A versão mais popular d'O Quebra-Nozes é também uma das mais polêmicas.
Baryshnikov, então recém chegado da Rússia, encenou sua versão com o American Ballet Theatre e posteriormente fê-la para a TV (com sérias modificações) e ela acabou se tornando um clássico que é anualmente reprisado nos Estados Unidos.
Fora o fato de que este é um dos ballets de que menos gosto, essa versão, além de ter envelhecido mal, têm diversas camadas adicionadas por Baryshnikov que não estavam presentes no libretto original. Como se isso fosse pouco, todo o conceito de filmar um ballet num estúdio de TV me parece um sacrilégio.
De todas formas, Baryshnikov está grandioso como o Príncipe Quebra-Nozes e este especial oferece uma das raras oportunidades de se ver em video a grande Gelsey Kirkland interpretando Clara no auge de sua carreira.
Baseado na biografia do virtuoso ex-bailarino chinês Li Cunxin, o filme retrata a trajetória de Li desde a infância até o estrelato mundial. Uma das melhores biografias feitas para o cinema, sem dúvida. O uso de flashbacks foi feito na proporção certa, deixando o roteiro fluir. Para os que gostam de ballet, é um filme imperdível.
Eu gostaria muito de escrever uma resenha que estivesse à altura da grandiosidade desse filme, mas como as palavras me faltam e com medo de ser injusto com essa preciosidade, fico calado, apenas admirando em silêncio um dos melhores filmes iranianos que já vi.
É difícil analisar um filme lançado em duas partes, cujo final ainda não vi. De todas formas, vou tentar resumir aquilo que esta metade do filme me transmitiu. Mas não vou fazer uma resenha como a maioria faz, listando personagens e como a trama se desenrola porque acho isso clichê e me dá gastura ler esse tipo de resenha.
O argumento de Trier é simples: ninfomania. Ao menos é essa a intenção que o filme transparece. Caso esteja correto, o diretor não consegue sustentar o argumento nesta primeira parte. Os diálogos distoam da teoria.
Joe não é uma ninfomaníaca. Tudo começa com um jogo, uma brincadeira, e isso não forma a doença. Aos poucos, a brincadeira se torna hábito, o que, de novo, não caracteriza a condição. Joe tem, na verdade, um Complexo de Édipo do qual não conseguiu se libertar; tem desejos libidino-incestuosos pelo pai, e tenta calar essa pulsão proibida com encontros sexuais com múltiplos parceiros, todos aqueles que não sejam proibidos para ela. O sexo desenfreado funciona como cura para as dores de Joe, mas ela sabe (ao menos nesta metade) dosar esse comportamento, já que mesmo no descontrole existe um controle.
Não sei se acabei dessensibilizado pela quantidade de filmes que assisti e que mesclam uma linguagem "formal" com sexo explícito, mas as supostas cenas de sexo - rapidíssimas - não me chocaram no mais absoluto. Este filme não tem nada de "pornô", já que as curtas tomadas de sexo se agregam ao storytelling de uma forma muito honesta.
Não posso ser enfático o suficiente quanto ao meu desgosto em relação a filmes lançados em mais de uma parte. Acho um desrespeito com o público e uma forma barata de angariar bilheteria, principalmente quando o filme é uno.
Preciso assistir a segunda parte para ver o quadro completo, por enquanto vi apenas o fundo e algumas estruturas se formando.
"Perhaps the only difference between me and other people was that I've always demanded more from the sunset. More spectacular colours when the sun hit the horizon. That's, perhaps, my only sin."
Um dos filmes do Hitchcock com a mais bela fotografia. Os enquadramentos são ferozes e poéticos ao mesmo tempo. Apesar de pouco conhecido, é um dos melhores filmes do diretor e contém uma história repleta de analogias.
"Your father and I were the first in our families to graduate high school, and he wound up an award-winning poet.
You girls, just.. GIVEN a college education, taken for granted, no doubt. Where did you wind up? What do YOU do? What do YOU do? Who are YOU? Jesus, you worked as hard as us, you'd all be President."
A montagem do Nutcracker feita por Mikhail Shemiakin pode ser o que for, mas não passa despercebida por ninguém e se tornou uma forma única de encenar o ballet. Se destacam as cores utilizadas no vestuário e Leonid Sarafanov. De qualquer forma, as versões tradicionais, sejam com Baryshnikov ou Nureyev são superiores pois são mais fieis ao libretto original. Ainda assim, uma montagem bela.
LA Times afirma que integrantes da Academia votaram em 12 Anos sem assisti-lo:
"O jornal ainda diz que o motivo pelo qual o filme não teria sido visto era que os integrantes acharam que ele 'seria chato', mas 'devido à sua relevância social, se sentiram obrigados a votar no filme'. "
Eu cantei essa pedra de que 12 Anos ganhou Melhor Filme por causa do contexto racial e real no qual é baseado na mesma hora. Não precisa ser gênio pra ver isso.
Existe, ao que parece, uma constância que dita que quanto mais uma carreira se aproxima do fim, melhor a qualidade dos trabalhos. Para isso, obviamente existem exceções, mas no caso de Chaplin, ela parece se aplicar.
O que acontece quando um comediante decadente e bêbado encontra uma bailarina suicida? Uma grande catarse chapliniana!
Luzes da Ribalta, penúltimo filme estrelado por Chaplin, certamente não é seu melhor trabalho quando se analisa a proposta, mas a densidade colocada por ele no roteiro, e principalmente nos diálogos, faz dele uma obra prima. Certamente um de seus melhores filmes da fase em que não mais usava Carlitos como protagonista.
Apesar de em sua biografia Chaplin ter afirmado que o filme se baseia na vida de Frank Tierney, pode-se ver claramente a relação entre Calvero e o idoso Chaplin. Através de diálogos intensos e simbólicamente ricos, o comediante analisa sua própria condição de artista que vê sua carreira se acabando e sua popularidade indo embora. A fotografia contribui nesses momentos, pois sempre que Calvero fala como se sente em relação a algo refente ao público ou sua carreira, o faz de frente para a câmera, como se numa conversa com o público que o assiste. O desenvolvimento das personagens, apesar de seguir um parâmetro clichê, também é brilhante.
Calvero é Chaplin, mas Thereza é Chaplin também. O que se tem é um combate feroz entre duas personalidades que se unem e se polarizam ao mesmo tempo. Na bailarina traumatizada com medo do futuro e no comediante que já viu as luzes da ribalta brilharem e soletrarem seu nome, temos o mesmo homem, o mesmo Chaplin.
PS: o ballet do filme parece ter sido inspirado em Giselle, apesar do figurino e maquiagem que Thereza usam parecerem mais com Lago dos Cisnes.
Como curiosidade, e aumentando o caráter semi-autobiográfico da fita, as cenas dos espetáculos foram filmadas no mesmo teatro onde Chaplin viu sua mãe se apresentar pela última vez.
Uma dica pra quem for comentar sobre cinema é aprender a diferença que existe entre "argumento" e "roteiro".
Gravidade é, sem dúvida, o melhor e mais bem executado filme dentre os indicados. Confesso que quando li a sinopse achei que seria o filme que mais detestaria assistir (já que este ano eu assisti a todos os indicados ao Oscar pra poder ter uma noção melhor das coisas), mas acabei amando. Foi o filme que mais me prendeu e que mais mexeu comigo. Foram 90 minutos de atenção completa no filme, e isso não acontece comigo normalmente.
Acho que o fato do filme ser relativamente curto, especialmente comparado com as 3 horas do previsível Lobo de Wall Street, é um ponto positivo. Um filme conciso e preciso, que ao mesmo tempo nos faz perder a noção do tempo.
Mereceu todos os prêmios que conseguiu e ainda merecia Melhor Atriz, pois Sandra segura o filme absolutamente sozinha por uma hora.
Fabuloso documentário que mostra como ativistas conseguiram, no início da epidemia, transformar o diagnóstico do HIV/AIDS de uma sentença de morte para uma possibilidade de vida longa com um tratamento adequado.
Esse filme me deixou muito esperançoso em relação aos problemas que enfrentamos na sociedade atual. Me deu uma sensação de "se eles podem, eu também posso",
Um filme extremamente desonesto. Mas não se pode esperar que um filme produzido pela Disney sobre acontecimentos que se passaram na Disney seja fiel aos fatos, né?
Obviamente temos um Walt Disney carismático, charmoso, bonzinho, levando Travers para o parque, quando na verdade, isso não aconteceu e ele simplesmente saia do escritório quando ela chegava. Por outro lado, temos uma Travers demoníaca, se opondo a tudo, mas as coisas não foram bem assim. Ela era uma pessoa difícil e estava defendendo sua propriedade intelectual, mas nos audios que existem disponíveis para o público, ela, de nenhuma maneira, se mostra tão defensiva quanto no filme. Mas como falei, óbvio que o filme santifica o salafrário do Disney e vilaniza a escritora.
Me preocupa ver que a grande maioria dos comentários reflete apenas opiniões sobre as atuações e o filme como obra, mas não se deve esquecer a realidade na qual o filme é baseado: a história real de Ron Woodroof, que durante o pico da epidemia de HIV/AIDS se viu desenganado pelos médicos. É um filme sobre o início da mudança na visão do vírus que se popularizou e trouxe mais discriminação ainda para a comunidade gay. Apesar disso tudo, Woodroof não foi um herói, ele lutou apenas por si e faturou muito dinheiro às custas de pessoas desesperadas por uma ajuda, qualquer ajuda.
Talvez eu esteja perdendo afinidade com o cinema americano, e talvez por isso tenha sido tão penoso assistir aos filmes indicados nas principais categorias. Tudo me parece previsível demais. O Lobo de Wall Street, por exemplo, segue uma esteriotipada fórmula de ser feito em 3 atos: ascensão, topo e declínio. A partir dos primeiros minutos do filme, o espectador já consegue ter a clara ideia de tudo que vai acontecer durante os 180 minutos da fita. É uma tipicidade de argumento e roteiro que está ultrapassada, e o pior de tudo é que essa previsibilidade roteirística pode ser percebida também por quem assiste os filmes sem muita atenção. Talvez a falta de atenção seja a mãe dos blockbusters...
Por ser uma comédia, é um filme que cumpre sua premissa básica: entreter o espectador. Sendo assim, não há muito o que dizer da execução do material, além da previsibilidade e da pobreza criativa.
Leonardo DiCaprio fez filmes muito melhores e mais dignos de um Oscar no início da carreira, como "Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador", de 1994, pelo qual DiCaprio foi indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante; e "Diário de um Adolescente", de 1995. DiCaprio não parece estar tendo sorte na escolha dos personagens da fase adulta de sua carreira, e não acredito que Jordan Belfort seja uma atuação merecedora de uma estatueta, apesar dele ser um forte candidato (devido às performances mornas dos outros concorrentes na mesma categoria).
Filmes sobre a 2ª Guerra costumam nadar em círculos e retratar tudo aquilo que já foi retratado centenas de vezes apenas utilizando uma perspectiva diferente, em algumas ocasiões. Mas Vá e Veja foge desse parâmetro e se destaca na lista de filmes sobre essa temática. Extremamente poderoso em todos os aspectos. A forma como Florya vai, aos poucos, perdendo e ganhando humanidade num jogo paradoxal que brinca com nossa mente é algo fortíssimo.
A maneira como o diretor Pedro Aguilera conseguiu traduzir o desespero calado da personagem principal é fenomenal. Um filme duríssimo de ser visto, mas fabuloso.
Tive a impressão de estar vendo uma versão americanizada e menos densa de um filme bergmaniano.
Não sou fã da Meryl Streep, pois é uma atriz caricata demais, mas sei reconhecer quando ela consegue dar uma performance aceitável - e este não é o caso -, sua atuação não impressiona pois é a mesma reciclagem da persona Meryl Streep que se estampa em qualquer personagem randômico.
Julia Roberts, por outro lado, está absolutamente fantástica, e finalmente merece um Oscar (eu não conto a estatueta roubada de Ellen Burstyn que ela levou pra casa alguns anos atrás).
Talvez o filme que esteja causando a maior repercução entre os indicados ao Oscar, "Ela" lida muito com a dualidade conectividade/não-conectividade que existe na sociedade contemporânea. Não achei o roteiro tão original quanto a maioria, na realidade ele não tem muito de original, já que filmes retratando situações futurísticas começaram a existir junto com o próprio cinema, a única diferença que o roteiro traz é conectar o tema da realidade futurística com a questão do relacionamento amoroso. O filme nos questiona até que ponto uma inteligência artificial seria apenas artificial e o que é necessário para haver um relacionamento de verdade. Achei interessante, mas o Joaquin Phoenix não é um ator que eu aprecie muito, portanto, tive de suportar uma leve irritação por causa dele. O filme é muito pesado, ele suga muito do espectador. Eu terminei de assistí-lo completamente destruído.
O roteiro é um tanto confuso, ele não flui de forma suave. A transição entre a personalidade de Woodroof através do filme não foi sutil e crível, ela se dá rápido demais. Em muitas ocasiões cheguei a duvidar que o personagem que via com o filme mais avançado era o mesmo que havia visto no início. De todas formas, as atuações estão incríveis. É muito provável que Leto ganhe Ator Coadjuvante porque a Academia gosta muito quando os atores passam por transformações físicas radicais.
The Nutcracker
3.8 1A versão mais popular d'O Quebra-Nozes é também uma das mais polêmicas.
Baryshnikov, então recém chegado da Rússia, encenou sua versão com o American Ballet Theatre e posteriormente fê-la para a TV (com sérias modificações) e ela acabou se tornando um clássico que é anualmente reprisado nos Estados Unidos.
Fora o fato de que este é um dos ballets de que menos gosto, essa versão, além de ter envelhecido mal, têm diversas camadas adicionadas por Baryshnikov que não estavam presentes no libretto original. Como se isso fosse pouco, todo o conceito de filmar um ballet num estúdio de TV me parece um sacrilégio.
De todas formas, Baryshnikov está grandioso como o Príncipe Quebra-Nozes e este especial oferece uma das raras oportunidades de se ver em video a grande Gelsey Kirkland interpretando Clara no auge de sua carreira.
O Último Dançarino de Mao
4.1 235Baseado na biografia do virtuoso ex-bailarino chinês Li Cunxin, o filme retrata a trajetória de Li desde a infância até o estrelato mundial. Uma das melhores biografias feitas para o cinema, sem dúvida. O uso de flashbacks foi feito na proporção certa, deixando o roteiro fluir. Para os que gostam de ballet, é um filme imperdível.
A Separação
4.2 726Eu gostaria muito de escrever uma resenha que estivesse à altura da grandiosidade desse filme, mas como as palavras me faltam e com medo de ser injusto com essa preciosidade, fico calado, apenas admirando em silêncio um dos melhores filmes iranianos que já vi.
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraO direito soberano que toda mulher tem sobre seu corpo.
Talvez tenha sido essa a mensagem que Trier tenha querido passar depois de dar tantas voltas e patinar para manter o roteiro fiel ao argumento.
- But you fucked thousands of men...
[BANG!]
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraÉ difícil analisar um filme lançado em duas partes, cujo final ainda não vi. De todas formas, vou tentar resumir aquilo que esta metade do filme me transmitiu. Mas não vou fazer uma resenha como a maioria faz, listando personagens e como a trama se desenrola porque acho isso clichê e me dá gastura ler esse tipo de resenha.
O argumento de Trier é simples: ninfomania. Ao menos é essa a intenção que o filme transparece. Caso esteja correto, o diretor não consegue sustentar o argumento nesta primeira parte. Os diálogos distoam da teoria.
Joe não é uma ninfomaníaca. Tudo começa com um jogo, uma brincadeira, e isso não forma a doença. Aos poucos, a brincadeira se torna hábito, o que, de novo, não caracteriza a condição. Joe tem, na verdade, um Complexo de Édipo do qual não conseguiu se libertar; tem desejos libidino-incestuosos pelo pai, e tenta calar essa pulsão proibida com encontros sexuais com múltiplos parceiros, todos aqueles que não sejam proibidos para ela. O sexo desenfreado funciona como cura para as dores de Joe, mas ela sabe (ao menos nesta metade) dosar esse comportamento, já que mesmo no descontrole existe um controle.
Não sei se acabei dessensibilizado pela quantidade de filmes que assisti e que mesclam uma linguagem "formal" com sexo explícito, mas as supostas cenas de sexo - rapidíssimas - não me chocaram no mais absoluto. Este filme não tem nada de "pornô", já que as curtas tomadas de sexo se agregam ao storytelling de uma forma muito honesta.
Não posso ser enfático o suficiente quanto ao meu desgosto em relação a filmes lançados em mais de uma parte. Acho um desrespeito com o público e uma forma barata de angariar bilheteria, principalmente quando o filme é uno.
Preciso assistir a segunda parte para ver o quadro completo, por enquanto vi apenas o fundo e algumas estruturas se formando.
"Perhaps the only difference between me and other people was that I've always demanded more from the sunset. More spectacular colours when the sun hit the horizon. That's, perhaps, my only sin."
Tampopo: Os Brutos Também Comem Spaghetti
4.0 67A jornada de uma viúva para salvar seu restaurante de ramen nunca foi tão deliciosa.
A Tortura do Silêncio
3.9 141 Assista AgoraUm dos filmes do Hitchcock com a mais bela fotografia. Os enquadramentos são ferozes e poéticos ao mesmo tempo. Apesar de pouco conhecido, é um dos melhores filmes do diretor e contém uma história repleta de analogias.
Álbum de Família
3.9 1,4K Assista Agora"Your father and I were the first in our families to graduate high school, and he wound up an award-winning poet.
You girls, just.. GIVEN a college education, taken for granted, no doubt. Where did you wind up? What do YOU do? What do YOU do? Who are YOU? Jesus, you worked as hard as us, you'd all be President."
The Nutcracker (Mariinsky Ballet)
4.1 1A montagem do Nutcracker feita por Mikhail Shemiakin pode ser o que for, mas não passa despercebida por ninguém e se tornou uma forma única de encenar o ballet. Se destacam as cores utilizadas no vestuário e Leonid Sarafanov. De qualquer forma, as versões tradicionais, sejam com Baryshnikov ou Nureyev são superiores pois são mais fieis ao libretto original. Ainda assim, uma montagem bela.
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KLA Times afirma que integrantes da Academia votaram em 12 Anos sem assisti-lo:
"O jornal ainda diz que o motivo pelo qual o filme não teria sido visto era que os integrantes acharam que ele 'seria chato', mas 'devido à sua relevância social, se sentiram obrigados a votar no filme'. "
Eu cantei essa pedra de que 12 Anos ganhou Melhor Filme por causa do contexto racial e real no qual é baseado na mesma hora. Não precisa ser gênio pra ver isso.
Luzes da Ribalta
4.5 280 Assista AgoraExiste, ao que parece, uma constância que dita que quanto mais uma carreira se aproxima do fim, melhor a qualidade dos trabalhos. Para isso, obviamente existem exceções, mas no caso de Chaplin, ela parece se aplicar.
O que acontece quando um comediante decadente e bêbado encontra uma bailarina suicida? Uma grande catarse chapliniana!
Luzes da Ribalta, penúltimo filme estrelado por Chaplin, certamente não é seu melhor trabalho quando se analisa a proposta, mas a densidade colocada por ele no roteiro, e principalmente nos diálogos, faz dele uma obra prima. Certamente um de seus melhores filmes da fase em que não mais usava Carlitos como protagonista.
Apesar de em sua biografia Chaplin ter afirmado que o filme se baseia na vida de Frank Tierney, pode-se ver claramente a relação entre Calvero e o idoso Chaplin. Através de diálogos intensos e simbólicamente ricos, o comediante analisa sua própria condição de artista que vê sua carreira se acabando e sua popularidade indo embora. A fotografia contribui nesses momentos, pois sempre que Calvero fala como se sente em relação a algo refente ao público ou sua carreira, o faz de frente para a câmera, como se numa conversa com o público que o assiste. O desenvolvimento das personagens, apesar de seguir um parâmetro clichê, também é brilhante.
Calvero é Chaplin, mas Thereza é Chaplin também. O que se tem é um combate feroz entre duas personalidades que se unem e se polarizam ao mesmo tempo. Na bailarina traumatizada com medo do futuro e no comediante que já viu as luzes da ribalta brilharem e soletrarem seu nome, temos o mesmo homem, o mesmo Chaplin.
PS: o ballet do filme parece ter sido inspirado em Giselle, apesar do figurino e maquiagem que Thereza usam parecerem mais com Lago dos Cisnes.
Como curiosidade, e aumentando o caráter semi-autobiográfico da fita, as cenas dos espetáculos foram filmadas no mesmo teatro onde Chaplin viu sua mãe se apresentar pela última vez.
Umberto D.
4.4 124 Assista AgoraDe Sica tem o dom de me destruir.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraUma dica pra quem for comentar sobre cinema é aprender a diferença que existe entre "argumento" e "roteiro".
Gravidade é, sem dúvida, o melhor e mais bem executado filme dentre os indicados. Confesso que quando li a sinopse achei que seria o filme que mais detestaria assistir (já que este ano eu assisti a todos os indicados ao Oscar pra poder ter uma noção melhor das coisas), mas acabei amando. Foi o filme que mais me prendeu e que mais mexeu comigo. Foram 90 minutos de atenção completa no filme, e isso não acontece comigo normalmente.
Acho que o fato do filme ser relativamente curto, especialmente comparado com as 3 horas do previsível Lobo de Wall Street, é um ponto positivo. Um filme conciso e preciso, que ao mesmo tempo nos faz perder a noção do tempo.
Mereceu todos os prêmios que conseguiu e ainda merecia Melhor Atriz, pois Sandra segura o filme absolutamente sozinha por uma hora.
Como Sobreviver a uma Praga
4.2 22Fabuloso documentário que mostra como ativistas conseguiram, no início da epidemia, transformar o diagnóstico do HIV/AIDS de uma sentença de morte para uma possibilidade de vida longa com um tratamento adequado.
Esse filme me deixou muito esperançoso em relação aos problemas que enfrentamos na sociedade atual. Me deu uma sensação de "se eles podem, eu também posso",
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
3.8 580 Assista AgoraUm filme extremamente desonesto. Mas não se pode esperar que um filme produzido pela Disney sobre acontecimentos que se passaram na Disney seja fiel aos fatos, né?
Obviamente temos um Walt Disney carismático, charmoso, bonzinho, levando Travers para o parque, quando na verdade, isso não aconteceu e ele simplesmente saia do escritório quando ela chegava. Por outro lado, temos uma Travers demoníaca, se opondo a tudo, mas as coisas não foram bem assim. Ela era uma pessoa difícil e estava defendendo sua propriedade intelectual, mas nos audios que existem disponíveis para o público, ela, de nenhuma maneira, se mostra tão defensiva quanto no filme. Mas como falei, óbvio que o filme santifica o salafrário do Disney e vilaniza a escritora.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraMe preocupa ver que a grande maioria dos comentários reflete apenas opiniões sobre as atuações e o filme como obra, mas não se deve esquecer a realidade na qual o filme é baseado: a história real de Ron Woodroof, que durante o pico da epidemia de HIV/AIDS se viu desenganado pelos médicos. É um filme sobre o início da mudança na visão do vírus que se popularizou e trouxe mais discriminação ainda para a comunidade gay. Apesar disso tudo, Woodroof não foi um herói, ele lutou apenas por si e faturou muito dinheiro às custas de pessoas desesperadas por uma ajuda, qualquer ajuda.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraTalvez eu esteja perdendo afinidade com o cinema americano, e talvez por isso tenha sido tão penoso assistir aos filmes indicados nas principais categorias. Tudo me parece previsível demais. O Lobo de Wall Street, por exemplo, segue uma esteriotipada fórmula de ser feito em 3 atos: ascensão, topo e declínio. A partir dos primeiros minutos do filme, o espectador já consegue ter a clara ideia de tudo que vai acontecer durante os 180 minutos da fita. É uma tipicidade de argumento e roteiro que está ultrapassada, e o pior de tudo é que essa previsibilidade roteirística pode ser percebida também por quem assiste os filmes sem muita atenção. Talvez a falta de atenção seja a mãe dos blockbusters...
Por ser uma comédia, é um filme que cumpre sua premissa básica: entreter o espectador. Sendo assim, não há muito o que dizer da execução do material, além da previsibilidade e da pobreza criativa.
Leonardo DiCaprio fez filmes muito melhores e mais dignos de um Oscar no início da carreira, como "Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador", de 1994, pelo qual DiCaprio foi indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante; e "Diário de um Adolescente", de 1995. DiCaprio não parece estar tendo sorte na escolha dos personagens da fase adulta de sua carreira, e não acredito que Jordan Belfort seja uma atuação merecedora de uma estatueta, apesar dele ser um forte candidato (devido às performances mornas dos outros concorrentes na mesma categoria).
Vá e Veja
4.5 755 Assista AgoraFilmes sobre a 2ª Guerra costumam nadar em círculos e retratar tudo aquilo que já foi retratado centenas de vezes apenas utilizando uma perspectiva diferente, em algumas ocasiões. Mas Vá e Veja foge desse parâmetro e se destaca na lista de filmes sobre essa temática. Extremamente poderoso em todos os aspectos. A forma como Florya vai, aos poucos, perdendo e ganhando humanidade num jogo paradoxal que brinca com nossa mente é algo fortíssimo.
A Influência
3.6 20A maneira como o diretor Pedro Aguilera conseguiu traduzir o desespero calado da personagem principal é fenomenal. Um filme duríssimo de ser visto, mas fabuloso.
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KSuperestimado. Um filme comuníssimo. Não impressiona como obra cinematográfica em si.
Álbum de Família
3.9 1,4K Assista AgoraTive a impressão de estar vendo uma versão americanizada e menos densa de um filme bergmaniano.
Não sou fã da Meryl Streep, pois é uma atriz caricata demais, mas sei reconhecer quando ela consegue dar uma performance aceitável - e este não é o caso -, sua atuação não impressiona pois é a mesma reciclagem da persona Meryl Streep que se estampa em qualquer personagem randômico.
Julia Roberts, por outro lado, está absolutamente fantástica, e finalmente merece um Oscar (eu não conto a estatueta roubada de Ellen Burstyn que ela levou pra casa alguns anos atrás).
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraTalvez o filme que esteja causando a maior repercução entre os indicados ao Oscar, "Ela" lida muito com a dualidade conectividade/não-conectividade que existe na sociedade contemporânea. Não achei o roteiro tão original quanto a maioria, na realidade ele não tem muito de original, já que filmes retratando situações futurísticas começaram a existir junto com o próprio cinema, a única diferença que o roteiro traz é conectar o tema da realidade futurística com a questão do relacionamento amoroso. O filme nos questiona até que ponto uma inteligência artificial seria apenas artificial e o que é necessário para haver um relacionamento de verdade. Achei interessante, mas o Joaquin Phoenix não é um ator que eu aprecie muito, portanto, tive de suportar uma leve irritação por causa dele. O filme é muito pesado, ele suga muito do espectador. Eu terminei de assistí-lo completamente destruído.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraO roteiro é um tanto confuso, ele não flui de forma suave. A transição entre a personalidade de Woodroof através do filme não foi sutil e crível, ela se dá rápido demais. Em muitas ocasiões cheguei a duvidar que o personagem que via com o filme mais avançado era o mesmo que havia visto no início. De todas formas, as atuações estão incríveis. É muito provável que Leto ganhe Ator Coadjuvante porque a Academia gosta muito quando os atores passam por transformações físicas radicais.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraUm filme doloridíssimo.