Se tem um mistério pelo qual sou fascinado, esse é o Incidente do Passo de Dyatlov. Desde que tomei conhecimento dessa história, sempre fiquei imaginando o que poderia ter acontecido naquele 01 de fevereiro de 1959, e o que poderia ter causado mortes tão estranhas e violentas daquele grupo de nove jovens. Desde então vira e mexe, leio alguma teoria nova, assisto algum documentário, sempre estou buscando saber se houve alguma novidade sobre esse caso. Tomei conhecimento da existência desse filme há muito tempo, e fiquei com pé atrás, primeiro pela ideia, e depois pelo diretor, mas agora, passados 10 Anos, decidi que era o momento correto de dar uma oportunidade, mas pelos deuses do cinema, era melhor não ter feito isso.
Em 2013 um grupo de cinco documentaristas americanos decide viajar a Rússia para recriar a viagem realizada por Igor Dyatlov e seus amigos em 1959. Entretanto, o que eles não poderiam imaginar é que teriam praticamente as mesmas dificuldades que o grupo de alpinistas teve mais de 50 anos antes, e que suas vidas estariam em tanto perigo quanto a do grupo de Igor.
Com exceção de A Bruxa de Blair (1999) que é um dos meus filmes favoritos da vida, nunca gostei de found footage, acho filmes de qualidades baixíssimas, tropos horrorosos, detesto a tremedeira que sempre é presente no gênero, e não sou fã de câmera subjetiva, enfim não é um estilo feito para mim, e esse foi sem sombra de dúvidas o motivo que mais me afastou dessa produção durante esses 10 anos. Até poderia gostar mais caso o Harlin tivesse feito essa mesma ideia como uma produção comum, de filmagem tradicional, obviamente ainda seria um filme ruim, porque a história é péssima, os personagens tenebroso e a direção escabrosa, mas seriam mais palatavel a meu gosto do que esse maldito found footage.
Harlin e os roteirista se enveredam para o campo do sobrenatural, nos revelando que “na realidade” o grupo de Dyatlov foi atacado por criaturas mutantes originárias de experiências do governo Soviético, enfim eles fazem uma lambança, uma salada com todas as teorias conspiratórias envolvendo o caso para tentar dar uma resposta, e por Deus que coisa ridícula, roteiro péssimo, elenco ruim, personagens horrorosos, misericórdia, foi torturante chegar ao fim desse filme, porque absolutamente nada aqui dá para salvar, NADA!!
Eu ainda tenho esperanças que algum dia alguém fará uma dramatização decente dessa história, focando na figura do Igor, na vida dos membros da expedição, mostrando o passo a passo do caminho com base nos fatos relatados, pelo menos até onde temos conhecimento do que aconteceu, enfim, uma produção que respeite o ocorrido. Porque se não são aqueles documentários escrotos do Discovery Channel, dizendo que o responsável pelo pelas mortes foi o Abominável Homem das Neves, é essa porcaria desse filme do Renny Harlin, ou a execrável série russa de 2020 que misturava o incidente com o nazistas e espíritos da neve. Infelizmente é triste ver que um mistério tão impactante, caiu no gosto de conspiracionistas, e pelo fato de ter ocorrido em um dos países mais restritos do mundo, provavelmente e infelizmente nunca saberemos o que de fato aconteceu com aquelas pessoas.
PS: Filme tão medíocre, que mudaram o título e esqueceram de trocar no title card durante os créditos...
POINT BREAK Direção: Ericson Core Ano: 2015 Assistido em: 18/05/2024
O primeiro Point Break é o puro suco dos anos 90, ele é um filme sem nenhum compromisso com a realidade, muito sustentado pelo carisma de seus protagonistas em sequências de ação frenéticas que animavam o público, não escondo de ninguém que é o meu filme favorito da Kathryn Bigelow. Quando anunciaram que iam fazer um remake dessa obra, eu ainda não tinha assistido a versão original, o que só veio a acontecer alguns anos depois, mas olhando agora, em retrospecto, me fica a pergunta de como alguém achou que poderia recriar em pleno 2015, aquela atmosfera tão própria de 1991.
O policial Johnny Utah recebe a missão de se infiltrar no grupo criminoso liderado por Bodhi. Entretanto, o que ele não poderia imaginar é que acabaria se afeiçoando de verdade ao homem que deveria investigar, ficando encantado com a filosofia de Bodhi e se sentindo dividido entre o dever, e a amizade genuína que nasce entre eles.
O grande problema dos filmes atuais é que eles parecem vazios, sem alma, sem propósito, o Point Break original é de uma simplicidade absurda, a história era banal, feita para justificar as sequências de ação, isso é fato, esse por outro lado, apesar de seguir a simplicidade, soa falso, em momento algum senti que o Utah tinha razões para cair na conversa do Bodhi, muito pelo contrário, para mim essa amizade parecia patética, e quando a amizade dos dois não funciona, a ideia base do filme vai pelo ralo, não se sustenta.
Quando o assunto são os protagonistas as coisas começam a ficar um pouco mais complicadas, no original temos Keanu Reeves e Patrick Swayze, sendo o primeiro carismático, mas um péssimo ator e o segundo um ator ok, mas com um personagem que nunca gostei, mas mesmo assim eles funcionavam juntos, tinham química, e você comprava a ideia. Esse por sua vez temos Luke Bracey e Edgar Ramirez, o primeiro é totalmente sem carisma e o segundo é um bom ator, mas o personagem continua ruim, ou seja, a situação é complicada, porque mesmo passado 24 anos, os roteiristas não corrigiram esse problema, escalando bons atores, e escrevendo melhor os personagens. De resto a história se apoia nas sequências de ação, nas paisagem, e esses são os únicos pontos onde essa produção de 2015 supera a de 1991, já que aqui nós temos uma variedade muito maior de esportes sendo cobertos pela trama e os cenários apresentadas são mais diversos, já que o orçamento era muito maior.
Sou completamente contra remakes, a não ser que sejam de filmes que não deram certo no passado, porque aí temos uma oportunidade de corrigir algo. Mas o primeiro Point Break é um daqueles clássicos dos anos 90,que o público guarda com muito carinho, com muito amor, mas que não teve grande expressividade nas bilheterias, então honestamente eu não consigo entender o porquê de terem refeito. No final essa versão de 2015 foi um grandessíssimo fracasso, algo completamente esquecível, de uma qualidade duvidosa, e sem nenhuma relevância na cultura cinematográfica.
MOTHER OF THE BRIDE Direção: Mark Waters Ano: 2024 Assistido em: 12/05/2024
Ah os filmes que nos obrigam a assistir! Mother of the Bride é um título que naturalmente eu jamais assistiria, mas por questões adversas fui forçado, e juro que fui de peito aberto, com boa vontade e deixando de lado os meus preconceitos com comédia romântica. Mas, infelizmente o filme não foi receptivo com a minha generosidade, sendo uma das maiores carniças que me recordo de ter assistido na Netflix em toda minha vida.
Emma e RJ vão se casar, e decidem fazer a cerimônia na Tailândia. Quando todos os convidados chegam ao resort onde será realizado o casamento, Lana, a mãe de Emma, descobre que o pai de RJ é Will, um antigo namorado dos tempos de faculdade. Agora Lana terá que lutar contra seus sentimentos reprimidos, para que nada atrapalhe a felicidade de sua filha.
O único ponto que não posso negar que me surpreendeu foi o fato de descobrir a real protagonista da história, eu jurava que estava diante de mais um remake, só que dessa vez com o gênero invertido, de O Pai da Noiva, mas confesso que fiquei surpreso quando percebi que o casal central dessa história não era o jovem, mas sim o mais velho formado pelos pais deles. Mas foi só isso que me impressionou minimamente, porque de resto o filme é uma bobajada, um amontoado de cenas constrangedoras e de mal gosto, graças a um roteiro fraco, personagens ruins e mal desenvolvidos, enfim, um desperdício gigantesco de dinheiro, o que me leva a questionar o porquê da Netflix gostar tanto de queimar milhões de dólares.
Brooke Shields sempre foi uma mulher linda e continua sendo, isso é inegável, mas pela misericórdia divina, que personagem horrível que ela está interpretando, aliás a única coisa que esse elenco se destaca é na beleza, todo mundo é bonito, todo mundo está gostoso, foi um e prazer ver o Chad Michael Murray, Sean Teale e Benjamin Bratt sem camisa em tela, mas fora isso não há nada aqui que faça essa história valer a pena.
Pesquisando sobre esse filme na internet, descobri que ele foi dirigido pelo Mark Waters diretor de dois clássicos dos anos 2000 que marcaram a minha geração, e sobreviveram na cultura pop, Freaky Friday (2003) e Mean Girls (2004), e isso me levou a acreditar que esse filme poderia vir a ser alguma coisa próxima desses dois filmaços, mas não passa nem por longe deles, de tão fracos sem graça, sem vida, sem emoção e sem brilho que isso aqui conseguiu ser, nitidamente um lixo atômico.
THE MINISTRY OF UNGENTLEMANLY WARFARE Direção: Guy Ritchie Ano: 2024 Assistido em: 12/05/2024
Mesmo a Segunda Guerra tendo acabado há praticamente 80 anos, ainda existem muitos segredos sobre ela que não conhecemos. E vira e mexe os historiadores nos surpreendem com alguma novidade sobre esse conflito que abalou o nosso mundo. O conflito de 1939-1945 tem histórias paralelas incríveis, muitas soam quase que inacreditáveis, e quando Hollywood descobre alguma delas, eles vão imediatamente fazer um novo filme. Com essa daqui Guy Ritchie nos entrega o que foi provavelmente um dos protótipos das chamadas Black Ops, operações especiais que são todas feitas debaixo dos panos.
Em 1941 a Inglaterra sofre para segurar as forças do Eixo. Diante da desesperadora situação, Winston Churchill recruta um controverso grupo composto por soldados altamente qualificados para atacar e afundar importantes navios dos alemães e italianos que estão em terras africanas controladas por aliados do eixo. A cargo da missão fica Gus March-Phillips que fará de tudo para atingir seu objetivo, mas das maneiras mais incomuns possível.
Ritchie nos apresenta uma equipe bastante disfuncional, sei bem que obviamente o que vemos em tela é uma versão bastante exagerada do que ocorreu de verdade, mas ainda assim, senti que com essa equipe, ele entrega o mesmo que sempre apresenta em seus filmes de assalto sobre os malandros das ruas de Londres. E apesar de admitir que existem personas interessantes nessa história, não posso negar que são figuras engessadas, não desenvolvidas, e pouco naturais dentro do roteiro.
Sobre o elenco escalado por Ritchie, convenhamos que o que tem de bonito, tem de canastrão, sejamos honestos, apesar de carismáticos não temos nenhum grande astro em cena, Henry Cavill atua como uma porta, e junto dele temos Alan Ritchson, Alex Pettyfer, Henry Golding, Hero Fiennes Tiffin e Eiza González todos servindo apenas beleza, já que são gostosos, mas ninguém dá show de interpretação, já Babs Olusanmokun, Cary Elwes, Til Schweiger, Henrique Zaga, Rory Kinnear, e Freddie Fox estão no apoio, mas também não apresentam nenhum grande desempenho. Mas nesse caso não julgo como sendo um falha total do elenco, afinal de contas, como disse anteriormente, os personagens não são muito profundos, Ritchie os trabalha como meras peças para montar a próxima sequência de ação. Pelo menos dessa vez o diretor abriu mão de um dos seus vícios mais recorrentes, já que não temos o flashback dentro de flashback O FILME INTEIRO, mostrando algo que acabou de acontecer, mas que o bonito não gosta de mostrar de uma maneira normal.
The Ministry of Ungentlemanly Warfare foi um filme que passou batido, quem conhece um pouquinho de cinema sabe o porquê, a Lionsgate não fez marketing nenhum, o título é péssimo, tem o pé frio master do Henry Cavill como grande estrela, enfim não é nem de perto um dos melhores trabalhos do Richie, e poderia ter rendido muito mais, mas não é um filme ruim, ele fica ali no meio termo, mas imagino que o diretor perdeu uma grande oportunidade, talvez se ele tivesse feito algo mais próximo da realidade, mais próximo dos eventos reais e coisa e tal, ele poderia ter feito o filme mais diferente da sua carreira, algo mais maduro, mais comprometido com o drama do que com a ação e a comédia, como ele sempre entrega. Enfim, nunca saberemos como seria esse projeto com um viés diferente, mas para quem gosta do estilo “solto” do diretor, isso aqui é um prato cheio.
THE IDEA OF YOU Direção: Michael Showalter Ano: 2024 Assistido em: 11/05/2024
Essa é provavelmente a comédia romântica mais comentada desta primeira metade de 2024, e mesmo eu não morrendo de amores pelo gênero, gosto bastante da Anne Hathaway e do Nicholas Galitzine, por isso resolvi dar uma chance, e também pelo fato de acreditar que o roteiro trazia uma proposta um pouquinho diferente, já que trata de um casal com uma certa diferença de idade, algo totalmente incomum em comédias românticas. Entretanto, se você espera que essa premissa renda um filme diferente, pode ir tirando o cavalinho da chuva, The Idea of You até pode vir numa embalagem diferente, mas o conteúdo é exatamente o mesmo de sempre.
Solène acompanha sua filha adolescente e os amigos dela a um festival de música, mas o que parecia ser apenas uma obrigação enfadonha de uma mãe, ganha contornos completamente diferentes quando ela acaba conhecendo Hayes, um dos membros de uma das boy band que sua filha é fã. O que parecia ser um encontro comum logo vai evoluindo quando Solène e Hayes começam a se envolver romanticamente.
O ponto mais interessante desse filme é obviamente a discussão que ele levanta sobre relacionamentos de pessoas com idades diferentes, e como é muito mais complicado quando a mulher é a pessoa mais velha da relação. Não vou ficar romantizando relacionamentos com uma grande diferença de idade, porque honestamente não acredito que isso funcione, no caso específico dessa história, a diferença nem era tão grande assim, são 16 anos, mas na vida real uma pessoa de 24 anos e uma de 40 não estão na mesma sincronia, e isso é inegável, mas achei interessante ver a forma como o filme aborda essa questão, outro ponto importante é ver o massacre que a pobre da Solène teve que enfrentar por estar envolvida com um rapaz mais jovem, situação que obviamente um homem não passaria na mesma proporção em um caso inverso. A forma como ela foi perseguida pela imprensa, pela internet, e pelas fãs do Hayes é cruel, mas é algo factível caso esse casal fosse real, e não da fantasia.
Sou fã da Anne Hathaway há muitos anos, acho ela maravilhosa, e como eu disse o Nicholas Galitzine vem se destacando bastante nos últimos anos e já demonstra bastante potencial. Só que a escalação deles foi invocada, nunca que Anne aparenta ser 16 anos mais velha do que o Nicholas, para piorar a diferença de idade da vida real deles é de 13 anos, creio que deveriam ter escalado uma um ator mais jovem para o papel do Hayes. Mas independentemente disso ambos estão ótimos e carregam o filme nas costas já que não deixam de estar em cena em absolutamente nenhum minuto, a química deles é boa a direção é competente, nos proporcionando uma trama gostosa de acompanhar, é uma pena que a parte mais interessante, que quando o casal finalmente é descoberto, foi espremida nos 20 minutos finais, e o que poderia ser uma grande discussão é passado de uma maneira rápida, não sei de fato se isso é responsabilidade do diretor/roteirista Michael Showalter, ou se vem do material original.
Se tirarmos a parte do casal protagonista ter uma diferença de idade, The Idea of You é uma comédia romântica sem tirar nem pôr, que segue todos os meandros do seu gênero, com todos os seus tropos e estrutura, enfim nada de novo, nada de muito interessante, nada de diferente. Aliás a única coisa que me deixou impressionado com esse filme, foi o fato de saber que a autora do livro que ele é baseado se inspirou no Harry Styles para criar o Hayes, sendo que na minha humilde opinião este é de muito longe o mais feio de todos os membros do One Direction, enfim, cada um com seu mal gosto não é mesmo?! Pelo menos no filme os protagonistas são dois lindos e gostosos.
Sou fã dessa franquia já tem bastante tempo, e como não era nem nascido quando os dois títulos clássicos foram lançados, só fui acompanhar a franquia nas salas de cinema a partir do reboot de 2016, e estava ansioso para assistir esse novo título, porém meus planos foram por água abaixo quando o único cinema da minha cidade não trouxe o filme, me fazendo ter que esperar mais alguns meses para poder conferir. E agora, a única coisa que posso fazer é agradecer o fato de não ter estreado por aqui, porque me impediu de gastar dinheiro com filme ruim.
Três anos após os eventos anteriores a família Spengler agora vive em Nova York. Eles passam a viver nas instalações da antiga estação de bombeiros, e assumem o legado dos antigos Ghostbusters, e passam a atuar pela cidade. Quando uma nova ameaça surge, caberá a eles livrar a cidade dessa situação, ao mesmo tempo que precisam se entender como família e enfrentar a rebeldia da adolescência de Phoebe.
Para mim o maior problema do Afterlife (2021) foi o pouco carisma dos novos protagonistas, a história era boa e fazia uma bela homenagem ao Harold Ramis, além da participação dos atores clássicos que servia como um “a mais”. Mas agora que eles estão novamente sob os holofotes, e assumiram a totalidade do manto dos Ghostbusters, essa falta de carisma fica ainda mais acentuada. Phoebe que no anterior era uma menininha bonitinha, legalzinha, meio esquisitinha aqui se torna uma adolescente chata, petulante, rebelde e metida a sabe tudo, enfim um porre de se acompanhar, o irmão que já era um personagem ruim, aqui só não está pior porque mal aparece, o Gary e a Callie que poderiam render bastante, também tem pouquíssimo tempo de tela, e os personagens clássicos servem apenas de escada para essa nova e fraca geração, servindo apenas ao fator nostálgico, e sem uma real função narrativa.
Quando anunciaram que o filme chamava-se Frozen Empire eu fiquei animado, gosto muito dessas histórias que se passam em lugares frios, encoberto de neve e coisa e tal, mas aqui tem outro problema, a vilã é genérica, igualzinha a todos os outros da franquia não tem nenhuma novidade, e o tal do império congelado, de império não tinha nada, e está mais para “bairro congelado”, já que só aparece nos 30 minutos finais, ou seja o roteiro mal justifica o título.
Eu tinha gostado bastante da possibilidade da franquia Ghostbusters voltar depois de tantos anos, pois seria uma oportunidade da minha geração de experimentar aquilo que apenas o pessoal dos anos 80 tinha experimentado, mas começo a achar que já chega né?! Já tivemos o reboot de 2016 que pareço ser o único no planeta que curtiu, tivemos um novo reboot gostosinho de assistir que por sua vez infelizmente não emplacou na cultura pop e agora tivemos essa sequência que é de longe o pior filme já feito nessa franquia. Então está na hora do Jason Reitman e a Columbia perceberem que o melhor é deixar essa marca descansar, para quem sabe daqui uns 15 anos (é claro que Hollywood não vai esperar esse tempo todo) tentar fazer algo que converse com mais de uma geração, e que consiga se tornar um grande sucesso como o primeiro foi lá em 1984, porque do jeito que está eles só estão desgastando mais e mais a franquia, seu nome e seu legado.
KINGDOM OF THE PLANET OF THE APES Direção: Wes Ball Ano: 2024 Assistido em: 10/05/2024
Até a década de 2000, quando falávamos sobre Planeta dos Macacos, basicamente nos referíamos a um único filme bom seguido por quatro continuações fracas, e a um remake que não fazia jus à obra original. Mas tudo isso começou a mudar a partir de 2011, quando a finada Fox decidiu rebootar essa franquia, e o que a princípio era motivo para muita desconfiança, logo se provou uma das melhores ideias dos últimos anos, já que eles nos entregaram uma trilogia Impecável, com filmes de altíssima qualidade que levaram o nome da franquia dos símios a um novo patamar dentro de Hollywood. Mas após finalizarem a história do Caesar, será que ainda tinha história para ser contada nesse universo?! Kingdom of the Planet of the Apes surge como a resposta para essa pergunta.
Séculos após a morte de Caesar, os macacos se tornam a espécie dominante na Terra. Nesse cenário somos apresentados a Noa, um jovem macaco da tribo dos domadores de águias, que tem sua vila atacada pelos violentos seguidores de Proximus Ceasar, um perigoso macaco que distorce os antigos ensinamentos de Caesar. Sozinho, Noa embarca em uma jornada em busca de salvar os membros restantes de seu povo, entretanto seu caminho se cruza com o de Mae, uma humana selvagem que mudará completamente a percepção que ele tinha dessa raça praticamente extinta.
Quem já assistiu todos os filmes dessa saga sabe que ainda há muito chão até essa nova leva de filmes alcançar a história clássica que deu início a toda a saga, obviamente faltam séculos até que o astronauta George Taylor volte para Terra. Então ainda há muito espaço de tempo sobrando para que seja preenchido com novas histórias. Nessa nova empreitada não temos mais a presença de Caesar, afinal de contas ele morreu há 300 anos, o nosso novo companheiro é o Noa, um macaco jovem que vivia com sua tribo sem nenhum contato externo, tudo que ele conhecia era referente aquele pequeno mundinho, portanto esse filme serve de apresentação, não só para o púbico, mas também para o novo protagonista, vamos juntos conhecendo as novidades dessa Terra, que não é mais a mesma que vimos nos títulos anteriores.
O grande trunfo dessa franquia sempre foram seu efeitos especiais, e aqui eles não devem em nada aos anteriores, os macacos estão belíssimos, a fotografia é ótima, e o Wes Ball manda muito bem nas sequências de ação. Obviamente o Owen Teague não é o Andy Serkis, mas ele está muito bem no papel do protagonista, assim como Freya Allan que soube dar um ar de ambiguidade bem interessante a sua Mae, que convenhamos, está arrumadinha demais para um mundo tão detonado como esse. É uma pena o roteiro não trazer um vilão forte dessa vez, após os excelentes Koba no Dawn e do Capitão em War, esse Proximus Caesar foi muito fraquinho, sem uma presença marcante ou atos que serão lembrados.
Kingdom of the Planet of the Apes tem uma boa história, nos levando a questionamentos muito interessantes e paralelos que podem funcionar perfeitamente na nossa sociedade, afinal de contas não é nada em incomum vermos líderes políticos deturpando ensinamentos antigos em prol de seus interesses pessoais, e pessoas seguindo isso sem nenhuma espécie de questionamento, só que diferentemente do filme, na vida real nós não temos um salvador que aparece do nada para melhorar as coisas. Creio que a franquia está bem encaminhada, essa nova empreitada deixou ideias bem engatilhadas para um próximo título, mas espero que os produtores/roteirista sejam mais audaciosos no futuro, está na hora de ligar essa linha temporal aos macacos evoluídos e inteligentes que conhecemos na obra original, já passou da hora do título Planeta dos Macacos ser justificado e vermos a sociedade dos símios em todo o seu potencial como sabemos que eles conseguirão chegar.
NO WAY OUT Direção: Roger Donaldson Ano: 1987 Assistido em: 05/05/2024
Esse filme está na minha lista de pendências há um bom tempo, sou apaixonado por suspense e sempre busco as melhores produções do gênero, as mais bem avaliadas pela crítica e tenho um apreço especial obviamente por aquelas que tem plot twists que me surpreendam. E sempre me deparava com No Way Out nas listas de melhores títulos, e tinha grande vontade de assistir, então nem procurei saber nada sobre os bastidores como comumente gosto de fazer, porque queria ser surpreendido e não ter essa oportunidade estragada como já tive em inúmeras outras ocasiões, mas confesso que tamanha expectativa estragou bastante a minha experiência, até mesmo mais do que se eu já soubesse o final.
O tenente da marinha Tom Farrell recebe a missão de trabalhar para o secretário de defesa dos Estados Unidos, dentro de um programa especial da CIA. Quando o oficial começa um envolvimento com uma misteriosa mulher, ele não podia imaginar que ela era amante do secretário. Quando a mulher é misteriosamente morta, o secretário Brice espalha para todos os cantos que ela tinha um caso com um espião soviético e encarrega o tenente Farrell de encontrar essa pessoa, sem saber que era o próprio Tom o tempo todo.
No Way Out é um filme terrivelmente complicado, não no sentido de que ele é difícil de ser entendido, mas sim porque sua história toma decisões bem estranhas. A primeira hora é extremamente arrastada, não acontece quase nada, não desenvolve direito os personagens, é extremamente desmotivante e quando a história começa para valer depois exatamente uma hora de filme, aí o roteiro apela para decisões completamente absurdas. Você acredita que o grande vilão é o Secretário Brice do Gene Hackman mas não, o principal antagonista é o assessor, que de uma hora para outra vira um maluco que sai matando as pessoas a torto e a direita sem nenhum motivo verdadeiramente interessante.
Então o assistente mata as pessoas para que o segredo do seu patrão não seja revelado?! Ok, mas porquê?! Tudo isso para ser eleito funcionário do mês?! Mais sem sentido do que isso aí, só o que foi revelado na última cena, onde descobrimos que o espião era ninguém mais que o Tenente Farrell, o nosso mocinho injustiçado que estava o tempo todo tentando provar sua inocência. Não me incomodo nem um pouco do protagonista não ser o herói, não é isso, até gosto desse tipo de reviravolta o problema é que o roteiro não nos deu nenhuma base para essa isso ser crível, de forma que a revelação chega, é de uma maneira extremamente forçada, do nada.
Esse é o segundo filme do Roger Donaldson que assisto, e os dois me deixaram exatamente com a mesma impressão, que ele sempre tem boas histórias nas mãos, mas não sabe como conduzi-las, ele não faz filmes ruins, não é isso, só não faz com que eles atinjam o potencial que poderiam atingir. Aqui ele teve a sorte de ser acompanhado por atores talentosos como Kevin Costner (em sua versão mais linda), Gene Hackman e Sean Young, mas infelizmente o roteiro foi um pouco desleixado, e deveria ter sido mais polido. Não sei se o livro base é assim, mas a forma como levaram para o cinema ficou bem irregular, enfim, história boa, porém mal contada.
THE ISLAND OF DR. MOREAU Diretor: John Frankenheimer Ano: 1996 Assistido em: 05/05/2024
Demoro um tempo até dizer que não gosto de alguma coisa, sempre procuro dar uma nova oportunidade, se assisto um filme que não gosto, procuro outro título do mesmo diretor, ou então procuro revê-lo um outro dia, quando eu estiver com um humor diferente ou melhor disposição. E quando o assunto é literatura, HG Wells é de longe um dos nomes mais importantes quando falamos de ficção científica, e há alguns anos eu fui com muita sede ao pote atrás dos livros dele, mas infelizmente os que li não fizeram a minha praia. Portanto decidi inverter a ordem natural, procurando por algumas adaptações, e caso elas me agradassem, aí sim eu iria atrás dos livros, mas infelizmente essa versão de A Ilha do Dr. Moreau foi sem sombra de dúvidas a pior escolha que eu poderia ter feito.
Quando Edward Douglas, um membro das Nações Unidas, sofre um terrível acidente, ele fica perdido em pleno mar aberto e acredita que sua vida está acabada. Entretanto ele é salvo pelos homens do misterioso Dr. Moreau, um geneticista brilhante que vive recluso há vários anos em uma ilha. Quando Douglas chega ao local, ele dá de cara com um lado mais obscuro do ser humano ao se deparar com quimeras híbridas de seres humanos e animais criadas por Moreau.
A ideia base da história é muito boa, discute questões éticas muito interessantes, e quando paramos para pensar tudo isso surgiu na cabeça do Wells no final do século XIX, só aumenta a minha admiração pela criatividade e inteligência do autor, mas não estou aqui para falar do livro e nem da ideia por trás dele, mas sim do filme de 1996, esse último um desastre proporções cósmicas. Quem se dedicar nem que seja por 10 minutos a ler sobre os bastidores desse filme, já sabe que ele foi um caos absurdo, e todas as tribulações enfrentadas nos bastidores são visíveis em tela. Os personagens são completamente sem graça e sem desenvolvimento, a trama meio que anda sozinha, pois o protagonista não tem nenhum destaque, ele só fica assistindo de camarote a revolução que vai se desenvolvendo, a impressão é que se o Douglas não estivesse ali, a história aconteceria da mesma forma em algum momento, mais cedo ou mais tarde mas aconteceria, ou seja estamos acompanhando um protagonista quem não serve para absolutamente nada, e não tem nada mais frustrante do que isso.
O diretor John Frankenheimer caiu de paraquedas nesse projeto, e de cara deparou com dois dos mais problemáticos atores de todos os tempos. Todo mundo sabe que Marlon Brando nunca foi fácil, apesar de ser extremamente talentoso, ele era praticamente impossível de lhe dar, e ainda tinha o Val Kilmer ajudando a perturbar, sobrou apenas o pobre do David Thewlis segurar o rojão, que infelizmente não tem força para segurar um projeto como protagonista, e claramente não sabia para onde ir, apenas tentava sobreviver no meio da confusão.
Tem filmes que estão fadados a dar errado, The Island of Dr. Morreau, foi detestado pela crítica, não fez dinheiro, foi parar no Framboesa de Ouro e logo depois foi esquecido, e hoje em dia é só é lembrado pelos seus problemas de bastidores. No final ele é uma prova que nada garante o sucesso de filme, nem mesmo tendo nomes fortes envolvidos como um diretor experiente, e grandes astros, ainda assim não foi o suficiente para fazer um bom trabalho, principalmente quando esse talentoso time não faz a menor ideia do que está fazendo, ou cada um está fazendo da sua própria maneira, causando apenas um enorme desperdício de tempo e dinheiro.
THE FALL GUY Diretor: David Leitch Ano: 2024 Assistido em: 04/05/2024
Como cria dos anos 90, nunca tive contato com a série que inspirou esse filme, logo não tenho o fator nostalgia na equação, o que me trouxe aqui foi o elenco, já que eu sou muito fã do trio de atores principais, e principalmente a animação que me despertou ao saber que o diretor seria o David Leitch. Após assistir Bullet Train (2022), percebi que ele poderia ser muito bom com a comédia, e imediatamente fiquei animado, e não é que dessa vez as minhas expectativas foram todas satisfeitas!
Colt Seavers é um experiente dublê, que após sofrer um grave acidente acaba ficando fora do radar. Quando Colt recebe uma proposta de voltar a trabalhar com o astro Tom Ryder, ele fica meio receoso, mas aceita imediatamente quando descobre que a diretora desse novo filme é Jodi, a mulher que ele ama, porém, que foi forçado a abandonar após o acidente. Entretanto o que Colt não imagina é que Tom Ryder está desaparecido e caberá a ele encontrar o ator, sem saber que isso o enfiará em uma confusão dos diabos.
Gente a coisa mais inteligente no cinema é quando a equipe tem consciência do que está fazendo, The Fall Guy nos conta os bastidores de “Metalstorm”, um filme que claramente é uma farofa completa, e uma bobajada descompromissada, e é exatamente dessa forma que David Leitch decide contar a história do seu filme da vida real, sem absolutamente nenhum compromisso com a realidade, ele nos entrega uma deliciosa comédia de ação que em momento algum se leva a sério. Todo mundo em cena está se divertindo horrores e por tabela nós também nos divertimos com as situações mais bizarras que são apresentadas, Colt entra nas maiores enrascadas que podemos imaginar, e por mais absurdas que elas pareçam quanto mais sem noção, mais divertido o filme fica, pois estamos acompanhando a jornada de um protagonista adorável.
No meu comentário de The Gray Man (2022), eu disse que o Ryan Gosling estava me irritando porque todos os personagens que ele estava fazendo tinha a mesma cara e a mesma expressão morta, e que eu tinha esperanças que Barbie (2023) fosse o filme que faria ele despertar da letargia, e foi dito e feito, eu só não imaginava que ele entregaria um personagem melhor que o Ken logo em seguida, o Colt é um personagem delicioso e Ryan está muito bem nesse papel, a gente ri, torce, se diverte, pois o timing de comédia do ator é ótimo, e ele é a grande grande estrela aqui, todos os demais personagens funcionam em prol dele, e isso é maravilhoso, pois quando o protagonista é bom, o público fica imerso e atraído pela história. Também estão maravilhosos a sempre maravilhosa Emily Blunt, que adoro quando está voltada para comédia, e meu queridinho Aaron Taylor-Johnson, que bem que poderia ter aparecido mais, mas quando apareceu também se destacou. Também devemos agradecer ao Leitch que deixou todo mundo extremamente (ainda mais) gostosos, principalmente os meninos, Gosling e Taylor-Johnson estão de tirar o fôlego.
Divertidíssimo, engraçado, com sequências de ação muito bem feitas, tudo isso embalado com uma trilha sonora EXCELENTE, The Fall Guy é uma merecida, necessária, e atrasada homenagens aos dublês, uma profissão que é tão importante para a fábrica dos sonhos de Hollywood, mas que infelizmente não recebe o devido reconhecimento, e tendo o David Leitch começado sua carreira dessa forma, ele valoriza demais essa profissão através desse filme, e o que me deixa mais feliz é o fato de ser um filmaço, porque seria uma tristeza se a homenagem tivesse resultado em uma bomba. Espero que essa delicinha faça muito sucesso, e quem sabe ganhe até uma continuação, porque aqui tem espaço para isso, e sem sombra de dúvidas merece, porque todos os envolvidos deram um show e entregaram esse que já é de longe um dos melhores filmes de 2024.
GODZILLA MINUS ONE Direção: Takashi Yamazaki Ano: 2023 Assistido em: 04/05/2024
Os últimos anos vem sendo muito auspiciosos para a lagartixa mais famosa do Japão, o Gojira voltou com força total a cultura pop, conseguindo muito destaque não só na sua terra natal, onde ele é idolatrado, mas também no ocidente graças às famigeradas produções americanas. Em 2023 vimos algo muito raro acontecer, um filme japonês do Godzilla (que muita gente torce o nariz devido ao baixo orçamento) conquistou a crítica especializada e fez o que muitos consideravam impossível há alguns anos, venceu o Oscar de Melhores Efeitos Visuais. O problema é que a Toho nos fez o favor de esconder esse filme para que ele não influenciasse no sucesso de Godzilla X Kong: The New Empire (2023), mais uma trolha americana feita sem o menor capricho.
Após o final da Segunda Guerra Mundial, o Japão está reconstruindo os seus pedaços na tentativa de se restabelecer. Dois anos depois, em 1947, o país vai enfrentar uma ameaça tão grande quanto os aliados: trata-se do Godzilla, uma criatura vinda direto das profundezas do mar com uma fúria incontrolável, e que não diferencia nada e nem ninguém. Nesse cenário somos apresentados ao casal Koichi e Noriko, que se uniram no pós-guerra e tentam construir uma nova vida, porém suas vidas novamente serão colocadas em risco, quando eles precisarão lutar para sobreviver a esse novo Apocalipse.
Esqueça a visão americana do lagartão, em Minus One, o diretor Takashi Yamazakil reseta tudo e nos traz de volta o Godzilla em seu estado natural, aqui o kaiju age tal qual foi desenhado em 1954, como um animal selvagem, bestial, que está marcando seu território, e que passa por cima de qualquer coisa que esteja em seu caminho. Enquanto o Godzilla que mais temos contato aqui no ocidente é o anti-herói, que faz muito estrago, mas sempre está combatendo uma ameaça maior, aqui ele voltou a ser essa ameaça, e caberá aos humanos tentarem fazer algo para se livrar dele antes que ele os pisotei.
Sempre fui contra a ideia de dar muito destaque a humanos em filmes de kaiju, para mim elas estão ali apenas para serem mortos das maneiras mais criativas possíveis. Mas preciso dar o braço a torcer, e salientar que as histórias aqui apresentadas são muito boas, humilhando aquelas porcarias daqueles personagens xexelentos dos filmes americanos. Koichi é um soldado de guerra, traumatizado, que têm uma vergonha muito grande do seu desempenho durante o conflito, e busca uma espécie de redenção, ele não é o herói motivado a salvar o mundo, nada disso, ele é uma pessoa com muitos conflitos internos, que vê no combate contra o Godzilla uma forma de expiação da culpa que ele carrega por ter fugido de sua missão como Kamikaze, toda essa base é essencial para nos conectar com esse personagem, ele tem boas motivações, um bom desenvolvimento, e a atuação de Ryunosuke Kamiki também é muito boa, tudo isso fez com que eu me importasse com esse humano e desejasse que o Godzilla não o fritasse com seu bafo atômico até o mesmo virar purê.
Mas inegavelmente o que mais deixou o público de boca aberta foram os efeitos especiais, o baixíssimo orçamento dessa produção foi uma pedrada na cara dos produtores de Hollywood,Takashi Yamazaki fez um verdadeiro milagre. Vale ressaltar que esse Godzilla espelha muito o original, a cabeça é mais arredondada, e ele está menor, mesmo eu adorando versão jumbo dos americanos, admito que essa versão mini também ficou muito linda, as cenas onde ele usa suas rajadas atômicas ficaram de arrepiar. Enfim esse filme humilha Hollywood inteira, que deveria ter vergonha das porcarias que anda entregando ultimamente, que possuem vinte vezes mais orçamento.
Finalmente consegui entender o encantamento do público e da crítica, os filmes do Gojira que mais tem repercussão no mundo infelizmente são os americanos, que são muito fraquinhos quando o assunto é história, mas aqui não, tudo tem contexto, e as partes técnicas possuem qualidades inegáveis, que fazem com que esse seja de longe o melhor filme do Godzilla em muitos e muitos anos. O único ponto que me desagradou é que ele ainda aparece pouco, sei que foi bem mais que nas produções do Tio Sam, mas para mim ainda foi pouco, minhas produções favoritas dele são aquelas que ele tem todo o tempo para brilhar, porque nunca devemos nos esquecer que o protagonista dessa história sempre foi e sempre será o lagartão.
BACKDRAFT Direção: Ron Howard Ano: 1991 Assistido em: 03/05/2024
Sempre fui fascinado pela profissão dos bombeiros, acho um trabalho belíssimo e muito altruísta colocar a sua vida em perigo em prol da segurança do semelhante, correndo risco de morte quase que diariamente pela vida dos outros. Sempre tive muito interesse em assistir esse filme, porque é do Ron Howard, diretor que gosto bastante, e porque tem um elenco espetacular repleto de grandes talentos, mas infelizmente não encontrei aquilo que procurava.
Os irmãos Stephen e Brian nunca se entenderam, mas ambos nutrem a mesma paixão pela profissão do pai, bombeiro, que morreu em serviço. Quando adultos, Brian precisa lidar com Stephen que é tenente de seu batalhão, mas ambos vão ter que deixar suas desavenças de lado para descobrirem a identidade de um incendiário em série que está aterrorizando Chicago.
O maior problema desse filme é que a história é extremamente chata, imagino que os produtores queriam fazer uma obra sobre a profissão, sobre os perigos de ser um bombeiro e idealizaram a sequências de ação, dos profissionais em campo, mas não sabiam qual história eles iriam usar para embalar essas cenas, e é justamente esse o problema. Temos um conflito de dois irmãos que simplesmente não interessa, já que ambos não tem um pingo de carisma, o desenvolvimento deles é péssimo, então pouco importa se ambos estão se dando bem, ou se estão brigando, se vão se reconciliar ou se vão ficar brigados, não há um único ponto que desperte o interesse além das sequências que envolvem os incêndios.
É Inegável que o elenco é assombroso, e repleto de grandes talentos como Kurt Russell, Scott Glenn, Donald Sutherland, Jennifer Jason Leigh e Robert De Niro, mais minha gente, William Baldwin é muito ruim, o que ele tinha de bonito na juventude, tinha de canastrão, não importa o personagem, todo o filme dele que já assisti ele está sempre com a mesma cara de pamonha, não dá para acreditar que esse cara é o herói, o protagonista da história.
Backdraft só se sobressai pela sequências de ação, e vou dar uma puxada de saco na trilha sonora que é do meu compositor favorito, Hans Zimmer (que nem de longe está no seu melhor), mas fora isso é um filme entediante, fraco, com história insossa, facilmente esquecível, enfim um grande desperdício de tema, já que esse assunto poderia render um grande drama com muita ação, mas infelizmente dessa vez Ron Howard e sua equipe não corresponderam às expectativas, realizando o que com certeza absoluta, é uma simples nota de rodapé na carreira de todos os seus envolvidos.
PRAYERS FOR BOBBY Direção: Russell Mulcahy Ano: 2009 Assistido em: 28/04/2024
Esse filme foi particularmente muito difícil de assistir, tanto que ele estava a mais de 8 anos no meu HD, e nunca tive coragem de encarar, o motivo? Simples! Por já saber da história, eu sempre me identifiquei muito com o Bobby, também sou filho de uma pessoa extremamente religiosa, permanentemente intransigente, e também sou homossexual, então, muito do que o Bobby sofreu, eu também sofri em uma escala diferente, e por isso foi um sofrimento muito muito grande acompanhar essa história.
Bobby é o filho perfeito de uma família extremamente bem estruturada, que acredita no pleno potencial dele para ser um grande homem na sua vida adulta. Entretanto, Bobby se vê como uma grande farsa, por ser homossexual, ele teme profundamente desapontar sua família e ir contra os desígnios de Deus. Bobby tem tantos questionamentos que sua vida será levada a um ponto sem retorno causado por uma forte depressão, sofrimento e problemas com auto aceitação.
Sou agnóstico, mas creio sim que Jesus Cristo existiu, só não creio na sua divindade. O mais importante legado de Jesus para mim, foi sua mensagem de amor, de compaixão, mas infelizmente esse belo ensinamento foi distorcido ao longo de séculos por pessoas que utilizavam da ingenuidade, medo e ignorância de muitos para manipular as massas ao seu bel prazer. É surreal acreditar que ainda existem pessoas que levam pensamentos de dois mil anos, completamente antiquados, de uma crença que surgiu em um contexto completamente diferente do atual, a ferro e fogo, como se fosse lei absoluta, somente para justificar seus preconceitos. Eu ouvi muito dentro da minha própria casa que homossexualidade era uma abominação, que fazia Jesus chorar, entre outras coisinhas, enfim, sei muito bem o que o Bobby passou. Infelizmente não posso julgá-lo por sua atitude desesperada, graças a um árduo trabalho e muita dedicação, consegui me livrar dessa lavagem cerebral imposta pela religião da minha mãe (que fui obrigado a seguir até meus 16 anos), e hoje eu estou livre disso, dessa pressão de me sentir errado, de me sentir culpado, pecador, me libertei desse mal, mas infelizmente muitos Bobbys não tem essa oportunidade, muitos ainda se sentem responsáveis, porque é só isso que eles escutam sair da boca daqueles que os dizem amar.
Sobre a personagem Mary, eu tenho uma opinião muito polêmica sobre ela, muitos acham que o que ela fez foi muito bonito, ao dedicar sua vida na luta pelos direitos LGBT, mas não seria muito mais bonito se o sentimento que a levou a essa luta não tivesse sido o amor pelo seu filho, ao invés do remorso por ter falhado com ele?! Ok, ela fez muito pela causa gay, mas não fez o mínimo por aquele que ela pôs no mundo e deveria ter amado incondicionalmente. Creio que a morte do filho foi uma punição suficiente para ela, mas isso não apaga o fato dela ter sido sim, uma das principais responsável por levar o Bobby a um ponto sem retorno. Portanto, jamais vou passar pano e enaltecer o trabalho de alguém que só se moveu, só se posicionou por culpa. No final, ela nunca esteve lá para quem mais precisou dela.
Sobre o filme, Sigourney Weaver é um espetáculo de atriz, ela estava tão maravilhosa que consegue nos fazer sentir todos os sentimentos que aquela personagem estava vivenciando, da mesma forma Ryan Kelley também estava maravilhoso, nos fazendo sofrer toda a angústia do pobre do Bobby. É uma tristeza que esse filme tenha sido produzido para televisão, uma história tão poderosa, tão triste, mas ao mesmo tempo tão necessária merecia o cinema, merecia um maior reconhecimento.
Após chorar uns bons minutos após o final, o sentimento que fica é o de preocupação, pelos muitos Bobbys que existem por aí, vítimas daqueles que deveriam protegê-los, sentindo na pele dentro de casa o descaso, o preconceito, o ódio, se sentindo menores, se sentindo inferiores, se sentindo presos, acuados e errados, e o mais doloroso é que isso vem daqueles que deveriam amá-los acima de qualquer coisa. É lamentável saber que preconceito, que crenças religiosas, são maiores do que o dito “sentimento mais forte de todos” que na teoria deveria ser o amor de um pai por um filho.
CITY HUNTER Direção: Yûichi Satô Ano: 2024 Assistido em: 28/04/2024
Conheci City Hunter em uma matéria da extinta revista Henshin lá pelos idos dos anos 2000. Entretanto, naquela época não tive a oportunidade de assistir, eram outros tempos, o acesso que a internet proporciona hoje em dia não era tão grande naquela época, e com o tempo, o interesse foi esfriando, e passados todos esses anos, nunca tive oportunidade de conferir, mas quando a Netflix anunciou que faria um filme baseado em City Hunter, tive a certeza absoluta que seria por ele a minha entrada nesse universo.
Ryo é um detetive particular nada convencional que usa todos os seus talentos das formas mais absurdas possível. Quando seu parceiro Hideyuki é morto durante uma importante investigação, caberá a ele com auxílio de Kaori, irmã mais jovem de Hideyuki, descobrir uma perigosa trama que está colocando os jovens de Tóquio em grande risco.
Não sou nenhum defensor de adaptações para live actions de mangás, as páginas possuem elementos e características muito particulares, que não funcionam bem com humanos fazendo, e para piorar os estúdios forçam demais, nada parece natural, soa como se fosse algo surreal, e eu senti muito disso em City Hunter. A personalidade do Ryo pelo que eu já li sobre essa franquia, é algo muito peculiar, ele é esse brincalhão, mulherengo, sem vergonha, que parece irresponsável, mas é excelente em seu trabalho, e por mais que tenham mantido todas essas características no roteiro, ficou estranho demais um homem de carne e osso agindo exatamente igual a um personagem de mangá/anime. Outro detalhe a chamar atenção é que o mangá foi publicado originalmente na década de 1980, ele tem um estética oitentista, que aqui tentaram recriar, só que a história não se passa nas anos 80, deixamos tudo muito esquisito, se queriam uma pegada anacronica, não conseguiram.
O elenco é bom, com destaque a Ryohei Suzuki que conseguiu dar muita leveza e descompromisso nos momentos que o Ryo pedia, mas ao mesmo tempo que conseguiu transmitir a seriedade quando necessário, infelizmente não posso dizer o mesmo do resto dos atores que estão bem esquecíveis em seus papeis. A direção conseguiu recriar excelentes cenas tal qual foram idealizadas, mas infelizmente o roteiro poderia ser mais caprichado.
City Hunter está longe de ser um desastre como são a maioria esmagadora das adaptações em live-action de animes e mangás, mas também não consegue sair do mediano, ele tem aquela aura de filme da Netflix, e infelizmente filmes da Netflix tem um quê de qualidade duvidosa. uma energia de filme de segunda mão, cinema B, que nos anos 1990/2000 eram direcionados direto para home video, mesmo sendo uma entrada divertida, que serve para despertar o interesse do público com relação ao universo de City Hunter, como cinema, bem que poderiam fazer algo um pouquinho melhor.
Eu não tenho praticamente nenhum preconceito cinéfilo, tirando o gênero de romance que não sou muito fã, assisto praticamente tudo, basta eu ler uma sinopse que julgue minimamente interessante, ou ver um elenco com ao menos um ator que eu gosto, que pronto, já é o suficiente para me cativar e conquistar minha atenção. Mas nesse processo eu acabo sendo atraído por muita coisa ruim, e só me dou conta disso quando já estou assistindo, e aí me obrigo a ir até o fim, e cá estou para mais um desses exemplos.
Na Londres de 1997, Steven Stelfox é um produtor musical em busca de seu próximo grande sucesso em um cenário dominado por boybands e grupos de gêneros que ele não gosta. Em meio, a muita drogas Stelfox vai ultrapassando todos os limites para sobreviver nesse mundo tão competitivo, mesmo que isso signifique matar pessoas próximas a ele.
Quando li sobre Kill Your Friends imediatamente me interessei, sou fã do Nicholas Hoult, amo comédias de humor negro, e fiquei extremamente animado com ambientação nos anos 90 e o tema proposto, afinal de contas o cenário musical naquele período era um caldeirão efervescente, e isso poderia render uma grande história, entretanto aqui, a soma dos diversos elementos não resultaram em algo positivo, Nicholas é desperdiçado, de comédia o filme não tem nada, e a localização no tempo e espaço é indiferente ao que a se propõe.
Com o roteiro profundamente desinteressante, o roteirista não sabe o que quer nos contar, o filme é classificado como uma comédia e um suspense, entretanto não é engraçado e muito menos nos deixa tensos o suficiente para querer saber o que vai acontecer a seguir, tem suas reviravoltas, uma surpresa aqui e outra acolá, mas não há nada que salve o resultado final de ser anêmico, capenga, sem vitalidade, sonolento e desinteressante.
Totalmente decepcionante, Kill Your Friends é um enorme desperdício, seja de elenco, de ideia, e até de orçamento, quantos filmes não poderiam ter sido produzidos com esse dinheiro?! Talvez em mãos mais capazes essa mesma história poderia ter rendido algo mais memorável. No final, a única certeza que tenho é que daqui alguns dias, quando eu olhar a lista de filmes que já assisti, vou me assustar quando me deparar com esse título, porque ele já foi rapidamente deletado da minha cabeça assim que os créditos começaram a subir.
LES TROIS MOUSQUETAIRES: MILADY Direção: Martin Bourboulon Ano: 2023 Assistido em: 27/04/2024
Um dos filmes que mais me impressionou no ano passado foi a primeira parte dessa duologia sobre Os Três Mosqueteiros. Como fã devoto do Alexandre Dumas, fiquei encantado em ver um projeto que respeitava a história sem fazer nenhuma alteração estúpida, e ainda mais falado em francês, a língua original dessa história. Logo minha expectativa para essa segunda parte estava nas alturas, mas como o cinema de minha cidade nunca traz nada que não seja blockbuster americano, tive que esperar ansiosamente ele ser disponibilizado em algum streaming, e infelizmente sou obrigado a admitir que Milady é inferior a D’Artagnan.
Após terem conseguido salvar o rei Louis XIII de um atentado, os mosqueteiros correm contra o tempo para impedir a conspiração que pretende levar a França a uma guerra civil. Ao mesmo tempo, D’Artagnan tenta salvar a sua amada Constance enquanto entra em confronto direto com a perigosa Milady de Winter sem saber que essa mulher esconde segredos muito mais obscuros do que ele poderia imaginar.
No quesito técnico Milady segue à risca tudo o que anterior tinha estabelecido, o design de produção é absurdo, os figurinos são lindíssimos, os cenários são ótimos, a trilha sonora é empolgante, a fotografia é muito bonita, enfim é um filme onde o capricho dos realizadores é palpável, bem superior à maioria das produções artificiais de hoje em dia, entretanto os problemas apresentados na primeira parte, foram acentuados nesta segunda.
O ponto que mais me incomodou em D'Artagnan sem sombra de dúvida foi a edição, o ritmo do filme não era bom, mas agora olhando para Milady, começo a achar que fui injusto com a primeira parte, porque o que lá era apenas um problema pontual, aqui se tornou uma senhora dor de cabeça. As cenas parecem completamente desconexas é como se uma sequência pulasse para o outra sem que exista coerência entre elas, sei que o livro é imenso, tem muita história paralelas, mas uma boa edição e montagem poderiam resolver essa situação, deixando o filme orgânico, o que não dá é o D’Artagnan em uma cena está preocupado com a Constance, e na outra nem lembrar que ela existe. O que salva Martin Bourboulon é o ótimo elenco que aliado com os grandes personagens do Dumas conseguem conquistar nossa atenção e interesse. E para agravar ainda mais a situação, aqui os roteiristas se entregaram aos invencionismos, criados situações inexistentes nos livros e deixando o final em aberto, sem saber se haverá possibilidade de um terceiro título.
Como esses dois longas não foram grandes sucessos de bilheteria, a possibilidade do terceiro título está em aberto, isso é uma tristeza, e espero muito que seja aprovado, mas espero ainda mais que voltem a focar nas histórias escritas pelo Dumas, mesmo assim, creio que foi uma irresponsabilidade imensa por parte dos produtores em finalizarem a história da maneira como foi feito, sem um novo filme a vista. Pelo menos ainda temos para este ano uma nova adaptação de O Conde de Monte Cristo, e que como já disse em outros comentários, esse é meu livro favorito da vida, então as minhas expectativas estão ainda mais altas do que as que eu tinha para Os Três Mosqueteiros, e só espero que o padrão de qualidade permanece e o respeito a obra mãe e a fidelidade AUMENTEM. O mundo precisa redescobrir porque o Dumas é um dos maiores autores de todos os tempos e o porquê de suas obras fazerem tanto sucesso quase 200 anos após os lançamentos originais.
O grande desafio de toda pessoa LGBT é a aceitação, e não apenas dos outros, como família e amigos, mas a aceitação interna, você se reconhecer e se assumir tanto quanto a sua orientação sexual quanto a sua identificação de gênero é algo complexo. Como um homem gay, sei o quão difícil é se aceitar antes de qualquer coisa, mas as pessoas trans têm uma dificuldade muito maior, porque não consigo nem imaginar como deve ser horrível se olhar no espelho e não aceitar a imagem que está sendo refletida.
Bree é uma mulher trans que está fazendo preparativos para sua operação de transição de gênero. Quando ela finalmente consegue seu almejado sonho, seu mundo vira de cabeça para baixo ao descobrir que ela teve um filho, e que a mãe do garoto cometeu suicídio deixando uma adolescente de 17 anos completamente desorientada no mundo. Caberá a Bree ir em busca desse filho sem revelar para ele que ela na realidade é seu pai biológico.
Transamerica é uma mistura de diversos tipos de filmes em um só, temos o drama sobre a dificuldade de um pai se conectar com filho, temos o road movie com uma dupla incomum viajando estrada afora à medida que vão se conhecendo melhor, e temos um filme LGBT que discute as dificuldades de uma pessoa trans e gay ser aceita pela sociedade, mas essa salada que poderia ocasionar em um filme desastroso, é bem organizada pelo diretor/roteirista Duncan Tucker, que sabe orientar todos os temas propostos sem que nenhum apague o outro e sem que o roteiro descambe agressivamente para um lado, mantendo o equilíbrio na produção como um todo.
Apesar de hoje em dia não ser politicamente correto uma mulher interpretar uma mulher trans, em 2005, ninguém dava a mínima para isso, independente da polêmica ou não, o que é inegável é que a Felicity Huffman está impecável no papel de Bree, ela consegue transmitir o medo, a angústia e os receios da personagem, e nos faz torcer para que tudo dê certo na vida dela. De igual modo, Kevin Zegers também se destaca como o problemático Toby, ambos têm muita química, e funcionam bem em cena, é muito bonito ver como eles se ajustaram e aprenderam a se aceitar mesmo diante das incompatibilidades.
Transamerica é um filme à frente do seu tempo, talvez hoje ele tivesse um impacto muito maior do que há 19 anos atrás, inegavelmente estava na vanguarda, um filme que levantou discussões em uma época em que a sociedade ainda era muito mais resistente do que é hoje em dia. E é disso que precisamos, de produções que tenham o atrevimento de discutir tabus, de incomodar a sociedade, porque só assim nós vamos conseguir combater preconceitos e pensamentos retrógrados, para quem sabe um dia conseguimos evoluir para um momento em que nenhuma pessoa tenha que se sentir acuada por simplesmente querer ser quem ela verdadeiramente é
UNITED 93 Direção: Paul Greengrass Ano: 2006 Assistido em: 21/04/2024
O dia 11 de setembro de 2001 foi daqueles que parou o planeta, o poderoso Estados Unidos estava sendo atacado dentro de casa, isso não era visto há uns 60 anos mais ou menos, sendo a última vez em Pearl Harbor. E quem teria coragem de atacar o mais poderoso país do mundo em seu próprio território?! Demorou um tempo para entendermos o que foi aquele atentado terrorista, e mais ainda para compreendermos quais eram os planos originais da Al-Qaeda. Hoje sabemos que eram quatro aviões sequestrados, entretanto, apenas três atingiram seus objetivos, e United 93 chega com a proposta de nos mostrar de uma maneira fictícia, o que teria ocorrido dentro daquele voo naquela manhã de terça-feira.
O que seria um voo simples entre Newark e São Francisco, logo se torna um verdadeiro pesadelo quando membros do grupo terrorista da Al-Qaeda sequestram o voo. Desesperados, os passageiros tentam de todas as formas impedir que os criminosos completem seu plano, que era usar o avião para atacar uma instituição do governo americano.
Eu não sou muito fã do Paul Greengrass, ele tem um estilo de direção que me incomoda demais, ele sempre pega histórias recentes e faz o filme mais frio e sem graça possível. Esse é o terceiro trabalho dele no qual vejo os mesmos problemas, estamos diante de uma situação desesperadora, mas é simplesmente impossível você se importar com os personagens porque o diretor não se dedica a desenvolver ninguém. Tudo que ocorre dentro do avião é ficção, mas do lado de fora é realidade, então ao invés de desenvolver aquelas pessoas que estão ali dentro, ele passa a primeira hora de filme nos mostrando a sala de controle aéreo norte-americano, todo mundo desorientado, igual um bando de barata tonta perdido em meio aos ataques iniciais. Entendo a importância de contextualizar, de mostrar o caos que estava acontecendo naquele dia, mas você não precisa de uma hora de nomes e números de avião em verde em uma tela, mostrando a rota de um lado para o outro. Isso é extremamente sem graça, foi extremamente chato, de forma que quantos os personagens no interior do avião estavam em risco, eu não estava nem aí para ninguém, porque simplesmente era impossível me importar com alguém ali dentro.
Com roteiro fraquíssimo, o diretor abusa dos seus vícios já conhecidos, ele não consegue (ou não sabe) fazer uma cena de plano aberto, é tudo fechado, tudo com close na cara das pessoas, com um trimilique irritante de câmera, enfim, os personagens não tem nenhum grande intérprete que se destaque, a trilha sonora é apagada, resumindo Greengrass pega uma história que tinha tudo para ser excelente e faz de qualquer jeito.
United 93 tinha tudo para ser um clássico, mas por culpa das manias de seu diretor acaba se tornando algo completamente descartável. Aquele ano marcava 5 anos da tragédia, e curiosamente, sabe-se lá porque raios Hollywood decidiu lançar dois filmes sobre o evento, este sobre o voo 93, e World Trade Center (2006) de Oliver Stone que retratava dois bombeiros que ficaram presos nos escombros das Torres, ambos extremamente superficiais, ambos extremamente sem graça, ambos sem conseguir demonstrar nem 1% do impacto que aquele dia teve, do choque, do horror, no final eles apenas deram a impressão de que tudo que Hollywood queria era se aproveitar que a carnificina ainda estava fresca na cabeça do povo americano e do mundo, e assim lançar qualquer coisa para ganhar dinheiro em cima.
Me recordo que quando esse filme foi lançado em 2009, ele causou bastante burburinho. Particularmente nunca quis assisti-lo, o motivo? Simples, já sabia toda a sua história, já que meus colegas do cursinho do pré-vestibular tinham contado toda trama e suas reviravoltas, logo perdi o interesse. Mas passado mais de uma década, escutando um podcast, fiquei sabendo do caso da menina Natalia Grace, que é muito similar com esse filme, bom similar até a página dois, então, decidi que era a hora de ir atrás do filme.
Após o trauma de perder um filho, o casal John e Kate decidem adotar uma nova criança. No orfanato, eles conhecem uma pequena Esther, uma garota vinda da Rússia que aparentemente era o perfeito encaixe para a vaga em aberto naquela família. Porém, não demora nada para Kate perceber que esta não é uma garotinha normal de 9 anos como ela dizia ser. Só que Kate não poderia imaginar, é que toda sua família está em grave perigo.
Eu amo thrillers, é meu gênero favorito, entretanto confesso que é muito fácil eles apelarem para o absurdo, ao ponto de beirar o ridículo. Consigo aceitar plenamente uma adulta com distúrbio hormonal se passando por uma garotinha de 9 anos, mas eu não consigo aceitar o quão fácil ela consegue manipular um casal de adultos, e amedrontar um adolescente com seus 13 anos mais ou menos. Todo mundo ali é tão inocente, tão puro e tão bonzinho, que Esther facilmente consegue direcioná-los para onde ela bem entende, e outra, mesmo sendo uma mulher de 33 anos, o corpo dela não é de um adulto, e mesmo assim ela consegue prodígios absurdos, ela mata pessoas com uma facilidade assustadora, parece até que são bonecas, enfim, não são detalhes que prejudiquem totalmente o filme, mais fazem com que a suspensão da descrença vá para as cucuias.
Orphan é protagonizado pelos excelentes Vera Farmiga, Peter Sarsgaard, e Isabelle Fuhrman, que estava muito bem, ela conseguiu me fazer acreditar em determinados momentos no teatro da sua personagem. Entretanto a direção de Jaume Collet-Serra é a mesma, e até estranho perceber que mesmo passados 15 anos ele continua com os mesmos vícios, aqui ele fica o tempo todo criando jumpscares vagabundos, forçando uma atmosfera pouco natural, você sente a quilômetros que determinadas cena não vão dar em nada, e só estão ali para encher linguiça. Outro incômodo é o roteiro, que termina completamente aberto, não nos dando respostas sobre o real destino de alguns personagens, é de uma preguiça absurda por parte dos roteiristas que não se deram o trabalho de escrever uma conclusão satisfatória, ou quem sabe eles até fizeram, e o Collet-Serra que não filmou ou simplesmente cortou na edição final.
Produto de seu tempo, Orphan cheira a thrillers dos anos 2000, aqueles com psicopatas super inteligentes e mocinhos super burros que não enxergam um palmo na frente de seus narizes, facilitando bastante o trabalho dos vilões. Não é um filme revolucionário que vai marcar, ou entrar para a história, mas garante uma diversão momentânea graças a sua história mirabolantes que é feita para divertir e não necessariamente ser marcante.
PS: Eu no lugar da Kate teria curado a psicopatia dessa menina na base de tapa na primeira má resposta que ela me dava, ia fazer ela ficar mansinha em dois tempos.
THE SEARCHERS Direção: John Ford Ano: 1956 Assistido em: 20/04/2024
Ser considerado um dos melhores de todos os tempos coloca uma responsabilidade muito grande e até mesmo desnecessária em cima de alguns filmes, pois quando paramos para assistir queremos ver algo inacreditavelmente bom, completamente diferente dos demais, e por aí vai. Entretanto não é assim que as coisas funcionam, uma produção de 80/70 anos atrás não tem obrigação nenhuma de atender as expectativas que criamos em cima delas décadas depois. Durante anos escutei The Searchers era um dos melhores western de todos, e mesmo não sendo profundo admirador do gênero, cheguei aqui com expectativas demais, mas entretanto nem todas elas foram atendidas.
Nos Estados Unidos pós Guerra de Secessão, somos apresentados a Ethan, ex-militar que retorna a sua família. Entretanto, todo seu mundo vem abaixo quando seu irmão, cunhada e dois de seus sobrinhos são mortos em um ataque indígena. Ethan descobre que Debbie, sua sobrinha menor, estava viva e em poder dos indígenas, com ajuda de Martin, uma espécie de filho adotivo de seu irmão, ele embarca em uma jornada que duraria anos para encontrar sua sobrinha e vingar-se dos índios que mataram toda a sua família.
A dupla John Ford e John Wayne está entre as maiores e mais importantes da história do cinema, mas como disse anteriormente, não sou o maior amante de westerns, portanto é um gênero que eu não tenho muito conhecimento, mas esperava algo a mais vindo da dupla de ouro do cinema, algo diferente do comum, mas não, é o mesmo cowboy machão inveterado de sempre, o supra sumo do homem texano, republicano, o modelo-mor de todo redneck que combate os indígenas sanguinários, cujo maior crime foi terem nascido na terra que os americanos tanto queriam tomar. Mais um filme sobre a bravura do cowboy contra o indígena maligno, não que esses estereótipos formem um filme ruim, mas também não fazem dele especial.
Qualidades técnicas o filme tem de sobra, a direção do John Ford é excelente, com cenas belíssimas alinhadas a paisagens naturais que provam como CGI está longe de conseguir se igualar as belezas verdadeiras do nosso mundo. John Wayne é um bom ator, isso é inegável, entretanto seu personagem é extremamente chato, entendo perfeitamente que suas ações são justificáveis, entretanto Ethan é um personagem difícil de simpatizar, é muito mais fácil simpatizar com o co-protagonista, Martin, do excelente Jeffrey Hunter que estava ótimo no papel. Ainda completam o elenco Vera Miles é um papel bem ingrato, e Natalie Wood, lindíssima como sempre.
Longe de ser ruim, The Searchers não é o que eu esperava, imaginava que por ser um dos unanimemente reconhecidos como melhores de todos os tempos, ele apresentaria alguma diferença no quesito história, mas não, existem contemporâneos a ele que são mais interessantes, e subversivos. Mesmo bom, não consegui a conexão desejada, senti que para o nível dos envolvidos, o roteiro precisava ser mais elaborado.
Conheci a dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett através dos novos títulos da franquia Pânico, e confesso que gostei do trabalho deles como diretores apesar de não ter caído de amores por esses últimos dois filmes, principalmente por conta de seus roteiros. Mas surpreendentemente os dois acabaram saindo da franquia antes de fazerem o sétimo episódio, o que se revelou um grande acerto da parte deles, já que a produção do mesmo virou o mais completo caos nos últimos meses, e não satisfeitos em sair, eles também trouxeram uma grande parte da equipe de realizadores junto com eles para essa empreitada, que a princípio, eu acreditava que era um remake de algum clássico de monstros da Universal Pictures, mas que se revelou uma reimaginação muito interessante de elementos utilizados no passado.
Quando um grupo misterioso de seis criminosos recebe a missão de sequestrar uma garotinha filha de um homem muito rico, eles acreditavam ser um trabalho simples, só que o que eles não imaginavam era a tremenda confusão que estavam se metendo. Além de não saberem que o pai de sua refém era um criminoso extremamente perigoso, eles não tinh a menor noção que a aparentemente doce menininha de 11 anos de idade, na realidade é uma vampira com séculos de existência e extremamente agressiva, perigosa e que gosta de brincar com a comida, e agora são eles que são os reféns do pequena filhote de Satanás.
Sempre fui apaixonado por comédias do terror as chamadas “terrir”, a mistura entre esses dois gêneros tão distantes é algo muito atraente, e funciona muito bem, entretanto é difícil encontrar boas histórias com essa pegada, porque é difícil equilibrar bem os dois lados, sem que um apague o outro, E para minha surpresa a dupla Bettinelli-Olpin e Gillett aqui estava bem melhor do que nas suas empreitadas da saga do Ghostface, seus personagens são mais carismáticos, e o elenco está bem confortável, o roteiro é o básico do básico, mas executado de uma maneira muito satisfatória. O filme não busca por grandes inovações, ele aposta no lugar comum, com um único cenário, um objetivo muito claro, gerando assim um bom resultado final.
Alisha Weir me surpreendeu como Abigail, ela consegue muito bem transitar entre a doçura infantil e a psicopatia de uma vampira secular, não sou maior fã da Melissa Barrera, mas aqui ela estava bem, por outro lado gosto muito do trabalho do Dan Stevens, e amo quando ele interpreta um vilão, e mesmo que seu personagem aqui não seja a grande ameaça, adoro quando ele tem um personagem brutal, me lembrou bastante o David de The Guest (2014), um dos melhores papéis da carreira dele. O restante do cast é composto por Kathryn Newton, Will Catlett, Kevin Durand, todos em personagens simples mas bem construídos, e também não podemos deixar de citar o recém falecido Angus Cloud em seu último trabalho, e o elo fraco da produção, Giancarlo Esposito, que deve estar com aluguel atrasado igual ao Seu Madruga, pois ele é grande demais para ter aceitado fazer um papel tão minúsculo, provavelmente deve está pagando algum favor aos executivos da Universal.
O problema do filme é que apesar de do roteiro ter personagens carismáticos, e bons atores os interpretando, o desenvolvimento dos mesmos é bem simplório. Tudo que sabemos sobre os criminosos ou sobre a própria Abigail é dito em linhas de diálogo, indo contra a máxima do cinema "não conte, mostre”, não teria nenhum problema se o corte final tivesse um pouco mais de tempo, talvez 15 a 20 minutos a mais que nos mostrasse um pouco de background tanto da vilã, quanto dos criminosos, nem que fosse dos dois personagens principais, Joey e Frank, mas mesmo assim a história consegue trazer muito mais detalhes sobre os personagem do que muito filminho famoso que por aí.
Abigail foi uma grata surpresa, queria assistir desde o anúncio porque, como disse, tinha a expectativa que fosse algo relacionado aos clássicos da Universal, mas quando revelaram que era uma comédia de terror, imediatamente me animei. Creio que a dupla de diretores tomou uma decisão muito sábia quando optou por deixar filmes de franquias de lado para se enveredar por algo um “pouquinho mais original” talvez esse seja o caminho correto para eles produzirem obras de maior qualidade.
LEGEND Direção: Brian Helgeland Ano: 2015 Assistido em: 14/04/2024
Certa vez lendo uma crítica, me deparei com uma frase cuja aplicação vejo em muitos e muitos filmes, e que que já repeti algumas vezes em meus comentários, a frase é a seguinte: “nem toda boa história, rende bons filmes”. Legend traz uma proposta bem interessante, nos mostrar como dois irmãos gêmeos membros da máfia inglesa tiveram uma vida bastante incomum na década de 1960, para melhorar ainda mais, o roteiro é baseado em uma história real, entretanto a execução dos envolvidos acabou entregando uma produção bem aquém das possibilidades.
Nos anos 1960, os irmãos Reggie e Ronnie Kray são gêmeos, porém bastante diferentes quanto a suas personalidades. Enquanto um tem sérios problemas psicológicos, o outro se vê sobrecarregado ao ser obrigado a assumir o controle das operações da família. Entretanto, eles estão na mira da polícia e de outras organizações criminosas rivais, e precisarão equilibrar essa vida arriscada de gangsters com suas conturbadas vidas pessoais.
O diretor Brian Helgeland não mediu esforços para executar a sua história de uma maneira convincente, ele recria os anos 60 de maneira bem realista, com bons cenários e figurinos, e temos sequências muito bem dirigidas. O elenco é primoroso com Tom Hardy brilhando como gêmeos idênticos fisicamente, mas bem diferentes emocionalmente, Emily Browning apresenta uma atuação bastante sensível, e o elenco de apoio também é repleto de estrelas como Christopher Eccleston, Paul Bettany, Colin Morgan, David Thewlis e Taron Egerton, resumindo Helgeland criou as circunstâncias perfeitas para nos entregar um grande filme de gângster, porém ele falhou no mais importante: na história.
Como bem disse o pessoal em comentários mais abaixo, a história começa do nada e termina em lugar nenhum, não existe uma boa introdução dos irmãos, nós não vemos nada de seu passado, eles apenas aparecem para nós como gêmeos mafiosos, do qual um tem sérios problemas psicológicos e o outro precisa se redobrar para proteger toda a sua operação. Fora isso, o filme não tem nenhuma grande história para ser contada, não tem nenhuma reviravolta e nenhum grande clímax, é como se pegassem um recorte aleatório da vida dos dois gangsters e decidiram levar para as telas, mas esse recorte foi o de uma semana comum e nada empolgante na vida dos gêmeos.
Legend tinha tudo para ser um clássico, mas é um filme fraco e vazio, inegavelmente tem seus valores principalmente na parte de produção e artística, mas é totalmente esquecível, nada marcante, e nem arranha o rodapé nas grandes produções sobre gangsters e sobre a máfia, que tanto são produzidas em Hollywood ao longo das décadas. Esse, por outro lado, é legitimamente frustrante, já que poderia render algo diferente para o gênero, com dois gêmeos criminosos como protagonistas, mas não foi nada além do mais do mesmo.
William Shakespeare sem sombra de dúvidas é o autor mais adaptado da história, isso é inquestionável. Entretanto, o que podemos questionar, e muito, é a qualidade das obras que adaptam suas histórias, já que à medida que temos clássicos, temos também aquelas que são bem aquém do que deveriam ser. Essa versão de Macbeth lançada em 2015 chegou com uma proposta bem ousada, adaptar a história utilizando o mesmo padrão de linguagem escrito por Shakespeare mais de 400 anos antes, porém o tiro aqui saiu pela culatra.
Após escutar a previsão de três bruxas que se tornaria rei, o general Macbeth repleto de ambição decide trair o rei da Escócia. Incitado por sua esposa, ele acaba cometendo regicídio e assumindo o trono. Entretanto, a corte do novo rei é repleta de maquinações, traições e manipulações, o que deixa um novo monarca completamente paranóico acerca de quem lhe quer mal, o levando a total tirania.
Esse foi o primeiro encontro do diretor Justin Kurzel com os atores Michael Fassbender e Marion Cotillard, eles se reencontraram um ano depois para fazer o assombroso Assassin's Creed (2016), que tive o desprazer de ter visto no cinema, mas enfim, minha expectativa é que essa produção apagasse o amargor que a outra havia deixado na minha boca, mas não foi isso que aconteceu. Apesar de possuir um valor de produção muito grande, fotografia, figurinos, cenários, maquiagens e atuações impecáveis, a decisão de manter um roteiro com um inglês arcaico acabou afastando o espectador ao invés de aproximar, por diversos momentos eu mal conseguia entender o que estava sendo dito, isso acabou me frustrando e por consequência fazendo com que minha atenção e interesse no filme se esvaziasse.
Macbeth é bonito, bem produzido com bastante capricho e esmero, o elenco é primoroso, como atores bem dedicados e com cenas de parecem pinturas de tão belas, tudo isso é inegável, mas em sua tentativa de soar diferente, o diretor e os três roteiristas acabaram por sacrificar uma oportunidade de entregar um filme mais acessível, resultando uma obra cansativa, arrastada, que não prende a atenção do público, e que não tem carisma, nunca assisti muitas produções sobre essa peça do Shakespeare em específico, mas creio que existem outras bem melhores por aí e com roteiros bem menos pedantes e enfadonhos.
Em linhas gerais, o grande sentimento que esse filme deixa é de frustração, porque ele não é de todo ruim, mas é muito decepcionante. Tinha absolutamente tudo para se tornar um clássico moderno, mas uma decisão mal calculada de seus realizadores, fez com que tudo acabasse passando batido. Tenho certeza que os professores de inglês clássico, ou estudantes de linguística, devem ter amado, eu particularmente não me enquadro nesse grupo e para mim simplesmente se tornou algo bem esquecível.
THE THIN RED LINE Direção: Terrence Malick Ano: 1998 Assistido em: 13/04/2024
E mais uma vez senti na pele que a frase “a expectativa é a mãe de todas as decepções” sempre está correta. Sou fascinado pela Segunda Guerra Mundial sempre adorei ler sobre o conflito e consumir os mais variados filmes e séries sobre episódios específicos desse período que mudou para sempre a nossa história, e por isso tinha muitas expectativas sobre esse projeto já que ele é muito cultuado, mas também tinha um receio muito grande sobre a forma como Terrence Malick iria contá-la, já que o estilo do diretor definitivamente não é para mim.
Em 1942, um batalhão americano chega à Ilha de Guadalcanal, um dos pontos mais estratégicos para o teatro de operações do Pacifico. Lá eles irão se deparar com os horrores da guerra, ao mesmo tempo que ficaram deslumbrados com a beleza natural do lugar.
Eu não sou cara de imagens bonitas com frases aleatórias sobre a vida, sobre a existência, sobre o universo e blá blá blá, gosto de roteiros com bastante diálogos, daqueles que fazem a narrativa andar, não me põe para assistir nada “introspectivo” ou que “desperte sensações” que não vai dar certo, não julgo quem goste, mas para mim não funciona. E a minha grande decepção, foi que cheguei esperando um grande filme sobre a chamada Operação Torre de Guarda, uma dos mais importantes conflitos da Batalha do Pacífico, mas nada disso é o ponto central, em muitas cenas diretor prefere tirar o som natural do espaço, para substituir por um voiceover repleto de frases que parecem ter saído de um livro de autoajuda. E para piorar os personagens não são bem trabalhados, por melhor que o elenco seja, todo mundo ali é descartável, não decorei o nome de absolutamente ninguém, pois nenhum tem desenvolvimento, não consegui simpatizar com nenhuma figura, e muito menos sentir suas mortes, já que o diretor prefere ficar mostrando paisagens ao som frases de efeito ao invés de trabalhar a história.
Além do fato de ter achado o roteiro raso, outro ponto bastante incômodo é a terrível edição, são 2h50min que parecem que tem o dobro de tempo. Mas apesar das muitas críticas que tenho, é impossível não reconhecer e elogiar a bela fotografia, a atuação do cast e principalmente a trilha sonora do Hans Zimmer, que é de longe uma das mais emblemáticas da carreira dele, e que não tem o reconhecimento que deveria, ela é tão incrível que em muitas cenas me serviu de âncora, não me deixando minha atenção dispersar, já que apenas as imagens não estavam surtindo efeito.
Sei que não é legal ficar comparando filmes mas é impossível não comparar The Thin Red Line com Saving Private Ryan (1998) já que ambos foram lançado no mesmo ano e inclusive disputaram o Oscar daquela temporada, e por mais que o filme do Spielberg também tenha seus problemas como, por exemplo, um patriotismo tão surreal que chega ser risível, como filme, ele é consegue ser muito mais marcante, curiosamente ambos têm a mesma duração, mas enquanto um é dinâmico e você nem sente o tempo passar, o outro é arrastado ao ponto de em muitos momentos chegar a ser tedioso. Esse é o segundo filme do Malick que assisto, e ainda tem alguns títulos dele que tenho a pretensão de assistir, mas ao ver a técnica do diretor, meu sinal de alerta foi a loucura, me avisando para me manter afastado.
O Mistério da Passagem da Morte
2.7 290DEVIL'S PASS
Direção: Renny Harlin
Ano: 2013
Assistido em: 18/05/2024
Se tem um mistério pelo qual sou fascinado, esse é o Incidente do Passo de Dyatlov. Desde que tomei conhecimento dessa história, sempre fiquei imaginando o que poderia ter acontecido naquele 01 de fevereiro de 1959, e o que poderia ter causado mortes tão estranhas e violentas daquele grupo de nove jovens. Desde então vira e mexe, leio alguma teoria nova, assisto algum documentário, sempre estou buscando saber se houve alguma novidade sobre esse caso. Tomei conhecimento da existência desse filme há muito tempo, e fiquei com pé atrás, primeiro pela ideia, e depois pelo diretor, mas agora, passados 10 Anos, decidi que era o momento correto de dar uma oportunidade, mas pelos deuses do cinema, era melhor não ter feito isso.
Em 2013 um grupo de cinco documentaristas americanos decide viajar a Rússia para recriar a viagem realizada por Igor Dyatlov e seus amigos em 1959. Entretanto, o que eles não poderiam imaginar é que teriam praticamente as mesmas dificuldades que o grupo de alpinistas teve mais de 50 anos antes, e que suas vidas estariam em tanto perigo quanto a do grupo de Igor.
Com exceção de A Bruxa de Blair (1999) que é um dos meus filmes favoritos da vida, nunca gostei de found footage, acho filmes de qualidades baixíssimas, tropos horrorosos, detesto a tremedeira que sempre é presente no gênero, e não sou fã de câmera subjetiva, enfim não é um estilo feito para mim, e esse foi sem sombra de dúvidas o motivo que mais me afastou dessa produção durante esses 10 anos. Até poderia gostar mais caso o Harlin tivesse feito essa mesma ideia como uma produção comum, de filmagem tradicional, obviamente ainda seria um filme ruim, porque a história é péssima, os personagens tenebroso e a direção escabrosa, mas seriam mais palatavel a meu gosto do que esse maldito found footage.
Harlin e os roteirista se enveredam para o campo do sobrenatural, nos revelando que “na realidade” o grupo de Dyatlov foi atacado por criaturas mutantes originárias de experiências do governo Soviético, enfim eles fazem uma lambança, uma salada com todas as teorias conspiratórias envolvendo o caso para tentar dar uma resposta, e por Deus que coisa ridícula, roteiro péssimo, elenco ruim, personagens horrorosos, misericórdia, foi torturante chegar ao fim desse filme, porque absolutamente nada aqui dá para salvar, NADA!!
Eu ainda tenho esperanças que algum dia alguém fará uma dramatização decente dessa história, focando na figura do Igor, na vida dos membros da expedição, mostrando o passo a passo do caminho com base nos fatos relatados, pelo menos até onde temos conhecimento do que aconteceu, enfim, uma produção que respeite o ocorrido. Porque se não são aqueles documentários escrotos do Discovery Channel, dizendo que o responsável pelo pelas mortes foi o Abominável Homem das Neves, é essa porcaria desse filme do Renny Harlin, ou a execrável série russa de 2020 que misturava o incidente com o nazistas e espíritos da neve. Infelizmente é triste ver que um mistério tão impactante, caiu no gosto de conspiracionistas, e pelo fato de ter ocorrido em um dos países mais restritos do mundo, provavelmente e infelizmente nunca saberemos o que de fato aconteceu com aquelas pessoas.
PS: Filme tão medíocre, que mudaram o título e esqueceram de trocar no title card durante os créditos...
Caçadores de Emoção: Além do Limite
2.8 343 Assista AgoraPOINT BREAK
Direção: Ericson Core
Ano: 2015
Assistido em: 18/05/2024
O primeiro Point Break é o puro suco dos anos 90, ele é um filme sem nenhum compromisso com a realidade, muito sustentado pelo carisma de seus protagonistas em sequências de ação frenéticas que animavam o público, não escondo de ninguém que é o meu filme favorito da Kathryn Bigelow. Quando anunciaram que iam fazer um remake dessa obra, eu ainda não tinha assistido a versão original, o que só veio a acontecer alguns anos depois, mas olhando agora, em retrospecto, me fica a pergunta de como alguém achou que poderia recriar em pleno 2015, aquela atmosfera tão própria de 1991.
O policial Johnny Utah recebe a missão de se infiltrar no grupo criminoso liderado por Bodhi. Entretanto, o que ele não poderia imaginar é que acabaria se afeiçoando de verdade ao homem que deveria investigar, ficando encantado com a filosofia de Bodhi e se sentindo dividido entre o dever, e a amizade genuína que nasce entre eles.
O grande problema dos filmes atuais é que eles parecem vazios, sem alma, sem propósito, o Point Break original é de uma simplicidade absurda, a história era banal, feita para justificar as sequências de ação, isso é fato, esse por outro lado, apesar de seguir a simplicidade, soa falso, em momento algum senti que o Utah tinha razões para cair na conversa do Bodhi, muito pelo contrário, para mim essa amizade parecia patética, e quando a amizade dos dois não funciona, a ideia base do filme vai pelo ralo, não se sustenta.
Quando o assunto são os protagonistas as coisas começam a ficar um pouco mais complicadas, no original temos Keanu Reeves e Patrick Swayze, sendo o primeiro carismático, mas um péssimo ator e o segundo um ator ok, mas com um personagem que nunca gostei, mas mesmo assim eles funcionavam juntos, tinham química, e você comprava a ideia. Esse por sua vez temos Luke Bracey e Edgar Ramirez, o primeiro é totalmente sem carisma e o segundo é um bom ator, mas o personagem continua ruim, ou seja, a situação é complicada, porque mesmo passado 24 anos, os roteiristas não corrigiram esse problema, escalando bons atores, e escrevendo melhor os personagens. De resto a história se apoia nas sequências de ação, nas paisagem, e esses são os únicos pontos onde essa produção de 2015 supera a de 1991, já que aqui nós temos uma variedade muito maior de esportes sendo cobertos pela trama e os cenários apresentadas são mais diversos, já que o orçamento era muito maior.
Sou completamente contra remakes, a não ser que sejam de filmes que não deram certo no passado, porque aí temos uma oportunidade de corrigir algo. Mas o primeiro Point Break é um daqueles clássicos dos anos 90,que o público guarda com muito carinho, com muito amor, mas que não teve grande expressividade nas bilheterias, então honestamente eu não consigo entender o porquê de terem refeito. No final essa versão de 2015 foi um grandessíssimo fracasso, algo completamente esquecível, de uma qualidade duvidosa, e sem nenhuma relevância na cultura cinematográfica.
A Mãe da Noiva
2.5 28MOTHER OF THE BRIDE
Direção: Mark Waters
Ano: 2024
Assistido em: 12/05/2024
Ah os filmes que nos obrigam a assistir! Mother of the Bride é um título que naturalmente eu jamais assistiria, mas por questões adversas fui forçado, e juro que fui de peito aberto, com boa vontade e deixando de lado os meus preconceitos com comédia romântica. Mas, infelizmente o filme não foi receptivo com a minha generosidade, sendo uma das maiores carniças que me recordo de ter assistido na Netflix em toda minha vida.
Emma e RJ vão se casar, e decidem fazer a cerimônia na Tailândia. Quando todos os convidados chegam ao resort onde será realizado o casamento, Lana, a mãe de Emma, descobre que o pai de RJ é Will, um antigo namorado dos tempos de faculdade. Agora Lana terá que lutar contra seus sentimentos reprimidos, para que nada atrapalhe a felicidade de sua filha.
O único ponto que não posso negar que me surpreendeu foi o fato de descobrir a real protagonista da história, eu jurava que estava diante de mais um remake, só que dessa vez com o gênero invertido, de O Pai da Noiva, mas confesso que fiquei surpreso quando percebi que o casal central dessa história não era o jovem, mas sim o mais velho formado pelos pais deles. Mas foi só isso que me impressionou minimamente, porque de resto o filme é uma bobajada, um amontoado de cenas constrangedoras e de mal gosto, graças a um roteiro fraco, personagens ruins e mal desenvolvidos, enfim, um desperdício gigantesco de dinheiro, o que me leva a questionar o porquê da Netflix gostar tanto de queimar milhões de dólares.
Brooke Shields sempre foi uma mulher linda e continua sendo, isso é inegável, mas pela misericórdia divina, que personagem horrível que ela está interpretando, aliás a única coisa que esse elenco se destaca é na beleza, todo mundo é bonito, todo mundo está gostoso, foi um e prazer ver o Chad Michael Murray, Sean Teale e Benjamin Bratt sem camisa em tela, mas fora isso não há nada aqui que faça essa história valer a pena.
Pesquisando sobre esse filme na internet, descobri que ele foi dirigido pelo Mark Waters diretor de dois clássicos dos anos 2000 que marcaram a minha geração, e sobreviveram na cultura pop, Freaky Friday (2003) e Mean Girls (2004), e isso me levou a acreditar que esse filme poderia vir a ser alguma coisa próxima desses dois filmaços, mas não passa nem por longe deles, de tão fracos sem graça, sem vida, sem emoção e sem brilho que isso aqui conseguiu ser, nitidamente um lixo atômico.
The Ministry of Ungentlemanly Warfare
3.1 12THE MINISTRY OF UNGENTLEMANLY WARFARE
Direção: Guy Ritchie
Ano: 2024
Assistido em: 12/05/2024
Mesmo a Segunda Guerra tendo acabado há praticamente 80 anos, ainda existem muitos segredos sobre ela que não conhecemos. E vira e mexe os historiadores nos surpreendem com alguma novidade sobre esse conflito que abalou o nosso mundo. O conflito de 1939-1945 tem histórias paralelas incríveis, muitas soam quase que inacreditáveis, e quando Hollywood descobre alguma delas, eles vão imediatamente fazer um novo filme. Com essa daqui Guy Ritchie nos entrega o que foi provavelmente um dos protótipos das chamadas Black Ops, operações especiais que são todas feitas debaixo dos panos.
Em 1941 a Inglaterra sofre para segurar as forças do Eixo. Diante da desesperadora situação, Winston Churchill recruta um controverso grupo composto por soldados altamente qualificados para atacar e afundar importantes navios dos alemães e italianos que estão em terras africanas controladas por aliados do eixo. A cargo da missão fica Gus March-Phillips que fará de tudo para atingir seu objetivo, mas das maneiras mais incomuns possível.
Ritchie nos apresenta uma equipe bastante disfuncional, sei bem que obviamente o que vemos em tela é uma versão bastante exagerada do que ocorreu de verdade, mas ainda assim, senti que com essa equipe, ele entrega o mesmo que sempre apresenta em seus filmes de assalto sobre os malandros das ruas de Londres. E apesar de admitir que existem personas interessantes nessa história, não posso negar que são figuras engessadas, não desenvolvidas, e pouco naturais dentro do roteiro.
Sobre o elenco escalado por Ritchie, convenhamos que o que tem de bonito, tem de canastrão, sejamos honestos, apesar de carismáticos não temos nenhum grande astro em cena, Henry Cavill atua como uma porta, e junto dele temos Alan Ritchson, Alex Pettyfer, Henry Golding, Hero Fiennes Tiffin e Eiza González todos servindo apenas beleza, já que são gostosos, mas ninguém dá show de interpretação, já Babs Olusanmokun, Cary Elwes, Til Schweiger, Henrique Zaga, Rory Kinnear, e Freddie Fox estão no apoio, mas também não apresentam nenhum grande desempenho. Mas nesse caso não julgo como sendo um falha total do elenco, afinal de contas, como disse anteriormente, os personagens não são muito profundos, Ritchie os trabalha como meras peças para montar a próxima sequência de ação. Pelo menos dessa vez o diretor abriu mão de um dos seus vícios mais recorrentes, já que não temos o flashback dentro de flashback O FILME INTEIRO, mostrando algo que acabou de acontecer, mas que o bonito não gosta de mostrar de uma maneira normal.
The Ministry of Ungentlemanly Warfare foi um filme que passou batido, quem conhece um pouquinho de cinema sabe o porquê, a Lionsgate não fez marketing nenhum, o título é péssimo, tem o pé frio master do Henry Cavill como grande estrela, enfim não é nem de perto um dos melhores trabalhos do Richie, e poderia ter rendido muito mais, mas não é um filme ruim, ele fica ali no meio termo, mas imagino que o diretor perdeu uma grande oportunidade, talvez se ele tivesse feito algo mais próximo da realidade, mais próximo dos eventos reais e coisa e tal, ele poderia ter feito o filme mais diferente da sua carreira, algo mais maduro, mais comprometido com o drama do que com a ação e a comédia, como ele sempre entrega. Enfim, nunca saberemos como seria esse projeto com um viés diferente, mas para quem gosta do estilo “solto” do diretor, isso aqui é um prato cheio.
Uma Ideia de Você
3.2 244 Assista AgoraTHE IDEA OF YOU
Direção: Michael Showalter
Ano: 2024
Assistido em: 11/05/2024
Essa é provavelmente a comédia romântica mais comentada desta primeira metade de 2024, e mesmo eu não morrendo de amores pelo gênero, gosto bastante da Anne Hathaway e do Nicholas Galitzine, por isso resolvi dar uma chance, e também pelo fato de acreditar que o roteiro trazia uma proposta um pouquinho diferente, já que trata de um casal com uma certa diferença de idade, algo totalmente incomum em comédias românticas. Entretanto, se você espera que essa premissa renda um filme diferente, pode ir tirando o cavalinho da chuva, The Idea of You até pode vir numa embalagem diferente, mas o conteúdo é exatamente o mesmo de sempre.
Solène acompanha sua filha adolescente e os amigos dela a um festival de música, mas o que parecia ser apenas uma obrigação enfadonha de uma mãe, ganha contornos completamente diferentes quando ela acaba conhecendo Hayes, um dos membros de uma das boy band que sua filha é fã. O que parecia ser um encontro comum logo vai evoluindo quando Solène e Hayes começam a se envolver romanticamente.
O ponto mais interessante desse filme é obviamente a discussão que ele levanta sobre relacionamentos de pessoas com idades diferentes, e como é muito mais complicado quando a mulher é a pessoa mais velha da relação. Não vou ficar romantizando relacionamentos com uma grande diferença de idade, porque honestamente não acredito que isso funcione, no caso específico dessa história, a diferença nem era tão grande assim, são 16 anos, mas na vida real uma pessoa de 24 anos e uma de 40 não estão na mesma sincronia, e isso é inegável, mas achei interessante ver a forma como o filme aborda essa questão, outro ponto importante é ver o massacre que a pobre da Solène teve que enfrentar por estar envolvida com um rapaz mais jovem, situação que obviamente um homem não passaria na mesma proporção em um caso inverso. A forma como ela foi perseguida pela imprensa, pela internet, e pelas fãs do Hayes é cruel, mas é algo factível caso esse casal fosse real, e não da fantasia.
Sou fã da Anne Hathaway há muitos anos, acho ela maravilhosa, e como eu disse o Nicholas Galitzine vem se destacando bastante nos últimos anos e já demonstra bastante potencial. Só que a escalação deles foi invocada, nunca que Anne aparenta ser 16 anos mais velha do que o Nicholas, para piorar a diferença de idade da vida real deles é de 13 anos, creio que deveriam ter escalado uma um ator mais jovem para o papel do Hayes. Mas independentemente disso ambos estão ótimos e carregam o filme nas costas já que não deixam de estar em cena em absolutamente nenhum minuto, a química deles é boa a direção é competente, nos proporcionando uma trama gostosa de acompanhar, é uma pena que a parte mais interessante, que quando o casal finalmente é descoberto, foi espremida nos 20 minutos finais, e o que poderia ser uma grande discussão é passado de uma maneira rápida, não sei de fato se isso é responsabilidade do diretor/roteirista Michael Showalter, ou se vem do material original.
Se tirarmos a parte do casal protagonista ter uma diferença de idade, The Idea of You é uma comédia romântica sem tirar nem pôr, que segue todos os meandros do seu gênero, com todos os seus tropos e estrutura, enfim nada de novo, nada de muito interessante, nada de diferente. Aliás a única coisa que me deixou impressionado com esse filme, foi o fato de saber que a autora do livro que ele é baseado se inspirou no Harry Styles para criar o Hayes, sendo que na minha humilde opinião este é de muito longe o mais feio de todos os membros do One Direction, enfim, cada um com seu mal gosto não é mesmo?! Pelo menos no filme os protagonistas são dois lindos e gostosos.
Ghostbusters: Apocalipse de Gelo
2.7 76GHOSTBUSTERS: FROZEN EMPIRE
Direção: Gil Kenan
Ano: 2024
Assistido em: 11/05/2024
Sou fã dessa franquia já tem bastante tempo, e como não era nem nascido quando os dois títulos clássicos foram lançados, só fui acompanhar a franquia nas salas de cinema a partir do reboot de 2016, e estava ansioso para assistir esse novo título, porém meus planos foram por água abaixo quando o único cinema da minha cidade não trouxe o filme, me fazendo ter que esperar mais alguns meses para poder conferir. E agora, a única coisa que posso fazer é agradecer o fato de não ter estreado por aqui, porque me impediu de gastar dinheiro com filme ruim.
Três anos após os eventos anteriores a família Spengler agora vive em Nova York. Eles passam a viver nas instalações da antiga estação de bombeiros, e assumem o legado dos antigos Ghostbusters, e passam a atuar pela cidade. Quando uma nova ameaça surge, caberá a eles livrar a cidade dessa situação, ao mesmo tempo que precisam se entender como família e enfrentar a rebeldia da adolescência de Phoebe.
Para mim o maior problema do Afterlife (2021) foi o pouco carisma dos novos protagonistas, a história era boa e fazia uma bela homenagem ao Harold Ramis, além da participação dos atores clássicos que servia como um “a mais”. Mas agora que eles estão novamente sob os holofotes, e assumiram a totalidade do manto dos Ghostbusters, essa falta de carisma fica ainda mais acentuada. Phoebe que no anterior era uma menininha bonitinha, legalzinha, meio esquisitinha aqui se torna uma adolescente chata, petulante, rebelde e metida a sabe tudo, enfim um porre de se acompanhar, o irmão que já era um personagem ruim, aqui só não está pior porque mal aparece, o Gary e a Callie que poderiam render bastante, também tem pouquíssimo tempo de tela, e os personagens clássicos servem apenas de escada para essa nova e fraca geração, servindo apenas ao fator nostálgico, e sem uma real função narrativa.
Quando anunciaram que o filme chamava-se Frozen Empire eu fiquei animado, gosto muito dessas histórias que se passam em lugares frios, encoberto de neve e coisa e tal, mas aqui tem outro problema, a vilã é genérica, igualzinha a todos os outros da franquia não tem nenhuma novidade, e o tal do império congelado, de império não tinha nada, e está mais para “bairro congelado”, já que só aparece nos 30 minutos finais, ou seja o roteiro mal justifica o título.
Eu tinha gostado bastante da possibilidade da franquia Ghostbusters voltar depois de tantos anos, pois seria uma oportunidade da minha geração de experimentar aquilo que apenas o pessoal dos anos 80 tinha experimentado, mas começo a achar que já chega né?! Já tivemos o reboot de 2016 que pareço ser o único no planeta que curtiu, tivemos um novo reboot gostosinho de assistir que por sua vez infelizmente não emplacou na cultura pop e agora tivemos essa sequência que é de longe o pior filme já feito nessa franquia. Então está na hora do Jason Reitman e a Columbia perceberem que o melhor é deixar essa marca descansar, para quem sabe daqui uns 15 anos (é claro que Hollywood não vai esperar esse tempo todo) tentar fazer algo que converse com mais de uma geração, e que consiga se tornar um grande sucesso como o primeiro foi lá em 1984, porque do jeito que está eles só estão desgastando mais e mais a franquia, seu nome e seu legado.
Planeta dos Macacos: O Reinado
3.7 77KINGDOM OF THE PLANET OF THE APES
Direção: Wes Ball
Ano: 2024
Assistido em: 10/05/2024
Até a década de 2000, quando falávamos sobre Planeta dos Macacos, basicamente nos referíamos a um único filme bom seguido por quatro continuações fracas, e a um remake que não fazia jus à obra original. Mas tudo isso começou a mudar a partir de 2011, quando a finada Fox decidiu rebootar essa franquia, e o que a princípio era motivo para muita desconfiança, logo se provou uma das melhores ideias dos últimos anos, já que eles nos entregaram uma trilogia Impecável, com filmes de altíssima qualidade que levaram o nome da franquia dos símios a um novo patamar dentro de Hollywood. Mas após finalizarem a história do Caesar, será que ainda tinha história para ser contada nesse universo?! Kingdom of the Planet of the Apes surge como a resposta para essa pergunta.
Séculos após a morte de Caesar, os macacos se tornam a espécie dominante na Terra. Nesse cenário somos apresentados a Noa, um jovem macaco da tribo dos domadores de águias, que tem sua vila atacada pelos violentos seguidores de Proximus Ceasar, um perigoso macaco que distorce os antigos ensinamentos de Caesar. Sozinho, Noa embarca em uma jornada em busca de salvar os membros restantes de seu povo, entretanto seu caminho se cruza com o de Mae, uma humana selvagem que mudará completamente a percepção que ele tinha dessa raça praticamente extinta.
Quem já assistiu todos os filmes dessa saga sabe que ainda há muito chão até essa nova leva de filmes alcançar a história clássica que deu início a toda a saga, obviamente faltam séculos até que o astronauta George Taylor volte para Terra. Então ainda há muito espaço de tempo sobrando para que seja preenchido com novas histórias. Nessa nova empreitada não temos mais a presença de Caesar, afinal de contas ele morreu há 300 anos, o nosso novo companheiro é o Noa, um macaco jovem que vivia com sua tribo sem nenhum contato externo, tudo que ele conhecia era referente aquele pequeno mundinho, portanto esse filme serve de apresentação, não só para o púbico, mas também para o novo protagonista, vamos juntos conhecendo as novidades dessa Terra, que não é mais a mesma que vimos nos títulos anteriores.
O grande trunfo dessa franquia sempre foram seu efeitos especiais, e aqui eles não devem em nada aos anteriores, os macacos estão belíssimos, a fotografia é ótima, e o Wes Ball manda muito bem nas sequências de ação. Obviamente o Owen Teague não é o Andy Serkis, mas ele está muito bem no papel do protagonista, assim como Freya Allan que soube dar um ar de ambiguidade bem interessante a sua Mae, que convenhamos, está arrumadinha demais para um mundo tão detonado como esse. É uma pena o roteiro não trazer um vilão forte dessa vez, após os excelentes Koba no Dawn e do Capitão em War, esse Proximus Caesar foi muito fraquinho, sem uma presença marcante ou atos que serão lembrados.
Kingdom of the Planet of the Apes tem uma boa história, nos levando a questionamentos muito interessantes e paralelos que podem funcionar perfeitamente na nossa sociedade, afinal de contas não é nada em incomum vermos líderes políticos deturpando ensinamentos antigos em prol de seus interesses pessoais, e pessoas seguindo isso sem nenhuma espécie de questionamento, só que diferentemente do filme, na vida real nós não temos um salvador que aparece do nada para melhorar as coisas. Creio que a franquia está bem encaminhada, essa nova empreitada deixou ideias bem engatilhadas para um próximo título, mas espero que os produtores/roteirista sejam mais audaciosos no futuro, está na hora de ligar essa linha temporal aos macacos evoluídos e inteligentes que conhecemos na obra original, já passou da hora do título Planeta dos Macacos ser justificado e vermos a sociedade dos símios em todo o seu potencial como sabemos que eles conseguirão chegar.
Sem Saída
3.5 87 Assista AgoraNO WAY OUT
Direção: Roger Donaldson
Ano: 1987
Assistido em: 05/05/2024
Esse filme está na minha lista de pendências há um bom tempo, sou apaixonado por suspense e sempre busco as melhores produções do gênero, as mais bem avaliadas pela crítica e tenho um apreço especial obviamente por aquelas que tem plot twists que me surpreendam. E sempre me deparava com No Way Out nas listas de melhores títulos, e tinha grande vontade de assistir, então nem procurei saber nada sobre os bastidores como comumente gosto de fazer, porque queria ser surpreendido e não ter essa oportunidade estragada como já tive em inúmeras outras ocasiões, mas confesso que tamanha expectativa estragou bastante a minha experiência, até mesmo mais do que se eu já soubesse o final.
O tenente da marinha Tom Farrell recebe a missão de trabalhar para o secretário de defesa dos Estados Unidos, dentro de um programa especial da CIA. Quando o oficial começa um envolvimento com uma misteriosa mulher, ele não podia imaginar que ela era amante do secretário. Quando a mulher é misteriosamente morta, o secretário Brice espalha para todos os cantos que ela tinha um caso com um espião soviético e encarrega o tenente Farrell de encontrar essa pessoa, sem saber que era o próprio Tom o tempo todo.
No Way Out é um filme terrivelmente complicado, não no sentido de que ele é difícil de ser entendido, mas sim porque sua história toma decisões bem estranhas. A primeira hora é extremamente arrastada, não acontece quase nada, não desenvolve direito os personagens, é extremamente desmotivante e quando a história começa para valer depois exatamente uma hora de filme, aí o roteiro apela para decisões completamente absurdas. Você acredita que o grande vilão é o Secretário Brice do Gene Hackman mas não, o principal antagonista é o assessor, que de uma hora para outra vira um maluco que sai matando as pessoas a torto e a direita sem nenhum motivo verdadeiramente interessante.
Então o assistente mata as pessoas para que o segredo do seu patrão não seja revelado?! Ok, mas porquê?! Tudo isso para ser eleito funcionário do mês?! Mais sem sentido do que isso aí, só o que foi revelado na última cena, onde descobrimos que o espião era ninguém mais que o Tenente Farrell, o nosso mocinho injustiçado que estava o tempo todo tentando provar sua inocência. Não me incomodo nem um pouco do protagonista não ser o herói, não é isso, até gosto desse tipo de reviravolta o problema é que o roteiro não nos deu nenhuma base para essa isso ser crível, de forma que a revelação chega, é de uma maneira extremamente forçada, do nada.
Esse é o segundo filme do Roger Donaldson que assisto, e os dois me deixaram exatamente com a mesma impressão, que ele sempre tem boas histórias nas mãos, mas não sabe como conduzi-las, ele não faz filmes ruins, não é isso, só não faz com que eles atinjam o potencial que poderiam atingir. Aqui ele teve a sorte de ser acompanhado por atores talentosos como Kevin Costner (em sua versão mais linda), Gene Hackman e Sean Young, mas infelizmente o roteiro foi um pouco desleixado, e deveria ter sido mais polido. Não sei se o livro base é assim, mas a forma como levaram para o cinema ficou bem irregular, enfim, história boa, porém mal contada.
A Ilha do Dr. Moreau
2.7 135 Assista AgoraTHE ISLAND OF DR. MOREAU
Diretor: John Frankenheimer
Ano: 1996
Assistido em: 05/05/2024
Demoro um tempo até dizer que não gosto de alguma coisa, sempre procuro dar uma nova oportunidade, se assisto um filme que não gosto, procuro outro título do mesmo diretor, ou então procuro revê-lo um outro dia, quando eu estiver com um humor diferente ou melhor disposição. E quando o assunto é literatura, HG Wells é de longe um dos nomes mais importantes quando falamos de ficção científica, e há alguns anos eu fui com muita sede ao pote atrás dos livros dele, mas infelizmente os que li não fizeram a minha praia. Portanto decidi inverter a ordem natural, procurando por algumas adaptações, e caso elas me agradassem, aí sim eu iria atrás dos livros, mas infelizmente essa versão de A Ilha do Dr. Moreau foi sem sombra de dúvidas a pior escolha que eu poderia ter feito.
Quando Edward Douglas, um membro das Nações Unidas, sofre um terrível acidente, ele fica perdido em pleno mar aberto e acredita que sua vida está acabada. Entretanto ele é salvo pelos homens do misterioso Dr. Moreau, um geneticista brilhante que vive recluso há vários anos em uma ilha. Quando Douglas chega ao local, ele dá de cara com um lado mais obscuro do ser humano ao se deparar com quimeras híbridas de seres humanos e animais criadas por Moreau.
A ideia base da história é muito boa, discute questões éticas muito interessantes, e quando paramos para pensar tudo isso surgiu na cabeça do Wells no final do século XIX, só aumenta a minha admiração pela criatividade e inteligência do autor, mas não estou aqui para falar do livro e nem da ideia por trás dele, mas sim do filme de 1996, esse último um desastre proporções cósmicas. Quem se dedicar nem que seja por 10 minutos a ler sobre os bastidores desse filme, já sabe que ele foi um caos absurdo, e todas as tribulações enfrentadas nos bastidores são visíveis em tela. Os personagens são completamente sem graça e sem desenvolvimento, a trama meio que anda sozinha, pois o protagonista não tem nenhum destaque, ele só fica assistindo de camarote a revolução que vai se desenvolvendo, a impressão é que se o Douglas não estivesse ali, a história aconteceria da mesma forma em algum momento, mais cedo ou mais tarde mas aconteceria, ou seja estamos acompanhando um protagonista quem não serve para absolutamente nada, e não tem nada mais frustrante do que isso.
O diretor John Frankenheimer caiu de paraquedas nesse projeto, e de cara deparou com dois dos mais problemáticos atores de todos os tempos. Todo mundo sabe que Marlon Brando nunca foi fácil, apesar de ser extremamente talentoso, ele era praticamente impossível de lhe dar, e ainda tinha o Val Kilmer ajudando a perturbar, sobrou apenas o pobre do David Thewlis segurar o rojão, que infelizmente não tem força para segurar um projeto como protagonista, e claramente não sabia para onde ir, apenas tentava sobreviver no meio da confusão.
Tem filmes que estão fadados a dar errado, The Island of Dr. Morreau, foi detestado pela crítica, não fez dinheiro, foi parar no Framboesa de Ouro e logo depois foi esquecido, e hoje em dia é só é lembrado pelos seus problemas de bastidores. No final ele é uma prova que nada garante o sucesso de filme, nem mesmo tendo nomes fortes envolvidos como um diretor experiente, e grandes astros, ainda assim não foi o suficiente para fazer um bom trabalho, principalmente quando esse talentoso time não faz a menor ideia do que está fazendo, ou cada um está fazendo da sua própria maneira, causando apenas um enorme desperdício de tempo e dinheiro.
O Dublê
3.7 74THE FALL GUY
Diretor: David Leitch
Ano: 2024
Assistido em: 04/05/2024
Como cria dos anos 90, nunca tive contato com a série que inspirou esse filme, logo não tenho o fator nostalgia na equação, o que me trouxe aqui foi o elenco, já que eu sou muito fã do trio de atores principais, e principalmente a animação que me despertou ao saber que o diretor seria o David Leitch. Após assistir Bullet Train (2022), percebi que ele poderia ser muito bom com a comédia, e imediatamente fiquei animado, e não é que dessa vez as minhas expectativas foram todas satisfeitas!
Colt Seavers é um experiente dublê, que após sofrer um grave acidente acaba ficando fora do radar. Quando Colt recebe uma proposta de voltar a trabalhar com o astro Tom Ryder, ele fica meio receoso, mas aceita imediatamente quando descobre que a diretora desse novo filme é Jodi, a mulher que ele ama, porém, que foi forçado a abandonar após o acidente. Entretanto o que Colt não imagina é que Tom Ryder está desaparecido e caberá a ele encontrar o ator, sem saber que isso o enfiará em uma confusão dos diabos.
Gente a coisa mais inteligente no cinema é quando a equipe tem consciência do que está fazendo, The Fall Guy nos conta os bastidores de “Metalstorm”, um filme que claramente é uma farofa completa, e uma bobajada descompromissada, e é exatamente dessa forma que David Leitch decide contar a história do seu filme da vida real, sem absolutamente nenhum compromisso com a realidade, ele nos entrega uma deliciosa comédia de ação que em momento algum se leva a sério. Todo mundo em cena está se divertindo horrores e por tabela nós também nos divertimos com as situações mais bizarras que são apresentadas, Colt entra nas maiores enrascadas que podemos imaginar, e por mais absurdas que elas pareçam quanto mais sem noção, mais divertido o filme fica, pois estamos acompanhando a jornada de um protagonista adorável.
No meu comentário de The Gray Man (2022), eu disse que o Ryan Gosling estava me irritando porque todos os personagens que ele estava fazendo tinha a mesma cara e a mesma expressão morta, e que eu tinha esperanças que Barbie (2023) fosse o filme que faria ele despertar da letargia, e foi dito e feito, eu só não imaginava que ele entregaria um personagem melhor que o Ken logo em seguida, o Colt é um personagem delicioso e Ryan está muito bem nesse papel, a gente ri, torce, se diverte, pois o timing de comédia do ator é ótimo, e ele é a grande grande estrela aqui, todos os demais personagens funcionam em prol dele, e isso é maravilhoso, pois quando o protagonista é bom, o público fica imerso e atraído pela história. Também estão maravilhosos a sempre maravilhosa Emily Blunt, que adoro quando está voltada para comédia, e meu queridinho Aaron Taylor-Johnson, que bem que poderia ter aparecido mais, mas quando apareceu também se destacou. Também devemos agradecer ao Leitch que deixou todo mundo extremamente (ainda mais) gostosos, principalmente os meninos, Gosling e Taylor-Johnson estão de tirar o fôlego.
Divertidíssimo, engraçado, com sequências de ação muito bem feitas, tudo isso embalado com uma trilha sonora EXCELENTE, The Fall Guy é uma merecida, necessária, e atrasada homenagens aos dublês, uma profissão que é tão importante para a fábrica dos sonhos de Hollywood, mas que infelizmente não recebe o devido reconhecimento, e tendo o David Leitch começado sua carreira dessa forma, ele valoriza demais essa profissão através desse filme, e o que me deixa mais feliz é o fato de ser um filmaço, porque seria uma tristeza se a homenagem tivesse resultado em uma bomba. Espero que essa delicinha faça muito sucesso, e quem sabe ganhe até uma continuação, porque aqui tem espaço para isso, e sem sombra de dúvidas merece, porque todos os envolvidos deram um show e entregaram esse que já é de longe um dos melhores filmes de 2024.
Godzilla: Minus One
4.1 300GODZILLA MINUS ONE
Direção: Takashi Yamazaki
Ano: 2023
Assistido em: 04/05/2024
Os últimos anos vem sendo muito auspiciosos para a lagartixa mais famosa do Japão, o Gojira voltou com força total a cultura pop, conseguindo muito destaque não só na sua terra natal, onde ele é idolatrado, mas também no ocidente graças às famigeradas produções americanas. Em 2023 vimos algo muito raro acontecer, um filme japonês do Godzilla (que muita gente torce o nariz devido ao baixo orçamento) conquistou a crítica especializada e fez o que muitos consideravam impossível há alguns anos, venceu o Oscar de Melhores Efeitos Visuais. O problema é que a Toho nos fez o favor de esconder esse filme para que ele não influenciasse no sucesso de Godzilla X Kong: The New Empire (2023), mais uma trolha americana feita sem o menor capricho.
Após o final da Segunda Guerra Mundial, o Japão está reconstruindo os seus pedaços na tentativa de se restabelecer. Dois anos depois, em 1947, o país vai enfrentar uma ameaça tão grande quanto os aliados: trata-se do Godzilla, uma criatura vinda direto das profundezas do mar com uma fúria incontrolável, e que não diferencia nada e nem ninguém. Nesse cenário somos apresentados ao casal Koichi e Noriko, que se uniram no pós-guerra e tentam construir uma nova vida, porém suas vidas novamente serão colocadas em risco, quando eles precisarão lutar para sobreviver a esse novo Apocalipse.
Esqueça a visão americana do lagartão, em Minus One, o diretor Takashi Yamazakil reseta tudo e nos traz de volta o Godzilla em seu estado natural, aqui o kaiju age tal qual foi desenhado em 1954, como um animal selvagem, bestial, que está marcando seu território, e que passa por cima de qualquer coisa que esteja em seu caminho. Enquanto o Godzilla que mais temos contato aqui no ocidente é o anti-herói, que faz muito estrago, mas sempre está combatendo uma ameaça maior, aqui ele voltou a ser essa ameaça, e caberá aos humanos tentarem fazer algo para se livrar dele antes que ele os pisotei.
Sempre fui contra a ideia de dar muito destaque a humanos em filmes de kaiju, para mim elas estão ali apenas para serem mortos das maneiras mais criativas possíveis. Mas preciso dar o braço a torcer, e salientar que as histórias aqui apresentadas são muito boas, humilhando aquelas porcarias daqueles personagens xexelentos dos filmes americanos. Koichi é um soldado de guerra, traumatizado, que têm uma vergonha muito grande do seu desempenho durante o conflito, e busca uma espécie de redenção, ele não é o herói motivado a salvar o mundo, nada disso, ele é uma pessoa com muitos conflitos internos, que vê no combate contra o Godzilla uma forma de expiação da culpa que ele carrega por ter fugido de sua missão como Kamikaze, toda essa base é essencial para nos conectar com esse personagem, ele tem boas motivações, um bom desenvolvimento, e a atuação de Ryunosuke Kamiki também é muito boa, tudo isso fez com que eu me importasse com esse humano e desejasse que o Godzilla não o fritasse com seu bafo atômico até o mesmo virar purê.
Mas inegavelmente o que mais deixou o público de boca aberta foram os efeitos especiais, o baixíssimo orçamento dessa produção foi uma pedrada na cara dos produtores de Hollywood,Takashi Yamazaki fez um verdadeiro milagre. Vale ressaltar que esse Godzilla espelha muito o original, a cabeça é mais arredondada, e ele está menor, mesmo eu adorando versão jumbo dos americanos, admito que essa versão mini também ficou muito linda, as cenas onde ele usa suas rajadas atômicas ficaram de arrepiar. Enfim esse filme humilha Hollywood inteira, que deveria ter vergonha das porcarias que anda entregando ultimamente, que possuem vinte vezes mais orçamento.
Finalmente consegui entender o encantamento do público e da crítica, os filmes do Gojira que mais tem repercussão no mundo infelizmente são os americanos, que são muito fraquinhos quando o assunto é história, mas aqui não, tudo tem contexto, e as partes técnicas possuem qualidades inegáveis, que fazem com que esse seja de longe o melhor filme do Godzilla em muitos e muitos anos. O único ponto que me desagradou é que ele ainda aparece pouco, sei que foi bem mais que nas produções do Tio Sam, mas para mim ainda foi pouco, minhas produções favoritas dele são aquelas que ele tem todo o tempo para brilhar, porque nunca devemos nos esquecer que o protagonista dessa história sempre foi e sempre será o lagartão.
Cortina de Fogo
3.4 65 Assista AgoraBACKDRAFT
Direção: Ron Howard
Ano: 1991
Assistido em: 03/05/2024
Sempre fui fascinado pela profissão dos bombeiros, acho um trabalho belíssimo e muito altruísta colocar a sua vida em perigo em prol da segurança do semelhante, correndo risco de morte quase que diariamente pela vida dos outros. Sempre tive muito interesse em assistir esse filme, porque é do Ron Howard, diretor que gosto bastante, e porque tem um elenco espetacular repleto de grandes talentos, mas infelizmente não encontrei aquilo que procurava.
Os irmãos Stephen e Brian nunca se entenderam, mas ambos nutrem a mesma paixão pela profissão do pai, bombeiro, que morreu em serviço. Quando adultos, Brian precisa lidar com Stephen que é tenente de seu batalhão, mas ambos vão ter que deixar suas desavenças de lado para descobrirem a identidade de um incendiário em série que está aterrorizando Chicago.
O maior problema desse filme é que a história é extremamente chata, imagino que os produtores queriam fazer uma obra sobre a profissão, sobre os perigos de ser um bombeiro e idealizaram a sequências de ação, dos profissionais em campo, mas não sabiam qual história eles iriam usar para embalar essas cenas, e é justamente esse o problema. Temos um conflito de dois irmãos que simplesmente não interessa, já que ambos não tem um pingo de carisma, o desenvolvimento deles é péssimo, então pouco importa se ambos estão se dando bem, ou se estão brigando, se vão se reconciliar ou se vão ficar brigados, não há um único ponto que desperte o interesse além das sequências que envolvem os incêndios.
É Inegável que o elenco é assombroso, e repleto de grandes talentos como Kurt Russell, Scott Glenn, Donald Sutherland, Jennifer Jason Leigh e Robert De Niro, mais minha gente, William Baldwin é muito ruim, o que ele tinha de bonito na juventude, tinha de canastrão, não importa o personagem, todo o filme dele que já assisti ele está sempre com a mesma cara de pamonha, não dá para acreditar que esse cara é o herói, o protagonista da história.
Backdraft só se sobressai pela sequências de ação, e vou dar uma puxada de saco na trilha sonora que é do meu compositor favorito, Hans Zimmer (que nem de longe está no seu melhor), mas fora isso é um filme entediante, fraco, com história insossa, facilmente esquecível, enfim um grande desperdício de tema, já que esse assunto poderia render um grande drama com muita ação, mas infelizmente dessa vez Ron Howard e sua equipe não corresponderam às expectativas, realizando o que com certeza absoluta, é uma simples nota de rodapé na carreira de todos os seus envolvidos.
Orações para Bobby
4.4 1,4KPRAYERS FOR BOBBY
Direção: Russell Mulcahy
Ano: 2009
Assistido em: 28/04/2024
Esse filme foi particularmente muito difícil de assistir, tanto que ele estava a mais de 8 anos no meu HD, e nunca tive coragem de encarar, o motivo? Simples! Por já saber da história, eu sempre me identifiquei muito com o Bobby, também sou filho de uma pessoa extremamente religiosa, permanentemente intransigente, e também sou homossexual, então, muito do que o Bobby sofreu, eu também sofri em uma escala diferente, e por isso foi um sofrimento muito muito grande acompanhar essa história.
Bobby é o filho perfeito de uma família extremamente bem estruturada, que acredita no pleno potencial dele para ser um grande homem na sua vida adulta. Entretanto, Bobby se vê como uma grande farsa, por ser homossexual, ele teme profundamente desapontar sua família e ir contra os desígnios de Deus. Bobby tem tantos questionamentos que sua vida será levada a um ponto sem retorno causado por uma forte depressão, sofrimento e problemas com auto aceitação.
Sou agnóstico, mas creio sim que Jesus Cristo existiu, só não creio na sua divindade. O mais importante legado de Jesus para mim, foi sua mensagem de amor, de compaixão, mas infelizmente esse belo ensinamento foi distorcido ao longo de séculos por pessoas que utilizavam da ingenuidade, medo e ignorância de muitos para manipular as massas ao seu bel prazer. É surreal acreditar que ainda existem pessoas que levam pensamentos de dois mil anos, completamente antiquados, de uma crença que surgiu em um contexto completamente diferente do atual, a ferro e fogo, como se fosse lei absoluta, somente para justificar seus preconceitos. Eu ouvi muito dentro da minha própria casa que homossexualidade era uma abominação, que fazia Jesus chorar, entre outras coisinhas, enfim, sei muito bem o que o Bobby passou. Infelizmente não posso julgá-lo por sua atitude desesperada, graças a um árduo trabalho e muita dedicação, consegui me livrar dessa lavagem cerebral imposta pela religião da minha mãe (que fui obrigado a seguir até meus 16 anos), e hoje eu estou livre disso, dessa pressão de me sentir errado, de me sentir culpado, pecador, me libertei desse mal, mas infelizmente muitos Bobbys não tem essa oportunidade, muitos ainda se sentem responsáveis, porque é só isso que eles escutam sair da boca daqueles que os dizem amar.
Sobre a personagem Mary, eu tenho uma opinião muito polêmica sobre ela, muitos acham que o que ela fez foi muito bonito, ao dedicar sua vida na luta pelos direitos LGBT, mas não seria muito mais bonito se o sentimento que a levou a essa luta não tivesse sido o amor pelo seu filho, ao invés do remorso por ter falhado com ele?! Ok, ela fez muito pela causa gay, mas não fez o mínimo por aquele que ela pôs no mundo e deveria ter amado incondicionalmente. Creio que a morte do filho foi uma punição suficiente para ela, mas isso não apaga o fato dela ter sido sim, uma das principais responsável por levar o Bobby a um ponto sem retorno. Portanto, jamais vou passar pano e enaltecer o trabalho de alguém que só se moveu, só se posicionou por culpa. No final, ela nunca esteve lá para quem mais precisou dela.
Sobre o filme, Sigourney Weaver é um espetáculo de atriz, ela estava tão maravilhosa que consegue nos fazer sentir todos os sentimentos que aquela personagem estava vivenciando, da mesma forma Ryan Kelley também estava maravilhoso, nos fazendo sofrer toda a angústia do pobre do Bobby. É uma tristeza que esse filme tenha sido produzido para televisão, uma história tão poderosa, tão triste, mas ao mesmo tempo tão necessária merecia o cinema, merecia um maior reconhecimento.
Após chorar uns bons minutos após o final, o sentimento que fica é o de preocupação, pelos muitos Bobbys que existem por aí, vítimas daqueles que deveriam protegê-los, sentindo na pele dentro de casa o descaso, o preconceito, o ódio, se sentindo menores, se sentindo inferiores, se sentindo presos, acuados e errados, e o mais doloroso é que isso vem daqueles que deveriam amá-los acima de qualquer coisa. É lamentável saber que preconceito, que crenças religiosas, são maiores do que o dito “sentimento mais forte de todos” que na teoria deveria ser o amor de um pai por um filho.
City Hunter
2.7 15 Assista AgoraCITY HUNTER
Direção: Yûichi Satô
Ano: 2024
Assistido em: 28/04/2024
Conheci City Hunter em uma matéria da extinta revista Henshin lá pelos idos dos anos 2000. Entretanto, naquela época não tive a oportunidade de assistir, eram outros tempos, o acesso que a internet proporciona hoje em dia não era tão grande naquela época, e com o tempo, o interesse foi esfriando, e passados todos esses anos, nunca tive oportunidade de conferir, mas quando a Netflix anunciou que faria um filme baseado em City Hunter, tive a certeza absoluta que seria por ele a minha entrada nesse universo.
Ryo é um detetive particular nada convencional que usa todos os seus talentos das formas mais absurdas possível. Quando seu parceiro Hideyuki é morto durante uma importante investigação, caberá a ele com auxílio de Kaori, irmã mais jovem de Hideyuki, descobrir uma perigosa trama que está colocando os jovens de Tóquio em grande risco.
Não sou nenhum defensor de adaptações para live actions de mangás, as páginas possuem elementos e características muito particulares, que não funcionam bem com humanos fazendo, e para piorar os estúdios forçam demais, nada parece natural, soa como se fosse algo surreal, e eu senti muito disso em City Hunter. A personalidade do Ryo pelo que eu já li sobre essa franquia, é algo muito peculiar, ele é esse brincalhão, mulherengo, sem vergonha, que parece irresponsável, mas é excelente em seu trabalho, e por mais que tenham mantido todas essas características no roteiro, ficou estranho demais um homem de carne e osso agindo exatamente igual a um personagem de mangá/anime. Outro detalhe a chamar atenção é que o mangá foi publicado originalmente na década de 1980, ele tem um estética oitentista, que aqui tentaram recriar, só que a história não se passa nas anos 80, deixamos tudo muito esquisito, se queriam uma pegada anacronica, não conseguiram.
O elenco é bom, com destaque a Ryohei Suzuki que conseguiu dar muita leveza e descompromisso nos momentos que o Ryo pedia, mas ao mesmo tempo que conseguiu transmitir a seriedade quando necessário, infelizmente não posso dizer o mesmo do resto dos atores que estão bem esquecíveis em seus papeis. A direção conseguiu recriar excelentes cenas tal qual foram idealizadas, mas infelizmente o roteiro poderia ser mais caprichado.
City Hunter está longe de ser um desastre como são a maioria esmagadora das adaptações em live-action de animes e mangás, mas também não consegue sair do mediano, ele tem aquela aura de filme da Netflix, e infelizmente filmes da Netflix tem um quê de qualidade duvidosa. uma energia de filme de segunda mão, cinema B, que nos anos 1990/2000 eram direcionados direto para home video, mesmo sendo uma entrada divertida, que serve para despertar o interesse do público com relação ao universo de City Hunter, como cinema, bem que poderiam fazer algo um pouquinho melhor.
Sucesso Acima de Tudo
3.1 40 Assista AgoraKILL YOUR FRIENDS
Direção: Owen Harris
Ano: 2015
Assistido em: 27/04/2024
Eu não tenho praticamente nenhum preconceito cinéfilo, tirando o gênero de romance que não sou muito fã, assisto praticamente tudo, basta eu ler uma sinopse que julgue minimamente interessante, ou ver um elenco com ao menos um ator que eu gosto, que pronto, já é o suficiente para me cativar e conquistar minha atenção. Mas nesse processo eu acabo sendo atraído por muita coisa ruim, e só me dou conta disso quando já estou assistindo, e aí me obrigo a ir até o fim, e cá estou para mais um desses exemplos.
Na Londres de 1997, Steven Stelfox é um produtor musical em busca de seu próximo grande sucesso em um cenário dominado por boybands e grupos de gêneros que ele não gosta. Em meio, a muita drogas Stelfox vai ultrapassando todos os limites para sobreviver nesse mundo tão competitivo, mesmo que isso signifique matar pessoas próximas a ele.
Quando li sobre Kill Your Friends imediatamente me interessei, sou fã do Nicholas Hoult, amo comédias de humor negro, e fiquei extremamente animado com ambientação nos anos 90 e o tema proposto, afinal de contas o cenário musical naquele período era um caldeirão efervescente, e isso poderia render uma grande história, entretanto aqui, a soma dos diversos elementos não resultaram em algo positivo, Nicholas é desperdiçado, de comédia o filme não tem nada, e a localização no tempo e espaço é indiferente ao que a se propõe.
Com o roteiro profundamente desinteressante, o roteirista não sabe o que quer nos contar, o filme é classificado como uma comédia e um suspense, entretanto não é engraçado e muito menos nos deixa tensos o suficiente para querer saber o que vai acontecer a seguir, tem suas reviravoltas, uma surpresa aqui e outra acolá, mas não há nada que salve o resultado final de ser anêmico, capenga, sem vitalidade, sonolento e desinteressante.
Totalmente decepcionante, Kill Your Friends é um enorme desperdício, seja de elenco, de ideia, e até de orçamento, quantos filmes não poderiam ter sido produzidos com esse dinheiro?! Talvez em mãos mais capazes essa mesma história poderia ter rendido algo mais memorável. No final, a única certeza que tenho é que daqui alguns dias, quando eu olhar a lista de filmes que já assisti, vou me assustar quando me deparar com esse título, porque ele já foi rapidamente deletado da minha cabeça assim que os créditos começaram a subir.
Os Três Mosqueteiros: Milady
3.3 21 Assista AgoraLES TROIS MOUSQUETAIRES: MILADY
Direção: Martin Bourboulon
Ano: 2023
Assistido em: 27/04/2024
Um dos filmes que mais me impressionou no ano passado foi a primeira parte dessa duologia sobre Os Três Mosqueteiros. Como fã devoto do Alexandre Dumas, fiquei encantado em ver um projeto que respeitava a história sem fazer nenhuma alteração estúpida, e ainda mais falado em francês, a língua original dessa história. Logo minha expectativa para essa segunda parte estava nas alturas, mas como o cinema de minha cidade nunca traz nada que não seja blockbuster americano, tive que esperar ansiosamente ele ser disponibilizado em algum streaming, e infelizmente sou obrigado a admitir que Milady é inferior a D’Artagnan.
Após terem conseguido salvar o rei Louis XIII de um atentado, os mosqueteiros correm contra o tempo para impedir a conspiração que pretende levar a França a uma guerra civil. Ao mesmo tempo, D’Artagnan tenta salvar a sua amada Constance enquanto entra em confronto direto com a perigosa Milady de Winter sem saber que essa mulher esconde segredos muito mais obscuros do que ele poderia imaginar.
No quesito técnico Milady segue à risca tudo o que anterior tinha estabelecido, o design de produção é absurdo, os figurinos são lindíssimos, os cenários são ótimos, a trilha sonora é empolgante, a fotografia é muito bonita, enfim é um filme onde o capricho dos realizadores é palpável, bem superior à maioria das produções artificiais de hoje em dia, entretanto os problemas apresentados na primeira parte, foram acentuados nesta segunda.
O ponto que mais me incomodou em D'Artagnan sem sombra de dúvida foi a edição, o ritmo do filme não era bom, mas agora olhando para Milady, começo a achar que fui injusto com a primeira parte, porque o que lá era apenas um problema pontual, aqui se tornou uma senhora dor de cabeça. As cenas parecem completamente desconexas é como se uma sequência pulasse para o outra sem que exista coerência entre elas, sei que o livro é imenso, tem muita história paralelas, mas uma boa edição e montagem poderiam resolver essa situação, deixando o filme orgânico, o que não dá é o D’Artagnan em uma cena está preocupado com a Constance, e na outra nem lembrar que ela existe. O que salva Martin Bourboulon é o ótimo elenco que aliado com os grandes personagens do Dumas conseguem conquistar nossa atenção e interesse. E para agravar ainda mais a situação, aqui os roteiristas se entregaram aos invencionismos, criados situações inexistentes nos livros e deixando o final em aberto, sem saber se haverá possibilidade de um terceiro título.
Como esses dois longas não foram grandes sucessos de bilheteria, a possibilidade do terceiro título está em aberto, isso é uma tristeza, e espero muito que seja aprovado, mas espero ainda mais que voltem a focar nas histórias escritas pelo Dumas, mesmo assim, creio que foi uma irresponsabilidade imensa por parte dos produtores em finalizarem a história da maneira como foi feito, sem um novo filme a vista. Pelo menos ainda temos para este ano uma nova adaptação de O Conde de Monte Cristo, e que como já disse em outros comentários, esse é meu livro favorito da vida, então as minhas expectativas estão ainda mais altas do que as que eu tinha para Os Três Mosqueteiros, e só espero que o padrão de qualidade permanece e o respeito a obra mãe e a fidelidade AUMENTEM. O mundo precisa redescobrir porque o Dumas é um dos maiores autores de todos os tempos e o porquê de suas obras fazerem tanto sucesso quase 200 anos após os lançamentos originais.
Transamerica
4.1 746 Assista AgoraTRANSAMERICA
Direção: Duncan Tucker
Ano: 2005
Assistido em: 21/04/2024
O grande desafio de toda pessoa LGBT é a aceitação, e não apenas dos outros, como família e amigos, mas a aceitação interna, você se reconhecer e se assumir tanto quanto a sua orientação sexual quanto a sua identificação de gênero é algo complexo. Como um homem gay, sei o quão difícil é se aceitar antes de qualquer coisa, mas as pessoas trans têm uma dificuldade muito maior, porque não consigo nem imaginar como deve ser horrível se olhar no espelho e não aceitar a imagem que está sendo refletida.
Bree é uma mulher trans que está fazendo preparativos para sua operação de transição de gênero. Quando ela finalmente consegue seu almejado sonho, seu mundo vira de cabeça para baixo ao descobrir que ela teve um filho, e que a mãe do garoto cometeu suicídio deixando uma adolescente de 17 anos completamente desorientada no mundo. Caberá a Bree ir em busca desse filho sem revelar para ele que ela na realidade é seu pai biológico.
Transamerica é uma mistura de diversos tipos de filmes em um só, temos o drama sobre a dificuldade de um pai se conectar com filho, temos o road movie com uma dupla incomum viajando estrada afora à medida que vão se conhecendo melhor, e temos um filme LGBT que discute as dificuldades de uma pessoa trans e gay ser aceita pela sociedade, mas essa salada que poderia ocasionar em um filme desastroso, é bem organizada pelo diretor/roteirista Duncan Tucker, que sabe orientar todos os temas propostos sem que nenhum apague o outro e sem que o roteiro descambe agressivamente para um lado, mantendo o equilíbrio na produção como um todo.
Apesar de hoje em dia não ser politicamente correto uma mulher interpretar uma mulher trans, em 2005, ninguém dava a mínima para isso, independente da polêmica ou não, o que é inegável é que a Felicity Huffman está impecável no papel de Bree, ela consegue transmitir o medo, a angústia e os receios da personagem, e nos faz torcer para que tudo dê certo na vida dela. De igual modo, Kevin Zegers também se destaca como o problemático Toby, ambos têm muita química, e funcionam bem em cena, é muito bonito ver como eles se ajustaram e aprenderam a se aceitar mesmo diante das incompatibilidades.
Transamerica é um filme à frente do seu tempo, talvez hoje ele tivesse um impacto muito maior do que há 19 anos atrás, inegavelmente estava na vanguarda, um filme que levantou discussões em uma época em que a sociedade ainda era muito mais resistente do que é hoje em dia. E é disso que precisamos, de produções que tenham o atrevimento de discutir tabus, de incomodar a sociedade, porque só assim nós vamos conseguir combater preconceitos e pensamentos retrógrados, para quem sabe um dia conseguimos evoluir para um momento em que nenhuma pessoa tenha que se sentir acuada por simplesmente querer ser quem ela verdadeiramente é
Vôo United 93
3.4 233 Assista AgoraUNITED 93
Direção: Paul Greengrass
Ano: 2006
Assistido em: 21/04/2024
O dia 11 de setembro de 2001 foi daqueles que parou o planeta, o poderoso Estados Unidos estava sendo atacado dentro de casa, isso não era visto há uns 60 anos mais ou menos, sendo a última vez em Pearl Harbor. E quem teria coragem de atacar o mais poderoso país do mundo em seu próprio território?! Demorou um tempo para entendermos o que foi aquele atentado terrorista, e mais ainda para compreendermos quais eram os planos originais da Al-Qaeda. Hoje sabemos que eram quatro aviões sequestrados, entretanto, apenas três atingiram seus objetivos, e United 93 chega com a proposta de nos mostrar de uma maneira fictícia, o que teria ocorrido dentro daquele voo naquela manhã de terça-feira.
O que seria um voo simples entre Newark e São Francisco, logo se torna um verdadeiro pesadelo quando membros do grupo terrorista da Al-Qaeda sequestram o voo. Desesperados, os passageiros tentam de todas as formas impedir que os criminosos completem seu plano, que era usar o avião para atacar uma instituição do governo americano.
Eu não sou muito fã do Paul Greengrass, ele tem um estilo de direção que me incomoda demais, ele sempre pega histórias recentes e faz o filme mais frio e sem graça possível. Esse é o terceiro trabalho dele no qual vejo os mesmos problemas, estamos diante de uma situação desesperadora, mas é simplesmente impossível você se importar com os personagens porque o diretor não se dedica a desenvolver ninguém. Tudo que ocorre dentro do avião é ficção, mas do lado de fora é realidade, então ao invés de desenvolver aquelas pessoas que estão ali dentro, ele passa a primeira hora de filme nos mostrando a sala de controle aéreo norte-americano, todo mundo desorientado, igual um bando de barata tonta perdido em meio aos ataques iniciais. Entendo a importância de contextualizar, de mostrar o caos que estava acontecendo naquele dia, mas você não precisa de uma hora de nomes e números de avião em verde em uma tela, mostrando a rota de um lado para o outro. Isso é extremamente sem graça, foi extremamente chato, de forma que quantos os personagens no interior do avião estavam em risco, eu não estava nem aí para ninguém, porque simplesmente era impossível me importar com alguém ali dentro.
Com roteiro fraquíssimo, o diretor abusa dos seus vícios já conhecidos, ele não consegue (ou não sabe) fazer uma cena de plano aberto, é tudo fechado, tudo com close na cara das pessoas, com um trimilique irritante de câmera, enfim, os personagens não tem nenhum grande intérprete que se destaque, a trilha sonora é apagada, resumindo Greengrass pega uma história que tinha tudo para ser excelente e faz de qualquer jeito.
United 93 tinha tudo para ser um clássico, mas por culpa das manias de seu diretor acaba se tornando algo completamente descartável. Aquele ano marcava 5 anos da tragédia, e curiosamente, sabe-se lá porque raios Hollywood decidiu lançar dois filmes sobre o evento, este sobre o voo 93, e World Trade Center (2006) de Oliver Stone que retratava dois bombeiros que ficaram presos nos escombros das Torres, ambos extremamente superficiais, ambos extremamente sem graça, ambos sem conseguir demonstrar nem 1% do impacto que aquele dia teve, do choque, do horror, no final eles apenas deram a impressão de que tudo que Hollywood queria era se aproveitar que a carnificina ainda estava fresca na cabeça do povo americano e do mundo, e assim lançar qualquer coisa para ganhar dinheiro em cima.
A Órfã
3.6 3,4K Assista AgoraORPHAN
Direção: Jaume Collet-Serra
Ano: 2009
Assistido em: 20/04/2024
Me recordo que quando esse filme foi lançado em 2009, ele causou bastante burburinho. Particularmente nunca quis assisti-lo, o motivo? Simples, já sabia toda a sua história, já que meus colegas do cursinho do pré-vestibular tinham contado toda trama e suas reviravoltas, logo perdi o interesse. Mas passado mais de uma década, escutando um podcast, fiquei sabendo do caso da menina Natalia Grace, que é muito similar com esse filme, bom similar até a página dois, então, decidi que era a hora de ir atrás do filme.
Após o trauma de perder um filho, o casal John e Kate decidem adotar uma nova criança. No orfanato, eles conhecem uma pequena Esther, uma garota vinda da Rússia que aparentemente era o perfeito encaixe para a vaga em aberto naquela família. Porém, não demora nada para Kate perceber que esta não é uma garotinha normal de 9 anos como ela dizia ser. Só que Kate não poderia imaginar, é que toda sua família está em grave perigo.
Eu amo thrillers, é meu gênero favorito, entretanto confesso que é muito fácil eles apelarem para o absurdo, ao ponto de beirar o ridículo. Consigo aceitar plenamente uma adulta com distúrbio hormonal se passando por uma garotinha de 9 anos, mas eu não consigo aceitar o quão fácil ela consegue manipular um casal de adultos, e amedrontar um adolescente com seus 13 anos mais ou menos. Todo mundo ali é tão inocente, tão puro e tão bonzinho, que Esther facilmente consegue direcioná-los para onde ela bem entende, e outra, mesmo sendo uma mulher de 33 anos, o corpo dela não é de um adulto, e mesmo assim ela consegue prodígios absurdos, ela mata pessoas com uma facilidade assustadora, parece até que são bonecas, enfim, não são detalhes que prejudiquem totalmente o filme, mais fazem com que a suspensão da descrença vá para as cucuias.
Orphan é protagonizado pelos excelentes Vera Farmiga, Peter Sarsgaard, e Isabelle Fuhrman, que estava muito bem, ela conseguiu me fazer acreditar em determinados momentos no teatro da sua personagem. Entretanto a direção de Jaume Collet-Serra é a mesma, e até estranho perceber que mesmo passados 15 anos ele continua com os mesmos vícios, aqui ele fica o tempo todo criando jumpscares vagabundos, forçando uma atmosfera pouco natural, você sente a quilômetros que determinadas cena não vão dar em nada, e só estão ali para encher linguiça. Outro incômodo é o roteiro, que termina completamente aberto, não nos dando respostas sobre o real destino de alguns personagens, é de uma preguiça absurda por parte dos roteiristas que não se deram o trabalho de escrever uma conclusão satisfatória, ou quem sabe eles até fizeram, e o Collet-Serra que não filmou ou simplesmente cortou na edição final.
Produto de seu tempo, Orphan cheira a thrillers dos anos 2000, aqueles com psicopatas super inteligentes e mocinhos super burros que não enxergam um palmo na frente de seus narizes, facilitando bastante o trabalho dos vilões. Não é um filme revolucionário que vai marcar, ou entrar para a história, mas garante uma diversão momentânea graças a sua história mirabolantes que é feita para divertir e não necessariamente ser marcante.
PS: Eu no lugar da Kate teria curado a psicopatia dessa menina na base de tapa na primeira má resposta que ela me dava, ia fazer ela ficar mansinha em dois tempos.
Rastros de Ódio
4.1 266 Assista AgoraTHE SEARCHERS
Direção: John Ford
Ano: 1956
Assistido em: 20/04/2024
Ser considerado um dos melhores de todos os tempos coloca uma responsabilidade muito grande e até mesmo desnecessária em cima de alguns filmes, pois quando paramos para assistir queremos ver algo inacreditavelmente bom, completamente diferente dos demais, e por aí vai. Entretanto não é assim que as coisas funcionam, uma produção de 80/70 anos atrás não tem obrigação nenhuma de atender as expectativas que criamos em cima delas décadas depois. Durante anos escutei The Searchers era um dos melhores western de todos, e mesmo não sendo profundo admirador do gênero, cheguei aqui com expectativas demais, mas entretanto nem todas elas foram atendidas.
Nos Estados Unidos pós Guerra de Secessão, somos apresentados a Ethan, ex-militar que retorna a sua família. Entretanto, todo seu mundo vem abaixo quando seu irmão, cunhada e dois de seus sobrinhos são mortos em um ataque indígena. Ethan descobre que Debbie, sua sobrinha menor, estava viva e em poder dos indígenas, com ajuda de Martin, uma espécie de filho adotivo de seu irmão, ele embarca em uma jornada que duraria anos para encontrar sua sobrinha e vingar-se dos índios que mataram toda a sua família.
A dupla John Ford e John Wayne está entre as maiores e mais importantes da história do cinema, mas como disse anteriormente, não sou o maior amante de westerns, portanto é um gênero que eu não tenho muito conhecimento, mas esperava algo a mais vindo da dupla de ouro do cinema, algo diferente do comum, mas não, é o mesmo cowboy machão inveterado de sempre, o supra sumo do homem texano, republicano, o modelo-mor de todo redneck que combate os indígenas sanguinários, cujo maior crime foi terem nascido na terra que os americanos tanto queriam tomar. Mais um filme sobre a bravura do cowboy contra o indígena maligno, não que esses estereótipos formem um filme ruim, mas também não fazem dele especial.
Qualidades técnicas o filme tem de sobra, a direção do John Ford é excelente, com cenas belíssimas alinhadas a paisagens naturais que provam como CGI está longe de conseguir se igualar as belezas verdadeiras do nosso mundo. John Wayne é um bom ator, isso é inegável, entretanto seu personagem é extremamente chato, entendo perfeitamente que suas ações são justificáveis, entretanto Ethan é um personagem difícil de simpatizar, é muito mais fácil simpatizar com o co-protagonista, Martin, do excelente Jeffrey Hunter que estava ótimo no papel. Ainda completam o elenco Vera Miles é um papel bem ingrato, e Natalie Wood, lindíssima como sempre.
Longe de ser ruim, The Searchers não é o que eu esperava, imaginava que por ser um dos unanimemente reconhecidos como melhores de todos os tempos, ele apresentaria alguma diferença no quesito história, mas não, existem contemporâneos a ele que são mais interessantes, e subversivos. Mesmo bom, não consegui a conexão desejada, senti que para o nível dos envolvidos, o roteiro precisava ser mais elaborado.
Abigail
3.2 138ABIGAIL
Direção: Matt Bettinelli-Olpin & Tyler Gillett
Ano: 2024
Assistido em: 19/04/2024
Conheci a dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett através dos novos títulos da franquia Pânico, e confesso que gostei do trabalho deles como diretores apesar de não ter caído de amores por esses últimos dois filmes, principalmente por conta de seus roteiros. Mas surpreendentemente os dois acabaram saindo da franquia antes de fazerem o sétimo episódio, o que se revelou um grande acerto da parte deles, já que a produção do mesmo virou o mais completo caos nos últimos meses, e não satisfeitos em sair, eles também trouxeram uma grande parte da equipe de realizadores junto com eles para essa empreitada, que a princípio, eu acreditava que era um remake de algum clássico de monstros da Universal Pictures, mas que se revelou uma reimaginação muito interessante de elementos utilizados no passado.
Quando um grupo misterioso de seis criminosos recebe a missão de sequestrar uma garotinha filha de um homem muito rico, eles acreditavam ser um trabalho simples, só que o que eles não imaginavam era a tremenda confusão que estavam se metendo. Além de não saberem que o pai de sua refém era um criminoso extremamente perigoso, eles não tinh a menor noção que a aparentemente doce menininha de 11 anos de idade, na realidade é uma vampira com séculos de existência e extremamente agressiva, perigosa e que gosta de brincar com a comida, e agora são eles que são os reféns do pequena filhote de Satanás.
Sempre fui apaixonado por comédias do terror as chamadas “terrir”, a mistura entre esses dois gêneros tão distantes é algo muito atraente, e funciona muito bem, entretanto é difícil encontrar boas histórias com essa pegada, porque é difícil equilibrar bem os dois lados, sem que um apague o outro, E para minha surpresa a dupla Bettinelli-Olpin e Gillett aqui estava bem melhor do que nas suas empreitadas da saga do Ghostface, seus personagens são mais carismáticos, e o elenco está bem confortável, o roteiro é o básico do básico, mas executado de uma maneira muito satisfatória. O filme não busca por grandes inovações, ele aposta no lugar comum, com um único cenário, um objetivo muito claro, gerando assim um bom resultado final.
Alisha Weir me surpreendeu como Abigail, ela consegue muito bem transitar entre a doçura infantil e a psicopatia de uma vampira secular, não sou maior fã da Melissa Barrera, mas aqui ela estava bem, por outro lado gosto muito do trabalho do Dan Stevens, e amo quando ele interpreta um vilão, e mesmo que seu personagem aqui não seja a grande ameaça, adoro quando ele tem um personagem brutal, me lembrou bastante o David de The Guest (2014), um dos melhores papéis da carreira dele. O restante do cast é composto por Kathryn Newton, Will Catlett, Kevin Durand, todos em personagens simples mas bem construídos, e também não podemos deixar de citar o recém falecido Angus Cloud em seu último trabalho, e o elo fraco da produção, Giancarlo Esposito, que deve estar com aluguel atrasado igual ao Seu Madruga, pois ele é grande demais para ter aceitado fazer um papel tão minúsculo, provavelmente deve está pagando algum favor aos executivos da Universal.
O problema do filme é que apesar de do roteiro ter personagens carismáticos, e bons atores os interpretando, o desenvolvimento dos mesmos é bem simplório. Tudo que sabemos sobre os criminosos ou sobre a própria Abigail é dito em linhas de diálogo, indo contra a máxima do cinema "não conte, mostre”, não teria nenhum problema se o corte final tivesse um pouco mais de tempo, talvez 15 a 20 minutos a mais que nos mostrasse um pouco de background tanto da vilã, quanto dos criminosos, nem que fosse dos dois personagens principais, Joey e Frank, mas mesmo assim a história consegue trazer muito mais detalhes sobre os personagem do que muito filminho famoso que por aí.
Abigail foi uma grata surpresa, queria assistir desde o anúncio porque, como disse, tinha a expectativa que fosse algo relacionado aos clássicos da Universal, mas quando revelaram que era uma comédia de terror, imediatamente me animei. Creio que a dupla de diretores tomou uma decisão muito sábia quando optou por deixar filmes de franquias de lado para se enveredar por algo um “pouquinho mais original” talvez esse seja o caminho correto para eles produzirem obras de maior qualidade.
Lendas do Crime
3.3 183LEGEND
Direção: Brian Helgeland
Ano: 2015
Assistido em: 14/04/2024
Certa vez lendo uma crítica, me deparei com uma frase cuja aplicação vejo em muitos e muitos filmes, e que que já repeti algumas vezes em meus comentários, a frase é a seguinte: “nem toda boa história, rende bons filmes”. Legend traz uma proposta bem interessante, nos mostrar como dois irmãos gêmeos membros da máfia inglesa tiveram uma vida bastante incomum na década de 1960, para melhorar ainda mais, o roteiro é baseado em uma história real, entretanto a execução dos envolvidos acabou entregando uma produção bem aquém das possibilidades.
Nos anos 1960, os irmãos Reggie e Ronnie Kray são gêmeos, porém bastante diferentes quanto a suas personalidades. Enquanto um tem sérios problemas psicológicos, o outro se vê sobrecarregado ao ser obrigado a assumir o controle das operações da família. Entretanto, eles estão na mira da polícia e de outras organizações criminosas rivais, e precisarão equilibrar essa vida arriscada de gangsters com suas conturbadas vidas pessoais.
O diretor Brian Helgeland não mediu esforços para executar a sua história de uma maneira convincente, ele recria os anos 60 de maneira bem realista, com bons cenários e figurinos, e temos sequências muito bem dirigidas. O elenco é primoroso com Tom Hardy brilhando como gêmeos idênticos fisicamente, mas bem diferentes emocionalmente, Emily Browning apresenta uma atuação bastante sensível, e o elenco de apoio também é repleto de estrelas como Christopher Eccleston, Paul Bettany, Colin Morgan, David Thewlis e Taron Egerton, resumindo Helgeland criou as circunstâncias perfeitas para nos entregar um grande filme de gângster, porém ele falhou no mais importante: na história.
Como bem disse o pessoal em comentários mais abaixo, a história começa do nada e termina em lugar nenhum, não existe uma boa introdução dos irmãos, nós não vemos nada de seu passado, eles apenas aparecem para nós como gêmeos mafiosos, do qual um tem sérios problemas psicológicos e o outro precisa se redobrar para proteger toda a sua operação. Fora isso, o filme não tem nenhuma grande história para ser contada, não tem nenhuma reviravolta e nenhum grande clímax, é como se pegassem um recorte aleatório da vida dos dois gangsters e decidiram levar para as telas, mas esse recorte foi o de uma semana comum e nada empolgante na vida dos gêmeos.
Legend tinha tudo para ser um clássico, mas é um filme fraco e vazio, inegavelmente tem seus valores principalmente na parte de produção e artística, mas é totalmente esquecível, nada marcante, e nem arranha o rodapé nas grandes produções sobre gangsters e sobre a máfia, que tanto são produzidas em Hollywood ao longo das décadas. Esse, por outro lado, é legitimamente frustrante, já que poderia render algo diferente para o gênero, com dois gêmeos criminosos como protagonistas, mas não foi nada além do mais do mesmo.
Macbeth: Ambição e Guerra
3.5 383 Assista AgoraMACBETH
Direção: Justin Kurzel
Ano: 2015
Assistido em: 15/04/2024
William Shakespeare sem sombra de dúvidas é o autor mais adaptado da história, isso é inquestionável. Entretanto, o que podemos questionar, e muito, é a qualidade das obras que adaptam suas histórias, já que à medida que temos clássicos, temos também aquelas que são bem aquém do que deveriam ser. Essa versão de Macbeth lançada em 2015 chegou com uma proposta bem ousada, adaptar a história utilizando o mesmo padrão de linguagem escrito por Shakespeare mais de 400 anos antes, porém o tiro aqui saiu pela culatra.
Após escutar a previsão de três bruxas que se tornaria rei, o general Macbeth repleto de ambição decide trair o rei da Escócia. Incitado por sua esposa, ele acaba cometendo regicídio e assumindo o trono. Entretanto, a corte do novo rei é repleta de maquinações, traições e manipulações, o que deixa um novo monarca completamente paranóico acerca de quem lhe quer mal, o levando a total tirania.
Esse foi o primeiro encontro do diretor Justin Kurzel com os atores Michael Fassbender e Marion Cotillard, eles se reencontraram um ano depois para fazer o assombroso Assassin's Creed (2016), que tive o desprazer de ter visto no cinema, mas enfim, minha expectativa é que essa produção apagasse o amargor que a outra havia deixado na minha boca, mas não foi isso que aconteceu. Apesar de possuir um valor de produção muito grande, fotografia, figurinos, cenários, maquiagens e atuações impecáveis, a decisão de manter um roteiro com um inglês arcaico acabou afastando o espectador ao invés de aproximar, por diversos momentos eu mal conseguia entender o que estava sendo dito, isso acabou me frustrando e por consequência fazendo com que minha atenção e interesse no filme se esvaziasse.
Macbeth é bonito, bem produzido com bastante capricho e esmero, o elenco é primoroso, como atores bem dedicados e com cenas de parecem pinturas de tão belas, tudo isso é inegável, mas em sua tentativa de soar diferente, o diretor e os três roteiristas acabaram por sacrificar uma oportunidade de entregar um filme mais acessível, resultando uma obra cansativa, arrastada, que não prende a atenção do público, e que não tem carisma, nunca assisti muitas produções sobre essa peça do Shakespeare em específico, mas creio que existem outras bem melhores por aí e com roteiros bem menos pedantes e enfadonhos.
Em linhas gerais, o grande sentimento que esse filme deixa é de frustração, porque ele não é de todo ruim, mas é muito decepcionante. Tinha absolutamente tudo para se tornar um clássico moderno, mas uma decisão mal calculada de seus realizadores, fez com que tudo acabasse passando batido. Tenho certeza que os professores de inglês clássico, ou estudantes de linguística, devem ter amado, eu particularmente não me enquadro nesse grupo e para mim simplesmente se tornou algo bem esquecível.
Além da Linha Vermelha
3.9 382 Assista AgoraTHE THIN RED LINE
Direção: Terrence Malick
Ano: 1998
Assistido em: 13/04/2024
E mais uma vez senti na pele que a frase “a expectativa é a mãe de todas as decepções” sempre está correta. Sou fascinado pela Segunda Guerra Mundial sempre adorei ler sobre o conflito e consumir os mais variados filmes e séries sobre episódios específicos desse período que mudou para sempre a nossa história, e por isso tinha muitas expectativas sobre esse projeto já que ele é muito cultuado, mas também tinha um receio muito grande sobre a forma como Terrence Malick iria contá-la, já que o estilo do diretor definitivamente não é para mim.
Em 1942, um batalhão americano chega à Ilha de Guadalcanal, um dos pontos mais estratégicos para o teatro de operações do Pacifico. Lá eles irão se deparar com os horrores da guerra, ao mesmo tempo que ficaram deslumbrados com a beleza natural do lugar.
Eu não sou cara de imagens bonitas com frases aleatórias sobre a vida, sobre a existência, sobre o universo e blá blá blá, gosto de roteiros com bastante diálogos, daqueles que fazem a narrativa andar, não me põe para assistir nada “introspectivo” ou que “desperte sensações” que não vai dar certo, não julgo quem goste, mas para mim não funciona. E a minha grande decepção, foi que cheguei esperando um grande filme sobre a chamada Operação Torre de Guarda, uma dos mais importantes conflitos da Batalha do Pacífico, mas nada disso é o ponto central, em muitas cenas diretor prefere tirar o som natural do espaço, para substituir por um voiceover repleto de frases que parecem ter saído de um livro de autoajuda. E para piorar os personagens não são bem trabalhados, por melhor que o elenco seja, todo mundo ali é descartável, não decorei o nome de absolutamente ninguém, pois nenhum tem desenvolvimento, não consegui simpatizar com nenhuma figura, e muito menos sentir suas mortes, já que o diretor prefere ficar mostrando paisagens ao som frases de efeito ao invés de trabalhar a história.
Além do fato de ter achado o roteiro raso, outro ponto bastante incômodo é a terrível edição, são 2h50min que parecem que tem o dobro de tempo. Mas apesar das muitas críticas que tenho, é impossível não reconhecer e elogiar a bela fotografia, a atuação do cast e principalmente a trilha sonora do Hans Zimmer, que é de longe uma das mais emblemáticas da carreira dele, e que não tem o reconhecimento que deveria, ela é tão incrível que em muitas cenas me serviu de âncora, não me deixando minha atenção dispersar, já que apenas as imagens não estavam surtindo efeito.
Sei que não é legal ficar comparando filmes mas é impossível não comparar The Thin Red Line com Saving Private Ryan (1998) já que ambos foram lançado no mesmo ano e inclusive disputaram o Oscar daquela temporada, e por mais que o filme do Spielberg também tenha seus problemas como, por exemplo, um patriotismo tão surreal que chega ser risível, como filme, ele é consegue ser muito mais marcante, curiosamente ambos têm a mesma duração, mas enquanto um é dinâmico e você nem sente o tempo passar, o outro é arrastado ao ponto de em muitos momentos chegar a ser tedioso. Esse é o segundo filme do Malick que assisto, e ainda tem alguns títulos dele que tenho a pretensão de assistir, mas ao ver a técnica do diretor, meu sinal de alerta foi a loucura, me avisando para me manter afastado.