"(...) Assim é o que acontece com muitos relacionamentos amorosos. Tal qual obras de arte, eles existem num certo contexto, tempo e espaço. Eles possuem um sentido, uma razão enquanto linguagem que traz coerência para o mar agitado da vida. E pode ser que tal lógica vá guiar o casal por toda a existência terrena (e, talvez, até mesmo espiritual). No entanto, mais vezes do que gostaríamos de admitir, e assim como os filmes e livros, os relacionamentos amorosos entre humanos têm data de validade. Eles servem para as pessoas em determinados textos e contextos, mas não para sempre. E ter consciência disso é ser feliz com o que existiu e não apenas triste com o que poderia ter sido.
É essa inteligência que é captada perfeitamente no novo filme de Noah Baumbach, "História de um casamento". Apesar do título, o filme é centrado na história do "fim de um casamento", com um olhar incisivo e compassivo do fim do relacionamento amoroso em uma família que tenta permanecer unida, apesar dos pesares (...)"
Leia mais em: cinemaliteratura . com /2019/ 12/ 26 / historia-de-um-casamento-2019-aprendendo-a-lidar-com-o-fim
A Magia do Cinema captada como poucos filmes nos últimos tempos
"La La Land: Cantando Estações" (2016) é um filme escrito e dirigido por Damien Chazelle e estrelado por Emma Stone e Ryan Gosling. É um dos filmes de maior Hype dos últimos tempos, e nesse caso, temos de dizer: O HYPE É REAL! Trata-se de um musical inspirado no estilo que era comum aparecer nas décadas de 40 e 50 no cinema de Hollywood. Apesar da constante homenagem e referência a um formato muito característico de uma época passada (e é por isso que algum crítico famoso falou, se referindo a La La Land: "Não se fazem mais filmes como esse"), inclusive, sendo muito utilizada a sobreposição de cenas na mudança de cenários, típica de filmes antigos, o diretor não te deixa esquecer de que o filme ocorre no presente, com carros modernos, iphones, e até uma tela de youtube, aparecendo incessantemente na película. A temática também é atual e é uma que eu comento aqui constantemente em meus textos: a dureza do mundo para os tipos sonhadores. A jornada do artista que não quer acontecer. A escolha entre segurança financeira/estabilidade e seguir os seus sonhos/o que acredita. Sonhos. Que fazer com eles nessa realidade pedregosa e estéril?
Além disso, o filme também lida com questões mais presentes no mercado do cinema, e nisso o filme se aproxima um pouco de "O artista" (2011). Dinheiro versus Originalidade artística. Meritocracia. Desrespeito e frieza da indústria. É legal ver que num universo de readaptações e continuações, ainda temos espaço para um filme muito original e que trabalha a visão de Los Angeles e Hollywood de uma maneira tão inconvencional e complexa, como uma batalha constante entre sonho e realidade.
Mais acima de tudo, o filme é isto: uma história de amor pura que remete aos grande dramas de década de outrora.
É bom, antes de qualquer análise mais pormenorizada, dizer sobre o filme o seguinte: é belo, é estupendo, é excepcional e é extraordinário. Não foi um golpe de marketing esse filme ter ganhado 7 globo de ouros nas 7 categorias em que concorreu, se tornando o maior vencedor da história do prêmio. "La La Land" nasceu clássico inesquecível, marcando uma geração de espectadores que carregarão sua magia por toda a vida.
"Magia". Essa é a palavra certa para "La La Land". Ao ver o filme, o espectador sentirá que não está diante apenas de uma tela que passa imagens numa certa velocidade. Ela será transportado para um outro universo. Perderá o ar em certos momentos, às vezes vai se emocionar. Mas quase constantemente ficará com um sorriso no rosto e os olhos brilhando de maravilhamento. "La La Land" é a magia do cinema. É o que fascinou tantas pessoas pela arte suprema em décadas passadas. Ao ver o filme, me lembrei do menino Matheus, ainda um pequeno gafanhoto, indo assistir com a mãe "Mulan", memorável filme de animação da Disney, e ficando maravilhado com aquilo tudo. As luzes se apagando, aquele escuro, a tela enorme, uma história sendo contada, com alegria, tristeza, drama e comédia. Ação, lutas, vitória e derrota. Superação. "La La Land" capta mais do que a imagem de seus extremamente bem produzidos cenários, figurinos e cenas estonteantemente gloriosas. A Cinematografia do filme é toda muito bonita, tudo é feito com cores vibrantes, o escuro nunca preto (as noites ganham tons de lilás forte e variado; a cena do primeiro contato dos personagens principais, à noite, num céu azul roxeado é sem palavras) e os jogos de luzes sublimes agregam valor às cenas. A fotografia é um show à parte e torna a cidade de Los Angeles, vista de longe, quase que um personagem do filme, e a câmera é simplesmente incrível, acompanhando os personagens por uns passeios e nuns ângulos muito contra intuitivos, mas visualmente muito interessantes. Capta mais do que a coreografia estupenda e eclética, que mistura gêneros clássicos e contemporâneos. E que é feita na maior parte das vezes sem cortes, como se estivesse sendo filmada uma apresentação ao vivo, tudo de ângulos difíceis de serem feitos, o que representa um desafio técnico superado com louvor. Capta mais do que o conjunto da trilha sonora recheada de canções originais, cujo responsável foi Justin Hurwitz, que se encaixam perfeitamente aos sentimentos e mensagens que o filme quer exibir em cada passagem de estação (O Filme é dividido em 5 atos: Inverno, Primavera, Verão, Outono, Inverno 2). Capta mais do que o trabalho primoroso dos dois atores protagonistas, que realizaram o melhor trabalho de suas carreiras até então. Emma Stone, com esse filme, escreve seu nome na história de Hollywood. Por vezes emotiva, por vezes cômica, tudo na medida precisa. Ryan Gosling é o homem certo na hora certa. Seu aspecto soturno num personagem totalmente sonhador e artístico cria um caráter único e completamente entregue do ponto de vista emocional (Ryan toca todas as músicas do filme. O ator aprendeu as músicas com um treino de 2 horas por dia, 6 dias por semana, inclusive John Legend disse ter ficado com "inveja" do quão rápido Gosling aprendeu a tocar o instrumento). Os dois cantam e dançam e a química entre os dois é uma coisa que poucos romances conseguem mostrar (certamente ajudou o fato de já terem trabalhado duas vezes juntos antes desse filme, em "Amor a Toda Prova", de 2011, e "Caça aos Gangsteres", de 2013). Capta mais do que a edição brilhante de Tom Cross, que constrói um ritmo frenético que desde a primeira apresentação, no início do filme, te deixará com os olhos grudados na tela, quase que sem piscar um segundo, com todas as doses de cenas de músicas com tempo certo (nunca é maçante ou fora de hora). Fugindo do que pode ser analisado técnica e cerebralmente, o filme capta a essência do cinema - a magia do cinema -. Uma ode ao amor - e ao amor ao cinema.
O filme mostra um controle mestre e uma precisão cirúrgica do Diretor que consegue que o filme tenha a velocidade, tensão e emoção, tudo no nível correto, algo que já havia sido demonstrado pelo diretor em "Whiplash".
Existem muitas referências também: Cantando na chuva; Os Guardas-Chuvas do Amor (que em 1964, valendo a Palma de Ouro, venceu "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que é um monumento cinematográfico dirigido por Gláuber Rocha e merece uma resenha algum dia); Meia-Noite em Paris (apontado pela Yasmin Araújo e que eu vou endossar), Casablanca, Juventude Transviada, Embriagado de Amor, A Roda da Fortuna...E a lista segue.
A cena final torna o que já era indescritível em algo 10x superior. É muito tocante. Um filme que já nasceu clássico e está destinado a ser lembrado por muito tempo.
Obs: É recomendadíssimo que se assista no cinema esse filme.
"Animais Noturnos": Um filme pesado de muitas camadas, competente em todos os aspectos.
O filme em cartaz nos cinemas "Animais Noturnos" (Tom Ford, 2017), não é nada menos que espetacular. Mas antes de comentar um pouco sobre o filme, deixe-me falar um pouco sobre Hollywood e deixar uma mensagem bem clara: ESSE FILME NÃO É PARA QUALQUER UM. E quando digo isso, digo sem arrogância: você precisa de uma noção de cinema razoável (leia-se: ter visto muitos filmes anti-hollywoodianos) para poder apreciar tal tipo de cinema.
Hoje em dia, apesar da monstruosa produção de filmes, o que nós vemos chegar nos cinemas é um formato cada vez mais padronizado e superficial. Poucos filmes hoje que chegam no circuito nacional e global acrescentam alguma coisa para a sétima arte. Pegue-se, por exemplo, os filmes de super-heróis e ação. E não me entenda mal, como um chato e tal... Eu gosto de super-herói. Doutor Estranho é um filme visualmente muito interessante, que se apoia firmemente na obra de M. C. Escher para criar aqueles cenários confusos e paradoxais. No entanto, as histórias são todas iguais: o protagonista tá lá, passa por alguma coisa, busca alguma redenção, salva o dia e tudo acaba bem. Sempre tem uma mulher, mais ou menos inútil para trama, que vai fazer o par romântico com o herói e geralmente um personagem secundário morre, para dar algum efeito dramático.
E não tem problema nenhum com esse formato. Ele é divertido. Clichês existem porque eles funcionam. É legal. Compre uma pipoca e vá descansar um pouco a cabeça. Mas se é isso que você busca: "animais noturnos", definitivamente, não é para você. Dito isso, vá preparado, por sua própria conta e risco. O filme começa já te mostrando um monte de imagens bastante chocantes, e lembre-se: antes de dizer "para quê isso? Que desnecessário...". Pense que uma das funções do cinema é mostrar para as pessoas aquilo que elas não querem ver, também. Existe um lado da vida que preferimos ignorar, mas que existe. No caso, nos primeiros segundos, o diretor usa essas imagens chocantes como artifício para desarmar o espectador e prepará-lo para o tipo de filme que vem em seguida.
E o que vem em seguida é um filme que em nada se parece com o formato padronizado hollywoodiano. Trata-se de uma obra fria, tensa, violenta, muito crua e muito seca. Não existe quele personagem engraçado, meio tosco, que faz umas piadinhas cômicas de vez em quando, para dar uma aliviada no clima (o famoso alívio cômico, sabe? Quando o herói toma um golpe forte e o personagem secundário diz "Ai! Essa doeu, rapaz! Ainda bem que não sou eu lá lutando hahaha!"). O Filme é pesado, do início ao fim.
A HISTÓRIA A narrativa do filme é dividida em três arcos ou esferas temporais distintas. Na primeira delas, o presente, é narrada a história de Susan (Amy Adams), que é uma bem sucedida dona/diretora de uma galeria de arte contemporânea, frustrada no relacionamento com o seu atual marido, Hutton, um executivo rico e muito ocupado. A segunda e a terceira linhas narrativas, iniciam-se quase que concomitantemente. É que Susan recebe o manuscrito de um livro que será publicado pelo seu ex-marido, Tony (Jake Gyllenhaal), enviado por ele mesmo, e a leitura desse manuscrito, dedicado à ela e intitulado "Animais Noturnos", apelido que Tony dera a Susan décadas antes, fará com que ela se lembre do seu passado, mais especificamente do seu antigo casamento fracassado. A última linha se refere ao próprio livro, digo, à história contida no livro.
Nem preciso dizer que todas as narrativas são apresentadas de forma intercortada e que a compreensão de qualquer uma delas é absolutamente essencial para se entender as outras. Por isso, não se trata de um filme fácil de interpretar e você tem de ir construindo e comparando as histórias enquanto o filme passa. Só assim você poderá entender o final que é bastante sugestivo e que, tecnicamente, seria definido como "aberto", mas que, de fato, não o é.
Aqui, duas menções são necessárias. A primeira se refere ao roteiro, que, se tem uma premissa algo simples, é de dificílima execução, haja vista o formato exigente. A segunda é acerca da montagem, um dos aspectos brilhantes do filme, muito difícil de ser feita, mas que consegue como resultado final a configuração de um suspense que quando se inicia, não acaba mais. A direção tem um 'q' de David Fincher, sobretudo quando comparada à "Garota Exemplar" (2014) e "Seven: Os Sete Crimes Capitais" (1995). No entanto, o filme se parece mais com "Zodíaco" (2007), pelo estilo mais lento e um tanto quanto arrastado e também pela pluralidade de linhas narrativas. Por fim, cabe citar o trabalho magistral dos atores envolvidos. Todos os 4 personagens mais importantes, interpretados por Amy Adams, Aaron Taylor-Johnson, Jake Gyllenhaal (que faz dois papéis diferentes no filme) e Michael Shannon, estão fantásticos.
A FOTOGRAFIA E DIREÇÃO DE ARTE Aqui, outro nome, além do diretor Tom Ford, deve ser citado: O do Diretor de fotografia, Seamus McGarvey. A cinematografia ecoa na história brutal, fria e miserável contida no livro de Tony, e a paleta de cores, que muda a depender da linha narrativa que passa, é muito bonita, variando de um dourado/amarelo no arco do passado, um azulado gelado no presente, e tons muito intensos e escuros na história do livro. A fotografia é sensacional e a direção de arte é um show visual à parte, o que é de se esperar, já que Tom Ford já foi Diretor Criativo da Gucci e da Yves Saint Lauren e trabalhou pessoalmente com o figurino e cenário do filme.
MÚSICA Assinada por Abel Korzeniowski, é altamente hipnotizante, muito emocional e densa. Encaixando muito bem no filme. Fica um trechinho para quem gosta de ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=cVXPy8yezSo
O SIGNIFICADO Eu comprei a história. É dito que um escritor, mesmo aquele que só faz textos de Facebook, não fala de outra coisa que não de si mesmo. E eu acredito nisso. A história do livro, apesar de parecer a história de um evento terrível e desolador, é uma metáfora para a fraqueza/impotência e o amor, além de uma história de redenção e vingança. Quem já amou, sabe que o amor transforma. Tanto para o bem como para o mal. As pessoas deixam em nós suas marcas indeléveis, que nos acompanharão, queiramos ou não. A dor e o sofrimento nos tornam seres humanos cada vez mais fortes. Verdadeiras rochas, capazes de aguentar qualquer dificuldade que o mundão nos oferecer (e ele oferece um monte). Mas a que preço? Ser alguém forte, estruturado, calculista e resistente do ponto de vista emocional, vem em sacrifício de que outro aspecto de nossa personalidade?
Eu gosto de entender a história do livro "Animais Noturnos" como a história da perda da inocência, do romantismo, da bondade. A história da necessidade de ser forte e de como ser uma pessoa frágil, sensível, te trará nada mais do que sofrimento, num mundo que exige, cada vez mais, seres humanos robotizados e inflexíveis diante das durezas da realidade concreta. Da rua, do chão. Do piso do serviço. Um mundo de animais noturnos. Um mundo onde se é presa ou predador, sem meio termo. Onde se ficar o bicho come e se corre o bicho pega. Onde você pode ser demitido por seguir seus ideias ou em que você é prejudicado por querer fazer a coisa certa. Um mundo onde os pais ensinam as filhas e os filhos a não dar confiança para ninguém, a andar sempre de celular para contato, a tomar cuidado...a tomar muito cuidado. Pois nunca se sabe. Ou você é presa ou predador. Qual o preço da força que exigem de nós? Talvez por isso, mais do nunca, o amor hoje deva ser valorizado. É o sentimento que nos liga a essa visão, quase que arcaica, de vida. Naturalmente boa. Naturalmente gentil. De carinho incondicional. Encerro, assim, com uma frase marcante do filme sobre isso. Vejam a película por sua própria conta e risco.
'When you love someone, you have to be careful with it because you might never get it again' (Quando você ama alguém, você deve ser cuidadoso com esse sentimento, porque você pode nunca experimentá-lo novamente)
Eu primeiramente marquei o documentário como 5 estrelas, pois achei a série incrível no sentido de te deixar preso do início ao fim numa narrativa que, se você for analisar, é bastante complexa e cansativa (eu mesmo sentia que estava cansado de "tanta informação", mas mesmo assim queria continuar assistindo).
No entanto, é importante dizer a quem vai assistir a série para tomar um certo cuidado. Você está sendo apresentado a apenas um lado da história, mas de forma que parece ser a história toda. Digo isso porque, se você buscar pesquisar na internet, não demorará mais que 5 minutos para descobrir que o lado contrário à visão defendida pelo documentário também possui muitos bons argumentos.
Muitos fatos chave foram simplesmente excluídos da narrativa, tudo para favorecer a visão unilateral que o documentário defende:
1- O documentário trata a ficha criminal de Avery, como, digamos, "erros de um jovem irresponsável". De fato, só para ficar com a história do gato, sabe-se que, na realidade, ele teria friamente jogado óleo no gato e depois acendido um isqueiro e queimado o gato vivo. O filme apenas diz que ele jogou um gato num fogo, numa espécie de brincadeira de mau-gosto. De qualquer forma, a diferença das histórias mostra diferentes perfis psicológicos, mas o documentário exibe apenas a menos ruim de maneira rápida
2- Uma testemunha aparece no documentário dizendo que Teresa disse-lhe em certa ocasião que uma pessoa muito esquisita e inconveniente ficava ligando para ela, mas que não era para ele (testemunha) se preocupar. Se eu te dissesse que o cara que Teresa fala para seu amigo que ligava para ela, e que ela tinha medo dele, era o próprio Steven Avery? O documentário simplesmente exclui essa informação crucial!
3- Teresa já tinha se encontrado com Steven Avery antes. Ela não gostava dele e, em uma ocasião, ela ficou com medo dele pois ele a recebeu atendendo a porta estando somente de toalha. Após isso, Teresa pediu especificamente para não ter de lidar com Steven Avery. Por esse motivo, quando Steven Avery ligou para agência pedindo para que fossem tiradas fotos da van, pediu para que fosse enviada "aquela mesma menina de antes", e deu o nome de sua irmã como pedinte do serviço (talvez para enganar Teresa, fazendo-a aceitar o serviço pensando que não se tratava dele).
4- Teresa recebeu três ligações de Steven Avery no dia em que desapareceu. As duas primeiras, antes das 15hrs, usando o digito *67 (que esconde o número de quem está ligando, de forma que a ligação fica anônima), e uma vez depois das 16hrs, sem o digito *67. Por que isso? Não seria essa uma tentativa de Steven de fingir que ela não tinha aparecido no local (e por isso ele estaria supostamente ligando procurando por ela)? Só que dessa vez ele não precisava do digito *67, pois sabia que ela não atenderia de qualquer maneira
5- A propósito, a câmera dela e o telefone dela foram encontrados no local do crime.
6- O suor de Steven também foi encontrado dentro do carro
7- A arma do crime foi encontrada, estava registrada no nome de Steven, e a bala encontrada era da arma de Steven. Ou seja, temos toda uma evidência balística aqui que foi ignorada.
Não estou dizendo que Steven Avery seja culpado. Ou que a polícia e promotoria não tenham feito um trabalho ruim ou eticamente reprovável. Só o que eu estou dizendo é que o documentário se esforça para construir uma narrativa unilateral em que um pobre cidadão é atacado com todas as forças por um estado maligno/ineficiente, e que todo um sistema é errado e que alguns sujeitos podem potencialmente incriminar qualquer um, sendo que ignora fatos e questões importantes que sustentam a posição contrária.
Basta observar as entrevistas. Quantos especialistas que pensam que Steven Avery é realmente culpado são entrevistados de forma séria? Todos os experts da área acham que ele é inocente? O caso da acusação era realmente tão fraco e cheio de buracos a ponto de convencer todo o país, os tribunais superiores e especialistas da área?
Não sei, tenho minhas dúvidas. Só acho que temos de ser um pouco críticos e procurar pesquisar mais antes de aceitar a opinião desse documentário. A própria frase final do advogado de defesa do Steven mostra que tem algo por trás do que o documentário mostra: "Eu realmente gostaria que Steve fosse culpado...Pq se ele for inocente e ele foi preso injustamente denovo, seria demais para que eu suportasse". Oras, então há a possibilidade dele ser culpado? Porque pelo que o documentário mostrou, há certeza absoluta de que ele não é culpado, ou que isso é, pelo menos, muito improvável. Talvez, na realidade, não seja tão claro assim de que ele seja inocente...
Enfim, então por mostrar a história de uma lado tão unidimensional, mas fazendo parecer que era a história toda, diminuí a classificação inicial de 5 para 3,5 estrelas, pois ainda acredito que o documentário é importante, deva ser assistido e que se pode aprender muito com ele (tanto do ponto de vista da manipulação do sistema criminal, como da manipulação de narrativas, por exemplo, de documentários e filmes).
No Limite do Amanhã é um ótimo filme de ação. Ele é dirigido pelo experiente Doug Liman, que apesar de ter algumas bizarrices no currículo, como “Vestibular da Morte'”, dirigiu a trilogia Bourne, que é uma excelente sequência de Ação
Quantas pessoas não tem que “adaptar” seus sonhos, sob pena de terminar sem nada? O trabalho de Jiro é tornar aquele sentimento de voar em realidade concreta, ainda que a realidade que ele crie não seja o que tivesse imaginado em um primeiro momento, e as tristezas, desafios e condições dessa situação são exploradas pelo filme de forma muito sutil, metafórica. Jiro sonha o tempo todo, e por vezes a narração é cortada pelos devaneios de sua mente, buscando respostas para as questões que o atormentam.
Uma obra-prima, um 5 estrelas com louvor, altamente recomendado para todos os amantes do cinema.
"Boys, you must strive to find your own voice. Because the longer you wait to begin, the less likely you are to find it at all. Thoreau said, “Most men lead lives of quiet desperation.” Don’t be resigned to that. Break out!
(Meninos, vocês devem se esforçar para encontrar sua própria voz. Pois quanto mais esperarem para começar, menores serão as chances de vocês a encontrarem. Thoreau disse, “Maioria dos homens levam vidas de bastante desespero”. Não fiquem sujeitos a isso. Saiam dessa!)"
Galera, antes de começar a crítica, deixem eu fazer um apelo aqui: Não é porque alguém não curte um filme; escreve errado; ou fala pouco - que, necessariamente - aquela pessoa é alguém insensível; "inferior"; incapaz de "sentir a essência verdadeira e bela" do filme. É muito triste alguém falar que não gostou do filme, e aí vem um outro e diz algo nesse sentido: "Ah, mas você também é um incapaz, leia mais sobre isso, sobre aquilo, assista denovo pq vc TEM q gostar..".
Então, eu dei 3 estrelas pro filme. Achei o filme tecnicamente muito bem feito. Eu gostei dos "movimentos malucos"(as mexidas constantes) da câmera, a fotografia que sai dum amarelado(que cria uma sensação de estranhamento, o casamento nunca parece ser tão bonito como deveria) no início pra um tom mais azulado no decorrer do filme, indicando a piora no estado de depressão da personagens. O direcionamento da câmera também muda no decorrer do filme - na segunda parte ela busca muito mais os rostos, as expressões, como que querendo "entrar dentro" da cabeça das personagens. Tudo(de técnico) foi bem pensando no filme.
Sem falar nos primeiros minutos, em que há uma abertura muito bela, feita em slow-motion, extremamente detalhista; Nas imagens que, intermitentemente, embelezam muito a película(os efeito especiais e tudo). O Final também, imageticamente falando, é magnífico.
Tudo isso acompanhado pela muito bela(e poderosa!) trilha sonora de Richard Wagner(Tristan und Isolde) e por atuações muito bem feitas.
Só que assim, eu achei a metáfora muito direta e pouco convincente. O planeta viajante que atinge "o único planeta com vida" e o destróe em segundos. Como a melancolia engole a vida, mata, enfim...
A melancolia, da forma que eu entendo, é um estado de variável depressão, marcada pela "não vontade de viver"(que pode vir acompanhada da vontade de morrer ou não). Só que o filme não consegue captar uma melancolia "pura". Veja bem, sabendo que a terra vai desaparecer, ou que tem grandes chances de ser destruída. Bom, é um ambiente que "provoca" melancolia. Me explico. Se for confirmado que todos morreremos amanhã, todo mundo vai ficar melancólico. Mas captar a melancolia nesse momento não é captar aquela melancolia cotidiana - "humana" - que todos experimentamos, em maior ou menor grau, sem motivo aparente, um dia ou outro, e que em algumas pessoas acaba por destruir "seu mundo".
Pra mim a melancolia do filme é muito mais pessoal. Tem a ver com o diretor/roteirista que se expressa através de suas personagens e de sua história. Notaram como a Mãe é insuportável(lembrando que foi a mãe do lars que "iniciou" essa viagem do autor pela melancolia), como o pai é completamente inútil(o cara deixa a filha lá, provoca a mãe a fazer um discurso lá q detona o clima e quaisquer chances daquela cerimônia dar certo), de como as pessoas são burras/falsas/feias; é tudo muito feio, muito triste; muito enfadonho; muito frio; muito falso. A personagem da Kirsten, que "sabe tudo", inclusive quantos grãos tem num pote("678" ela diz. Na mosca, sem titubear), diz: "O Mundo é feio" / "Nimguém sentirá falta da terra"(Não há Deus, não há vida, nimguém se importa) e "Não há vida após a morte". Essas passagens mostram bem a "melancolia", não nossa, não dela, mas do próprio Lars. Note também a descrença do autor na ciência(então ele não "bota fé" nem em Deus, nem na ciência) - incapaz de salvar o mundo e o ser humano, incapaz de garantir segurança com seus cálculos.
É um filme que me deixou triste. Mas não é um filme que diz muita coisa. Ele, parece-me, é só o produto genuíno da tristeza e melancolia do autor. A mensagem do filme é a melancolia em si. Sem soluções, sem moralismo. Um dia todos morreremos, e não há nada no "lado de lá".
Se você não tem a capacidade de sugerir nada, mostre tudo explicitamente mesmo e atinja seu objetivo. Quem gosta de ser chocado com muitas cenas de sexo(pornô mesmo, com genitália e tudo) e violência explicitos, esse é seu filme. Se não, NÂO VEJA.
Comentário contando partes do filme. Mostrar comentário. Eu não vi nada demais no roteiro também(como alguns comentaram aí em baixo), é clichê, e se analisado apresenta diversas falhas. Como quando Tibério tenta envenenar Calígula, Oras, eles criam toda uma atmosfera de a(i)moralidade, deusificação do imperador, ultracrueldade, e o cara tenta envenena ele daquela maneira ridicula?(nem dá pra argumenta que ele tinha medo de ser repreendido pelo Macro, porque sendo o veneno de efeito instântaneo, ficaria óbvio o crime). PQP, pega uma espada e fura ele logo PORRA!
Outra falha está na acusação de Macro. O Filme constroe inicialmente a imagem de Macro como um comandante extremamente respeitado, poderosíssimo do ponto de vista militar e político(tanto que ele tinha o próprio imperado em suas mãos, isso é, de fato, dito no filme). Sendo assim, o modo como transcorreu sua perda de credibilidade é no mínimo ridícula. Uma testemunha e dinheiro(tirado da onde mesmo?) pros soldados romanos. Muito legal. Fácil acaba com gente poderosa né?
Há ainda uma outra passagem curiosa, quando o Imperador sai e se mistura com o povão. Eu até entendo o pessoal não reconhecer o imperador, já que muitos só o viam de longe e tal. Mas rapaz, anda com um anelzão de ouro daqueles, á noite, em meio à "escória" latina, e não ser roubado(inclusivem batem nele muito, mas não notam aquele discreto anel). E ainda acabar na prisão e ser reconhecido lá por causa de mágica...AAAA é muita merda, vai!
E eu não vo nem comentar do fato da irmã dele não ficar grávida(e não é mostrado ela cometendo nem aborto ou infanticído.. outra lacuna) e Das diversas deformações históricas(ele tinha 3 irmãs por exemplo, mantinha relações com as 3 e abrigava-as a se prostituirem)
No mais fica uma boa crítica(que eu achei no wikipedia) de Alex Jackson:
"O filme é agressivamente, odiosamente, chocantemente sem sentido. No entanto, a distância irônica que você usa para aguentar (e talvez até gostar) de filmes do Takashi Miike, até funciona por um tempo em Caligola, mas não dura até o fim. O filme é simplesmente muito vazio e cruel(...) não há perspectiva alguma. Eu nunca consegui me identificar com nenhum dos personagens, nem me importar com eles. O filme é tão profundamente desumano que tira dele qualquer conceito. Se o filme pode ser comparado com as sátiras de Fellini? Não(...) Você consegue apontar o problema? A maior, e eu acho que você pode argumentar, diferença daqueles filmes (e todos eram melhores e superiores à Caligola) é que havia algum tipo de propósito por trás deles"
Filme legal. :D Melhores cenas pra mim são os diálogos no parque, e na construção(onde fica claro aquela idéia da diferença entre "entender" [aprender por meio do estudo, leitura] e "compreender"[aprender por meio da vivência]).
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História de um Casamento
4.0 1,9K Assista Agora"(...) Assim é o que acontece com muitos relacionamentos amorosos. Tal qual obras de arte, eles existem num certo contexto, tempo e espaço. Eles possuem um sentido, uma razão enquanto linguagem que traz coerência para o mar agitado da vida. E pode ser que tal lógica vá guiar o casal por toda a existência terrena (e, talvez, até mesmo espiritual). No entanto, mais vezes do que gostaríamos de admitir, e assim como os filmes e livros, os relacionamentos amorosos entre humanos têm data de validade. Eles servem para as pessoas em determinados textos e contextos, mas não para sempre. E ter consciência disso é ser feliz com o que existiu e não apenas triste com o que poderia ter sido.
É essa inteligência que é captada perfeitamente no novo filme de Noah Baumbach, "História de um casamento". Apesar do título, o filme é centrado na história do "fim de um casamento", com um olhar incisivo e compassivo do fim do relacionamento amoroso em uma família que tenta permanecer unida, apesar dos pesares (...)"
Leia mais em: cinemaliteratura . com /2019/ 12/ 26 / historia-de-um-casamento-2019-aprendendo-a-lidar-com-o-fim
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraA Magia do Cinema captada como poucos filmes nos últimos tempos
"La La Land: Cantando Estações" (2016) é um filme escrito e dirigido por Damien Chazelle e estrelado por Emma Stone e Ryan Gosling. É um dos filmes de maior Hype dos últimos tempos, e nesse caso, temos de dizer: O HYPE É REAL! Trata-se de um musical inspirado no estilo que era comum aparecer nas décadas de 40 e 50 no cinema de Hollywood. Apesar da constante homenagem e referência a um formato muito característico de uma época passada (e é por isso que algum crítico famoso falou, se referindo a La La Land: "Não se fazem mais filmes como esse"), inclusive, sendo muito utilizada a sobreposição de cenas na mudança de cenários, típica de filmes antigos, o diretor não te deixa esquecer de que o filme ocorre no presente, com carros modernos, iphones, e até uma tela de youtube, aparecendo incessantemente na película. A temática também é atual e é uma que eu comento aqui constantemente em meus textos: a dureza do mundo para os tipos sonhadores. A jornada do artista que não quer acontecer. A escolha entre segurança financeira/estabilidade e seguir os seus sonhos/o que acredita. Sonhos. Que fazer com eles nessa realidade pedregosa e estéril?
Além disso, o filme também lida com questões mais presentes no mercado do cinema, e nisso o filme se aproxima um pouco de "O artista" (2011). Dinheiro versus Originalidade artística. Meritocracia. Desrespeito e frieza da indústria. É legal ver que num universo de readaptações e continuações, ainda temos espaço para um filme muito original e que trabalha a visão de Los Angeles e Hollywood de uma maneira tão inconvencional e complexa, como uma batalha constante entre sonho e realidade.
Mais acima de tudo, o filme é isto: uma história de amor pura que remete aos grande dramas de década de outrora.
É bom, antes de qualquer análise mais pormenorizada, dizer sobre o filme o seguinte: é belo, é estupendo, é excepcional e é extraordinário. Não foi um golpe de marketing esse filme ter ganhado 7 globo de ouros nas 7 categorias em que concorreu, se tornando o maior vencedor da história do prêmio. "La La Land" nasceu clássico inesquecível, marcando uma geração de espectadores que carregarão sua magia por toda a vida.
"Magia". Essa é a palavra certa para "La La Land". Ao ver o filme, o espectador sentirá que não está diante apenas de uma tela que passa imagens numa certa velocidade. Ela será transportado para um outro universo. Perderá o ar em certos momentos, às vezes vai se emocionar. Mas quase constantemente ficará com um sorriso no rosto e os olhos brilhando de maravilhamento. "La La Land" é a magia do cinema. É o que fascinou tantas pessoas pela arte suprema em décadas passadas. Ao ver o filme, me lembrei do menino Matheus, ainda um pequeno gafanhoto, indo assistir com a mãe "Mulan", memorável filme de animação da Disney, e ficando maravilhado com aquilo tudo. As luzes se apagando, aquele escuro, a tela enorme, uma história sendo contada, com alegria, tristeza, drama e comédia. Ação, lutas, vitória e derrota. Superação. "La La Land" capta mais do que a imagem de seus extremamente bem produzidos cenários, figurinos e cenas estonteantemente gloriosas. A Cinematografia do filme é toda muito bonita, tudo é feito com cores vibrantes, o escuro nunca preto (as noites ganham tons de lilás forte e variado; a cena do primeiro contato dos personagens principais, à noite, num céu azul roxeado é sem palavras) e os jogos de luzes sublimes agregam valor às cenas. A fotografia é um show à parte e torna a cidade de Los Angeles, vista de longe, quase que um personagem do filme, e a câmera é simplesmente incrível, acompanhando os personagens por uns passeios e nuns ângulos muito contra intuitivos, mas visualmente muito interessantes. Capta mais do que a coreografia estupenda e eclética, que mistura gêneros clássicos e contemporâneos. E que é feita na maior parte das vezes sem cortes, como se estivesse sendo filmada uma apresentação ao vivo, tudo de ângulos difíceis de serem feitos, o que representa um desafio técnico superado com louvor. Capta mais do que o conjunto da trilha sonora recheada de canções originais, cujo responsável foi Justin Hurwitz, que se encaixam perfeitamente aos sentimentos e mensagens que o filme quer exibir em cada passagem de estação (O Filme é dividido em 5 atos: Inverno, Primavera, Verão, Outono, Inverno 2). Capta mais do que o trabalho primoroso dos dois atores protagonistas, que realizaram o melhor trabalho de suas carreiras até então. Emma Stone, com esse filme, escreve seu nome na história de Hollywood. Por vezes emotiva, por vezes cômica, tudo na medida precisa. Ryan Gosling é o homem certo na hora certa. Seu aspecto soturno num personagem totalmente sonhador e artístico cria um caráter único e completamente entregue do ponto de vista emocional (Ryan toca todas as músicas do filme. O ator aprendeu as músicas com um treino de 2 horas por dia, 6 dias por semana, inclusive John Legend disse ter ficado com "inveja" do quão rápido Gosling aprendeu a tocar o instrumento). Os dois cantam e dançam e a química entre os dois é uma coisa que poucos romances conseguem mostrar (certamente ajudou o fato de já terem trabalhado duas vezes juntos antes desse filme, em "Amor a Toda Prova", de 2011, e "Caça aos Gangsteres", de 2013). Capta mais do que a edição brilhante de Tom Cross, que constrói um ritmo frenético que desde a primeira apresentação, no início do filme, te deixará com os olhos grudados na tela, quase que sem piscar um segundo, com todas as doses de cenas de músicas com tempo certo (nunca é maçante ou fora de hora). Fugindo do que pode ser analisado técnica e cerebralmente, o filme capta a essência do cinema - a magia do cinema -. Uma ode ao amor - e ao amor ao cinema.
O filme mostra um controle mestre e uma precisão cirúrgica do Diretor que consegue que o filme tenha a velocidade, tensão e emoção, tudo no nível correto, algo que já havia sido demonstrado pelo diretor em "Whiplash".
Existem muitas referências também: Cantando na chuva; Os Guardas-Chuvas do Amor (que em 1964, valendo a Palma de Ouro, venceu "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que é um monumento cinematográfico dirigido por Gláuber Rocha e merece uma resenha algum dia); Meia-Noite em Paris (apontado pela Yasmin Araújo e que eu vou endossar), Casablanca, Juventude Transviada, Embriagado de Amor, A Roda da Fortuna...E a lista segue.
A cena final torna o que já era indescritível em algo 10x superior. É muito tocante.
Um filme que já nasceu clássico e está destinado a ser lembrado por muito tempo.
Obs: É recomendadíssimo que se assista no cinema esse filme.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista Agora"Animais Noturnos": Um filme pesado de muitas camadas, competente em todos os aspectos.
O filme em cartaz nos cinemas "Animais Noturnos" (Tom Ford, 2017), não é nada menos que espetacular. Mas antes de comentar um pouco sobre o filme, deixe-me falar um pouco sobre Hollywood e deixar uma mensagem bem clara: ESSE FILME NÃO É PARA QUALQUER UM. E quando digo isso, digo sem arrogância: você precisa de uma noção de cinema razoável (leia-se: ter visto muitos filmes anti-hollywoodianos) para poder apreciar tal tipo de cinema.
Hoje em dia, apesar da monstruosa produção de filmes, o que nós vemos chegar nos cinemas é um formato cada vez mais padronizado e superficial. Poucos filmes hoje que chegam no circuito nacional e global acrescentam alguma coisa para a sétima arte.
Pegue-se, por exemplo, os filmes de super-heróis e ação. E não me entenda mal, como um chato e tal... Eu gosto de super-herói. Doutor Estranho é um filme visualmente muito interessante, que se apoia firmemente na obra de M. C. Escher para criar aqueles cenários confusos e paradoxais. No entanto, as histórias são todas iguais: o protagonista tá lá, passa por alguma coisa, busca alguma redenção, salva o dia e tudo acaba bem. Sempre tem uma mulher, mais ou menos inútil para trama, que vai fazer o par romântico com o herói e geralmente um personagem secundário morre, para dar algum efeito dramático.
E não tem problema nenhum com esse formato. Ele é divertido. Clichês existem porque eles funcionam. É legal. Compre uma pipoca e vá descansar um pouco a cabeça.
Mas se é isso que você busca: "animais noturnos", definitivamente, não é para você.
Dito isso, vá preparado, por sua própria conta e risco. O filme começa já te mostrando um monte de imagens bastante chocantes, e lembre-se: antes de dizer "para quê isso? Que desnecessário...". Pense que uma das funções do cinema é mostrar para as pessoas aquilo que elas não querem ver, também. Existe um lado da vida que preferimos ignorar, mas que existe. No caso, nos primeiros segundos, o diretor usa essas imagens chocantes como artifício para desarmar o espectador e prepará-lo para o tipo de filme que vem em seguida.
E o que vem em seguida é um filme que em nada se parece com o formato padronizado hollywoodiano. Trata-se de uma obra fria, tensa, violenta, muito crua e muito seca. Não existe quele personagem engraçado, meio tosco, que faz umas piadinhas cômicas de vez em quando, para dar uma aliviada no clima (o famoso alívio cômico, sabe? Quando o herói toma um golpe forte e o personagem secundário diz "Ai! Essa doeu, rapaz! Ainda bem que não sou eu lá lutando hahaha!"). O Filme é pesado, do início ao fim.
A HISTÓRIA
A narrativa do filme é dividida em três arcos ou esferas temporais distintas. Na primeira delas, o presente, é narrada a história de Susan (Amy Adams), que é uma bem sucedida dona/diretora de uma galeria de arte contemporânea, frustrada no relacionamento com o seu atual marido, Hutton, um executivo rico e muito ocupado.
A segunda e a terceira linhas narrativas, iniciam-se quase que concomitantemente. É que Susan recebe o manuscrito de um livro que será publicado pelo seu ex-marido, Tony (Jake Gyllenhaal), enviado por ele mesmo, e a leitura desse manuscrito, dedicado à ela e intitulado "Animais Noturnos", apelido que Tony dera a Susan décadas antes, fará com que ela se lembre do seu passado, mais especificamente do seu antigo casamento fracassado. A última linha se refere ao próprio livro, digo, à história contida no livro.
Nem preciso dizer que todas as narrativas são apresentadas de forma intercortada e que a compreensão de qualquer uma delas é absolutamente essencial para se entender as outras. Por isso, não se trata de um filme fácil de interpretar e você tem de ir construindo e comparando as histórias enquanto o filme passa. Só assim você poderá entender o final que é bastante sugestivo e que, tecnicamente, seria definido como "aberto", mas que, de fato, não o é.
Aqui, duas menções são necessárias. A primeira se refere ao roteiro, que, se tem uma premissa algo simples, é de dificílima execução, haja vista o formato exigente. A segunda é acerca da montagem, um dos aspectos brilhantes do filme, muito difícil de ser feita, mas que consegue como resultado final a configuração de um suspense que quando se inicia, não acaba mais.
A direção tem um 'q' de David Fincher, sobretudo quando comparada à "Garota Exemplar" (2014) e "Seven: Os Sete Crimes Capitais" (1995). No entanto, o filme se parece mais com "Zodíaco" (2007), pelo estilo mais lento e um tanto quanto arrastado e também pela pluralidade de linhas narrativas.
Por fim, cabe citar o trabalho magistral dos atores envolvidos. Todos os 4 personagens mais importantes, interpretados por Amy Adams, Aaron Taylor-Johnson, Jake Gyllenhaal (que faz dois papéis diferentes no filme) e Michael Shannon, estão fantásticos.
A FOTOGRAFIA E DIREÇÃO DE ARTE
Aqui, outro nome, além do diretor Tom Ford, deve ser citado: O do Diretor de fotografia, Seamus McGarvey. A cinematografia ecoa na história brutal, fria e miserável contida no livro de Tony, e a paleta de cores, que muda a depender da linha narrativa que passa, é muito bonita, variando de um dourado/amarelo no arco do passado, um azulado gelado no presente, e tons muito intensos e escuros na história do livro. A fotografia é sensacional e a direção de arte é um show visual à parte, o que é de se esperar, já que Tom Ford já foi Diretor Criativo da Gucci e da Yves Saint Lauren e trabalhou pessoalmente com o figurino e cenário do filme.
MÚSICA
Assinada por Abel Korzeniowski, é altamente hipnotizante, muito emocional e densa. Encaixando muito bem no filme. Fica um trechinho para quem gosta de ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=cVXPy8yezSo
O SIGNIFICADO
Eu comprei a história. É dito que um escritor, mesmo aquele que só faz textos de Facebook, não fala de outra coisa que não de si mesmo. E eu acredito nisso. A história do livro, apesar de parecer a história de um evento terrível e desolador, é uma metáfora para a fraqueza/impotência e o amor, além de uma história de redenção e vingança.
Quem já amou, sabe que o amor transforma. Tanto para o bem como para o mal. As pessoas deixam em nós suas marcas indeléveis, que nos acompanharão, queiramos ou não. A dor e o sofrimento nos tornam seres humanos cada vez mais fortes. Verdadeiras rochas, capazes de aguentar qualquer dificuldade que o mundão nos oferecer (e ele oferece um monte). Mas a que preço? Ser alguém forte, estruturado, calculista e resistente do ponto de vista emocional, vem em sacrifício de que outro aspecto de nossa personalidade?
Eu gosto de entender a história do livro "Animais Noturnos" como a história da perda da inocência, do romantismo, da bondade. A história da necessidade de ser forte e de como ser uma pessoa frágil, sensível, te trará nada mais do que sofrimento, num mundo que exige, cada vez mais, seres humanos robotizados e inflexíveis diante das durezas da realidade concreta. Da rua, do chão. Do piso do serviço. Um mundo de animais noturnos. Um mundo onde se é presa ou predador, sem meio termo. Onde se ficar o bicho come e se corre o bicho pega. Onde você pode ser demitido por seguir seus ideias ou em que você é prejudicado por querer fazer a coisa certa. Um mundo onde os pais ensinam as filhas e os filhos a não dar confiança para ninguém, a andar sempre de celular para contato, a tomar cuidado...a tomar muito cuidado. Pois nunca se sabe. Ou você é presa ou predador. Qual o preço da força que exigem de nós?
Talvez por isso, mais do nunca, o amor hoje deva ser valorizado. É o sentimento que nos liga a essa visão, quase que arcaica, de vida. Naturalmente boa. Naturalmente gentil. De carinho incondicional. Encerro, assim, com uma frase marcante do filme sobre isso. Vejam a película por sua própria conta e risco.
'When you love someone, you have to be careful with it because you might never get it again'
(Quando você ama alguém, você deve ser cuidadoso com esse sentimento, porque você pode nunca experimentá-lo novamente)
Making a Murderer (1ª Temporada)
4.4 282 Assista AgoraEu primeiramente marquei o documentário como 5 estrelas, pois achei a série incrível no sentido de te deixar preso do início ao fim numa narrativa que, se você for analisar, é bastante complexa e cansativa (eu mesmo sentia que estava cansado de "tanta informação", mas mesmo assim queria continuar assistindo).
No entanto, é importante dizer a quem vai assistir a série para tomar um certo cuidado. Você está sendo apresentado a apenas um lado da história, mas de forma que parece ser a história toda. Digo isso porque, se você buscar pesquisar na internet, não demorará mais que 5 minutos para descobrir que o lado contrário à visão defendida pelo documentário também possui muitos bons argumentos.
Muitos fatos chave foram simplesmente excluídos da narrativa, tudo para favorecer a visão unilateral que o documentário defende:
1- O documentário trata a ficha criminal de Avery, como, digamos, "erros de um jovem irresponsável". De fato, só para ficar com a história do gato, sabe-se que, na realidade, ele teria friamente jogado óleo no gato e depois acendido um isqueiro e queimado o gato vivo. O filme apenas diz que ele jogou um gato num fogo, numa espécie de brincadeira de mau-gosto. De qualquer forma, a diferença das histórias mostra diferentes perfis psicológicos, mas o documentário exibe apenas a menos ruim de maneira rápida
2- Uma testemunha aparece no documentário dizendo que Teresa disse-lhe em certa ocasião que uma pessoa muito esquisita e inconveniente ficava ligando para ela, mas que não era para ele (testemunha) se preocupar. Se eu te dissesse que o cara que Teresa fala para seu amigo que ligava para ela, e que ela tinha medo dele, era o próprio Steven Avery? O documentário simplesmente exclui essa informação crucial!
3- Teresa já tinha se encontrado com Steven Avery antes. Ela não gostava dele e, em uma ocasião, ela ficou com medo dele pois ele a recebeu atendendo a porta estando somente de toalha. Após isso, Teresa pediu especificamente para não ter de lidar com Steven Avery. Por esse motivo, quando Steven Avery ligou para agência pedindo para que fossem tiradas fotos da van, pediu para que fosse enviada "aquela mesma menina de antes", e deu o nome de sua irmã como pedinte do serviço (talvez para enganar Teresa, fazendo-a aceitar o serviço pensando que não se tratava dele).
4- Teresa recebeu três ligações de Steven Avery no dia em que desapareceu. As duas primeiras, antes das 15hrs, usando o digito *67 (que esconde o número de quem está ligando, de forma que a ligação fica anônima), e uma vez depois das 16hrs, sem o digito *67. Por que isso? Não seria essa uma tentativa de Steven de fingir que ela não tinha aparecido no local (e por isso ele estaria supostamente ligando procurando por ela)? Só que dessa vez ele não precisava do digito *67, pois sabia que ela não atenderia de qualquer maneira
5- A propósito, a câmera dela e o telefone dela foram encontrados no local do crime.
6- O suor de Steven também foi encontrado dentro do carro
7- A arma do crime foi encontrada, estava registrada no nome de Steven, e a bala encontrada era da arma de Steven. Ou seja, temos toda uma evidência balística aqui que foi ignorada.
Não estou dizendo que Steven Avery seja culpado. Ou que a polícia e promotoria não tenham feito um trabalho ruim ou eticamente reprovável. Só o que eu estou dizendo é que o documentário se esforça para construir uma narrativa unilateral em que um pobre cidadão é atacado com todas as forças por um estado maligno/ineficiente, e que todo um sistema é errado e que alguns sujeitos podem potencialmente incriminar qualquer um, sendo que ignora fatos e questões importantes que sustentam a posição contrária.
Basta observar as entrevistas. Quantos especialistas que pensam que Steven Avery é realmente culpado são entrevistados de forma séria? Todos os experts da área acham que ele é inocente? O caso da acusação era realmente tão fraco e cheio de buracos a ponto de convencer todo o país, os tribunais superiores e especialistas da área?
Não sei, tenho minhas dúvidas. Só acho que temos de ser um pouco críticos e procurar pesquisar mais antes de aceitar a opinião desse documentário. A própria frase final do advogado de defesa do Steven mostra que tem algo por trás do que o documentário mostra: "Eu realmente gostaria que Steve fosse culpado...Pq se ele for inocente e ele foi preso injustamente denovo, seria demais para que eu suportasse". Oras, então há a possibilidade dele ser culpado? Porque pelo que o documentário mostrou, há certeza absoluta de que ele não é culpado, ou que isso é, pelo menos, muito improvável. Talvez, na realidade, não seja tão claro assim de que ele seja inocente...
Enfim, então por mostrar a história de uma lado tão unidimensional, mas fazendo parecer que era a história toda, diminuí a classificação inicial de 5 para 3,5 estrelas, pois ainda acredito que o documentário é importante, deva ser assistido e que se pode aprender muito com ele (tanto do ponto de vista da manipulação do sistema criminal, como da manipulação de narrativas, por exemplo, de documentários e filmes).
No Limite do Amanhã
3.8 1,5K Assista AgoraNo Limite do Amanhã é um ótimo filme de ação. Ele é dirigido pelo experiente Doug Liman, que apesar de ter algumas bizarrices no currículo, como “Vestibular da Morte'”, dirigiu a trilogia Bourne, que é uma excelente sequência de Ação
http://cinemaliberdade.wordpress.com/2014/06/05/no-limite-do-amanha-vale-ou-nao-a-pena-assistir/
Vidas ao Vento
4.1 603 Assista AgoraQuantas pessoas não tem que “adaptar” seus sonhos, sob pena de terminar sem nada? O trabalho de Jiro é tornar aquele sentimento de voar em realidade concreta, ainda que a realidade que ele crie não seja o que tivesse imaginado em um primeiro momento, e as tristezas, desafios e condições dessa situação são exploradas pelo filme de forma muito sutil, metafórica. Jiro sonha o tempo todo, e por vezes a narração é cortada pelos devaneios de sua mente, buscando respostas para as questões que o atormentam.
Uma obra-prima, um 5 estrelas com louvor, altamente recomendado para todos os amantes do cinema.
http://cinemaliberdade.wordpress.com/2014/08/10/a-realidade-o-sonho-e-a-intensidade-emociaonal-de-vidas-ao-vento-hayao-miyazaki-2013/
Sociedade dos Poetas Mortos
4.3 2,3K Assista Agora"Boys, you must strive to find your own voice. Because the longer you wait to begin, the less likely you are to find it at all. Thoreau said, “Most men lead lives of quiet desperation.” Don’t be resigned to that. Break out!
(Meninos, vocês devem se esforçar para encontrar sua própria voz. Pois quanto mais esperarem para começar, menores serão as chances de vocês a encontrarem. Thoreau disse, “Maioria dos homens levam vidas de bastante desespero”. Não fiquem sujeitos a isso. Saiam dessa!)"
John Keating, "Sociedade dos poetas mortos".
http://cinemaliberdade.wordpress.com/2014/08/15/ironia-alleniana-a-anedota-de-pagliacci-e-o-poeta-que-se-suicidou-o-captain-my-captain/
O Homem que Plantava Árvores
4.6 77É, sem sombra de dúvida, uma das coisas mais bonitas que qualquer um que assistir, verá.
Melancolia
3.8 3,1K Assista AgoraGalera, antes de começar a crítica, deixem eu fazer um apelo aqui: Não é porque alguém não curte um filme; escreve errado; ou fala pouco - que, necessariamente - aquela pessoa é alguém insensível; "inferior"; incapaz de "sentir a essência verdadeira e bela" do filme. É muito triste alguém falar que não gostou do filme, e aí vem um outro e diz algo nesse sentido: "Ah, mas você também é um incapaz, leia mais sobre isso, sobre aquilo, assista denovo pq vc TEM q gostar..".
Então, eu dei 3 estrelas pro filme. Achei o filme tecnicamente muito bem feito. Eu gostei dos "movimentos malucos"(as mexidas constantes) da câmera, a fotografia que sai dum amarelado(que cria uma sensação de estranhamento, o casamento nunca parece ser tão bonito como deveria) no início pra um tom mais azulado no decorrer do filme, indicando a piora no estado de depressão da personagens. O direcionamento da câmera também muda no decorrer do filme - na segunda parte ela busca muito mais os rostos, as expressões, como que querendo "entrar dentro" da cabeça das personagens. Tudo(de técnico) foi bem pensando no filme.
Sem falar nos primeiros minutos, em que há uma abertura muito bela, feita em slow-motion, extremamente detalhista; Nas imagens que, intermitentemente, embelezam muito a película(os efeito especiais e tudo). O Final também, imageticamente falando, é magnífico.
Tudo isso acompanhado pela muito bela(e poderosa!) trilha sonora de Richard Wagner(Tristan und Isolde) e por atuações muito bem feitas.
Só que assim, eu achei a metáfora muito direta e pouco convincente. O planeta viajante que atinge "o único planeta com vida" e o destróe em segundos. Como a melancolia engole a vida, mata, enfim...
A melancolia, da forma que eu entendo, é um estado de variável depressão, marcada pela "não vontade de viver"(que pode vir acompanhada da vontade de morrer ou não). Só que o filme não consegue captar uma melancolia "pura". Veja bem, sabendo que a terra vai desaparecer, ou que tem grandes chances de ser destruída. Bom, é um ambiente que "provoca" melancolia. Me explico. Se for confirmado que todos morreremos amanhã, todo mundo vai ficar melancólico. Mas captar a melancolia nesse momento não é captar aquela melancolia cotidiana - "humana" - que todos experimentamos, em maior ou menor grau, sem motivo aparente, um dia ou outro, e que em algumas pessoas acaba por destruir "seu mundo".
Pra mim a melancolia do filme é muito mais pessoal. Tem a ver com o diretor/roteirista que se expressa através de suas personagens e de sua história. Notaram como a Mãe é insuportável(lembrando que foi a mãe do lars que "iniciou" essa viagem do autor pela melancolia), como o pai é completamente inútil(o cara deixa a filha lá, provoca a mãe a fazer um discurso lá q detona o clima e quaisquer chances daquela cerimônia dar certo), de como as pessoas são burras/falsas/feias; é tudo muito feio, muito triste; muito enfadonho; muito frio; muito falso. A personagem da Kirsten, que "sabe tudo", inclusive quantos grãos tem num pote("678" ela diz. Na mosca, sem titubear), diz: "O Mundo é feio" / "Nimguém sentirá falta da terra"(Não há Deus, não há vida, nimguém se importa) e "Não há vida após a morte". Essas passagens mostram bem a "melancolia", não nossa, não dela, mas do próprio Lars. Note também a descrença do autor na ciência(então ele não "bota fé" nem em Deus, nem na ciência) - incapaz de salvar o mundo e o ser humano, incapaz de garantir segurança com seus cálculos.
É um filme que me deixou triste. Mas não é um filme que diz muita coisa. Ele, parece-me, é só o produto genuíno da tristeza e melancolia do autor. A mensagem do filme é a melancolia em si. Sem soluções, sem moralismo. Um dia todos morreremos, e não há nada no "lado de lá".
Caligula
3.1 490 Assista AgoraSe você não tem a capacidade de sugerir nada, mostre tudo explicitamente mesmo e atinja seu objetivo. Quem gosta de ser chocado com muitas cenas de sexo(pornô mesmo, com genitália e tudo) e violência explicitos, esse é seu filme. Se não, NÂO VEJA.
Comentário contando partes do filme. Mostrar comentário.
Eu não vi nada demais no roteiro também(como alguns comentaram aí em baixo), é clichê, e se analisado apresenta diversas falhas. Como quando Tibério tenta envenenar Calígula, Oras, eles criam toda uma atmosfera de a(i)moralidade, deusificação do imperador, ultracrueldade, e o cara tenta envenena ele daquela maneira ridicula?(nem dá pra argumenta que ele tinha medo de ser repreendido pelo Macro, porque sendo o veneno de efeito instântaneo, ficaria óbvio o crime). PQP, pega uma espada e fura ele logo PORRA!
Outra falha está na acusação de Macro. O Filme constroe inicialmente a imagem de Macro como um comandante extremamente respeitado, poderosíssimo do ponto de vista militar e político(tanto que ele tinha o próprio imperado em suas mãos, isso é, de fato, dito no filme). Sendo assim, o modo como transcorreu sua perda de credibilidade é no mínimo ridícula. Uma testemunha e dinheiro(tirado da onde mesmo?) pros soldados romanos. Muito legal. Fácil acaba com gente poderosa né?
Há ainda uma outra passagem curiosa, quando o Imperador sai e se mistura com o povão. Eu até entendo o pessoal não reconhecer o imperador, já que muitos só o viam de longe e tal. Mas rapaz, anda com um anelzão de ouro daqueles, á noite, em meio à "escória" latina, e não ser roubado(inclusivem batem nele muito, mas não notam aquele discreto anel). E ainda acabar na prisão e ser reconhecido lá por causa de mágica...AAAA é muita merda, vai!
E eu não vo nem comentar do fato da irmã dele não ficar grávida(e não é mostrado ela cometendo nem aborto ou infanticído.. outra lacuna) e Das diversas deformações históricas(ele tinha 3 irmãs por exemplo, mantinha relações com as 3 e abrigava-as a se prostituirem)
No mais fica uma boa crítica(que eu achei no wikipedia) de Alex Jackson:
"O filme é agressivamente, odiosamente, chocantemente sem sentido. No entanto, a distância irônica que você usa para aguentar (e talvez até gostar) de filmes do Takashi Miike, até funciona por um tempo em Caligola, mas não dura até o fim. O filme é simplesmente muito vazio e cruel(...) não há perspectiva alguma. Eu nunca consegui me identificar com nenhum dos personagens, nem me importar com eles. O filme é tão profundamente desumano que tira dele qualquer conceito. Se o filme pode ser comparado com as sátiras de Fellini? Não(...) Você consegue apontar o problema? A maior, e eu acho que você pode argumentar, diferença daqueles filmes (e todos eram melhores e superiores à Caligola) é que havia algum tipo de propósito por trás deles"
Duas estrelas pelas atuações =)
Gênio Indomável
4.2 1,3K Assista AgoraFilme legal. :D
Melhores cenas pra mim são os diálogos no parque, e na construção(onde fica claro aquela idéia da diferença entre "entender" [aprender por meio do estudo, leitura] e "compreender"[aprender por meio da vivência]).