Os britânicos são mestres nas adaptações para o cinema dos romances de época de obras literárias. É fato constatar que as melhores produções das últimas décadas deste subgênero vem da ilha. As Asas do Amor não foge a essa regra. Extremamente técnico, o filme não apresenta nenhuma revolução estilística da linguagem audiovisual, mas segue a cartilha da perfeição em todos os seus requisitos: trilha sonora, roteiro, figurinos, fotografia, edição, montagem, direção de arte, direção geral. Tudo funciona pontualmente como um relógio. Há fluência narrativa. O filme desenvolve-se, cativando a atenção do espectador até a última cena. A atuação de Helena Boham-Carter é de primeira linha. Ela mais do que convence bem como a emocionalmente desequilibrada Kate Croy. A forma de composição da personagem, demonstrando o turbilhão emocional que vivia sem afetações dramáticas, foi que lhe garantiu diversas indicações de melhor atriz em várias premiações, incluindo o Oscar. Temos aqui uma história que obtém sucesso unindo o conteúdo temático e sua representação plástica em total harmonia.
Talvez o maior clássico das chanchadas (comédia tipicamente brasileira dos anos 50/60) produzida pelo extinto estúdio da Atlântida. O filme explora o absurdo dos acontecimentos decorrentes do fato improvável de um satélite caindo num galinheiro de uma propriedade humilde de uma zona rural do Brasil. O Homem do Sputnik ironiza com a realidade política e sócio-econômica-cultural da época não apenas a um nível local, mas internacionalmente - a guerra fria estava em seu auge. Os estereótipos dos agentes norte-americanos, soviéticos, franceses foram explorados ao máximo. Sobrou farpas até para as futilidades da 'high society' carioca. Impossível não sublinhar também a participação do lendário Oscarito. Sua interpretação como o matuto simplório detentor do satélite e elevado a celebridade define o seu talento. Curiosidade também ver Norma Bengell, fazendo referência a uma voluptuosa Brigitte Bardot, assim como Jô Soares na casa dos vinte e poucos anos. Carlos Manga consegue empreender um ritmo acelerado, tornando o filme extremamente agradável, até para os padrões atuais, no trabalho da edição e montagem. Altamente recomendado !
Um dos primeiros 'talkies' feito pela Paramount. Quando os filmes mudos alcançaram um elevado grau técnico e artístico em suas produções eis que chega o som para dificultar todo o trabalho e forçar os profissionais do segmento a se adaptarem a este novo recurso. Em Applause, o ambiente noturno do teatro burlesque de uma Nova Iorque em fervorosa é retratato com muitas sombras e muitos travelings de câmera fora do usual. Sobreposição de imagens, câmera subjetiva, panorâmicas, Tilt foram foram alguns dos movimentos de câmera vanguardistas para a época e que foram explorados nesse melodrama do final da década de 20. Adicionar o som, captando-o no ambiente sem grandes interferencias, sem perder a liberdade de movimentação dos personagens e sem atrapalhar a 'misce en scene' foi uma das tarefas mais árduas a serem feitas pelos pioneiros nesse periodo de transição. É possível perceber as oscilações do grave, agudo e mesmo do equilibrio do volume. O filme também apresenta outra característica que reside no fato do elenco ter sido tão bem dirigido que conseguiu conter, na maioria das vezes, o excesso de gesticulações e pantomimas inerentes ao pré-som. Ótimo exemplo do cinema aprendendo a 'falar'.
Pensem do que esperar de um filme cuja história se passa num vilarejo da extinta Alemanha Oriental durante o regime comunista e onde a maioria das cenas ocorrem dentro de um hospital ou no campo. Exatamente isso, tranquilidade absoluta. O filme é tão anti-ruído que os protagonistas quase sussuram para não interferirem na acústica do silêncio (depois que terminei de assistir fiquei tentando lembrar como era a voz da atriz principal). Esse detalhe, contudo, não é uma desculpa para desmerecer o filme, pelo contrário, Barbara é um daqueles trabalhos fora do eixo de produção do cinema industrial que merece ser descoberto. O elenco economiza nas palavras e o filme se desenvolve em cima das expressões, dos gestuais e dos olhares unidos com a sensibilidade. Talvez para se compatibilizar com o drama pelo qual cada um se encontra encarcerado seja internamente com seus conflitos, seja pelo totalitarismo de um país. Barbara, tanto a obra como a personagem título, estabelecem um tom de reserva contínuo que vai sendo desmontado a medida que vamos acessando sua privacidade. Através desse artíficio o roteiro consegue manter o interesse mesmo tendo de um ritmo lento de acontecimentos. A qualidade técnica da fotografia salta aos olhos. As atuações são bem dirigidas e os atores convincentes. Um saldo final mais do que positivo.
Um clássico 'trash' dos filmes de terror (terrir?). Um marco dos filmes 'gore' da década de oitenta que conquistou uma legião de fãs e se estabeleceu como uma das produções do subgênero mais lembradas. Aqui a Câmera, assustadoramente, em movimento de perseguição, assume o papel do protagonista principal: o do próprio capeta. Nada se compara a overdose de sangue, gosmas, grunhidos e efeitos especiais inegavelmente ultrapassados até mesmo para os filmes 'B' da época. Essa coletânea de adereços se constituem no charme de A Morte do Demônio. Esqueça as incongruências, as interpretações amadoras, os nonsensismos, as tosquices e a precariedade da produção. Afinal tudo foi feito com um orçamento de menos de 1 milhão de dolares em valores atualizados. Aproveite o excesso de imagens surreais, pois aqui a criatividade conceitual nao tem limites.
Ficção documental construida com base no depoimento de uma das secretarias pessoais de Hitler. O roteiro leva o espectador a uma imersão total durante os últimos momentos não só da vida de Hitler, enclausurado em seu bunker, mas também da resistência nazista numa Berlin sitiada pelos russos no final da 2ª guerra mundial. A Queda nos dá a chance de observarmos, de forma rara, a forma como os alemães contam a história de sua própria tragédia no campo cinematográfico, uma vez que a produção cinematográfica acerca do tema tem mais realizações dentro do eixo US-UK. Bruno Ganz e sua interpretação de um Hitler encurralado e dicotômico é um deleite a parte. Obrigatório !
Um dos trabalhos menos conhecidos do cineasta austríaco Josef Sternberg (diretor de O Anjo Azul com Marlene Dietrich), porém um dos mais sensíveis e refinados. O filme é de uma beleza visual ímpar. A direção de arte é extremamente sofisticada para época - e ainda para os dias atuais. Ela é realçada pela fotografia, que explora ostensivamente, pelo close up em 'soft focus', o magnetismo de uma das atrizes mais belas dos anos 20, Betty Compson. A câmera ainda vai além, denunciando uma época de transformações (maquinarias em operação) e desenvolvimento (grandes cargueiros e a 'skyline' de Nova Iorque) que se origina graças a força de uma parcela da população marginalizada. As lentes da filmadora de Sternberg sugere muito da essência do cinema europeu de vanguarda - seja dos expressionismo alemão seja da câmera olho de Dziga Vertov, misturado com a sofisticação da produção hollywoodiana. As Docas de Nova Iorque é um dos filmes que sofreram censura. Algumas cenas sugerem abertamente adultério e prostituição, que eram proibidas de serem exibidas ou sequer insinuadas.Tal acordo restritivo foi estabelecido entre os próprios estúdios, temerosos que leis mais severas por parte do governo fossem instituidas por pressão da igreja e de grupos conservadores. As Docas de Nova Iorque representa o grau do desenvolvimento técnico-artístico a que chegaram os filmes mudos ás vesperas do som fazer com que toda a índustria cinematográfica tivesse que se readaptar a uma nova experiência.
Após as antigas fórmulas de psicopatas sanguinários contumazes de adolescentes ababacados se esgotarem eis que aparece na década de noventa Wes Craven com sua franquia Pânico. Jason Voorhees, Mike Myers e Fred Krueger já não assustam mais de tanto que correram atrás de alvos fáceis, apáticos e acéfalos. O gênero precisava ser revitalizado e desenvolvido dentro de uma realidade menos ficcional e mais real. Em 'Scream' os jovens tem atitude e lutam até a última facada. Nada de virar presunto à toa. Quem vai ficar esperando o machado ser enterrado na cabeça se defendendo apenas com gritos histéricos ? O psicopta da geração pós-guerra fria sofre para abater suas vítimas. Muitas já são mais perturbadas mentalmente do que eles mesmos. Esfolar os filhos dos outros já não parece ser tão fácil como outrora. Em Pânico, o clássico habitual dos serial killers monstruosos ou recém fugidos dos manicômios é abandonado e agora o seu assassino pode ser alguem completamente 'normal' que convive com as vítimas e simplesmente pira. E isso, é de fato bem real hoje em dia, principalmente no cotidiano yankee (realidade resgatada para um medo concreto). O que Craven fez, juntamente com Kevin Williamson, na verdade foi reaproximar novamente o publico a este sub-gênero do suspense, já desgastado, e abrir um novo filão para tais projetos (Lenda Urbana, ...Eu Sei o Que Voces Fizeram no Verão Passado são alguns exemplos de algumas obras que tiveram sequências bem sucedidas e que seguiram o vácuo de Pânico). O filme em si é uma grande homenagem as clássicos passados como Halloween e Sexta-Feira 13 que são citados, literalmente, em várias cenas. Para padrões pós 2010, obviamente perdeu muito de seu efeito pavor, suplantado por novos formatos como Jogos Mortais, Premonição e remakes de clássicos 'gore' como O Massacre da Serra Elétrica entre outras produções viscerais que apelaram para o extremo da pornografia da violência visual e, até mesmo, sonora. Pânico é o terror teen atualizado, a matéria básica acaba sendo a mesma: uma garotada abaixo dos 21 anos, lâminas e muito sangue.
Um dos melhores filmes de época dos últimos anos. O filme envolve no seu conjunto: um roteiro coeso e dinâmico, interpretações verossímeis, direção de arte e de fotografia que não apenas nos grandes planos, mas nos detalhes, nos privilegiam com a perfeição. Para quem gosta de fatos históricos, o filme tem como ambientação e pano de fundo, uma Dinamarca reacionária ás mudanças que inevitavelmente seriam implementadas pelos novo pensamentos exaltados por Voltaire e Rousseau. A forma como os ideais iluministas provocaram as transformações necessárias para a modernização da Europa é uma das forças que vão conduzindo o filme ao seu clímax. São mais de duas horas é meia de exibição que não deixam o espectador fatigar.
Um dos filmes de referência, pelo seu valor histórico, no que tange ao gênero terror sobrenatural, Horror em Amityville, como é de se esperar, perde a força de impacto que o fez famoso em sua época. Mesmo 'out of date' and 'old fashioned' levando em consideração os efeitos especiais e a dramatização 'softcore' mais lenta, ele mantém certo interesse sobretudo nas interpretações, destaque para o padre Delaney (Rod Steiger). Dificilmente, hoje em dia, sua fórmula teria sucesso uma vez que os filmes para assustar possuem uma cota mínima de mutilações e de galões de sangue para enfeitar o cenário, construir o clímax e conquistar o público. Aqui o filme se estrutura no medo que deriva mais da percepção dos pernsagens da presença maligna a sua volta, do que pelas imagens explícitas de cadaveres reanimados, fantasmas pairando pelos cômodos e personagens possuídos e se contorcendo.
Um filme que tem uma boa proposta, mas que acaba se sabotando na tentativa de criar um suspense de exceção. Nada de relevante acontece em seus primeiros 40 minutos de exibição que possam integrar o expectador à história e que o faça manter a atenção. Quem suportar essa fase inicial, que pode parecer infinita, será recompensado com uma certa engenhosidade de construção da trama pelo diretor/roteirista Joko Anwar. O problema é que quando o filme deslancha, a paciência já foi para os ares.
Um filme com Tom Cruise, pelo menos uma coisa é garantida: uma super produçao.Em Oblivion Tom Cruise tenta ir além do 'óbvio' e utilizando esta ficção científica recheada de ações e muita CGI dialóga com o que é indelével a natureza humana: as lembranças de felicidade e satisfação. O roteiro pode ser que não seja, figurativamente, uma coisa do outro mundo e nem injete no espectador uma adrenalina incontrolável de emoçoes, porém se destaca no esforço em substanciar toda a ação com metáforas poéticas que se expandem e se aprofundam para além da proposta evidente do puro filme de entretenimento.
Filme de ação com muita violência e pirotecnia. Não sobrou muita criatividade para se montar um roteiro atraente a não ser pelo uso ostensivo, exaustivo e extenuante de todos os clichês que tem direito. É como se o diretor estivesse seguindo a cartilha de filmes sobre invasão nos Estados Unidos com todo o empenho e ufanismo possíveis. Em alguns momentos da narrativa, o roteiro tenta se desviar do óbvio, mas o filme é de uma privisibilidade clássica. Para qualquer blockbuster hollywoodiano que trate do tema o filme não faz vergonha. Ótima sugestão para quem curte muito barulho e pouco diálogo.
Mama tenta realizar um terror poético, mas acaba recaindo nos clichês e substimando a inteligência do espectador. Isso porque muitas das ações dos personagens contrariam o mínimo de bom senso que se espera de um ser pensante. Jessica Chainstain tenta fazer marketing panfletando que aceita trabalhos em filme de todos os gêneros, já que não precisa se esforçar para se adaptar. Seu personagem vai ser o mesmo em todos eles: o inexpressivo. Destaque do filme vai para a paleta de cores de tom escuro do preto ao cinza e azul fosco. Uma fotografia com muitos planos abertos e que explora a profundidade de campo. Essa é uma caracteristica recorrente a filmes com a marca Guillermo Del Toro seja como diretor ou produtor, que é a sua atribuição oficial neste caso, assim como em O Orfanato. O filme oscila com algumas cenas bem legais, mas despenca com outras patéticas. Faltou a marca do diretor neste processo.
Mais um clássico das histórias infantis com uma uma adptação turbinada a "la Hollywood". O filme cumpre a sua missão de entretenimento sem nenhuma surpresa. Muitos efeitos especiais e todos os clichês que o gênero aventura/fantasia/comédia/romance tem direito. Pipoca á vista !
Melodrama rural que não empolga. Destaques: A fotografia, a direção de de arte e as atuações. O Pesar: o roteiro. Este não se atreve a destrinchar as questões que poderiam ser melhor exploradas e se mantém na superficialidade, sendo omisso nos temas que propõe. O resultado disso é muita conversa para pouco assunto. É notória, também, a mudança de caráter das personagens de uma cena para a outra sem motivações que o consubstanciem. Este tipo de construção ficou confusa, quebrou a coerencia narrativa e o distanciou do real. Por mais encarcerados em seus traumas individuais, as oscilações de comportamento tendem a um exagero. As atuações de Lange, Pfeiffer e Robards são os verdadeiros atrativos do filme salvando-o da ordinariedade e pieguice completa. Curioso também ver Colin Firth e uma Michelle Williams em formação.
Um dos cults dos adolescentes da década de 80. Faz parte do conjunto de filmes realizados por John Hughes (1950-2009) que tratava do comportamento dos jovens americanos e suas dificuldades de inserção dentro da sociedade. O tom leve, cômico e com toques de ironia não evita que possamos observar o valor reflexivo, notório, sobre essa geração pós-guerra (Vietnã). Nesta lista incluem-se filmes como O Clube dos Cinco, Curtindo A Vida Adoidado, Gatinhas e Gatões. A Garota de Rosa Shocking foi um dos últimos filmes dessa fase e as idéias aqui já não apresentavam maior efetividade junto ao público como antes, fazendo com que os teen-movies neste formato fossem sendo mitigados. Destaques especificamente neste filme vai para a sensibilidade de Hughes em organizar e disciplinar a intensidade dramática sem utilizar recursos excessivos de clichês. Detalhe importante é que a sinopse postada aqui no Filmow é completamente alienada ao plot do filme. Nada haver mesmo.
Cativante e inteligente, Os Croods consegue o equilíbrio perfeito para agradar tanto o público adulto quanto o infanto-juvenil. A idéia central é encontro entre o homem pré-histórico, o clássico homem das cavernas, e o Homo Sapiens dentro de um planeta em plena transformação geo-climática. Os conflitos que irão derivar das situações são no mínimo criativamente hilários. Os personagens são ricos em suas caracterísitcas individuais. É impossível não nos identificarmos com alguns deles. Animação de primeira qualidade em todos os seus aspectos.
Acredito na liberdade de criação cinematográfica, mas não vejo como uma boa saída para o cinema pernambucano realizar produções tão experimentais que sua exibição acabe se resumindo unicamente a festivais e circuitos alternativos. Jardim Atlântico seguiu uma linha de desenvolvimento narrativo tão fiel a cartilha da autoralidade que é impossivel assistí-lo e não concluir que a autoralidade aqui é quase nula. Se trata de uma homenagem ao cinema novo ou a nouvelle vague por um fã universitário querendo se afirmar (vejo isso ocorrendo de forma tão corriqueira em trabalhos universitários)? O recorte de informações que formam esse 'patchwork' é tão abrangente que me pareceu um almanaque de citações a cineastas brasileiros e europeus. Se tudo isso funcionasse, pelo menos teríamos como desculpa que o filme é assistível e não duramente assistível. Podemos extrair seu conceito em menos de 20 minutos dentro dos 90 que são exibidos. Há uma avalanche de sequencias desnecessárias e que o único propósito de terem sido incluídas ainda estou me perguntando. Ainda espero mais do nosso cinema do que um conjunto de imagens comungadas por uma parcela ínfima de público a serviço de uma comunidade de realizadores corporativistas.
O mundo da animação é perfeito. Qualquer roteiro é facilmente capaz de ser executado dentro deste universo. A excelência passa a ser então a construção de uma história que consiga unir as novas tecnologias com criatividade e carisma, dentro de uma moral que soluciona o filme de uma forma positiva. A Disney sempre foi o lugar certo para isso. Dar personalidade a figuras clássicas - e nostálgicas - dos games foi de grande inspiração. A referência aos animes japoneses é inegável na ambientação e nos traços utlizados em Detona Ralph, uma vez que é de lá quem vem os mais tradicionais e conhecidos gráficos e plataformas de jogos eletrônicos. O resultado é uma explosão de cores. Para algumas dessas personagens talvez o roteiro devesse ter trabalhando no sentido de torná-las mais intensas e contrastantes, mesmo assim o resultado final é altamente satisfatório. Filme que agradará a crianças, adolescentes e adultos.
O que dizer de A Fuga ? Outro filme de ação que irá se acumular junto com tantos outros que já assistimos e cujas marcas deixadas serão nulas num curtíssimo espaço de tempo. A densidade dramática dos personagens perde força quando o roteiro não se aprofunda nos motivos que os pertubam, que os movem, deixando o espectador às suas próprias conjecturas e a degustar uma violência desenfreada. Essa foi a vertente pela qual o filme optou: e isso cansa ! A fórmula de reconstrução familiar diante da pressão extrema é clichê em filmes de gênero. Seu uso, já desgastado, também se opera, debilmente. Pelo menos temos Sissy Spacek como a mãe, com movimentos, olhares e gestos que até esquecemos, naqueles instantes, da produção apelativa em que ela se meteu.
Embarcando na fábula fica muito mais fácil gostar do filme. Desarme-se ao assistir Oz: Mágico e Poderoso. Isto porque seu senso crítico - que será testado impiedosamente diversas vezes - pode impedir que você perceba o que realmente importa: as cores, os efeitos especiais, as metáforas poéticas e a boneca de porcelana. Sam Raimi (diretor, entre outros, da primeira trilogia do homem-aranha e de clássicos 'gore' como A Morte do Demônio) é o maestro do cenário de fantasia nesta produção que tem como alvo principal o publico infanto-juvenil. Embora os tijolos amarelos desta nova aventura em Oz não tenham o mesmo brilho e o charme nostálgico do clássico O Mágico de Oz de 1939, pelo menos atende aos propósitos de entretenimento com um percentual de violência menor do que estamos habituados a ver em filmes com essa classificação.
João e Maria é uma mistura de Abraham Lincoln O Caçador de Vampiros e Van Helsing, apenas troque o vampiro pelas bruxas, ponha-os em trajes futuristas fazendo uso de uma artilharia de última geração e assim você estará escutando a mesma valsa. O filme gera uma expectativa em se ter um roteiro mais bem elaborado uma vez que trata de personagens de histórias infantis conhecidos universalmente. Mas é isso que acontece, correto ? Ledo engano. O histórico de João e Maria é apenas pincelado e a estrutura emocional das personagens tem a profundidade de um pires. Muitas cenas tem o plano tão escuro que mal podemos identificar os deslances. Nem se analisarmos o único motivo que nos resta para avaliar a existencia deste longa, os efeitos visuais, sejam eles a maquiagem ou de computação gráfica, salva o filme da mediocridade de tão toscos e rudimentares que são.
O que falar das Aventuras de Pi senão de que se trata de um espetáculo visual. Uma orgia de cores e imagens associados a um pensamento poético que não me recordo em ter assistido em qualquer outro trabalho. Pura experiência cinematográfica. Discursar sobre As Aventuras de Pi é inócuo, assistir é obrigatório. Ang Lee com carga máxima de emoção abusando da melhor forma possível dos recursos do CGI.
Asas do Amor
3.5 22 Assista AgoraOs britânicos são mestres nas adaptações para o cinema dos romances de época de obras literárias. É fato constatar que as melhores produções das últimas décadas deste subgênero vem da ilha. As Asas do Amor não foge a essa regra. Extremamente técnico, o filme não apresenta nenhuma revolução estilística da linguagem audiovisual, mas segue a cartilha da perfeição em todos os seus requisitos: trilha sonora, roteiro, figurinos, fotografia, edição, montagem, direção de arte, direção geral. Tudo funciona pontualmente como um relógio. Há fluência narrativa. O filme desenvolve-se, cativando a atenção do espectador até a última cena. A atuação de Helena Boham-Carter é de primeira linha. Ela mais do que convence bem como a emocionalmente desequilibrada Kate Croy. A forma de composição da personagem, demonstrando o turbilhão emocional que vivia sem afetações dramáticas, foi que lhe garantiu diversas indicações de melhor atriz em várias premiações, incluindo o Oscar. Temos aqui uma história que obtém sucesso unindo o conteúdo temático e sua representação plástica em total harmonia.
O Homem do Sputnik
3.8 30Talvez o maior clássico das chanchadas (comédia tipicamente brasileira dos anos 50/60) produzida pelo extinto estúdio da Atlântida. O filme explora o absurdo dos acontecimentos decorrentes do fato improvável de um satélite caindo num galinheiro de uma propriedade humilde de uma zona rural do Brasil. O Homem do Sputnik ironiza com a realidade política e sócio-econômica-cultural da época não apenas a um nível local, mas internacionalmente - a guerra fria estava em seu auge. Os estereótipos dos agentes norte-americanos, soviéticos, franceses foram explorados ao máximo. Sobrou farpas até para as futilidades da 'high society' carioca. Impossível não sublinhar também a participação do lendário Oscarito. Sua interpretação como o matuto simplório detentor do satélite e elevado a celebridade define o seu talento. Curiosidade também ver Norma Bengell, fazendo referência a uma voluptuosa Brigitte Bardot, assim como Jô Soares na casa dos vinte e poucos anos. Carlos Manga consegue empreender um ritmo acelerado, tornando o filme extremamente agradável, até para os padrões atuais, no trabalho da edição e montagem. Altamente recomendado !
Applause
3.1 2Um dos primeiros 'talkies' feito pela Paramount. Quando os filmes mudos alcançaram um elevado grau técnico e artístico em suas produções eis que chega o som para dificultar todo o trabalho e forçar os profissionais do segmento a se adaptarem a este novo recurso. Em Applause, o ambiente noturno do teatro burlesque de uma Nova Iorque em fervorosa é retratato com muitas sombras e muitos travelings de câmera fora do usual. Sobreposição de imagens, câmera subjetiva, panorâmicas, Tilt foram foram alguns dos movimentos de câmera vanguardistas para a época e que foram explorados nesse melodrama do final da década de 20. Adicionar o som, captando-o no ambiente sem grandes interferencias, sem perder a liberdade de movimentação dos personagens e sem atrapalhar a 'misce en scene' foi uma das tarefas mais árduas a serem feitas pelos pioneiros nesse periodo de transição. É possível perceber as oscilações do grave, agudo e mesmo do equilibrio do volume. O filme também apresenta outra característica que reside no fato do elenco ter sido tão bem dirigido que conseguiu conter, na maioria das vezes, o excesso de gesticulações e pantomimas inerentes ao pré-som. Ótimo exemplo do cinema aprendendo a 'falar'.
Bárbara
3.5 88 Assista AgoraPensem do que esperar de um filme cuja história se passa num vilarejo da extinta Alemanha Oriental durante o regime comunista e onde a maioria das cenas ocorrem dentro de um hospital ou no campo. Exatamente isso, tranquilidade absoluta. O filme é tão anti-ruído que os protagonistas quase sussuram para não interferirem na acústica do silêncio (depois que terminei de assistir fiquei tentando lembrar como era a voz da atriz principal). Esse detalhe, contudo, não é uma desculpa para desmerecer o filme, pelo contrário, Barbara é um daqueles trabalhos fora do eixo de produção do cinema industrial que merece ser descoberto. O elenco economiza nas palavras e o filme se desenvolve em cima das expressões, dos gestuais e dos olhares unidos com a sensibilidade. Talvez para se compatibilizar com o drama pelo qual cada um se encontra encarcerado seja internamente com seus conflitos, seja pelo totalitarismo de um país. Barbara, tanto a obra como a personagem título, estabelecem um tom de reserva contínuo que vai sendo desmontado a medida que vamos acessando sua privacidade. Através desse artíficio o roteiro consegue manter o interesse mesmo tendo de um ritmo lento de acontecimentos. A qualidade técnica da fotografia salta aos olhos. As atuações são bem dirigidas e os atores convincentes. Um saldo final mais do que positivo.
Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio
3.8 1,4K Assista AgoraUm clássico 'trash' dos filmes de terror (terrir?). Um marco dos filmes 'gore' da década de oitenta que conquistou uma legião de fãs e se estabeleceu como uma das produções do subgênero mais lembradas. Aqui a Câmera, assustadoramente, em movimento de perseguição, assume o papel do protagonista principal: o do próprio capeta. Nada se compara a overdose de sangue, gosmas, grunhidos e efeitos especiais inegavelmente ultrapassados até mesmo para os filmes 'B' da época. Essa coletânea de adereços se constituem no charme de A Morte do Demônio. Esqueça as incongruências, as interpretações amadoras, os nonsensismos, as tosquices e a precariedade da produção. Afinal tudo foi feito com um orçamento de menos de 1 milhão de dolares em valores atualizados. Aproveite o excesso de imagens surreais, pois aqui a criatividade conceitual nao tem limites.
A Queda! As Últimas Horas de Hitler
4.1 775Ficção documental construida com base no depoimento de uma das secretarias pessoais de Hitler. O roteiro leva o espectador a uma imersão total durante os últimos momentos não só da vida de Hitler, enclausurado em seu bunker, mas também da resistência nazista numa Berlin sitiada pelos russos no final da 2ª guerra mundial. A Queda nos dá a chance de observarmos, de forma rara, a forma como os alemães contam a história de sua própria tragédia no campo cinematográfico, uma vez que a produção cinematográfica acerca do tema tem mais realizações dentro do eixo US-UK. Bruno Ganz e sua interpretação de um Hitler encurralado e dicotômico é um deleite a parte. Obrigatório !
Docas de Nova York
3.8 20Um dos trabalhos menos conhecidos do cineasta austríaco Josef Sternberg (diretor de O Anjo Azul com Marlene Dietrich), porém um dos mais sensíveis e refinados. O filme é de uma beleza visual ímpar. A direção de arte é extremamente sofisticada para época - e ainda para os dias atuais. Ela é realçada pela fotografia, que explora ostensivamente, pelo close up em 'soft focus', o magnetismo de uma das atrizes mais belas dos anos 20, Betty Compson. A câmera ainda vai além, denunciando uma época de transformações (maquinarias em operação) e desenvolvimento (grandes cargueiros e a 'skyline' de Nova Iorque) que se origina graças a força de uma parcela da população marginalizada. As lentes da filmadora de Sternberg sugere muito da essência do cinema europeu de vanguarda - seja dos expressionismo alemão seja da câmera olho de Dziga Vertov, misturado com a sofisticação da produção hollywoodiana. As Docas de Nova Iorque é um dos filmes que sofreram censura. Algumas cenas sugerem abertamente adultério e prostituição, que eram proibidas de serem exibidas ou sequer insinuadas.Tal acordo restritivo foi estabelecido entre os próprios estúdios, temerosos que leis mais severas por parte do governo fossem instituidas por pressão da igreja e de grupos conservadores. As Docas de Nova Iorque representa o grau do desenvolvimento técnico-artístico a que chegaram os filmes mudos ás vesperas do som fazer com que toda a índustria cinematográfica tivesse que se readaptar a uma nova experiência.
Pânico
3.6 1,6K Assista AgoraApós as antigas fórmulas de psicopatas sanguinários contumazes de adolescentes ababacados se esgotarem eis que aparece na década de noventa Wes Craven com sua franquia Pânico. Jason Voorhees, Mike Myers e Fred Krueger já não assustam mais de tanto que correram atrás de alvos fáceis, apáticos e acéfalos. O gênero precisava ser revitalizado e desenvolvido dentro de uma realidade menos ficcional e mais real. Em 'Scream' os jovens tem atitude e lutam até a última facada. Nada de virar presunto à toa. Quem vai ficar esperando o machado ser enterrado na cabeça se defendendo apenas com gritos histéricos ? O psicopta da geração pós-guerra fria sofre para abater suas vítimas. Muitas já são mais perturbadas mentalmente do que eles mesmos. Esfolar os filhos dos outros já não parece ser tão fácil como outrora. Em Pânico, o clássico habitual dos serial killers monstruosos ou recém fugidos dos manicômios é abandonado e agora o seu assassino pode ser alguem completamente 'normal' que convive com as vítimas e simplesmente pira. E isso, é de fato bem real hoje em dia, principalmente no cotidiano yankee (realidade resgatada para um medo concreto). O que Craven fez, juntamente com Kevin Williamson, na verdade foi reaproximar novamente o publico a este sub-gênero do suspense, já desgastado, e abrir um novo filão para tais projetos (Lenda Urbana, ...Eu Sei o Que Voces Fizeram no Verão Passado são alguns exemplos de algumas obras que tiveram sequências bem sucedidas e que seguiram o vácuo de Pânico). O filme em si é uma grande homenagem as clássicos passados como Halloween e Sexta-Feira 13 que são citados, literalmente, em várias cenas. Para padrões pós 2010, obviamente perdeu muito de seu efeito pavor, suplantado por novos formatos como Jogos Mortais, Premonição e remakes de clássicos 'gore' como O Massacre da Serra Elétrica entre outras produções viscerais que apelaram para o extremo da pornografia da violência visual e, até mesmo, sonora. Pânico é o terror teen atualizado, a matéria básica acaba sendo a mesma: uma garotada abaixo dos 21 anos, lâminas e muito sangue.
O Amante da Rainha
4.0 365 Assista AgoraUm dos melhores filmes de época dos últimos anos. O filme envolve no seu conjunto: um roteiro coeso e dinâmico, interpretações verossímeis, direção de arte e de fotografia que não apenas nos grandes planos, mas nos detalhes, nos privilegiam com a perfeição. Para quem gosta de fatos históricos, o filme tem como ambientação e pano de fundo, uma Dinamarca reacionária ás mudanças que inevitavelmente seriam implementadas pelos novo pensamentos exaltados por Voltaire e Rousseau. A forma como os ideais iluministas provocaram as transformações necessárias para a modernização da Europa é uma das forças que vão conduzindo o filme ao seu clímax. São mais de duas horas é meia de exibição que não deixam o espectador fatigar.
Terror em Amityville
3.3 290 Assista AgoraUm dos filmes de referência, pelo seu valor histórico, no que tange ao gênero terror sobrenatural, Horror em Amityville, como é de se esperar, perde a força de impacto que o fez famoso em sua época. Mesmo 'out of date' and 'old fashioned' levando em consideração os efeitos especiais e a dramatização 'softcore' mais lenta, ele mantém certo interesse sobretudo nas interpretações, destaque para o padre Delaney (Rod Steiger). Dificilmente, hoje em dia, sua fórmula teria sucesso uma vez que os filmes para assustar possuem uma cota mínima de mutilações e de galões de sangue para enfeitar o cenário, construir o clímax e conquistar o público. Aqui o filme se estrutura no medo que deriva mais da percepção dos pernsagens da presença maligna a sua volta, do que pelas imagens explícitas de cadaveres reanimados, fantasmas pairando pelos cômodos e personagens possuídos e se contorcendo.
Modus Anomali
2.9 38Um filme que tem uma boa proposta, mas que acaba se sabotando na tentativa de criar um suspense de exceção. Nada de relevante acontece em seus primeiros 40 minutos de exibição que possam integrar o expectador à história e que o faça manter a atenção. Quem suportar essa fase inicial, que pode parecer infinita, será recompensado com uma certa engenhosidade de construção da trama pelo diretor/roteirista Joko Anwar. O problema é que quando o filme deslancha, a paciência já foi para os ares.
Oblivion
3.2 1,7K Assista AgoraUm filme com Tom Cruise, pelo menos uma coisa é garantida: uma super produçao.Em Oblivion Tom Cruise tenta ir além do 'óbvio' e utilizando esta ficção científica recheada de ações e muita CGI dialóga com o que é indelével a natureza humana: as lembranças de felicidade e satisfação. O roteiro pode ser que não seja, figurativamente, uma coisa do outro mundo e nem injete no espectador uma adrenalina incontrolável de emoçoes, porém se destaca no esforço em substanciar toda a ação com metáforas poéticas que se expandem e se aprofundam para além da proposta evidente do puro filme de entretenimento.
Invasão à Casa Branca
3.3 786 Assista AgoraFilme de ação com muita violência e pirotecnia. Não sobrou muita criatividade para se montar um roteiro atraente a não ser pelo uso ostensivo, exaustivo e extenuante de todos os clichês que tem direito. É como se o diretor estivesse seguindo a cartilha de filmes sobre invasão nos Estados Unidos com todo o empenho e ufanismo possíveis. Em alguns momentos da narrativa, o roteiro tenta se desviar do óbvio, mas o filme é de uma privisibilidade clássica. Para qualquer blockbuster hollywoodiano que trate do tema o filme não faz vergonha. Ótima sugestão para quem curte muito barulho e pouco diálogo.
Mama
3.0 2,8K Assista AgoraMama tenta realizar um terror poético, mas acaba recaindo nos clichês e substimando a inteligência do espectador. Isso porque muitas das ações dos personagens contrariam o mínimo de bom senso que se espera de um ser pensante. Jessica Chainstain tenta fazer marketing panfletando que aceita trabalhos em filme de todos os gêneros, já que não precisa se esforçar para se adaptar. Seu personagem vai ser o mesmo em todos eles: o inexpressivo. Destaque do filme vai para a paleta de cores de tom escuro do preto ao cinza e azul fosco. Uma fotografia com muitos planos abertos e que explora a profundidade de campo. Essa é uma caracteristica recorrente a filmes com a marca Guillermo Del Toro seja como diretor ou produtor, que é a sua atribuição oficial neste caso, assim como em O Orfanato. O filme oscila com algumas cenas bem legais, mas despenca com outras patéticas. Faltou a marca do diretor neste processo.
Jack, o Caçador de Gigantes
3.0 892 Assista AgoraMais um clássico das histórias infantis com uma uma adptação turbinada a "la Hollywood". O filme cumpre a sua missão de entretenimento sem nenhuma surpresa. Muitos efeitos especiais e todos os clichês que o gênero aventura/fantasia/comédia/romance tem direito. Pipoca á vista !
Terras Perdidas
3.4 23Melodrama rural que não empolga. Destaques: A fotografia, a direção de de arte e as atuações. O Pesar: o roteiro. Este não se atreve a destrinchar as questões que poderiam ser melhor exploradas e se mantém na superficialidade, sendo omisso nos temas que propõe. O resultado disso é muita conversa para pouco assunto. É notória, também, a mudança de caráter das personagens de uma cena para a outra sem motivações que o consubstanciem. Este tipo de construção ficou confusa, quebrou a coerencia narrativa e o distanciou do real. Por mais encarcerados em seus traumas individuais, as oscilações de comportamento tendem a um exagero. As atuações de Lange, Pfeiffer e Robards são os verdadeiros atrativos do filme salvando-o da ordinariedade e pieguice completa. Curioso também ver Colin Firth e uma Michelle Williams em formação.
A Garota de Rosa-Shocking
3.6 535 Assista AgoraUm dos cults dos adolescentes da década de 80. Faz parte do conjunto de filmes realizados por John Hughes (1950-2009) que tratava do comportamento dos jovens americanos e suas dificuldades de inserção dentro da sociedade. O tom leve, cômico e com toques de ironia não evita que possamos observar o valor reflexivo, notório, sobre essa geração pós-guerra (Vietnã). Nesta lista incluem-se filmes como O Clube dos Cinco, Curtindo A Vida Adoidado, Gatinhas e Gatões. A Garota de Rosa Shocking foi um dos últimos filmes dessa fase e as idéias aqui já não apresentavam maior efetividade junto ao público como antes, fazendo com que os teen-movies neste formato fossem sendo mitigados. Destaques especificamente neste filme vai para a sensibilidade de Hughes em organizar e disciplinar a intensidade dramática sem utilizar recursos excessivos de clichês.
Detalhe importante é que a sinopse postada aqui no Filmow é completamente alienada ao plot do filme. Nada haver mesmo.
Os Croods
3.7 1,1K Assista AgoraCativante e inteligente, Os Croods consegue o equilíbrio perfeito para agradar tanto o público adulto quanto o infanto-juvenil. A idéia central é encontro entre o homem pré-histórico, o clássico homem das cavernas, e o Homo Sapiens dentro de um planeta em plena transformação geo-climática. Os conflitos que irão derivar das situações são no mínimo criativamente hilários. Os personagens são ricos em suas caracterísitcas individuais. É impossível não nos identificarmos com alguns deles. Animação de primeira qualidade em todos os seus aspectos.
Jardim Atlântico
3.0 11Acredito na liberdade de criação cinematográfica, mas não vejo como uma boa saída para o cinema pernambucano realizar produções tão experimentais que sua exibição acabe se resumindo unicamente a festivais e circuitos alternativos. Jardim Atlântico seguiu uma linha de desenvolvimento narrativo tão fiel a cartilha da autoralidade que é impossivel assistí-lo e não concluir que a autoralidade aqui é quase nula. Se trata de uma homenagem ao cinema novo ou a nouvelle vague por um fã universitário querendo se afirmar (vejo isso ocorrendo de forma tão corriqueira em trabalhos universitários)? O recorte de informações que formam esse 'patchwork' é tão abrangente que me pareceu um almanaque de citações a cineastas brasileiros e europeus. Se tudo isso funcionasse, pelo menos teríamos como desculpa que o filme é assistível e não duramente assistível. Podemos extrair seu conceito em menos de 20 minutos dentro dos 90 que são exibidos. Há uma avalanche de sequencias desnecessárias e que o único propósito de terem sido incluídas ainda estou me perguntando. Ainda espero mais do nosso cinema do que um conjunto de imagens comungadas por uma parcela ínfima de público a serviço de uma comunidade de realizadores corporativistas.
Detona Ralph
3.9 2,6K Assista AgoraO mundo da animação é perfeito. Qualquer roteiro é facilmente capaz de ser executado dentro deste universo. A excelência passa a ser então a construção de uma história que consiga unir as novas tecnologias com criatividade e carisma, dentro de uma moral que soluciona o filme de uma forma positiva. A Disney sempre foi o lugar certo para isso. Dar personalidade a figuras clássicas - e nostálgicas - dos games foi de grande inspiração. A referência aos animes japoneses é inegável na ambientação e nos traços utlizados em Detona Ralph, uma vez que é de lá quem vem os mais tradicionais e conhecidos gráficos e plataformas de jogos eletrônicos. O resultado é uma explosão de cores. Para algumas dessas personagens talvez o roteiro devesse ter trabalhando no sentido de torná-las mais intensas e contrastantes, mesmo assim o resultado final é altamente satisfatório. Filme que agradará a crianças, adolescentes e adultos.
A Fuga
2.8 262 Assista AgoraO que dizer de A Fuga ? Outro filme de ação que irá se acumular junto com tantos outros que já assistimos e cujas marcas deixadas serão nulas num curtíssimo espaço de tempo. A densidade dramática dos personagens perde força quando o roteiro não se aprofunda nos motivos que os pertubam, que os movem, deixando o espectador às suas próprias conjecturas e a degustar uma violência desenfreada. Essa foi a vertente pela qual o filme optou: e isso cansa ! A fórmula de reconstrução familiar diante da pressão extrema é clichê em filmes de gênero. Seu uso, já desgastado, também se opera, debilmente. Pelo menos temos Sissy Spacek como a mãe, com movimentos, olhares e gestos que até esquecemos, naqueles instantes, da produção apelativa em que ela se meteu.
Oz: Mágico e Poderoso
3.2 2,1K Assista AgoraEmbarcando na fábula fica muito mais fácil gostar do filme. Desarme-se ao assistir Oz: Mágico e Poderoso. Isto porque seu senso crítico - que será testado impiedosamente diversas vezes - pode impedir que você perceba o que realmente importa: as cores, os efeitos especiais, as metáforas poéticas e a boneca de porcelana. Sam Raimi (diretor, entre outros, da primeira trilogia do homem-aranha e de clássicos 'gore' como A Morte do Demônio) é o maestro do cenário de fantasia nesta produção que tem como alvo principal o publico infanto-juvenil. Embora os tijolos amarelos desta nova aventura em Oz não tenham o mesmo brilho e o charme nostálgico do clássico O Mágico de Oz de 1939, pelo menos atende aos propósitos de entretenimento com um percentual de violência menor do que estamos habituados a ver em filmes com essa classificação.
João e Maria: Caçadores de Bruxas
3.2 2,8K Assista AgoraJoão e Maria é uma mistura de Abraham Lincoln O Caçador de Vampiros e Van Helsing, apenas troque o vampiro pelas bruxas, ponha-os em trajes futuristas fazendo uso de uma artilharia de última geração e assim você estará escutando a mesma valsa. O filme gera uma expectativa em se ter um roteiro mais bem elaborado uma vez que trata de personagens de histórias infantis conhecidos universalmente. Mas é isso que acontece, correto ? Ledo engano. O histórico de João e Maria é apenas pincelado e a estrutura emocional das personagens tem a profundidade de um pires. Muitas cenas tem o plano tão escuro que mal podemos identificar os deslances. Nem se analisarmos o único motivo que nos resta para avaliar a existencia deste longa, os efeitos visuais, sejam eles a maquiagem ou de computação gráfica, salva o filme da mediocridade de tão toscos e rudimentares que são.
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KO que falar das Aventuras de Pi senão de que se trata de um espetáculo visual. Uma orgia de cores e imagens associados a um pensamento poético que não me recordo em ter assistido em qualquer outro trabalho. Pura experiência cinematográfica. Discursar sobre As Aventuras de Pi é inócuo, assistir é obrigatório. Ang Lee com carga máxima de emoção abusando da melhor forma possível dos recursos do CGI.