De início mostrando um pouco da cultura indiana de uma forma leve e divertida, essa história sobre a ‘amizade’ entre um menino e um tigre em situações desesperadoras emociona. Entremeado com um pouco de humor tanto antes quanto após o naufrágio, nos faz rir e chorar ao mesmo tempo. Sua belíssima fotografia – merecidamente reconhecida com um Oscar – encanta perante as tristezas que vão se desdobrando durante infindáveis dias naquele bote perdido numa região erma. Que filme bonito... Um espetáculo visual de enorme grandeza, mas que também não deixa de mostrar a crueldade do mundo animal, eliminando uns aos outros para poder sobreviver (característica também inerente ao homem, dito “racional”), numa clara demonstração do funcionamento da cadeia alimentar, onde o tigre, no topo perante os demais bichinhos, os torna seu alimento para que ele próprio não venha a sucumbir. Apesar do exagero no uso da computação gráfica, são ótimos os efeitos visuais utilizados. Na reta final, a analogia feita pelo protagonista entre os animais que o acompanharam no naufrágio e entre as pessoas que se foram, apenas para convencer os funcionários da Cia, foi perfeita, um lance muito inteligente de um roteirista inspirado! Com um final clichê, é uma aventura que vale ser vista, pois diverte, comove, aflige, arranca sorrisos e ainda oferece reflexões pelas lições dadas e aprendidas. Um bom entretenimento!
Constituído por apenas um cenário, pouquíssimos personagens, cenas comezinhas do cotidiano de um casal idoso e narrativa lenta, AMOR é um filme longo, chato e cansativo. Suas mais de 2h se tornam exaustivas devido à mesmice e à falta de acontecimentos notáveis. A protagonista Emmanuelle Riva é realmente uma atriz excepcional, mas sua boa atuação aqui não valeria um Oscar, o qual, continuo insistindo, deveria ter sido ganho por Jessica Chastain, que teve o melhor desempenho entre as indicadas. Neste drama de Michael Haneke – um cineasta complicado de digerir - saímos da sessão exauridos e sonolentos, ao presenciar uma trama em que pouco ou nada acontece. Quem não conseguir se empolgar com a narrativa correrá o risco de dormir o filme inteiro, dada a ausência de emoções fortes e principalmente da trilha sonora, uma falha crucial na minha opinião. A degeneração de uma mulher outrora ativa e encantadora choca. A excelente atriz francesa faz um trabalho de imersão incrível, mas o roteiro e a montagem não ajudam para que o interesse do espectador não se dissipe. Não assisti os demais concorrentes, mas será que AMOR mereceu mesmo ganhar a estatueta de filme estrangeiro? Me arrisco a dizer que não! Alguns personagens bastante citados sequer aparecem, como por exemplo, o médico da senhora; não há cenas externas, o espectador fica preso a um ambiente só (da mesma forma que a protagonista); a cirurgia a que ela é submetida é feita de uma hora pra outra, de modo que não testemunhamos nada: num momento ela fica paralisada, no outro o procedimento cirúrgico já foi realizado, sem maiores explicações, o que denota uma grande falha de continuidade! Uma gigante do cinema francês e uma das maiores atrizes da atualidade, Isabelle Huppert, que só em 2012 esteve presente em 4 produções, apresenta-se apenas como coadjuvante de luxo, um desperdício incomensurável. No final das contas, é melhor assisti-lo em casa e comprovar que todo o estardalhaço, todo o marketing feito em cima dele não se justifica. Como grande fã do cinema francês, não recomendo este aqui. Não vale R$ 0,01 do caro ingresso cobrado nos cinemas brasileiros. Ruim!
Um filme irretocável, com ótimo roteiro, montagem, fotografia. Um misto de suspense, drama e também um pouco de ação. Tenso em quase sua totalidade, não se percebe a passagem das quase 3h, que foram muitíssimo bem aproveitadas. Chocante em diversos momentos, mostra a luta que foi a caçada ao maior terrorista dos últimos tempos. Presenciamos um choque de culturas, o uso da tortura, a vida humana que parece valer tão pouco para algumas mentes transtornadas. A trama é tão bem elaborada que o espectador se sente um personagem, fazendo parte da caçada, tentando entender cada pista, cada explicação, montando um verdadeiro quebra cabeça e sentindo desesperança nas tentativas frustradas de encontrar o criminoso, e olha que foram muitas... Como deu trabalho localizar Bin Laden, uma missão hercúlea de grandes proporções; não à toa a reação do soldado que atirou no terrorista foi de total incredulidade. A trilha sonora é falha - em momentos cruciais ela sequer aparece, houve descuido nesse quesito. E o que dizer de Jessica Chastain? Mais uma vez foi injustiçada na briga pela estatueta. Seu personagem é complexo, sua interpretação é feita com esmero. A mulher por trás de toda a estratégia elaborada para localizar o vilão era sumariamente desprezada por seus superiores, que em algumas ocasiões sequer se davam conta de sua presença em reuniões. A agente Maya é um autêntico caso de competência e superação. Mostrou-se muito superior a uma Jennifer Lawrence perturbada. Só na reta final é que consegui entender o porquê do filme possuir esse título. Enfim, mais uma boa empreitada da diretora Kathryn Bigelow, que sabe como retratar as tensões políticas e os conflitos de guerra do mundo contemporâneo, com muito conhecimento a respeito dos assuntos abordados. Uma trama instigante, que prende a atenção do espectador do início ao fim. Sem dúvida um grande filme!
Rodeada por sujeira, pobreza e ignorância, uma menina tenta passar pelas adversidades que lhe são impostas já tão cedo. Não havendo nada de grandioso neste filme, é de se perguntar por que raios uma produção tosca como essa concorreu a 4 Oscars. Felizmente não levou nenhum... A fotografia e o talento da menina Wallis são as únicas coisas que escapam nesta sofrível história. Aposto que a atriz, até mesmo pela pouca idade, achou a cerimônia de premiação uma chatice sem fim. Com um roteiro pobre e por isso mesmo muito óbvio, essa péssima fábula não quer dizer nada nem chega a lugar algum. Quando a personagem refere-se aos animais que a cercam, tanto os reais quanto os imaginários, parece mais estar narrando um documentário do Animal Planet. Que filme horrível... Sem pé nem cabeça, sem razão de existir. Uma fantasia mirabolante e nem um pouco instigante. Recomendo passar bem longe... Bomba!
O VÔO só causa algum interesse até o momento do acidente; depois descamba para o melodrama e para os diálogos cansativos que não chegam a lugar nenhum com direito a notas de piano ao fundo. Mesmo estando curiosa com o desenrolar da história, foram inevitáveis os cochilos. As cenas do acidente e de tudo que é feito para salvar o avião são bem reais e foram executadas de forma primorosa, mas fora isso não há mais nada que se possa aproveitar. Denzel Washington está bem, como sempre, mas nada que seja digno de Oscar. O filme jamais deveria ter sido indicado, mesmo que apenas para 2 categorias, como o foi. Kelly Reilly serve apenas como figurante, para dar um pouco mais de beleza a uma trama sem sal; porém, seu personagem desaparece com a mesma velocidade com que surge, e terminou sem importância alguma. Uma trama fraca e bastante sonolenta, com uma cena moralista (como percebido por muitos) no final. Poderia ter sido lançado diretamente em DVD. Não gostei!
Interpretando um cafajeste que não tem onde cair morto, cheio de maus hábitos e um bocado selvagem, Joaquim Phoenix conseguiu sua indicação ao Oscar deste ano, muito justa e merecida. Freddie Quell é um ninguém, a decadência em pessoa. O personagem parece ter sido feito para Phoenix, que a cada dia está mais assustador com sua magreza e extrema feiura; até sua risada é irritante. Apesar do bom desempenho do protagonista, a trama não apresenta meios para que o público em geral possa digeri-la, pois, além de ser um filme longo, é parado, cansativo e um pouco confuso. Parado porque na maior parte do tempo nada de relevante acontece; cansativo porque as lições que o mestre Dodd apregoa não há quem suporte, com suas frases repetitivas e seu jeito vagaroso de falar; confuso porque que conclusão se pode tirar desta seita liderada por um charlatão que não prova nenhuma das besteiras que fala e que mais parece um pastor evangélico? Perde-se muito tempo com diálogos inúteis que nunca chegam a lugar algum. O personagem título, O MESTRE de Hoffman, é um ser sofrível com aquelas conversas sem sentido. O ator aqui não está em seu melhor momento. Amy Adams igualmente não está bem, sua personagem é muito comedida e não consegue mostrar a que veio. Dentre os vários momentos insuportáveis, destaco ‘as sessões’ do mestre para com suas cobaias, com aquela repetição de perguntas idiotas. Um momento chocante foi numa celebração desprezível em que todas as mulheres ficavam nuas; que cena asquerosa... A expectativa de que um desequilibrado como Freddie Quell vá fazer alguma besteira é uma das grandes frustrações do filme, pois um pobre coitado como aquele não sabe nem o que faz, muito menos o que diz. Um verdadeiro fiasco esta produção. Coitado de quem gastou dinheiro para assistir essa baboseira. Um filme nada mais nada menos que repugnante!
Envolvente e cativante são os primeiros adjetivos que encontro para definir essa grande produção. Que bela fotografia, direção de arte, atuações; tudo parece superlativo nesta trama. Suas 8 indicações foram mais do que justas e torço para que leve algumas merecidas estatuetas para casa. Hugh Jackman e Anne Hathaway estão excelentes e a presença da atriz com sua sofrida Fantine nos deixa inebriados. Um belíssimo espetáculo de quase 3h (poderiam ser 2h) que felizmente não cansa nem dá sono. Apesar do roteiro previsível, não perdemos o ânimo em momento algum. Só não gostei do romance entre Cosette e Marius, muitos minutos são perdidos com essa coisa melancólica. Lindíssimo musical, recomendado para fãs e também não fãs (como eu), deste gênero de filme. P.S.: Tom Hooper, dessa vez, bem que merecia a indicação a melhor diretor. Fantástico e inesquecível filme!
Neste policial repleto de nomes talentosos, o resultado decepcionante conseguiu ser bem maior que o elenco. Até a 1ª metade a história envolve, com sua atmosfera noir e boa caracterização dos anos 50. Mas quando os tiros e socos tornam-se mais numerosos que os fracos diálogos, logo percebe-se que não passa de mais uma trama violenta igual a tantas outras. Não há um tema a ser desenvolvido, o enredo trata apenas de um policial que quer acabar com um grande chefão do crime. Quantas vezes já vimos essa história? Sean Penn, um dos maiores atores em atividade, nunca deveria ter participado disso. O passado do seu vilão é mal explorado, e apesar da tentativa de meter medo no espectador com seu rosto desfigurado e sua cara de durão, não atinge seu objetivo. Josh Brolin, com seu talento mediano, é o clichê em pessoa. Ryan Gosling, tão cultuado atualmente, possui desempenho sofrível com aquela vozinha irritante e seu chapéu estiloso; não à toa quase virou um backstreet boy durante a juventude. Mas não culpo o ator, o roteiro truncado é que não dá chance a ninguém sobressair. Esse filme foi um erro. Emma Stone, com sua pequena participação, até que se sai bem e tem química com Gosling, mas a produção é rasa, a direção é ruim e o elenco sozinho não salva algo tão mal feito. Através do trailer e da escolha dos atores, o espectador engana-se facilmente, atraído por alguma semelhança com o ótimo LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA. Mas esse aqui não passa nem perto, e não entrega o que promete. Nem em casa vale a pena assistir. Não recomendo!
Não se pode negar que Bradley Cooper surpreende, e que, não fosse a concorrência com um gigante como Day Lewis, teria sim condições de levar o Oscar. Gostei desse filme e aprovo a direção do O. Russell. O casal principal faz um ótimo trabalho, e é admirável perceber que a menina dos JOGOS VORAZES está se transformando numa mulher sexy e bonita, pois talento ela já demonstrou possuir faz tempo. Sobre o filme, é quase todo diversão, apesar de alguns diálogos serem tão rápidos que cansam e deixam o espectador um pouco perdido; mas isso é um detalhe menor. Na metade da trama, a narrativa derrapa com uns assuntos chatos de apostas e mais uma vez o insuportável tema do beisebol - algo tão onipresente nos filmes hoje em dia que já não aguento mais. A tensão que sentimos diante da expectativa de que pessoas tão perturbadas cometam besteiras é a força motriz do filme, pois esses dois são capazes de causar risadas e medo também. E que exagero absurdo foi esse da Academia em indicar Jacki Weaver e De Niro, quando o papel que eles fazem é quase insignificante? A atriz australiana não teve sequer uma fala que prestasse, passando bem longe de sua boa atuação em REINO ANIMAL (2010), filme que lhe rendeu sua 1ª indicação. Já De Niro não fez nada além do básico. As 8 indicações recebidas me pareceram mais um senso de oportunismo dos membros preguiçosos e de má vontade da Academia, que teimam em indicar e principalmente em premiar quem não merece. Decepcionou a pequena participação de Julia Stiles, atriz que sempre considerei promissora, hoje esquecida e com uma carreira sem importância. Enfim, O LADO BOM DA VIDA mostra que infernos pessoais, grandes perdas e a falta de sentido na vida podem ser superadas e terminar de forma positiva. Apesar dos clichês, os 20 minutos finais são pura emoção, com sua mescla de drama e comédia. Mesmo sendo um bom entretenimento e de trazer algumas lições, espero que não ganhe muitos prêmios, pois não é pra tanto. Já que o Oscar é o ‘reconhecimento máximo’ de uma carreira cinematográfica, vamos torcer para quem entrega muito mais e melhor que este agradável filme aqui.
Uma péssima escolha de Eastwood participar de algo tão ruim como este filme. Há quase 10 anos Clint não entrega a seu público uma boa atuação, desde MENINA DE OURO (2004). Com um título ridículo, nesta mistura de dramalhão com romance açucarado de um casal sem química (Adams e Timberlake), o tema em destaque é o beisebol, com seus detalhes confusos para os não entendidos no esporte, isto é, a maior parte dos espectadores. Para despistar do caráter esportivo, a trama trata um pouco da rejeição de um pai sobre sua filha, que mesmo na idade adulta continua não recebendo muita atenção de um homem que teima em admitir que a velhice chegou. O motivo para o desprezo reservado à menina e consequentemente à mulher adulta é bem tosco, com direito a uma reconstituição preguiçosa em que se usa uma imagem de Clint ainda jovem, que creio ser uma cena retirada de seus filmes mais antigos, o que dá um sinal da falta de criatividade desta trama. O passado dos personagens é mal explorado, como também a senilidade do protagonista. Tudo gira em torno dos campos de beisebol, com seus arremessos e tacadas repetitivas. A história não emociona, não prende a atenção, e não há nem mesmo para quem torcer, pois o único personagem que chega mais perto de ser um vilão é apagado, vivido por um pseudo ator do filme PÂNICO. Amy Adams é a responsável pelos poucos bons momentos da história, devido ao seu drama de filha rejeitada e das consequências que isso traz à sua vida. A participação de Justin Timberlake é completamente dispensável, servindo apenas para que a mocinha tenha um par romântico para não encerrar este festival de clichês de forma solitária. Um filme insípido, desinteressante e cansativo em suas quase 2h. Uma verdadeira sessão da tarde. Em suma: uma lástima! Clint, do alto de seus mais de 50 filmes, não deveria sujeitar-se a algo tão ruim. Decepção!
Com cenas longas e arrastadas e totalmente ausente de emoção, esse foi um dos filmes políticos e de história dos EUA mais chatos que já assisti. Seu excesso de diálogos por vezes é tão rápido que mal dá pra acompanhar; há dezenas de personagens discutindo temas bastante cansativos, fazendo com que o filme de Spielberg não empolgue em nenhum momento sequer, pelo contrário: os cochilos são inevitáveis. Com exceção de Daniel Day Lewis, nenhuma atuação se destaca, e a indicação de Sally Field ao Oscar foi um exagero, pois não vi interpretação suficiente pra isso. O excelente ator Joseph Gordon Levitt faz apenas figuração, sendo pouco explorada sua relação conflituosa com o pai. Tommy Lee Jones notabiliza-se mais por seu visual esdrúxulo com aquela peruca tenebrosa que por sua atuação. Fala-se muito da guerra e da escravidão, pouco se vê a respeito delas. Só há falatório em demasia, votações repetitivas na câmara, um presidente fraco que leva esculachos dos outros políticos a toda hora, que não dá atenção a seu filho mais velho e que possui mania de contar umas histórias tolas que só ele mesmo consegue achar graça. A fotografia é pouco trabalhada, o filme como um todo é só conversa. O despropósito das 12 indicações ao Oscar recebidas foi prova clara de miopia da Academia, de endeusamento de um ex presidente do seu país de origem e de que este é mesmo filme pra americano ver. Espero que AS AVENTURAS DE PI tome deste aqui a maior parte dos prêmios. Uma trama realmente muito chata que não fará diferença a quem optar por não assistir. De uma coisa estou muito segura: Steven Spielberg não é mais o grande diretor de antes, suas ideias não são mais originais e suas histórias não transmitem mais emoção alguma. Fuja!
Com uma boa fotografia e direção de arte, ótima atuação de Leonardo DiCaprio, o retrato fiel e chocante do período escravocrata no sul dos EUA, e de como tratar negros pior que animais era visto como coisa natural, não consigo reconhecer mais detalhes do que os já citados como pontos positivos nessa história interminável e cansativa de quase 3h, onde as cenas se estendem num roteiro repleto de tolices e atuações clichê, em que até a trilha sonora, correta no início, termina confusa, com direito a letras de rap, nada a ver com o velho oeste. O western é um gênero praticamente esquecido no cinema, e esse retorno ao tema, apesar de tanta aclamação e notas máximas dos críticos espalhadas por aí, não correspondeu à expectativa. Pode-se dividir suas longas 02:45h em 3 partes: 2/3 é repleto de um falatório de dar sono (Christoph Waltz é expert nesse quesito), e o terço final é só de tiroteio e situações previsíveis e inverossímeis. Como um escravo negro que vive numa região em que sua espécie é tratada pior que um objeto sabe ler e ainda por cima atirar de forma tão sublime? A história da recompensa pela captura de fugitivos da justiça também não colou, parecendo mais uma desculpa preguiçosa para a existência do personagem justiceiro de Waltz. Com exceção de DiCaprio, cujo personagem malvado causa um mínimo de tensão na história, as demais atuações não se destacaram, a não ser negativamente, com destaque para um patético Samuel L. Jackson, um bajulador e covarde negro que maltrata sua própria raça em devoção ao seu senhor. Jamie Foxx atua no piloto automático, algo que não me impressiona, pois sempre considerei este ator superestimado. E o diretor Tarantino, tão cultuado no meio cinematográfico como um visionário, um profissional inigualável, mas de quem eu aprecio no máximo uns 3 filmes, dar o ar da graça como um comprador de escravos limpinho demais para a época. Baseado nessa nova leitura do western eu entrego os pontos, cansei de esperar um faroeste que satisfaça. Quando algo é valorizado de forma excessiva como este filme e mais ainda seu realizador, tratado como gênio, fico sempre com um pé atrás diante de tamanho júbilo. Recomendo para quem gosta de mentiras permeadas por uma tagarelice sem fim. Se ganhar algum Oscar, espero que seja nas categorias técnicas. Uma verdadeira bobagem!
Para os saudosos fãs do cantor foi uma experiência emocionante ver seu ídolo representado na tela. Para os interessados em saber mais sobre a vida do maior representante da música nordestina ficou a impressão de se ter visto a história pela metade, uma sensação de superficialidade, onde foi dada muita ênfase à vida artística e apenas um pequeno espaço ficou reservado à vida pessoal do protagonista. Os atores escolhidos para dar vida ao rei do baião possuem até alguma semelhança física e fizeram um bom trabalho de interpretação. No entanto, como o subtítulo do filme chama-se ‘De pai pra filho’, estranhamente a biografia de Gonzaguinha, interpretado por um ator idêntico, foi bastante insatisfatória. Simplesmente a carreira de um artista consagrado no cenário musical brasileiro passou despercebida, e o mistério sobre se ele era mesmo filho legítimo de Gonzaga permaneceu. Apesar do talento musical aparentemente herdado, semelhança física eles não tinham. O abandono do menino devido à vida agitada do pai e à morte precoce da mãe conseguiu causar mais comoção que as humilhações sofridas por Gonzaga em sua juventude e início de carreira. Outro ponto comovente são as letras de algumas músicas, que a despeito da alegria causada por seu gingado, são também bastante aflitivas e angustiantes, por retratar a penúria em que até hoje vivem os nordestinos do interior. Ao invés de um filme com duração de 2h, a história teria sido melhor retratada no formato seriado, com pelo menos uns 8 capítulos, em que os acontecimentos não fossem expostos de forma tão apressada. As cenas de arquivo foram um ponto alto, exibindo toda a devoção de um povo por seu ídolo, porém, a cena final, um momento de descontração entre pai e filho, foi muito mal selecionada. A produção não chega a decepcionar, mas por ter deixado muitos detalhes de fora, considero-a apenas como regular!
Se basearmos a temporada 2013 de filmes iniciando com títulos como A VIAGEM, pode-se apostar que será um bom ano. Uma história original, inteligente e criativa é o mínimo que se pode dizer a respeito dele. Encabeçado por Tom Hanks em ótima performance, interpretando vários personagens, embarcamos em uma literal viagem através dos tempos onde pouco se percebe a passagem de suas quase 3 horas de duração, de tão instigados que ficamos com a série de acontecimentos. As mensagens transmitidas são uma verdadeira lição de vida; só se perde na história quem não presta atenção. O fato da trama abordar várias épocas com personagens distintos não é um viés, mas sim um ponto positivo, uma sacada original típica de filmes inteligentes. O roteiro, feito a 8 mãos, possui qualidade, o trabalho de maquiagem impressiona, a direção e a fotografia são de alto nível. Uma mistura de drama, ficção e suspense de arrasar os ávidos por boas histórias no cinema, hoje em dia uma diversão banalizada. Dentre as várias subtramas, a futurista, com todas aquelas máquinas, pessoas idênticas, fugas e tiroteios foi a menos interessante no início, situação que se inverteu na reta final, quando a importância da personagem de Doona Bae foi enfim revelada. Já a junção de uma época primitiva misturada à existência de uma nave, subtrama protagonizada por Tom Hanks e Halle Berry, não foi algo plausível, ficou muito fantasioso, porém não menos encantador. Veteranos como Susan Sarandon e Hugh Grant foram mal aproveitados, mas num elenco repleto de tantos nomes talentosos, esta falha é perdoável, pois a história é fantástica e o final satisfatório, nos fazendo refletir bastante sobre seus vários temas. Belíssimo filme!
Numa grande atuação de Matthew McConaughey, o filme aborda a confusão em que se mete uma família de desajustados, fracassados e golpistas que decide encomendar um assassinato a um policial extremamente hábil e bastante perigoso. Com uma atmosfera soturna e pobreza de cenários, a trama capitaneada pelo diretor de O EXORCISTA (1973) mais parece uma peça teatral (na qual foi baseada), mas que mesmo nesse formato deixa o espectador num estado de nervos, dada a tensão insurgente a cada momento. O Killer Joe do título é um sujeito boa pinta, com aparência nem um pouco assustadora, porém causa muito medo com suas atitudes violentas e seus rompantes imprevisíveis. A brutalidade retratada choca, é muita selvageria, e tudo parece ser assustadoramente real. O assassinato de uma mãe encomendado pelo próprio filho é visto como um acontecimento banal pelos personagens, pois não se observam expressões de culpa, de arrependimento ou de dor em nenhum deles, nem mesmo quando o corpo da mulher, já sem vida, é mostrado dentro de um carro, muito menos em seu funeral. A ambientação é pobre, suja, bem condizente às figuras retratadas. O chefe da família é um covarde, incapaz de defender sua mulher e que baixa a cabeça e recebe ordens de todos, inclusive de seu filho de vida bandida. A pobre da menina é uma desajustada que vive no mundo da lua, não passando de moeda de troca no meio de tanta gente sem escrúpulo. Entre tantos socos, chutes e empurrões, a surra sofrida por Gina Gershow e a deformação do rosto de Emile Hirsch foram os momentos mais aterrorizantes, entre tantos outros de tamanha violência. Falando em Emile Hirsch, enfim ele interpreta um personagem relevante num filme que desperta interesse no espectador, dadas as belas porcarias as quais tem participado nos últimos anos. O pequenino ator possui muito talento, que andava desperdiçando em algumas produções toscas. Entre os pontos negativos, destaco a ausência de cenas que retratem o cotidiano do matador, sua vida pregressa, família ou rotina profissional; do por que ter se tornado um homem tão cruel. Uma grande falha do roteiro, deixando transparecer que ele é um personagem que surgiu do nada, mas que na verdade é o protagonista da história. A trama dá mais espaço ao dia a dia daquela horrível família de bêbados, drogados, ladrões e golpistas. Não é uma obra comercial, sem sombra de dúvida. Com história bem instigante, ao término vem a decepção: a conclusão da obra é uma grande besteira, preguiçosa, sem criatividade. Mas é um filme que vale a pena. No meio de tanta mesmice, este consegue causar calafrios e deixar o espectador muito tenso. Uma trama com alta voltagem emocional!
Não é uma biografia, e sim uma pequena produção, pois aborda apenas uma breve passagem da vida da diva, no período em que conheceu o frustrado e limitado ator Richard Burton, os filmes que fizeram juntos, o início e término de seu romance. Sentimentos que transformaram-se numa verdadeira sucessão de excessos, desde os escândalos, o abandono da família por parte dele, a cegueira de amor por parte dela, as despesas abissais que o ator efetuava, como se somente isso fosse prova de amor, a bebedeira, as fugas dos paparazzis. No mundo de fantasia criado pelo casal, um parecia bastar ao outro. Lindsay Lohan, que não é tão mal atriz assim, faz o que pode dentro dos seus limites. Ela não foi a escolha mais acertada, tendo em vista a quantidade de atrizes da atual geração que são muito mais talentosas que ela. Além de não ter ficado parecida com a estrela, ela só tem 26 anos, jovem demais para tamanha responsabilidade. Como é uma produção feita para a TV, e que conta apenas uma história de amor, não se estendendo à enorme trajetória de vida de uma das mulheres mais queridas do cinema, não se deve esperar muito. O pouco foco na vida profissional da protagonista chama a atenção. O intérprete de Richard Burton, o desconhecido Grant Bowler, é também muito fraco, não correspondendo à importância que seu personagem possui na trama. O depoimento do casal em forma de documentário não foi uma boa ideia. De tempos em tempos, eles surgem para opinar a respeito dos acontecimentos, uma estratégia do diretor completamente descartável (e descabida também). No geral, este filmezinho entrega o que promete, o que não é grande coisa, mas dá para passar o tempo e se divertir com o louco amor deste insensato casal. Mas ao término fica-se a impressão de que a grande Liz merecia algo grandioso, coisa melhor, pela sua importância e principalmente pela sua rica história de vida.
Com um time de feras como roteiristas, destaco três características que não deveriam fazer parte dessa saga, mas que infelizmente se fizeram presentes: a repetição, a ineficácia do roteiro e a decepção de quem esperava se impressionar. As situações inverossímeis já eram previsíveis, dado que se trata de uma fantasia, mas acompanhar um replay, e dos mais sem graça, do SENHOR DOS ANÉIS não era bem o que os fãs do Tolkien almejavam quando escolheram este como ‘o filme mais esperado do ano’. É claro que está lá a bela fotografia, a direção de arte primorosa, uma trilha sonora exuberante, e, sobretudo, o comando de Peter Jackson, mas as interpretações são sofríveis e o enredo decepcionante. Os grandes nomes do elenco fazem apenas pontas; Martin Freeman, além de feioso, é inexpressivo, um sujeito extremamente sem graça, e quando lhe é dada a responsabilidade de protagonizar algo grandioso como esta trilogia, ele simplesmente não dá conta do recado. A história do guerreiro que deseja recuperar seu território de volta é batida demais, todos sabem que ele e sua trupe de anões passarão por diversos perigos, e que sem sombra de dúvida irão reconquistar o reino que está sob o jugo do dragão Smaug. Que surpresa há numa história em que quase tudo se pode prever? Com suas cenas de humor sem graça – como a invasão dos anões na casa de Bilbo, em que ninguém consegue rir das besteiras ditas e vistas – e seu excesso de batalhas, onde os vencedores já são conhecidos antes mesmo delas se iniciarem, prender a atenção de um espectador durante suas longas 02:50h não é tarefa fácil, deve se ter muito o que mostrar e principalmente a dizer. Como não foi o caso, acabei dando meus indefectíveis cochilos em alguns dos momentos mais repetitivos da trama, provavelmente durante alguma batalha ou em algum diálogo besteirol entre os anões. Nem o 3D conseguiu aumentar o interesse, pois seus efeitos não trouxeram nada de novo. E o que dizer de Frodo e de Gollum, que foram tão importantes e cruciais na 1ª trilogia? O primeiro foi solenemente ignorado, surgindo apenas no início travando um diálogo idiota. E Gollum reproduziu praticamente a mesma expressão corporal e as mesmas falas que nos filmes anteriores. Dessa vez, nem o monstrinho feio conseguiu me assustar. Será que o dragão Smaug será capaz de virar o jogo no próximo capítulo da saga? Como fã do Tolkien, espero que A DESOLAÇÃO DE SMAUG (2013) não seja tão frustrante. No aguardo de alguma emoção...
Um western fraco, bem decepcionante, em que tudo acontece de forma rápida e cujos personagens são mal desenvolvidos. Não gostei! Não passa de uma reunião de talentos mergulhados em clichês. Exemplos: o filho mais novo fracote e medroso (LaBeouf) e seu amor impossível pela filha do pastor; a mocinha cheia de segredos e que não é tão inocente assim (Chastain); o brutamontes com coração (Hardy). Com bastante violência, mostra o declínio de um clã que domina o comércio de bebida alcoólica na região e que é desafiado por um forasteiro e ambicioso agente da lei: Guy Pearce, a única boa interpretação do filme. Que espectador não é capaz de imaginar que o policial vilão iria levar a pior no final, e que este mesmo final, numa cena patética, reúne todo o clã felizes para sempre em um jantar, como convém a uma ‘boa’ história americana? Tramas assim já cansaram faz tempo... O romance morno entre os personagens de Jessica Chastain e Tom Hardy não convence, muito menos o fato dele ter sobrevivido a dois atentados gravíssimos. É ilusionismo demais para um filme só... E fazer cara feia e alguns grunhidos para assustar não foi um dos melhores papéis já escolhidos pelo ator inglês. O papel de bonzinho e medroso que depois se revolta e resolve virar justiceiro, missão de Shia LaBeouf, não impressionam mais ninguém. Apesar de ter sido baseada num fato real, a história ficou muito mal contada, superficial. Melhor seria ter dado mais espaço para Guy Pearce, com seu policial Charlie de visual engomadinho, desconfortável em relação à suspeita sobre sua sexualidade. Eis algo interessante a se explorar nessa história boba. Com roteiro frustrante, o trailer consegue enganar os desavisados e ávidos por um bom western, como eu. O saldo é negativo. Não recomendo!
Apelando à sensualidade e tendo no seu início a narração romantizada e enigmática da mocinha do filme para que o espectador tente descobrir, de forma antecipada, o seu destino e, é claro, exibindo sexo já nas primeiras cenas (sinal de que sem isso o filme não se garante), o polêmico diretor Oliver Stone - que nunca foi um dos meus preferidos - trata aqui da comercialização de uma maconha mais elaborada tal como qualquer outro produto da indústria, porém muito mais lucrativo, esquadrinhando toda sua logística de produção e distribuição através da parceria de dois rapazes de vida mansa, que só sabem o que é luxo e muito prazer. Encabeçado por um trio de atores fracos, com exceção de Aaron Johnson, apenas um pouco melhor que os outros 2, Stone parece ter selecionado seus protagonistas baseado no quesito ‘beleza’, como deixou escapar em algumas entrevistas. Taylor Kitsch é o grande astro do maior fiasco da Disney dos últimos tempos (JOHN CARTER), e nas cenas de ação confusas e mal montadas presentes em SELVAGENS, o ator destaca-se por sua atuação nem um pouco convincente. Blake Lively é apenas um rostinho bonito; mesmo interpretando uma personagem sem muito que acrescentar, seu desempenho é sofrível e sua falta de expressão em diversas cenas que exigem o mínimo de talento transparece de forma clara. Complementado por nomes famosos mal aproveitados, tal como John Travolta – mais canastrão do que nunca – e Emile Hirsch (outrora um ator promissor, hoje relegado a filmes medíocres) num improvável papel de ex-consultor de instituição financeira – alguém consegue acreditar nisso?! - só mesmo os latinos Salma Hayek e Benicio Del Toro (um dos atores mais feios de Hollywood, juntamente com Ron Perlman) para dar um pouco de vitalidade às atuações. Mesmo cheio de clichês, a Elena de Salma parece ter sido feito especialmente pra ela – é difícil pensar na imagem da mulher mexicana, hoje, sem lembrar das feições da bela atriz, que personifica muito bem esse biotipo. A violência mostrada é chocante, com todas aquelas cabeças cortadas e afins; a apologia que se faz das drogas é muito clara, cabendo-lhe até mesmo uma imagem de boa samaritana: através do dinheiro proveniente de sua venda, são financiadas instituições na África que ajudam crianças pobres. Melhor imagem para a erva maldita impossível... Pautada por uma boa fotografia, a trama constrói uma imagem completamente distorcida da realidade, mas bem ao estilo ‘Stone’, que já foi preso algumas vezes pelo porte de drogas e é notório defensor de sua descriminalização. Repleto de personagens e com muitas reviravoltas, faltou o roteiro aprofundar-se pelo menos em alguns deles, mas o que sobreveio foi apenas uma visão superficial, em que todos entram e saem de cena no piloto automático. Ainda sobre o roteiro, não gostei do linguajar chulo, do excesso de palavrões e obscenidades que não conseguiram disfarçar a pobreza de alguns diálogos. Não achei uma obra ‘diferente’, como já li em outros comentários, mas, apesar de não impressionar, considero uma boa história. Em seu final patético, onde quase todos os personagens encontram um fim trágico, o diretor dá uma guinada e realiza outro desfecho logo em seguida, não levando nem um pouco a sério a finalização da obra. Apesar de encarado como mera distração por seu realizador, SELVAGENS merece ser visto.
Com uma introdução didática e eficiente para situar o espectador no tema do filme, o competente diretor Ben Affleck mostra um importante momento histórico americano, o início de todo o conflito com o Irã, que perdura até os dias de hoje. Affleck como protagonista continua decepcionando, pois em todos os momentos permanece com a mesma expressão, o mesmo olhar de peixe morto, mas como diretor impressiona a cada nova obra, e nessa sua 3ª incursão por trás das câmeras ele se supera. Uma produção tão bem feita como essa merece ao menos uma indicação ao Oscar, o que já seria um grande reconhecimento. Numa trama tensa e absurda, quase inacreditável, o roteiro mantém-se amarrado, e as cenas em que uma multidão ensandecida faz protestos na rua e invade a embaixada americana são as mais emocionantes, junto, claro, da cena emblemática no aeroporto, onde os 6 americanos tentam sair do Irã. Apesar de considerá-la um pouco surreal, este é o ápice da história, com aqueles guardas ameaçadores à espreita e a hora da decolagem que não chega nunca. Em ARGO não há interpretações marcantes, mas a história em si, interessante e envolvente, chama a atenção. Há personagens que quase não possuem falas. Com um elenco numeroso, não sobrou espaço pra todo mundo. Para abrandar tanta tensão e seriedade de uma trama política (mas nem um pouco enfadonha), há o núcleo hollywoodiano, muito bem bolado, com ótimas tiradas da dupla John Goodman e Alan Arkin, uma sacada criativa. Num filme cujo enredo possui alta voltagem, esses dois personagens nos fazem rir com suas ironias verdadeiras a respeito da indústria cinematográfica. O roteiro tratou de nos mostrar uma parte dessa história dos EUA sem cansar nem entediar o espectador com um didatismo sonolento, algo muito comum em temas políticos, relatando de forma contundente toda essa oposição existente entre EUA e Irã. Uma ótima opção de filme, engrandecedor ao invés de emburrecedor, como a maior parte das produções existentes hoje em dia. Ótimo!
Contrariando a opinião da maioria, não gostei! Nunca fui fã do Cronemberg, considero-o até meio lunático, e acredito que apenas 2 ou 3 filmes dele tenham me agradado. Ao mesmo tempo, não possuo tanta antipatia pelo trabalho do Pattinson, mas também não o julgo bom ator, na realidade ele é superestimado por alguns. Detendo-se ao filme, com toda sua crítica social embutida, a mensagem que transmite e a forma como nos é repassada não é das mais agradáveis e claras. Não me convenci e não me envolvi nem por um instante nessa trama de oprimidos e opressores, fracassados e bem sucedidos e que se utiliza de esquisitices como o uso de ratos para fazer alegoria ao homem atual, numa representação pra lá de mal colocada. Simplesmente não há para quem torcer. Sem meias palavras, achei esse filme muito ruim. Com sua pobreza de cenários, passado quase que totalmente e de forma claustrofóbica dentro de uma limusine; por seus diálogos chatos, intermináveis e sem sentido, que chegam a dar nos nervos; pelo mau aproveitamento do elenco secundário, a começar por Juliette Binoche, um grande nome do cinema europeu, que se prestou ao papel de brinquedo sexual do protagonista, desvalorizando completamente seu talento, só para fazer parte do filme de um diretor conceituado. O papo furado e pseudo filosófico dominam, o cansaço do espectador na tentativa de alcançar algum intento também. Como consolo para alguns atores coadjuvantes, aqueles que não têm muito o que dizer, acabaram sendo agraciados com uma aparência robótica. Para não perder a fama de garanhão, Pattinson faz sexo com quase a totalidade do elenco feminino, o que já se tornou habitual nos filmes de que participa. Da composição dos personagens ao roteiro confuso, tudo aqui soa esquisito, no que aparenta ser um futuro permeado por relações humanas falidas e desastrosas. Para alívio de quem não via a hora deste troço acabar, na reta final temos a sofrível participação de Paul Giamatti, maçante e sonolenta ao extremo. E aquela imolação à qual o protagonista se submete, dando um tiro na própria mão? Qual o sentido de tal besteira? Indico esta obra para pseudo intelectuais, metidos a intelectuais ou intelectuais propriamente ditos, que idolatram histórias em que nada acontece. Péssimo!
Iniciando a história num cenário que lembra o interior do Brasil (e apesar de não ter sido bem explicado na sinopse, acho que é mesmo), a trama trata basicamente de pobreza, favela, periferia e alguma esperança de dias melhores para pessoas que vivem à margem da sociedade, presas em sua ignorância e falta de oportunidade, sendo assistidas por padres e por uma assistente social, que tentam como podem colocar alguma ordem num ambiente tão degradante. Vemos a ocorrência de vários conflitos, as mazelas sociais existentes em lugares tão menosprezados pelo poder público e, é claro, os indefectíveis tiroteios, temas em que o brasileiro já está escolado. Essa é uma versão argentina mais fraca desses mesmos temas. Sobre a atuação do protagonista Ricardo Darín, o ator oferece uma interpretação apenas razoável como o padre que tenta intermediar os conflitos entre gangues rivais, assim como entre elas e a polícia. Ao contrário de filmes anteriores em que seu talento se sobressai, neste ele atua de forma apenas correta. Martina Guzman, presente em mais da metade dos filmes realizados pelo diretor Pablo Trapero, ficou relegada a 2º plano, não tendo a chance de demonstrar seu talento tão bem explorado no ótimo LEONERA (2008), e que repete a parceria com Darín iniciada em ABUTRES (2010), porém de um modo menos inspirado. Na luta para construir uma obra de grande importância para os moradores da favela (o tal elefante branco), com toda a dificuldade decorrente da falta de apoio oficial, presenciamos a luta de padres metidos a justiceiros, e o mais jovem deles ainda por cima é um galanteador, que bebe, fuma, flerta e pecaminosamente se envolve com a personagem de Martina. Nenhum dos atores convence em seu papel de homens da igreja, incluindo o próprio Darín. Com um falatório arrastado e chato no início, a trama só deslancha e atrai alguma atenção a partir da 1ª hora, que é quando surgem os momentos tensos. Essa nova empreitada de Trapero, um diretor argentino que considero promissor, não foi das mais acertadas, pelo contrário; com seu desfecho medíocre e total falta de originalidade, ELEFANTE BRANCO é uma obra decepcionante. Fraco!
O trailer, apesar de evidenciar ser mais do mesmo, alcançou o intuito de atiçar minha curiosidade. Depois de conferir a história... Nada demais! O roteiro e o elenco são fracos, os clichês de vários outros suspenses estão lá (família feliz que começa a ser atormentada, como isso cansa...), os personagens são rasos, superficiais, mal construídos e mal desenvolvidos. A fotografia não chama atenção. A trama é parada na maior parte do tempo e se durasse mais que sua hora e meia causaria sono. Os efeitos visuais não são grande coisa, a explicação sobre o conteúdo da caixa maléfica não convence ninguém. A história é semelhante a tudo que já se viu no gênero. Até a cena inicial é descartável, uma demonstração desnecessária do que o espírito do mal é capaz, e que não tem nada a ver com o desenrolar da trama. As ocasiões em que se sente algum medo são poucas, e a empolgação para o que o que está por vir não existe. Os sustos só aparecem na meia hora final, e ocorrem no piloto automático. Devido à imensa falta de criatividade deste roteiro, recomendo assistir em casa. O filme como um todo é tão desprovido de imaginação que, ao sair da sala de cinema, prontamente esquecemos o que foi visto, demonstrando de forma clara que aqui não há nada marcante, que seja capaz de nos causar arrepio ao trazer más lembranças na hora de dormir. E ter Sam Raimi como produtor, ou até mesmo como diretor (o que não é o caso aqui), pra mim nunca foi um grande diferencial. Algumas produções do diretor me agradaram, mas ter seu nome na ficha técnica jamais foi motivo para que eu me interessasse por um filme. Definitivamente, POSSESSÃO não vale a pena!
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KDe início mostrando um pouco da cultura indiana de uma forma leve e divertida, essa história sobre a ‘amizade’ entre um menino e um tigre em situações desesperadoras emociona. Entremeado com um pouco de humor tanto antes quanto após o naufrágio, nos faz rir e chorar ao mesmo tempo. Sua belíssima fotografia – merecidamente reconhecida com um Oscar – encanta perante as tristezas que vão se desdobrando durante infindáveis dias naquele bote perdido numa região erma. Que filme bonito... Um espetáculo visual de enorme grandeza, mas que também não deixa de mostrar a crueldade do mundo animal, eliminando uns aos outros para poder sobreviver (característica também inerente ao homem, dito “racional”), numa clara demonstração do funcionamento da cadeia alimentar, onde o tigre, no topo perante os demais bichinhos, os torna seu alimento para que ele próprio não venha a sucumbir. Apesar do exagero no uso da computação gráfica, são ótimos os efeitos visuais utilizados. Na reta final, a analogia feita pelo protagonista entre os animais que o acompanharam no naufrágio e entre as pessoas que se foram, apenas para convencer os funcionários da Cia, foi perfeita, um lance muito inteligente de um roteirista inspirado! Com um final clichê, é uma aventura que vale ser vista, pois diverte, comove, aflige, arranca sorrisos e ainda oferece reflexões pelas lições dadas e aprendidas. Um bom entretenimento!
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraConstituído por apenas um cenário, pouquíssimos personagens, cenas comezinhas do cotidiano de um casal idoso e narrativa lenta, AMOR é um filme longo, chato e cansativo. Suas mais de 2h se tornam exaustivas devido à mesmice e à falta de acontecimentos notáveis. A protagonista Emmanuelle Riva é realmente uma atriz excepcional, mas sua boa atuação aqui não valeria um Oscar, o qual, continuo insistindo, deveria ter sido ganho por Jessica Chastain, que teve o melhor desempenho entre as indicadas. Neste drama de Michael Haneke – um cineasta complicado de digerir - saímos da sessão exauridos e sonolentos, ao presenciar uma trama em que pouco ou nada acontece. Quem não conseguir se empolgar com a narrativa correrá o risco de dormir o filme inteiro, dada a ausência de emoções fortes e principalmente da trilha sonora, uma falha crucial na minha opinião. A degeneração de uma mulher outrora ativa e encantadora choca. A excelente atriz francesa faz um trabalho de imersão incrível, mas o roteiro e a montagem não ajudam para que o interesse do espectador não se dissipe. Não assisti os demais concorrentes, mas será que AMOR mereceu mesmo ganhar a estatueta de filme estrangeiro? Me arrisco a dizer que não! Alguns personagens bastante citados sequer aparecem, como por exemplo, o médico da senhora; não há cenas externas, o espectador fica preso a um ambiente só (da mesma forma que a protagonista); a cirurgia a que ela é submetida é feita de uma hora pra outra, de modo que não testemunhamos nada: num momento ela fica paralisada, no outro o procedimento cirúrgico já foi realizado, sem maiores explicações, o que denota uma grande falha de continuidade! Uma gigante do cinema francês e uma das maiores atrizes da atualidade, Isabelle Huppert, que só em 2012 esteve presente em 4 produções, apresenta-se apenas como coadjuvante de luxo, um desperdício incomensurável. No final das contas, é melhor assisti-lo em casa e comprovar que todo o estardalhaço, todo o marketing feito em cima dele não se justifica. Como grande fã do cinema francês, não recomendo este aqui. Não vale R$ 0,01 do caro ingresso cobrado nos cinemas brasileiros. Ruim!
A Hora Mais Escura
3.6 1,1K Assista AgoraUm filme irretocável, com ótimo roteiro, montagem, fotografia. Um misto de suspense, drama e também um pouco de ação. Tenso em quase sua totalidade, não se percebe a passagem das quase 3h, que foram muitíssimo bem aproveitadas. Chocante em diversos momentos, mostra a luta que foi a caçada ao maior terrorista dos últimos tempos. Presenciamos um choque de culturas, o uso da tortura, a vida humana que parece valer tão pouco para algumas mentes transtornadas. A trama é tão bem elaborada que o espectador se sente um personagem, fazendo parte da caçada, tentando entender cada pista, cada explicação, montando um verdadeiro quebra cabeça e sentindo desesperança nas tentativas frustradas de encontrar o criminoso, e olha que foram muitas... Como deu trabalho localizar Bin Laden, uma missão hercúlea de grandes proporções; não à toa a reação do soldado que atirou no terrorista foi de total incredulidade. A trilha sonora é falha - em momentos cruciais ela sequer aparece, houve descuido nesse quesito. E o que dizer de Jessica Chastain? Mais uma vez foi injustiçada na briga pela estatueta. Seu personagem é complexo, sua interpretação é feita com esmero. A mulher por trás de toda a estratégia elaborada para localizar o vilão era sumariamente desprezada por seus superiores, que em algumas ocasiões sequer se davam conta de sua presença em reuniões. A agente Maya é um autêntico caso de competência e superação. Mostrou-se muito superior a uma Jennifer Lawrence perturbada. Só na reta final é que consegui entender o porquê do filme possuir esse título. Enfim, mais uma boa empreitada da diretora Kathryn Bigelow, que sabe como retratar as tensões políticas e os conflitos de guerra do mundo contemporâneo, com muito conhecimento a respeito dos assuntos abordados. Uma trama instigante, que prende a atenção do espectador do início ao fim. Sem dúvida um grande filme!
Indomável Sonhadora
3.8 1,2KRodeada por sujeira, pobreza e ignorância, uma menina tenta passar pelas adversidades que lhe são impostas já tão cedo. Não havendo nada de grandioso neste filme, é de se perguntar por que raios uma produção tosca como essa concorreu a 4 Oscars. Felizmente não levou nenhum... A fotografia e o talento da menina Wallis são as únicas coisas que escapam nesta sofrível história. Aposto que a atriz, até mesmo pela pouca idade, achou a cerimônia de premiação uma chatice sem fim. Com um roteiro pobre e por isso mesmo muito óbvio, essa péssima fábula não quer dizer nada nem chega a lugar algum. Quando a personagem refere-se aos animais que a cercam, tanto os reais quanto os imaginários, parece mais estar narrando um documentário do Animal Planet. Que filme horrível... Sem pé nem cabeça, sem razão de existir. Uma fantasia mirabolante e nem um pouco instigante. Recomendo passar bem longe... Bomba!
O Voo
3.6 1,4K Assista AgoraO VÔO só causa algum interesse até o momento do acidente; depois descamba para o melodrama e para os diálogos cansativos que não chegam a lugar nenhum com direito a notas de piano ao fundo. Mesmo estando curiosa com o desenrolar da história, foram inevitáveis os cochilos. As cenas do acidente e de tudo que é feito para salvar o avião são bem reais e foram executadas de forma primorosa, mas fora isso não há mais nada que se possa aproveitar. Denzel Washington está bem, como sempre, mas nada que seja digno de Oscar. O filme jamais deveria ter sido indicado, mesmo que apenas para 2 categorias, como o foi. Kelly Reilly serve apenas como figurante, para dar um pouco mais de beleza a uma trama sem sal; porém, seu personagem desaparece com a mesma velocidade com que surge, e terminou sem importância alguma. Uma trama fraca e bastante sonolenta, com uma cena moralista (como percebido por muitos) no final. Poderia ter sido lançado diretamente em DVD. Não gostei!
O Mestre
3.7 1,0K Assista AgoraInterpretando um cafajeste que não tem onde cair morto, cheio de maus hábitos e um bocado selvagem, Joaquim Phoenix conseguiu sua indicação ao Oscar deste ano, muito justa e merecida. Freddie Quell é um ninguém, a decadência em pessoa. O personagem parece ter sido feito para Phoenix, que a cada dia está mais assustador com sua magreza e extrema feiura; até sua risada é irritante. Apesar do bom desempenho do protagonista, a trama não apresenta meios para que o público em geral possa digeri-la, pois, além de ser um filme longo, é parado, cansativo e um pouco confuso. Parado porque na maior parte do tempo nada de relevante acontece; cansativo porque as lições que o mestre Dodd apregoa não há quem suporte, com suas frases repetitivas e seu jeito vagaroso de falar; confuso porque que conclusão se pode tirar desta seita liderada por um charlatão que não prova nenhuma das besteiras que fala e que mais parece um pastor evangélico? Perde-se muito tempo com diálogos inúteis que nunca chegam a lugar algum. O personagem título, O MESTRE de Hoffman, é um ser sofrível com aquelas conversas sem sentido. O ator aqui não está em seu melhor momento. Amy Adams igualmente não está bem, sua personagem é muito comedida e não consegue mostrar a que veio. Dentre os vários momentos insuportáveis, destaco ‘as sessões’ do mestre para com suas cobaias, com aquela repetição de perguntas idiotas. Um momento chocante foi numa celebração desprezível em que todas as mulheres ficavam nuas; que cena asquerosa... A expectativa de que um desequilibrado como Freddie Quell vá fazer alguma besteira é uma das grandes frustrações do filme, pois um pobre coitado como aquele não sabe nem o que faz, muito menos o que diz. Um verdadeiro fiasco esta produção. Coitado de quem gastou dinheiro para assistir essa baboseira. Um filme nada mais nada menos que repugnante!
Os Miseráveis
4.1 4,2K Assista AgoraEnvolvente e cativante são os primeiros adjetivos que encontro para definir essa grande produção. Que bela fotografia, direção de arte, atuações; tudo parece superlativo nesta trama. Suas 8 indicações foram mais do que justas e torço para que leve algumas merecidas estatuetas para casa. Hugh Jackman e Anne Hathaway estão excelentes e a presença da atriz com sua sofrida Fantine nos deixa inebriados. Um belíssimo espetáculo de quase 3h (poderiam ser 2h) que felizmente não cansa nem dá sono. Apesar do roteiro previsível, não perdemos o ânimo em momento algum. Só não gostei do romance entre Cosette e Marius, muitos minutos são perdidos com essa coisa melancólica. Lindíssimo musical, recomendado para fãs e também não fãs (como eu), deste gênero de filme. P.S.: Tom Hooper, dessa vez, bem que merecia a indicação a melhor diretor. Fantástico e inesquecível filme!
Caça aos Gângsteres
3.5 890 Assista AgoraNeste policial repleto de nomes talentosos, o resultado decepcionante conseguiu ser bem maior que o elenco. Até a 1ª metade a história envolve, com sua atmosfera noir e boa caracterização dos anos 50. Mas quando os tiros e socos tornam-se mais numerosos que os fracos diálogos, logo percebe-se que não passa de mais uma trama violenta igual a tantas outras. Não há um tema a ser desenvolvido, o enredo trata apenas de um policial que quer acabar com um grande chefão do crime. Quantas vezes já vimos essa história? Sean Penn, um dos maiores atores em atividade, nunca deveria ter participado disso. O passado do seu vilão é mal explorado, e apesar da tentativa de meter medo no espectador com seu rosto desfigurado e sua cara de durão, não atinge seu objetivo. Josh Brolin, com seu talento mediano, é o clichê em pessoa. Ryan Gosling, tão cultuado atualmente, possui desempenho sofrível com aquela vozinha irritante e seu chapéu estiloso; não à toa quase virou um backstreet boy durante a juventude. Mas não culpo o ator, o roteiro truncado é que não dá chance a ninguém sobressair. Esse filme foi um erro. Emma Stone, com sua pequena participação, até que se sai bem e tem química com Gosling, mas a produção é rasa, a direção é ruim e o elenco sozinho não salva algo tão mal feito. Através do trailer e da escolha dos atores, o espectador engana-se facilmente, atraído por alguma semelhança com o ótimo LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA. Mas esse aqui não passa nem perto, e não entrega o que promete. Nem em casa vale a pena assistir. Não recomendo!
O Lado Bom da Vida
3.7 4,7K Assista AgoraNão se pode negar que Bradley Cooper surpreende, e que, não fosse a concorrência com um gigante como Day Lewis, teria sim condições de levar o Oscar. Gostei desse filme e aprovo a direção do O. Russell. O casal principal faz um ótimo trabalho, e é admirável perceber que a menina dos JOGOS VORAZES está se transformando numa mulher sexy e bonita, pois talento ela já demonstrou possuir faz tempo. Sobre o filme, é quase todo diversão, apesar de alguns diálogos serem tão rápidos que cansam e deixam o espectador um pouco perdido; mas isso é um detalhe menor. Na metade da trama, a narrativa derrapa com uns assuntos chatos de apostas e mais uma vez o insuportável tema do beisebol - algo tão onipresente nos filmes hoje em dia que já não aguento mais. A tensão que sentimos diante da expectativa de que pessoas tão perturbadas cometam besteiras é a força motriz do filme, pois esses dois são capazes de causar risadas e medo também. E que exagero absurdo foi esse da Academia em indicar Jacki Weaver e De Niro, quando o papel que eles fazem é quase insignificante? A atriz australiana não teve sequer uma fala que prestasse, passando bem longe de sua boa atuação em REINO ANIMAL (2010), filme que lhe rendeu sua 1ª indicação. Já De Niro não fez nada além do básico. As 8 indicações recebidas me pareceram mais um senso de oportunismo dos membros preguiçosos e de má vontade da Academia, que teimam em indicar e principalmente em premiar quem não merece. Decepcionou a pequena participação de Julia Stiles, atriz que sempre considerei promissora, hoje esquecida e com uma carreira sem importância. Enfim, O LADO BOM DA VIDA mostra que infernos pessoais, grandes perdas e a falta de sentido na vida podem ser superadas e terminar de forma positiva. Apesar dos clichês, os 20 minutos finais são pura emoção, com sua mescla de drama e comédia. Mesmo sendo um bom entretenimento e de trazer algumas lições, espero que não ganhe muitos prêmios, pois não é pra tanto. Já que o Oscar é o ‘reconhecimento máximo’ de uma carreira cinematográfica, vamos torcer para quem entrega muito mais e melhor que este agradável filme aqui.
Curvas da Vida
3.5 373Uma péssima escolha de Eastwood participar de algo tão ruim como este filme. Há quase 10 anos Clint não entrega a seu público uma boa atuação, desde MENINA DE OURO (2004). Com um título ridículo, nesta mistura de dramalhão com romance açucarado de um casal sem química (Adams e Timberlake), o tema em destaque é o beisebol, com seus detalhes confusos para os não entendidos no esporte, isto é, a maior parte dos espectadores. Para despistar do caráter esportivo, a trama trata um pouco da rejeição de um pai sobre sua filha, que mesmo na idade adulta continua não recebendo muita atenção de um homem que teima em admitir que a velhice chegou. O motivo para o desprezo reservado à menina e consequentemente à mulher adulta é bem tosco, com direito a uma reconstituição preguiçosa em que se usa uma imagem de Clint ainda jovem, que creio ser uma cena retirada de seus filmes mais antigos, o que dá um sinal da falta de criatividade desta trama. O passado dos personagens é mal explorado, como também a senilidade do protagonista. Tudo gira em torno dos campos de beisebol, com seus arremessos e tacadas repetitivas. A história não emociona, não prende a atenção, e não há nem mesmo para quem torcer, pois o único personagem que chega mais perto de ser um vilão é apagado, vivido por um pseudo ator do filme PÂNICO. Amy Adams é a responsável pelos poucos bons momentos da história, devido ao seu drama de filha rejeitada e das consequências que isso traz à sua vida. A participação de Justin Timberlake é completamente dispensável, servindo apenas para que a mocinha tenha um par romântico para não encerrar este festival de clichês de forma solitária. Um filme insípido, desinteressante e cansativo em suas quase 2h. Uma verdadeira sessão da tarde. Em suma: uma lástima! Clint, do alto de seus mais de 50 filmes, não deveria sujeitar-se a algo tão ruim. Decepção!
Lincoln
3.5 1,5KCom cenas longas e arrastadas e totalmente ausente de emoção, esse foi um dos filmes políticos e de história dos EUA mais chatos que já assisti. Seu excesso de diálogos por vezes é tão rápido que mal dá pra acompanhar; há dezenas de personagens discutindo temas bastante cansativos, fazendo com que o filme de Spielberg não empolgue em nenhum momento sequer, pelo contrário: os cochilos são inevitáveis. Com exceção de Daniel Day Lewis, nenhuma atuação se destaca, e a indicação de Sally Field ao Oscar foi um exagero, pois não vi interpretação suficiente pra isso. O excelente ator Joseph Gordon Levitt faz apenas figuração, sendo pouco explorada sua relação conflituosa com o pai. Tommy Lee Jones notabiliza-se mais por seu visual esdrúxulo com aquela peruca tenebrosa que por sua atuação. Fala-se muito da guerra e da escravidão, pouco se vê a respeito delas. Só há falatório em demasia, votações repetitivas na câmara, um presidente fraco que leva esculachos dos outros políticos a toda hora, que não dá atenção a seu filho mais velho e que possui mania de contar umas histórias tolas que só ele mesmo consegue achar graça. A fotografia é pouco trabalhada, o filme como um todo é só conversa. O despropósito das 12 indicações ao Oscar recebidas foi prova clara de miopia da Academia, de endeusamento de um ex presidente do seu país de origem e de que este é mesmo filme pra americano ver. Espero que AS AVENTURAS DE PI tome deste aqui a maior parte dos prêmios. Uma trama realmente muito chata que não fará diferença a quem optar por não assistir. De uma coisa estou muito segura: Steven Spielberg não é mais o grande diretor de antes, suas ideias não são mais originais e suas histórias não transmitem mais emoção alguma. Fuja!
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraCom uma boa fotografia e direção de arte, ótima atuação de Leonardo DiCaprio, o retrato fiel e chocante do período escravocrata no sul dos EUA, e de como tratar negros pior que animais era visto como coisa natural, não consigo reconhecer mais detalhes do que os já citados como pontos positivos nessa história interminável e cansativa de quase 3h, onde as cenas se estendem num roteiro repleto de tolices e atuações clichê, em que até a trilha sonora, correta no início, termina confusa, com direito a letras de rap, nada a ver com o velho oeste. O western é um gênero praticamente esquecido no cinema, e esse retorno ao tema, apesar de tanta aclamação e notas máximas dos críticos espalhadas por aí, não correspondeu à expectativa. Pode-se dividir suas longas 02:45h em 3 partes: 2/3 é repleto de um falatório de dar sono (Christoph Waltz é expert nesse quesito), e o terço final é só de tiroteio e situações previsíveis e inverossímeis. Como um escravo negro que vive numa região em que sua espécie é tratada pior que um objeto sabe ler e ainda por cima atirar de forma tão sublime? A história da recompensa pela captura de fugitivos da justiça também não colou, parecendo mais uma desculpa preguiçosa para a existência do personagem justiceiro de Waltz. Com exceção de DiCaprio, cujo personagem malvado causa um mínimo de tensão na história, as demais atuações não se destacaram, a não ser negativamente, com destaque para um patético Samuel L. Jackson, um bajulador e covarde negro que maltrata sua própria raça em devoção ao seu senhor. Jamie Foxx atua no piloto automático, algo que não me impressiona, pois sempre considerei este ator superestimado. E o diretor Tarantino, tão cultuado no meio cinematográfico como um visionário, um profissional inigualável, mas de quem eu aprecio no máximo uns 3 filmes, dar o ar da graça como um comprador de escravos limpinho demais para a época. Baseado nessa nova leitura do western eu entrego os pontos, cansei de esperar um faroeste que satisfaça. Quando algo é valorizado de forma excessiva como este filme e mais ainda seu realizador, tratado como gênio, fico sempre com um pé atrás diante de tamanho júbilo. Recomendo para quem gosta de mentiras permeadas por uma tagarelice sem fim. Se ganhar algum Oscar, espero que seja nas categorias técnicas. Uma verdadeira bobagem!
Gonzaga: De Pai pra Filho
3.8 781 Assista AgoraPara os saudosos fãs do cantor foi uma experiência emocionante ver seu ídolo representado na tela. Para os interessados em saber mais sobre a vida do maior representante da música nordestina ficou a impressão de se ter visto a história pela metade, uma sensação de superficialidade, onde foi dada muita ênfase à vida artística e apenas um pequeno espaço ficou reservado à vida pessoal do protagonista. Os atores escolhidos para dar vida ao rei do baião possuem até alguma semelhança física e fizeram um bom trabalho de interpretação. No entanto, como o subtítulo do filme chama-se ‘De pai pra filho’, estranhamente a biografia de Gonzaguinha, interpretado por um ator idêntico, foi bastante insatisfatória. Simplesmente a carreira de um artista consagrado no cenário musical brasileiro passou despercebida, e o mistério sobre se ele era mesmo filho legítimo de Gonzaga permaneceu. Apesar do talento musical aparentemente herdado, semelhança física eles não tinham. O abandono do menino devido à vida agitada do pai e à morte precoce da mãe conseguiu causar mais comoção que as humilhações sofridas por Gonzaga em sua juventude e início de carreira. Outro ponto comovente são as letras de algumas músicas, que a despeito da alegria causada por seu gingado, são também bastante aflitivas e angustiantes, por retratar a penúria em que até hoje vivem os nordestinos do interior. Ao invés de um filme com duração de 2h, a história teria sido melhor retratada no formato seriado, com pelo menos uns 8 capítulos, em que os acontecimentos não fossem expostos de forma tão apressada. As cenas de arquivo foram um ponto alto, exibindo toda a devoção de um povo por seu ídolo, porém, a cena final, um momento de descontração entre pai e filho, foi muito mal selecionada. A produção não chega a decepcionar, mas por ter deixado muitos detalhes de fora, considero-a apenas como regular!
A Viagem
3.7 2,5K Assista AgoraSe basearmos a temporada 2013 de filmes iniciando com títulos como A VIAGEM, pode-se apostar que será um bom ano. Uma história original, inteligente e criativa é o mínimo que se pode dizer a respeito dele. Encabeçado por Tom Hanks em ótima performance, interpretando vários personagens, embarcamos em uma literal viagem através dos tempos onde pouco se percebe a passagem de suas quase 3 horas de duração, de tão instigados que ficamos com a série de acontecimentos. As mensagens transmitidas são uma verdadeira lição de vida; só se perde na história quem não presta atenção. O fato da trama abordar várias épocas com personagens distintos não é um viés, mas sim um ponto positivo, uma sacada original típica de filmes inteligentes. O roteiro, feito a 8 mãos, possui qualidade, o trabalho de maquiagem impressiona, a direção e a fotografia são de alto nível. Uma mistura de drama, ficção e suspense de arrasar os ávidos por boas histórias no cinema, hoje em dia uma diversão banalizada. Dentre as várias subtramas, a futurista, com todas aquelas máquinas, pessoas idênticas, fugas e tiroteios foi a menos interessante no início, situação que se inverteu na reta final, quando a importância da personagem de Doona Bae foi enfim revelada. Já a junção de uma época primitiva misturada à existência de uma nave, subtrama protagonizada por Tom Hanks e Halle Berry, não foi algo plausível, ficou muito fantasioso, porém não menos encantador. Veteranos como Susan Sarandon e Hugh Grant foram mal aproveitados, mas num elenco repleto de tantos nomes talentosos, esta falha é perdoável, pois a história é fantástica e o final satisfatório, nos fazendo refletir bastante sobre seus vários temas. Belíssimo filme!
Killer Joe: Matador de Aluguel
3.6 880 Assista AgoraNuma grande atuação de Matthew McConaughey, o filme aborda a confusão em que se mete uma família de desajustados, fracassados e golpistas que decide encomendar um assassinato a um policial extremamente hábil e bastante perigoso. Com uma atmosfera soturna e pobreza de cenários, a trama capitaneada pelo diretor de O EXORCISTA (1973) mais parece uma peça teatral (na qual foi baseada), mas que mesmo nesse formato deixa o espectador num estado de nervos, dada a tensão insurgente a cada momento. O Killer Joe do título é um sujeito boa pinta, com aparência nem um pouco assustadora, porém causa muito medo com suas atitudes violentas e seus rompantes imprevisíveis. A brutalidade retratada choca, é muita selvageria, e tudo parece ser assustadoramente real. O assassinato de uma mãe encomendado pelo próprio filho é visto como um acontecimento banal pelos personagens, pois não se observam expressões de culpa, de arrependimento ou de dor em nenhum deles, nem mesmo quando o corpo da mulher, já sem vida, é mostrado dentro de um carro, muito menos em seu funeral. A ambientação é pobre, suja, bem condizente às figuras retratadas. O chefe da família é um covarde, incapaz de defender sua mulher e que baixa a cabeça e recebe ordens de todos, inclusive de seu filho de vida bandida. A pobre da menina é uma desajustada que vive no mundo da lua, não passando de moeda de troca no meio de tanta gente sem escrúpulo. Entre tantos socos, chutes e empurrões, a surra sofrida por Gina Gershow e a deformação do rosto de Emile Hirsch foram os momentos mais aterrorizantes, entre tantos outros de tamanha violência. Falando em Emile Hirsch, enfim ele interpreta um personagem relevante num filme que desperta interesse no espectador, dadas as belas porcarias as quais tem participado nos últimos anos. O pequenino ator possui muito talento, que andava desperdiçando em algumas produções toscas. Entre os pontos negativos, destaco a ausência de cenas que retratem o cotidiano do matador, sua vida pregressa, família ou rotina profissional; do por que ter se tornado um homem tão cruel. Uma grande falha do roteiro, deixando transparecer que ele é um personagem que surgiu do nada, mas que na verdade é o protagonista da história. A trama dá mais espaço ao dia a dia daquela horrível família de bêbados, drogados, ladrões e golpistas. Não é uma obra comercial, sem sombra de dúvida. Com história bem instigante, ao término vem a decepção: a conclusão da obra é uma grande besteira, preguiçosa, sem criatividade. Mas é um filme que vale a pena. No meio de tanta mesmice, este consegue causar calafrios e deixar o espectador muito tenso. Uma trama com alta voltagem emocional!
Liz & Dick
2.8 132Não é uma biografia, e sim uma pequena produção, pois aborda apenas uma breve passagem da vida da diva, no período em que conheceu o frustrado e limitado ator Richard Burton, os filmes que fizeram juntos, o início e término de seu romance. Sentimentos que transformaram-se numa verdadeira sucessão de excessos, desde os escândalos, o abandono da família por parte dele, a cegueira de amor por parte dela, as despesas abissais que o ator efetuava, como se somente isso fosse prova de amor, a bebedeira, as fugas dos paparazzis. No mundo de fantasia criado pelo casal, um parecia bastar ao outro. Lindsay Lohan, que não é tão mal atriz assim, faz o que pode dentro dos seus limites. Ela não foi a escolha mais acertada, tendo em vista a quantidade de atrizes da atual geração que são muito mais talentosas que ela. Além de não ter ficado parecida com a estrela, ela só tem 26 anos, jovem demais para tamanha responsabilidade. Como é uma produção feita para a TV, e que conta apenas uma história de amor, não se estendendo à enorme trajetória de vida de uma das mulheres mais queridas do cinema, não se deve esperar muito. O pouco foco na vida profissional da protagonista chama a atenção. O intérprete de Richard Burton, o desconhecido Grant Bowler, é também muito fraco, não correspondendo à importância que seu personagem possui na trama. O depoimento do casal em forma de documentário não foi uma boa ideia. De tempos em tempos, eles surgem para opinar a respeito dos acontecimentos, uma estratégia do diretor completamente descartável (e descabida também). No geral, este filmezinho entrega o que promete, o que não é grande coisa, mas dá para passar o tempo e se divertir com o louco amor deste insensato casal. Mas ao término fica-se a impressão de que a grande Liz merecia algo grandioso, coisa melhor, pela sua importância e principalmente pela sua rica história de vida.
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
4.1 4,7K Assista AgoraCom um time de feras como roteiristas, destaco três características que não deveriam fazer parte dessa saga, mas que infelizmente se fizeram presentes: a repetição, a ineficácia do roteiro e a decepção de quem esperava se impressionar. As situações inverossímeis já eram previsíveis, dado que se trata de uma fantasia, mas acompanhar um replay, e dos mais sem graça, do SENHOR DOS ANÉIS não era bem o que os fãs do Tolkien almejavam quando escolheram este como ‘o filme mais esperado do ano’. É claro que está lá a bela fotografia, a direção de arte primorosa, uma trilha sonora exuberante, e, sobretudo, o comando de Peter Jackson, mas as interpretações são sofríveis e o enredo decepcionante. Os grandes nomes do elenco fazem apenas pontas; Martin Freeman, além de feioso, é inexpressivo, um sujeito extremamente sem graça, e quando lhe é dada a responsabilidade de protagonizar algo grandioso como esta trilogia, ele simplesmente não dá conta do recado. A história do guerreiro que deseja recuperar seu território de volta é batida demais, todos sabem que ele e sua trupe de anões passarão por diversos perigos, e que sem sombra de dúvida irão reconquistar o reino que está sob o jugo do dragão Smaug. Que surpresa há numa história em que quase tudo se pode prever? Com suas cenas de humor sem graça – como a invasão dos anões na casa de Bilbo, em que ninguém consegue rir das besteiras ditas e vistas – e seu excesso de batalhas, onde os vencedores já são conhecidos antes mesmo delas se iniciarem, prender a atenção de um espectador durante suas longas 02:50h não é tarefa fácil, deve se ter muito o que mostrar e principalmente a dizer. Como não foi o caso, acabei dando meus indefectíveis cochilos em alguns dos momentos mais repetitivos da trama, provavelmente durante alguma batalha ou em algum diálogo besteirol entre os anões. Nem o 3D conseguiu aumentar o interesse, pois seus efeitos não trouxeram nada de novo. E o que dizer de Frodo e de Gollum, que foram tão importantes e cruciais na 1ª trilogia? O primeiro foi solenemente ignorado, surgindo apenas no início travando um diálogo idiota. E Gollum reproduziu praticamente a mesma expressão corporal e as mesmas falas que nos filmes anteriores. Dessa vez, nem o monstrinho feio conseguiu me assustar. Será que o dragão Smaug será capaz de virar o jogo no próximo capítulo da saga? Como fã do Tolkien, espero que A DESOLAÇÃO DE SMAUG (2013) não seja tão frustrante. No aguardo de alguma emoção...
Os Infratores
3.8 895 Assista AgoraUm western fraco, bem decepcionante, em que tudo acontece de forma rápida e cujos personagens são mal desenvolvidos. Não gostei! Não passa de uma reunião de talentos mergulhados em clichês. Exemplos: o filho mais novo fracote e medroso (LaBeouf) e seu amor impossível pela filha do pastor; a mocinha cheia de segredos e que não é tão inocente assim (Chastain); o brutamontes com coração (Hardy). Com bastante violência, mostra o declínio de um clã que domina o comércio de bebida alcoólica na região e que é desafiado por um forasteiro e ambicioso agente da lei: Guy Pearce, a única boa interpretação do filme. Que espectador não é capaz de imaginar que o policial vilão iria levar a pior no final, e que este mesmo final, numa cena patética, reúne todo o clã felizes para sempre em um jantar, como convém a uma ‘boa’ história americana? Tramas assim já cansaram faz tempo... O romance morno entre os personagens de Jessica Chastain e Tom Hardy não convence, muito menos o fato dele ter sobrevivido a dois atentados gravíssimos. É ilusionismo demais para um filme só... E fazer cara feia e alguns grunhidos para assustar não foi um dos melhores papéis já escolhidos pelo ator inglês. O papel de bonzinho e medroso que depois se revolta e resolve virar justiceiro, missão de Shia LaBeouf, não impressionam mais ninguém. Apesar de ter sido baseada num fato real, a história ficou muito mal contada, superficial. Melhor seria ter dado mais espaço para Guy Pearce, com seu policial Charlie de visual engomadinho, desconfortável em relação à suspeita sobre sua sexualidade. Eis algo interessante a se explorar nessa história boba. Com roteiro frustrante, o trailer consegue enganar os desavisados e ávidos por um bom western, como eu. O saldo é negativo. Não recomendo!
Selvagens
3.4 743 Assista AgoraApelando à sensualidade e tendo no seu início a narração romantizada e enigmática da mocinha do filme para que o espectador tente descobrir, de forma antecipada, o seu destino e, é claro, exibindo sexo já nas primeiras cenas (sinal de que sem isso o filme não se garante), o polêmico diretor Oliver Stone - que nunca foi um dos meus preferidos - trata aqui da comercialização de uma maconha mais elaborada tal como qualquer outro produto da indústria, porém muito mais lucrativo, esquadrinhando toda sua logística de produção e distribuição através da parceria de dois rapazes de vida mansa, que só sabem o que é luxo e muito prazer. Encabeçado por um trio de atores fracos, com exceção de Aaron Johnson, apenas um pouco melhor que os outros 2, Stone parece ter selecionado seus protagonistas baseado no quesito ‘beleza’, como deixou escapar em algumas entrevistas. Taylor Kitsch é o grande astro do maior fiasco da Disney dos últimos tempos (JOHN CARTER), e nas cenas de ação confusas e mal montadas presentes em SELVAGENS, o ator destaca-se por sua atuação nem um pouco convincente. Blake Lively é apenas um rostinho bonito; mesmo interpretando uma personagem sem muito que acrescentar, seu desempenho é sofrível e sua falta de expressão em diversas cenas que exigem o mínimo de talento transparece de forma clara. Complementado por nomes famosos mal aproveitados, tal como John Travolta – mais canastrão do que nunca – e Emile Hirsch (outrora um ator promissor, hoje relegado a filmes medíocres) num improvável papel de ex-consultor de instituição financeira – alguém consegue acreditar nisso?! - só mesmo os latinos Salma Hayek e Benicio Del Toro (um dos atores mais feios de Hollywood, juntamente com Ron Perlman) para dar um pouco de vitalidade às atuações. Mesmo cheio de clichês, a Elena de Salma parece ter sido feito especialmente pra ela – é difícil pensar na imagem da mulher mexicana, hoje, sem lembrar das feições da bela atriz, que personifica muito bem esse biotipo. A violência mostrada é chocante, com todas aquelas cabeças cortadas e afins; a apologia que se faz das drogas é muito clara, cabendo-lhe até mesmo uma imagem de boa samaritana: através do dinheiro proveniente de sua venda, são financiadas instituições na África que ajudam crianças pobres. Melhor imagem para a erva maldita impossível... Pautada por uma boa fotografia, a trama constrói uma imagem completamente distorcida da realidade, mas bem ao estilo ‘Stone’, que já foi preso algumas vezes pelo porte de drogas e é notório defensor de sua descriminalização. Repleto de personagens e com muitas reviravoltas, faltou o roteiro aprofundar-se pelo menos em alguns deles, mas o que sobreveio foi apenas uma visão superficial, em que todos entram e saem de cena no piloto automático. Ainda sobre o roteiro, não gostei do linguajar chulo, do excesso de palavrões e obscenidades que não conseguiram disfarçar a pobreza de alguns diálogos. Não achei uma obra ‘diferente’, como já li em outros comentários, mas, apesar de não impressionar, considero uma boa história. Em seu final patético, onde quase todos os personagens encontram um fim trágico, o diretor dá uma guinada e realiza outro desfecho logo em seguida, não levando nem um pouco a sério a finalização da obra. Apesar de encarado como mera distração por seu realizador, SELVAGENS merece ser visto.
Argo
3.9 2,5KCom uma introdução didática e eficiente para situar o espectador no tema do filme, o competente diretor Ben Affleck mostra um importante momento histórico americano, o início de todo o conflito com o Irã, que perdura até os dias de hoje. Affleck como protagonista continua decepcionando, pois em todos os momentos permanece com a mesma expressão, o mesmo olhar de peixe morto, mas como diretor impressiona a cada nova obra, e nessa sua 3ª incursão por trás das câmeras ele se supera. Uma produção tão bem feita como essa merece ao menos uma indicação ao Oscar, o que já seria um grande reconhecimento. Numa trama tensa e absurda, quase inacreditável, o roteiro mantém-se amarrado, e as cenas em que uma multidão ensandecida faz protestos na rua e invade a embaixada americana são as mais emocionantes, junto, claro, da cena emblemática no aeroporto, onde os 6 americanos tentam sair do Irã. Apesar de considerá-la um pouco surreal, este é o ápice da história, com aqueles guardas ameaçadores à espreita e a hora da decolagem que não chega nunca. Em ARGO não há interpretações marcantes, mas a história em si, interessante e envolvente, chama a atenção. Há personagens que quase não possuem falas. Com um elenco numeroso, não sobrou espaço pra todo mundo. Para abrandar tanta tensão e seriedade de uma trama política (mas nem um pouco enfadonha), há o núcleo hollywoodiano, muito bem bolado, com ótimas tiradas da dupla John Goodman e Alan Arkin, uma sacada criativa. Num filme cujo enredo possui alta voltagem, esses dois personagens nos fazem rir com suas ironias verdadeiras a respeito da indústria cinematográfica. O roteiro tratou de nos mostrar uma parte dessa história dos EUA sem cansar nem entediar o espectador com um didatismo sonolento, algo muito comum em temas políticos, relatando de forma contundente toda essa oposição existente entre EUA e Irã. Uma ótima opção de filme, engrandecedor ao invés de emburrecedor, como a maior parte das produções existentes hoje em dia. Ótimo!
Cosmópolis
2.7 1,0K Assista AgoraContrariando a opinião da maioria, não gostei! Nunca fui fã do Cronemberg, considero-o até meio lunático, e acredito que apenas 2 ou 3 filmes dele tenham me agradado. Ao mesmo tempo, não possuo tanta antipatia pelo trabalho do Pattinson, mas também não o julgo bom ator, na realidade ele é superestimado por alguns. Detendo-se ao filme, com toda sua crítica social embutida, a mensagem que transmite e a forma como nos é repassada não é das mais agradáveis e claras. Não me convenci e não me envolvi nem por um instante nessa trama de oprimidos e opressores, fracassados e bem sucedidos e que se utiliza de esquisitices como o uso de ratos para fazer alegoria ao homem atual, numa representação pra lá de mal colocada. Simplesmente não há para quem torcer. Sem meias palavras, achei esse filme muito ruim. Com sua pobreza de cenários, passado quase que totalmente e de forma claustrofóbica dentro de uma limusine; por seus diálogos chatos, intermináveis e sem sentido, que chegam a dar nos nervos; pelo mau aproveitamento do elenco secundário, a começar por Juliette Binoche, um grande nome do cinema europeu, que se prestou ao papel de brinquedo sexual do protagonista, desvalorizando completamente seu talento, só para fazer parte do filme de um diretor conceituado. O papo furado e pseudo filosófico dominam, o cansaço do espectador na tentativa de alcançar algum intento também. Como consolo para alguns atores coadjuvantes, aqueles que não têm muito o que dizer, acabaram sendo agraciados com uma aparência robótica. Para não perder a fama de garanhão, Pattinson faz sexo com quase a totalidade do elenco feminino, o que já se tornou habitual nos filmes de que participa. Da composição dos personagens ao roteiro confuso, tudo aqui soa esquisito, no que aparenta ser um futuro permeado por relações humanas falidas e desastrosas. Para alívio de quem não via a hora deste troço acabar, na reta final temos a sofrível participação de Paul Giamatti, maçante e sonolenta ao extremo. E aquela imolação à qual o protagonista se submete, dando um tiro na própria mão? Qual o sentido de tal besteira? Indico esta obra para pseudo intelectuais, metidos a intelectuais ou intelectuais propriamente ditos, que idolatram histórias em que nada acontece. Péssimo!
Elefante Branco
3.5 196 Assista AgoraIniciando a história num cenário que lembra o interior do Brasil (e apesar de não ter sido bem explicado na sinopse, acho que é mesmo), a trama trata basicamente de pobreza, favela, periferia e alguma esperança de dias melhores para pessoas que vivem à margem da sociedade, presas em sua ignorância e falta de oportunidade, sendo assistidas por padres e por uma assistente social, que tentam como podem colocar alguma ordem num ambiente tão degradante. Vemos a ocorrência de vários conflitos, as mazelas sociais existentes em lugares tão menosprezados pelo poder público e, é claro, os indefectíveis tiroteios, temas em que o brasileiro já está escolado. Essa é uma versão argentina mais fraca desses mesmos temas. Sobre a atuação do protagonista Ricardo Darín, o ator oferece uma interpretação apenas razoável como o padre que tenta intermediar os conflitos entre gangues rivais, assim como entre elas e a polícia. Ao contrário de filmes anteriores em que seu talento se sobressai, neste ele atua de forma apenas correta. Martina Guzman, presente em mais da metade dos filmes realizados pelo diretor Pablo Trapero, ficou relegada a 2º plano, não tendo a chance de demonstrar seu talento tão bem explorado no ótimo LEONERA (2008), e que repete a parceria com Darín iniciada em ABUTRES (2010), porém de um modo menos inspirado. Na luta para construir uma obra de grande importância para os moradores da favela (o tal elefante branco), com toda a dificuldade decorrente da falta de apoio oficial, presenciamos a luta de padres metidos a justiceiros, e o mais jovem deles ainda por cima é um galanteador, que bebe, fuma, flerta e pecaminosamente se envolve com a personagem de Martina. Nenhum dos atores convence em seu papel de homens da igreja, incluindo o próprio Darín. Com um falatório arrastado e chato no início, a trama só deslancha e atrai alguma atenção a partir da 1ª hora, que é quando surgem os momentos tensos. Essa nova empreitada de Trapero, um diretor argentino que considero promissor, não foi das mais acertadas, pelo contrário; com seu desfecho medíocre e total falta de originalidade, ELEFANTE BRANCO é uma obra decepcionante. Fraco!
Possessão
2.8 1,3K Assista AgoraO trailer, apesar de evidenciar ser mais do mesmo, alcançou o intuito de atiçar minha curiosidade. Depois de conferir a história... Nada demais! O roteiro e o elenco são fracos, os clichês de vários outros suspenses estão lá (família feliz que começa a ser atormentada, como isso cansa...), os personagens são rasos, superficiais, mal construídos e mal desenvolvidos. A fotografia não chama atenção. A trama é parada na maior parte do tempo e se durasse mais que sua hora e meia causaria sono. Os efeitos visuais não são grande coisa, a explicação sobre o conteúdo da caixa maléfica não convence ninguém. A história é semelhante a tudo que já se viu no gênero. Até a cena inicial é descartável, uma demonstração desnecessária do que o espírito do mal é capaz, e que não tem nada a ver com o desenrolar da trama. As ocasiões em que se sente algum medo são poucas, e a empolgação para o que o que está por vir não existe. Os sustos só aparecem na meia hora final, e ocorrem no piloto automático. Devido à imensa falta de criatividade deste roteiro, recomendo assistir em casa. O filme como um todo é tão desprovido de imaginação que, ao sair da sala de cinema, prontamente esquecemos o que foi visto, demonstrando de forma clara que aqui não há nada marcante, que seja capaz de nos causar arrepio ao trazer más lembranças na hora de dormir. E ter Sam Raimi como produtor, ou até mesmo como diretor (o que não é o caso aqui), pra mim nunca foi um grande diferencial. Algumas produções do diretor me agradaram, mas ter seu nome na ficha técnica jamais foi motivo para que eu me interessasse por um filme. Definitivamente, POSSESSÃO não vale a pena!