Bajulação, egocentrismo, ganância e insanidade. Junte tudo e chame de religião, coloque um pouco de humor e faça um brilhante documentário. Me tornei um eterno fã de Bill Maher.
Tenho acompanhado alguns filmes do gênero policial sul-coreanos e os títulos sempre me surpreendem pela qualidade e desenvolvimento, ao ponto de especular um possível ponto forte na indústria cinematográfica do país.
Com esse não foi diferente, é elogiável o trabalho de todos os atores, em especial ao Kyung-gu Sol, no papel do serial killer com Alzheimer.
O desenvolvimento tem todos os altos e baixos que a história pode proporcionar, entregando suspense na medida.
O filme tem uma construção muito inteligente e um roteiro original, que nos leva a um desfecho inesperado. A interferência na vida das personagens é um curioso e perigoso entretenimento. Nem tudo é o que parece, garanto.
É indiscutível que as obras de Shakespeare continuam inspirando novas criações. As adaptações de seus textos, literais ou quixotescas, assim como toda arte, sempre são suscetíveis à criticas, e isso não é novidade.
A tragédia "Titus Andronicus", uma das mais complexas do dramaturgo, reescrita dessa vez por Julie Taymor, me agradou. É um retrato do mundo moderno dentro da antiga Roma, de violência das guerras, das vinganças e das disputas de poder.
A Roma perversa é cercada de vaidade e ambição e, nesse sistema, não há vitória e nem glória sem sacrifícios. Infortúnio e progresso se tornam aliados, o que, ironicamente, não poderia ser mais atual. "Salve Roma, no luto vitoriosa!"
Quanto à qualidade dos cenários, figurinos e atores, impecável e a trilha sonora, envolvente.
O drama nos conduz ao lar de um casal idoso, Anne e George, que compartilham por décadas um matrimônio convencional e que conservaram um amor pelo mesmo número de anos de união. Quando as doenças da velhice atinge Anne, George parece desconfortável e, com a piora no estado de sua esposa, se vê em uma situação de confronto com esse amor nutrido por longo tempo. O estopim do filme é também seu final. Foi por amor. Bato o martelo!
O diretor, Michael Haneke, explorar muito bem as fragilidades e necessidades humanas, tornando-a uma excelente obra sobre repressão sexual e sadismo.
Cabe destaque também à Isabelle Huppert que, como sempre, trabalha com reconhecido talento e consegue realçar toda a complexidade da personagem Erika, em sua solidão e perversidade, ânimos e desânimos.
Vale a pena conferir. Pode chocar alguns, mas é dessa forma que Haneke trabalha, e talvez seja isso o elemento marcante de suas obras.
Sem dúvidas um dos melhores papéis de Tilda Swinton e de Ezra Miller. O filme carrega uma discussão importante sobre a maternidade como construção cultural - dar a luz aos filhos não te faz mãe - e traz um ensaio sobre a origem da maldade humana.
Um drama denso, que a princípio impressiona e depois nos leva a refletir, em busca de respostas.
Discordo de alguns colegas sobre clichê. O filme é um drama construido como thriller não sob a perspectiva do assassino e suas ações, mas na perspectiva de um terceiro, seus pensamentos e ponderações a cerca da relação e envolvimento com o assassino.
Deus da Carnificina é uma peça do exagero. Fruto de uma adaptação teatral - por sinal, me agrada muito esse tipo de adaptação - o filme conta com único cenário, dois atores, duas atrizes e uma discussão interminável. O que vemos na obra não são simplesmente pais superprotetores, mas um diálogo de obsessões e excessos, uma verdadeira dialética aristotélica.
Um dos melhores do gênero romance. Jane Campion, que escreveu e dirigiu o longa, fez escolhas certeiras com os atores e atrizes, cenários, figurinos e trilha sonora, com o incrível Michael Nyman. O uso do piano, que dá título à obra, foi um dos recursos de roteiro muito bem explorado.
O diretor consegue transmitir com sucesso toda a tensão desse delicado momento da Alemanha Ocidental, expondo com transparência os dois lados conflituosos, sem tendências ou sugestões.
O longa narra os conflito entre um grupo de extrema-esquerda contra o governo, em busca de voz e legitimação política. O grupo surge através do movimento estudantil e rapidamente ganha a alcunha de terroristas, devidos à práticas violentas e subsequentes atentados contra o patrimônio, civis e militares. Nesse instante, o governo alemão passa a ser pressionado por parte da sociedade para tomar ações de contenção, enquanto parte da sociedade ainda apoia o grupo.
O filme pode ser divido em duas partes, a primeira com o desenvolvimento do grupo e de seus fundadores e a segunda com a suas detenções e julgamentos, inclusive consequências. O primeiro mais dinâmico, agitado, já o segundo mais vagaroso. Ambos com o ritmo certo às cenas necessárias, para não deixar passar nada.
Martina Gedeck dá mais luz a personagem Ulrike Meinhof, e a coloca muitas vezes em um destaque maior que os outros.
Um clássico da literatura francesa, em que o diretor, Claude Chabrol, conseguiu com maestria reproduzir e adaptá-lo às telas. Claro que, como em qualquer adaptação para longa-metragem, o original sofre modificações, mas no filme são sutis e irrelevantes para o contexto de toda a obra.
Emma Bovary é interpretada ilustremente por Isabelle Huppert que, se não nasceu para esse papel, obteve o dom para dar vida e movimento à personagem do romance.
Os figurinos e cenários também merecem destaque, foram inseridos com muita aptidão.
A vida na pacata e modesta cidade é realmente sufocante e os moradores são entediantes. Madame Bovary é mais que um relato de uma mulher burguesa e provinciana que busca dissimuladamente os prazeres da vida, é a história de uma mulher insatisfeita e vaidosa, cuja natureza consiste em procurar felicidade.
Não poderia deixar de elogiar David Thewlis e Leonardo DiCaprio pelas atuações. A interação entre eles é impressionante - e que interação.
Rimbaud sem dúvidas estava à frente de seu tempo, um jovem inexperiente, ousado e provocador. Apaixonante.
A biografias de Paul Verlaine e de Oscar Wilde são semelhantes e fascinantes. Sempre me pergunto se guardariam algum rancor pelo amor, que lhes causou tanta dor. Mas talvez sejam inevitáveis.
Dogville é primoroso, desde a simplicidade cenográfica ao foco absoluto nas personagens, conceitos brilhantemente instituídos por Lars Von Trier.
Essa forma de produção exige notoriamente maior imersão nos papéis pela consequente carga psicológica das personagens, que dá densidade à história e roteiro, semelhante aos teatros, onde as críticas nem sempre estão nas histórias em si, mas nos papéis e ações que serão desempenhados pelos atores e atrizes.
O filme trata das já conhecidas arrogância e egoísmo do ser humano, mas vistos de uma forma sutil, crescente e óbvia, quando entram em cena as manipulações e abusos contra a protagonista.
O longa tem um papel importante pelo conteúdo psicológico das relações humanas e nos revela/denuncia a mediocridade no caráter humano.
Conduzindo com humor e teatralidade, o diretor Horatiu Malaele tratou um momento histórico da Romênia em seu filme com maestria, ponderando entre a fina comédia e a crítica ao sistema socialista da época, trazendo à tona a inconsistência e incompatibilidade do sistema político e econômico que prega a igualdade social.
Coloquei um texto mais elaborado em spoiler. Mas não há qualquer spoiler. O filme não trata-se de uma crítica à ideologia, mas sim a um regime histórico.
A Romênia praticamente sofreu até o fim da Guerra Fria fortes influências da URSS, fazendo parte da “Cortina de Ferro”, política de total isolamento da URSS aos países sob sua administração direta, onde eram impostas censuras rígidas e restrições aos povos e aos governos, resultando no completo e efetivo controle soviético sobre seus Estados-satélites.
Esse controle gerou enorme falta de comunicação desses países com o resto do mundo, onde a real extensão da desigualdade e precariedade do sistema só foi percebida ao fim do regime socialista, que culminou com o fim da Guerra Fria.
Cercados e isolados, os personagens não têm a quem recorrer. É um povo sem voz. Porém, apesar da censura e do rígido controle, a comunicação continua a acontecer por expressões faciais, gesto e sussurros. É a luta de um povo, mesmo consciente das consequências e punições que suas ações representam, para dar vazão a situação desigual, opressora e ditatorial. A falta de liberdade de expressão fica evidente nas cenas do casamento, interrompido pelas condições impostas pelo oficial soviético e se torna mais claro na primorosa e humorística cena do casamento, que dá origem ao título, um interposto entre o silencio literal e o silencio forçado, da censura.
Talvez essa seja a maior fruição que este filme pode causar em seus telespectadores, uma reflexão sobre a ótica da falta de liberdade de expressão e do poder que o silencio dá àqueles que o exigem.
Adorei em todos os sentidos. Para mim, foi um dos melhores papéis de Sigourney Weaver.
O peso do filme é maior ao perceber que se baseia em um fato real, e é relativamente mais triste também saber sobre o epílogo daqueles que deram vida à biografia.
É triste ver como a fé cega e os dogmas domam. Religiões costumam terceirizar erros, culpas, doenças e mazelas da vida. Atribuem tudo de ruim sobre a realidade a um inimigo invisível, ao tempo que ofertam suas vidas em busca de algo maior e melhor na presunção de um paraíso, uma pós-vida.
A terceirização de toda e qualquer responsabilidade é sem duvida reconfortante, não os culpo, mas são pós-verdades. O apelo emocional é grande e os problemas do dia a dia tornam-se um fardo menor e mais suportável, mas é ilusório.
De toda forma, as religiões tem os seus artifícios e os julgo pelos méritos. Mas não me servem, e nunca me servirão. É o oposto dos que servem. A religião que molda o homem ou o homem molda a religião?
Me sinto mal por Bobby, mas me alegra saber que nem tudo foi em vão. Mary Griffith, a real, é uma figura importante hoje para a causa, o que dá repercussão ao seu discurso.
Apreciei a condução da vingança de Yoshino Kimura do começo ao fim. Sua inteligência e paciência colaboraram para execução dos planos, ao mesmo tempo que aplicou uma importante lição aos seus alunos sobre dor e tristeza.
A trama clichê de troca de corpos fica em segundo plano, com os suportes de enredo brilhantes, ao envolver tempo e memórias, o que dá outro aspecto ao filme.
Com história banais transformadas em fabulosas animações, estou gostando do trabalho do multifunções Makoto Shinkai, diretor, produtor e escritor, que também me impressionou também em O Jardim das Palavras (2013).
Marina Abramovic inspira, impressiona e desconstrui. É uma artista original e única. Trouxe um novo movimento a um velho movimento artístico, e hoje é referencia em arte performática.
Sua arte inovadora ultrapassa limites, quebra medos e tabus para atingir o público diretamente, num choque entre artista e plateia.
No filme vejo uma Marina diferente, mais espirituosa, madura, renovada, mas menor em audácia, talvez devido a idade e sabedoria, que trazem conflituosamente os limites do corpo e elegem a prudência como modo de preservação.
Em Marina Abramovic, a busca pelo artista vem antes da arte.
Espero que tenha encontrado a artista que procurava durante toda a experiência.
Comovente e doce. Um drama com uma mensagem verdadeiramente sincera e otimista sobre a vida. Tokue, personagem de Kirin Kiki trouxe um fã definidamente para ambas.
A mistura entre realidade e delírios é estimulante. O filme passa e a cada minuto mais me incomoda, esse incomodo é fruto do roteiro e acompanha o espectador até o clímax.
As revelações finais quebram conclusões pré-definidas e as expectativas.
A perturbação da Mima me perturba, e essa é foi uma das minhas melhores experiências com Satoshi Kon <3
Religulous
4.1 245Bajulação, egocentrismo, ganância e insanidade. Junte tudo e chame de religião, coloque um pouco de humor e faça um brilhante documentário.
Me tornei um eterno fã de Bill Maher.
Memória de um Assassino
4.0 81 Assista AgoraTenho acompanhado alguns filmes do gênero policial sul-coreanos e os títulos sempre me surpreendem pela qualidade e desenvolvimento, ao ponto de especular um possível ponto forte na indústria cinematográfica do país.
Com esse não foi diferente, é elogiável o trabalho de todos os atores, em especial ao Kyung-gu Sol, no papel do serial killer com Alzheimer.
O desenvolvimento tem todos os altos e baixos que a história pode proporcionar, entregando suspense na medida.
The Tenants Downstairs
3.0 4O filme tem uma construção muito inteligente e um roteiro original, que nos leva a um desfecho inesperado. A interferência na vida das personagens é um curioso e perigoso entretenimento. Nem tudo é o que parece, garanto.
Titus
3.5 33É indiscutível que as obras de Shakespeare continuam inspirando novas criações. As adaptações de seus textos, literais ou quixotescas, assim como toda arte, sempre são suscetíveis à criticas, e isso não é novidade.
A tragédia "Titus Andronicus", uma das mais complexas do dramaturgo, reescrita dessa vez por Julie Taymor, me agradou. É um retrato do mundo moderno dentro da antiga Roma, de violência das guerras, das vinganças e das disputas de poder.
A Roma perversa é cercada de vaidade e ambição e, nesse sistema, não há vitória e nem glória sem sacrifícios. Infortúnio e progresso se tornam aliados, o que, ironicamente, não poderia ser mais atual. "Salve Roma, no luto vitoriosa!"
Quanto à qualidade dos cenários, figurinos e atores, impecável e a trilha sonora, envolvente.
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraO drama nos conduz ao lar de um casal idoso, Anne e George, que compartilham por décadas um matrimônio convencional e que conservaram um amor pelo mesmo número de anos de união. Quando as doenças da velhice atinge Anne, George parece desconfortável e, com a piora no estado de sua esposa, se vê em uma situação de confronto com esse amor nutrido por longo tempo. O estopim do filme é também seu final. Foi por amor. Bato o martelo!
Justificável? Os fins justificam os meios?
A Professora de Piano
4.0 686 Assista AgoraO diretor, Michael Haneke, explorar muito bem as fragilidades e necessidades humanas, tornando-a uma excelente obra sobre repressão sexual e sadismo.
Cabe destaque também à Isabelle Huppert que, como sempre, trabalha com reconhecido talento e consegue realçar toda a complexidade da personagem Erika, em sua solidão e perversidade, ânimos e desânimos.
Vale a pena conferir. Pode chocar alguns, mas é dessa forma que Haneke trabalha, e talvez seja isso o elemento marcante de suas obras.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraSem dúvidas um dos melhores papéis de Tilda Swinton e de Ezra Miller.
O filme carrega uma discussão importante sobre a maternidade como construção cultural - dar a luz aos filhos não te faz mãe - e traz um ensaio sobre a origem da maldade humana.
Um drama denso, que a princípio impressiona e depois nos leva a refletir, em busca de respostas.
Discordo de alguns colegas sobre clichê. O filme é um drama construido como thriller não sob a perspectiva do assassino e suas ações, mas na perspectiva de um terceiro, seus pensamentos e ponderações a cerca da relação e envolvimento com o assassino.
Deus da Carnificina
3.8 1,4KDeus da Carnificina é uma peça do exagero. Fruto de uma adaptação teatral - por sinal, me agrada muito esse tipo de adaptação - o filme conta com único cenário, dois atores, duas atrizes e uma discussão interminável.
O que vemos na obra não são simplesmente pais superprotetores, mas um diálogo de obsessões e excessos, uma verdadeira dialética aristotélica.
O Piano
4.0 443Um dos melhores do gênero romance. Jane Campion, que escreveu e dirigiu o longa, fez escolhas certeiras com os atores e atrizes, cenários, figurinos e trilha sonora, com o incrível Michael Nyman. O uso do piano, que dá título à obra, foi um dos recursos de roteiro muito bem explorado.
Recomendadíssimo.
O Grupo Baader Meinhof
4.0 174O diretor consegue transmitir com sucesso toda a tensão desse delicado momento da Alemanha Ocidental, expondo com transparência os dois lados conflituosos, sem tendências ou sugestões.
O longa narra os conflito entre um grupo de extrema-esquerda contra o governo, em busca de voz e legitimação política. O grupo surge através do movimento estudantil e rapidamente ganha a alcunha de terroristas, devidos à práticas violentas e subsequentes atentados contra o patrimônio, civis e militares. Nesse instante, o governo alemão passa a ser pressionado por parte da sociedade para tomar ações de contenção, enquanto parte da sociedade ainda apoia o grupo.
O filme pode ser divido em duas partes, a primeira com o desenvolvimento do grupo e de seus fundadores e a segunda com a suas detenções e julgamentos, inclusive consequências. O primeiro mais dinâmico, agitado, já o segundo mais vagaroso. Ambos com o ritmo certo às cenas necessárias, para não deixar passar nada.
Martina Gedeck dá mais luz a personagem Ulrike Meinhof, e a coloca muitas vezes em um destaque maior que os outros.
Um dos meus filmes favoritos do cinema alemão.
Nota 5.
A Origem dos Guardiões
4.0 1,5K Assista AgoraJack <3
Madame Bovary
3.5 77 Assista AgoraUm clássico da literatura francesa, em que o diretor, Claude Chabrol, conseguiu com maestria reproduzir e adaptá-lo às telas. Claro que, como em qualquer adaptação para longa-metragem, o original sofre modificações, mas no filme são sutis e irrelevantes para o contexto de toda a obra.
Emma Bovary é interpretada ilustremente por Isabelle Huppert que, se não nasceu para esse papel, obteve o dom para dar vida e movimento à personagem do romance.
Os figurinos e cenários também merecem destaque, foram inseridos com muita aptidão.
A vida na pacata e modesta cidade é realmente sufocante e os moradores são entediantes. Madame Bovary é mais que um relato de uma mulher burguesa e provinciana que busca dissimuladamente os prazeres da vida, é a história de uma mulher insatisfeita e vaidosa, cuja natureza consiste em procurar felicidade.
Nota 5.
Eclipse de uma Paixão
3.6 221 Assista AgoraNão poderia deixar de elogiar David Thewlis e Leonardo DiCaprio pelas atuações. A interação entre eles é impressionante - e que interação.
Rimbaud sem dúvidas estava à frente de seu tempo, um jovem inexperiente, ousado e provocador. Apaixonante.
A biografias de Paul Verlaine e de Oscar Wilde são semelhantes e fascinantes. Sempre me pergunto se guardariam algum rancor pelo amor, que lhes causou tanta dor. Mas talvez sejam inevitáveis.
Nota 5.
Rindo à Toa
3.7 290Um drama adolescente divertido e despretensioso. Comum, mas certamente acima da média em relação ao gênero.
Nota 4.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraDogville é primoroso, desde a simplicidade cenográfica ao foco absoluto nas personagens, conceitos brilhantemente instituídos por Lars Von Trier.
Essa forma de produção exige notoriamente maior imersão nos papéis pela consequente carga psicológica das personagens, que dá densidade à história e roteiro, semelhante aos teatros, onde as críticas nem sempre estão nas histórias em si, mas nos papéis e ações que serão desempenhados pelos atores e atrizes.
O filme trata das já conhecidas arrogância e egoísmo do ser humano, mas vistos de uma forma sutil, crescente e óbvia, quando entram em cena as manipulações e abusos contra a protagonista.
O longa tem um papel importante pelo conteúdo psicológico das relações humanas e nos revela/denuncia a mediocridade no caráter humano.
Lars Von Trier tem o poder e sabe impactar.
Nota 5.
Casamento Silencioso
4.1 119Conduzindo com humor e teatralidade, o diretor Horatiu Malaele tratou um momento histórico da Romênia em seu filme com maestria, ponderando entre a fina comédia e a crítica ao sistema socialista da época, trazendo à tona a inconsistência e incompatibilidade do sistema político e econômico que prega a igualdade social.
Coloquei um texto mais elaborado em spoiler. Mas não há qualquer spoiler.
O filme não trata-se de uma crítica à ideologia, mas sim a um regime histórico.
A Romênia praticamente sofreu até o fim da Guerra Fria fortes influências da URSS, fazendo parte da “Cortina de Ferro”, política de total isolamento da URSS aos países sob sua administração direta, onde eram impostas censuras rígidas e restrições aos povos e aos governos, resultando no completo e efetivo controle soviético sobre seus Estados-satélites.
Esse controle gerou enorme falta de comunicação desses países com o resto do mundo, onde a real extensão da desigualdade e precariedade do sistema só foi percebida ao fim do regime socialista, que culminou com o fim da Guerra Fria.
Cercados e isolados, os personagens não têm a quem recorrer. É um povo sem voz. Porém, apesar da censura e do rígido controle, a comunicação continua a acontecer por expressões faciais, gesto e sussurros. É a luta de um povo, mesmo consciente das consequências e punições que suas ações representam, para dar vazão a situação desigual, opressora e ditatorial. A falta de liberdade de expressão fica evidente nas cenas do casamento, interrompido pelas condições impostas pelo oficial soviético e se torna mais claro na primorosa e humorística cena do casamento, que dá origem ao título, um interposto entre o silencio literal e o silencio forçado, da censura.
Talvez essa seja a maior fruição que este filme pode causar em seus telespectadores, uma reflexão sobre a ótica da falta de liberdade de expressão e do poder que o silencio dá àqueles que o exigem.
Nota 5.
Orações para Bobby
4.4 1,4KAdorei em todos os sentidos. Para mim, foi um dos melhores papéis de Sigourney Weaver.
O peso do filme é maior ao perceber que se baseia em um fato real, e é relativamente mais triste também saber sobre o epílogo daqueles que deram vida à biografia.
É triste ver como a fé cega e os dogmas domam. Religiões costumam terceirizar erros, culpas, doenças e mazelas da vida. Atribuem tudo de ruim sobre a realidade a um inimigo invisível, ao tempo que ofertam suas vidas em busca de algo maior e melhor na presunção de um paraíso, uma pós-vida.
A terceirização de toda e qualquer responsabilidade é sem duvida reconfortante, não os culpo, mas são pós-verdades. O apelo emocional é grande e os problemas do dia a dia tornam-se um fardo menor e mais suportável, mas é ilusório.
De toda forma, as religiões tem os seus artifícios e os julgo pelos méritos. Mas não me servem, e nunca me servirão. É o oposto dos que servem. A religião que molda o homem ou o homem molda a religião?
Me sinto mal por Bobby, mas me alegra saber que nem tudo foi em vão. Mary Griffith, a real, é uma figura importante hoje para a causa, o que dá repercussão ao seu discurso.
Nota 5.
Confissões
4.2 855Excelente em todos os aspectos.
Apreciei a condução da vingança de Yoshino Kimura do começo ao fim. Sua inteligência e paciência colaboraram para execução dos planos, ao mesmo tempo que aplicou uma importante lição aos seus alunos sobre dor e tristeza.
Nota 5.
Crianças Lobo
4.4 339A história é muito afetuosa e maternal, os sacrifícios de Hana para cuidar e proteger os filhos é emocionante. O amor é sincero, sem banalização.
Os personagens são muito bem desenvolvidos, durante todo o longa. Detalhe que todos são uns fofos.
Não acabou do jeito que esperava, mas foi incrível em todos os aspectos.
Esperava que a família inteira ficasse unida. Hahaha, bobo né?
Nota 5.
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraÉ um romance emocionante e visualmente incrível.
A trama clichê de troca de corpos fica em segundo plano, com os suportes de enredo brilhantes, ao envolver tempo e memórias, o que dá outro aspecto ao filme.
Com história banais transformadas em fabulosas animações, estou gostando do trabalho do multifunções Makoto Shinkai, diretor, produtor e escritor, que também me impressionou também em O Jardim das Palavras (2013).
Memorável, nota 5.
Espaço Além - Marina Abramović e o Brasil
4.3 131Marina Abramovic inspira, impressiona e desconstrui. É uma artista original e única. Trouxe um novo movimento a um velho movimento artístico, e hoje é referencia em arte performática.
Sua arte inovadora ultrapassa limites, quebra medos e tabus para atingir o público diretamente, num choque entre artista e plateia.
No filme vejo uma Marina diferente, mais espirituosa, madura, renovada, mas menor em audácia, talvez devido a idade e sabedoria, que trazem conflituosamente os limites do corpo e elegem a prudência como modo de preservação.
Em Marina Abramovic, a busca pelo artista vem antes da arte.
Espero que tenha encontrado a artista que procurava durante toda a experiência.
Nota 5.
Sabor da Vida
4.2 130 Assista AgoraComovente e doce. Um drama com uma mensagem verdadeiramente sincera e otimista sobre a vida. Tokue, personagem de Kirin Kiki trouxe um fã definidamente para ambas.
Eu sinceramente chorei com a partida da Tokue que, com sua humildade e felicidade, transformaram Sentaro.
Nota 5.
Perfect Blue
4.3 815A mistura entre realidade e delírios é estimulante. O filme passa e a cada minuto mais me incomoda, esse incomodo é fruto do roteiro e acompanha o espectador até o clímax.
As revelações finais quebram conclusões pré-definidas e as expectativas.
A perturbação da Mima me perturba, e essa é foi uma das minhas melhores experiências com Satoshi Kon <3
Nota 5.
Atriz Milenar
4.3 115Satoshi Kon é autêntico e reverente, suas produções e direções sempre carregam complexidade e ficção em contraponto de uma história comum.
Essa essência traz aos filme que produz uma atmosfera única.
Sem dúvidas é um dos meus filmes favoritos.
Nota 5.