Uma super produção dinamarquesa com cara de blockbuster hollywoodiano ! A aventura oceânica Kon-Tiki surpreende pela beleza de imagens e a fluidez do roteiro. Os personagens apresentam perfis bem definidos e o desenvolvimento dos conflitos psicológicos do desbravador Thor Heyerdahl vão sendo evidenciados a medida que Kon-Tiki avança. Exageros e estravagâncias vão alinhavando o filme, mas para narrar uma jornada como essa, só utilizando muita fantasia e efeitos visuais.
Aqui se tem a prova que a despretenciosidade pode gerar bons resultados. O governo ditatorial de Pinochet é destrinhchado nas campanhas publicitárias dos que eram pelo Sim e pelo Não da manutenção do general no poder, no plebiscito que encerrou o regime autoritário mais sangrento de toda América Latina. Cativante do início ao fim, o filme faz um mix de denúncias e esperança com toques de humor, seguindo o tom da proposta de renovação dos partidários do Sim. A forma como a publicidade é explorada pelos dois lados, em conformidade com seus propósitos, é por onde segue a linha narrativa que explora aquele momento específico que vive o país. O diretor intercala imagens de época dos acontecimentos reais dentro da diegese, realçando a seriedade do tema, aproximando-o. Em No a tensão típica dos filmes políticos é amenizada por um discurso menos agressivo, focado na mudança do regime opressivo por uma sociedade que utliliza os meios pacíficos para isso. Gael Garcia Bernal, com sua típica cara de paisagem, atua de forma regular e não interfere no resultado final do conjunto. O filme está recheado de metáforas que merecem ser descobertas. Não as revelarei para não se tornarem spoilers. Com No o Pablo/Larraín/Pedro Peirano pontua que o Chile a partir daquele momento não esqueceu suas tragédias, mas anseia pelo novo futuro.
Sabe aqueles filmes que se o espectador consegue suportar a primeira uma hora as chances de conseguir concluir aumentam significativamente ? É assim que se dá a A Hora Mais Escura. Os primeiros instantes de apresentação dos personagens e os discursos técnicos e políticos que o filme constrói numa intersecção de realidade e ficção são tão maçantes e truncados que eu desafio alguem que tenha compreendido 100% das razões que são debatidas. Não o óbvio, mas todo o processo. É necessário um agente da CIA portátil para traduzir as conjecturas que vão moldando os fatos. E isso prejudica o 'pathos' no filme. Existem cenas dramáticas muito boas assim como ações construidas em planos perfeitos. Porém, isso apenas, para mim, não foi suficiente para capturar o algo mais. Se Kathryn Bigelow quis surpreender como fez com Guerra ao Terror alguns anos atrás, o único espanto que conseguiu foi por no páreo para oscar de atriz principal Jessica Chastain por uma interpretação feijão com arroz e fosca.
Sei que vou receber inúmeros 'thumbs down' pelo meu comentário, mas acreditem que, como super fã de Quentin Tarantino, estarei cortando na minha própria carne. Mesmo se assim não o fosse, não me evadiria da minha consciência e da razão por mais fascínio que um cineastas conseguisse exercer sobre toda a humanidade. Posso ser a minoria sem me sentir constrangido mesmo destoando da unanimidade. Após as quase tres horas de projeção tive a impressão que tinha visto uma minisérie (talvez tivesse ficado menos extenuante nesse formato) e não um filme. Pela primeira vez assistindo algo dirigido e escrito por Tarantino por diversos momentos durante a experiência imagética fiquei ansioso que o filme acabasse. Ninguém é perfeito, incluindo Tarantino, mas eu queria ser supreendido e fiquei a ver navios. O sentimento que permaneceu não foi tão positivo quanto eu gostaria que tivesse sido. Pareceu que Tarantino estava fraudando ele mesmo. Em se tratando de um ícone quase canônico que é diretor/ator/roteirista/produtor, minhas expectativas foram desapontadas. Sempre espero o melhor desse moço, mas não posso negar que tinha esperança por algo novo que fosse além do uso ostensivo de CGI. Django Livre veio no vácuo e na sombra de Bastardos Inglórios (esse sim, contundente e com forte autoração), incluindo diversas situações repetidas que se citadas aqui seriam spoilers. Dessa forma ainda estou a procura da excepcionalidade de Django e o seu valor de excelência alardeado dentro da filmografia de Quentin Tarantino.
Argo tem todos os dispositivos que se fazem necessários para que um filme tenha uma boa aceitação. E é isso que ocorre. Roteiro enxuto, coeso e de fácil digestão com um tema de apelo universal além de interpretações equilibradas com o perfil do protagonista principal bem definido estabelecendo uma ordem de empatia para com o espectador. Não há nada excepcional, inédito ou que não tenha sido abordado anteriormente em produções hollywoodianas ligadas a golpes de estado, diplomacia e afins, mas tudo se encaixa tão harmoniosamente bem neste aqui, que é quase impossível pausar o filme para ir ao banheiro e abdicar da tensão dos picos de clímax. O tom ufanista (para mim é algo que aborrece) é mínimo, mesmo porque o filme admite, em sua introdução jornalística, a 'mea culpa' dos americanos na crise que se instalou. A minúcia na reconstituição de época e a caracterização dos personagens se esmera nos detalhes. O filme desliza e os 120 minutos parecem ser bem menos.
Filme apresentação. É a forma de Hollywood convidar o mundo para conhecer Bradley Cooper e Jennifer Lawrence (que realmente é uma atriz a se observar), nos informando que eles entraram para o clã dos atores que devem ser levados a sério. Os dois são algumas das apostas da indústria do entretenimento para os próximos anos. Essa é a única justificativa que se tem para dar evidência a essa produção que é tão morna quanto os devaneios psicológicos vividos pelos personagens do roteiro. A produção técnica é legal, as atuações são boazinhas, mas e ai ? Onde está a substância ? De que forma extrair a seriedade de um filme ausente de uma idéia estruturada ? O filme não tem calor suficiente e se mantém distante e confuso em propósitos. Parece que houve tanto medo em ousar que o resultado, mesmo que seguindo a corrente 'main stream', foi pífio ao que se podia prever. Pior ainda é que ficamos naquela espectativa de que a criança vai nascer a qualquer momento, mas por fim nos frustramos em saber que era uma relação estéril. Romance para assistir namorando e comendo pipoca. Se a carreira de Cooper e Lawerence depender deste aqui, tenho certeza de que eles vão ser esquecidos tão logo acabe a cerimônia do Oscar.
Logo após o término de Amor fiquei em estado de suspensão. Permaneci no vácuo das imagens que já tinham se passado. Comovido. Reflexivo. O filme tem uma receita simples de roteiro, mas o 'modus faciendi' e sofisticado de Haneke aliados aos ingredientes de outros ítens de sua composição é que o salvam de se apropriarem do tom clichê e da ordinariedade que rondam dramas do gênero. Destaque para Emmanuelle Riva que precisa apenas de alguns gestos e de um olhar mais expressivo do que poderia ter um texto falado, para nos deixar hipnotizados com seu trabalho de pantomima facial. PERFEITA, com todas as letras.
Uma produção modesta para os padrões atuais e cujo maior interesse é a participação de Mirren como a monarca inglesa durante um breve período de acontecimentos na vida da rainha Elizabeth II. Em seu conjunto é um filme de aspecto predominantemente frio e documentado.
O momento de maior significado imagético (talvez o único) se dá quando o carro de Elizabeth quebra no meio de um riacho e ao descer do veículo, ela se depara com um cervo (objeto de caça cobiçado dentro da propriedade da coroa). Sensibilizada pela vulnerabilidade, imponência e pelo ar de solidão do bicho. A impressão que se tem é que o alter-ego da rainha Elizabeth se expande na imagem do animal.
A Rainha foi dirigido por um dos diretores que julgo ser um dos mais completos e dinâmicos da atualidade: Stephen Frears. Contudo, julgando por outros de seus trabalhos (Ligações Perigosas, Minha Adorável Lavanderia, Os Imorais, Mrs. Anderson Apresenta) é notório que neste palco para Helen Mirren, ele apenas fez o feijão com arroz. A Rainha se desenvolve em cima de um tema polêmico, não encerrando o seu assunto, mas que se mostra suficiente na limitação que se propõe.
A trilogia de Lars Von Trier, que partidariza contra as bases da sociedade americana, tem o seu início com Dogville (Manderlay e Washington, este último ainda sem produção anunciada, completam a sequência) Um filme de impacto profundo e que se constitue em cinema feito de forma artisticamente inovadora (os cenários se resumem a poucos elementos de cena e marcas no chão delimitando os espaços das residências). O diretor estiliza o filme como uma fábula que ele conduz através do 'voice over'. A capacidade de motivar reflexões profundas é fantástica. Potencialmente polêmico, o diretor dinamarquês utiliza atrizes ícones de Hollywood - Nicole Kidman e a lendária Lauren Bacall - aumentando o sentimento de chamada irônica para uma história que vai de encontro exatamente com a noção hipócrita de sociedade livre que a América tem sobre a América na essência. Dogville expõe as fraturas no comportamento dos habitantes de seu vilarejo. O desconforto e a tensão vão se tornando crescentes a medida que as personagens revelam suas dualidades. A fografia utiliza basicamente a câmera manual e intranqüila, típica do Dogma95 (movimento criado por Trier e Thomas Vinterberg nos anos 90 que estabelecia uma fórmula estetizada para a realização de filmes). Assistir Dogville é uma experiência que nos leva a uma catarse inimaginável.
Um dos poucos diretores que conseguem fazer filmes que agradam tanto ao grande publico quanto as cinéfilos mais acadêmicos. Há mais de vinte anos fazendo cinema, Tarantino mantém o mesmo vigor e um estilo que já lhe é próprio. Jackie Brown foi o seu terceiro longa-metragem e com ele se estabelece definitivamente sua marca autoral: uma profussão de informações que fazem referência a cultura pop. No caso de Jack Brown as citações á estética dos anos setenta se percebe desde trilha sonora, passando pelos caracteres de abertura, pelas cores, pela montagem e até mesmo pela escolha do elenco como Pam Grier (famosa por filmes cult/B como De Volta Ao Vale das Bonecas e Women in Cages). Em relação a história não se trata de algo do outro mundo, mas o discurso ágil apresentado por Tarantino somado aos seus códigos e unindo-se à qualidade técnica, torna-a mais sedutora, mantendo o interesse do espectador até o fim. Bom salientar que o sangue aqui jorra com menos frequencia do que nos outros trabalhos, mas ele está presente sim, porém vem apresentado com menos estravagância. Da mesma forma a violência, que é inerente a composição do roteiro. Um filme de Quentin Tarantino sem relevos de sangue e violência é algo pouco provável que aconteça.
Um filme direcionado às crianças. Levando em conta que 90% dos filmes de animação comtemporâneos são de alcance adulto e residualmente infantil, Lucas foge a regra. Ele mescla diversão e mensagens educativas de fácil entendimento para o público infantil. Esta é a natureza (em todos os sentidos) de Lucas Um Estranho No Formigueiro, um desenho animado que soube explorar bem as lições de ética, cooperação e solidaderiedade exaltando o poder da boa convivência e tolerância, numa abordagem que atinge em cheio o bom senso do público mirim. Em seu conjunto ele é indiscutivelmente um dos melhores filmes infantis dos últimos anos.
Uma vez a própria Greta Garbo teria se referido a 'Camille' como sendo o melhor trabalho feito por ela em Hollywood. Aqui ela foi indicada ao Oscar e premiada como melhor atriz pela associação dos críticos de Nova Iorque. Se não a melhor performance, sua atuação como a cortesã Marguerite, é talvez a que ela esteja mais radiante. Sob a direção de George Cukor A Dama das Camélias ganha sua segunda versão no cinema. A primeira foi feita em 1922 com os míticos Rudolph Valentino e Alla Nazimova. Todo o capricho e sofisticação foram utilizados pela MGM na reconstituição deste clássico melodrama de época, bastante conhecido, do escritor Alex Dumas. O trio figurino-direção de arte-fotografia, Adrian Greenberg-Cedric Gibbons-William Daniels, provam porque se tornaram os profissionais técnicos mais famosos de sua época. Suas participações eram exigências de Garbo na realização de seus filmes. Em 'Camille' conseguindo extrair imagens inesquecíveis de Garbo inserida numa ambientação requintada e glamourosa da Paris do século XIX. Embora a montagem de A Dama das Camélias explore (para nosso deleite) a beleza inquestionável de Garbo, as qualidades do filme em relação aos seus outros objetos não podem ser menosprezadas. A propria interpretação da atriz sueca, é extremamente refinada. O elenco de apoio também harmônico com o roteiro adaptado que se desenvolve sem atropelos. Como nem tudo é sempre perfeito, o que me parece não ter funcionado muito bem foi Robert Taylor. Taylor não conseguiu externar a paixão necessária que inspira seu personagem e lhe dá sustentação, ficando opaco diante de Garbo. De qualquer forma A Dama das Camélias é colírio para os olhos.
Amor Além da Vida é sem dúvida um trabalho artístico de bom gosto. Uma pintura extra-sensorial que une a tecnologia da computação gráfica com a sensibilidade em retratar a paixão idealizada e transcedente.Unindo fantasia ficcional e elementos da doutrina espírita, Amor Além da Vida é um tributo à esperança e a renovação. Cenas de grande impacto visual não faltam nesse filme que teve os efeitos especiais de primeira geração utilizados com toda a generosidade possível. O único porém em Amor Além da Vida é o fato do ator principal, Robin Williams não ter força dramática suficiente para dar uma credibilidade maior á personagem. Ele não se destaca e praticamente some junto aos coadjuvantes e as imagens digitais.
Diferente do que se refere a sinopse que afirma que "contará a vida do presidente", ninguém verá aqui a cinebiografia de uma das personalidades mais célebres da história dos Estados Unidos. O roteiro trata, basicamente, de um breve periodo da vida do lendário Abraham Lincoln, durante a guerra civil americana, no qual ele utiliza todos os recursos possíveis para conseguir a aprovação da 13ª emenda constitucional a qual aboliria a escravatura no país ao mesmo tempo que tenta por fim ao sangrento conflito. Mas Lincoln também é pai e marido e, fora exercer liderença política, ele tem que administrar as pressões domésticas vindas de sua esposa e seu filho, por motivos que são contextualizados. Perfeito em cada quesito técnico que se apresenta, o que não é novidade uma vez que é produzido e dirigido por Steven Spielberg. Que direção de arte/fotografia é essa ! Aqui cabe destacar também as atuaçoes de um espantoso Daniel Day-Lewis (soube materializar a postura e os movimentos de Lincoln de acordo com as informações disponiveis do seu típo físico), Sally Field e Tommy Lee Jones (responsável por uma das cenas mais bonitas), que conseguem, de fato, passar credibilidade em suas atuações. Um filme histórico com uma mensagem universal, mas com um apelo patriótico e um excesso de detalhes políticos cujo interesse não vai além das fronteiras yankees. Embora não seja, particularmente, um dos meus favoritos entre os indicados, o Oscar deve ter a cara de Lincoln este ano,
Na virada para o século XX operários de uma fábrica na cidade italiana de Turim se insurgem contra as condições de trabalho oferecidas e através da liderença do professor Sinegaglia deflagram greve. O ato provoca uma atitude reacionária por parte dos dirigentes da companhia assim como das autoridades locais. O filme de Monicelli se distingue dos demais sob sua direção pela ênfase as questões sociais - não apenas de trabalho - que se faz em detrimento do humor contumaz que lhe é tão característico. Não que se trate de um trabalho panfletário, mas não é de se ignorar que o chamado histórico de confrontos entre patrões e empregados agregados a outras questões populares relevantes, mesmo que de uma época, tenha um apelo universal. Mesmo contidas, levando em conta que Monicelli é considerado o criador da chamada "Grande Comédia Italiana", as cenas cômicas permanecem poeticamente inseridas e sutilmente permeiam a tragédia. Passados quase vinte anos após o que se convencionou chamar de neorealismo italiano, traços fortes desta corrente estilística ainda se refletem: locações reais, uso de atores não profissionais, farta utilização da luz natural e um tema que afeta toda uma comunidade. O conjunto fotografia x direção de arte não poderia estar mais em harmonia como em Os Companheiros. Obrigatório a todos que querem compreender como dispor os elementos que compõe uma obra prima .
Duas vidas que tentam se adaptar as mudanças involuntárias que se impõe e através disso, pela superação, resgatar suas identidades. Embora possa se sugerir que tenha sido feito para debulhar o espectador em lágrimas, o diretor extrai o poder barato de comoção do pieguismo e o resultado é uma obra que emociona pela delicadeza com que trata as realidades, fazendo de forma sóbria o uso da apelação melodramática. A cena de Marion Cotillard 'conversando' com a baleia é algo de imageticamente inesquecível. Existem lacunas na diegese fílmica, mas que podem ser despercebidas e até descartadas de acordo com o olhar e a sensibilidade de cada um. Filme françês, mas com cara de Made in Hollywood.
Incentivado pele seu amigo bibliotecário a escrever um livro, Mattia conta com a melhor substância pra tanto: as lembranças de sua vida, das pessoas e dos tipos que dela fizeram parte. E é com a morte de seu pai que se iniciam as remissiva as suas memórias. Deste fato em diante, o cotidiano de Matia segue os trilhos de uma montanha russa. Trafegando entre conquistas e fracassos, em todos os aspectos, o caldeirão de reviravoltas permanece em ebulição com um Mattias numa epopéia para se reencontrar. Mario Monicelli consegue manter o interesse do espectador nas quase 3 horas de imagens graças à riqueza do roteiro e forma como transpõe a narrativa em imagens. (assisti a versão de 178 min). Com pinta de anti-herói, Mattias, encarnado por Marcello Mastroianni e desenvolvido por Monicelli, reflete a sintonia entre os dois ícones do cinema italiano no último filme em que trabalharam juntos. Ah, bom se observar a consistencia da fotografia e a direção de arte.
Vidas que estão interdependentemente integradas quando nunca se espera. Os fatores da casualidade. Esse é o mote utlilizado na história do diretor/roteirista Sang-soon Hong. Através de uso do 'photomotion' , Hong materializa o diálogo entre os amigos Tong-yeong e No Jeong-hwa sobre suas experiencias e situações durante a recente viagem que eles fizeram a um balneário na Coréia do Sul e os vai costurando com a imagem filmada em si. O drama/comédia trata basicamente dos conflitos de relações entre casais, mas em um nível não muito comprometido e que não ultrapassa o elementar. Os personagens tem perfis bem delineados, contudo a argumentação nem sempre os favorece, tornado-os, por vezes, enfadonhos. São muitas garrafas de sakê sul-coreano, ou, quase duas horas de filme que poderiam, facinho, terem se reduzido em uma hora e meia, valorizando a dinânica de edição e tornando-o mais agradável. Aqui está, também, uma boa chance de dar uma sacada a quantas anda o cinema sul-coreano comtemporâneo. O que mais observei foi o abuso do "zoom in" e do não uso do "plongé" e dos contraplanos.
Maximiliam Schell esteve a beira de abandonar o projeto, já que uma das exigências de Marlene Dietrich era que o seu depoimento não fosse registrado em video. Ainda bem que ele não o fez. Durante todo o tempo não temos a sorte sequer de ver um fio loiro (ou branco) de sua cabeça, por força de contrato. Mas nem precisava. A imagem octagenária de Marlene Dietrich, á epoca, foi o que menos importou. O grande lance deste documentário é a forma como Maximiliam Schel (que trabalhou com Dietrich em Julgamento em Nuremberg) conduziu a entrevista evitando que se tornasse um material supérfluo, sem originalidade e cujo interesse não fosse além da necessidade de seus fãs. Nestas 12 horas de gravação de voz, Schel extraiu sentidos e motivações numa conversa rica e que mesmo, por muitas vezes, com questionamentos que foram tangenciados pela lendária 'movie star', foi poderosa suficiente para provocar a espontaneidade de Marlene Dietrich, revelar suas idissioncrasias e criar tensão entre os dois polos. O mito não parece ser tão etéro e 'smokey' quanto nas telas. 'Marlene' é, talvez, o mais incisivo e realista documentário biográfico já feito. Descubram-no !
Vamos combinar que fazer uma análise fílmica desse material é completamente desnecessário. O que temos que levar em conta aqui não é a técnica utilizada. Não é a forma como o roteiro se desenvolve, nem a canastrice do elenco e nem os "defeitos especiais". Minha preocupação aqui é a forma como o Jason executa suas vítimas e infelizmente, neste oitavo capítulo, já é notório que a criatividade se foi: os métodos são repetitivos em sua maioria. A preguiça se instalou e ele não tem mais saco e nem disposição para perder tempo avaliando novas fórmulas. Esse é um dos motivos pelo qual ele vem se especializando no teletranporte: aumento de produção aliado ao menor esforço. Trucidar jovens apalermados parece que deixou de ser prazer e virou obrigação.
Tenso e imprevisível. O roteiro deixa em aberto muitas das motivações dos personagens subjetvando as suas atitudes. Vidas que se interseccionam por tragédias e tentam se reestruturar neste drama de relacionamentos.
Envolvente ! Filme que teve coragem de tratar de um assunto tabu para a época, uma vez que o mesmo fora produzido logo após a restauração da república na Argentina. Direção certeira de Luis Puenzo que soube conduzir o roteiro dando-lhe a densidade necessária para estabelecê-ljo como uma obra referência. Considerado um dos melhores filmes polítcos a nível mundial.
Expedição Kon Tiki
3.9 282 Assista AgoraUma super produção dinamarquesa com cara de blockbuster hollywoodiano ! A aventura oceânica Kon-Tiki surpreende pela beleza de imagens e a fluidez do roteiro. Os personagens apresentam perfis bem definidos e o desenvolvimento dos conflitos psicológicos do desbravador Thor Heyerdahl vão sendo evidenciados a medida que Kon-Tiki avança. Exageros e estravagâncias vão alinhavando o filme, mas para narrar uma jornada como essa, só utilizando muita fantasia e efeitos visuais.
Não
4.2 472 Assista AgoraAqui se tem a prova que a despretenciosidade pode gerar bons resultados. O governo ditatorial de Pinochet é destrinhchado nas campanhas publicitárias dos que eram pelo Sim e pelo Não da manutenção do general no poder, no plebiscito que encerrou o regime autoritário mais sangrento de toda América Latina. Cativante do início ao fim, o filme faz um mix de denúncias e esperança com toques de humor, seguindo o tom da proposta de renovação dos partidários do Sim. A forma como a publicidade é explorada pelos dois lados, em conformidade com seus propósitos, é por onde segue a linha narrativa que explora aquele momento específico que vive o país. O diretor intercala imagens de época dos acontecimentos reais dentro da diegese, realçando a seriedade do tema, aproximando-o. Em No a tensão típica dos filmes políticos é amenizada por um discurso menos agressivo, focado na mudança do regime opressivo por uma sociedade que utliliza os meios pacíficos para isso. Gael Garcia Bernal, com sua típica cara de paisagem, atua de forma regular e não interfere no resultado final do conjunto. O filme está recheado de metáforas que merecem ser descobertas. Não as revelarei para não se tornarem spoilers. Com No o Pablo/Larraín/Pedro Peirano pontua que o Chile a partir daquele momento não esqueceu suas tragédias, mas anseia pelo novo futuro.
A Hora Mais Escura
3.6 1,1K Assista AgoraSabe aqueles filmes que se o espectador consegue suportar a primeira uma hora as chances de conseguir concluir aumentam significativamente ? É assim que se dá a A Hora Mais Escura. Os primeiros instantes de apresentação dos personagens e os discursos técnicos e políticos que o filme constrói numa intersecção de realidade e ficção são tão maçantes e truncados que eu desafio alguem que tenha compreendido 100% das razões que são debatidas. Não o óbvio, mas todo o processo. É necessário um agente da CIA portátil para traduzir as conjecturas que vão moldando os fatos. E isso prejudica o 'pathos' no filme. Existem cenas dramáticas muito boas assim como ações construidas em planos perfeitos. Porém, isso apenas, para mim, não foi suficiente para capturar o algo mais. Se Kathryn Bigelow quis surpreender como fez com Guerra ao Terror alguns anos atrás, o único espanto que conseguiu foi por no páreo para oscar de atriz principal Jessica Chastain por uma interpretação feijão com arroz e fosca.
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraSei que vou receber inúmeros 'thumbs down' pelo meu comentário, mas acreditem que, como super fã de Quentin Tarantino, estarei cortando na minha própria carne. Mesmo se assim não o fosse, não me evadiria da minha consciência e da razão por mais fascínio que um cineastas conseguisse exercer sobre toda a humanidade. Posso ser a minoria sem me sentir constrangido mesmo destoando da unanimidade.
Após as quase tres horas de projeção tive a impressão que tinha visto uma minisérie (talvez tivesse ficado menos extenuante nesse formato) e não um filme. Pela primeira vez assistindo algo dirigido e escrito por Tarantino por diversos momentos durante a experiência imagética fiquei ansioso que o filme acabasse. Ninguém é perfeito, incluindo Tarantino, mas eu queria ser supreendido e fiquei a ver navios. O sentimento que permaneceu não foi tão positivo quanto eu gostaria que tivesse sido. Pareceu que Tarantino estava fraudando ele mesmo. Em se tratando de um ícone quase canônico que é diretor/ator/roteirista/produtor, minhas expectativas foram desapontadas. Sempre espero o melhor desse moço, mas não posso negar que tinha esperança por algo novo que fosse além do uso ostensivo de CGI. Django Livre veio no vácuo e na sombra de Bastardos Inglórios (esse sim, contundente e com forte autoração), incluindo diversas situações repetidas que se citadas aqui seriam spoilers. Dessa forma ainda estou a procura da excepcionalidade de Django e o seu valor de excelência alardeado dentro da filmografia de Quentin Tarantino.
Argo
3.9 2,5KArgo tem todos os dispositivos que se fazem necessários para que um filme tenha uma boa aceitação. E é isso que ocorre. Roteiro enxuto, coeso e de fácil digestão com um tema de apelo universal além de interpretações equilibradas com o perfil do protagonista principal bem definido estabelecendo uma ordem de empatia para com o espectador. Não há nada excepcional, inédito ou que não tenha sido abordado anteriormente em produções hollywoodianas ligadas a golpes de estado, diplomacia e afins, mas tudo se encaixa tão harmoniosamente bem neste aqui, que é quase impossível pausar o filme para ir ao banheiro e abdicar da tensão dos picos de clímax. O tom ufanista (para mim é algo que aborrece) é mínimo, mesmo porque o filme admite, em sua introdução jornalística, a 'mea culpa' dos americanos na crise que se instalou. A minúcia na reconstituição de época e a caracterização dos personagens se esmera nos detalhes. O filme desliza e os 120 minutos parecem ser bem menos.
O Lado Bom da Vida
3.7 4,7K Assista AgoraFilme apresentação. É a forma de Hollywood convidar o mundo para conhecer Bradley Cooper e Jennifer Lawrence (que realmente é uma atriz a se observar), nos informando que eles entraram para o clã dos atores que devem ser levados a sério. Os dois são algumas das apostas da indústria do entretenimento para os próximos anos. Essa é a única justificativa que se tem para dar evidência a essa produção que é tão morna quanto os devaneios psicológicos vividos pelos personagens do roteiro. A produção técnica é legal, as atuações são boazinhas, mas e ai ? Onde está a substância ? De que forma extrair a seriedade de um filme ausente de uma idéia estruturada ? O filme não tem calor suficiente e se mantém distante e confuso em propósitos. Parece que houve tanto medo em ousar que o resultado, mesmo que seguindo a corrente 'main stream', foi pífio ao que se podia prever. Pior ainda é que ficamos naquela espectativa de que a criança vai nascer a qualquer momento, mas por fim nos frustramos em saber que era uma relação estéril. Romance para assistir namorando e comendo pipoca. Se a carreira de Cooper e Lawerence depender deste aqui, tenho certeza de que eles vão ser esquecidos tão logo acabe a cerimônia do Oscar.
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraLogo após o término de Amor fiquei em estado de suspensão. Permaneci no vácuo das imagens que já tinham se passado. Comovido. Reflexivo. O filme tem uma receita simples de roteiro, mas o 'modus faciendi' e sofisticado de Haneke aliados aos ingredientes de outros ítens de sua composição é que o salvam de se apropriarem do tom clichê e da ordinariedade que rondam dramas do gênero. Destaque para Emmanuelle Riva que precisa apenas de alguns gestos e de um olhar mais expressivo do que poderia ter um texto falado, para nos deixar hipnotizados com seu trabalho de pantomima facial. PERFEITA, com todas as letras.
A Rainha
3.7 377Uma produção modesta para os padrões atuais e cujo maior interesse é a participação de Mirren como a monarca inglesa durante um breve período de acontecimentos na vida da rainha Elizabeth II. Em seu conjunto é um filme de aspecto predominantemente frio e documentado.
O momento de maior significado imagético (talvez o único) se dá quando o carro de Elizabeth quebra no meio de um riacho e ao descer do veículo, ela se depara com um cervo (objeto de caça cobiçado dentro da propriedade da coroa). Sensibilizada pela vulnerabilidade, imponência e pelo ar de solidão do bicho. A impressão que se tem é que o alter-ego da rainha Elizabeth se expande na imagem do animal.
A Rainha foi dirigido por um dos diretores que julgo ser um dos mais completos e dinâmicos da atualidade: Stephen Frears. Contudo, julgando por outros de seus trabalhos (Ligações Perigosas, Minha Adorável Lavanderia, Os Imorais, Mrs. Anderson Apresenta) é notório que neste palco para Helen Mirren, ele apenas fez o feijão com arroz. A Rainha se desenvolve em cima de um tema polêmico, não encerrando o seu assunto, mas que se mostra suficiente na limitação que se propõe.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraA trilogia de Lars Von Trier, que partidariza contra as bases da sociedade americana, tem o seu início com Dogville (Manderlay e Washington, este último ainda sem produção anunciada, completam a sequência) Um filme de impacto profundo e que se constitue em cinema feito de forma artisticamente inovadora (os cenários se resumem a poucos elementos de cena e marcas no chão delimitando os espaços das residências). O diretor estiliza o filme como uma fábula que ele conduz através do 'voice over'. A capacidade de motivar reflexões profundas é fantástica. Potencialmente polêmico, o diretor dinamarquês utiliza atrizes ícones de Hollywood - Nicole Kidman e a lendária Lauren Bacall - aumentando o sentimento de chamada irônica para uma história que vai de encontro exatamente com a noção hipócrita de sociedade livre que a América tem sobre a América na essência. Dogville expõe as fraturas no comportamento dos habitantes de seu vilarejo. O desconforto e a tensão vão se tornando crescentes a medida que as personagens revelam suas dualidades. A fografia utiliza basicamente a câmera manual e intranqüila, típica do Dogma95 (movimento criado por Trier e Thomas Vinterberg nos anos 90 que estabelecia uma fórmula estetizada para a realização de filmes). Assistir Dogville é uma experiência que nos leva a uma catarse inimaginável.
Jackie Brown
3.8 739 Assista AgoraUm dos poucos diretores que conseguem fazer filmes que agradam tanto ao grande publico quanto as cinéfilos mais acadêmicos. Há mais de vinte anos fazendo cinema, Tarantino mantém o mesmo vigor e um estilo que já lhe é próprio. Jackie Brown foi o seu terceiro longa-metragem e com ele se estabelece definitivamente sua marca autoral: uma profussão de informações que fazem referência a cultura pop. No caso de Jack Brown as citações á estética dos anos setenta se percebe desde trilha sonora, passando pelos caracteres de abertura, pelas cores, pela montagem e até mesmo pela escolha do elenco como Pam Grier (famosa por filmes cult/B como De Volta Ao Vale das Bonecas e Women in Cages). Em relação a história não se trata de algo do outro mundo, mas o discurso ágil apresentado por Tarantino somado aos seus códigos e unindo-se à qualidade técnica, torna-a mais sedutora, mantendo o interesse do espectador até o fim. Bom salientar que o sangue aqui jorra com menos frequencia do que nos outros trabalhos, mas ele está presente sim, porém vem apresentado com menos estravagância. Da mesma forma a violência, que é inerente a composição do roteiro. Um filme de Quentin Tarantino sem relevos de sangue e violência é algo pouco provável que aconteça.
Lucas: Um Intruso no Formigueiro
2.9 211 Assista AgoraUm filme direcionado às crianças. Levando em conta que 90% dos filmes de animação comtemporâneos são de alcance adulto e residualmente infantil, Lucas foge a regra. Ele mescla diversão e mensagens educativas de fácil entendimento para o público infantil. Esta é a natureza (em todos os sentidos) de Lucas Um Estranho No Formigueiro, um desenho animado que soube explorar bem as lições de ética, cooperação e solidaderiedade exaltando o poder da boa convivência e tolerância, numa abordagem que atinge em cheio o bom senso do público mirim. Em seu conjunto ele é indiscutivelmente um dos melhores filmes infantis dos últimos anos.
A Dama das Camélias
4.0 61 Assista AgoraUma vez a própria Greta Garbo teria se referido a 'Camille' como sendo o melhor trabalho feito por ela em Hollywood. Aqui ela foi indicada ao Oscar e premiada como melhor atriz pela associação dos críticos de Nova Iorque. Se não a melhor performance, sua atuação como a cortesã Marguerite, é talvez a que ela esteja mais radiante. Sob a direção de George Cukor A Dama das Camélias ganha sua segunda versão no cinema. A primeira foi feita em 1922 com os míticos Rudolph Valentino e Alla Nazimova.
Todo o capricho e sofisticação foram utilizados pela MGM na reconstituição deste clássico melodrama de época, bastante conhecido, do escritor Alex Dumas. O trio figurino-direção de arte-fotografia, Adrian Greenberg-Cedric Gibbons-William Daniels, provam porque se tornaram os profissionais técnicos mais famosos de sua época. Suas participações eram exigências de Garbo na realização de seus filmes. Em 'Camille' conseguindo extrair imagens inesquecíveis de Garbo inserida numa ambientação requintada e glamourosa da Paris do século XIX.
Embora a montagem de A Dama das Camélias explore (para nosso deleite) a beleza inquestionável de Garbo, as qualidades do filme em relação aos seus outros objetos não podem ser menosprezadas. A propria interpretação da atriz sueca, é extremamente refinada. O elenco de apoio também harmônico com o roteiro adaptado que se desenvolve sem atropelos. Como nem tudo é sempre perfeito, o que me parece não ter funcionado muito bem foi Robert Taylor. Taylor não conseguiu externar a paixão necessária que inspira seu personagem e lhe dá sustentação, ficando opaco diante de Garbo. De qualquer forma A Dama das Camélias é colírio para os olhos.
Amor Além da Vida
3.8 847 Assista AgoraAmor Além da Vida é sem dúvida um trabalho artístico de bom gosto. Uma pintura extra-sensorial que une a tecnologia da computação gráfica com a sensibilidade em retratar a paixão idealizada e transcedente.Unindo fantasia ficcional e elementos da doutrina espírita, Amor Além da Vida é um tributo à esperança e a renovação. Cenas de grande impacto visual não faltam nesse filme que teve os efeitos especiais de primeira geração utilizados com toda a generosidade possível. O único porém em Amor Além da Vida é o fato do ator principal, Robin Williams não ter força dramática suficiente para dar uma credibilidade maior á personagem. Ele não se destaca e praticamente some junto aos coadjuvantes e as imagens digitais.
De Pernas pro Ar 2
3.3 1,2KSou fã de Ingrid. Se fosse só ela recitando uma bula de medicamento já seria muito engraçado.
De Pernas pro Ar 2
3.3 1,2KQuem consegue ficar indiferente aos devaneios de Ingrid ???
Bem legal.
Lincoln
3.5 1,5KDiferente do que se refere a sinopse que afirma que "contará a vida do presidente", ninguém verá aqui a cinebiografia de uma das personalidades mais célebres da história dos Estados Unidos. O roteiro trata, basicamente, de um breve periodo da vida do lendário Abraham Lincoln, durante a guerra civil americana, no qual ele utiliza todos os recursos possíveis para conseguir a aprovação da 13ª emenda constitucional a qual aboliria a escravatura no país ao mesmo tempo que tenta por fim ao sangrento conflito. Mas Lincoln também é pai e marido e, fora exercer liderença política, ele tem que administrar as pressões domésticas vindas de sua esposa e seu filho, por motivos que são contextualizados. Perfeito em cada quesito técnico que se apresenta, o que não é novidade uma vez que é produzido e dirigido por Steven Spielberg. Que direção de arte/fotografia é essa !
Aqui cabe destacar também as atuaçoes de um espantoso Daniel Day-Lewis (soube materializar a postura e os movimentos de Lincoln de acordo com as informações disponiveis do seu típo físico), Sally Field e Tommy Lee Jones (responsável por uma das cenas mais bonitas), que conseguem, de fato, passar credibilidade em suas atuações. Um filme histórico com uma mensagem universal, mas com um apelo patriótico e um excesso de detalhes políticos cujo interesse não vai além das fronteiras yankees. Embora não seja, particularmente, um dos meus favoritos entre os indicados, o Oscar deve ter a cara de Lincoln este ano,
Os Companheiros
4.3 27Na virada para o século XX operários de uma fábrica na cidade italiana de Turim se insurgem contra as condições de trabalho oferecidas e através da liderença do professor Sinegaglia deflagram greve. O ato provoca uma atitude reacionária por parte dos dirigentes da companhia assim como das autoridades locais. O filme de Monicelli se distingue dos demais sob sua direção pela ênfase as questões sociais - não apenas de trabalho - que se faz em detrimento do humor contumaz que lhe é tão característico. Não que se trate de um trabalho panfletário, mas não é de se ignorar que o chamado histórico de confrontos entre patrões e empregados agregados a outras questões populares relevantes, mesmo que de uma época, tenha um apelo universal. Mesmo contidas, levando em conta que Monicelli é considerado o criador da chamada "Grande Comédia Italiana", as cenas cômicas permanecem poeticamente inseridas e sutilmente permeiam a tragédia. Passados quase vinte anos após o que se convencionou chamar de neorealismo italiano, traços fortes desta corrente estilística ainda se refletem: locações reais, uso de atores não profissionais, farta utilização da luz natural e um tema que afeta toda uma comunidade. O conjunto fotografia x direção de arte não poderia estar mais em harmonia como em Os Companheiros. Obrigatório a todos que querem compreender como dispor os elementos que compõe uma obra prima .
Ferrugem e Osso
3.9 821 Assista AgoraDuas vidas que tentam se adaptar as mudanças involuntárias que se impõe e através disso, pela superação, resgatar suas identidades. Embora possa se sugerir que tenha sido feito para debulhar o espectador em lágrimas, o diretor extrai o poder barato de comoção do pieguismo e o resultado é uma obra que emociona pela delicadeza com que trata as realidades, fazendo de forma sóbria o uso da apelação melodramática. A cena de Marion Cotillard 'conversando' com a baleia é algo de imageticamente inesquecível. Existem lacunas na diegese fílmica, mas que podem ser despercebidas e até descartadas de acordo com o olhar e a sensibilidade de cada um. Filme françês, mas com cara de Made in Hollywood.
As Duas Vidas de Mattia Pascal
3.7 1Incentivado pele seu amigo bibliotecário a escrever um livro, Mattia conta com a melhor substância pra tanto: as lembranças de sua vida, das pessoas e dos tipos que dela fizeram parte. E é com a morte de seu pai que se iniciam as remissiva as suas memórias. Deste fato em diante, o cotidiano de Matia segue os trilhos de uma montanha russa. Trafegando entre conquistas e fracassos, em todos os aspectos, o caldeirão de reviravoltas permanece em ebulição com um Mattias numa epopéia para se reencontrar. Mario Monicelli consegue manter o interesse do espectador nas quase 3 horas de imagens graças à riqueza do roteiro e forma como transpõe a narrativa em imagens. (assisti a versão de 178 min). Com pinta de anti-herói, Mattias, encarnado por Marcello Mastroianni e desenvolvido por Monicelli, reflete a sintonia entre os dois ícones do cinema italiano no último filme em que trabalharam juntos. Ah, bom se observar a consistencia da fotografia e a direção de arte.
Ha Ha Ha
3.3 73Vidas que estão interdependentemente integradas quando nunca se espera. Os fatores da casualidade. Esse é o mote utlilizado na história do diretor/roteirista Sang-soon Hong. Através de uso do 'photomotion' , Hong materializa o diálogo entre os amigos Tong-yeong e No Jeong-hwa sobre suas experiencias e situações durante a recente viagem que eles fizeram a um balneário na Coréia do Sul e os vai costurando com a imagem filmada em si. O drama/comédia trata basicamente dos conflitos de relações entre casais, mas em um nível não muito comprometido e que não ultrapassa o elementar. Os personagens tem perfis bem delineados, contudo a argumentação nem sempre os favorece, tornado-os, por vezes, enfadonhos. São muitas garrafas de sakê sul-coreano, ou, quase duas horas de filme que poderiam, facinho, terem se reduzido em uma hora e meia, valorizando a dinânica de edição e tornando-o mais agradável.
Aqui está, também, uma boa chance de dar uma sacada a quantas anda o cinema sul-coreano comtemporâneo. O que mais observei foi o abuso do "zoom in" e do não uso do "plongé" e dos contraplanos.
Marlene
4.4 3Maximiliam Schell esteve a beira de abandonar o projeto, já que uma das exigências de Marlene Dietrich era que o seu depoimento não fosse registrado em video. Ainda bem que ele não o fez. Durante todo o tempo não temos a sorte sequer de ver um fio loiro (ou branco) de sua cabeça, por força de contrato. Mas nem precisava. A imagem octagenária de Marlene Dietrich, á epoca, foi o que menos importou. O grande lance deste documentário é a forma como Maximiliam Schel (que trabalhou com Dietrich em Julgamento em Nuremberg) conduziu a entrevista evitando que se tornasse um material supérfluo, sem originalidade e cujo interesse não fosse além da necessidade de seus fãs. Nestas 12 horas de gravação de voz, Schel extraiu sentidos e motivações numa conversa rica e que mesmo, por muitas vezes, com questionamentos que foram tangenciados pela lendária 'movie star', foi poderosa suficiente para provocar a espontaneidade de Marlene Dietrich, revelar suas idissioncrasias e criar tensão entre os dois polos. O mito não parece ser tão etéro e 'smokey' quanto nas telas. 'Marlene' é, talvez, o mais incisivo e realista documentário biográfico já feito. Descubram-no !
Sexta-Feira 13, Parte 8: Jason Ataca Nova York
2.6 354 Assista AgoraVamos combinar que fazer uma análise fílmica desse material é completamente desnecessário. O que temos que levar em conta aqui não é a técnica utilizada. Não é a forma como o roteiro se desenvolve, nem a canastrice do elenco e nem os "defeitos especiais". Minha preocupação aqui é a forma como o Jason executa suas vítimas e infelizmente, neste oitavo capítulo, já é notório que a criatividade se foi: os métodos são repetitivos em sua maioria. A preguiça se instalou e ele não tem mais saco e nem disposição para perder tempo avaliando novas fórmulas. Esse é um dos motivos pelo qual ele vem se especializando no teletranporte: aumento de produção aliado ao menor esforço. Trucidar jovens apalermados parece que deixou de ser prazer e virou obrigação.
A Última Ceia
3.5 196 Assista AgoraTenso e imprevisível. O roteiro deixa em aberto muitas das motivações dos personagens subjetvando as suas atitudes. Vidas que se interseccionam por tragédias e tentam se reestruturar neste drama de relacionamentos.
A História Oficial
4.1 140 Assista AgoraEnvolvente ! Filme que teve coragem de tratar de um assunto tabu para a época, uma vez que o mesmo fora produzido logo após a restauração da república na Argentina. Direção certeira de Luis Puenzo que soube conduzir o roteiro dando-lhe a densidade necessária para estabelecê-ljo como uma obra referência. Considerado um dos melhores filmes polítcos a nível mundial.