A morte nos deixa diante do vazio e do silêncio, porém, principalmente, diante da incerteza dos caminhos que virão a seguir. “Pequena Mamãe”, filme dirigido e escrito por Céline Sciamma), se passa nos momentos que se seguem à morte da avó de Nelly (Joséphine Sanz), a mãe da sua mãe, Marion.
Neste caso, mãe e filha estão lidando com a perda por meio da organização das coisas que a avó deixou para trás, seja na casa de repouso onde vivia, seja na residência que, antes, ela ocupava. Se Nelly encara a morte com a visão infantil, com o arrependimento de não ter dito “tchau” pela última vez à avó; a mãe prefere fugir, literalmente, do caos que a perda deixa.
E é justamente ao se ver no local onde sua mãe passou a infância, nas paisagens onde ela brincava e se divertia, que Nelly passará pela experiência que marca a narrativa enxuta de “Pequena Mamãe”: o encontro com a Marion criança, quando a dor da morte nem sonhava em atingi-las.
É ao entrar em contato com o eu criança de sua mãe que Nelly passa a ter o entendimento do que é superar as dificuldades que encaramos na nossa vida - dentre uma delas, a perda das pessoas queridas. “Pequena Mamãe” não é um filme sobre o luto. Pelo contrário, é um filme sobre o amor, o carinho, a sinceridade, o abraço e o cuidado como receitas poderosas para a cura das piores dores. Até mesmo aquelas que são as mais inimagináveis de enfrentar.
Se você assistir a “Blonde”, filme dirigido e escrito por Andrew Dominik, esperando ser uma cinebiografia ao estilo tradicional sobre a vida e obra de Marilyn Monroe, um dos maiores ícones do cinema (quiçá da cultura pop) ficará decepcionado. Assistir a “Blonde” é uma experiência cruel, principalmente pela maneira como o diretor/roteirista decidiu retratar a sua biografada.
No filme, Marilyn Monroe (Ana de Armas) nos é apresentada como um produto das experiências mais dolorosas da sua vida. Do abandono materno e paterno. Do estupro vivenciado ao tentar se firmar como atriz, no início da carreira. Dos abortos sofridos. Dos diversos relacionamentos abusivos. Uma mulher objetificada, uma sex symbol na sua persona pública, e um ser infantilizado na privacidade.
São diversos recortes que reforçam aquilo que Andrew Dominik quer passar: o sufocamento de Norma Jeane (o nome verdadeiro da atriz) pela persona de Marilyn Monroe, permeado por frases de efeito, como “Se não fosse Marilyn, quem seria você?” ou “O rosto nem sempre revela a alma”.
Se tem algo que consegue sobreviver ao desastre que “Blonde” é, podemos dizer que é a atuação excepcional de Ana de Armas como Marilyn, numa caracterização impressionante que, em vários momentos, nos faz questionar se não estamos vendo a verdadeira Marilyn em cena.
No papel, “Um Lugar Qualquer” parecia ser um filme perfeito, uma vez que ele tem uma premissa que permitia a Sofia Coppola uma abordagem muito interessante. Entretanto, é justamente a insistência dela nos silêncios (as únicas vezes em que Johnny esboça vontade de comunicação com as pessoas é com Cleo, com seu melhor amigo e com a sua agente) e nos vazios que fazem com que seu filme tenha um ritmo um tanto parado e lento. “Um Lugar Qualquer” nunca chega a decolar e nunca sai do seu marasmo – apesar dos esforços de Stephen Dorff, que, de longe, é a melhor coisa do longa, junto com o coadjuvante Chris Pontius, que dá a esse filme a vida que ele deveria ter.
Um dos destaques da programação do último Festival Varilux de Cinema Francês, “Kompromat: O Dossiê Russo”, filme dirigido e co-escrito por Jérôme Salle, tem uma história inspirada em fatos reais e que envolve a tentativa de um homem inocente de escapar de uma acusação mentirosa que lhe foi imposta.
Diretor da Aliança Francesa na Sibéria, Mathieu Roussel (Gilles Lellouche) foi vítima de um Kompromat (dossiê composto por provas falsas produzido pela FSB - o Serviço Federal de Segurança da Rússia - para prejudicar personalidades públicas que são vistas como um perigo para o Estado).
A acusação: pedofilia. Pior: cometida contra a sua própria filha. Isolado e condenado injustamente sem ter a mínima chance de comprovar a sua inocência, Mathieu só tem uma saída: fugir e escapar do território siberiano, conseguindo abrigo num país seguro, onde as suas acusações não sejam levadas em consideração e ele não corra o risco de extradição.
Desta maneira, “Kompromat: O Dossiê Russo” retrata a fuga de Mathieu e a tentativa de captura dele pelas autoridades russas, intercalando este acontecimento com diversos flashbacks que nos mostram o por quê dele ter sido considerado alguém perigoso pelos russos. É um filme instigante, mas que, infelizmente, não se sustenta em seu conflito principal, falhando em nos causar a tensão que uma história desse tipo necessita.
“Eles Poderiam Estar Vivos”. Uma frase poderosa. Quando analisamos o contexto no qual o título do documentário dirigido pelos irmãos Lucas e Gabriel Mesquita se insere, a afirmação ganha um contorno ainda mais melancólico e doloroso.
Com base em depoimentos de médicos, cientistas, economistas, sobreviventes e parentes das vítimas, o documentário faz uma linha temporal das ações do governo brasileiro liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro durante a mais grave crise sanitária dos últimos 100 anos: a pandemia de Covid-19.
Não são ilações. São fatos que estão amplamente documentados e que são reproduzidos no filme. O descrédito da ciência, a desconstrução da cultura de vacinação no país, o desdém com a vida dos brasileiros, a falta de humanidade e de empatia com os semelhantes, a desvalorização do Sistema Único de Saúde (SUS), a atitude negacionista diante das recomendações emitidas pelos órgãos especialistas, a despreocupação com a proteção social das pessoas…
Os resultados foram vistos por cada um de nós: são 686 mil brasileiros vítimas do Coronavírus. Alguns deles eram nossos familiares, nossos amigos, nossos conhecidos. Os fortes depoimentos contidos em “Eles Poderiam Estar Vivos” são um testemunho de que as ações criminosas cometidas por aqueles que deveriam ter nos protegido não devem ser esquecidas - pelo contrário, esperemos pela punição de cada uma delas.
É muito difícil imaginar que se possa tirar algo de cômico de um acontecimento tão triste como um velório, mas isso acontece com “Morte no Funeral”. O roteiro de Dean Craig é muito bem construído e pode ser resumido da seguinte forma: além de fazerem parte da mesma família, o que todos os personagens do filme têm em comum é o fato de que, no dia do velório de Edward, serão protagonistas de uma série de decisões equivocadas. Por isso, seria fundamental para o filme ter um bom elenco, que unisse todas as arestas desta história. Nesse sentido, “Morte no Funeral” está muito bem servido, já que seu elenco possui o timing cômico perfeito e entraram na brincadeira cheia de ironia e humor negro proposta pela dupla Dean Craig e Frank Oz.
Quando eu assisto a filmes que se passam durante grandes conflitos, como a Primeira Guerra Mundial, sempre me chama a atenção o fato de que a batalha ocupa um pano de fundo. O foco principal se encontra nas histórias das pessoas envolvidas nos combates. Não é diferente com “1917”, filme dirigido e co-escrito por Sam Mendes.
Neste longa, iremos acompanhar os Cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) numa missão aparentemente impossível: eles devem cruzar o campo de batalha, correndo o risco de sofrerem ataques dos inimigos alemães, para entregar uma mensagem que pode impedir o massacre de 1.600 colegas do exército britânico.
A missão ganha um contorno ainda mais dramático quando consideramos que um dos integrantes do destacamento que eles tentam alcançar é o irmão do Cabo Blake.
“1917” é um filme que se destaca, principalmente, em dois aspectos: a edição e mixagem de som e pelas escolhas estilísticas de Sam Mendes. A jornada de Schofield e Blake nos é apresentada em planos sequências que chamam a atenção, não só pela coreografia das cenas, como também por terem a capacidade de nos inserirem no coração emocional desta história: o caráter pessoal que a missão dos militares adquire.
Na sua execução, “Trama Internacional” é um filme que bebe nas fontes da trilogia de Jason Bourne e de “Conduta de Risco”. O diretor Tom Tykwer imprime um ritmo ágil à sua narrativa, porém o longa, apesar de ter uma história pra lá de interessante, nunca consegue envolver o espectador de forma plena. Os melhores momentos de “Trama Internacional” acabam aparecendo de forma isolada,
Para você, o que é estar em um relacionamento? Para mim, é quando duas pessoas estão envolvidas em uma conjuntura de amor, parceria, companheirismo, cuidado, interesse, amizade, ciúmes, diversão… Enquanto assistimos a “Licorice Pizza”, filme dirigido e escrito por Paul Thomas Anderson, temos a certeza de que Gary (Cooper Hoffman) e Alana (Alana Haim) estão em uma relação, mesmo que eles não tenham a consciência disso - afinal, a tensão (sexual e sentimental) entre eles é latente e evidente, apesar de nenhum deles tomar a iniciativa para transpor o limite entre amizade e amor.
Para além de um filme “coming of age”, que captura a transição para a vida adulta, bem como uma obra sobre o retrato da descoberta do primeiro amor, “Licorice Pizza” é um conto sobre duas personagens (Gary e Alana) que, embora separados pela diferença de idade (ele é dez anos mais novo que ela), embora vivam momentos de vida diferentes, possuem muitas coisas em comum, principalmente o fato de estarem em busca do encontro consigo mesmos.
Neste sentido, o fato de “Licorice Pizza” se passar na Califórnia, um Estado que exala a liberdade de ser, de sentir e de ter a impetuosidade que prenunciam as presenças de Gary e Alana, faz com que tudo se torne ainda mais crível.
Apesar de estarmos diante de um filme que não reflete todo o brilhantismo de um diretor/roteirista como Paul Thomas Anderson, uma vez que a narrativa é muito inconstante, “Licorice Pizza” fica conosco, principalmente, pela naturalidade de seus dois protagonistas: Cooper Hoffman (filho do saudoso Philip Seymour Hoffman) e Alana Haim (da banda pop rock Haim) estão em seus primeiros papéis no cinema aqui e, por isso mesmo, trazem todo o frescor que essa narrativa precisa.
“Elvis”, cinebiografia dirigida e co-escrita por Baz Luhrmann, é um filme com a cara do diretor/roteirista/produtor australiano. Um espetáculo visual, repleto de cores e de vibração, com uma edição frenética e com recursos narrativos que tentam fazer jus à figura magnética, emblemática e igualmente chamativa que era a de Elvis Presley.
O filme tem como foco o relacionamento entre o cantor (interpretado por Austin Butler) e seu empresário, o Coronel Tom Parker (Tom Hanks), que se conheceram quando Elvis realizou as suas primeiras gravações, ainda na Sun Records, e era considerado uma promessa da música norte-americana.
“Elvis” enfoca muito bem os motivos por trás da transformação de Elvis Presley no Rei do Rock ‘N Roll. Se, por trás dele, tinha a mentalidade empresarial do Coronel Tom Parker, nos holofotes tínhamos um artista que soube se posicionar num momento histórico de um Estados Unidos segregacionista, conservador e violento.
Chama a atenção também, na trajetória de Elvis Presley, o fato dele ser um artista mundialmente aclamado sem nunca ter saído dos Estados Unidos e ter feito grandes turnês internacionais.
Neste ponto, “Elvis” reflete, também, uma crítica ao regime de trabalho de artistas como o cantor, com contratos de trabalho com cláusulas abusivas, reféns de seus empresários e sem a liberdade de poder planejar a sua carreira.
Embora não deva ser a obra definitiva sobre a vida e obra de uma estrela do porte de Elvis Presley, “Elvis”, com certeza, será lembrado pela sua visão extravagante e por duas excelentes performances: as de Austin Butler e de Tom Hanks, que devem estar presentes na próxima cerimônia do Oscar, assim como o filme deve ser indicado em algumas categorias técnicas.
“Batman”, filme dirigido e co-escrito por Matt Reeves, nos coloca diante de mais uma tentativa de repaginação de uma das personagens mais emblemáticas do universo do entretenimento. Aqui, estamos diante de um Batman diferente: menos glamuroso, menos elegante, menos playboy. Entra em cena um homem sombrio e recluso.
Este tom reflete também a Gotham City que encontramos em tela e que também retrata o seu lado mais sinistro: uma cidade violenta e dominada pela corrupção e pelo abuso de poder. A ascensão do Batman como um vigilante solitário nesta localidade não tem como foco a salvação da cidade e a sua reconstrução/renovação. A sensação que temos é a de que, não só ele, como seus aliados, principalmente os da polícia (representados pelo, então, Tenente James Gordon), estão apagando incêndios um dia de cada vez.
“Batman” coloca o herói (interpretado por Robert Pattinson) diante de um vilão bastante engenhoso, o Charada (Paul Dano). E é aqui que temos mais um elemento que entrelaça essa trama: com o propósito de desmascarar a verdade sobre a já combalida Gotham City, o Charada não quer também a reconstrução/renovação do local, e sim a sua completa destruição. Ou seja: a descoberta da verdade não vem como um elemento de libertação, e sim como uma forma de aniquilação, de devastar o que já está em frangalhos.
Como se pode perceber, “Batman” é um filme que tem uma coesão muito forte - seja na maneira como o roteiro foi concebido, como também na forma como a história nos é apresentada visualmente. No final, estamos diante de uma obra em que a jornada serve como um instrumento de autoconhecimento para o herói. Batman tem consciência de que pode ser um homem que poderia estar fazendo muito mais pela sua cidade. A transformação, o entendimento do que se espera dele, acontecem como uma consequência de tudo que ele vive aqui.
Como uma obra de repaginação, neste sentido, “Batman” funciona muito bem como um prólogo. Um prólogo um pouco mais longo do que deveria ser - diga-se a verdade. Porém, um prólogo que cumpre muito bem o seu papel de antecipar que a parte principal deste caminho ainda está por vir.
Por ser um plágio de si mesmo, “Se Beber, Não Case! – Parte II” acaba sendo uma verdadeira decepção. Sim, você vai rir bastante. Sim, você vai ter aquilo que você procurava ao assistir a este filme. Mas, a verdade é que a trama não evolui. É o mais do mesmo. Até mesmo nos conflitos centrais
– Stu, por exemplo, continua lutando contra pessoas de personalidade mais forte que a dele
. E isso é muito pouco para o que esse filme prometia. A única parte em que vemos um verdadeiro show mesmo é nos créditos finais, com as fotos dos momentos das farras dos quatro amigos em Bangcoc. Aí, sim, você irá se contorcer de tanto rir.
“Minhas Mães e Meu Pai” tem sido particularmente elogiado em um aspecto: a atuação de Annette Bening, a qual rendeu à atriz sua quarta indicação ao Oscar. Num ano em que tínhamos a excelente atuação de Natalie Portman (a merecedora ganhadora da estatueta dourada), é até inconcebível que Bening tenha tido status de favorita ao Oscar em certo ponto da corrida ao prêmio. O grande mérito dela tem uma enorme “culpada”: Julianne Moore, uma vez que a performance de Bening é uma extensão do trabalho magnífico de Moore neste filme. As duas construíram aqui o mesmo que Heath Ledger e Jake Gyllenhaal conseguiram em “O Segredo de Brokeback Mountain”. O fato de Jules e Nic serem lésbicas é somente um detalhe. Elas são um casal normal e possuem uma família normal. Assistimos a pessoas críveis, em situações que são comuns a qualquer um de nós. Por transpor todas essas barreiras que “Minhas Mães e Meu Pai” se torna um filme especial.
Se tem algo que as crianças possuem, é uma perspectiva única e diferente de ver o mundo. No decorrer de “Sempre em Frente”, filme dirigido e escrito por Mike Mills, acompanharemos as diversas maneiras pelas quais as crianças irão auxiliar Johnny (Joaquin Phoenix) a transformar as perspectivas pelas quais ele encara a vida.
O filme é permeado dos diálogos que Johnny estabelece com outras crianças, ao fazer entrevistas que serão utilizadas em algum produto audiovisual. As entrevistas versam sobre os mesmos temas: a vida, o mundo e o futuro.
De todos os encontros que Johnny terá, ao longo de “Sempre em Frente”, nenhum deles será mais marcante do que aquele que ocorre entre ele e seu sobrinho, Jesse (Woody Norman), que fica sob a sua guarda enquanto a sua irmã Viv (Gaby Hoffmann) está cuidando do marido.
E é justamente das interações entre Johnny e Jesse que sai a frase que é a grande essência de “Sempre em Frente”: “Tudo o que você planeja que aconteça, nunca acontece. Coisas que você nunca pensaria, acontecem. Então, você só tem que seguir em frente, seguir em frente, seguir em frente, seguir em frente, seguir em frente”.
A vida seria tão fácil se pensássemos dessa maneira, né? Mas, o aprendizado de que nem sempre temos controle sobre a nossa vida é o mais difícil de todos. Que possamos, assim como Johnny, aprender com essas crianças.
Representante da China na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira no Oscar 2022, “Luta Pela Liberdade”, dirigido e co-escrito por Zhang Yimou, estreou nos cinemas brasileiros na data de ontem (18), e tem uma história baseada em fatos reais, e que se passa no estado de Manchukuo (uma província chinesa fundada pelo império japonês), na década de 1930.
O roteiro enfoca o planejamento, a execução e as consequências da chamada Operação Utrennya (amanhecer em russo). Nesta atividade, quatro agentes especiais do Partido Comunista chinês, treinados pela União Soviética, retornam à China com o objetivo de desmantelar campos secretos de prisioneiros que foram instituídos pelo Japão no país.
Como em um bom suspense de espionagem, “Luta Pela Liberdade” envolve temas como traição, ameaças e segredos - o que faz com que a execução da missão dos quatro agentes se torne ainda mais difícil. Na medida em que eles vão sendo testados, fica, até mesmo, a incerteza sobre se o grupo será bem sucedido ou não na sua ação.
Zhang Yimou é um diretor muito experiente e um dos grandes nomes do cenário artístico da China. Infelizmente, quando comparada com outros de seus filmes (podemos citar aqui “Lanternas Vermelhas”, “Herói”, “O Clã das Adagas Voadoras”, “Nenhum a Menos”, dentre outros), “Luta Pela Liberdade” é uma obra que chama a atenção pelos seus aspectos técnicos, principalmente o trabalho de edição de som e de fotografia, mas que peca um pouco no seu roteiro. Chega um momento em que a trama fica difícil de acompanhar, apesar dela estar dividida em capítulos, como se cada um deles retratasse uma etapa da Operação Utrennya.
“45 do Segundo Tempo”, filme dirigido e co-escrito por Luiz Villaça, e que estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 18 de agosto, é uma obra sobre reencontros e mais um lembrete de que o nosso passado ajuda a moldar as pessoas que nos tornamos e as experiências que acabamos seguindo em vida.
Pedro (Tony Ramos), Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França) são amigos da época do colégio, que se reencontram 40 anos depois, para recriar uma foto tirada por eles no dia da inauguração do metrô de São Paulo. O reencontro traz para eles uma sensação de saudade da juventude, de momentos felizes que foram vividos e que ganham um significado ainda maior quando analisamos o momento presente deles.
Tanto Pedro, quanto Ivan, e Mariano encontram-se numa crise de meia idade, incertos sobre os seus futuros, infelizes com o rumo que a vida de cada um deles tomou. “45 do Segundo Tempo”, de uma certa maneira, utiliza a reunião dos três amigos para fazer uma grande reflexão sobre as nossas escolhas, sobre a amizade e sobre a autoanálise que todos devemos fazer sobre nós mesmos.
Por isso mesmo, “45 do Segundo Tempo” acaba sendo um título bastante feliz para tudo aquilo que o filme evoca. Fazendo um paralelo com o fanatismo de Pedro pelo esporte, pode parecer que os momentos finais de uma partida de futebol (que, para os amigos estão representados na idade que eles possuem) já é tarde demais para fazer alguma coisa, para tentar modificar algo, para tentar buscar a felicidade, para tentar se recuperar como pessoa.
O que o filme de Luiz Villaça nos mostra é justamente o contrário: que você pode até pensar em desistir, mas, se você tem ao seu lado pessoas fortes e que estão com você para o que der e vier, ceder não se torna uma opção.
A situação que “Continência ao Amor”, filme dirigido por Elizabeth Allen Rosenbaum, retrata é uma prova concreta de que o amor romântico, muitas vezes, vem quando a gente conhece alguém profundamente, sem ter medo de mostrar as nossas qualidades e defeitos, os nossos momentos mais vulneráveis e, até mesmo, as nossas fraquezas.
O que une Cassie (Sofia Carson), uma aspirante à cantora, e Luke (Nicholas Galitzine), um fuzileiro naval, é a conveniência. Ela, diabética, precisa de um plano de saúde sólido, que dê a assistência que ela necessita. Ele, envolvido com dívidas com as pessoas erradas, precisa de um incremento salarial que o casamento lhe proporcionará.
No papel, o casamento entre eles é perfeito. Eles não dividirão o mesmo teto, afinal Luke está de partida para o Iraque; e terão, em contrapartida, os benefícios que precisam. Só que, ao precisarem manter o casamento de fachada para os outros, eles se permitirão conhecer um ao outro - e é aí que o perigo da paixão aparece.
“Continência ao Amor” tem sido um verdadeiro sucesso e está na lista dos filmes mais vistos da Netflix Brasil desde o seu lançamento, em 29 de julho. Após assistirmos à obra, fica claro o por quê do longa ter se tornado um hit - afinal, tem uma história apelativa e que emociona, apesar da sua trama ser facilmente telegrafada, já que repete elementos clássicos do romance e dos filmes que envolvem conflitos de guerra.
No geral, a trama de “Superbad – É Hoje” acompanha Seth, Evan e Fogell no dia da festa de Jules e todas as confusões em que eles irão se envolver – o caminho deles até irá se cruzar com os dos policiais Slater (Bill Hader) e Michaels (Seth Rogen). O filme tem cenas divertidíssimas, sem nunca apelar para o mau gosto, e se apóia nas boas performances de seu jovem elenco.
É possível enxergar muitos paralelos entre “Férias Frustradas de Verão” e a obra anterior de Greg Mottola, “Superbad – É Hoje!”. Além do fato de ter um elenco principal formado, primordialmente, por jovens, temos como protagonistas dois rapazes virgens que descobrem as suas sensibilidades durante os acontecimentos retratados no longa e que estão prestes a começar novas jornadas em suas vidas. O interessante é que, no rito de passagem que estes jovens irão vivenciar, a lição dos dois filmes é quase a mesma: com amor, quando se tem este sentimento, tudo se torna mais gostoso e ficamos mais fortes – e corajosos – para enfrentar tudo.
“Um Método Perigoso” faz parte de uma linhagem mais recente de filmes dirigidos por David Cronenberg, em que o diretor dialoga com a linguagem mais tradicional do cinema, fugindo do experimentalismo que foi a marca de boa parte de sua carreira. O longa tem uma boa reconstituição de época, com trabalhos sólidos de figurinos e direção de arte e seu ponto mais positivo, talvez, seja a captura de um momento histórico tão efervescente pra ciência e pelo fato de conseguir transmitir isso de uma forma que seja compreendida por todos nós.
Baseado no livro homônimo escrito por Jane Austen, “Persuasão”, filme dirigido por Carrie Cracknell, tem como propósito principal modernizar uma trama originalmente lançada em 1818, embora mantendo as suas características principais, notadamente o fato de que a obra se trata de um romance de época.
Dessa maneira, a essência do livro de Jane Austen está mantida e a história central envolve o reencontro entre Anne Elliot (Dakota Johnson) e o Capitão Frederick Wentworth (Cosmo Jarvis), oito anos após ela ter dispensado ele, apesar do grande amor que envolvia os dois, pelos motivos que eram comuns na época: o casamento não seria bom para a sua família.
A persuasão à qual o título do livro e do filme se refere diz respeito ao convencimento que foi necessário para que Anne entendesse que a decisão de deixar Wentworth seria a melhor para ela - e sua família. E, por consequência, a jornada da protagonista/heroína romântica está relacionada a uma segunda oportunidade que o destino lhe dá. Seria tarde para ela e Wentworth viverem o seu grande amor? Ou o ressentimento entre o que ocorreu entre eles seria mais forte?
A grande modernização que “Persuasão” traz à história elaborada por Austen está associada a um recurso típico da linguagem cinematográfica: a quebra da quarta parede entre Anne e nós da plateia. São vários os momentos em que a personagem se dirige diretamente a nós, como se dividisse conosco as suas intenções, pensamentos e próximos passos.
Sinceramente, na minha opinião, essa foi uma solução narrativa totalmente desnecessária, uma vez que a história de “Persuasão” já se comunica tão bem conosco. O que ficou claro, pra mim, no filme dirigido por Carrie Cracknell, é o seu desejo de agradar a uma plateia mais jovem, emulando elementos da crônica da sociedade da época feita em séries como “Bridgerton”, que também tem essa roupagem mais contemporânea para o gênero de romances de época.
Em “Os Donos da Noite”, o diretor e roteirista James Gray recupera um estilo que ele mesmo mostrou em seu trabalho anterior, “Caminho Sem Volta” (também protagonizado por Mark Wahlberg e Joaquin Phoenix). Através do mergulho no ambiente familiar, Gray toca num ponto fundamental: o de homens que se vêem envolvidos até o pescoço em situações difíceis e a única maneira de conseguir tocar o barco para frente é resolvendo todos os problemas – não importa o custo que eles tenham. Este estilo de Gray é bem diferente. Seus filmes têm um ritmo próprio, e, no caso deste “Os Donos da Noite”, os elementos vistos em tela recuperam características que são muito próximas dos filmes policiais clássicos produzidos nos anos 70.
Baseado num livro escrito por Peter May, “Desaparecidos”, filme dirigido e co-escrito por Denis Decourt, estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 04 de agosto e é um suspense policial que se passa em Seul, capital da Coreia do Sul.
A partir da descoberta - pela polícia local - de corpos em avançado estado de decomposição e que escondiam a retirada cirúrgica de órgãos humanos, os detetives envolvidos na investigação encontram uma rede de tráfico de órgãos e que esconde outra série de questões relacionadas à imigração e à precarização do trabalho.
Em paralelo à investigação policial, “Desaparecidos” aborda também o encontro entre a francesa Alice Launey (Olga Kurylenko), que passa a ajudar a polícia neste caso com sua técnica inovadora de identificação de corpos, e o detetive Jin-ho (Yoo Yeon-Seok), que encabeça a busca.
“Desparecidos” tem uma qualidade que é inerente a qualquer filme de suspense policial: a capacidade de prender a atenção de sua plateia. Isso ocorre apesar do fato do roteiro escrito por Denis Decourt, com a colaboração de Marion Dussout, não se aprofundar demais nas questões abordadas pelo longa - talvez, devido ao fato desta ser uma obra com duração enxuta, somente 88 minutos.
Existem certos livros e filmes que marcam uma geração. Para quem cresceu entre as décadas de 80 e de 90, “Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída” é um deles. Esta história se tornou uma referência nos retratos dos ciclos vivenciados pelos usuários de drogas, sendo utilizada como elemento educativo e informativo para a conscientização de tantos outros jovens, no mundo inteiro.
40 anos após o seu lançamento, o filme dirigido por Uli Edel será relançado nos cinemas brasileiros, com uma cópia remasterizada, no dia 28 de julho. Assistindo novamente a esta história fica a certeza de que ela mantém o seu impacto, com seus momentos chocantes propícios justamente para chamar a atenção da jornada vivenciada por Christiane F. (Natja Brunckhorst, no seu papel de estreia como atriz), uma jovem alemã que, aos 13 anos, sucumbe à curiosidade que é natural da juventude e se aproxima do uso das drogas.
Como disse no início da minha resenha crítica, o ciclo que Christiane F. vivencia é similar ao de muitos outros usuários de drogas. Filha de pais separados, com pouca atenção da mãe, quando começa a frequentar a vida noturna de Berlim, passa a entrar em contato com as drogas - primeiro, as lícitas; depois, as ilícitas. A decadência de Christiane F. é mostrada para nós, como espectadores, de uma forma que, numa postura impotente, vamos assistindo a esta jovem mergulhar cada vez mais no vício e na prostituição, num flerte perigoso com a morte.
“Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída” é um filme quase de caráter documental, capturando muito bem a realidade na qual a sua protagonista estava inserida. Além disso, é um representante importante da função social do cinema, como um elemento de reflexão e de impacto, ao tratar de temas de importância para a nossa sociedade.
Pequena Mamãe
3.8 87A morte nos deixa diante do vazio e do silêncio, porém, principalmente, diante da incerteza dos caminhos que virão a seguir. “Pequena Mamãe”, filme dirigido e escrito por Céline Sciamma), se passa nos momentos que se seguem à morte da avó de Nelly (Joséphine Sanz), a mãe da sua mãe, Marion.
Neste caso, mãe e filha estão lidando com a perda por meio da organização das coisas que a avó deixou para trás, seja na casa de repouso onde vivia, seja na residência que, antes, ela ocupava. Se Nelly encara a morte com a visão infantil, com o arrependimento de não ter dito “tchau” pela última vez à avó; a mãe prefere fugir, literalmente, do caos que a perda deixa.
E é justamente ao se ver no local onde sua mãe passou a infância, nas paisagens onde ela brincava e se divertia, que Nelly passará pela experiência que marca a narrativa enxuta de “Pequena Mamãe”: o encontro com a Marion criança, quando a dor da morte nem sonhava em atingi-las.
É ao entrar em contato com o eu criança de sua mãe que Nelly passa a ter o entendimento do que é superar as dificuldades que encaramos na nossa vida - dentre uma delas, a perda das pessoas queridas. “Pequena Mamãe” não é um filme sobre o luto. Pelo contrário, é um filme sobre o amor, o carinho, a sinceridade, o abraço e o cuidado como receitas poderosas para a cura das piores dores. Até mesmo aquelas que são as mais inimagináveis de enfrentar.
Blonde
2.6 444 Assista AgoraSe você assistir a “Blonde”, filme dirigido e escrito por Andrew Dominik, esperando ser uma cinebiografia ao estilo tradicional sobre a vida e obra de Marilyn Monroe, um dos maiores ícones do cinema (quiçá da cultura pop) ficará decepcionado. Assistir a “Blonde” é uma experiência cruel, principalmente pela maneira como o diretor/roteirista decidiu retratar a sua biografada.
No filme, Marilyn Monroe (Ana de Armas) nos é apresentada como um produto das experiências mais dolorosas da sua vida. Do abandono materno e paterno. Do estupro vivenciado ao tentar se firmar como atriz, no início da carreira. Dos abortos sofridos. Dos diversos relacionamentos abusivos. Uma mulher objetificada, uma sex symbol na sua persona pública, e um ser infantilizado na privacidade.
São diversos recortes que reforçam aquilo que Andrew Dominik quer passar: o sufocamento de Norma Jeane (o nome verdadeiro da atriz) pela persona de Marilyn Monroe, permeado por frases de efeito, como “Se não fosse Marilyn, quem seria você?” ou “O rosto nem sempre revela a alma”.
Se tem algo que consegue sobreviver ao desastre que “Blonde” é, podemos dizer que é a atuação excepcional de Ana de Armas como Marilyn, numa caracterização impressionante que, em vários momentos, nos faz questionar se não estamos vendo a verdadeira Marilyn em cena.
Um Lugar Qualquer
3.3 810 Assista AgoraNo papel, “Um Lugar Qualquer” parecia ser um filme perfeito, uma vez que ele tem uma premissa que permitia a Sofia Coppola uma abordagem muito interessante. Entretanto, é justamente a insistência dela nos silêncios (as únicas vezes em que Johnny esboça vontade de comunicação com as pessoas é com Cleo, com seu melhor amigo e com a sua agente) e nos vazios que fazem com que seu filme tenha um ritmo um tanto parado e lento. “Um Lugar Qualquer” nunca chega a decolar e nunca sai do seu marasmo – apesar dos esforços de Stephen Dorff, que, de longe, é a melhor coisa do longa, junto com o coadjuvante Chris Pontius, que dá a esse filme a vida que ele deveria ter.
Kompromat: O Dossiê Russo
3.4 6 Assista AgoraUm dos destaques da programação do último Festival Varilux de Cinema Francês, “Kompromat: O Dossiê Russo”, filme dirigido e co-escrito por Jérôme Salle, tem uma história inspirada em fatos reais e que envolve a tentativa de um homem inocente de escapar de uma acusação mentirosa que lhe foi imposta.
Diretor da Aliança Francesa na Sibéria, Mathieu Roussel (Gilles Lellouche) foi vítima de um Kompromat (dossiê composto por provas falsas produzido pela FSB - o Serviço Federal de Segurança da Rússia - para prejudicar personalidades públicas que são vistas como um perigo para o Estado).
A acusação: pedofilia. Pior: cometida contra a sua própria filha. Isolado e condenado injustamente sem ter a mínima chance de comprovar a sua inocência, Mathieu só tem uma saída: fugir e escapar do território siberiano, conseguindo abrigo num país seguro, onde as suas acusações não sejam levadas em consideração e ele não corra o risco de extradição.
Desta maneira, “Kompromat: O Dossiê Russo” retrata a fuga de Mathieu e a tentativa de captura dele pelas autoridades russas, intercalando este acontecimento com diversos flashbacks que nos mostram o por quê dele ter sido considerado alguém perigoso pelos russos. É um filme instigante, mas que, infelizmente, não se sustenta em seu conflito principal, falhando em nos causar a tensão que uma história desse tipo necessita.
Eles Poderiam Estar Vivos
4.2 7“Eles Poderiam Estar Vivos”. Uma frase poderosa. Quando analisamos o contexto no qual o título do documentário dirigido pelos irmãos Lucas e Gabriel Mesquita se insere, a afirmação ganha um contorno ainda mais melancólico e doloroso.
Com base em depoimentos de médicos, cientistas, economistas, sobreviventes e parentes das vítimas, o documentário faz uma linha temporal das ações do governo brasileiro liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro durante a mais grave crise sanitária dos últimos 100 anos: a pandemia de Covid-19.
Não são ilações. São fatos que estão amplamente documentados e que são reproduzidos no filme. O descrédito da ciência, a desconstrução da cultura de vacinação no país, o desdém com a vida dos brasileiros, a falta de humanidade e de empatia com os semelhantes, a desvalorização do Sistema Único de Saúde (SUS), a atitude negacionista diante das recomendações emitidas pelos órgãos especialistas, a despreocupação com a proteção social das pessoas…
Os resultados foram vistos por cada um de nós: são 686 mil brasileiros vítimas do Coronavírus. Alguns deles eram nossos familiares, nossos amigos, nossos conhecidos. Os fortes depoimentos contidos em “Eles Poderiam Estar Vivos” são um testemunho de que as ações criminosas cometidas por aqueles que deveriam ter nos protegido não devem ser esquecidas - pelo contrário, esperemos pela punição de cada uma delas.
Morte no Funeral
3.5 279 Assista AgoraÉ muito difícil imaginar que se possa tirar algo de cômico de um acontecimento tão triste como um velório, mas isso acontece com “Morte no Funeral”. O roteiro de Dean Craig é muito bem construído e pode ser resumido da seguinte forma: além de fazerem parte da mesma família, o que todos os personagens do filme têm em comum é o fato de que, no dia do velório de Edward, serão protagonistas de uma série de decisões equivocadas. Por isso, seria fundamental para o filme ter um bom elenco, que unisse todas as arestas desta história. Nesse sentido, “Morte no Funeral” está muito bem servido, já que seu elenco possui o timing cômico perfeito e entraram na brincadeira cheia de ironia e humor negro proposta pela dupla Dean Craig e Frank Oz.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraQuando eu assisto a filmes que se passam durante grandes conflitos, como a Primeira Guerra Mundial, sempre me chama a atenção o fato de que a batalha ocupa um pano de fundo. O foco principal se encontra nas histórias das pessoas envolvidas nos combates. Não é diferente com “1917”, filme dirigido e co-escrito por Sam Mendes.
Neste longa, iremos acompanhar os Cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) numa missão aparentemente impossível: eles devem cruzar o campo de batalha, correndo o risco de sofrerem ataques dos inimigos alemães, para entregar uma mensagem que pode impedir o massacre de 1.600 colegas do exército britânico.
A missão ganha um contorno ainda mais dramático quando consideramos que um dos integrantes do destacamento que eles tentam alcançar é o irmão do Cabo Blake.
“1917” é um filme que se destaca, principalmente, em dois aspectos: a edição e mixagem de som e pelas escolhas estilísticas de Sam Mendes. A jornada de Schofield e Blake nos é apresentada em planos sequências que chamam a atenção, não só pela coreografia das cenas, como também por terem a capacidade de nos inserirem no coração emocional desta história: o caráter pessoal que a missão dos militares adquire.
Trama Internacional
3.2 200 Assista AgoraNa sua execução, “Trama Internacional” é um filme que bebe nas fontes da trilogia de Jason Bourne e de “Conduta de Risco”. O diretor Tom Tykwer imprime um ritmo ágil à sua narrativa, porém o longa, apesar de ter uma história pra lá de interessante, nunca consegue envolver o espectador de forma plena. Os melhores momentos de “Trama Internacional” acabam aparecendo de forma isolada,
como o enfrentamento no Museu Guggenheim e a cena final – que, quando termina, acaba deixando a gente com aquela sensação desconfortável de “mas, já?”
Licorice Pizza
3.5 598Para você, o que é estar em um relacionamento? Para mim, é quando duas pessoas estão envolvidas em uma conjuntura de amor, parceria, companheirismo, cuidado, interesse, amizade, ciúmes, diversão… Enquanto assistimos a “Licorice Pizza”, filme dirigido e escrito por Paul Thomas Anderson, temos a certeza de que Gary (Cooper Hoffman) e Alana (Alana Haim) estão em uma relação, mesmo que eles não tenham a consciência disso - afinal, a tensão (sexual e sentimental) entre eles é latente e evidente, apesar de nenhum deles tomar a iniciativa para transpor o limite entre amizade e amor.
Para além de um filme “coming of age”, que captura a transição para a vida adulta, bem como uma obra sobre o retrato da descoberta do primeiro amor, “Licorice Pizza” é um conto sobre duas personagens (Gary e Alana) que, embora separados pela diferença de idade (ele é dez anos mais novo que ela), embora vivam momentos de vida diferentes, possuem muitas coisas em comum, principalmente o fato de estarem em busca do encontro consigo mesmos.
Neste sentido, o fato de “Licorice Pizza” se passar na Califórnia, um Estado que exala a liberdade de ser, de sentir e de ter a impetuosidade que prenunciam as presenças de Gary e Alana, faz com que tudo se torne ainda mais crível.
Apesar de estarmos diante de um filme que não reflete todo o brilhantismo de um diretor/roteirista como Paul Thomas Anderson, uma vez que a narrativa é muito inconstante, “Licorice Pizza” fica conosco, principalmente, pela naturalidade de seus dois protagonistas: Cooper Hoffman (filho do saudoso Philip Seymour Hoffman) e Alana Haim (da banda pop rock Haim) estão em seus primeiros papéis no cinema aqui e, por isso mesmo, trazem todo o frescor que essa narrativa precisa.
Elvis
3.8 760“Elvis”, cinebiografia dirigida e co-escrita por Baz Luhrmann, é um filme com a cara do diretor/roteirista/produtor australiano. Um espetáculo visual, repleto de cores e de vibração, com uma edição frenética e com recursos narrativos que tentam fazer jus à figura magnética, emblemática e igualmente chamativa que era a de Elvis Presley.
O filme tem como foco o relacionamento entre o cantor (interpretado por Austin Butler) e seu empresário, o Coronel Tom Parker (Tom Hanks), que se conheceram quando Elvis realizou as suas primeiras gravações, ainda na Sun Records, e era considerado uma promessa da música norte-americana.
“Elvis” enfoca muito bem os motivos por trás da transformação de Elvis Presley no Rei do Rock ‘N Roll. Se, por trás dele, tinha a mentalidade empresarial do Coronel Tom Parker, nos holofotes tínhamos um artista que soube se posicionar num momento histórico de um Estados Unidos segregacionista, conservador e violento.
Chama a atenção também, na trajetória de Elvis Presley, o fato dele ser um artista mundialmente aclamado sem nunca ter saído dos Estados Unidos e ter feito grandes turnês internacionais.
Neste ponto, “Elvis” reflete, também, uma crítica ao regime de trabalho de artistas como o cantor, com contratos de trabalho com cláusulas abusivas, reféns de seus empresários e sem a liberdade de poder planejar a sua carreira.
Embora não deva ser a obra definitiva sobre a vida e obra de uma estrela do porte de Elvis Presley, “Elvis”, com certeza, será lembrado pela sua visão extravagante e por duas excelentes performances: as de Austin Butler e de Tom Hanks, que devem estar presentes na próxima cerimônia do Oscar, assim como o filme deve ser indicado em algumas categorias técnicas.
Batman
4.0 1,9K Assista Agora“Batman”, filme dirigido e co-escrito por Matt Reeves, nos coloca diante de mais uma tentativa de repaginação de uma das personagens mais emblemáticas do universo do entretenimento. Aqui, estamos diante de um Batman diferente: menos glamuroso, menos elegante, menos playboy. Entra em cena um homem sombrio e recluso.
Este tom reflete também a Gotham City que encontramos em tela e que também retrata o seu lado mais sinistro: uma cidade violenta e dominada pela corrupção e pelo abuso de poder. A ascensão do Batman como um vigilante solitário nesta localidade não tem como foco a salvação da cidade e a sua reconstrução/renovação. A sensação que temos é a de que, não só ele, como seus aliados, principalmente os da polícia (representados pelo, então, Tenente James Gordon), estão apagando incêndios um dia de cada vez.
“Batman” coloca o herói (interpretado por Robert Pattinson) diante de um vilão bastante engenhoso, o Charada (Paul Dano). E é aqui que temos mais um elemento que entrelaça essa trama: com o propósito de desmascarar a verdade sobre a já combalida Gotham City, o Charada não quer também a reconstrução/renovação do local, e sim a sua completa destruição. Ou seja: a descoberta da verdade não vem como um elemento de libertação, e sim como uma forma de aniquilação, de devastar o que já está em frangalhos.
Como se pode perceber, “Batman” é um filme que tem uma coesão muito forte - seja na maneira como o roteiro foi concebido, como também na forma como a história nos é apresentada visualmente. No final, estamos diante de uma obra em que a jornada serve como um instrumento de autoconhecimento para o herói. Batman tem consciência de que pode ser um homem que poderia estar fazendo muito mais pela sua cidade. A transformação, o entendimento do que se espera dele, acontecem como uma consequência de tudo que ele vive aqui.
Como uma obra de repaginação, neste sentido, “Batman” funciona muito bem como um prólogo. Um prólogo um pouco mais longo do que deveria ser - diga-se a verdade. Porém, um prólogo que cumpre muito bem o seu papel de antecipar que a parte principal deste caminho ainda está por vir.
Se Beber, Não Case! Parte II
3.5 2,4K Assista AgoraPor ser um plágio de si mesmo, “Se Beber, Não Case! – Parte II” acaba sendo uma verdadeira decepção. Sim, você vai rir bastante. Sim, você vai ter aquilo que você procurava ao assistir a este filme. Mas, a verdade é que a trama não evolui. É o mais do mesmo. Até mesmo nos conflitos centrais
– Stu, por exemplo, continua lutando contra pessoas de personalidade mais forte que a dele
Minhas Mães e Meu Pai
3.4 1,3K Assista grátis“Minhas Mães e Meu Pai” tem sido particularmente elogiado em um aspecto: a atuação de Annette Bening, a qual rendeu à atriz sua quarta indicação ao Oscar. Num ano em que tínhamos a excelente atuação de Natalie Portman (a merecedora ganhadora da estatueta dourada), é até inconcebível que Bening tenha tido status de favorita ao Oscar em certo ponto da corrida ao prêmio. O grande mérito dela tem uma enorme “culpada”: Julianne Moore, uma vez que a performance de Bening é uma extensão do trabalho magnífico de Moore neste filme. As duas construíram aqui o mesmo que Heath Ledger e Jake Gyllenhaal conseguiram em “O Segredo de Brokeback Mountain”. O fato de Jules e Nic serem lésbicas é somente um detalhe. Elas são um casal normal e possuem uma família normal. Assistimos a pessoas críveis, em situações que são comuns a qualquer um de nós. Por transpor todas essas barreiras que “Minhas Mães e Meu Pai” se torna um filme especial.
Sempre em Frente
3.9 160Se tem algo que as crianças possuem, é uma perspectiva única e diferente de ver o mundo. No decorrer de “Sempre em Frente”, filme dirigido e escrito por Mike Mills, acompanharemos as diversas maneiras pelas quais as crianças irão auxiliar Johnny (Joaquin Phoenix) a transformar as perspectivas pelas quais ele encara a vida.
O filme é permeado dos diálogos que Johnny estabelece com outras crianças, ao fazer entrevistas que serão utilizadas em algum produto audiovisual. As entrevistas versam sobre os mesmos temas: a vida, o mundo e o futuro.
De todos os encontros que Johnny terá, ao longo de “Sempre em Frente”, nenhum deles será mais marcante do que aquele que ocorre entre ele e seu sobrinho, Jesse (Woody Norman), que fica sob a sua guarda enquanto a sua irmã Viv (Gaby Hoffmann) está cuidando do marido.
E é justamente das interações entre Johnny e Jesse que sai a frase que é a grande essência de “Sempre em Frente”: “Tudo o que você planeja que aconteça, nunca acontece. Coisas que você nunca pensaria, acontecem. Então, você só tem que seguir em frente, seguir em frente, seguir em frente, seguir em frente, seguir em frente”.
A vida seria tão fácil se pensássemos dessa maneira, né? Mas, o aprendizado de que nem sempre temos controle sobre a nossa vida é o mais difícil de todos. Que possamos, assim como Johnny, aprender com essas crianças.
Luta Pela Liberdade
3.2 7Representante da China na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira no Oscar 2022, “Luta Pela Liberdade”, dirigido e co-escrito por Zhang Yimou, estreou nos cinemas brasileiros na data de ontem (18), e tem uma história baseada em fatos reais, e que se passa no estado de Manchukuo (uma província chinesa fundada pelo império japonês), na década de 1930.
O roteiro enfoca o planejamento, a execução e as consequências da chamada Operação Utrennya (amanhecer em russo). Nesta atividade, quatro agentes especiais do Partido Comunista chinês, treinados pela União Soviética, retornam à China com o objetivo de desmantelar campos secretos de prisioneiros que foram instituídos pelo Japão no país.
Como em um bom suspense de espionagem, “Luta Pela Liberdade” envolve temas como traição, ameaças e segredos - o que faz com que a execução da missão dos quatro agentes se torne ainda mais difícil. Na medida em que eles vão sendo testados, fica, até mesmo, a incerteza sobre se o grupo será bem sucedido ou não na sua ação.
Zhang Yimou é um diretor muito experiente e um dos grandes nomes do cenário artístico da China. Infelizmente, quando comparada com outros de seus filmes (podemos citar aqui “Lanternas Vermelhas”, “Herói”, “O Clã das Adagas Voadoras”, “Nenhum a Menos”, dentre outros), “Luta Pela Liberdade” é uma obra que chama a atenção pelos seus aspectos técnicos, principalmente o trabalho de edição de som e de fotografia, mas que peca um pouco no seu roteiro. Chega um momento em que a trama fica difícil de acompanhar, apesar dela estar dividida em capítulos, como se cada um deles retratasse uma etapa da Operação Utrennya.
45 do Segundo Tempo
3.5 24 Assista Agora“45 do Segundo Tempo”, filme dirigido e co-escrito por Luiz Villaça, e que estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 18 de agosto, é uma obra sobre reencontros e mais um lembrete de que o nosso passado ajuda a moldar as pessoas que nos tornamos e as experiências que acabamos seguindo em vida.
Pedro (Tony Ramos), Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França) são amigos da época do colégio, que se reencontram 40 anos depois, para recriar uma foto tirada por eles no dia da inauguração do metrô de São Paulo. O reencontro traz para eles uma sensação de saudade da juventude, de momentos felizes que foram vividos e que ganham um significado ainda maior quando analisamos o momento presente deles.
Tanto Pedro, quanto Ivan, e Mariano encontram-se numa crise de meia idade, incertos sobre os seus futuros, infelizes com o rumo que a vida de cada um deles tomou. “45 do Segundo Tempo”, de uma certa maneira, utiliza a reunião dos três amigos para fazer uma grande reflexão sobre as nossas escolhas, sobre a amizade e sobre a autoanálise que todos devemos fazer sobre nós mesmos.
Por isso mesmo, “45 do Segundo Tempo” acaba sendo um título bastante feliz para tudo aquilo que o filme evoca. Fazendo um paralelo com o fanatismo de Pedro pelo esporte, pode parecer que os momentos finais de uma partida de futebol (que, para os amigos estão representados na idade que eles possuem) já é tarde demais para fazer alguma coisa, para tentar modificar algo, para tentar buscar a felicidade, para tentar se recuperar como pessoa.
O que o filme de Luiz Villaça nos mostra é justamente o contrário: que você pode até pensar em desistir, mas, se você tem ao seu lado pessoas fortes e que estão com você para o que der e vier, ceder não se torna uma opção.
Continência ao Amor
3.2 322 Assista AgoraA situação que “Continência ao Amor”, filme dirigido por Elizabeth Allen Rosenbaum, retrata é uma prova concreta de que o amor romântico, muitas vezes, vem quando a gente conhece alguém profundamente, sem ter medo de mostrar as nossas qualidades e defeitos, os nossos momentos mais vulneráveis e, até mesmo, as nossas fraquezas.
O que une Cassie (Sofia Carson), uma aspirante à cantora, e Luke (Nicholas Galitzine), um fuzileiro naval, é a conveniência. Ela, diabética, precisa de um plano de saúde sólido, que dê a assistência que ela necessita. Ele, envolvido com dívidas com as pessoas erradas, precisa de um incremento salarial que o casamento lhe proporcionará.
No papel, o casamento entre eles é perfeito. Eles não dividirão o mesmo teto, afinal Luke está de partida para o Iraque; e terão, em contrapartida, os benefícios que precisam. Só que, ao precisarem manter o casamento de fachada para os outros, eles se permitirão conhecer um ao outro - e é aí que o perigo da paixão aparece.
“Continência ao Amor” tem sido um verdadeiro sucesso e está na lista dos filmes mais vistos da Netflix Brasil desde o seu lançamento, em 29 de julho. Após assistirmos à obra, fica claro o por quê do longa ter se tornado um hit - afinal, tem uma história apelativa e que emociona, apesar da sua trama ser facilmente telegrafada, já que repete elementos clássicos do romance e dos filmes que envolvem conflitos de guerra.
Superbad: É Hoje
3.6 1,3K Assista AgoraNo geral, a trama de “Superbad – É Hoje” acompanha Seth, Evan e Fogell no dia da festa de Jules e todas as confusões em que eles irão se envolver – o caminho deles até irá se cruzar com os dos policiais Slater (Bill Hader) e Michaels (Seth Rogen). O filme tem cenas divertidíssimas, sem nunca apelar para o mau gosto, e se apóia nas boas performances de seu jovem elenco.
Férias Frustradas de Verão
3.2 715 Assista AgoraÉ possível enxergar muitos paralelos entre “Férias Frustradas de Verão” e a obra anterior de Greg Mottola, “Superbad – É Hoje!”. Além do fato de ter um elenco principal formado, primordialmente, por jovens, temos como protagonistas dois rapazes virgens que descobrem as suas sensibilidades durante os acontecimentos retratados no longa e que estão prestes a começar novas jornadas em suas vidas. O interessante é que, no rito de passagem que estes jovens irão vivenciar, a lição dos dois filmes é quase a mesma: com amor, quando se tem este sentimento, tudo se torna mais gostoso e ficamos mais fortes – e corajosos – para enfrentar tudo.
Um Método Perigoso
3.5 1,1K“Um Método Perigoso” faz parte de uma linhagem mais recente de filmes dirigidos por David Cronenberg, em que o diretor dialoga com a linguagem mais tradicional do cinema, fugindo do experimentalismo que foi a marca de boa parte de sua carreira. O longa tem uma boa reconstituição de época, com trabalhos sólidos de figurinos e direção de arte e seu ponto mais positivo, talvez, seja a captura de um momento histórico tão efervescente pra ciência e pelo fato de conseguir transmitir isso de uma forma que seja compreendida por todos nós.
Persuasão
2.7 184 Assista AgoraBaseado no livro homônimo escrito por Jane Austen, “Persuasão”, filme dirigido por Carrie Cracknell, tem como propósito principal modernizar uma trama originalmente lançada em 1818, embora mantendo as suas características principais, notadamente o fato de que a obra se trata de um romance de época.
Dessa maneira, a essência do livro de Jane Austen está mantida e a história central envolve o reencontro entre Anne Elliot (Dakota Johnson) e o Capitão Frederick Wentworth (Cosmo Jarvis), oito anos após ela ter dispensado ele, apesar do grande amor que envolvia os dois, pelos motivos que eram comuns na época: o casamento não seria bom para a sua família.
A persuasão à qual o título do livro e do filme se refere diz respeito ao convencimento que foi necessário para que Anne entendesse que a decisão de deixar Wentworth seria a melhor para ela - e sua família. E, por consequência, a jornada da protagonista/heroína romântica está relacionada a uma segunda oportunidade que o destino lhe dá. Seria tarde para ela e Wentworth viverem o seu grande amor? Ou o ressentimento entre o que ocorreu entre eles seria mais forte?
A grande modernização que “Persuasão” traz à história elaborada por Austen está associada a um recurso típico da linguagem cinematográfica: a quebra da quarta parede entre Anne e nós da plateia. São vários os momentos em que a personagem se dirige diretamente a nós, como se dividisse conosco as suas intenções, pensamentos e próximos passos.
Sinceramente, na minha opinião, essa foi uma solução narrativa totalmente desnecessária, uma vez que a história de “Persuasão” já se comunica tão bem conosco. O que ficou claro, pra mim, no filme dirigido por Carrie Cracknell, é o seu desejo de agradar a uma plateia mais jovem, emulando elementos da crônica da sociedade da época feita em séries como “Bridgerton”, que também tem essa roupagem mais contemporânea para o gênero de romances de época.
Os Donos da Noite
3.5 163 Assista AgoraEm “Os Donos da Noite”, o diretor e roteirista James Gray recupera um estilo que ele mesmo mostrou em seu trabalho anterior, “Caminho Sem Volta” (também protagonizado por Mark Wahlberg e Joaquin Phoenix). Através do mergulho no ambiente familiar, Gray toca num ponto fundamental: o de homens que se vêem envolvidos até o pescoço em situações difíceis e a única maneira de conseguir tocar o barco para frente é resolvendo todos os problemas – não importa o custo que eles tenham. Este estilo de Gray é bem diferente. Seus filmes têm um ritmo próprio, e, no caso deste “Os Donos da Noite”, os elementos vistos em tela recuperam características que são muito próximas dos filmes policiais clássicos produzidos nos anos 70.
Desaparecidos
2.4 8 Assista AgoraBaseado num livro escrito por Peter May, “Desaparecidos”, filme dirigido e co-escrito por Denis Decourt, estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 04 de agosto e é um suspense policial que se passa em Seul, capital da Coreia do Sul.
A partir da descoberta - pela polícia local - de corpos em avançado estado de decomposição e que escondiam a retirada cirúrgica de órgãos humanos, os detetives envolvidos na investigação encontram uma rede de tráfico de órgãos e que esconde outra série de questões relacionadas à imigração e à precarização do trabalho.
Em paralelo à investigação policial, “Desaparecidos” aborda também o encontro entre a francesa Alice Launey (Olga Kurylenko), que passa a ajudar a polícia neste caso com sua técnica inovadora de identificação de corpos, e o detetive Jin-ho (Yoo Yeon-Seok), que encabeça a busca.
“Desparecidos” tem uma qualidade que é inerente a qualquer filme de suspense policial: a capacidade de prender a atenção de sua plateia. Isso ocorre apesar do fato do roteiro escrito por Denis Decourt, com a colaboração de Marion Dussout, não se aprofundar demais nas questões abordadas pelo longa - talvez, devido ao fato desta ser uma obra com duração enxuta, somente 88 minutos.
Eu, Christiane F.,13 Anos, Drogada e Prostituída
3.6 1,2K Assista AgoraExistem certos livros e filmes que marcam uma geração. Para quem cresceu entre as décadas de 80 e de 90, “Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída” é um deles. Esta história se tornou uma referência nos retratos dos ciclos vivenciados pelos usuários de drogas, sendo utilizada como elemento educativo e informativo para a conscientização de tantos outros jovens, no mundo inteiro.
40 anos após o seu lançamento, o filme dirigido por Uli Edel será relançado nos cinemas brasileiros, com uma cópia remasterizada, no dia 28 de julho. Assistindo novamente a esta história fica a certeza de que ela mantém o seu impacto, com seus momentos chocantes propícios justamente para chamar a atenção da jornada vivenciada por Christiane F. (Natja Brunckhorst, no seu papel de estreia como atriz), uma jovem alemã que, aos 13 anos, sucumbe à curiosidade que é natural da juventude e se aproxima do uso das drogas.
Como disse no início da minha resenha crítica, o ciclo que Christiane F. vivencia é similar ao de muitos outros usuários de drogas. Filha de pais separados, com pouca atenção da mãe, quando começa a frequentar a vida noturna de Berlim, passa a entrar em contato com as drogas - primeiro, as lícitas; depois, as ilícitas. A decadência de Christiane F. é mostrada para nós, como espectadores, de uma forma que, numa postura impotente, vamos assistindo a esta jovem mergulhar cada vez mais no vício e na prostituição, num flerte perigoso com a morte.
“Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída” é um filme quase de caráter documental, capturando muito bem a realidade na qual a sua protagonista estava inserida. Além disso, é um representante importante da função social do cinema, como um elemento de reflexão e de impacto, ao tratar de temas de importância para a nossa sociedade.