"O garoto da Bicicleta" é um longa sensível e cheio de peculiaridades. A situação do menino não é fácil de assistir, rapidamente ocorre um envolvimento emocional com a personagem. O fato do pai tratá-lo daquela forma é tão doloroso, pois não há ódio, há indiferença. Em contraste, a vontade do menino de ficar ao lado da figura paterna, sente-se a frustração, imagina... o que o garoto sentiu? É forte. Confunde a cabeça de um jovem, com poucas referências, com vontade de liberdade (talvez a bicicleta represente isso, caminhar para onde quiser. Além da ligação com o pai), levando-o para caminhos negativos. Mas, Samantha parece não desistir, ela é o elo dele. Enfim, posso apenas colocar um ponto que eu considero sentir falta, a trilha sonora. Quando nos tantos minutos de filme, aparece uma frase musical, fica evidente a potência cinematográfica que há. Acredito que se houvesse mais trilha sonora, o filme teria mais força ainda! Porém deve ser um efeito, um artifício escolhido pelo diretor, que optou em captar bem a realidade como é. Até em relação aos planos.
Putz, pra mim foi meio decepcionante. No começo, assisti bem grudada à tela, toda a tensão da personagem cativa o espetador curioso que deseja saber qual o fim da jornada daquele adolescente. Porém, a espera torna-se cansativa, quando os planos são longos e demoram para dizer sua finalidade com relação ao roteiro. Quanto a atuação, não há o que reclamar, os atores são intensos, como as cenas pediam. Mas bem, pra mim faltou algo... algo que gosto no cinema: sendo mesmo um pequeno recorte da vida de alguém, mas que tenha uma conclusão para quem o assiste. De forma subjetiva ou não, este não me deu uma conclusão.
O que se pode dizer ao término de um documentário como esse? Fiquei atônita. Não tem como negar, arranca um pedaço da esperança de qualquer um em relação a um mundo de paz, visto que, poder e dinheiro, estão acima de vidas. O sistema é maior que a população, logo no início, mostra-se evidente que a colocada do Bush no poder foi sem dúvidas, uma grande jogada. E verdadeiramente, Bush era o terrorista. Incrível como tudo é contraditório em seus discursos. A opção do diretor de trabalhar de forma irônica atingiu os pontos exatos, colocando bem evidente essas palavras do presidente. Bush arrumou um jeito de justificar o 11 de Setembro, foi a hora perfeita para atacar o Afeganistão, que não tinha nada haver com a história toda. É fortíssima a parte que mostram os civis feridos, em especial a cena onde há um bebê atingido pela bomba, apenas abaixei a cabeça e desejei que futuramente o ser humano evolua e deixe de ser ignorante.
Impressionante, são necessários ótimos diálogos para manter um filme que tem como proposta a conversa constante. E ele consegue! Dentro de uma hora e meia, você mergulha de cabeça no universo das personagens, que é revelado cena a cena, aproximando mais o espetador da tal "grande noite", que marcou psicologicamente a vida dos dois. Incríveis os planos sequência, em nenhum momento tediosos, colocando diversas discussões em evidência. O que temos como resultado, é um mix de diversos assuntos interligados, bastante gostosos de se acompanhar, por sinal. Os atores conseguiram manter a coisa bem real e natural, mas também reflexiva. Demais!
De fotografia intensa, atores que cumprem bem seu papel, e um roteiro envolvente, "Se, jie" se torna um filme excelente. Quando se fala em arte, longas com esse merecem ser lembrados, é uma atenção imensa aos pequenos detalhes, desde a caracterização muito bem feita das personagens, até a trilha sonora tocante. Gosto da forma como o diretor conduziu a trama, pois apesar de ser longo, não torna-se tedioso, há sempre uma tensão na atmosfera das cenas, prendendo quem o assiste. Wei Tang recebe minhas palmas, sua atuação é incrível... a cena em que ela canta é arrepiante! Quanto aos tema tratado por trás da malha principal, o fato do desejo de vingar os traidores, é algo espantoso. O modo visceral como o grupo tenta se infiltrar, passando por cima de qualquer um para atingir o objetivo de matar em nome do país, realmente assustador quando se torna esse ufanismo.
Uma pena que tenha sido tão longo, talvez funcionasse melhor com a duração de quarenta minutos. É evidente a beleza da cinestesia, da atmosfera, do "entrar" na sensação, mas em demasiado, fica sem dinâmica. É um perigo perder o fio que encadeia as coisas, pode distanciar o espectador. Entretanto, não dá pra descartar as belas tomadas que funcionaram, as que consegui desfrutar da profundidade, onde os olhares tinham muito significado e traziam à tona sua singularidade. O estilo que Eryk optou por trabalhar esse documentário é bastante diferente, bem.. podia ser mais curtinho, acho que eu teria assimilado melhor.
Incrível, já no início com a Maria Bethânia cantando Carcará eu me arrepiei, senti que seria um documentário visceral. E é! Tive a sensação de sair da sala de exibição desmontada, mas ao mesmo tempo muito feliz, motivada, com um sorriso aparente - modo como passei boa parte do tempo assistindo. No movimento Tropicália, fica evidente a influência de outros ritmos internacionais, mas também a grande ginga que Gil e Caetano trouxeram do Nordeste, criou-se uma música de vanguarda, uma música pensada, que procurou achar seus meios para vigorar. Tom Zé falando sobre a ditadura foi incrível, e é verdade... por mais que a opressão estivesse em alta, a efervescência conseguia contaminar. O período ficou recheado de canções bacanas, muito diferente dos movimentos, em grande maioria, que estão em evidência na mídia hoje.
A fibra ótica chegou com a promessa de unir, aproximar, encurtar distâncias... e o longa nos concede um retrato que prova o inverso. Não é de todo mal, evidentemente, mas acabou que o espaço físico foi modificado, quando um grupo de pessoas está em um mesmo local, sua presença psicológica não se apresenta. A praticidade nos tirou a oportunidade de conceder novas relações, estamos confinados em espaços apertados, as "caixas de sapato", lamentando com uma desculpa pior que a outra, o porque de tanto tédio. As cidades, os aglomerados, estão apenas lá, e a população circulando entre o cinza, necessitando de remédios para abafar a solidão que sentem. É um filme interessante, faz menção a essa crítica da sociedade urbana contemporânea, que não sabe ao certo o que procura, ou se sabe, não faz por onde.
1968, tá explicado, nos primeiros segundos eu já imaginava. Influência extrema de Nouvelle Vague! É um longa fantástico, que acaba de entrar nos favoritos. Embate do questionamento da intelectualidade, chocando-se com o "seja normal, não pense nessas coisas." Certas cenas são, concordo em parte, forçadas. Mas vem cá, é puro existencialismo. Como gravar uma cena onde o personagem fala alto e em bom tom, indagações as quais casualmente ficam apenas no campo das ideias? Aliás, acho que o diretor se saiu muito bem, tem uma cena em particular que corria o risco de tornar-se desastrosa, mas foi a que causou-me maior impacto: a que Marcelo fala sobre o tempo, escreve nas paredes, seu discurso invade os ouvidos do espectador e leva-o a sensação que o personagem parece sentir, um enorme frio na barriga, o de ser futuramente alguém perdido na lacuna do tempo. Assim sendo, o que importa? É niilismo! É perda de sentido, é jogar a lógica e o sentimento contra a parede. Uma parte incrível é quando ele fala algo como "Viver para transbordar sentimentos, sentir isso por mais tempo". É curioso ficar observando as influências que o filme parece ter... os efeitos sonoros e construção de cena me lembrou muito Gordard, a brincadeira com o teatro e o artista, o Bergman.
Desmonta qualquer um. É realmente revoltante e visceral. Como o ser humano pode ser tão belo e tão destruidor? Hotel Ruanda remonta um fato real, são um milhão de civis mortos, é um conflito mortal entre as etnias. E no meio do caos, os que não viam sentido, os inocentes que pensavam que as diferenças não passavam de hábitos culturais, tiveram suas famílias destroçadas, é cruel. E mais cruel ainda, é que todos os que podiam intervir, não o fizeram! Países capacitados a dar apoio aos feridos, que pudessem ajudar em uma espécie de acordo, viraram as costas, mesmo ouvindo os pedidos desesperados de Paul. A coragem deste homem foi incrível, abrigar 1200 pessoas num hotel, de forma a mantê-los seguros - acima de qualquer diferença ética, mas pelo valor humano - no meio daquela guerra, putz.
Dá uma dózinha ver o Burton se enrolando, poxa, não faz seu gênero de filme, ele tem seu estilo próprio que acaba sofrendo influências esquisitas que não combinam. Lógico que vemos a densidade dos personagens e a caracterização bem evidentes do diretor, mas é um roteiro fraquinho, que não prende, de história batida. Acho que tenho um carinho pelo Burton por causa de suas animações, época de infância, e pra mim ver um filme desses, é decepcionante. (Um ponto positivo é a atuação do Deep, outras vezes bastante costumeira, desta vez mais intrínseca)
Esse longa é uma delícia de assistir, convenhamos que há fatos bastante surreais, mas sentimentos muito reais. Não espere encontrar um filme normal, ele foge bastante do comum, seus personagens são peculiares, cheio de subjetividade própria (apesar de alguns não se aplicarem a isto, meio estereotipados, mas são personagens secundários). Temos aqui a vontade incessante por parte de dois pequenos jovens de jogar-se numa aventura, na vida, fugir de suas rotinas, das normas que simplesmente não fazem sentido em suas perspectivas. O jeito que o diretor constrói as cenas é lindo, a trilha sonora casa perfeitamente, e o tom amarelo da fotografia é um dos mais bonitos que já vi.
À deriva é belo, com um final inebriante! Estou imersa pela suspensão, pela metáfora do "à deriva", flutuando no mar, no vai e vem das ondas. Toda a angústia de Filipa acumulada durante a primeira hora, a pressão de guardar um segredo, as suas novas relações e desejos incompreendidos por si própria, sua insegurança aflorando, tudo desaba. Com uma fotografia de atmosfera transportadora, este longa vale ser visto. Intensidade nos pequenos detalhes, nos olhares, Heitor Dhalia consegue captar no plano fechado a sutileza dos tons, tudo muito bonito.
Pra mim, magia é isso, cinema é isso! Uau, estou sem palavras, arte em sua plenitude, traços de animação incríveis, trilha sonora encantadora, recomendo pra qualquer um que queira ter uma experiência cinestésica.
Que roteiro sensacional, mantêm sua premissa com força. É um longa que conseguiu brincar com a psicologia dos personagens em cima de uma situação, que é logo instaurada nos primeiros minutos. Como a trama é desenvolvida aos poucos, e de forma que o espectador descobre junto dos personagens os trâmites, acaba por cativar, há uma tensão. O final é uma boa surpresa.
Filme lento, eu sofro de uma sério problema de não conseguir me manter acesa assistindo alguns clássicos, pois a linguagem parece manter-se a mesma, não me cativa. Lógico que não tiro o valor dele, mas simplesmente não consegui me interessar a ponto de conseguir extrair a mensagem, que com certeza, pelos comentários, deve ser fenomenal. A fotografia é linda, não tem como não amar aquele preto e branco. Bom, de qualquer forma, procurarei outros filmes do Fellini, cada filme, é um filme.
Jim Carrey mostra toda sua força, está incrível. Na minha percepção, esse longa passa de forma leve, um fato sobre os humanos: a dúvida sobre sua própria realidade. Independente de qual ela seja, o desconhecido, o inexplorado sempre nos martela, sempre nos faz perguntar o que está por trás de tudo. Seja um criador, seja uma outro mundo, ou não seja nada, mas a ideia do incógnito faz parte do ser humano, por mais que ele seja moldado para não pensar nisso. É criativo, inquietante, vale conferir!
A condução do diretor é madura, segura, sem ângulos mirabolantes, mas mantêm-se sustentando bem. O roteiro é excelente, consegue tratar do tema de forma inovadora, eu não esperava o desenrolar acontecido, sério. As atuações também merecem destaque, não há um sequer um ator que demonstre amadorismo! Cara, é um ótimo filme, a forma como o assunto é desmembrado envolve os curiosos, posso afirmar.
É um filme gritante, corajoso, aborda de cara a questão. Ainda com um final daqueles! É realmente chocante pensar que tudo isso ocorreu praticamente semana passada, é um sistema muito bem pensado, a qualquer hora pode simplesmente tomar um rumo e calar a todos. Poder e dinheiro, não há pra ninguém no meio deles. É uma visão pessimista, mas enquanto a ambição por conter esses dois elementos estiver acima do valor e bem estar das pessoas, o quadro não vai mudar. Por mais que o sistema se maquie para desmentir isso, a repressão impera há tempos. E continuam a dizer que os revolucionários de esquerda são lunáticos mimados. Eu queria ver como estaria a sociedade sem esses idealizadores. O fim deste longa penetra nesta atmosfera dramática, deixando-nos com uma música de encaixe perfeito "Hoje você é quem manda. Falou, tá falado. Não tem discussão, a minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu. Você que inventou esse estado, e inventou de inventar. Toda a escuridão. Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia. Eu pergunto a você, onde vai se esconder?"
Pensa num filme doido com uma história doida. Então, é esse filme! Tenho certeza de que nunca vi uma reflexão sobre a natureza humana feita de forma tão literal, a ideia de comparar os macacos com os humanos não é nova, mas a forma como foi feita essa comparação, incrível. Renderam situações absurdas, mas que ilustram fielmente a psicologia do nosso ser. Outra coisa que me chamou atenção foi quando evidenciaram que o que nós somos, é produto do que conhecemos durante nossa fase inicial de aprendizagem. As nossas referências, influências, ou falta delas, principalmente por parte dos pais. É verdade, quando criamos nosso "eu", nos baseamos no que está próximo, o que nos dizem quando somos crianças, em grande parte, trazemos características relacionadas a diversas coisas que representam nossos pais. Símbolos que significam coisas. Mesmo que não saibamos desses símbolos, estamos a mercê deles. Parece ser a nossa natureza.
Bergman tem muito controle do que joga à tela. O olhar de cada personagem, a intenção transmitida, talvez uma simples palavra, um efeito sonoro, ele usa destes elementos para contar a sua mensagem. Nesta obra, quando se alcança a marca dos vinte minutos, começamos a ver claramente vários traços que indicam que Bergman brincará com a realidade e o psicológico de Johansson. (Spoiler adiante) Na minha percepção, aquele grupo de pessoas que surge são alegorias, eles representam a criação de Johansson. Numa conversa com Alma, ele descreve exatamente esses personagens. E no final das contas, eles também representavam os medos, o passado oprimido de Johansson. Daí brotava sua arte, sempre conectada com os rebuliços interiores de um ser. Mas ainda fica pairando na mente, Alma também mergulhou nas loucuras? O lobo representa união. Talvez tenha tomado outros medos como representação, a chamada hora do lobo coloca as pessoas de frente com o que elas não querem. Muito interessante Bergman colocar o som do relógio - após a conversa do casal sobre o tempo pesado de um minuto - nas cenas onde eles enfrentavam algo pessoal. Além de tudo, o lobo é significado de mistério, é uma obra com um toque bastante imaginário, surreal.
Que filminho gostoso de assistir, divertido pra caramba, estou com um sorriso na cara. Atuação de Melina é incrível, eu me apaixonei pela personagem Ilya, me fez sentir viva. O tema que ele traz à tona é bem legal, qual seria o caminho da felicidade? Ilya deixa claro que não há fórmula, não há o certo, há apenas o que te toca. Tratado de forma leve, o assunto cria uma trama que me prendeu inteiramente. Uma coisa impressionante é a naturalidade das falas, pareciam até improvisadas de tão fluídas. Há humor na medida certa, muito sentimento sendo discutido e situações onde é impossível não se apaixonar por esse longa. Eu recomendo pra qualquer um!
Astérix e Obélix: A Serviço de sua Majestade
3.0 28 Assista AgoraLaranja Mecânica hahahah gente, hilário
O Garoto da Bicicleta
3.7 323"O garoto da Bicicleta" é um longa sensível e cheio de peculiaridades. A situação do menino não é fácil de assistir, rapidamente ocorre um envolvimento emocional com a personagem. O fato do pai tratá-lo daquela forma é tão doloroso, pois não há ódio, há indiferença. Em contraste, a vontade do menino de ficar ao lado da figura paterna, sente-se a frustração, imagina... o que o garoto sentiu? É forte. Confunde a cabeça de um jovem, com poucas referências, com vontade de liberdade (talvez a bicicleta represente isso, caminhar para onde quiser. Além da ligação com o pai), levando-o para caminhos negativos. Mas, Samantha parece não desistir, ela é o elo dele. Enfim, posso apenas colocar um ponto que eu considero sentir falta, a trilha sonora. Quando nos tantos minutos de filme, aparece uma frase musical, fica evidente a potência cinematográfica que há. Acredito que se houvesse mais trilha sonora, o filme teria mais força ainda! Porém deve ser um efeito, um artifício escolhido pelo diretor, que optou em captar bem a realidade como é. Até em relação aos planos.
Se Eu Quiser Assobiar, Eu Assobio
3.4 13Putz, pra mim foi meio decepcionante. No começo, assisti bem grudada à tela, toda a tensão da personagem cativa o espetador curioso que deseja saber qual o fim da jornada daquele adolescente. Porém, a espera torna-se cansativa, quando os planos são longos e demoram para dizer sua finalidade com relação ao roteiro. Quanto a atuação, não há o que reclamar, os atores são intensos, como as cenas pediam. Mas bem, pra mim faltou algo... algo que gosto no cinema: sendo mesmo um pequeno recorte da vida de alguém, mas que tenha uma conclusão para quem o assiste. De forma subjetiva ou não, este não me deu uma conclusão.
Fahrenheit 11 de Setembro
3.9 260O que se pode dizer ao término de um documentário como esse? Fiquei atônita. Não tem como negar, arranca um pedaço da esperança de qualquer um em relação a um mundo de paz, visto que, poder e dinheiro, estão acima de vidas. O sistema é maior que a população, logo no início, mostra-se evidente que a colocada do Bush no poder foi sem dúvidas, uma grande jogada. E verdadeiramente, Bush era o terrorista. Incrível como tudo é contraditório em seus discursos. A opção do diretor de trabalhar de forma irônica atingiu os pontos exatos, colocando bem evidente essas palavras do presidente. Bush arrumou um jeito de justificar o 11 de Setembro, foi a hora perfeita para atacar o Afeganistão, que não tinha nada haver com a história toda. É fortíssima a parte que mostram os civis feridos, em especial a cena onde há um bebê atingido pela bomba, apenas abaixei a cabeça e desejei que futuramente o ser humano evolua e deixe de ser ignorante.
Antes do Pôr-do-Sol
4.2 1,5K Assista AgoraImpressionante, são necessários ótimos diálogos para manter um filme que tem como proposta a conversa constante. E ele consegue! Dentro de uma hora e meia, você mergulha de cabeça no universo das personagens, que é revelado cena a cena, aproximando mais o espetador da tal "grande noite", que marcou psicologicamente a vida dos dois. Incríveis os planos sequência, em nenhum momento tediosos, colocando diversas discussões em evidência. O que temos como resultado, é um mix de diversos assuntos interligados, bastante gostosos de se acompanhar, por sinal. Os atores conseguiram manter a coisa bem real e natural, mas também reflexiva. Demais!
Desejo e Perigo
3.9 108 Assista AgoraDe fotografia intensa, atores que cumprem bem seu papel, e um roteiro envolvente, "Se, jie" se torna um filme excelente. Quando se fala em arte, longas com esse merecem ser lembrados, é uma atenção imensa aos pequenos detalhes, desde a caracterização muito bem feita das personagens, até a trilha sonora tocante. Gosto da forma como o diretor conduziu a trama, pois apesar de ser longo, não torna-se tedioso, há sempre uma tensão na atmosfera das cenas, prendendo quem o assiste. Wei Tang recebe minhas palmas, sua atuação é incrível... a cena em que ela canta é arrepiante! Quanto aos tema tratado por trás da malha principal, o fato do desejo de vingar os traidores, é algo espantoso. O modo visceral como o grupo tenta se infiltrar, passando por cima de qualquer um para atingir o objetivo de matar em nome do país, realmente assustador quando se torna esse ufanismo.
Jards
2.9 12Uma pena que tenha sido tão longo, talvez funcionasse melhor com a duração de quarenta minutos. É evidente a beleza da cinestesia, da atmosfera, do "entrar" na sensação, mas em demasiado, fica sem dinâmica. É um perigo perder o fio que encadeia as coisas, pode distanciar o espectador. Entretanto, não dá pra descartar as belas tomadas que funcionaram, as que consegui desfrutar da profundidade, onde os olhares tinham muito significado e traziam à tona sua singularidade. O estilo que Eryk optou por trabalhar esse documentário é bastante diferente, bem.. podia ser mais curtinho, acho que eu teria assimilado melhor.
Tropicália
4.1 289Incrível, já no início com a Maria Bethânia cantando Carcará eu me arrepiei, senti que seria um documentário visceral. E é! Tive a sensação de sair da sala de exibição desmontada, mas ao mesmo tempo muito feliz, motivada, com um sorriso aparente - modo como passei boa parte do tempo assistindo. No movimento Tropicália, fica evidente a influência de outros ritmos internacionais, mas também a grande ginga que Gil e Caetano trouxeram do Nordeste, criou-se uma música de vanguarda, uma música pensada, que procurou achar seus meios para vigorar. Tom Zé falando sobre a ditadura foi incrível, e é verdade... por mais que a opressão estivesse em alta, a efervescência conseguia contaminar. O período ficou recheado de canções bacanas, muito diferente dos movimentos, em grande maioria, que estão em evidência na mídia hoje.
Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual
4.3 2,3K Assista AgoraA fibra ótica chegou com a promessa de unir, aproximar, encurtar distâncias... e o longa nos concede um retrato que prova o inverso. Não é de todo mal, evidentemente, mas acabou que o espaço físico foi modificado, quando um grupo de pessoas está em um mesmo local, sua presença psicológica não se apresenta. A praticidade nos tirou a oportunidade de conceder novas relações, estamos confinados em espaços apertados, as "caixas de sapato", lamentando com uma desculpa pior que a outra, o porque de tanto tédio. As cidades, os aglomerados, estão apenas lá, e a população circulando entre o cinza, necessitando de remédios para abafar a solidão que sentem. É um filme interessante, faz menção a essa crítica da sociedade urbana contemporânea, que não sabe ao certo o que procura, ou se sabe, não faz por onde.
As Amorosas
3.9 271968, tá explicado, nos primeiros segundos eu já imaginava. Influência extrema de Nouvelle Vague! É um longa fantástico, que acaba de entrar nos favoritos. Embate do questionamento da intelectualidade, chocando-se com o "seja normal, não pense nessas coisas." Certas cenas são, concordo em parte, forçadas. Mas vem cá, é puro existencialismo. Como gravar uma cena onde o personagem fala alto e em bom tom, indagações as quais casualmente ficam apenas no campo das ideias? Aliás, acho que o diretor se saiu muito bem, tem uma cena em particular que corria o risco de tornar-se desastrosa, mas foi a que causou-me maior impacto: a que Marcelo fala sobre o tempo, escreve nas paredes, seu discurso invade os ouvidos do espectador e leva-o a sensação que o personagem parece sentir, um enorme frio na barriga, o de ser futuramente alguém perdido na lacuna do tempo. Assim sendo, o que importa? É niilismo! É perda de sentido, é jogar a lógica e o sentimento contra a parede. Uma parte incrível é quando ele fala algo como "Viver para transbordar sentimentos, sentir isso por mais tempo". É curioso ficar observando as influências que o filme parece ter... os efeitos sonoros e construção de cena me lembrou muito Gordard, a brincadeira com o teatro e o artista, o Bergman.
Hotel Ruanda
4.1 629 Assista AgoraDesmonta qualquer um. É realmente revoltante e visceral. Como o ser humano pode ser tão belo e tão destruidor? Hotel Ruanda remonta um fato real, são um milhão de civis mortos, é um conflito mortal entre as etnias. E no meio do caos, os que não viam sentido, os inocentes que pensavam que as diferenças não passavam de hábitos culturais, tiveram suas famílias destroçadas, é cruel. E mais cruel ainda, é que todos os que podiam intervir, não o fizeram! Países capacitados a dar apoio aos feridos, que pudessem ajudar em uma espécie de acordo, viraram as costas, mesmo ouvindo os pedidos desesperados de Paul. A coragem deste homem foi incrível, abrigar 1200 pessoas num hotel, de forma a mantê-los seguros - acima de qualquer diferença ética, mas pelo valor humano - no meio daquela guerra, putz.
Acho que, apesar de rápida, a cena em que estão passando com o carro por cima dos corpos, é uma das mais fortes e significativas. Terrível.
Sombras da Noite
3.1 4,0K Assista AgoraDá uma dózinha ver o Burton se enrolando, poxa, não faz seu gênero de filme, ele tem seu estilo próprio que acaba sofrendo influências esquisitas que não combinam. Lógico que vemos a densidade dos personagens e a caracterização bem evidentes do diretor, mas é um roteiro fraquinho, que não prende, de história batida. Acho que tenho um carinho pelo Burton por causa de suas animações, época de infância, e pra mim ver um filme desses, é decepcionante. (Um ponto positivo é a atuação do Deep, outras vezes bastante costumeira, desta vez mais intrínseca)
Moonrise Kingdom
4.2 2,1K Assista AgoraEsse longa é uma delícia de assistir, convenhamos que há fatos bastante surreais, mas sentimentos muito reais. Não espere encontrar um filme normal, ele foge bastante do comum, seus personagens são peculiares, cheio de subjetividade própria (apesar de alguns não se aplicarem a isto, meio estereotipados, mas são personagens secundários). Temos aqui a vontade incessante por parte de dois pequenos jovens de jogar-se numa aventura, na vida, fugir de suas rotinas, das normas que simplesmente não fazem sentido em suas perspectivas. O jeito que o diretor constrói as cenas é lindo, a trilha sonora casa perfeitamente, e o tom amarelo da fotografia é um dos mais bonitos que já vi.
À Deriva
3.6 367À deriva é belo, com um final inebriante! Estou imersa pela suspensão, pela metáfora do "à deriva", flutuando no mar, no vai e vem das ondas. Toda a angústia de Filipa acumulada durante a primeira hora, a pressão de guardar um segredo, as suas novas relações e desejos incompreendidos por si própria, sua insegurança aflorando, tudo desaba. Com uma fotografia de atmosfera transportadora, este longa vale ser visto. Intensidade nos pequenos detalhes, nos olhares, Heitor Dhalia consegue captar no plano fechado a sutileza dos tons, tudo muito bonito.
Uma Viagem ao Mundo das Fábulas
4.0 99 Assista AgoraPra mim, magia é isso, cinema é isso! Uau, estou sem palavras, arte em sua plenitude, traços de animação incríveis, trilha sonora encantadora, recomendo pra qualquer um que queira ter uma experiência cinestésica.
No Limite do Silêncio
3.8 80Isso é um roteiro de reviravoltas.
Nove Rainhas
4.2 463 Assista AgoraQue roteiro sensacional, mantêm sua premissa com força. É um longa que conseguiu brincar com a psicologia dos personagens em cima de uma situação, que é logo instaurada nos primeiros minutos. Como a trama é desenvolvida aos poucos, e de forma que o espectador descobre junto dos personagens os trâmites, acaba por cativar, há uma tensão. O final é uma boa surpresa.
A Doce Vida
4.2 316 Assista AgoraFilme lento, eu sofro de uma sério problema de não conseguir me manter acesa assistindo alguns clássicos, pois a linguagem parece manter-se a mesma, não me cativa. Lógico que não tiro o valor dele, mas simplesmente não consegui me interessar a ponto de conseguir extrair a mensagem, que com certeza, pelos comentários, deve ser fenomenal. A fotografia é linda, não tem como não amar aquele preto e branco. Bom, de qualquer forma, procurarei outros filmes do Fellini, cada filme, é um filme.
O Show de Truman
4.2 2,6K Assista AgoraJim Carrey mostra toda sua força, está incrível. Na minha percepção, esse longa passa de forma leve, um fato sobre os humanos: a dúvida sobre sua própria realidade. Independente de qual ela seja, o desconhecido, o inexplorado sempre nos martela, sempre nos faz perguntar o que está por trás de tudo. Seja um criador, seja uma outro mundo, ou não seja nada, mas a ideia do incógnito faz parte do ser humano, por mais que ele seja moldado para não pensar nisso. É criativo, inquietante, vale conferir!
A Vida dos Outros
4.3 645A condução do diretor é madura, segura, sem ângulos mirabolantes, mas mantêm-se sustentando bem. O roteiro é excelente, consegue tratar do tema de forma inovadora, eu não esperava o desenrolar acontecido, sério. As atuações também merecem destaque, não há um sequer um ator que demonstre amadorismo! Cara, é um ótimo filme, a forma como o assunto é desmembrado envolve os curiosos, posso afirmar.
Zuzu Angel
3.7 415 Assista AgoraÉ um filme gritante, corajoso, aborda de cara a questão. Ainda com um final daqueles! É realmente chocante pensar que tudo isso ocorreu praticamente semana passada, é um sistema muito bem pensado, a qualquer hora pode simplesmente tomar um rumo e calar a todos. Poder e dinheiro, não há pra ninguém no meio deles. É uma visão pessimista, mas enquanto a ambição por conter esses dois elementos estiver acima do valor e bem estar das pessoas, o quadro não vai mudar. Por mais que o sistema se maquie para desmentir isso, a repressão impera há tempos. E continuam a dizer que os revolucionários de esquerda são lunáticos mimados. Eu queria ver como estaria a sociedade sem esses idealizadores. O fim deste longa penetra nesta atmosfera dramática, deixando-nos com uma música de encaixe perfeito "Hoje você é quem manda. Falou, tá falado. Não tem discussão, a minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu. Você que inventou esse estado, e inventou de inventar. Toda a escuridão. Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia. Eu pergunto a você, onde vai se esconder?"
A Natureza Quase Humana
3.7 98 Assista AgoraPensa num filme doido com uma história doida. Então, é esse filme! Tenho certeza de que nunca vi uma reflexão sobre a natureza humana feita de forma tão literal, a ideia de comparar os macacos com os humanos não é nova, mas a forma como foi feita essa comparação, incrível. Renderam situações absurdas, mas que ilustram fielmente a psicologia do nosso ser. Outra coisa que me chamou atenção foi quando evidenciaram que o que nós somos, é produto do que conhecemos durante nossa fase inicial de aprendizagem. As nossas referências, influências, ou falta delas, principalmente por parte dos pais. É verdade, quando criamos nosso "eu", nos baseamos no que está próximo, o que nos dizem quando somos crianças, em grande parte, trazemos características relacionadas a diversas coisas que representam nossos pais. Símbolos que significam coisas. Mesmo que não saibamos desses símbolos, estamos a mercê deles. Parece ser a nossa natureza.
A Hora do Lobo
4.2 308Bergman tem muito controle do que joga à tela. O olhar de cada personagem, a intenção transmitida, talvez uma simples palavra, um efeito sonoro, ele usa destes elementos para contar a sua mensagem. Nesta obra, quando se alcança a marca dos vinte minutos, começamos a ver claramente vários traços que indicam que Bergman brincará com a realidade e o psicológico de Johansson. (Spoiler adiante) Na minha percepção, aquele grupo de pessoas que surge são alegorias, eles representam a criação de Johansson. Numa conversa com Alma, ele descreve exatamente esses personagens. E no final das contas, eles também representavam os medos, o passado oprimido de Johansson. Daí brotava sua arte, sempre conectada com os rebuliços interiores de um ser. Mas ainda fica pairando na mente, Alma também mergulhou nas loucuras? O lobo representa união. Talvez tenha tomado outros medos como representação, a chamada hora do lobo coloca as pessoas de frente com o que elas não querem. Muito interessante Bergman colocar o som do relógio - após a conversa do casal sobre o tempo pesado de um minuto - nas cenas onde eles enfrentavam algo pessoal. Além de tudo, o lobo é significado de mistério, é uma obra com um toque bastante imaginário, surreal.
Nunca aos Domingos
3.9 48Que filminho gostoso de assistir, divertido pra caramba, estou com um sorriso na cara. Atuação de Melina é incrível, eu me apaixonei pela personagem Ilya, me fez sentir viva. O tema que ele traz à tona é bem legal, qual seria o caminho da felicidade? Ilya deixa claro que não há fórmula, não há o certo, há apenas o que te toca. Tratado de forma leve, o assunto cria uma trama que me prendeu inteiramente. Uma coisa impressionante é a naturalidade das falas, pareciam até improvisadas de tão fluídas. Há humor na medida certa, muito sentimento sendo discutido e situações onde é impossível não se apaixonar por esse longa. Eu recomendo pra qualquer um!