sobretudo, a de que a nossa existência se torna mais leve quando apreciamos as pequenas coisas da vida, isto é, aquelas que aparentam ser apenas elementos irrelevantes e que costumamos ignorar em nossa apressada rotina, mas que, na verdade, têm grande importância, podendo, inclusive, nos salvar de uma forma ou de outra.
Recomendado.
Dentro da Casa
4.1 554 Assista AgoraÓtimo filme. Com uma história muito bem elaborada, "Dentro da Casa" provoca no espectador o mesmo sentimento que o professor Germain tem ao ler as páginas entregues pelo seu aluno Claude: a todo momento, ficamos curiosos para saber o que vai acontecer em seguida e ansiosos pelo próximo "capítulo".
É interessante ver, além do enredo em si, o paralelo que é feito entre o aluno, o professor e até nós mesmos. Claude, que havia crescido sem a presença materna, fazia aquilo não somente por mera curiosidade ou atração pela mãe do amigo, mas por um desejo de integrar, mesmo que momentaneamente, uma família "normal" ou, ao menos, ver o que se passava dentro desse núcleo familiar, mesmo correndo riscos e até ameaçando a própria estabilidade daquela família. Germain, por sua vez, que havia se tornado professor depois de fracassar como escritor e estava frustrado com a falta de qualidade dos trabalhos de seus alunos, via talento em Claude e buscava incentivá-lo a continuar escrevendo a fim de torná-lo, talvez, um grande escritor no futuro, mesmo que para isso deixasse de lado sua vida pessoal e também ultrapasse limites morais e éticos.
E, quanto ao espectador, deve-se destacar que, se Germain e Claude utilizavam essa "aventura" com a vida alheia para satisfazer os seus desejos e frustrações, enquanto nós, de certa maneira, também utilizamos essa criativa história, além dos filmes de uma forma geral, como meio de escape de nosso cotidiano. Também vale destacar que, assim como Germain não tem noção exata do que é real e do que é ficção nos escritos de Claude, o espectador também não consegue separar o que realmente ocorreu no enredo daquilo que foi apenas fruto da imaginação do personagem. No entanto, o filme, que propositadamente promove esse mistério, é tão bom e dinâmico que, quando Claude finaliza sua história, pouco nos importa se tudo aquilo foi real em algum momento, pois o que nos moveu até ali foram as sensações provocadas, como em um bom livro, aliás.
Uma trama muito bem amarrada, que prende a atenção do espectador e faz o tempo passar rapidamente.
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraAssisti sem esperar muita coisa e gostei do que vi. Em uma sequência que até supera bem o filme original (que é um clássico e teve grande impacto cultural, mas apenas um filme razoável em termos de qualidade), entrega ação e drama na medida certa e é um bom entretenimento.
Claro que tem aqueles momentos mais piegas e clichês, mas não chega a ser exatamente um grande problema, pois é algo já esperado, sobretudo para quem viu o primeiro filme. O roteiro é um pouco previsível e alguns personagens poderiam ter sido melhor desenvolvidos, com a trama centrando-se, sobretudo, em Maverick e Rooster. Gostaria de ter visto mais da bela Jennifer Connelly, que aqui está muito bem.
No geral, cumpre bem o seu papel e tem bons efeitos especiais e visuais. Oscar de Melhor Filme? Sinceramente, acho um exagero ser indicado, mas não deixa de ser uma boa diversão.
Uma Cilada para Roger Rabbit
3.7 507 Assista AgoraDivertido e nostálgico, "Uma Cilada para Roger Rabbit" mistura comédia, investigação policial e um clima "noir" dos anos 40, contando com personagens clássicos da Disney e Warner e também algumas piadas mais "ácidas", tornando-o um bom entretenimento tanto para jovens quanto para adultos.
Não é um filme para se levar muito à sério, mas em que o espectador deve se deixar levar pelas "maluquices" típicas dos desenhos animados e dar umas boas risadas. E, claro, também para ver a sensual Jéssica Rabbit, que, com sua presença marcante e aparência provocativa, dá um toque de erotismo à história.
O filme em si, admito, apesar de bom e leve, não é lá nenhuma grande obra prima, mas é preciso destacar todo o grande trabalho que se teve para, nos anos 80, fazer uma produção com essa qualidade de animação, sendo que algumas cenas demoraram meses para serem feitas. Dessa maneira, foi não somente uma película agradável de se assistir, mas uma obra inovadora para a época e que abriu espaço para outros filmes icônicos com estilo semelhante.
Vale muito a pena acompanhar para se divertir e resgatar boas memórias da infância.
O Bebê de Rosemary
3.9 1,9K Assista AgoraUm clássico. Neste filme, o terror não se sustenta em "jump scares" baratos, mas no permanente clima de tensão e suspeitas entre Rosemary e os seus vizinhos. Mesmo nas cenas mais banais e que fazem parte de uma normal rotina familiar, ficamos com a sensação de que alguma coisa está errada ou algo ruim está prestes a acontecer, o que deve-se, em grande parte, ao bem elaborado roteiro e à ótima direção de Polanski, que constroem um assustador suspense. Sendo assim, o terror é psicológico, não estando naquilo que vemos, mas naquilo que não vemos e apenas imaginamos, o que fica ainda mais claro na cena final, em que brilhantemente se escolheu por não mostrar a real face do bebê, deixando a sua aparência por conta da imaginação do espectador.
Também importante destacar a grande atuação de todo o elenco, com destaque a Ruth Gordon e Sidney Blackmer, que interpretam com perfeição os misteriosos vizinhos, e, claro, Mia Farrow, que brilha em um papel difícil, inicialmente como uma esposa doce, frágil, submissa e manipulável, que se encontra angustiada por todas as suspeitas e dúvidas em torno do seu relacionamento com os vizinhos e até mesmo com o próprio marido e, ao longo do filme, tornando-se uma mãe preocupada com o seu bebê e ainda não sabendo o que estava por vir.
E o que falar do final? Muito bem construído, mas, ao mesmo tempo, extremamente trágico. Rosemary foi, ao longo da trama, enganada, isolada, estuprada e abusada psicologicamente, além de ter tido o seu grande sonho da maternidade deturpado a fim de que o seu corpo fosse usado para dar luz ao que pior poderia existir: o anticristo. E o mais triste é que, mesmo apesar de tudo, a vontade dela de ser mãe era tão grande que, no final, ela ainda aceita o bebê e escolhe cuidar dele. Toda essa experiência para ela foi um grande pesadelo do qual ela não somente jamais iria acordar, como também ainda havia, no final, escolhido continuar vivenciando, pois a decisão de cuidar do seu demoníaco filho acabou sendo dela e ninguém a forçou isso.
Um filme de terror e suspense inteligente, assustador e memorável.
Golpe de Mestre
4.3 233Um dos melhores filmes já feitos do gênero "gangster". Divertido e com roteiro muito bem amarrado, "The Sting" nos conta uma história de vigaristas tentando enganar outros vigaristas e, com sua trama inteligente e cheia de reviravoltas, não somente prende a atenção do espectador como também surpreende o público com um excelente final. Também vale a pena destacar a icônica e marcante trilha sonora de Scott Joplin.
Aqui não temos grandes lições de moral ou temas muito complexos sendo abordados, mas uma boa e velha "comédia de crime" para se divertir, aproveitar e se deixar ser enganado pelas idas e vindas da envolvente história, com o tempo passando rápido ao assistir.
Recomendado!
Triângulo do Medo
3.5 1,3K Assista AgoraMeu amigo, o que foi isso? Assisti sem esperar muita coisa, mas acabou sendo uma grande e grata surpresa! Misterioso, assustador e insanamente inteligente são alguns termos possíveis de serem usados para tentar descrever este filme que mistura terror psicológico, suspense e fantasia e abre margem para diversas interpretações.
Na trama, Jess está inserida em uma espécie de loop temporal, em que os mesmos eventos são repetidos continuadamente. À princípio, o seu plano, ao perceber isso, é alterar os acontecimentos de maneira a tentar salvar os seus amigos e também a si própria, saindo do navio e encerrando o loop. No entanto, quando ela percebe, ao ver vários dos seus colares caídos no navio, que repetiu esse mesmo caminho inúmeras outras vezes e também ao verificar que todas as suas tentativas de salvar os outros tripulantes fracassavam, ela aceita que aquele ciclo de eventos não vai ser interrompido, torna-se o "assassino encapuzado" que havia derrotado anteriormente e procura seguir à risca a sequência de fatos vistos por ela no início, buscando assim uma nova maneira de encerrar tudo isso, isto é, sendo morta. E ela, dessa forma, consegue escapar do navio e retorna a sua casa, onde é surpreendida vendo... a si mesma. E é a partir deste ponto em diante que muitos espectadores não conseguem entender o que está acontecendo, o que, admito, é perfeitamente compreensível, pois essa é uma história bem elaborada, mas longe de ser simples.
Eu prefiro enxergar "O Triângulo do Medo" como um grande e inteligente quebra cabeça, ao qual temos de atentar aos mínimos detalhes e referências escondidas para buscar entender em sua totalidade. Pode ser uma tarefa difícil no início, talvez até vista como desnecessária por aqueles que querem que o filme entregue tudo já mastigado e explicado, mas é justamente aí que se encontra a genialidade desta obra e o que torna esta película um ótimo, porém pouco reconhecido, filme. Se tudo fosse explicado logo de imediato, qual seria a graça? Não haveria exatamente o mistério que tanto nos fascina aqui, que é o de ser uma espécie de enigma com difícil resolução, mas que, quando compreendido de uma forma ou de outra, nos deixa boquiaberto e com vontade de assistir tudo de novo.
Sendo assim, retornando de onde parei, vamos buscar entender a história. Depois de se deparar com ela mesma na volta para casa, Jess vê, agora de uma outra perspectiva, a forma como maltratava o seu filho, o que obviamente a desagrada de imediato. Ela não consegue se reconhecer nas atitudes que acabava de presenciar - mesmo que tenham sido realizadas por si própria - e, como reação imediata, mata a mulher que fazia aquilo, que, no caso, era ela mesma, mas em um outro tempo. Em seguida, coloca o corpo no porta malas e parte com o seu filho para o litoral, onde acidentalmente mata uma gaivota. Ao jogar a gaivota morta no mar, vê outras gaivotas jogadas mortas no mesmo local, o que é um indicativo de que esse acontecimento já se repetiu no passado, isto é, ela continuava presa no loop temporal. Depois, ela se envolve em outro acidente, batendo em um caminhão e sendo, desta vez, fatal ao seu filho, que morre, enquanto ela continua viva e sem nenhum ferimento.
Então, o espectador poderia se perguntar: como ela não teve ferimento algum? E mais: como as pessoas em volta do carro não perceberam que o corpo que caiu do porta malas era idêntico à sobrevivente que estava ali diante deles? E aí que vem o grande ponto para entender plenamente o filme: aquilo tudo não é real. E não é real porque Jess já não estava viva há muito tempo. Ela não estava viva quando entrou no barco, não estava viva quando matou a si própria em casa e, logo, não estava viva quando sofreu o acidente. A história não no explica os detalhes de como ela morreu originalmente, embora presumamos que também tenha sido em um acidente naquele mesmo local, mas o que realmente importa é reconhecer que a personagem principal está presa, já há muito tempo, naquele loop e o que se passa diante de seus olhos já não é mais real, mas uma espécie de prisão em que se encontra no pós morte, ou, como também podemos descrever, o limbo.
No entanto, por que Jess está presa nesse limbo? Bem, agora temos de utilizar um pouco de mitologia grega. O nome do navio em que ela e os seus amigos estão presos nesse loop chama-se Aeolus, que, dentro da religião grega, é o Deus dos ventos e o pai de... Sísifo. Como é brevemente mencionado no filme, Sísifo "engana" a morte e, por conta disso, é condenado a ter de empurrar uma pedra para cima de uma montanha eternamente. Não importa o que fizesse, a pedra que colocava no topo da montanha sempre caía de novo e ele seria obrigado a repetir a tarefa continuadamente pela eternidade. E o que isso tem haver com Jess? Bem, o motorista que dá uma carona para ela depois do acidente seria, na verdade, "A Morte", que estava querendo levar a sua alma. Quando ela sai do carro, o motorista pergunta para a protagonista se iria voltar, com a mesma respondendo que sim, mas sabemos que isso não é verdade, pois ela não retorna e vai para o barco, talvez com o intuito de repetir o loop, tentar alterar alguns acontecimentos e salvar o seu filho. Sendo assim, ela engana novamente a morte, o que já teria feito antes, o que a condena a também novamente ter de repetir o loop e toda aquela sequência assustadora de acontecimentos, sempre com o mesmo final e sempre sendo repetido inúmeras outras vezes durante toda a eternidade.
No entanto, se ao entrar no navio ela já sabia o que iria acontecer com todos os tripulantes ali presentes, o que explica o seu comportamento estranho no início, no momento em que ela dorme e acorda, Jess tem a impressão de que tudo aquilo, na verdade, teria sido apenas um terrível pesadelo, o que a leva a rapidamente esquecer o que havia ocorrido antes e prosseguir como se nada tivesse acontecido. É por isso, portanto, que, ao repetir o loop, ela apenas tinha uma leve sensação de Déjà vu, mas não sabia exatamente o que iria acontecer, mesmo que já tivesse estado naquela situação inúmeras vezes. Sendo assim, ela não sabia ainda que estava em um loop e, portanto, não somente teria que vivenciar tudo novamente, como teria que fazê-lo sempre com a mesma sensação de medo e surpresa que havia tido no início, em uma tortura sem fim. Jess vive o seu próprio mito de Sísifo, com a diferença de que o personagem da mitologia grega sabe que está preso eternamente naquela condição, enquanto ela tem de viver tudo aquilo sempre como se fosse a primeira vez.
Um filme pouco conhecido, mas com roteiro brilhante e que vale muito à pena assistir. Super recomendado!
Brazil, o Filme
3.8 404 Assista AgoraFazendo uso de um visual surrealista, tradicional em suas produções, Terry Gillian nos apresenta uma bem elaborada e inteligente crítica não somente aos estados totalitários do século XX, mas também ao exagerado consumismo presente na sociedade. Apesar da ambientação fantasiosa, o filme atinge em cheio os regimes autoritários que restringem as liberdades do cidadão e também mira os hábitos consumistas praticados em excesso pelas pessoas, sendo ambos os elementos reais e ainda presentes no mundo, tornando "Brazil" uma obra extremamente atual e pertinente, ou, como alguns já descreveram, uma versão moderna e mais cômica - porém não menos profunda- de "1984" - não o filme que havia sido lançado um ano antes, mas o livro.
Tendo inspirado, com o seus aspectos visuais, diversos filmes que vieram depois, como o famoso Batman de Tim Burton, o principal aspecto desta película é, na verdade, a crítica política inserida por baixo de todo o ambiente surreal que nos é apresentado. Dito isso, o mais fascinante é que, diferente de outras distopias inventadas para ficção, como o próprio "1984" que inspirou esta obra, não existe a tradicional figura do vilão no mundo de "Brazil". Em momento algum, é mostrado o núcleo central do governo ou um ditador, assim como também não há um nêmesis pessoal para o personagem principal Sam. Todas as pessoas cometendo os mais monstruosos atos de autoritarismo ou violência são caracterizadas como funcionários públicos normais, que apenas estão cumprindo a sua função em mais um dia de trabalho.
A história, portanto, não nos apresenta nenhum indivíduo em particular para colocarmos a culpa ou a responsabilidade pelos acontecimentos presenciados, o que torna esse sistema totalitário ainda mais difícil de consertar, sobretudo considerando que até mesmo as pessoas que trabalham nos departamentos e agências governamentais aparentam estar presas dentro desse organismo estatal inchado. A culpa recai, portanto, na sociedade de uma maneira geral, que, com a sua falta de empatia e com hábitos consumistas exagerados, negligencia a liberdade, com cada cidadão apenas pensando em si próprio e aceitando a realidade autoritária presente. Ninguém está realmente satisfeito com a vida que leva e cada indivíduo tem a sua forma de escape, seja por programas de televisão, por cirurgias plásticas ou pelos sonhos, mas todos aceitam pacificamente a distopia em que estão inseridos e não fazem nada para alterá-la.
E um final que é triste e bonito ao mesmo tempo. Triste, obviamente, por que Sam termina em uma prisão do governo, onde provavelmente irá passar o resto da vida e sem experimentar a real sensação da liberdade. No entanto, por outro lado, também é bonito, pois ele consegue, com o poder da imaginação, criar em sua mente uma vida paralela, que irá ser, para ele, a sua realidade. Sendo assim, mesmo preso, ele consegue experimentar uma liberdade, que, mesmo sendo apenas imaginária, é a que ele irá ter como real dali pra frente. A sua vida real será de tortura e aprisionamento, enquanto sua vida imaginária será feliz, mas apenas a última ele irá efetivamente reconhecer. Isso também mostra como a dilaceração da liberdade humana quando não mata o homem literalmente, o corrói por dentro e dilacera sua integridade mental, a tal ponto do indivíduo perder completamente a sanidade.
Diferente do que alguns pensam, o título do filme não é uma referência ao regime militar presente no Brasil na época de seu lançamento, mas, como já admitiu o próprio Gillian certa vez, apenas uma homenagem à música "Aquarela do Brasil", que escutava quando jovem e o fazia pensar sobre um mundo exótico e fantasioso para o qual poderia fugir da sua realidade. Da mesma maneira, no filme, o personagem Sam procura um escape da realidade com os seus sonhos, que acabam sendo a única forma encontrada por ele para fugir desse mundo distópico sem qualquer tipo de solução ou salvação. No entanto, apesar de não ser uma alusão direta ao nosso país, não dá para negar que o Estado inchado e burocrático mostrado na história poderia ser, perfeitamente, uma representação do governo brasileiro em todas as suas esferas, tanto no passado quanto no presente.
É um filme com muitas camadas e detalhes e feito para se assistir mais de uma vez, com um excelente visual e uma inteligente crítica política e social. Super recomendado.
O Homem Elefante
4.4 1,0K Assista AgoraUma história verdadeira e emocionante de um homem que sofreu de maneira indescritível durante boa parte de sua vida, por conta de suas deformidades físicas e, sobretudo, devido ao tratamento deplorável que recebia da maioria das pessoas. O preconceito, a rejeição e o desprezo despejados a ele devido a sua aparência nos fazem observar que a verdadeira aberração não era aquele que estava a ser exibido em circos como se fosse uma, que era um pessoa inteligente, educada e com um bom coração, mas os indivíduos que o julgavam e o exploravam, que, por sua vez, comportavam-se como verdadeiros monstros.
É impossível para este filme ou qualquer outra produção, seja no cinema ou no teatro, mostrar de maneira fidedigna e exata o quanto que John Merrick sofreu, mas "O Homem Elefante" consegue cumprir bem o papel de nos passar os sentimentos de tristeza e indignação também sentidos por John, obviamente não na mesma proporção, mas suficientes para nos sensibilizarmos com a trajetória de sua incomum vida, sendo este o grande trunfo do filme, tornando-o impactante, emocionante e memorável.
Todo o elenco está ótimo, mas, naturalmente, o grande destaque vai para John Hurt, que, mesmo com toda a maquiagem, consegue exprimir, de maneira impecável, tanto a dor sofrida por seu personagem quanto a doçura de seu coração, por meio da voz e dos olhos, que, convenhamos, basicamente é o que sobra ao ator para utilizar como forma de expressão e ele consegue muito bem cumprir esse difícil papel.
Um filme que precisamos "ter estômago" para digerir, mas que, no final das contas, encerra-se de uma forma bonita e com uma bela lição: nem todo o sofrimento e tristeza que afligiram John Merrick foram o suficiente para torná-lo uma má pessoa, com ele mantendo sua bondade e dignidade mesmo diante de tudo e conseguindo, nos últimos anos de sua vida, ser finalmente tratado de maneira decente e como um ser humano.
Uma História Real
4.2 298Um filme belíssimo e tocante, que nos faz refletir sobre família, relações afetivas e a vida de uma maneira geral, além de nos emocionar com a história de Alvin Straight, brilhantemente interpretado por Richard Farnsworth, e toda a sua trajetória em busca de se reencontrar com o irmão.
Pode parecer lento para alguns em determinados momentos, mas a intenção do filme é exatamente essa, fazendo o espectador aproveitar cada instante com o seu devido tempo, sem apressar as coisas e sentindo a experiência de uma forma única, como se também estivéssemos fazendo parte dessa viagem. Aliás, caso Alvin quisesse chegar rápido ao seu destino, ele poderia ter ido de ônibus ou ido de carona com alguém conhecido, mas ele opta, por vontade própria, em utilizar um cortador de grama como seu "veículo", pois esse é o caminho que julga ser o correto para ele.
Isso, inclusive, é brevemente abordado pelo personagem na seguinte fala: "There's no that one knows your life better than a brother that's near your age. He knows who you are and what you are better than anyone on earth. My brother and I said some unforgivable things the last time we met, but, I'm trying to put that behind me... and this trip is a hard swallow of my pride. I just hope I'm not too late... a brother's a brother." Sendo assim, essa aventura de Alvin é a maneira que ele encontra de engolir todo o seu orgulho, esquecer as desavenças do passado e fazer as pazes com o irmão, como uma espécie de "teste" para mostrar o que ele estaria disposto a fazer para finalmente reencontrá-lo e uma prova, ao seu irmão, do amor que Alvin nutre por ele.
Além de toda a jornada pessoal do protagonista, o filme também aborda as pessoas que Alvin encontra pelo caminho, ajudando-o e também sendo, de uma forma ou de outra, ajudadas por ele. E todos esses elementos acompanhados por uma grande direção de Lynch, uma agradável trilha sonora e uma bela fotografia.
E, claro, não é possível falar de "Uma História Real" sem separar o devido espaço para mencionar a gigantesca atuação de Farnsworth, em uma performance que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e o tornou o mais velho a ser nomeado ao prêmio da Academia nessa categoria. Importante lembrar que o ator estava com câncer na época e, durante as filmagens, a doença já estava se espalhando pelos seus ossos, sendo que a paralisia de suas pernas nas cenas finais era real. Mesmo com todas as dificuldades, continuou filmando até o fim e entregou a grande atuação da carreira justamente em seu último trabalho. Uma performance sutil e ao mesmo tempo emocionante, mas, sobretudo, uma história de superação de um ator em seus últimos meses de vida (ele viria a cometer suicídio em 2000, já em um estado irreversível).
Super recomendado.
A Princesa e o Plebeu
4.3 417 Assista AgoraTambém conhecido como o primeiro grande trabalho de Audrey Hepburn - no papel que não somente a levou ao seu único Oscar, mas também ao estrelato, "A Princesa e o Plebeu" é um filme leve e divertido de se assistir, misturando, na medida certa, elementos de romance, comédia e drama. O roteiro é simples, mas a bela direção e a excelente performance do elenco engrandecem o filme e cativam o espectador.
O curioso é que, embora Anna seja a princesa da história, quem realmente vive um conto de fadas durante o filme é ela, conseguindo ter um escape, mesmo que breve, de sua ocupada e restrita rotina e tendo experiências jamais vividas por ela antes. O jornalista Joe, por outro lado, no início buscava apenas se aproveitar da presença da princesa para conseguir uma boa reportagem e faturar dinheiro, mas aos poucos se apaixona pela doçura e beleza de Anna, a tal ponto de, no final, simplesmente desistir de escrever o seu texto jornalístico, talvez visando não constranger a moça perante sua família real. Por fim, o desfecho do filme é triste, porém realista.
Pessoalmente, não considerei uma grande obra prima, mas é uma história simples e agradável, que vale a pena acompanhar, sobretudo, pela beleza tanto da paisagem de Roma quanto de Audrey Hepburn, que aqui está irretocável.
Questão de Honra
3.8 283 Assista AgoraUm ótimo filme que não somente explora a temática dos dramas investigativos e de tribunais, mas também nos faz refletir sobre diversas questões envolvendo honra e ética no meio militar. Até que ponto é correto obedecer determinadas ordens? Ou até que ponto um militar deve agir supostamente em nome de algo maior, como a pátria ou a defesa da liberdade? Devemos obedecer a hierarquia ou a nossa consciência? No início, parece mais um filme de tribunal dentre vários, no entanto vai lentamente crescendo e atinge o ápice na reta final em uma grande cena, que também conta com algumas falas memoráveis, terminando bem maior do que começou.
E "A Few Good Men" cumpre bem o seu papel não apenas devido a um roteiro bem amarrado e uma grande direção de Rob Reiner, mas também pela força do seu elenco, com grandes atuações de Cruise, Moore e, sobretudo, Nicholson. Essa combinação de fatores nos faz imergir na investigação, com as surpresas e idas e vindas do processo, e prende a atenção do espectador.
Logo, se você gosta de produções do gênero, irá adorar, e, se não é o maior fã dessa temática, irá começar a gostar a partir deste filme. Recomendado.
Monty Python em Busca do Cálice Sagrado
4.2 742 Assista AgoraComédia non sense de ótima qualidade, boas piadas e diversão garantida durante essa bizarra aventura. Confesso que gostei mais deste do que o trabalho do Monty Python em "Life of Brian", que também foi bom, com "Em Busca do Cálice Sagrado" cumprindo bem o seu papel e garantindo muitas risadas. Além disso, também destaco a trilha sonora "medieval", que é muito boa e tem músicas viciantes, como a do Sir Robin!
Para quem gosta desse tipo de humor e aceita se deixar levar pelas maluquices do roteiro, é um prato cheio. Não tentem raciocinar muito sobre o que está acontecendo e apenas curtam.
Louca Obsessão
4.1 1,3K Assista AgoraUm ótimo filme de terror psicológico, que prende a atenção do espectador com uma história aparentemente simples, mas cujo suspense é muito bem construído. A tensão é provocada não somente com as cenas mais brutais e perturbadoras de tortura, mas devido, sobretudo, à constante sensação de aprisionamento e medo vivenciado pelo personagem Paul Sheldon, que também se transmite ao público.
Imprescindível também mencionar a excelente atuação de todo o elenco, em especial Kathy Bates, que está assustadora na pele da enfermeira Annie Wilkes, alternando momentos excessivamente gentis com atitudes verdadeiramente assustadoras e cruéis. James Caan também merece ser aplaudido por sua performance realista de um escritor vivenciando um aterrorizante pesadelo.
No final das contas, "Misery" cumpre bem o seu papel e vale à pena assistir para quem curte filmes do gênero.
Nell
3.7 221 Assista AgoraBelíssimo nos aspectos técnicos e com um tema interessante, "Nell" pode parecer estranho no começo, mas, aos poucos, vamos nos acostumando e enxergando uma história tocante. Lembrando filmes como "O Quarto de Jack" e a antiga história do "Menino selvagem de Aveyron", presenciamos as dificuldades de uma pessoa criada completamente fora da civilização em interagir com desconhecidos e de se integrar com o resto do mundo.
No entanto, se o tema é fascinante, a impressão que fica ao espectador é que o potencial da história não é muito bem utilizado, com o filme se tornando bastante previsível em muitos momentos e caminhando uma trilha mais melodramática do que propriamente explorando as questões éticas ou filosóficas envolvidas. Outro ponto que me incomodou foi a pouca presença da personagem principal Nell, que em diversas oportunidades mais parece uma coadjuvante em uma narrativa que acaba por girar excessivamente em torno dos doutores Lovell e Paula.
Esses problemas no roteiro são parcialmente compensados, por outro lado, com uma excelente atuação de Jodie Foster, que, em uma papel extremamente difícil e desafiador, consegue "roubar a cena" mesmo em situações nas quais a história não foca muito em sua personagem. A atriz, em uma performance que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, consegue expressar bem a complexidade de Nell, uma jovem mulher doce e com um coração puro, mas que se encontra com medo de se conectar com o resto do mundo.
De uma maneira geral, é um filme razoável, destacando-se pelos aspectos técnicos, pelo tema e pela grande atuação de Foster, mas que peca no roteiro e na maneira como a história é conduzida.