Não é invisível para ninguém que a Marvel só vem provando cada vez mais ser uma das produtoras mais asseguradas da qualidade de seus filmes em trabalho hoje. E o mais impressionante foram suas jogadas arriscadas desses últimos anos que só resultaram em ótimas adaptações divertidas e leais a obra. Guardiões da Galáxia talvez seja sua adaptação mais ousada até hoje, já que é um quadrinho de humor negro dos anos 70 de pouco sucesso e fama. E que acabou sendo mais um golaço 7-1 da Marvel!
Vamos encarar os fatos. Guardiões tinha tudo para dar errado. Ainda por cima contratando James Gunn, roteirista de Scooby-Doo para dirigir e roteirizar o filme. E o que poderia ser uma palhaçada com efeitos visuais ridícula acaba sendo uma aventura épica super divertida. Não só graças as mãos cheias de Gunn mas também pelo estupendo elenco reunido, talvez o melhor elenco reunido em um filme da Marvel. Gunn faz exactamente o Whedon fez em Os Vingadores dois anos atrás, deu voz e sentimentos a todos os personagens. Talvez deixe use mal alguns como Korath, personagem de Djimon Hounsou, e Nova Prime, personagem da irmã gémea indireta de Meryl Streep, Glenn Close. Mas de resto, todos conquistam o coração do público.
Afinal, o filme não se chama Guardiões da Galáxia a toa se não o foco do filme serem exatamente eles cinco. Peter Quill (Chris Pratt), o humano órfão abduzido ainda novo por caçadores de recompensa; Gamora (Zoe Saldana), a alienígena verde órfã com um passado obscuro; Drax (Dave Bautista), o guerreiro que perdeu a família e busca vingança; Rocket (Bradley Cooper), o raivoso-genial-caçador de recompensas-guaxinim falante; Groot (Vin Diesel), a arvore de poucas silabas. Todos estes fatídicos personagens se juntam não só para derrotar o maligno Ronan (Lee Peace) mas também redimirem seus sentimentos e formarem uma liga de forte amizade fraterna.
Isso é o lindo do filme. Consegue ter um enorme coração e conquistar o público com sentimentos verdadeiros pelas personagens e suas situações. E sentir aquele aperto no peito quando o seu destisno é posto em prova. Ao mesmo tempo de fazer o público rir às gargalhadas durante todo o filme, cada personagem com o seu humor satírico, arrogante e bobo que é impossível não abrir um enorme sorriso no rosto quando cada um se exalta em seu momento. Gunn e sua co-roteirista Nicole Perlman dosam o drama e a comédia de forma ágil e excelente, deixando o filme fluir de maneira soberba.
E como não deixar de mencionar as várias referências a Star Wars, Star Trek e até Indiana Jones. Peter Quill é construído de com um caráter tão pitoresco que lembra, e muito a Han Solo em sua nave com nome e ainda com o seu enorme espirito de aventura e caça a tesouros lembra ao dr. Indiana Jones (a própria introdução do filme é bem estilo Caçadores da Arca-Perdida do Spielberg). A presença momentânea do Groot é quase uma alusão do Chewbaca. E as cidades tem traços futurísticos e populações multi-racias da saga Star Trek e até de jogos como Mass-Effect.
Tudo criado com efeitos visuais deslumbrantes e (finalmente) um uso ajustável do 3D que está ótimo. E ajudam ainda mais nas muito bem dirigidas e coreografadas cenas de ação, tanto terrestres quanto espaciais, que são simplesmente épicas. Seguidas de uma magnifica trilha sonora que mistura os tons originais de Tyler Bates e clássicos dos anos 70 e 80 como “Hooked on a Feeling” dos Blue Swede e “I want you back” dos Jackson 5 e muito mais. Impossível ninguém após assistir ao filme ir procurar ouvir a trilha sonora toda.
Mas apesar de tudo de excelente que Guardiões tenha, é impossível não notar essa base formulaica que a Marvel vem montando desde Os Vingadores. Base esta que constrói personagens tão interessantes, como aqui, e monta tudo para se ver mais em uma continuação ou um Vingadores 7. Não se tem mais aquele território solo da personagem que se tinha no excelente Homem de Ferro em 2008. Até a cena pós créditos aqui deixa essa pergunta, tanto negativa quanto positiva, até onde a Marvel irá?!
Tirando isso, Guardiões da Galáxia é a definição de um perfeito blockbuster. Personagens com um carisma incrível; comédia e drama super bem dosados; é a Marvel com a bola toda. Fazendo aqui não só um dos seus melhores, mas possivelmente o seu filme mais divertido filme até hoje. De se ver e querer ver muito mais!
Aparentemente David O. Russel está se tornando um diretor-roteirista que lança projectos uma vez ao ano, tudo graças ao sucesso que foi O Vencedor em 2010. Primeiro veio O Lado Bom da Vida (2012), agora Trapaça e o seu próximo projeto Nailed (2014). E O. Russel tem ganhado com seus últimos projetos boa bilheteria e altas notas da crítica, e agora Trapaça é talvez o auge do diretor.
O diretor-roteirista já é conhecido por misturar em uma história, muito bem, humor com drama. Isso foi demonstrado soberbamente em Três Reis (1999) e em O Vencedor, mas infelizmente não muito bem em O Lado Bom da Vida, onde o humor parecia sair de um jeito muito forçado. Já aqui, O. Russel melhora muito melhor isso, dando um foco mais dramático na história e deixando o humor aparecer naturalmente com as situações. E qual seria a melhor maneira de fazer isso do que pegar numa história sobre dois desviadores de dinheiro no ramo artístico, Irving Rosenfeld e Sydney Prosser (Bale e Adams), que são pegos pelo agente do FBI, Richie DiMaso (Bradley Cooper). E agora são forçados a ajudar o FBI pegar mais 4 trapaceiros como eles, e só assim para não serem presos.
A trama parece simples e interessante, e por vários momentos O.Russel e Eric Warren (seu parceiro no roteiro) a montam quase como Bons Companheiros de Scorsese, com a narração de uma das personagens em cima da história mostrando o seu ponto de vista. Mas antes que o filme alcance seus 30 minutos, a trama muda de pegar 4 trapaceiros para pegar políticos corruptos (que também são uma espécie de trapaceiros), aí entrando o prefeito Carmine Polito, personagem de Jeremy Renner. E sim, O. Russel inicia uma grande crítica à política corrupta da época, que por acaso é elaborada de um jeito inteligente, mas esquece da situação inicial das duas personagens principais durante o resto do filme, até quase a parte final.
Mas o que cobre seus erros chatos da trama é a diversão que o filme transmite. O.Russel faz isso dando uma de Tarantino, não com violência moderada e sim com os diálogos temáticos. Isto é, diálogos abordando vários temas diferentes. Alguns podem até sair do contexto por momentos, mas todos são inteligentes e com um interessante nível de esquisitice de suas personagens (esquisitice é a especialidade de O.Russel desde o início de sua carreira). Fazendo uma narrativa bem ambiciosa e bem divertida, não só graças à O.Russel mas também pelo seu elenco de luxo.
O. Russel aqui juntou o elenco dos dois filmes que o recolocaram no mapa. Christian Bale e Amy Adams de O Vencedor, e Bradley Cooper e Jennifer Lawrence de O Lado bom da Vida, e muitos outros com pequenas e grandes participações (prestem atenção na ótima aparição de Robert De Niro). Isso deve ser a sua receita do sucesso, pena que seu parceiro Mark Wahlberg está ocupado com explosões e robôs. Mas todos têm algo em comum, e não é só a participação no filme, todos demostram excelente atuações. Os críticos mencionam e apontam Jennifer Lawrence, que está sim muito boa, mas nenhum menciona a perfeição de Christian Bale com uma verdadeira encarnação de sua personagem bondoso e trapaceiro ou Jeremy Renner que está simplesmente soberbo como o corrupto do bem. E claro, Amy Adams mostrando sua incrível sensualidade e carisma, e Cooper mostrando seus ataques explosivos de nervos.
O que Trapaça é de verdade um encontrão, do inglês “Hustle”. Um encontrão de várias personagens em uma situação verdadeiramente louca. Que graças a um bom roteiro e excelentes performances do elenco vão fazer o público se divertir e dar um nó na cabeça, e fazer esquecer da trama bagunçada!
Após anos de uma carreira que vem de dirigir vídeo-clips de bandas como Weezer e da própria Bjork, pequenos curtas, e uma obra-prima como “Quero ser John Malkovich”, o ápice da carreira do jovem diretor Spike Jonze só chegaria em 2013 com o seu maior e melhor filme até hoje: “ELA". Onde é que posso começar a falar do filme em questão? Que é um belo romance? Uma ficção-científica super inteligente? Uma possível obra-prima moderna? Que tal um filme sobre a época moderna em que vivemos?!
Sim, é bem estranho falar isso contando que é passado num futuro não tão distante (não, não é X-Men) numa Los Angeles utópica onde nos deparamos com a vida de Theodore Twombly (Joaquim Phoenix) um tímido e complexo escritor de cartas românticas, que recentemente sofreu com o término de uma relação amorosa com Catherine (uma breve Rooney Mara). Com o coração partido ele se interessa por um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma entidade de inteligência artificial, só que melhor. Ao iniciá-lo, ele tem o prazer de conhecer “Samantha”, uma voz feminina perspicaz, sensível e surpreendentemente engraçada (Scarlett Johansson), que Theodore acaba se apaixonando.
“ELA” é uma daqueles raros filmes que usa o palco de ficção-cientifica para levantar fortes questões morais. Ao contrário de falar sobre a exclusão social como “Distrito 9” ou sobre a existência humana como “Solaris” e “2001”, Jonze fala sobre a sociedade viciada na tecnologia moderna em que vivemos. E é a melhor forma disso é fazendo uma belíssima sátira romântica? Brilhante! Afinal, o que nós humanos temos hoje por nossos celulares, tablets, etc…. se não um amor viciante. Isso é explorado com louvor no romance belíssimo entre Theodore e Samantha.
Após anos dirigindo as fantasias modernas de Charlie Kaufman como “Quero ser John Malkovich” e “Adaptação”, Jonze agora lidera o seu filme com um pródigo roteiro. Cria uma narrativa tão habilidosa e super dosada, onde vemos verdadeiros sentimentos e emoções sendo transmitidos nos belos diálogos entre as personagens. Jonze parece fazer uma mistura de toques do próprio Kaufman com um pequeno toque de fantasia “artística” e um toque da naturalidade de Woody Allen, sem o uso da metalinguagem de ambos os mestres. Adicionando uma ótima dose de humor e também drama para arrancar lágrimas de olhos de qualquer um.
A beleza da coisa não é só pela excelente performance de Phoenix ou a exuberante atuação vocal de Johansson, mas do tamanho de sentimentos que a relação dos dois transmite no meio da história. Quando Theodore compra o sistema de Samantha, que não é nada mais nada menos que um simples aplicativo, ele pode escolher entre um ser masculino e feminino. E a personalidade romântica e sensível de Theodore cabe para uma percepção onde ambos homens e mulheres podem se relacionar e captar a sua escolha (e até repara-se uma homenagem ao HAL de “2001” na personagem de Samantha, só que numa versão totalmente sensual). Só aumentando o nosso carinho pelo casal e pelas personagens em volta, incluindo Amy (Amy Adams) a amiga fofa de Theodore. O amor que Theodore sente por Samantha, é representado de uma forma quase poética e metafórica no contexto do filme. A aficção de Theodore representa de forma indireta a atração e dependência que nós temos pelos aparelhos tecnológicos. E o emprego de Theodore como escritor de cartas românticas é uma amostra do afastamento social que as pessoas de hoje têm entre si, principalmente no amor.
Até a própria direção de Jonze ajuda nisso. Los Angeles é montada com toques utópicos de cidades como Shangai. E os planos de camera por onde Theodore passa denota de forma impressionante pessoas e mais pessoas mexendo e falando no celular, de forma quase assustadora. E o filme ainda surpreende com uma belíssima direção de arte detalhada, dando a cada cena do filme uma beleza imensurável. Conseguindo aspirar os próprios sentimentos das situações.
Não tenho outras palavras para classificar “ELA” do que como uma obra-prima, e com certeza o melhor filme da carreira de Jonze. Um filme que demonstra a sociedade viciada e dependente na tecnologia, em que vivemos hoje. E como isso nos faz perder nossas capacidades de socializar e amar pessoas. Isso tudo vêm através de uma belíssima e credível história romântica que transmite sentimentos verdadeiros que nos conquista totalmente e nos prende do inicio ao fim entre risos e lágrimas. O que faz do filme em si, e ambos Theodore e Samantha totalmente inesquecíveis!
Apresentar o que é o Facebook à esse ponto é ridículo. Mas talvez não na época em que o roteirista Aaron Sorkin decidiu adaptar as suas origens do livro “The Accidental Billionaires” e chamar o diretor de “Clube de Luta” e “Se7en”, David Fincher, para dirigi-lo. O que resultou em 2010 um bombástico acréscimo de usuários do Facebook e o cinema recebeu esse EXCELENTE marco chamado “A Rede Social”.
Focado no caso da criação do Facebook pelo “génio” de Mark Zuckerberg e o enorme mistério em volta dela. Desde o inicio com os cortes mútuos de uma narrativa diferente para a outra, a principal é focada no tribunal com Mark (Jesse Eisenberg) provando a sua mão na criação contra o seu melhor amigo brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), partindo daí os vários momentos importantes na vida e relação de ambos amigos que se tornaram rivais durante o desenvolvimento da bilionária rede social. E durante todos os 121 minutos de filme, seguimos uma história engraçada, triste e totalmente intrigante.
Chamar Fincher para o trabalho foi algo surpreendente, já que vem de uma filmografia mais conhecida por dirigir excelentes thrillers como “Zodíaco”, mas ele já tinha provado a mão no drama na obra-prima “O Curioso Caso de Benjamin Button”. E aqui o diretor lidera o FANTÁSTICO roteiro de Sorkin com mestria. Parecendo dar um ótimo toque de “Cidadão Kane” na história. Não só nos ótimos e bem editados cortes de narrativas em diferentes linhas temporais com um bom uso de metalinguagem, mas também como Sorkin monta a personagem de Mark. Um jovem que ao perceber o ouro que tinha em mãos se tornou um homem ganancioso e traiu as pessoas em sua volta, e que busca incessantemente a atenção amorosa.
Isso também levanta um dos muitos temas que o filme contém, a nossa geração. Logo na cena inicial com um excelente diálogo ente Mark e sua namorada Erica (Rooney Mara) num bar da faculdade é o perfeito retrato disso. Uma geração focada nos estudos e nas oportunidades de seu futuro profissional, e que arranja espaço para namorar com ou sem paixão e festejar em bares ou festas sem motivo algum. Daí vem um pouco do lado humorado do filme com momentos de pirraças e brincadeiras de adolescentes, e ainda por cima a nerdice de Mark (um típico nerd de filme americano). Mas daí também provem seu lado triste quando vemos a capacidade de alguém se tornar ganancioso quando recebe suas chances promissoras de criatividade (ele inventou o Facebook à partir de um compartilhamento de fotos), capaz de esquecer dos amigos mais próximos de nós. Como vemos quando Mark e Eduardo começam a criar sua rivalidade que começou com uma amizade cheia de sentimentos puros no inicio.
Claro que Sorkin trata a história com respeito e sem ofensas diretas, daí vindo o lado intrigante e meio misterioso do filme (a perfeita área de Fincher). Durante todo o filme Fincher e Sorkin parece nos fazer essa pergunta: “quem criou o Facebook?”. O público que presta atenção é capaz de ficar se perguntando isso ao longo do filme e até depois de seu misterioso e reflexivo final. Ainda por cima com sua trama sendo construída em cima de um ágil roteiro e uma singela trilha sonora de Trent Reznor. E as ótimas performances de seu elenco jovem de luxo, com Jesse Eisenberg dando um perfeito uso da sua conhecida performance de nerd esquisito e outros como Armie Hammer brilha interpretando os gananciosos gêmeos Winklevoss e Justin Timberlake interpretando o extrovertido e metido Sean Parker. Mas quem brilha no filme (mesmo não captando o espirito brasileiro) é Andrew Garfield com um show de emoções que nos conquista totalmente. O verdadeiro coração do filme!
É estranho ver uma recepção TÃO calorosa por parte da critica em volta do filme, chamado de obra-prima e um marco e tal. E ser chamado de filme muito sobrevalorizado e exagerado pela maior parte do público. Pena que poucos conseguem ver a importância do filme de Fincher que faz um retrato explicito de nossa geração criativa e gananciosa. Uma obra que acredito que será melhor reconhecida com o passar dos anos, e que as pessoas vejam para além do seu lado interessante de história e vejam as suas qualidades, tanto na sua alma temática e suas perfeitas qualidades técnicas. Não é um filme de total perfeição mas sim um FILMAÇO a ser respeitado e adorado!
Depois dos aclamados Hunger e Shame, o diretor Steve Mcqueen vem provando ser um profissional mais do que competente no cinema hoje. E agora com 12 anos de Escravidão ele atesta isso fazendo o seu melhor filme até hoje. Sendo um filme comum está longe da perfeição, mas o que Mcqueen nos dá aqui é o retrato cru e vicero da escravidão negra. Detalhe por detalhe, historicamente e humanamente apurado, e nessa área, o filme é perfeito.
A idéia de Mcqueen em adaptar um livro do séc. 19 com a história de Solomon Northup, um homem negro livre que capturado e vendido como escravo é um trabalho que se pode dizer que complicado é pouco, e pareceu ser impossível com a pouca bilheteria que seus filmes anteriores tiveram. Mas Brad Pitt salvou o filme, não só com sua pequena e boa participação, como também produziu o filme. E garantiu assim a vinda de uma produção de filme adequada com um orçamento melhor. E nos trouxe um filme que será inesquecível à todos que assistirem.
Mas Mcqueen dá uma atenção à história de Solomon, interpretado por Chiwetel Ejiofor, quase de uma forma secundária ao longo do filme, dando uma atenção maior em dar sim um retrato da escravidão. Isso parece soar como algo negativo, mas não. É a maneira inteligente do diretor de explorar esse tema colocando nós, o público, no lugar de Solomon ao longo de sua longa luta pela sobrevivência. E em todos os momentos aterrorizantes e agoniantes do filme. Se Mcqueen filmou diálogos com ferocidade em Hunger e cenas de sexo pertubadoras em Shame, aqui ele usa seus ângulos profundos em todas as cenas assustadoras de chibatadas e de tortura. Com um timing perfeito usando direção de arte e montagem em cenas como um aterrorizante enforcamento, e quando Patsey (Lupita Nyong'o) é torturada com chibatadas.
Parecendo por momentos um filme artistico estilo à Nicolas Winding Refn (Drive; Bronson), com momentos silenciosos tão reflexivos e assustadores. Fazendo pouco uso da singela trilha-sonora de Hans Zimmer, mas quando aparece nossos corações parecem borbulhar. Sem nunca dar espaço ou tempo para o público respirar ou ter algum momento de esperança. Nos jogando na cara a verdade crua, sem podermos olhar para uma luz no fim do túnel. É simplesmente McQueen tratando de ser o que sempre foi: oculto e excêntrico. A sua atenção em cima da narrativa é a prova disso.
O roteiro de John Ridley ao mesmo tempo que consegue ser leal ao livro de uma forma bem detalhada, com apenas pequenos pontos da verdadeira história de fora, faz um verdadeiro jus ao título “escravidão” e explora a situação dos escravos pelos olhos de Solomon. Tocando em temas como por exemplo o sexo entre escravo e mestre com a personagem de Patsey, e a justiça em possuir escravos naquela época e como os cruéis atos que vemos hoje era apenas uma formalidade diária. Isso é demonstrado com uma moeda de duas caras. Um é o bondoso senhor de escravos William Ford, interpretado por Benedict Cumberbatch, que compreende que Solomon é mais do que aparenta, mas ele é vítima de um sistema escravocrata intolerante, portanto nada pode fazer além de meros caprichos. E Edwin Epps, personagem de Michael Fassbender, um homem tão intolerante e orgulhoso de possuir escravos que até usa argumentos na Bliblia para a escravidão.
Tudo se torna ainda mais assustador e real são as fantásticas performances do elenco. Lupita Nyong'o que nínguem para de falar, mesmo com poucas cenas, brilha em cada uma delas. Conquistando totalmente o nosso coração, e quando chega o seu momento de sofrer, nossos olhos não aguentam. E Michael Fassbender tenebroso como o retrato da ignorância e crueldade de muitos dos donos de escravos. Pode-se dizer que ele é o Calvin Kandie (personagem de Django Livre) desse ano, só que real e mais cruel. Mas a alma do filme e que nos faz aguenta-lo até o fim é Chiwetel Ejilfor, mostrando finalmente seu enorme talento ao mundo com uma das melhores performances de 2013.
O filme vem recebendo uma critica negativa é a que não dão uma noção do tempo passado na vida de Solomon e estraga completamente o título. Mcqueen faz isso de propósito. Nós estamos tão investidos na dor diária de Solomon que nem ele vê o tempo passando, e assim muito menos nós. A cena final quando Solomon vê seus filhos adultos, ele está tão assustado e surpreso quanto nós. Ele viu o tempo de sofrimento que passou e não viu seus filhos crescerem e perdeu a chance de cria-los. Solomon não chora por emoção e muito menos nós, as lágrimas são de dor profunda. Não é um final feliz, é um final humano.
Aterrorizante, mas ao mesmo tempo sublime. Mcqueen nos dá um retrato violento e vícero da escravidão, que não se reflete somente na Americana, mas ela em geral. E que nos faz refletir sobre seus atos em diversos momentos. Não é um filme fácil assisitir, mas no final se torna em uma experiencia tenebrosa e inesquecível, que irá arrancar nossas lágrimas do coração de uma forma ou de outra. A Obra-prima de 2013. O Oscar de melhor filme não foi e vão para casa. Mcqueen não só nos deu o seu melhor filme até agora, mas também uma obra de arte que marcou e será lembrada!
Quem nunca foi fã do rei dos monstros desde pequeno? Um dinossauro metade dragão e metade jacaré que destrói cidades e luta outros monstros gigantes foi um astro desde sua criação com o clássico japonês "Gojira" de 1954 e depois as diversas adaptações para a televisão que se seguiram. Incluindo o horrendo "Godzilla" de Roland Emerich em 1999 manchando de forma vergonhosa o legado do rei. Mas agora, em 2014, Gojira voltou a sua glória!!! O filme infelizmente vem sendo criticado de forma arrogante com afirmações de ser desapontante e o caramba. Acho que alguns esperavam um "Círculo de Fogo 2" focado só nos monstros destruindo cidades. Mas não, diretor Gareth Edwards opta por focar no drama das personagens humanas e deixar Godzilla como a máquina de destruição em massa, mas acreditem, funcionou!
O clássico "Gojira" de 1954 é conhecido por ter uma carga dramática séria em sua história e em volta do Rei dos monstros, e ao mesmo tempo criticava de forma inteligente os casos da bomba nuclear e seus loucos testes que apenas iriam trazer caos e destruição. Gareth respeita tudo isso e o legado que Godzilla trouxe ao mundo. Ele explora isso de maneira inteligente e simples no roteiro de Max Borenstein, entregando um sólido drama humano que desenvolve bem suas várias personagens (principalmente a de Joe - Bryan Cranston, PERFEITO) e trata os seus monstros de forma real adaptando-os de forma real no nosso mundo moderno, se aproveitando dos casos de testes nucleares com Gojira, e com o caso dos terremotos recentes no Japão no caso do monstro MUTO. Tudo isso é de mexer com nossas cabeças se prestarmos a devida atenção!
A narrativa segue tão bem fluida no início com a história de Joe e sua investigação bem misteriosa em volta de estranhos eventos da natureza em volta do mundo, buscando a causa da morte de sua esposa (Binoche, infelizmente mal aproveitada). Os diálogos até ai são realistas e inteligentes, e a performance de Cranston nos conquista totalmente. Mas aí o brilho começa a se perder quando o filme entra no cliché do soldado errante com Ford (Aaron Taylor-Jonhson) ajudando os cientistas do bem e os militares enfrentarem a ameaça mundial. Mas ainda bem que não chega a ser exagerado, afinal o show do filme é o protagonista que tem o seu nome estampado no título.
E sim, Gojira QUASE fica como personagem secundária em seu próprio filme devido à muito mais explicação em volta de MUTO e a história de Ford. Mas é aí que está. A um ponto do filme do filme, o cientista Ichiro (Ken Watanabe, ótimo) diz que Gojira é um ser inexplicável, o seu propósito, suas origens, quase um deus em meio da natureza. Denota de forma inteligente a arrogância do homem em tentar controlar a natureza. Gojira é um animal. Uma força antiga que simplesmente age pelos seus instintos e traz o equilíbrio para a natureza. Edwards aproveita isso e cria um ambiente de filme apocalíptico, desde terremotos e tsunamis que aparecem ao longo da história, mas tudo isso é o grande monstro se aproximando.
Gojira é um animal. Uma força antiga que simplesmente age pelos seus instintos e traz o equilíbrio para a natureza. A emancipação criada ao longo do filme é TENSA. Edwards parece homenagear filmes como "Tubarão" e "Jurassic Park" que inicialmente apenas mostram pequenas partes do monstro elevando o mistério e nossa imensa vontade de ver-los cair matando. E acreditem, cada segundo de espera vale a pena.
O protagonista recebe MUITO bem suas duas facetas. A de destruidor em massa e o de "herói" da humanidade. Cada uma de suas cenas respeitam seu legado esmaga em pedacinhos a merda cuspida que foi o filme de Roland Emerich, que por acaso tem um ponto de sua trama homenageada aqui (mas dez vezes melhor claro). As lutas de deus monstro contra deus monstro são MARAVILHOSAS. Prédios caem em ruínas e humanos são soterrados e pisoteados. A direção de Gareth brilha com ângulos fabulosos nestas cenas e em todas as de drama no filme. E os efeitos visuais mais uma vez são de deixar nós enterrados em nossos assentos com tamanha perfeição. A cena dos paraquedistas saltando sobre Gojira é a perfeita prova disso (e um manjar para os olhos e corações)
O filme não é perfeito e tem sim seus momentos meia-boca com algumas de suas personagens e motivações. Mas Gareth Evans respeita o legado do rei dos monstros e traz ele de volta ao nosso mundo com louvor. História dramática inteligente, seguida de um bom elenco e efeitos técnicos que me deixaram babando. E quando Gojira solta seu rugido pela primeira vez, nossos corações tremem e sabemos: ele está de volta!
Logo quando foi anunciado em 2012, esse novo filme da franquia X-Men vem chamado atenção e antecipação dos fãs dos quadrinhos e dos próprios filmes. Ainda por cima com a volta de Bryan Singer na direção e o retorno do elenco da trilogia e junta-lo com o de "X-Men Primeira Classe" (o melhor filme da franquia) e a contribuição de seu diretor Matthew Vaughn no roteiro. E agora eu digo, os trailers e as altas críticas que o filme veio recebendo não foram à toa. Pois aqui recebemos, talvez, o filme mais forte que a franquia já teve até hoje.
Alguns ficaram pessimistas tendo em conta que desde a saída de Bryan Singer após o segundo e ótimo filme que foi "X-Men 2,ambos o diretor e a franquia descarrilharam bastante. Vindo assim o bagunçado "X-Men 3" e o horrendo "X-Men Origens: Wolverine". E com Singer filmes como "Superman O Retorno e "Operação Valquiria" (filmes bons...mas não tão bons). E agora com "X-Men Dias de um Futuro esquecido" é bem justo afirmar que Singer e a franquia tem uma conexão imbatível. Mas sua missão aqui era: consertar os erros dos filmes fracos da franquia; fazer uma continuação para ambos X-Men 3 e X-Men Primeira Classe"; e recolocar o nome da franquia no mapa de novo. Impossível? Aparentemente não. Singer, Vaughn e o roteirista Simon Kinberg tomam conta de tudo com uma verdadeira mestria.
A idéia de Singer em "adaptar" o quadrinho "Dias de um Futuro esquecido" dos X-Men para os filmes foi brilhante. Podendo fazer continuações dignas para ambos X-Men 3 e X-Men Primeira Class, e ainda colocar uma ponte entre ambas partindo do contraponto de viagens no tempo que o quadrinho contém, mesmo tendo que sacrificar a lealdade ao material, mas NADA se perde. Singer, Vaughn e Simon conseguem criar uma narrativa fortíssima na história do filme. Conseguindo interagir de forma ágil e inteligente com ambos elencos gigantes e ainda um trabalho sólido com personagens novas, e manter um mínimo de lealdade aos quadrinhos.
É tão bom poder ver novamente os ótimos laços emocionais entre as personagens numa narrativa rápida que nunca se perde e sim progride fortemente a cada minuto que passa. Conseguindo ser o melhor roteiro que a franquia já teve. Já que contém os melhores diálogos, um forte lado humorado e um belíssimo lado dramático. Singer nos primeiros filmes conseguiu transpor realidade para a história e refletia temas sérios como o preconceito e exclusão social de pessoas e raças, e até pequenos conflitos de jovens com a família. E aqui Singer ainda consegue transpor a nossa história dentro desse mundo, uma imensa falta de aliança e esperança de nosso futuro.
E para as pessoas que sempre reclamaram que o foco no Wolverine/Logan (Hugh Jackman) era exagerado (que em minha opinião não era) não se preocupem. A narrativa encontra um PERFEITO equilíbrio entre sua personagem e todas as outras. Cada uma com seu momento certo na história. Os jovens Xavier (James Mcvoy), Magneto (Michael Fassbender) e Raven/Mística (Jennifer Lawrence) recebem um tratamento de luxo com performances perfeitas de seus atores, conquistando nossos sentimentos totalmente. Assim como os anciões Patrick Stewart e Ian McKellen nas versões mais velhas, o próprio Hugh Jackman (como sempre); o ótimo antagonista de Peter Dinklage com um tratamento de um verdadeiro ator de calibre) e Evan Peters como Mercúrio rouba TOTALMENTE a cena, incluindo uma das melhores cenas de ação do filme.
E já que mencionei, são totalmente sensacionais. Singer eleva tudo o que tinha de ação nos primeiros filmes e coloca tudo no bolso. Prova mais uma vez ter uma ótima mão e olhar para equilibrar o drama com ótimos ângulos de foque nos diálogos e depois ângulos ágeis e grandiosas nas cenas de ação. Que com os PERFEITOS efeitos visuais dão uma incrível atenção aos detalhes minuciosos aos poderes das personagens e o cenário.
"X-Men Dias de um Futuro esquecido" é, em outras palavras, o retorno épico e grandioso dos X-Men ao cinema. Singer com um passe de mágica concerta TODOS os problemas da franquia e dão um final mais do que satisfatório a história (antecipando ainda para "X-Men Apocalipse" em 2016) deixando os fãs dos quadrinhos e da franquia satisfeitos. E faz isso com agilidade e estilo com ótima direção que dá aventura e excelentes cenas de ação, e perfeitas performances de um elenco luxuoso que tem suas personagens tratadas com fidelidade e respeito emocionante. E nos dão uma verdadeira esperança de um Futuro melhor para a franquia. E ensinam de forma inspiradora sobre como a esperança pode nos ajudar a evoluir nossas forças e sentimentos, e conseguir mudar nosso futuro.
É cedo para dizer mas dane-se. Top 5, um dos melhores filmes de Super-heróis já feitos e o melhor do ano até agora.
Se "Dançando no Escuro" tinha sido uma obra-prima de grande controvérsia de público e crítica, claro que Lars Von Trier não ia parar por aí. Que resultou em depois de bons filmes numa obra que causou uma enorme divergência com parte dos críticos e público quando estreou em 2003. Mas repara-se aos poucos que os cinéfilos e críticos rabugentos vem admirado ao longo desses anos cada vez mais o filme do talentoso nórdico, e não é à toa.
Aqui em "Dogville" Lars cria de forma brilhante um cenário estilo palco de teatro para contar a história de Grace (Nicole Kidman) e sua chegada na pequena sociedade de Dogville e a recepção. Montando a história de forma sublime, fazendo mesmo o público pensar que se trata de uma peça de teatro divido em atos (9 para ser exato). Apresentando todas as 18 personagens de forma coesa e esperta, desenvolvendo a história tão bem e de maneira certa que nem se repara as quase 3 horas de duração. Conseguindo manter uma boa dose de humor quase lírico na belíssima narrativa, conseguindo conquistar todos os nossos sentimentos de admiração e carinho por cada cidadão e pela própria Grace. Só para mais tarde destruir-los quando os cidadãos começam a mostrar seus verdadeiros dentes. Afinal a pequena vila de Dogville não é nada mais do que um retrato descarado da sociedade em que vivemos.
Talvez a melhor crítica à sociedade que o cinema moderno já teve. Lars trás temas de nosso dia-a-dia à tona ao longo do filme. Desde fofocas, falsidade e pura ignorância das crueldades à nossa volta. É quase pertubador assistir pessoas que criamos um verdadeiro afeto mostrando ser pessoas mesquinhas e egoístas. Ainda mais difícil com Grace sendo nós o público. Ser enchotado(a) por pessoas que pensamos ser nossos amigos, mas não passam de falsos aproveitadores. A ausência de paredes nas "casas" é a forma esperta de não só mostrar a falta de privacidade que nós temos com pessoas enxeridas em nossas vidas. Como também a cegueira ignorante das pessoas para ver a verdade das crueldades em nossa volta. Sem conseguir aceitar ou enfrenta-la.
O final MUITO controvérsio do filme não é nada mais nada menos do que a escolha de justiça que faríamos com a sociedade em que vivemos. Castiga-los ou simplesmente ser ingênuo e ignorar. Todos os nossos sentimentos e os de Grace estão super interligados nessa hora e tudo finaliza-se como uma boa peça sádica, um espetáculo silencioso. E torna-se ainda mais emotivo com as performances EXCELENTES de todo o elenco.
Inteligente; sádico; aterrorizante. "Dogville" não passa de outra obra-prima que Lars consegue dar quando quer. Causando sua tão preciosa controvérsia de maneira certa e simplesmente sublime. Totalmente obrigatório não só para cinéfilos mas até para seu vizinho que tu fala mal ou bem!
Graças ao excelente trabalho que Joss Whedon fez com "Os Vingadores" em 2012, só se pode imaginar a febre e a ansiedade dos fãs e dos nerds pela sua continuação "Os Vingadores – A Era de Ultron" em 2015. Mas antes disso, a Marvel vem tomado conta de assentar cada super herói em seu franchise, e com isso veio ano passado o razoável "Homem de Ferro 3" e o ótimo "Thor: O Mundo Sombrio". E esse ano com "Capitão América: O Soldado Invernal" acabamos de receber não só o melhor filme desta 2ª fase depois de Os Vingadores como possivelmente o melhor filme solo que um dos Vingadores já teve.
Vamos admitir, o primeiro filme do Capitão parecia mais ser um prelúdio de duas horas e meia para Os Vingadores. O que causou em sua personagem estar meio sem um lugar ou desenvolvimento certo em ambos os filmes. E aqui ainda vemos um pouco dessa inconsistência na personagem em partes do filme, mas é muito melhor trabalhada. De todos os heróis dos vingadores, o Capitão (Chris Evans) com certeza é o mais interessante. Um homem do passado com altos valores e ideias de liberdade e bondade, agora ter que se adaptar e enfrentar o nosso mundo moderno é história de um filme merecedor de Oscar, mas claro que não é este o caso. Mas pela primeira vez vemos isso sendo explorado de uma forma bem inteligente ao longo do filme.
Enquanto o 1º filme tinha um palco da Segunda Guerra Mundial, já aqui os novos diretores Anthony Russo e Joe Russo optam em colocar um palco de filme de espionagem e thriller político, com uma mistura perfeita de filme como "Perigo Real e Imediato" e "O Ultimato Bourne". Uma idéia interessante de explorar a visão de liberdade e valores morais do Capitão com a politica moderna, como ele diz à um ponto no filme: “Isso não é liberdade, isso é medo!”. Uma referência direta para os ataques do 11 de Setembro e o movimento militar violento que os EUA teve no mundo, uma sacada bem ousada da Marvel. Fazendo talvez aqui o seu filme mais “sério”, com verdadeiras referências a corrupção politica e as mentiras que o cercam. Ai entrando a personagem de Robert Redford, Alexander Pierce (ótimo), e a melhor contribuição de Nick Fury do Samuel L. Jackson.
Equilibrando muito bem o lado thriller-politico e ação-aventura de um normal filme da Marvel, sem nunca exagerar ou fazer uma piada estropiada como Tony Stark faria. O humor aparece de forma natural e inteligente, na maior parte nos momentos entre o Capitão e a Viúva Negra (Scarlett Johansson) e nas cenas do Falcão (Anthony Mackie). E o lado thriller-politico estilo Tom Clancy entra nas tensas e soberbas cenas de ação. Parece por vezes que é Paul Greengrass (O Ultimato Bourne, Capitão Philips) dirigindo, onde dá pra quase sentir cada soco, chute, batidas de carros voando e o épico som do escudo do Capitão só prova a mão dos irmãos Russo em cenas de ação. E grande parte delas tem a presença arrepiante do Soldado Invernal, uma máquina de destruição e morte, com certeza um dos melhores vilões do cinema Marvel. Pena que sua presença é bem pouca até o grande clímax do segundo ato, mas as reviravoltas da trama até lá compensam cada minuto.
O que temos aqui com "Capitão América: O Soldado Invernal" não é nada mais nada menos do que o melhor filme solo dos Vingadores até agora e com certeza um dos melhores que os estúdios já deram até hoje. Super inteligente e coeso em seus temas e seu lado humorístico e divertido; Personagens muito bem desenvolvidas e colocadas nesse mundo; cenas de ação de cortar a respiração para os fãs de pipocão; pura lealdade aos quadrinhos e easter-eggs para agradar aos fãs de longa data. Uma sequela digna e vai deixar qualquer um ansioso para o que a Marvel ainda tem à dar.
Se repararem, todo o diretor tem um filme pessoal em seu currículo. Aquele filme especial que sempre sonhou em fazer desde o início de sua carreira. Ingmar Bergman com O Sétimo Selo; Stanley Kubrick com 2001-Uma odisséia no espaço; Steven Spielberg com Contatos Imediatos de Terceiro Grau e Lincoln. E quem diria que o diretor de obras-primas como Pi e Requiem para um sonho teria como filme pessoal um épico baseado em um poema no qual ele escreveu na escola intitulado de “A Pomba”, que se referia à história do herói bíblico Noé.
O épico de Darren Aronofsky, apesar de estar tendo boas notas na critica e bons resultados na bilheteria, o público vem o recebido mal. Se agarram muito no fato do filme ser inspirado na história bíblica e Aronofsky não seguir quase nada dela. Mas se soltar desse pensamento e focar atenção em ver um filme sobre um homem que seguiu sua louca fé para salvar a família do fim do mundo, ai sim é a óptima forma de assistir o excelente épico que o nosso querido Aronofsky fez.
Os fãs de longa data do diretor estavam mesmo com medo desse filme pensando que Aronofsky iria fugir e ia fazer um épico pipocão de aventura e ação. E sim, em parte ele faz isso mas não deixa o seu estilo artístico para trás e traz tudo com ele! As montagens de cenas rápidas estilo PowerPoint de Pi (em duas partes apenas); a fotografia meio amarelada acinzentada de O Lutador e Cisne Negro, enfim, quase tudo o que marcou seus filmes, só que agora dentro do estilo de fantasia. Afinal o que é a história da Arca de Noé se não uma fantasia bíblica? O tratamento fantasioso que Darren faz à sua história no filme funciona, e muito bem, até fazendo a história mais credível. Ainda misturando de forma inteligente a religião e um surpreendente toque de Darwinismo. Conseguindo levantar temas como piedade, fé, bondade e maldade humana, a forma de que os humanos tratam a terra, tudo isso se refletindo de forma abstrata ao nosso mundo de hoje. Sem nunca ir para um lado religioso exagerado ou um ateísmo estropiado, balanceando ambos de uma forma muto inteligente ao longo da história com metáforas e simbolismos capazes de fazer qualquer um refletir. Nada mais do que “Darren sendo Aronofsky”.
Outra prova disso é o tratamento da personagem Noé, interpretado por Russel Crowe, como uma de suas personagens. O mesmo tratamento que suas personagens como Nina de Cisne Negro e Randy de O Lutador receberam. A de um ser humano como qualquer outro, com boas intenções mas com defeitos egoístas. Seus atos não só nos deixam confusos sobre sua personalidade e estado mental, como a sua própria família começa a vê-lo como um tirano. Uma reflexão também abstrata da ignorância religiosa sobre o que é ser um pecador e não seguir a palavra do Criador (deus). O que ajuda na nossa empatia e compaixão pela personagem é outra perfeita performance de Russel Crowe, e de todos no elenco. Anthony Hopkins como o mestre dos magos bíblico, Matusalém; Jennifer Connely, Ray Winstone, e Emma Watson na sua melhor performance até hoje! E como um pipocão o filme também fatura grande. Tanto com a história com o toque certo de ação e aventura, e ainda com ótimos níveis técnicos, fotografia, montagem, efeitos visuais que apenas falham nos “Guardiões”. Criaturas que são os culpados da grande controvérsia que o filme está tendo. Apesar de poucos saberem que eles são mencionados metaforicamente no livro de Enoque, pai de Matusalém (Anthony Hopkins) avô de Noé.
Mas talvez é quando “Darren é Aronofsky” que o filme falha. A narrativa do filme por momentos tem momentos inconsistentes quando levanta seus diversos temas. Parecendo de uma forma muito desconjuntado e até mesmo parecendo exagerada. Imaginem os diálogos rançosos e rápidos de Cisne Negro e Requiem em um filme fantasioso estilo O Senhor dos Anéis. Não é que seja uma coisa má, é diferente e por isso mesmo parece de uma forma bem esquisita, tirando um pouco do brilho filosófico do filme.
E isso infelizmente impede “Noé” de estar no nível dos excelentíssimos filmes do currículo de Aronofsky. Mas nem por isso chega a ser um filme fraco ou ruim, e sim o seu mais ambicioso até hoje. Comete erros chatos, mas é um verdadeiro épico bíblico como não se via à anos. Com qualidades tanto técnicas e de metáforas filosóficas sobre nós humanos, o talentoso diretor ainda consegue nos fazer pensar durante e depois do filme. E esperamos que ainda continue comprovando ser um dos melhores diretores trabalhando hoje, só dê uma limpada melhor na próxima vez!
Já estava mais do que na hora de Paul Greengrass entregar mais um de seus filmes. Ainda por cima depois da obra-prima dos filmes de ação e espionagem que foi O Ultimato Bourne e a brilhante e electrizante experiencia que foi Voo 93. E agora com Capitão Philips, Greengrass não só entrega outro thriller formidável, mas também a chance do lendário Tom Hanks brilhar mais uma vez na frente das câmeras.
Grenngrass parece montar o filme da mesma forma que montou Voo 93, com aquele realismo silencioso onde vemos as personagens principais pela primeira vez, ou nesse caso, a personagem. Isso é a sua maneira brilhante de dar ao público um retrato rápido e completo das personagens com que estamos lidando. E Tom Hanks puxa toda a humanidade possível as suas cenas iniciais, onde vemos um retrato perfeito da personagem. Um homem de família que se importa muito com o trabalho. Os seus diálogos iniciais no carro com a mulher e a performance perfeita de Hanks, só trazem o realismo de sua vida e do próprio filme a cada minuto.
E o que poderia ter sido um filme de Philips e sua tripulação americana contra os piratas somalianos do mal e sanguinários. Na verdade se torna um tenso jogo de xadrez armado entre dois seres humanos com seus próprios problemas. Pois, a mesma atenção que Greengrass dá à Philips no início do filme, também dá à Muse, personagem de Barkhad Abdi. Nunca indo para um lado patriótico e sim mostrando os dois lados da moeda em confronto. A primeira cena entre as duas personagens é simplesmente arrepiante, pois após meia hora de uma perseguição insana de barco pirata atrás de cargueiro de mercadorias, o combate de estratégia mental entre os dois se inicia. Tudo isso é meticulosamente bem elaborado na ótima narrativa que Billy Ray (Jogos Vorazes; Plano de Vôo) monta em seu roteiro. Que faz esse combate de diálogos e situações entre Philips e os piratas de uma forma inteligente, um sempre querendo estar um passo à frente da situação. A direção vibrante de Greengrass e a edição rápida das cenas em cima da narrativa, ajuda para montar a tensão que incresse a cada minuto do filme. Onde nós o público ficamos num grande impasse por quem torcer.
Devem pensar: “claro que é Philips, o nome dele tá no título, ora bolas!” E sim, Hanks brilha no papel como já não fazia há tempos, talvez desde O Terminal, trazendo tanta humanidade a sua personagem que é impossível não gritar ou se emocionar quando toda a sua calma e autocontrole na situação acabam. Mas Barkhad Abdi é também outro que brilha no filme. Fazendo uma performance que ao mesmo tempo é assustadora, também nos faz sentir pena por ele e a situação em que se encontra. O mais surpreendente disso tudo não é sua habilidade, e sim o fato do rapaz ser motorista de limusine em Hollywood e nunca ter atuado na vida. Não só ele, como também todos os outros atores que interpretam os piratas, todos novos no ramo de atuação.
O filme poderia ser perfeito no que pretende dar, mas falha em partes como nunca desenvolver bem as tantas personagens que aparecem no 2º ato do filme até o final, exatamente os salvadores de Philips, parecendo fazer mais uma pequena propaganda do exército americano e dos navy seals do que personagens querendo resgatar o outro. Dando também um pequeno arrastamento no meio do filme. Mas ambos problemas são desculpados, pois nesse tempo também, Greengrass foca total atenção em Philips e seus sequestradores, dando aquele sentimento angustiante de claustrofobia de Voo 93, e colocar o público exactamente em seu lugar, fazendo também do filme quase uma experiencia incessante.
Talvez não receberá o devido respeito no Oscar, mas suas indicações não foram por nada. O roteiro inteligente de Billy Ray; a direção vibrante de Paul Greengrass; as excelentes performances de seus protagonistas. Tudo isso ajuda no triunfo de um filme com imensas qualidades e uma entrada bem-vinda no género thriller e, até um ponto, biografia. Em outras palavras, Greengrass nos entregou outro filme que vai nos levar numa experiencia frenética e que irá libertar nossas emoções mais humanas, o que ele sabe fazer de melhor.
Depois do sucesso dos dois primeiros filmes, a 3ª parte dessa fantástica trilogia era inevitável. Também né? Foi filmada simultaneamente com a Parte 2, onde davam várias pistas e easter eggs para o próximo filme. E nós fans ficamos atiçados para ver a continuação depois do final arrepiante de Parte 2. Robert Zemeckis e a trupe toda não só fazem outra excelente continuação à trilogia, como também a concluem de uma maneira FANTÁSTICA!
Parte 2 foi excelente, mas precisava de uma polida melhor no roteiro. Já aqui Zemeckis e Gale consertam tudo e parece que voltam um pouco à temática do primeiro filme, onde a ficção cientifica tinha um papel quase secundário. Ainda por cima com o género Western entrando de uma forma brilhante na história, já que Zemeckis e Gale são fanáticos por filmes de velho-oeste estilo Ford, Wayne, e claro, Leone e Eastwood (“my name is Eastwood, Clint Eastwood”). Criando uma narrativa inteligente e divertida, claro que não superior ao primeiro filme mas no mesmo nível de entretenimento. E conserta também alguns dos vários buracos que o 2º filme deixou e finalmente explorando muito melhor a amizade de Marty e Dr. Brown, dando um ÓTIMO desenvolvimento de personagem em ambos. Ainda por cima com a entrada da personagem Clara Clayton (Mary Steenburgen), a nova atração amorosa de Dr. Emmett, o que faz Marty assumir as rédeas da maturidade e da voz da razão do filme. E também adicionar um pouco daquela boa dose de comédia romântica sem nunca estragar nada.
Mas o filme tem seus erros chatinhos. Como por exemplo ter uma temática tão interessante como o de conhecer nossos antepassados. O que acontece com Marty, conhecendo seu tatara-tatara-tatara avô Seamus McFly. Mas nunca é bem explorada ao longo da narrativa, o que poderia ter sido muito interessante e cómico no filme. Tirando isso, o filme é quase perfeito e no mesmo nível que o primeiro filme, apenas alguns passos atrás disso com inconvenientes no roteiro.
Tirando eles, tudo nos conformes. A direção de Zemeckis como sempre vibrante, e aqui dá referências aos filmes Western com ângulos épicos e dramáticos com uma excelente fotografia e a épica e inesquecível perseguição do trem no final do filme. E claro, o elenco brilhando como sempre, desde Michael J. Fox com um Marty mais maduro e Christopher Lloyd mostrando pela primeira vez na trilogia mais do lado humano de Dr. Brown e de sua amizade entre McFly. E o Biff de Thomas F. Wilson sempre estando lá para nos fazer rir e gritar.
Não o melhor da trilogia, mas com certeza o mais mágico e o meu favorito dos três. Zemeckis e Gale fecham todo o ciclo que iniciaram da forma mais perfeita e épica possível, deixando fãs satisfeitos. Bate saudade e claramente não irá haver uma Parte 4 e um remake só daqui uns 30 anos. Até lá, saudades dessas personagens nunca irá passar, e essa trilogia maravilhosa sempre estará marcada na história do cinema quanto no meu coração!
Depois do enorme sucesso de critica e bilheteria que foi o magnifico “De Volta Para o Futuro”, claro que a Universal iria querer fazer uma continuação (razões económicas sempre a frente). E Robert Zemeckis após ter tido seu trabalho reconhecido e ter feito outros excelentes filmes depois, como “Uma Cilada para Roger Rabbit”, claro que iria voltar com seu amigo Bob Gale e o elenco inesquecível do primeiro filme para realizar uma das melhores (e esnobadas) continuações que um filme pode ter.
Foi um trabalho difícil realizar essa continuação, ainda por cima depois do perfeito final que o 1º filme teve. Mas Zemeckis fez um trabalho INCRÍVEL em remontar a cena final, detalhe por detalhe, entregando a intro de Parte 2. MAS o problema do filme não é a remontagem de uma continuação, mas sim a história. No primeiro filme, Gale e Zemeckis escreveram a história com tanta simplicidade e doçura, tanto que o roteiro foi indicado a um Oscar. O roteiro aqui, é bom, mesmo bom. Traz novas idéias e conceitos sobre a viajem no tempo como a teoria das realidades alternativas, algo super interessante e explorado de uma forma inteligente e em partes assustadora no filme. Mas é elaborada de uma forma tão apressada para entregar Parte 3 (que foi filmada simultaneamente) que a mágica da narrativa sai.
Isso o impede de se igualar ao primeiro filme, mas nada se perde graças a direcção vibrante de Zemeckis e o elenco que continua fantástico como sempre. Zemeckis recria mais uma vez os fantásticos cenários de Hill Valey num futuro tão……utópico (2015 com carros e skates voadores???) E o trabalho fantástico que faz no 2º ato do filme, onde vemos McFly e Dr. Emmett voltando à 1955, vendo os seus “eus” e os acontecimentos do 1º filme numa “perspectiva por detrás dos palcos”. Dirigida e montada de uma forma FANTÁSTICA.
E claro, o elenco continua estupendamente divertido em seus papéis. Christopher Lloyd sem mais elogios meus que já foram muitos no primeiro filme e aqui mais uma vez. Aqui vão para Michael J. Fox que em uma inesquecível cena interpreta o seu “eu” mais velho, seu filho e sua filha, interagindo em uma só cena. E também para Thomas F. Wilson para que continua interpretando o inesquecível bully Biff, agora triplicamente mais maldoso e impossível de não amar.
Claro que Parte 2 não supera a obra que o 1º filme é, mas continua inteligente; hilário; divertido como sempre. Graças à direção de Zemeckis e o elenco mais uma vez formidável. E conclui o filme nos dando uma vontade imediata de querer assistir o muito superior Parte 3.
Um projeto como qualquer outro que teve suas dificuldades de ser criado (produção, orçamento, elenco), mas quando passou pelas mãos de Steven Spielberg na produção, e trouxeram o queridinho da TV Michael J. Fox para o elenco, Robert Zemeckis e Bob Gale transformaram esse projeto num clássico que marcou não só o cinema, mas toda uma geração, e até hoje o faz (falando por experiência própria). Mas para vocês que estranhamente marcam "Não quero Ver" só porque não gostam de filmes antigos ou não gostam do género de ficção cientifica, não se preocupem, "De Volta para o Futuro" é atemporal e MUITO mais do que ficção cientifica.
Robert Zemeckis e Bob Gale não só montaram uma história com viajem no tempo no meio, e sim uma história sobre nós, jovens. O que ambos fazem, é montar na história conceitos e questões que todos nós tivemos quando mais jovens, que nem saber como nossos pais na nossa idade (exatamente a trama do filme). E fazem numa narrativa extremamente bem escrita no QUASE-PERFEITO roteiro. Onde essas ideias vem de uma forma tão natural e "elegante", e tudo flui perfeitamente (a perfeita edição e montagem ajudam nisso). Mas nada fica chato, onde ambos roteiristas encontram espaço para colocar um humor adolescente e adulto tão inteligente e bem misturado, sem nunca ficar bobo e apenas aumenta o nosso amor ainda mais pelas personagens. Dando um uso inteligente de comédias adolescentes dos anos 80 e ideias cientificas de viajem no tempo (praticamente usada como adereço de cena).
Mas não é só na história que essas ideias são bem demonstradas, mas também nos belos cenários que Zemeckis montou na história. Fazendo um trabalho incrível em montando a cidade de Hill Valley (a cidade de Marty e Dr. Brown) no presente e no passado de uma forma tão bem detalhada. E também uma bela maquiagem que faz adolescentes parecerem adultos. Nos casos de Lea Thompson e Crispin Glover, que interpretam ambos suas versões jovens e adultas como pais de Marty McFly. E também caso de Thomas F. Wilson interpretando o inesquecível "bully" da cidade, Biff Tannem, ambas versões jovem e adulta.
E é óbvio que em uma história com e sobre personagens tem que puxar performances excelentes de seu elenco. Mas não puxa, eles a entregam naturalmente! Lea Thompson; Crispin Glover; Thomas F. Wilson. Todos excelentes, mas os astros do espetáculo são a dupla Michael J. Fox e Christopher Lloyd. Ambos dominam a tela com sua incrível química. Cada um com um desenvolvimento de personagem incrível (ainda por cima depois nas continuações), mas pena que sua amizade nunca é bem explorada, apenas aparecem como amigos do início ao fim e pronto.
Mas “De Volta Para o Futuro” é um filme, que apesar de pequeníssimos erros, é perfeito pois acerta em tudo em que pretende retratar. Funciona como uma aventura; um filme inteligente de ficção cientifica; uma comédia romântica HILÁRIA; um filme sobre nós. Isso tudo graças ao quase-perfeito roteiro de Bog Gale e Robert Zemeckis e o elenco luxuoso, que não só fez desse filme um clássico dos 80 e iniciou uma das melhores trilogias já feitas, mas também como uma obra-prima atemporal do cinema!
A parceria entre o mestre Martin Scorsese e o talentoso Leonardo Di Caprio vem trazido excelentes trabalhos, um deles que garantiu a Scorsese a sua primeira estatueta do Oscar em Os Infiltrados (2006) após 20 anos de uma gloriosa carreira. Mas o auge da parceria apenas chegaria esse ano quando o roteirirsta Terence Winter adaptasse a biografia do desviador de dinheiro de Wall Street, Jordan Belfort, do livro que o próprio Belfort escreveu. Um trabalho que Di Caprio estava à espera de fazer já algum tempo, e queria, claro, que Scorsese dirigisse, e acabaram fazendo talvez o melhor filme dessa parceria até hoje
Os fãs de Scorsese podem deduzir logo pelo título, que o filme vai ser uma aula detalhada sobre como funciona os negócios de Wall Street, que nem ele deu para a máfia Italiana (Bons Companheiros – 1990) e para o negócio dos cassinos de Las Vegas (Cassino – 1995). E os 15 minutos iniciais do filme são exatamente direcionados para isso, onde vemos um jovem Belfort na casa dos 24 anos, trabalhando como um simples contador, onde conhece seu chefe Mark Hanna, interpretado por Matthew McConaughey. Uma aparição curta, mas importantíssima para a trama, onde Mark ensina rapidamente para Jordan que em Wall Street não se convence o cliente a investir o dinheiro em ações e dividir os lucros com ele, e sim coloca-los no seu próprio bolso. Logo após a empresa falir, Jordan já tem o ensinamento necessário para construir sua própria Babilônia.
E assim começa a história da evolução de um homem até o seu apogeu e sua queda, uma coisa que Scorsese já sabe fazer à decadas. Claro que alguns poderão ver aqui elementos de seus clássicos "Cassino", "Bons Companheiros" e "Touro Indomável" ou até mesmo "Scarface" de Brian de Palma. E vamos admitir, é o que ele faz de melhor. Mas para além de uma história de um homem, o que mais "O Lobo de Wall Street" tem a mostrar ao público? Uma crítica à Wall Street? Uma crítica ao atos de Belfort? Talvez tudo isso e mais. E eles venhem com o tema principal do filme: O Excesso.
Mas que tipo de excesso? O das drogas; mulheres; loucuras? Na verdade, é o que está por detrás de todos eles, o dinheiro. Belfort quando viu o quanto era fácil extorquir dinheiro, ele se tornou um louco ganancioso, querendo mais e mais, e com ele os prazeres humanos. E é aí onde o filme supreende, em ser completamente hilário. O humor do filme não é usado para tentar ser uma comédia negra, e sim a maneira inteligente de Terence Winter e Scorsese para mostrar o ridículo de toda a situação. Belfort e seus companheiros extrapolam ao nível do ridículo e exagerado quando começam a receber suas fortunas. Ficando cada personagem como uma demonstração quase primitiva do ser humano. Indo de contratar stripers para o trabalho à cheirar cocaína no traseiro de mulheres (sim, a controvérsia com o público será inevitável). Sem nunca por um momento vanglorizar os atos de Belfort (que por acaso adorou o filme e pensa em fazer um talk-show com o mesmo título do filme), e sim o contrário, mostrando sua estúpida auto-estima gananciosa em soberbos monólogos. Mas, como é um filme de Scorsese, é quase impossível não torcer pela personagem de Belfort e seus aliados, graças às fantásticas performances do elenco de luxo.
Logo de cara, a amizade entre Di Caprio e Jonah Hill lembra, e muito, a quimica de Robert De Niro e Joe Pesci. Claro que não melhor, mas ambos Jonah Hill e Di Caprio são carismáticos o suficiente para convencer em seus papéis, tanto no lado humorado, como também no dramático. E ambos entregam (talvez) a melhor performance de suas carreiras. Mas não só ambos que brilham, como também Rob Reiner, interpretando o hilário e nervoso pai de Belfort. E Margot Robbie, a esposa de Belfort, que lembra muito a Ginger McKenna (personagem de Sharon Stone em Cassino). A semelhança que todos têm, é de roubar totalmente suas cenas.
Três horas de corrupção; sexo; drogas e cenas absurdamente hilárias. Que graças ao excelente roteiro e a perfeita montagem da antiga parceira de Scorsese, Thelma Schoonmaker, tudo flui de maneira fantástica. Onde nenhuma cena se sente desnecessária ou arrastada, onde todo o humor e absurdos servem para a filosofia do filme. E qual é ela? A simples demonstração de quanto um ser humano pode alcançar o seu nível primitivo e de decadência graças a sua alta ganância, e as ilusões que criam à si mesmos. O filme mais longo, engraçado, controvérsio de Scorsese, em outras palavras, mais uma obra-prima em seu glorioso currículo.
Os irmãos Wachowski provaram seu imenso talento e grande inteligência com a obra-prima “Matrix”, mas depois descarrilharam feio em suas continuações (que não foram más). Mas depois voltaram a provar isso como roteiristas em “V de Vingança”, mas aí voltaram a ficar com má fama com “Speed Racer” (……). A carreira dos dois irmãos vem sido uma montanha Russa, tendo seus altos e baixos, e “A Viajem” é o topo mais alto e o mais ambicioso que ambos já alcançaram, e dessa vez com a ajuda do diretor-roteirista Tom Tykwer! O filme foi SUPER ESNOBADO quando estreou e infelizmente é até hoje. E parece que as criticas, ou melhor, acusações feitas contra ao filme é devido ao fato de ser MUITO CONFUSO…….. desculpe dizer, mas isso não é nenhuma desculpa. Filmes como “2001-Uma odisseia no espaço”; “Blade Runner”; “Apocalypse Now”; “Clube de Luta”; “Árvore da vida”, foram acusados de confuso e foi mal aceito pelo público na época, mas claro que “A Viajem” não chega aos seus pés, mas sua ambição e ideias são desafiadoras!
Se os Irmãos tinham levantado dilemas e elementos religiosos, com teorias cientificas e filosóficas na trilogia “Matrix”, e dilemas sobre a justiça e a politica global em “V de Vingança”. Aqui, no seu MELHOR roteiro junto com Tom Tykwer, os três são leais ao espirito e tema da obra de David Mitchell (livro onde o filme foi inspirado, que infelizmente ainda não foi lançado no Brasil), levantando temas como a reencarnação (a vida depois da outra) e como as ações de um individuo, boas ou más, podem ter consequências em suas futuras vidas e afetar a outros indivíduos, diretamente ou indiretamente. Tudo isso é muito bem construído nas 6 narrativas das 6 histórias completamente diferentes, todas elas com géneros distintos indo de um drama de época, a uma comédia negra, a uma ficção cientifica e a um mundo pós-apocalíptico.
Os três talentosos roteiristas amarram tudo muito bem, e a conexão entre as diferentes histórias é montada de uma forma inteligentíssima, mas claro que não podiam de deixar de ser originais. Ao mesmo tempo que são fiéis ao espirito do livro, eles levantam seus próprios temas nas histórias como: o carma; fé; destino; religião; a subjugação humana. Esses temas são tratados de uma forma compreensível tanto num lado religioso ou ateu, ou apenas humano. Tudo construído de uma forma bem simples nos soberbos diálogos, fazendo cada uma das histórias parecendo minifilmes, todos empacotados em um. ~ Mas como eu disse, não é nada perfeito. O problema do filme está exatamente em concluir cada uma das histórias da maneira correta. Todas são tão bem desenvolvidas ao longo da narrativa e nos deixa investidos de verdade nela, mas quando cada uma alcança seu clímax perfeitamente, elas se apressam muito para finalizar.
O final das histórias deixam um pouco a desejar, mas não a direção ESPETACULAR de seus diretores. Como as histórias tem tons e géneros diferentes requer-se uma direção bem variada, e os dois mosqueteiros e mosqueteira entregam isso dá melhor forma possível. E se o roteiro já é ambicioso levantando várias ideias e dilemas diversos, a direção do filme é de deixar qualquer um boquiaberto. Incrível como conseguem dar ângulos tão calmos em um diálogo dramático, um ritmo frenético numa cena de ação, e uma escala IMPRESSIONANTE em seus magníficos cenários. Não é só na direção em que os níveis técnicos do filme surpreende mas, atrevo a dizer, praticamente em tudo. Os Wachowski provaram muito bem em “Matrix” que níveis técnicos com qualidade podem ajudar numa história bem escrita (excepto em “Speed Racer”). A Fotografia; efeitos visuais; a perfeita montagem e edição; tudo ajuda a montar a narrativa e a história de suas personagens.
E claro, várias histórias com diversas personagens totalmente diferentes mas com os mesmos atores, requer performances bem competentes de seu elenco…..e recebemos EXTRAORDINÁRIAS. Todos, repito, TODOS no elenco fazem um trabalho fenomenal em suas performances, cada um interpretando personagens diferentes em histórias diferentes com papéis (principais e secundários) sempre divergindo, com todos tendo destaques importantes na história. E aqui também entra outro nível técnico importantíssimo na história, a INCRÍVEL maquiagem. Que, literalmente, transforma homens em mulheres (e vice-versa); negros em brancos (também em vice-versa); em novinhos em velhinhos (sim, também em vice-versa).
Talvez “A Viajem” um dia ganhe o respeito e a atenção merecida, do que foi pela maioria do público de hoje. Dizer que é confuso ou até pretensioso é a simples preguiça mental que alguém deve ter para prestar atenção e entender o que o filme está querendo tentar lhe dizer. E a vocês que dizem, “eu entendi, mas mesmo assim a história é fraca e a mensagem melosa), talvez sua mente seja triste e fraca para perceber o que é necessário. E qual é a mensagem desse filme? Através de um roteiro soberbo, direção extravagante, excelentes performances, níveis técnicos assustadores (no bom sentindo), entregam uma história ambiciosa que tenta nos dizer que todos os nossos atos em vida moldam nosso futuro. Não importa o quão simples ou grande, terá consequências de alguma forma. E que todos nós não devemos viver uma vida covardemente, seguindo uma só lei natural, sem tentar dar um falso passo, nós moldamos o nosso próprio futuro, e que temos que molda-lo com amor, esperança e fé.
Fazer um filme solo sobre o Wolverine era quase uma obrigatoriedade, tudo por culpa de Hugh Jackman, mas de uma maneira positiva. Quero dizer, anos atrás quando ele foi anunciado para o papel de Wolverine no “X-Men” todos fizeram cara feia e o esnobaram. Um ator de musical Australiano para interpretar um dos melhores super-heróis da Marvel??? E todos fizeram papel de bobo quando Jackam DETONOU em seu papel e hoje é o único ator capaz de interpretar seu papel com tanta ferocidade e humanidade, e fez seu personagem não só um ícone no mundo dos super-heróis mas também no próprio cinema.
A performance de Jackman foi tão boa que ele quase se tornava a personagem principal no meio de tantas outras igualmente importantes na saga X-Men, e quando a trilogia acabou, o seu filme solo era inevitável. “Origens” veio e foi…….bem, vocês sabem. E para a Fox redimir o estrago e Jackman recuperar a confiança de seus fãs outro filme foi planejado, e iria se basear no (talvez) melhor quadrinho do “Wolverine”. E para isso o esnobado diretor James Mangold se interessou em fazer parte desse mundo de super-heróis e ofereceu seus trabalhos na direção e chamou junto o competente roteirista Scott Frank (Minority Report e Irresistível Paixão) e o mediano Mark Bomback (Duro de Matar 4), para trazerem a vida um dos melhores quadrinhos já feitos.
O filme foi bem aceito nos EUA, tanto pela critica e pelo público, já aqui no Brasil foi mais ou menos. Talvez por ser totalmente diferente de qualquer filme de super heróis já feito. Mangold e os roteiristas montam a história num ritmo bem calmo e pacifico, que para alguns pode ser chato mas é a maneira esperta de ficar leal aos elementos do quadrinho no qual o filme é baseado. A lealdade nos acontecimentos e em algumas personagens é…….zero, mas consegue trazer os elementos de honra familiar e a paz interior da cultura japonesa. No quadrinho, Logan lutava contra a família de Mariko para provar seu amor por ela, tendo que aprender os conceitos de honra, lealdade e paz interior. No filme ele luta contra seus monstros interiores para encontrar a sua própria paz…..isso por acaso soa bem mais interessante. Os roteiristas fazem um ótimo trabalho nesse aspecto trazendo todos esses elementos de honra, lealdade e paz nos bons momentos diálogos do filme, sendo bem leais ao espirito do quadrinho. Principalmente quando montam a relação de Logan e Mariko muito bem, dando uma chance dele parar de fugir do passado e esquecer da morte de Jean, sendo mais precisamente uma continuação da trilogia do que um filme solo.
Claro que não é nenhum filme perfeito, e sofre com um sério problema de encher de personagens e não desenvolve-las, Logan e Mariko a parte. Mas personagens como samurai branco e a vilão (que parece mais uma poison ivy da marvel-que não existe), que parece que estão ali……só por estarem ali. As personagens pouco desenvolvidas são um sério problema, mas James Mangold salva o filme com excelentes cenas de ação muito bem dirigidas e uma boa montagem na história.
Um filme de super-heróis bem diferente do normal. Não é o melhor filme X-men mas finalmente fizeram o “perfeito” filme solo do Wolverine (sangue aqui não falta), estabelecendo seu lugar certo na saga. Graças a um bom roteiro que é fiel ao espirito dos quadrinhos e outra ótima direção de Mangold. Se vocês são fãs da saga X-Men ou de filmes em geral, aqui está este para vocês.
P.S: A cena pós créditos é de deixar água na boca!
O grandioso mestre Hitchcock era (e é) conhecido por colocar em seus filmes diversos tipos de géneros em seus filmes, drama-comédia-romance sempre cheio com o seu suspense e estudo humano. Tudo isso resultava na maioria das vezes em clássicas e majestosas obras do cinema. Aqui, em “Intriga Internacional”, temos tudo isso e se não fosse por “Psicose” essa obra-prima esnobada seria sua clássica obra-prima!
Hitchcock foi o primeiro diretor a colocar um certo realismo em suas personagens e situações em histórias incrivelmente criativas, e isso é “Intriga Internacional”. O mestre começa o filme como se fosse um dia como qualquer outro na vida do empresário Roger O. Thornhill (Cary Grant) na frenética Wall Street, saindo de uma reunião indo para a outra com a sua secretária no seu pé. E se sua vida já não fosse frenética nesse dia, o resto do filme vai ser para o coitado um furacão de mentiras e acontecimentos que vai leva-lo à volta do país numa luta por sua vida. Não é todo o dia que você é confundido com um informante comunista.
A história é bem confusa quando nos deparamos com ela no início (ou por lendo a sinopse). Hitchcock sempre deu um nó legal em nossas cabeças em (de verdade) todas as histórias de seus filmes, mas esse era seu toque de mestre. Colocar histórias MUITO inteligentes, puxando quase obrigatoriamente a atenção do público, as deixando (SEMPRE) se desenvolver muito bem e as deixavam divertidas até o fim. Um desses casos é principalmente aqui em “Intriga” com seu ritmo rápido e frenético. O roteirista Ernest Lehman faz um trabalho formidável em nos colocar de verdade no lugar de Roger e sua luta pela vida à volta da América. Criando a perfeita narrativa Hitchcockiana mostrando verdadeiras reações e sentimentos humanos em uma situação dessa, mas conseguindo misturar perfeitamente comédia, drama e mais tarde romance quando Eve (Eva Marie Saint) aparece no caminho de Roger.
A própria história desse filme, serviu (e serve até hoje) como inspiração a trocentos filmes de ação-aventura (na maioria filmes fracos e maus), e não é à toa. “Intriga” foi o mais próximo que Hitchcock chegou em fazer um filme de acção, a clássica e MAGNIFICA cena do ataque do avião no milharal é a prova disso, como a excitante e arrepiante perseguição final no monte Rushmore. Todas filmadas EXCELENTEMENTE (bem, isso é dizer pouco para a direcção de Hitchcock), sempre com o ritmo frenético e cheio do suspense roedor de unhas que o mestre sempre põe em suas obras.
Cary Grant, participando pela última vez com Hitchcock, continua como sempre formidável brincando de atuar. Sempre com aquele seu modo de falar cavalheiro e pouco sínico, levantando os sentimentos humanos com expressões perfeitas e verdadeiras, fazendo a gente esquecer de Grant e ver ali Roger fugindo de um lado para o outro, merecedor de qualquer prémio. Conseguindo também demonstrar uma soberba química com a DESLUMBRANTE Eva Marie Saint, que também brilha em todas as suas cenas.
“Intriga Internacional” é uma obra-prima clássica do cinema. Uma demonstração perfeita do grande e majestoso génio de Hitchcock em cada minuto do filme, que traz junto um roteiro soberbo e extravagantes performances do elenco (principalmente suas personagens principais). Infelizmente hoje em dia, é um daqueles clássicos em que as pessoas apontam como um filme sobrevalorizado e o caramba. Só digo, achar qualquer filme de Hitchcock sobrevalorizado (antes de Psicose) é pecado cinematográfico.
Muitos filmes têm seus próprios elementos, muitos desses elementos são copiados por outros diretores em outros filmes, podendo fazer bem ou mal. E o famoso (e claro, talentoso) diretor Guy Ritchie se inspira no magnifico género gangster que o mestre Quentin Tarantino montou em “Pulp Fiction” e inicia sua trilogia de Ouro. Primeiro com o EXCELENTE “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e agora em “Snatch – Porcos e Diamantes”.
“Pulp Fiction” de Tarantino é muito conhecido pelo seu hilário-inteligente humor negro, os diálogos ágeis e personagens criativas e interessantes. Ritchie em sua obra-prima “Dois Canos Fumegantes” deu uma grande atenção no hilário-inteligente humor negro e suas personagens interessantes. E aqui, Ritchie pega tudo do pacote e coloca outro “clássico” em sua carreira. “Snatch” pode ser considerado a versão mais leve de “Pulp Fiction”, só que com mais personagens e mais humor. Mas Ritchie controla todos os elementos muito bem, sendo original ao mesmo tempo. Todas as suas personagens são SUPER criativas e muito bem desenvolvidas ao longo da soberba narrativa que Ritchie construiu no roteiro supimpa. Logo pela introdução já gravamos metade dos nomes e os acompanhamos nessa louca e selvagem aventura.
O filme segue uma linha de tempo só e direta, mas por momentos Ritchie pega um pouco da atemporalidade de capítulos de “Pulp Fiction” e um pouco daquela linha de acontecimentos diversos com diferentes personagens e a conexão entre eles, em outras palavras as coincidências da vida de uma forma insana e louca. Tudo acompanhado com a ESTILOSA direção de Ritchie, com um uso fantástico de camera lenta soberba e fotografia com um tom cinza e sujo em todas as fantásticas cenas. Mas Ritchie comete o erro que “Dois Canos Fumegantes” quase cometeu.
Ritchie é um diretor super talentoso, já mostrou isso em todos os seus filmes sempre com uma direção super estilosa, mas sempre falhou em dar mais estilo do que substância. Exatamente o grande problema de “Snatch”, que mesmo com personagens INTERESSANTISSIMAS e ótimos diálogos nas humoradas ocasiões, a substância da história é quase seca. Quero dizer, a história é fácil de se entender e acompanhar, mas o seu fundo se sente meio seco e sua mensagem de ganância e o próprio bem querer é imperceptível com as ocasiões humoradas acontecendo uma atrás da outra com uma incrível pressa.
“Snatch” é sem sombra de dúvida um dos melhores filmes de Ritchie. Mesmo com uma história quase seca e tema imperceptível, o filme nos dá um ótimo roteiro inteligente e humorado cheio de personagens originais e criativas, todas com EXCELENTES performances (se bem que Jason Statham tava o mesmo de sempre), e uma estilosa direção de Guy Ritchie. Em outras palavras, “Snatch” é um filme de gangster ULTRA-DIVERTIDO e inteligente que todos que o verem e o entenderem de verdade vão ver o seu brilhantismo.
Que nem “Os Vingadores” do ano passado, “Círculo de Fogo” levantou e ressuscitou o espirito Nerd e o crianção de qualquer adolescente ou jovem adulto que cresceu assistindo Power Rangers e qualquer anime de monstros Japonês, e claro Godzilla. Juntando todos os clichés possíveis e fazendo um dos maiores filmes PIPOCÃO já feitos, mas também um dos mais irritantes e divertidos ao mesmo tempo.
Del Toro é nerd, ele já deixou isso MUITO claro nos ótimos “Hellboy”. E claro, que aqui ele está brincando com o seu génio nerd e sua arte cinematográfica fazendo o filme que vai fazer meninos de até aos 12 anos aclamarem como o melhor filme já feito, e jovens adultos nerds mijarem nas calças como não o faziam há décadas quando assistiam Power Rangers e Godzilla na televisão, mas eu já mencionei isso. Del Toro nesse aspecto controla isso tudo como um verdadeiro mestre, pegando nos clichés e faz o uso perfeito de cada um sem nunca exagerar. Afinal o objectivo de Del Toro é dar ao público combates épicos entre robôs e monstros gigantescos, e recebemos isso na melhor maneira possível, com coisas irritantes no meio.
Filmes Pipocão mostraram ao longo dos anos que podiam ter uma imensa qualidade, não só em efeitos visuais e as partes técnicas, e sim na sua história e personagens. Olhem filmes como “Jurassic Park”, “Os Vingadores”, “Piratas do Caribe: A Maldição do Perola negra”. Pipocões do início ao fim mas tinham roteiros bem coesos e ótimas performances em suas personagens bem desenvolvidas. “Circulo de Fogo” por acaso tem sim uma história muito boa, por detrás das origens dos monstros e como o mundo deve se unir para derrotar uma ameaça, só que infelizmente é mal desenvolvida ao longo de toda a ação. E a personagem principal, aquela em que nós o público temos que torcer e se preocupar, tem uma performance forçada de Charlie Hunnam (tentando esconder o sotaque britânico), pena ver isso de um ator que já se mostrou ser muito bom, e sua personagem em nenhum momento tem desenvolvimento algum. Ele e outros que montam a equipe táctica controladores de robôs, os Russos que controlam o mais antigo robô e os 3 japoneses que controlam o robô de 3 braços, nem quase falam uma palavra ao longo do filme e são mencionados várias vezes como importantes. Mas outras personagens como a Mako (Rinko Kituchi) e o general Stacker (Idris Elba) são personagens MUITO bem desenvolvidas ao longo da “história” e dividem as melhores cenas do filme, tirando as cenas de ação claro.
Falando em cenas de ação, é onde há o ponto FOD# do filme, e o motivo pelo qual milhares de moleques e jovens adulto foram ver. Del Toro parece dar um toque de Peter Jackson em suas cenas de luta (não é a toa que o chamam de Peter Jackson latino), com pequeníssimos detalhes em lutas GIGANTESCAS (pessoas correndo e televisões voando) e super bem dirigidas, mas todas TÃO curtas. Tirando isso, Del Toro também cria um mundo gigante em seu filme, parecendo um mundo pós-apocalíptico cheio de elemento dos mangás de monstros. Ah, os monstros. Alguns parecem copiados um do outro, mas todos SUPER criativos, afinal estamos falando do criador dos monstros do “Labirinto do Fauno” e “Hellboy”.
“Báááááá, quem se importa com a história? Tamo aqui pra ver monstro lutando robô gigante”. É isso que vocês que estão lendo devem estar pensando e os críticos que pensaram (72% no RottenTomatoes.com, já viram?!). Devem estar certo, e eu enganado, mas uma coisa certa, “Círculo de Fogo” é um Pipocão DIVERTIDISSIMO com os vários elementos de nossa infância de Power Rangers e animes Japoneses. Mas peca em nos dar algumas personagens e história melhor estruturadas!
Quem diria que seria necessário à Spielberg se juntar ao mestre Peter Jackson e o talentoso Edgar Wright para não só fazer a primeira adaptação da magnífica obra de Hergé para o grande ecrã, mas como também fazer seu primeiro filme de animação e mostrar que ainda consegue fazer filmes EXTREMAMENTE divertidos. Ele disse numa entrevista que apenas ouviu falar de “Tintim” lendo uma crítica francesa sobre seu filme “Caçadores da Arca Perdida” em 1981, no qual comparavam as aventuras de Indiana Jones com as aventuras de Tintim. Spielberg após conhecer o próprio Hergé pessoalmente e terem conversado sobre a possível adaptação. O mestre procurou desde então fazer a melhor adaptação possível e após conhecer um colega de trabalho chamado Peter Jackson, ele encontrou.
Esse filme é a melhor união de diferentes artes de diretores diferentes em anos. Spielberg e Jackson fazem um trabalho espetacular na adaptação, ressuscitando o espirito dos quadrinhos de “Tintim” para a telona. Cada um traz consigo suas diferentes técnicas e as juntam perfeitamente: Spielberg traz sua direção ágil e habilidade de fazer uma história de aventura ULTRA divertida e cheio de sua mágica. E Jackson traz sua talentosa equipe técnica (que trabalhou com ele na trilogia “Senhor dos anéis” e no seu “King Kong”) para trazer vida ao mundo de Hergé. O que ajuda no resultado do filme é o fato de ter um bando de nerds trabalhando nele. Spielberg começou a ler todos os quadrinhos já na idade adulta mas Jackson cresceu lendo eles. E se Jackson já tinha feito uma das melhores adaptações de livro para filme com “O Senhor dos Anéis”, claro que ele iria ajudar Spielberg a fazer sua primeira adaptação de quadrinhos da maneira mais leal à obra de Hergé, então porque não chamar os roteiristas Steven Moffat (da série Doctor Who e Sherlock) e o talentoso (e nerd) Edgar Wright para ajudar.
O roteiro do filme é ÓTIMO. E também é outra junção de artes diferentes: Moffat pega nas histórias dos três famosos quadrinhos de “Tintim” (O Caranguejo das Tenazes de Ouro; O Segredo de Licorne ou Unicórnio; O Tesouro de Rackham), juntando as três histórias perfeitamente e sendo super leais aos quadrinhos, conseguindo montar os diálogos rápidos e inteligentes que Hergé sempre colocou em sua obra; Edgar Wright traz de sua parte aquele seu humor inglês bobo-inteligente que por acaso funciona muito bem nas ocasiões e borradas que Tintim e Milu se metem e na hilária dupla dos policiais Dupond e Dupont. Infelizmente o roteiro tende à dar um pequeno “exagero intelectual” na história em algumas partes de dialogo, tirando um pouco da vibra e mágica do filme, mas que se resolve e desenvolve muito bem ao longo da aventura.
Um pouco da vibra da história se perde na intelectualidade de seus roteiristas, mas nada se perde quando se trata de diversão com Spielberg. A decisão de fazer um filme animado ao invés de atores foi a decisão mais certa que ele e Jackson tiveram. Atores e cenários normais tiraria a mágica que Hergé montou ao longo dos anos, e ainda por cima teriam que achar um perfeito adestrador de cães para adestrar um perfeito Milu. Mas peraí, Jackson criou demónios e Orcs, porque não um cachorrinho?! Pela primeira vez fazendo um filme de animação, Spielberg não desaponta em sua direcção é MAGNIFICA em todas as cenas com cenas de ação de cortar a respiração e que nunca ficam cansativas e sim mais excitantes. E claro que a equipe de Jackson ajuda nisso, recriando o mundo de Hergé para o cinema de uma maneira LINDA. Animação, efeitos sonoros, fotografia, efeitos visuais, seria exagero dizer que na parte técnica tudo é perfeito?! Não sei, mas é, perfeito em todos os detalhes!
E o elenco ajuda? Claro que sim, todos fazem um excelente trabalho de atuação vocal, desde Jamie Bell como Tintim, à Simon Pegg e Nick Frost (outra influência de Edgar Wright) como a dupla Dupond e Dupont, e claro Daniel Craig como o cruel vilão Rackham. Mas quem se sobressaí é (obviamente) Andy Serkis como o inesquecível Capitão Haddock.
Esse filme talvez seja uma das melhores animações já feitas. Com uma história (mesmo sendo um pouco exagerada intelectualmente) é bem desenvolvida e leal à obra de Hergé, junto com atuações vocais EXCELENTES de todo o elenco. Peter Jackson não só prova ser (talvez) um dos melhores diretores dos últimos tempos como também ajudou Spielberg a fazer seu primeiro filme animado junto com a sua primeira adaptação de quadrinhos, e também mostrar o diretor magnifico que consegue ser. Quem sabe um dia esse filme SUPER esnobado na bilheteria ganhe seu devido respeito no futuro.
Depois do EXCELENTE “Maldição do Perola negra” e do seu imenso sucesso de bilheteria e até de critica claro que a Disney iria querer fazer sua sequela, e director Gore Verbinski prometeu o 2º e o 3º filme maiores e melhores…..e não foi bem o que aconteceu.
O que era tão bom no 1º filme é que tentava ser pura diversão e entretenimento e nada mais do que isso e surpreendeu com uma excelente direcção e um coeso roteiro com soberbas performances de Johnny Depp e Geofrey Rush. E em “Baú da Morte” têm tudo isso, diversão e entretenimento garantidos, e poderia até superar o 1º filme se não fosse pelo roteiro bagunçado de Ted Elliot e Terry Rossio.
Ambos os roteiristas devem pensar que fazer um bom roteiro é colocar diálogos bem escritos ao longo da história, mas não, um roteiro tem que ser coeso com a história e as suas personagens deixando ambos sempre juntos ao longo da história e os diálogos aparecem naturalmente ao decorrer da narrativa. Os diálogos aqui nunca ficam chatos e são sim bem fluidos, mas nenhum de verdade está bem relacionado e coeso com as personagens e a história, que ao início parece ser simples mas depois de tantas explicações intermináveis começa a ficar complicada. Os roteiristas exageraram tanto na dose de explicações e esquecem de suas personagens ao longo da história, cada um com uma imensa falta de aprofundamento e desenvolvimento. O roteiro não erra é em ainda adicionar muito bem as lendas piratas na história como o monstro mitológico marinho, o Kraken. E o lendário navio amaldiçoado, o “Flying Dutchman”. Sem nunca faltar o bom humor inteligente na história.
Mas nada está perdido. Mesmo com o roteiro sem uma certa coesão na história, Gore Verbinski entrega outra formidável direcção. Dando mais espetaculares cenas de acção, desde a épica e divertida batalha na ilha do baú ao combate final contra o Kraken. Junto com efeitos visuais FANTÁSTICOS para dar vida ao monstro marinho como à tripulação do “Flying Dutchman” (que recebe bem pouca atenção do que a tripulação do perola negra teve no 1º filme).
“O Baú da Morte” para alguns é o melhor filme da franquia, e tem TUDO para ser. Fantástica direcção; efeitos visuais deslumbrantes; diversão e risos garantidos do início ao fim. Só peca feio num roteiro cheio de explicação e sem nenhuma coesão com a história e suas personagens. Mas deixa um bom intervalo e te deixa ansioso para o bem superior 3º filme.
Foi aqui que o filme escabulhou um pouco, copiando a mesma fórmula mas dando pouquíssimas novidades, ficando parecido mais um “A Hora do Rush” no passado. O que salva de verdade o filme é mais uma vez a excelente química entre Jackie Chan e Olwen Wilson que continua engraçadíssima causando muitos risos durante o filme. E as ótimas cenas de acção, mas que infelizmente se sentem repetidas demais. Mas pronto, se você gostou do 1º vão com certeza gostar dele, se não então assistam “A Hora do Rush 1 e 2”.
Usual e cliché? Sim, mas tudo funciona muito bem. O filme sabe o que é e não tenta ser mais do que pura diversão com broomance entre suas personagens principais. O filme supreende com uma fotografia belissima em todas as cenas, principalmente nas de ação. Junto com uma excelente quimica entre Jackie Chan e Owen Wilson que garantem risos do início ao fim sem parar. Em outras palavras, o filme é metade velho-oeste, metade filme samurai, metade “A hora do Rush”, metade comédia. Tudo junto funciona e entrega um filme DIVERTIDISSIMO que vai fazer rir e pular da cadeira à cada 5 segundos!
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraNão é invisível para ninguém que a Marvel só vem provando cada vez mais ser uma das produtoras mais asseguradas da qualidade de seus filmes em trabalho hoje. E o mais impressionante foram suas jogadas arriscadas desses últimos anos que só resultaram em ótimas adaptações divertidas e leais a obra. Guardiões da Galáxia talvez seja sua adaptação mais ousada até hoje, já que é um quadrinho de humor negro dos anos 70 de pouco sucesso e fama. E que acabou sendo mais um golaço 7-1 da Marvel!
Vamos encarar os fatos. Guardiões tinha tudo para dar errado. Ainda por cima contratando James Gunn, roteirista de Scooby-Doo para dirigir e roteirizar o filme. E o que poderia ser uma palhaçada com efeitos visuais ridícula acaba sendo uma aventura épica super divertida. Não só graças as mãos cheias de Gunn mas também pelo estupendo elenco reunido, talvez o melhor elenco reunido em um filme da Marvel. Gunn faz exactamente o Whedon fez em Os Vingadores dois anos atrás, deu voz e sentimentos a todos os personagens. Talvez deixe use mal alguns como Korath, personagem de Djimon Hounsou, e Nova Prime, personagem da irmã gémea indireta de Meryl Streep, Glenn Close. Mas de resto, todos conquistam o coração do público.
Afinal, o filme não se chama Guardiões da Galáxia a toa se não o foco do filme serem exatamente eles cinco. Peter Quill (Chris Pratt), o humano órfão abduzido ainda novo por caçadores de recompensa; Gamora (Zoe Saldana), a alienígena verde órfã com um passado obscuro; Drax (Dave Bautista), o guerreiro que perdeu a família e busca vingança; Rocket (Bradley Cooper), o raivoso-genial-caçador de recompensas-guaxinim falante; Groot (Vin Diesel), a arvore de poucas silabas. Todos estes fatídicos personagens se juntam não só para derrotar o maligno Ronan (Lee Peace) mas também redimirem seus sentimentos e formarem uma liga de forte amizade fraterna.
Isso é o lindo do filme. Consegue ter um enorme coração e conquistar o público com sentimentos verdadeiros pelas personagens e suas situações. E sentir aquele aperto no peito quando o seu destisno é posto em prova. Ao mesmo tempo de fazer o público rir às gargalhadas durante todo o filme, cada personagem com o seu humor satírico, arrogante e bobo que é impossível não abrir um enorme sorriso no rosto quando cada um se exalta em seu momento. Gunn e sua co-roteirista Nicole Perlman dosam o drama e a comédia de forma ágil e excelente, deixando o filme fluir de maneira soberba.
E como não deixar de mencionar as várias referências a Star Wars, Star Trek e até Indiana Jones. Peter Quill é construído de com um caráter tão pitoresco que lembra, e muito a Han Solo em sua nave com nome e ainda com o seu enorme espirito de aventura e caça a tesouros lembra ao dr. Indiana Jones (a própria introdução do filme é bem estilo Caçadores da Arca-Perdida do Spielberg). A presença momentânea do Groot é quase uma alusão do Chewbaca. E as cidades tem traços futurísticos e populações multi-racias da saga Star Trek e até de jogos como Mass-Effect.
Tudo criado com efeitos visuais deslumbrantes e (finalmente) um uso ajustável do 3D que está ótimo. E ajudam ainda mais nas muito bem dirigidas e coreografadas cenas de ação, tanto terrestres quanto espaciais, que são simplesmente épicas. Seguidas de uma magnifica trilha sonora que mistura os tons originais de Tyler Bates e clássicos dos anos 70 e 80 como “Hooked on a Feeling” dos Blue Swede e “I want you back” dos Jackson 5 e muito mais. Impossível ninguém após assistir ao filme ir procurar ouvir a trilha sonora toda.
Mas apesar de tudo de excelente que Guardiões tenha, é impossível não notar essa base formulaica que a Marvel vem montando desde Os Vingadores. Base esta que constrói personagens tão interessantes, como aqui, e monta tudo para se ver mais em uma continuação ou um Vingadores 7. Não se tem mais aquele território solo da personagem que se tinha no excelente Homem de Ferro em 2008. Até a cena pós créditos aqui deixa essa pergunta, tanto negativa quanto positiva, até onde a Marvel irá?!
Tirando isso, Guardiões da Galáxia é a definição de um perfeito blockbuster. Personagens com um carisma incrível; comédia e drama super bem dosados; é a Marvel com a bola toda. Fazendo aqui não só um dos seus melhores, mas possivelmente o seu filme mais divertido filme até hoje. De se ver e querer ver muito mais!
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraAparentemente David O. Russel está se tornando um diretor-roteirista que lança projectos uma vez ao ano, tudo graças ao sucesso que foi O Vencedor em 2010. Primeiro veio O Lado Bom da Vida (2012), agora Trapaça e o seu próximo projeto Nailed (2014). E O. Russel tem ganhado com seus últimos projetos boa bilheteria e altas notas da crítica, e agora Trapaça é talvez o auge do diretor.
O diretor-roteirista já é conhecido por misturar em uma história, muito bem, humor com drama. Isso foi demonstrado soberbamente em Três Reis (1999) e em O Vencedor, mas infelizmente não muito bem em O Lado Bom da Vida, onde o humor parecia sair de um jeito muito forçado. Já aqui, O. Russel melhora muito melhor isso, dando um foco mais dramático na história e deixando o humor aparecer naturalmente com as situações. E qual seria a melhor maneira de fazer isso do que pegar numa história sobre dois desviadores de dinheiro no ramo artístico, Irving Rosenfeld e Sydney Prosser (Bale e Adams), que são pegos pelo agente do FBI, Richie DiMaso (Bradley Cooper). E agora são forçados a ajudar o FBI pegar mais 4 trapaceiros como eles, e só assim para não serem presos.
A trama parece simples e interessante, e por vários momentos O.Russel e Eric Warren (seu parceiro no roteiro) a montam quase como Bons Companheiros de Scorsese, com a narração de uma das personagens em cima da história mostrando o seu ponto de vista. Mas antes que o filme alcance seus 30 minutos, a trama muda de pegar 4 trapaceiros para pegar políticos corruptos (que também são uma espécie de trapaceiros), aí entrando o prefeito Carmine Polito, personagem de Jeremy Renner. E sim, O. Russel inicia uma grande crítica à política corrupta da época, que por acaso é elaborada de um jeito inteligente, mas esquece da situação inicial das duas personagens principais durante o resto do filme, até quase a parte final.
Mas o que cobre seus erros chatos da trama é a diversão que o filme transmite. O.Russel faz isso dando uma de Tarantino, não com violência moderada e sim com os diálogos temáticos. Isto é, diálogos abordando vários temas diferentes. Alguns podem até sair do contexto por momentos, mas todos são inteligentes e com um interessante nível de esquisitice de suas personagens (esquisitice é a especialidade de O.Russel desde o início de sua carreira). Fazendo uma narrativa bem ambiciosa e bem divertida, não só graças à O.Russel mas também pelo seu elenco de luxo.
O. Russel aqui juntou o elenco dos dois filmes que o recolocaram no mapa. Christian Bale e Amy Adams de O Vencedor, e Bradley Cooper e Jennifer Lawrence de O Lado bom da Vida, e muitos outros com pequenas e grandes participações (prestem atenção na ótima aparição de Robert De Niro). Isso deve ser a sua receita do sucesso, pena que seu parceiro Mark Wahlberg está ocupado com explosões e robôs. Mas todos têm algo em comum, e não é só a participação no filme, todos demostram excelente atuações. Os críticos mencionam e apontam Jennifer Lawrence, que está sim muito boa, mas nenhum menciona a perfeição de Christian Bale com uma verdadeira encarnação de sua personagem bondoso e trapaceiro ou Jeremy Renner que está simplesmente soberbo como o corrupto do bem. E claro, Amy Adams mostrando sua incrível sensualidade e carisma, e Cooper mostrando seus ataques explosivos de nervos.
O que Trapaça é de verdade um encontrão, do inglês “Hustle”. Um encontrão de várias personagens em uma situação verdadeiramente louca. Que graças a um bom roteiro e excelentes performances do elenco vão fazer o público se divertir e dar um nó na cabeça, e fazer esquecer da trama bagunçada!
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraApós anos de uma carreira que vem de dirigir vídeo-clips de bandas como Weezer e da própria Bjork, pequenos curtas, e uma obra-prima como “Quero ser John Malkovich”, o ápice da carreira do jovem diretor Spike Jonze só chegaria em 2013 com o seu maior e melhor filme até hoje: “ELA". Onde é que posso começar a falar do filme em questão? Que é um belo romance? Uma ficção-científica super inteligente? Uma possível obra-prima moderna? Que tal um filme sobre a época moderna em que vivemos?!
Sim, é bem estranho falar isso contando que é passado num futuro não tão distante (não, não é X-Men) numa Los Angeles utópica onde nos deparamos com a vida de Theodore Twombly (Joaquim Phoenix) um tímido e complexo escritor de cartas românticas, que recentemente sofreu com o término de uma relação amorosa com Catherine (uma breve Rooney Mara). Com o coração partido ele se interessa por um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma entidade de inteligência artificial, só que melhor. Ao iniciá-lo, ele tem o prazer de conhecer “Samantha”, uma voz feminina perspicaz, sensível e surpreendentemente engraçada (Scarlett Johansson), que Theodore acaba se apaixonando.
“ELA” é uma daqueles raros filmes que usa o palco de ficção-cientifica para levantar fortes questões morais. Ao contrário de falar sobre a exclusão social como “Distrito 9” ou sobre a existência humana como “Solaris” e “2001”, Jonze fala sobre a sociedade viciada na tecnologia moderna em que vivemos. E é a melhor forma disso é fazendo uma belíssima sátira romântica? Brilhante! Afinal, o que nós humanos temos hoje por nossos celulares, tablets, etc…. se não um amor viciante. Isso é explorado com louvor no romance belíssimo entre Theodore e Samantha.
Após anos dirigindo as fantasias modernas de Charlie Kaufman como “Quero ser John Malkovich” e “Adaptação”, Jonze agora lidera o seu filme com um pródigo roteiro. Cria uma narrativa tão habilidosa e super dosada, onde vemos verdadeiros sentimentos e emoções sendo transmitidos nos belos diálogos entre as personagens. Jonze parece fazer uma mistura de toques do próprio Kaufman com um pequeno toque de fantasia “artística” e um toque da naturalidade de Woody Allen, sem o uso da metalinguagem de ambos os mestres. Adicionando uma ótima dose de humor e também drama para arrancar lágrimas de olhos de qualquer um.
A beleza da coisa não é só pela excelente performance de Phoenix ou a exuberante atuação vocal de Johansson, mas do tamanho de sentimentos que a relação dos dois transmite no meio da história. Quando Theodore compra o sistema de Samantha, que não é nada mais nada menos que um simples aplicativo, ele pode escolher entre um ser masculino e feminino. E a personalidade romântica e sensível de Theodore cabe para uma percepção onde ambos homens e mulheres podem se relacionar e captar a sua escolha (e até repara-se uma homenagem ao HAL de “2001” na personagem de Samantha, só que numa versão totalmente sensual). Só aumentando o nosso carinho pelo casal e pelas personagens em volta, incluindo Amy (Amy Adams) a amiga fofa de Theodore. O amor que Theodore sente por Samantha, é representado de uma forma quase poética e metafórica no contexto do filme. A aficção de Theodore representa de forma indireta a atração e dependência que nós temos pelos aparelhos tecnológicos. E o emprego de Theodore como escritor de cartas românticas é uma amostra do afastamento social que as pessoas de hoje têm entre si, principalmente no amor.
Até a própria direção de Jonze ajuda nisso. Los Angeles é montada com toques utópicos de cidades como Shangai. E os planos de camera por onde Theodore passa denota de forma impressionante pessoas e mais pessoas mexendo e falando no celular, de forma quase assustadora. E o filme ainda surpreende com uma belíssima direção de arte detalhada, dando a cada cena do filme uma beleza imensurável. Conseguindo aspirar os próprios sentimentos das situações.
Não tenho outras palavras para classificar “ELA” do que como uma obra-prima, e com certeza o melhor filme da carreira de Jonze. Um filme que demonstra a sociedade viciada e dependente na tecnologia, em que vivemos hoje. E como isso nos faz perder nossas capacidades de socializar e amar pessoas. Isso tudo vêm através de uma belíssima e credível história romântica que transmite sentimentos verdadeiros que nos conquista totalmente e nos prende do inicio ao fim entre risos e lágrimas. O que faz do filme em si, e ambos Theodore e Samantha totalmente inesquecíveis!
P.S: “I’m….lying…..it on…..the moon…..but, dear…..I’ll be…..there…..soon…..” LINDO DEMAIS
A Rede Social
3.6 3,1K Assista AgoraApresentar o que é o Facebook à esse ponto é ridículo. Mas talvez não na época em que o roteirista Aaron Sorkin decidiu adaptar as suas origens do livro “The Accidental Billionaires” e chamar o diretor de “Clube de Luta” e “Se7en”, David Fincher, para dirigi-lo. O que resultou em 2010 um bombástico acréscimo de usuários do Facebook e o cinema recebeu esse EXCELENTE marco chamado “A Rede Social”.
Focado no caso da criação do Facebook pelo “génio” de Mark Zuckerberg e o enorme mistério em volta dela. Desde o inicio com os cortes mútuos de uma narrativa diferente para a outra, a principal é focada no tribunal com Mark (Jesse Eisenberg) provando a sua mão na criação contra o seu melhor amigo brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), partindo daí os vários momentos importantes na vida e relação de ambos amigos que se tornaram rivais durante o desenvolvimento da bilionária rede social. E durante todos os 121 minutos de filme, seguimos uma história engraçada, triste e totalmente intrigante.
Chamar Fincher para o trabalho foi algo surpreendente, já que vem de uma filmografia mais conhecida por dirigir excelentes thrillers como “Zodíaco”, mas ele já tinha provado a mão no drama na obra-prima “O Curioso Caso de Benjamin Button”. E aqui o diretor lidera o FANTÁSTICO roteiro de Sorkin com mestria. Parecendo dar um ótimo toque de “Cidadão Kane” na história. Não só nos ótimos e bem editados cortes de narrativas em diferentes linhas temporais com um bom uso de metalinguagem, mas também como Sorkin monta a personagem de Mark. Um jovem que ao perceber o ouro que tinha em mãos se tornou um homem ganancioso e traiu as pessoas em sua volta, e que busca incessantemente a atenção amorosa.
Isso também levanta um dos muitos temas que o filme contém, a nossa geração. Logo na cena inicial com um excelente diálogo ente Mark e sua namorada Erica (Rooney Mara) num bar da faculdade é o perfeito retrato disso. Uma geração focada nos estudos e nas oportunidades de seu futuro profissional, e que arranja espaço para namorar com ou sem paixão e festejar em bares ou festas sem motivo algum. Daí vem um pouco do lado humorado do filme com momentos de pirraças e brincadeiras de adolescentes, e ainda por cima a nerdice de Mark (um típico nerd de filme americano). Mas daí também provem seu lado triste quando vemos a capacidade de alguém se tornar ganancioso quando recebe suas chances promissoras de criatividade (ele inventou o Facebook à partir de um compartilhamento de fotos), capaz de esquecer dos amigos mais próximos de nós. Como vemos quando Mark e Eduardo começam a criar sua rivalidade que começou com uma amizade cheia de sentimentos puros no inicio.
Claro que Sorkin trata a história com respeito e sem ofensas diretas, daí vindo o lado intrigante e meio misterioso do filme (a perfeita área de Fincher). Durante todo o filme Fincher e Sorkin parece nos fazer essa pergunta: “quem criou o Facebook?”. O público que presta atenção é capaz de ficar se perguntando isso ao longo do filme e até depois de seu misterioso e reflexivo final. Ainda por cima com sua trama sendo construída em cima de um ágil roteiro e uma singela trilha sonora de Trent Reznor. E as ótimas performances de seu elenco jovem de luxo, com Jesse Eisenberg dando um perfeito uso da sua conhecida performance de nerd esquisito e outros como Armie Hammer brilha interpretando os gananciosos gêmeos Winklevoss e Justin Timberlake interpretando o extrovertido e metido Sean Parker. Mas quem brilha no filme (mesmo não captando o espirito brasileiro) é Andrew Garfield com um show de emoções que nos conquista totalmente. O verdadeiro coração do filme!
É estranho ver uma recepção TÃO calorosa por parte da critica em volta do filme, chamado de obra-prima e um marco e tal. E ser chamado de filme muito sobrevalorizado e exagerado pela maior parte do público. Pena que poucos conseguem ver a importância do filme de Fincher que faz um retrato explicito de nossa geração criativa e gananciosa. Uma obra que acredito que será melhor reconhecida com o passar dos anos, e que as pessoas vejam para além do seu lado interessante de história e vejam as suas qualidades, tanto na sua alma temática e suas perfeitas qualidades técnicas. Não é um filme de total perfeição mas sim um FILMAÇO a ser respeitado e adorado!
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KDepois dos aclamados Hunger e Shame, o diretor Steve Mcqueen vem provando ser um profissional mais do que competente no cinema hoje. E agora com 12 anos de Escravidão ele atesta isso fazendo o seu melhor filme até hoje. Sendo um filme comum está longe da perfeição, mas o que Mcqueen nos dá aqui é o retrato cru e vicero da escravidão negra. Detalhe por detalhe, historicamente e humanamente apurado, e nessa área, o filme é perfeito.
A idéia de Mcqueen em adaptar um livro do séc. 19 com a história de Solomon Northup, um homem negro livre que capturado e vendido como escravo é um trabalho que se pode dizer que complicado é pouco, e pareceu ser impossível com a pouca bilheteria que seus filmes anteriores tiveram. Mas Brad Pitt salvou o filme, não só com sua pequena e boa participação, como também produziu o filme. E garantiu assim a vinda de uma produção de filme adequada com um orçamento melhor. E nos trouxe um filme que será inesquecível à todos que assistirem.
Mas Mcqueen dá uma atenção à história de Solomon, interpretado por Chiwetel Ejiofor, quase de uma forma secundária ao longo do filme, dando uma atenção maior em dar sim um retrato da escravidão. Isso parece soar como algo negativo, mas não. É a maneira inteligente do diretor de explorar esse tema colocando nós, o público, no lugar de Solomon ao longo de sua longa luta pela sobrevivência. E em todos os momentos aterrorizantes e agoniantes do filme. Se Mcqueen filmou diálogos com ferocidade em Hunger e cenas de sexo pertubadoras em Shame, aqui ele usa seus ângulos profundos em todas as cenas assustadoras de chibatadas e de tortura. Com um timing perfeito usando direção de arte e montagem em cenas como um aterrorizante enforcamento, e quando Patsey (Lupita Nyong'o) é torturada com chibatadas.
Parecendo por momentos um filme artistico estilo à Nicolas Winding Refn (Drive; Bronson), com momentos silenciosos tão reflexivos e assustadores. Fazendo pouco uso da singela trilha-sonora de Hans Zimmer, mas quando aparece nossos corações parecem borbulhar. Sem nunca dar espaço ou tempo para o público respirar ou ter algum momento de esperança. Nos jogando na cara a verdade crua, sem podermos olhar para uma luz no fim do túnel. É simplesmente McQueen tratando de ser o que sempre foi: oculto e excêntrico. A sua atenção em cima da narrativa é a prova disso.
O roteiro de John Ridley ao mesmo tempo que consegue ser leal ao livro de uma forma bem detalhada, com apenas pequenos pontos da verdadeira história de fora, faz um verdadeiro jus ao título “escravidão” e explora a situação dos escravos pelos olhos de Solomon. Tocando em temas como por exemplo o sexo entre escravo e mestre com a personagem de Patsey, e a justiça em possuir escravos naquela época e como os cruéis atos que vemos hoje era apenas uma formalidade diária. Isso é demonstrado com uma moeda de duas caras. Um é o bondoso senhor de escravos William Ford, interpretado por Benedict Cumberbatch, que compreende que Solomon é mais do que aparenta, mas ele é vítima de um sistema escravocrata intolerante, portanto nada pode fazer além de meros caprichos. E Edwin Epps, personagem de Michael Fassbender, um homem tão intolerante e orgulhoso de possuir escravos que até usa argumentos na Bliblia para a escravidão.
Tudo se torna ainda mais assustador e real são as fantásticas performances do elenco. Lupita Nyong'o que nínguem para de falar, mesmo com poucas cenas, brilha em cada uma delas. Conquistando totalmente o nosso coração, e quando chega o seu momento de sofrer, nossos olhos não aguentam. E Michael Fassbender tenebroso como o retrato da ignorância e crueldade de muitos dos donos de escravos. Pode-se dizer que ele é o Calvin Kandie (personagem de Django Livre) desse ano, só que real e mais cruel. Mas a alma do filme e que nos faz aguenta-lo até o fim é Chiwetel Ejilfor, mostrando finalmente seu enorme talento ao mundo com uma das melhores performances de 2013.
O filme vem recebendo uma critica negativa é a que não dão uma noção do tempo passado na vida de Solomon e estraga completamente o título. Mcqueen faz isso de propósito. Nós estamos tão investidos na dor diária de Solomon que nem ele vê o tempo passando, e assim muito menos nós. A cena final quando Solomon vê seus filhos adultos, ele está tão assustado e surpreso quanto nós. Ele viu o tempo de sofrimento que passou e não viu seus filhos crescerem e perdeu a chance de cria-los. Solomon não chora por emoção e muito menos nós, as lágrimas são de dor profunda. Não é um final feliz, é um final humano.
Aterrorizante, mas ao mesmo tempo sublime. Mcqueen nos dá um retrato violento e vícero da escravidão, que não se reflete somente na Americana, mas ela em geral. E que nos faz refletir sobre seus atos em diversos momentos. Não é um filme fácil assisitir, mas no final se torna em uma experiencia tenebrosa e inesquecível, que irá arrancar nossas lágrimas do coração de uma forma ou de outra. A Obra-prima de 2013. O Oscar de melhor filme não foi e vão para casa. Mcqueen não só nos deu o seu melhor filme até agora, mas também uma obra de arte que marcou e será lembrada!
Godzilla
3.1 2,1K Assista AgoraQuem nunca foi fã do rei dos monstros desde pequeno? Um dinossauro metade dragão e metade jacaré que destrói cidades e luta outros monstros gigantes foi um astro desde sua criação com o clássico japonês "Gojira" de 1954 e depois as diversas adaptações para a televisão que se seguiram. Incluindo o horrendo "Godzilla" de Roland Emerich em 1999 manchando de forma vergonhosa o legado do rei. Mas agora, em 2014, Gojira voltou a sua glória!!! O filme infelizmente vem sendo criticado de forma arrogante com afirmações de ser desapontante e o caramba. Acho que alguns esperavam um "Círculo de Fogo 2" focado só nos monstros destruindo cidades. Mas não, diretor Gareth Edwards opta por focar no drama das personagens humanas e deixar Godzilla como a máquina de destruição em massa, mas acreditem, funcionou!
O clássico "Gojira" de 1954 é conhecido por ter uma carga dramática séria em sua história e em volta do Rei dos monstros, e ao mesmo tempo criticava de forma inteligente os casos da bomba nuclear e seus loucos testes que apenas iriam trazer caos e destruição. Gareth respeita tudo isso e o legado que Godzilla trouxe ao mundo. Ele explora isso de maneira inteligente e simples no roteiro de Max Borenstein, entregando um sólido drama humano que desenvolve bem suas várias personagens (principalmente a de Joe - Bryan Cranston, PERFEITO) e trata os seus monstros de forma real adaptando-os de forma real no nosso mundo moderno, se aproveitando dos casos de testes nucleares com Gojira, e com o caso dos terremotos recentes no Japão no caso do monstro MUTO. Tudo isso é de mexer com nossas cabeças se prestarmos a devida atenção!
A narrativa segue tão bem fluida no início com a história de Joe e sua investigação bem misteriosa em volta de estranhos eventos da natureza em volta do mundo, buscando a causa da morte de sua esposa (Binoche, infelizmente mal aproveitada). Os diálogos até ai são realistas e inteligentes, e a performance de Cranston nos conquista totalmente. Mas aí o brilho começa a se perder quando o filme entra no cliché do soldado errante com Ford (Aaron Taylor-Jonhson) ajudando os cientistas do bem e os militares enfrentarem a ameaça mundial. Mas ainda bem que não chega a ser exagerado, afinal o show do filme é o protagonista que tem o seu nome estampado no título.
E sim, Gojira QUASE fica como personagem secundária em seu próprio filme devido à muito mais explicação em volta de MUTO e a história de Ford. Mas é aí que está. A um ponto do filme do filme, o cientista Ichiro (Ken Watanabe, ótimo) diz que Gojira é um ser inexplicável, o seu propósito, suas origens, quase um deus em meio da natureza. Denota de forma inteligente a arrogância do homem em tentar controlar a natureza. Gojira é um animal. Uma força antiga que simplesmente age pelos seus instintos e traz o equilíbrio para a natureza. Edwards aproveita isso e cria um ambiente de filme apocalíptico, desde terremotos e tsunamis que aparecem ao longo da história, mas tudo isso é o grande monstro se aproximando.
Gojira é um animal. Uma força antiga que simplesmente age pelos seus instintos e traz o equilíbrio para a natureza. A emancipação criada ao longo do filme é TENSA. Edwards parece homenagear filmes como "Tubarão" e "Jurassic Park" que inicialmente apenas mostram pequenas partes do monstro elevando o mistério e nossa imensa vontade de ver-los cair matando. E acreditem, cada segundo de espera vale a pena.
O protagonista recebe MUITO bem suas duas facetas. A de destruidor em massa e o de "herói" da humanidade. Cada uma de suas cenas respeitam seu legado esmaga em pedacinhos a merda cuspida que foi o filme de Roland Emerich, que por acaso tem um ponto de sua trama homenageada aqui (mas dez vezes melhor claro). As lutas de deus monstro contra deus monstro são MARAVILHOSAS. Prédios caem em ruínas e humanos são soterrados e pisoteados. A direção de Gareth brilha com ângulos fabulosos nestas cenas e em todas as de drama no filme. E os efeitos visuais mais uma vez são de deixar nós enterrados em nossos assentos com tamanha perfeição. A cena dos paraquedistas saltando sobre Gojira é a perfeita prova disso (e um manjar para os olhos e corações)
O filme não é perfeito e tem sim seus momentos meia-boca com algumas de suas personagens e motivações. Mas Gareth Evans respeita o legado do rei dos monstros e traz ele de volta ao nosso mundo com louvor. História dramática inteligente, seguida de um bom elenco e efeitos técnicos que me deixaram babando. E quando Gojira solta seu rugido pela primeira vez, nossos corações tremem e sabemos: ele está de volta!
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraLogo quando foi anunciado em 2012, esse novo filme da franquia X-Men vem chamado atenção e antecipação dos fãs dos quadrinhos e dos próprios filmes. Ainda por cima com a volta de Bryan Singer na direção e o retorno do elenco da trilogia e junta-lo com o de "X-Men Primeira Classe" (o melhor filme da franquia) e a contribuição de seu diretor Matthew Vaughn no roteiro. E agora eu digo, os trailers e as altas críticas que o filme veio recebendo não foram à toa. Pois aqui recebemos, talvez, o filme mais forte que a franquia já teve até hoje.
Alguns ficaram pessimistas tendo em conta que desde a saída de Bryan Singer após o segundo e ótimo filme que foi "X-Men 2,ambos o diretor e a franquia descarrilharam bastante. Vindo assim o bagunçado "X-Men 3" e o horrendo "X-Men Origens: Wolverine". E com Singer filmes como "Superman O Retorno e "Operação Valquiria" (filmes bons...mas não tão bons). E agora com "X-Men Dias de um Futuro esquecido" é bem justo afirmar que Singer e a franquia tem uma conexão imbatível. Mas sua missão aqui era: consertar os erros dos filmes fracos da franquia; fazer uma continuação para ambos X-Men 3 e X-Men Primeira Classe"; e recolocar o nome da franquia no mapa de novo. Impossível? Aparentemente não. Singer, Vaughn e o roteirista Simon Kinberg tomam conta de tudo com uma verdadeira mestria.
A idéia de Singer em "adaptar" o quadrinho "Dias de um Futuro esquecido" dos X-Men para os filmes foi brilhante. Podendo fazer continuações dignas para ambos X-Men 3 e X-Men Primeira Class, e ainda colocar uma ponte entre ambas partindo do contraponto de viagens no tempo que o quadrinho contém, mesmo tendo que sacrificar a lealdade ao material, mas NADA se perde. Singer, Vaughn e Simon conseguem criar uma narrativa fortíssima na história do filme. Conseguindo interagir de forma ágil e inteligente com ambos elencos gigantes e ainda um trabalho sólido com personagens novas, e manter um mínimo de lealdade aos quadrinhos.
É tão bom poder ver novamente os ótimos laços emocionais entre as personagens numa narrativa rápida que nunca se perde e sim progride fortemente a cada minuto que passa. Conseguindo ser o melhor roteiro que a franquia já teve. Já que contém os melhores diálogos, um forte lado humorado e um belíssimo lado dramático. Singer nos primeiros filmes conseguiu transpor realidade para a história e refletia temas sérios como o preconceito e exclusão social de pessoas e raças, e até pequenos conflitos de jovens com a família. E aqui Singer ainda consegue transpor a nossa história dentro desse mundo, uma imensa falta de aliança e esperança de nosso futuro.
E para as pessoas que sempre reclamaram que o foco no Wolverine/Logan (Hugh Jackman) era exagerado (que em minha opinião não era) não se preocupem. A narrativa encontra um PERFEITO equilíbrio entre sua personagem e todas as outras. Cada uma com seu momento certo na história. Os jovens Xavier (James Mcvoy), Magneto (Michael Fassbender) e Raven/Mística (Jennifer Lawrence) recebem um tratamento de luxo com performances perfeitas de seus atores, conquistando nossos sentimentos totalmente. Assim como os anciões Patrick Stewart e Ian McKellen nas versões mais velhas, o próprio Hugh Jackman (como sempre); o ótimo antagonista de Peter Dinklage com um tratamento de um verdadeiro ator de calibre) e Evan Peters como Mercúrio rouba TOTALMENTE a cena, incluindo uma das melhores cenas de ação do filme.
E já que mencionei, são totalmente sensacionais. Singer eleva tudo o que tinha de ação nos primeiros filmes e coloca tudo no bolso. Prova mais uma vez ter uma ótima mão e olhar para equilibrar o drama com ótimos ângulos de foque nos diálogos e depois ângulos ágeis e grandiosas nas cenas de ação. Que com os PERFEITOS efeitos visuais dão uma incrível atenção aos detalhes minuciosos aos poderes das personagens e o cenário.
"X-Men Dias de um Futuro esquecido" é, em outras palavras, o retorno épico e grandioso dos X-Men ao cinema. Singer com um passe de mágica concerta TODOS os problemas da franquia e dão um final mais do que satisfatório a história (antecipando ainda para "X-Men Apocalipse" em 2016) deixando os fãs dos quadrinhos e da franquia satisfeitos. E faz isso com agilidade e estilo com ótima direção que dá aventura e excelentes cenas de ação, e perfeitas performances de um elenco luxuoso que tem suas personagens tratadas com fidelidade e respeito emocionante. E nos dão uma verdadeira esperança de um Futuro melhor para a franquia. E ensinam de forma inspiradora sobre como a esperança pode nos ajudar a evoluir nossas forças e sentimentos, e conseguir mudar nosso futuro.
É cedo para dizer mas dane-se. Top 5, um dos melhores filmes de Super-heróis já feitos e o melhor do ano até agora.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraSe "Dançando no Escuro" tinha sido uma obra-prima de grande controvérsia de público e crítica, claro que Lars Von Trier não ia parar por aí. Que resultou em depois de bons filmes numa obra que causou uma enorme divergência com parte dos críticos e público quando estreou em 2003. Mas repara-se aos poucos que os cinéfilos e críticos rabugentos vem admirado ao longo desses anos cada vez mais o filme do talentoso nórdico, e não é à toa.
Aqui em "Dogville" Lars cria de forma brilhante um cenário estilo palco de teatro para contar a história de Grace (Nicole Kidman) e sua chegada na pequena sociedade de Dogville e a recepção. Montando a história de forma sublime, fazendo mesmo o público pensar que se trata de uma peça de teatro divido em atos (9 para ser exato). Apresentando todas as 18 personagens de forma coesa e esperta, desenvolvendo a história tão bem e de maneira certa que nem se repara as quase 3 horas de duração.
Conseguindo manter uma boa dose de humor quase lírico na belíssima narrativa, conseguindo conquistar todos os nossos sentimentos de admiração e carinho por cada cidadão e pela própria Grace. Só para mais tarde destruir-los quando os cidadãos começam a mostrar seus verdadeiros dentes. Afinal a pequena vila de Dogville não é nada mais do que um retrato descarado da sociedade em que vivemos.
Talvez a melhor crítica à sociedade que o cinema moderno já teve. Lars trás temas de nosso dia-a-dia à tona ao longo do filme. Desde fofocas, falsidade e pura ignorância das crueldades à nossa volta. É quase pertubador assistir pessoas que criamos um verdadeiro afeto mostrando ser pessoas mesquinhas e egoístas. Ainda mais difícil com
Grace sendo nós o público. Ser enchotado(a) por pessoas que pensamos ser nossos amigos, mas não passam de falsos aproveitadores.
A ausência de paredes nas "casas" é a forma esperta de não só mostrar a falta de privacidade que nós temos com pessoas enxeridas em nossas vidas. Como também a cegueira ignorante das pessoas para ver a verdade das crueldades em nossa volta. Sem conseguir aceitar ou enfrenta-la.
O final MUITO controvérsio do filme não é nada mais nada menos do que a escolha de justiça que faríamos com a sociedade em que vivemos. Castiga-los ou simplesmente ser ingênuo e ignorar. Todos os nossos sentimentos e os de Grace estão super interligados nessa hora e tudo finaliza-se como uma boa peça sádica, um espetáculo silencioso. E torna-se ainda mais emotivo com as performances EXCELENTES de todo o elenco.
Inteligente; sádico; aterrorizante. "Dogville" não passa de outra obra-prima que Lars consegue dar quando quer. Causando sua tão preciosa controvérsia de maneira certa e simplesmente sublime. Totalmente obrigatório não só para cinéfilos mas até para seu vizinho que tu fala mal ou bem!
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraGraças ao excelente trabalho que Joss Whedon fez com "Os Vingadores" em 2012, só se pode imaginar a febre e a ansiedade dos fãs e dos nerds pela sua continuação "Os Vingadores – A Era de Ultron" em 2015. Mas antes disso, a Marvel vem tomado conta de assentar cada super herói em seu franchise, e com isso veio ano passado o razoável "Homem de Ferro 3" e o ótimo "Thor: O Mundo Sombrio". E esse ano com "Capitão América: O Soldado Invernal" acabamos de receber não só o melhor filme desta 2ª fase depois de Os Vingadores como possivelmente o melhor filme solo que um dos Vingadores já teve.
Vamos admitir, o primeiro filme do Capitão parecia mais ser um prelúdio de duas horas e meia para Os Vingadores. O que causou em sua personagem estar meio sem um lugar ou desenvolvimento certo em ambos os filmes. E aqui ainda vemos um pouco dessa inconsistência na personagem em partes do filme, mas é muito melhor trabalhada. De todos os heróis dos vingadores, o Capitão (Chris Evans) com certeza é o mais interessante. Um homem do passado com altos valores e ideias de liberdade e bondade, agora ter que se adaptar e enfrentar o nosso mundo moderno é história de um filme merecedor de Oscar, mas claro que não é este o caso. Mas pela primeira vez vemos isso sendo explorado de uma forma bem inteligente ao longo do filme.
Enquanto o 1º filme tinha um palco da Segunda Guerra Mundial, já aqui os novos diretores Anthony Russo e Joe Russo optam em colocar um palco de filme de espionagem e thriller político, com uma mistura perfeita de filme como "Perigo Real e Imediato" e "O Ultimato Bourne". Uma idéia interessante de explorar a visão de liberdade e valores morais do Capitão com a politica moderna, como ele diz à um ponto no filme: “Isso não é liberdade, isso é medo!”. Uma referência direta para os ataques do 11 de Setembro e o movimento militar violento que os EUA teve no mundo, uma sacada bem ousada da Marvel. Fazendo talvez aqui o seu filme mais “sério”, com verdadeiras referências a corrupção politica e as mentiras que o cercam. Ai entrando a personagem de Robert Redford, Alexander Pierce (ótimo), e a melhor contribuição de Nick Fury do Samuel L. Jackson.
Equilibrando muito bem o lado thriller-politico e ação-aventura de um normal filme da Marvel, sem nunca exagerar ou fazer uma piada estropiada como Tony Stark faria. O humor aparece de forma natural e inteligente, na maior parte nos momentos entre o Capitão e a Viúva Negra (Scarlett Johansson) e nas cenas do Falcão (Anthony Mackie). E o lado thriller-politico estilo Tom Clancy entra nas tensas e soberbas cenas de ação. Parece por vezes que é Paul Greengrass (O Ultimato Bourne, Capitão Philips) dirigindo, onde dá pra quase sentir cada soco, chute, batidas de carros voando e o épico som do escudo do Capitão só prova a mão dos irmãos Russo em cenas de ação. E grande parte delas tem a presença arrepiante do Soldado Invernal, uma máquina de destruição e morte, com certeza um dos melhores vilões do cinema Marvel. Pena que sua presença é bem pouca até o grande clímax do segundo ato, mas as reviravoltas da trama até lá compensam cada minuto.
O que temos aqui com "Capitão América: O Soldado Invernal" não é nada mais nada menos do que o melhor filme solo dos Vingadores até agora e com certeza um dos melhores que os estúdios já deram até hoje. Super inteligente e coeso em seus temas e seu lado humorístico e divertido; Personagens muito bem desenvolvidas e colocadas nesse mundo; cenas de ação de cortar a respiração para os fãs de pipocão; pura lealdade aos quadrinhos e easter-eggs para agradar aos fãs de longa data. Uma sequela digna e vai deixar qualquer um ansioso para o que a Marvel ainda tem à dar.
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraSe repararem, todo o diretor tem um filme pessoal em seu currículo. Aquele filme especial que sempre sonhou em fazer desde o início de sua carreira. Ingmar Bergman com O Sétimo Selo; Stanley Kubrick com 2001-Uma odisséia no espaço; Steven Spielberg com Contatos Imediatos de Terceiro Grau e Lincoln. E quem diria que o diretor de obras-primas como Pi e Requiem para um sonho teria como filme pessoal um épico baseado em um poema no qual ele escreveu na escola intitulado de “A Pomba”, que se referia à história do herói bíblico Noé.
O épico de Darren Aronofsky, apesar de estar tendo boas notas na critica e bons resultados na bilheteria, o público vem o recebido mal. Se agarram muito no fato do filme ser inspirado na história bíblica e Aronofsky não seguir quase nada dela. Mas se soltar desse pensamento e focar atenção em ver um filme sobre um homem que seguiu sua louca fé para salvar a família do fim do mundo, ai sim é a óptima forma de assistir o excelente épico que o nosso querido Aronofsky fez.
Os fãs de longa data do diretor estavam mesmo com medo desse filme pensando que Aronofsky iria fugir e ia fazer um épico pipocão de aventura e ação. E sim, em parte ele faz isso mas não deixa o seu estilo artístico para trás e traz tudo com ele! As montagens de cenas rápidas estilo PowerPoint de Pi (em duas partes apenas); a fotografia meio amarelada acinzentada de O Lutador e Cisne Negro, enfim, quase tudo o que marcou seus filmes, só que agora dentro do estilo de fantasia. Afinal o que é a história da Arca de Noé se não uma fantasia bíblica? O tratamento fantasioso que Darren faz à sua história no filme funciona, e muito bem, até fazendo a história mais credível. Ainda misturando de forma inteligente a religião e um surpreendente toque de Darwinismo. Conseguindo levantar temas como piedade, fé, bondade e maldade humana, a forma de que os humanos tratam a terra, tudo isso se refletindo de forma abstrata ao nosso mundo de hoje. Sem nunca ir para um lado religioso exagerado ou um ateísmo estropiado, balanceando ambos de uma forma muto inteligente ao longo da história com metáforas e simbolismos capazes de fazer qualquer um refletir. Nada mais do que “Darren sendo Aronofsky”.
Outra prova disso é o tratamento da personagem Noé, interpretado por Russel Crowe, como uma de suas personagens. O mesmo tratamento que suas personagens como Nina de Cisne Negro e Randy de O Lutador receberam. A de um ser humano como qualquer outro, com boas intenções mas com defeitos egoístas. Seus atos não só nos deixam confusos sobre sua personalidade e estado mental, como a sua própria família começa a vê-lo como um tirano. Uma reflexão também abstrata da ignorância religiosa sobre o que é ser um pecador e não seguir a palavra do Criador (deus). O que ajuda na nossa empatia e compaixão pela personagem é outra perfeita performance de Russel Crowe, e de todos no elenco. Anthony Hopkins como o mestre dos magos bíblico, Matusalém; Jennifer Connely, Ray Winstone, e Emma Watson na sua melhor performance até hoje!
E como um pipocão o filme também fatura grande. Tanto com a história com o toque certo de ação e aventura, e ainda com ótimos níveis técnicos, fotografia, montagem, efeitos visuais que apenas falham nos “Guardiões”. Criaturas que são os culpados da grande controvérsia que o filme está tendo. Apesar de poucos saberem que eles são mencionados metaforicamente no livro de Enoque, pai de Matusalém (Anthony Hopkins) avô de Noé.
Mas talvez é quando “Darren é Aronofsky” que o filme falha. A narrativa do filme por momentos tem momentos inconsistentes quando levanta seus diversos temas. Parecendo de uma forma muito desconjuntado e até mesmo parecendo exagerada. Imaginem os diálogos rançosos e rápidos de Cisne Negro e Requiem em um filme fantasioso estilo O Senhor dos Anéis. Não é que seja uma coisa má, é diferente e por isso mesmo parece de uma forma bem esquisita, tirando um pouco do brilho filosófico do filme.
E isso infelizmente impede “Noé” de estar no nível dos excelentíssimos filmes do currículo de Aronofsky. Mas nem por isso chega a ser um filme fraco ou ruim, e sim o seu mais ambicioso até hoje. Comete erros chatos, mas é um verdadeiro épico bíblico como não se via à anos. Com qualidades tanto técnicas e de metáforas filosóficas sobre nós humanos, o talentoso diretor ainda consegue nos fazer pensar durante e depois do filme. E esperamos que ainda continue comprovando ser um dos melhores diretores trabalhando hoje, só dê uma limpada melhor na próxima vez!
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraJá estava mais do que na hora de Paul Greengrass entregar mais um de seus filmes. Ainda por cima depois da obra-prima dos filmes de ação e espionagem que foi O Ultimato Bourne e a brilhante e electrizante experiencia que foi Voo 93. E agora com Capitão Philips, Greengrass não só entrega outro thriller formidável, mas também a chance do lendário Tom Hanks brilhar mais uma vez na frente das câmeras.
Grenngrass parece montar o filme da mesma forma que montou Voo 93, com aquele realismo silencioso onde vemos as personagens principais pela primeira vez, ou nesse caso, a personagem. Isso é a sua maneira brilhante de dar ao público um retrato rápido e completo das personagens com que estamos lidando. E Tom Hanks puxa toda a humanidade possível as suas cenas iniciais, onde vemos um retrato perfeito da personagem. Um homem de família que se importa muito com o trabalho. Os seus diálogos iniciais no carro com a mulher e a performance perfeita de Hanks, só trazem o realismo de sua vida e do próprio filme a cada minuto.
E o que poderia ter sido um filme de Philips e sua tripulação americana contra os piratas somalianos do mal e sanguinários. Na verdade se torna um tenso jogo de xadrez armado entre dois seres humanos com seus próprios problemas. Pois, a mesma atenção que Greengrass dá à Philips no início do filme, também dá à Muse, personagem de Barkhad Abdi. Nunca indo para um lado patriótico e sim mostrando os dois lados da moeda em confronto. A primeira cena entre as duas personagens é simplesmente arrepiante, pois após meia hora de uma perseguição insana de barco pirata atrás de cargueiro de mercadorias, o combate de estratégia mental entre os dois se inicia.
Tudo isso é meticulosamente bem elaborado na ótima narrativa que Billy Ray (Jogos Vorazes; Plano de Vôo) monta em seu roteiro. Que faz esse combate de diálogos e situações entre Philips e os piratas de uma forma inteligente, um sempre querendo estar um passo à frente da situação. A direção vibrante de Greengrass e a edição rápida das cenas em cima da narrativa, ajuda para montar a tensão que incresse a cada minuto do filme. Onde nós o público ficamos num grande impasse por quem torcer.
Devem pensar: “claro que é Philips, o nome dele tá no título, ora bolas!” E sim, Hanks brilha no papel como já não fazia há tempos, talvez desde O Terminal, trazendo tanta humanidade a sua personagem que é impossível não gritar ou se emocionar quando toda a sua calma e autocontrole na situação acabam. Mas Barkhad Abdi é também outro que brilha no filme. Fazendo uma performance que ao mesmo tempo é assustadora, também nos faz sentir pena por ele e a situação em que se encontra. O mais surpreendente disso tudo não é sua habilidade, e sim o fato do rapaz ser motorista de limusine em Hollywood e nunca ter atuado na vida. Não só ele, como também todos os outros atores que interpretam os piratas, todos novos no ramo de atuação.
O filme poderia ser perfeito no que pretende dar, mas falha em partes como nunca desenvolver bem as tantas personagens que aparecem no 2º ato do filme até o final, exatamente os salvadores de Philips, parecendo fazer mais uma pequena propaganda do exército americano e dos navy seals do que personagens querendo resgatar o outro. Dando também um pequeno arrastamento no meio do filme. Mas ambos problemas são desculpados, pois nesse tempo também, Greengrass foca total atenção em Philips e seus sequestradores, dando aquele sentimento angustiante de claustrofobia de Voo 93, e colocar o público exactamente em seu lugar, fazendo também do filme quase uma experiencia incessante.
Talvez não receberá o devido respeito no Oscar, mas suas indicações não foram por nada. O roteiro inteligente de Billy Ray; a direção vibrante de Paul Greengrass; as excelentes performances de seus protagonistas. Tudo isso ajuda no triunfo de um filme com imensas qualidades e uma entrada bem-vinda no género thriller e, até um ponto, biografia. Em outras palavras, Greengrass nos entregou outro filme que vai nos levar numa experiencia frenética e que irá libertar nossas emoções mais humanas, o que ele sabe fazer de melhor.
De Volta Para o Futuro 3
4.1 742 Assista AgoraDepois do sucesso dos dois primeiros filmes, a 3ª parte dessa fantástica trilogia era inevitável. Também né? Foi filmada simultaneamente com a Parte 2, onde davam várias pistas e easter eggs para o próximo filme. E nós fans ficamos atiçados para ver a continuação depois do final arrepiante de Parte 2. Robert Zemeckis e a trupe toda não só fazem outra excelente continuação à trilogia, como também a concluem de uma maneira FANTÁSTICA!
Parte 2 foi excelente, mas precisava de uma polida melhor no roteiro. Já aqui Zemeckis e Gale consertam tudo e parece que voltam um pouco à temática do primeiro filme, onde a ficção cientifica tinha um papel quase secundário. Ainda por cima com o género Western entrando de uma forma brilhante na história, já que Zemeckis e Gale são fanáticos por filmes de velho-oeste estilo Ford, Wayne, e claro, Leone e Eastwood (“my name is Eastwood, Clint Eastwood”). Criando uma narrativa inteligente e divertida, claro que não superior ao primeiro filme mas no mesmo nível de entretenimento.
E conserta também alguns dos vários buracos que o 2º filme deixou e finalmente explorando muito melhor a amizade de Marty e Dr. Brown, dando um ÓTIMO desenvolvimento de personagem em ambos. Ainda por cima com a entrada da personagem Clara Clayton (Mary Steenburgen), a nova atração amorosa de Dr. Emmett, o que faz Marty assumir as rédeas da maturidade e da voz da razão do filme. E também adicionar um pouco daquela boa dose de comédia romântica sem nunca estragar nada.
Mas o filme tem seus erros chatinhos. Como por exemplo ter uma temática tão interessante como o de conhecer nossos antepassados. O que acontece com Marty, conhecendo seu tatara-tatara-tatara avô Seamus McFly. Mas nunca é bem explorada ao longo da narrativa, o que poderia ter sido muito interessante e cómico no filme. Tirando isso, o filme é quase perfeito e no mesmo nível que o primeiro filme, apenas alguns passos atrás disso com inconvenientes no roteiro.
Tirando eles, tudo nos conformes. A direção de Zemeckis como sempre vibrante, e aqui dá referências aos filmes Western com ângulos épicos e dramáticos com uma excelente fotografia e a épica e inesquecível perseguição do trem no final do filme. E claro, o elenco brilhando como sempre, desde Michael J. Fox com um Marty mais maduro e Christopher Lloyd mostrando pela primeira vez na trilogia mais do lado humano de Dr. Brown e de sua amizade entre McFly. E o Biff de Thomas F. Wilson sempre estando lá para nos fazer rir e gritar.
Não o melhor da trilogia, mas com certeza o mais mágico e o meu favorito dos três. Zemeckis e Gale fecham todo o ciclo que iniciaram da forma mais perfeita e épica possível, deixando fãs satisfeitos. Bate saudade e claramente não irá haver uma Parte 4 e um remake só daqui uns 30 anos. Até lá, saudades dessas personagens nunca irá passar, e essa trilogia maravilhosa sempre estará marcada na história do cinema quanto no meu coração!
De Volta Para o Futuro 2
4.2 884 Assista AgoraDepois do enorme sucesso de critica e bilheteria que foi o magnifico “De Volta Para o Futuro”, claro que a Universal iria querer fazer uma continuação (razões económicas sempre a frente). E Robert Zemeckis após ter tido seu trabalho reconhecido e ter feito outros excelentes filmes depois, como “Uma Cilada para Roger Rabbit”, claro que iria voltar com seu amigo Bob Gale e o elenco inesquecível do primeiro filme para realizar uma das melhores (e esnobadas) continuações que um filme pode ter.
Foi um trabalho difícil realizar essa continuação, ainda por cima depois do perfeito final que o 1º filme teve. Mas Zemeckis fez um trabalho INCRÍVEL em remontar a cena final, detalhe por detalhe, entregando a intro de Parte 2. MAS o problema do filme não é a remontagem de uma continuação, mas sim a história.
No primeiro filme, Gale e Zemeckis escreveram a história com tanta simplicidade e doçura, tanto que o roteiro foi indicado a um Oscar. O roteiro aqui, é bom, mesmo bom. Traz novas idéias e conceitos sobre a viajem no tempo como a teoria das realidades alternativas, algo super interessante e explorado de uma forma inteligente e em partes assustadora no filme. Mas é elaborada de uma forma tão apressada para entregar Parte 3 (que foi filmada simultaneamente) que a mágica da narrativa sai.
Isso o impede de se igualar ao primeiro filme, mas nada se perde graças a direcção vibrante de Zemeckis e o elenco que continua fantástico como sempre. Zemeckis recria mais uma vez os fantásticos cenários de Hill Valey num futuro tão……utópico (2015 com carros e skates voadores???) E o trabalho fantástico que faz no 2º ato do filme, onde vemos McFly e Dr. Emmett voltando à 1955, vendo os seus “eus” e os acontecimentos do 1º filme numa “perspectiva por detrás dos palcos”. Dirigida e montada de uma forma FANTÁSTICA.
E claro, o elenco continua estupendamente divertido em seus papéis. Christopher Lloyd sem mais elogios meus que já foram muitos no primeiro filme e aqui mais uma vez. Aqui vão para Michael J. Fox que em uma inesquecível cena interpreta o seu “eu” mais velho, seu filho e sua filha, interagindo em uma só cena. E também para Thomas F. Wilson para que continua interpretando o inesquecível bully Biff, agora triplicamente mais maldoso e impossível de não amar.
Claro que Parte 2 não supera a obra que o 1º filme é, mas continua inteligente; hilário; divertido como sempre. Graças à direção de Zemeckis e o elenco mais uma vez formidável. E conclui o filme nos dando uma vontade imediata de querer assistir o muito superior Parte 3.
De Volta Para o Futuro
4.4 1,8K Assista AgoraUm projeto como qualquer outro que teve suas dificuldades de ser criado (produção, orçamento, elenco), mas quando passou pelas mãos de Steven Spielberg na produção, e trouxeram o queridinho da TV Michael J. Fox para o elenco, Robert Zemeckis e Bob Gale transformaram esse projeto num clássico que marcou não só o cinema, mas toda uma geração, e até hoje o faz (falando por experiência própria).
Mas para vocês que estranhamente marcam "Não quero Ver" só porque não gostam de filmes antigos ou não gostam do género de ficção cientifica, não se preocupem, "De Volta para o Futuro" é atemporal e MUITO mais do que ficção cientifica.
Robert Zemeckis e Bob Gale não só montaram uma história com viajem no tempo no meio, e sim uma história sobre nós, jovens. O que ambos fazem, é montar na história conceitos e questões que todos nós tivemos quando mais jovens, que nem saber como nossos pais na nossa idade (exatamente a trama do filme). E fazem numa narrativa extremamente bem escrita no QUASE-PERFEITO roteiro. Onde essas ideias vem de uma forma tão natural e "elegante", e tudo flui perfeitamente (a perfeita edição e montagem ajudam nisso). Mas nada fica chato, onde ambos roteiristas encontram espaço para colocar um humor adolescente e adulto tão inteligente e bem misturado, sem nunca ficar bobo e apenas aumenta o nosso amor ainda mais pelas personagens. Dando um uso inteligente de comédias adolescentes dos anos 80 e ideias cientificas de viajem no tempo (praticamente usada como adereço de cena).
Mas não é só na história que essas ideias são bem demonstradas, mas também nos belos cenários que Zemeckis montou na história. Fazendo um trabalho incrível em montando a cidade de Hill Valley (a cidade de Marty e Dr. Brown) no presente e no passado de uma forma tão bem detalhada. E também uma bela maquiagem que faz adolescentes parecerem adultos. Nos casos de Lea Thompson e Crispin Glover, que interpretam ambos suas versões jovens e adultas como pais de Marty McFly. E também caso de Thomas F. Wilson interpretando o inesquecível "bully" da cidade, Biff Tannem, ambas versões jovem e adulta.
E é óbvio que em uma história com e sobre personagens tem que puxar performances excelentes de seu elenco. Mas não puxa, eles a entregam naturalmente! Lea Thompson; Crispin Glover; Thomas F. Wilson. Todos excelentes, mas os astros do espetáculo são a dupla Michael J. Fox e Christopher Lloyd. Ambos dominam a tela com sua incrível química. Cada um com um desenvolvimento de personagem incrível (ainda por cima depois nas continuações), mas pena que sua amizade nunca é bem explorada, apenas aparecem como amigos do início ao fim e pronto.
Mas “De Volta Para o Futuro” é um filme, que apesar de pequeníssimos erros, é perfeito pois acerta em tudo em que pretende retratar. Funciona como uma aventura; um filme inteligente de ficção cientifica; uma comédia romântica HILÁRIA; um filme sobre nós. Isso tudo graças ao quase-perfeito roteiro de Bog Gale e Robert Zemeckis e o elenco luxuoso, que não só fez desse filme um clássico dos 80 e iniciou uma das melhores trilogias já feitas, mas também como uma obra-prima atemporal do cinema!
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraA parceria entre o mestre Martin Scorsese e o talentoso Leonardo Di Caprio vem trazido excelentes trabalhos, um deles que garantiu a Scorsese a sua primeira estatueta do Oscar em Os Infiltrados (2006) após 20 anos de uma gloriosa carreira. Mas o auge da parceria apenas chegaria esse ano quando o roteirirsta Terence Winter adaptasse a biografia do desviador de dinheiro de Wall Street, Jordan Belfort, do livro que o próprio Belfort escreveu. Um trabalho que Di Caprio estava à espera de fazer já algum tempo, e queria, claro, que Scorsese dirigisse, e acabaram fazendo talvez o melhor filme dessa parceria até hoje
Os fãs de Scorsese podem deduzir logo pelo título, que o filme vai ser uma aula detalhada sobre como funciona os negócios de Wall Street, que nem ele deu para a máfia Italiana (Bons Companheiros – 1990) e para o negócio dos cassinos de Las Vegas (Cassino – 1995). E os 15 minutos iniciais do filme são exatamente direcionados para isso, onde vemos um jovem Belfort na casa dos 24 anos, trabalhando como um simples contador, onde conhece seu chefe Mark Hanna, interpretado por Matthew McConaughey. Uma aparição curta, mas importantíssima para a trama, onde Mark ensina rapidamente para Jordan que em Wall Street não se convence o cliente a investir o dinheiro em ações e dividir os lucros com ele, e sim coloca-los no seu próprio bolso. Logo após a empresa falir, Jordan já tem o ensinamento necessário para construir sua própria Babilônia.
E assim começa a história da evolução de um homem até o seu apogeu e sua queda, uma coisa que Scorsese já sabe fazer à decadas. Claro que alguns poderão ver aqui elementos de seus clássicos "Cassino", "Bons Companheiros" e "Touro Indomável" ou até mesmo "Scarface" de Brian de Palma. E vamos admitir, é o que ele faz de melhor. Mas para além de uma história de um homem, o que mais "O Lobo de Wall Street" tem a mostrar ao público? Uma crítica à Wall Street? Uma crítica ao atos de Belfort? Talvez tudo isso e mais. E eles venhem com o tema principal do filme: O Excesso.
Mas que tipo de excesso? O das drogas; mulheres; loucuras? Na verdade, é o que está por detrás de todos eles, o dinheiro. Belfort quando viu o quanto era fácil extorquir dinheiro, ele se tornou um louco ganancioso, querendo mais e mais, e com ele os prazeres humanos. E é aí onde o filme supreende, em ser completamente hilário. O humor do filme não é usado para tentar ser uma comédia negra, e sim a maneira inteligente de Terence Winter e Scorsese para mostrar o ridículo de toda a situação. Belfort e seus companheiros extrapolam ao nível do ridículo e exagerado quando começam a receber suas fortunas. Ficando cada personagem como uma demonstração quase primitiva do ser humano. Indo de contratar stripers para o trabalho à cheirar cocaína no traseiro de mulheres (sim, a controvérsia com o público será inevitável).
Sem nunca por um momento vanglorizar os atos de Belfort (que por acaso adorou o filme e pensa em fazer um talk-show com o mesmo título do filme), e sim o contrário, mostrando sua estúpida auto-estima gananciosa em soberbos monólogos. Mas, como é um filme de Scorsese, é quase impossível não torcer pela personagem de Belfort e seus aliados, graças às fantásticas performances do elenco de luxo.
Logo de cara, a amizade entre Di Caprio e Jonah Hill lembra, e muito, a quimica de Robert De Niro e Joe Pesci. Claro que não melhor, mas ambos Jonah Hill e Di Caprio são carismáticos o suficiente para convencer em seus papéis, tanto no lado humorado, como também no dramático. E ambos entregam (talvez) a melhor performance de suas carreiras. Mas não só ambos que brilham, como também Rob Reiner, interpretando o hilário e nervoso pai de Belfort. E Margot Robbie, a esposa de Belfort, que lembra muito a Ginger McKenna (personagem de Sharon Stone em Cassino). A semelhança que todos têm, é de roubar totalmente suas cenas.
Três horas de corrupção; sexo; drogas e cenas absurdamente hilárias. Que graças ao excelente roteiro e a perfeita montagem da antiga parceira de Scorsese, Thelma Schoonmaker, tudo flui de maneira fantástica. Onde nenhuma cena se sente desnecessária ou arrastada, onde todo o humor e absurdos servem para a filosofia do filme. E qual é ela? A simples demonstração de quanto um ser humano pode alcançar o seu nível primitivo e de decadência graças a sua alta ganância, e as ilusões que criam à si mesmos. O filme mais longo, engraçado, controvérsio de Scorsese, em outras palavras, mais uma obra-prima em seu glorioso currículo.
A Viagem
3.7 2,5K Assista AgoraOs irmãos Wachowski provaram seu imenso talento e grande inteligência com a obra-prima “Matrix”, mas depois descarrilharam feio em suas continuações (que não foram más). Mas depois voltaram a provar isso como roteiristas em “V de Vingança”, mas aí voltaram a ficar com má fama com “Speed Racer” (……). A carreira dos dois irmãos vem sido uma montanha Russa, tendo seus altos e baixos, e “A Viajem” é o topo mais alto e o mais ambicioso que ambos já alcançaram, e dessa vez com a ajuda do diretor-roteirista Tom Tykwer!
O filme foi SUPER ESNOBADO quando estreou e infelizmente é até hoje. E parece que as criticas, ou melhor, acusações feitas contra ao filme é devido ao fato de ser MUITO CONFUSO…….. desculpe dizer, mas isso não é nenhuma desculpa. Filmes como “2001-Uma odisseia no espaço”; “Blade Runner”; “Apocalypse Now”; “Clube de Luta”; “Árvore da vida”, foram acusados de confuso e foi mal aceito pelo público na época, mas claro que “A Viajem” não chega aos seus pés, mas sua ambição e ideias são desafiadoras!
Se os Irmãos tinham levantado dilemas e elementos religiosos, com teorias cientificas e filosóficas na trilogia “Matrix”, e dilemas sobre a justiça e a politica global em “V de Vingança”. Aqui, no seu MELHOR roteiro junto com Tom Tykwer, os três são leais ao espirito e tema da obra de David Mitchell (livro onde o filme foi inspirado, que infelizmente ainda não foi lançado no Brasil), levantando temas como a reencarnação (a vida depois da outra) e como as ações de um individuo, boas ou más, podem ter consequências em suas futuras vidas e afetar a outros indivíduos, diretamente ou indiretamente. Tudo isso é muito bem construído nas 6 narrativas das 6 histórias completamente diferentes, todas elas com géneros distintos indo de um drama de época, a uma comédia negra, a uma ficção cientifica e a um mundo pós-apocalíptico.
Os três talentosos roteiristas amarram tudo muito bem, e a conexão entre as diferentes histórias é montada de uma forma inteligentíssima, mas claro que não podiam de deixar de ser originais. Ao mesmo tempo que são fiéis ao espirito do livro, eles levantam seus próprios temas nas histórias como: o carma; fé; destino; religião; a subjugação humana. Esses temas são tratados de uma forma compreensível tanto num lado religioso ou ateu, ou apenas humano. Tudo construído de uma forma bem simples nos soberbos diálogos, fazendo cada uma das histórias parecendo minifilmes, todos empacotados em um. ~
Mas como eu disse, não é nada perfeito. O problema do filme está exatamente em concluir cada uma das histórias da maneira correta. Todas são tão bem desenvolvidas ao longo da narrativa e nos deixa investidos de verdade nela, mas quando cada uma alcança seu clímax perfeitamente, elas se apressam muito para finalizar.
O final das histórias deixam um pouco a desejar, mas não a direção ESPETACULAR de seus diretores. Como as histórias tem tons e géneros diferentes requer-se uma direção bem variada, e os dois mosqueteiros e mosqueteira entregam isso dá melhor forma possível. E se o roteiro já é ambicioso levantando várias ideias e dilemas diversos, a direção do filme é de deixar qualquer um boquiaberto. Incrível como conseguem dar ângulos tão calmos em um diálogo dramático, um ritmo frenético numa cena de ação, e uma escala IMPRESSIONANTE em seus magníficos cenários. Não é só na direção em que os níveis técnicos do filme surpreende mas, atrevo a dizer, praticamente em tudo. Os Wachowski provaram muito bem em “Matrix” que níveis técnicos com qualidade podem ajudar numa história bem escrita (excepto em “Speed Racer”). A Fotografia; efeitos visuais; a perfeita montagem e edição; tudo ajuda a montar a narrativa e a história de suas personagens.
E claro, várias histórias com diversas personagens totalmente diferentes mas com os mesmos atores, requer performances bem competentes de seu elenco…..e recebemos EXTRAORDINÁRIAS. Todos, repito, TODOS no elenco fazem um trabalho fenomenal em suas performances, cada um interpretando personagens diferentes em histórias diferentes com papéis (principais e secundários) sempre divergindo, com todos tendo destaques importantes na história. E aqui também entra outro nível técnico importantíssimo na história, a INCRÍVEL maquiagem. Que, literalmente, transforma homens em mulheres (e vice-versa); negros em brancos (também em vice-versa); em novinhos em velhinhos (sim, também em vice-versa).
Talvez “A Viajem” um dia ganhe o respeito e a atenção merecida, do que foi pela maioria do público de hoje. Dizer que é confuso ou até pretensioso é a simples preguiça mental que alguém deve ter para prestar atenção e entender o que o filme está querendo tentar lhe dizer. E a vocês que dizem, “eu entendi, mas mesmo assim a história é fraca e a mensagem melosa), talvez sua mente seja triste e fraca para perceber o que é necessário. E qual é a mensagem desse filme? Através de um roteiro soberbo, direção extravagante, excelentes performances, níveis técnicos assustadores (no bom sentindo), entregam uma história ambiciosa que tenta nos dizer que todos os nossos atos em vida moldam nosso futuro. Não importa o quão simples ou grande, terá consequências de alguma forma. E que todos nós não devemos viver uma vida covardemente, seguindo uma só lei natural, sem tentar dar um falso passo, nós moldamos o nosso próprio futuro, e que temos que molda-lo com amor, esperança e fé.
Wolverine: Imortal
3.2 2,2K Assista AgoraFazer um filme solo sobre o Wolverine era quase uma obrigatoriedade, tudo por culpa de Hugh Jackman, mas de uma maneira positiva. Quero dizer, anos atrás quando ele foi anunciado para o papel de Wolverine no “X-Men” todos fizeram cara feia e o esnobaram. Um ator de musical Australiano para interpretar um dos melhores super-heróis da Marvel??? E todos fizeram papel de bobo quando Jackam DETONOU em seu papel e hoje é o único ator capaz de interpretar seu papel com tanta ferocidade e humanidade, e fez seu personagem não só um ícone no mundo dos super-heróis mas também no próprio cinema.
A performance de Jackman foi tão boa que ele quase se tornava a personagem principal no meio de tantas outras igualmente importantes na saga X-Men, e quando a trilogia acabou, o seu filme solo era inevitável. “Origens” veio e foi…….bem, vocês sabem. E para a Fox redimir o estrago e Jackman recuperar a confiança de seus fãs outro filme foi planejado, e iria se basear no (talvez) melhor quadrinho do “Wolverine”. E para isso o esnobado diretor James Mangold se interessou em fazer parte desse mundo de super-heróis e ofereceu seus trabalhos na direção e chamou junto o competente roteirista Scott Frank (Minority Report e Irresistível Paixão) e o mediano Mark Bomback (Duro de Matar 4), para trazerem a vida um dos melhores quadrinhos já feitos.
O filme foi bem aceito nos EUA, tanto pela critica e pelo público, já aqui no Brasil foi mais ou menos. Talvez por ser totalmente diferente de qualquer filme de super heróis já feito. Mangold e os roteiristas montam a história num ritmo bem calmo e pacifico, que para alguns pode ser chato mas é a maneira esperta de ficar leal aos elementos do quadrinho no qual o filme é baseado. A lealdade nos acontecimentos e em algumas personagens é…….zero, mas consegue trazer os elementos de honra familiar e a paz interior da cultura japonesa. No quadrinho, Logan lutava contra a família de Mariko para provar seu amor por ela, tendo que aprender os conceitos de honra, lealdade e paz interior. No filme ele luta contra seus monstros interiores para encontrar a sua própria paz…..isso por acaso soa bem mais interessante.
Os roteiristas fazem um ótimo trabalho nesse aspecto trazendo todos esses elementos de honra, lealdade e paz nos bons momentos diálogos do filme, sendo bem leais ao espirito do quadrinho. Principalmente quando montam a relação de Logan e Mariko muito bem, dando uma chance dele parar de fugir do passado e esquecer da morte de Jean, sendo mais precisamente uma continuação da trilogia do que um filme solo.
Claro que não é nenhum filme perfeito, e sofre com um sério problema de encher de personagens e não desenvolve-las, Logan e Mariko a parte. Mas personagens como samurai branco e a vilão (que parece mais uma poison ivy da marvel-que não existe), que parece que estão ali……só por estarem ali. As personagens pouco desenvolvidas são um sério problema, mas James Mangold salva o filme com excelentes cenas de ação muito bem dirigidas e uma boa montagem na história.
Um filme de super-heróis bem diferente do normal. Não é o melhor filme X-men mas finalmente fizeram o “perfeito” filme solo do Wolverine (sangue aqui não falta), estabelecendo seu lugar certo na saga. Graças a um bom roteiro que é fiel ao espirito dos quadrinhos e outra ótima direção de Mangold. Se vocês são fãs da saga X-Men ou de filmes em geral, aqui está este para vocês.
P.S: A cena pós créditos é de deixar água na boca!
Intriga Internacional
4.1 348 Assista AgoraO grandioso mestre Hitchcock era (e é) conhecido por colocar em seus filmes diversos tipos de géneros em seus filmes, drama-comédia-romance sempre cheio com o seu suspense e estudo humano. Tudo isso resultava na maioria das vezes em clássicas e majestosas obras do cinema. Aqui, em “Intriga Internacional”, temos tudo isso e se não fosse por “Psicose” essa obra-prima esnobada seria sua clássica obra-prima!
Hitchcock foi o primeiro diretor a colocar um certo realismo em suas personagens e situações em histórias incrivelmente criativas, e isso é “Intriga Internacional”. O mestre começa o filme como se fosse um dia como qualquer outro na vida do empresário Roger O. Thornhill (Cary Grant) na frenética Wall Street, saindo de uma reunião indo para a outra com a sua secretária no seu pé. E se sua vida já não fosse frenética nesse dia, o resto do filme vai ser para o coitado um furacão de mentiras e acontecimentos que vai leva-lo à volta do país numa luta por sua vida. Não é todo o dia que você é confundido com um informante comunista.
A história é bem confusa quando nos deparamos com ela no início (ou por lendo a sinopse). Hitchcock sempre deu um nó legal em nossas cabeças em (de verdade) todas as histórias de seus filmes, mas esse era seu toque de mestre. Colocar histórias MUITO inteligentes, puxando quase obrigatoriamente a atenção do público, as deixando (SEMPRE) se desenvolver muito bem e as deixavam divertidas até o fim. Um desses casos é principalmente aqui em “Intriga” com seu ritmo rápido e frenético. O roteirista Ernest Lehman faz um trabalho formidável em nos colocar de verdade no lugar de Roger e sua luta pela vida à volta da América. Criando a perfeita narrativa Hitchcockiana mostrando verdadeiras reações e sentimentos humanos em uma situação dessa, mas conseguindo misturar perfeitamente comédia, drama e mais tarde romance quando Eve (Eva Marie Saint) aparece no caminho de Roger.
A própria história desse filme, serviu (e serve até hoje) como inspiração a trocentos filmes de ação-aventura (na maioria filmes fracos e maus), e não é à toa. “Intriga” foi o mais próximo que Hitchcock chegou em fazer um filme de acção, a clássica e MAGNIFICA cena do ataque do avião no milharal é a prova disso, como a excitante e arrepiante perseguição final no monte Rushmore. Todas filmadas EXCELENTEMENTE (bem, isso é dizer pouco para a direcção de Hitchcock), sempre com o ritmo frenético e cheio do suspense roedor de unhas que o mestre sempre põe em suas obras.
Cary Grant, participando pela última vez com Hitchcock, continua como sempre formidável brincando de atuar. Sempre com aquele seu modo de falar cavalheiro e pouco sínico, levantando os sentimentos humanos com expressões perfeitas e verdadeiras, fazendo a gente esquecer de Grant e ver ali Roger fugindo de um lado para o outro, merecedor de qualquer prémio. Conseguindo também demonstrar uma soberba química com a DESLUMBRANTE Eva Marie Saint, que também brilha em todas as suas cenas.
“Intriga Internacional” é uma obra-prima clássica do cinema. Uma demonstração perfeita do grande e majestoso génio de Hitchcock em cada minuto do filme, que traz junto um roteiro soberbo e extravagantes performances do elenco (principalmente suas personagens principais). Infelizmente hoje em dia, é um daqueles clássicos em que as pessoas apontam como um filme sobrevalorizado e o caramba. Só digo, achar qualquer filme de Hitchcock sobrevalorizado (antes de Psicose) é pecado cinematográfico.
Snatch: Porcos e Diamantes
4.2 1,1K Assista AgoraMuitos filmes têm seus próprios elementos, muitos desses elementos são copiados por outros diretores em outros filmes, podendo fazer bem ou mal. E o famoso (e claro, talentoso) diretor Guy Ritchie se inspira no magnifico género gangster que o mestre Quentin Tarantino montou em “Pulp Fiction” e inicia sua trilogia de Ouro. Primeiro com o EXCELENTE “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e agora em “Snatch – Porcos e Diamantes”.
“Pulp Fiction” de Tarantino é muito conhecido pelo seu hilário-inteligente humor negro, os diálogos ágeis e personagens criativas e interessantes. Ritchie em sua obra-prima “Dois Canos Fumegantes” deu uma grande atenção no hilário-inteligente humor negro e suas personagens interessantes. E aqui, Ritchie pega tudo do pacote e coloca outro “clássico” em sua carreira. “Snatch” pode ser considerado a versão mais leve de “Pulp Fiction”, só que com mais personagens e mais humor. Mas Ritchie controla todos os elementos muito bem, sendo original ao mesmo tempo. Todas as suas personagens são SUPER criativas e muito bem desenvolvidas ao longo da soberba narrativa que Ritchie construiu no roteiro supimpa. Logo pela introdução já gravamos metade dos nomes e os acompanhamos nessa louca e selvagem aventura.
O filme segue uma linha de tempo só e direta, mas por momentos Ritchie pega um pouco da atemporalidade de capítulos de “Pulp Fiction” e um pouco daquela linha de acontecimentos diversos com diferentes personagens e a conexão entre eles, em outras palavras as coincidências da vida de uma forma insana e louca. Tudo acompanhado com a ESTILOSA direção de Ritchie, com um uso fantástico de camera lenta soberba e fotografia com um tom cinza e sujo em todas as fantásticas cenas. Mas Ritchie comete o erro que “Dois Canos Fumegantes” quase cometeu.
Ritchie é um diretor super talentoso, já mostrou isso em todos os seus filmes sempre com uma direção super estilosa, mas sempre falhou em dar mais estilo do que substância. Exatamente o grande problema de “Snatch”, que mesmo com personagens INTERESSANTISSIMAS e ótimos diálogos nas humoradas ocasiões, a substância da história é quase seca. Quero dizer, a história é fácil de se entender e acompanhar, mas o seu fundo se sente meio seco e sua mensagem de ganância e o próprio bem querer é imperceptível com as ocasiões humoradas acontecendo uma atrás da outra com uma incrível pressa.
“Snatch” é sem sombra de dúvida um dos melhores filmes de Ritchie. Mesmo com uma história quase seca e tema imperceptível, o filme nos dá um ótimo roteiro inteligente e humorado cheio de personagens originais e criativas, todas com EXCELENTES performances (se bem que Jason Statham tava o mesmo de sempre), e uma estilosa direção de Guy Ritchie. Em outras palavras, “Snatch” é um filme de gangster ULTRA-DIVERTIDO e inteligente que todos que o verem e o entenderem de verdade vão ver o seu brilhantismo.
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraQue nem “Os Vingadores” do ano passado, “Círculo de Fogo” levantou e ressuscitou o espirito Nerd e o crianção de qualquer adolescente ou jovem adulto que cresceu assistindo Power Rangers e qualquer anime de monstros Japonês, e claro Godzilla. Juntando todos os clichés possíveis e fazendo um dos maiores filmes PIPOCÃO já feitos, mas também um dos mais irritantes e divertidos ao mesmo tempo.
Del Toro é nerd, ele já deixou isso MUITO claro nos ótimos “Hellboy”. E claro, que aqui ele está brincando com o seu génio nerd e sua arte cinematográfica fazendo o filme que vai fazer meninos de até aos 12 anos aclamarem como o melhor filme já feito, e jovens adultos nerds mijarem nas calças como não o faziam há décadas quando assistiam Power Rangers e Godzilla na televisão, mas eu já mencionei isso. Del Toro nesse aspecto controla isso tudo como um verdadeiro mestre, pegando nos clichés e faz o uso perfeito de cada um sem nunca exagerar. Afinal o objectivo de Del Toro é dar ao público combates épicos entre robôs e monstros gigantescos, e recebemos isso na melhor maneira possível, com coisas irritantes no meio.
Filmes Pipocão mostraram ao longo dos anos que podiam ter uma imensa qualidade, não só em efeitos visuais e as partes técnicas, e sim na sua história e personagens. Olhem filmes como “Jurassic Park”, “Os Vingadores”, “Piratas do Caribe: A Maldição do Perola negra”. Pipocões do início ao fim mas tinham roteiros bem coesos e ótimas performances em suas personagens bem desenvolvidas. “Circulo de Fogo” por acaso tem sim uma história muito boa, por detrás das origens dos monstros e como o mundo deve se unir para derrotar uma ameaça, só que infelizmente é mal desenvolvida ao longo de toda a ação.
E a personagem principal, aquela em que nós o público temos que torcer e se preocupar, tem uma performance forçada de Charlie Hunnam (tentando esconder o sotaque britânico), pena ver isso de um ator que já se mostrou ser muito bom, e sua personagem em nenhum momento tem desenvolvimento algum. Ele e outros que montam a equipe táctica controladores de robôs, os Russos que controlam o mais antigo robô e os 3 japoneses que controlam o robô de 3 braços, nem quase falam uma palavra ao longo do filme e são mencionados várias vezes como importantes. Mas outras personagens como a Mako (Rinko Kituchi) e o general Stacker (Idris Elba) são personagens MUITO bem desenvolvidas ao longo da “história” e dividem as melhores cenas do filme, tirando as cenas de ação claro.
Falando em cenas de ação, é onde há o ponto FOD# do filme, e o motivo pelo qual milhares de moleques e jovens adulto foram ver. Del Toro parece dar um toque de Peter Jackson em suas cenas de luta (não é a toa que o chamam de Peter Jackson latino), com pequeníssimos detalhes em lutas GIGANTESCAS (pessoas correndo e televisões voando) e super bem dirigidas, mas todas TÃO curtas. Tirando isso, Del Toro também cria um mundo gigante em seu filme, parecendo um mundo pós-apocalíptico cheio de elemento dos mangás de monstros. Ah, os monstros. Alguns parecem copiados um do outro, mas todos SUPER criativos, afinal estamos falando do criador dos monstros do “Labirinto do Fauno” e “Hellboy”.
“Báááááá, quem se importa com a história? Tamo aqui pra ver monstro lutando robô gigante”. É isso que vocês que estão lendo devem estar pensando e os críticos que pensaram (72% no RottenTomatoes.com, já viram?!). Devem estar certo, e eu enganado, mas uma coisa certa, “Círculo de Fogo” é um Pipocão DIVERTIDISSIMO com os vários elementos de nossa infância de Power Rangers e animes Japoneses. Mas peca em nos dar algumas personagens e história melhor estruturadas!
As Aventuras de Tintim
3.7 1,8K Assista AgoraQuem diria que seria necessário à Spielberg se juntar ao mestre Peter Jackson e o talentoso Edgar Wright para não só fazer a primeira adaptação da magnífica obra de Hergé para o grande ecrã, mas como também fazer seu primeiro filme de animação e mostrar que ainda consegue fazer filmes EXTREMAMENTE divertidos. Ele disse numa entrevista que apenas ouviu falar de “Tintim” lendo uma crítica francesa sobre seu filme “Caçadores da Arca Perdida” em 1981, no qual comparavam as aventuras de Indiana Jones com as aventuras de Tintim. Spielberg após conhecer o próprio Hergé pessoalmente e terem conversado sobre a possível adaptação. O mestre procurou desde então fazer a melhor adaptação possível e após conhecer um colega de trabalho chamado Peter Jackson, ele encontrou.
Esse filme é a melhor união de diferentes artes de diretores diferentes em anos. Spielberg e Jackson fazem um trabalho espetacular na adaptação, ressuscitando o espirito dos quadrinhos de “Tintim” para a telona. Cada um traz consigo suas diferentes técnicas e as juntam perfeitamente: Spielberg traz sua direção ágil e habilidade de fazer uma história de aventura ULTRA divertida e cheio de sua mágica. E Jackson traz sua talentosa equipe técnica (que trabalhou com ele na trilogia “Senhor dos anéis” e no seu “King Kong”) para trazer vida ao mundo de Hergé.
O que ajuda no resultado do filme é o fato de ter um bando de nerds trabalhando nele. Spielberg começou a ler todos os quadrinhos já na idade adulta mas Jackson cresceu lendo eles. E se Jackson já tinha feito uma das melhores adaptações de livro para filme com “O Senhor dos Anéis”, claro que ele iria ajudar Spielberg a fazer sua primeira adaptação de quadrinhos da maneira mais leal à obra de Hergé, então porque não chamar os roteiristas Steven Moffat (da série Doctor Who e Sherlock) e o talentoso (e nerd) Edgar Wright para ajudar.
O roteiro do filme é ÓTIMO. E também é outra junção de artes diferentes: Moffat pega nas histórias dos três famosos quadrinhos de “Tintim” (O Caranguejo das Tenazes de Ouro; O Segredo de Licorne ou Unicórnio; O Tesouro de Rackham), juntando as três histórias perfeitamente e sendo super leais aos quadrinhos, conseguindo montar os diálogos rápidos e inteligentes que Hergé sempre colocou em sua obra; Edgar Wright traz de sua parte aquele seu humor inglês bobo-inteligente que por acaso funciona muito bem nas ocasiões e borradas que Tintim e Milu se metem e na hilária dupla dos policiais Dupond e Dupont. Infelizmente o roteiro tende à dar um pequeno “exagero intelectual” na história em algumas partes de dialogo, tirando um pouco da vibra e mágica do filme, mas que se resolve e desenvolve muito bem ao longo da aventura.
Um pouco da vibra da história se perde na intelectualidade de seus roteiristas, mas nada se perde quando se trata de diversão com Spielberg. A decisão de fazer um filme animado ao invés de atores foi a decisão mais certa que ele e Jackson tiveram. Atores e cenários normais tiraria a mágica que Hergé montou ao longo dos anos, e ainda por cima teriam que achar um perfeito adestrador de cães para adestrar um perfeito Milu. Mas peraí, Jackson criou demónios e Orcs, porque não um cachorrinho?!
Pela primeira vez fazendo um filme de animação, Spielberg não desaponta em sua direcção é MAGNIFICA em todas as cenas com cenas de ação de cortar a respiração e que nunca ficam cansativas e sim mais excitantes. E claro que a equipe de Jackson ajuda nisso, recriando o mundo de Hergé para o cinema de uma maneira LINDA. Animação, efeitos sonoros, fotografia, efeitos visuais, seria exagero dizer que na parte técnica tudo é perfeito?! Não sei, mas é, perfeito em todos os detalhes!
E o elenco ajuda? Claro que sim, todos fazem um excelente trabalho de atuação vocal, desde Jamie Bell como Tintim, à Simon Pegg e Nick Frost (outra influência de Edgar Wright) como a dupla Dupond e Dupont, e claro Daniel Craig como o cruel vilão Rackham. Mas quem se sobressaí é (obviamente) Andy Serkis como o inesquecível Capitão Haddock.
Esse filme talvez seja uma das melhores animações já feitas. Com uma história (mesmo sendo um pouco exagerada intelectualmente) é bem desenvolvida e leal à obra de Hergé, junto com atuações vocais EXCELENTES de todo o elenco. Peter Jackson não só prova ser (talvez) um dos melhores diretores dos últimos tempos como também ajudou Spielberg a fazer seu primeiro filme animado junto com a sua primeira adaptação de quadrinhos, e também mostrar o diretor magnifico que consegue ser. Quem sabe um dia esse filme SUPER esnobado na bilheteria ganhe seu devido respeito no futuro.
Piratas do Caribe: O Baú da Morte
3.9 872 Assista AgoraDepois do EXCELENTE “Maldição do Perola negra” e do seu imenso sucesso de bilheteria e até de critica claro que a Disney iria querer fazer sua sequela, e director Gore Verbinski prometeu o 2º e o 3º filme maiores e melhores…..e não foi bem o que aconteceu.
O que era tão bom no 1º filme é que tentava ser pura diversão e entretenimento e nada mais do que isso e surpreendeu com uma excelente direcção e um coeso roteiro com soberbas performances de Johnny Depp e Geofrey Rush. E em “Baú da Morte” têm tudo isso, diversão e entretenimento garantidos, e poderia até superar o 1º filme se não fosse pelo roteiro bagunçado de Ted Elliot e Terry Rossio.
Ambos os roteiristas devem pensar que fazer um bom roteiro é colocar diálogos bem escritos ao longo da história, mas não, um roteiro tem que ser coeso com a história e as suas personagens deixando ambos sempre juntos ao longo da história e os diálogos aparecem naturalmente ao decorrer da narrativa. Os diálogos aqui nunca ficam chatos e são sim bem fluidos, mas nenhum de verdade está bem relacionado e coeso com as personagens e a história, que ao início parece ser simples mas depois de tantas explicações intermináveis começa a ficar complicada. Os roteiristas exageraram tanto na dose de explicações e esquecem de suas personagens ao longo da história, cada um com uma imensa falta de aprofundamento e desenvolvimento.
O roteiro não erra é em ainda adicionar muito bem as lendas piratas na história como o monstro mitológico marinho, o Kraken. E o lendário navio amaldiçoado, o “Flying Dutchman”. Sem nunca faltar o bom humor inteligente na história.
Mas nada está perdido. Mesmo com o roteiro sem uma certa coesão na história, Gore Verbinski entrega outra formidável direcção. Dando mais espetaculares cenas de acção, desde a épica e divertida batalha na ilha do baú ao combate final contra o Kraken. Junto com efeitos visuais FANTÁSTICOS para dar vida ao monstro marinho como à tripulação do “Flying Dutchman” (que recebe bem pouca atenção do que a tripulação do perola negra teve no 1º filme).
“O Baú da Morte” para alguns é o melhor filme da franquia, e tem TUDO para ser. Fantástica direcção; efeitos visuais deslumbrantes; diversão e risos garantidos do início ao fim. Só peca feio num roteiro cheio de explicação e sem nenhuma coesão com a história e suas personagens. Mas deixa um bom intervalo e te deixa ansioso para o bem superior 3º filme.
Bater ou Correr em Londres
3.1 196 Assista AgoraFoi aqui que o filme escabulhou um pouco, copiando a mesma fórmula mas dando pouquíssimas novidades, ficando parecido mais um “A Hora do Rush” no passado. O que salva de verdade o filme é mais uma vez a excelente química entre Jackie Chan e Olwen Wilson que continua engraçadíssima causando muitos risos durante o filme. E as ótimas cenas de acção, mas que infelizmente se sentem repetidas demais. Mas pronto, se você gostou do 1º vão com certeza gostar dele, se não então assistam “A Hora do Rush 1 e 2”.
Bater ou Correr
3.2 224 Assista AgoraUsual e cliché? Sim, mas tudo funciona muito bem. O filme sabe o que é e não tenta ser mais do que pura diversão com broomance entre suas personagens principais. O filme supreende com uma fotografia belissima em todas as cenas, principalmente nas de ação. Junto com uma excelente quimica entre Jackie Chan e Owen Wilson que garantem risos do início ao fim sem parar.
Em outras palavras, o filme é metade velho-oeste, metade filme samurai, metade “A hora do Rush”, metade comédia. Tudo junto funciona e entrega um filme DIVERTIDISSIMO que vai fazer rir e pular da cadeira à cada 5 segundos!