Baseada na obra de Carlo Collodi, esta versão com atores de Pinóquio foi lançada no Festival de Berlim no ano passado, o último evento cinematográfico com grande público. Dirigida pelo italiano Matteo Garrone, ela faz uma junção de elementos de seu filme O conto dos contos, com um design de produção espetacular, e retoma, de certo modo, a atmosfera desoladora do cenário de interior de Dogman, seu filme anterior bastante subestimado, embora sem exatamente procurar o duro realismo. Garrone está no seu melhor quando consegue lidar com elementos fantasiosos e uma certa visão corrosiva que remete a dados reais, fazendo com que os sentimentos do espectador se sintam mesclados à sua visão de modo decisivo.
A série de live-actions da Disney teve seu grande auge em termos principalmente de bilheteria em 2019, com O rei leão e Aladdin. Em 2020, Mulan foi anunciado como um grande épico entre os filmes produzido nesse estilo pelo estúdio, mas, em razão da pandemia, teve seu lançamento nos cinemas reduzido a poucos lugares, sendo disponibilizado em larga escala no Disney +. A animação na qual o filme novo se baseia é de 1998 e é tomada até hoje como uma referência, não apenas pela visão da cultura oriental, como também por seu bom humor. É natural que na transição para a obra com atores algo não funcione exatamente – e não é apenas a ausência de Mushu, a figura simpática da animação, o equivalente ao guaxinim de Pocahontas ou ao Balu de Mogli – O menino lobo. A diretora Niki Caro transitou por filmes de drama, a exemplo de O zoológico de Varsóvia, com Jessica Chastain, e não tem certamente uma proximidade com esse estilo que impõe aqui, cercado por cenas de ação que parecem um pouco endurecidas e não muito espontâneas.
Conhecido inicialmente por ter sido filmado durante a pandemia, este filme é um bom veículo para comprovar o talento em termos de atuação de John David Washington, que se destacou em Tenet, e de Zendaya, estrela da série Euphoria. É basicamente o diálogo de um casal depois da estreia de um filme dele, que interpreta um diretor de cinema. A história já inicia em alta rotação, mostrando os dois chegando em casa depois desse evento, com ele, Malcolm Elliott, bastante entusiasmado com a recepção de sua obra e ela, Marie Jones, um pouco desconfortável com o comportamento do namorado e o fato de ele não ter lhe agradecido formalmente para a plateia. A fotografia belíssima em preto-e-branco de Marcell Rév acompanha os dois pelo lado de fora da bela casa, à beira da praia em Malibu, quando se dá uma conversa sobre a criatividade. Aos poucos, quando a conversa se transporta do universo criativo para algo mais pessoal, a câmera adentra a casa e se aproxima dos dois, captando cada ângulo e cada um dos dois de forma bastante direta, realista. É uma obra que consegue captar de forma íntima um relacionamento.
A Netflix tem feito alguns exemplares de filmes de ação talvez tentando abrir espaço para franquias na plataforma. Um deles foi "Bright", com Will Smith e Joel Edgerton, cuja sequência foi anunciada, mas ainda não aconteceu, o recente "The old guard", com Charlize Theron, e agora "Power", com Jamie Foxx no papel de um ex-soldado, Art, que fez parte dos experimentos de uma substância chamada Power – premissa que tem muito de "RoboCop II", a sequência negligenciada do sucesso dos anos 80 com roteiro de Frank Miller. Ele está atrás de pessoas lideradas por Biggie (Rodrigo Santoro). que sequestram sua filha Tracy (Kyanna Simpson) e lidam com a "Power", envolta numa cápsula dourada, no submundo, Tudo acontece em Nova Orleans, e esta droga está sendo experimentada em comunidades pobres logo após a passagem do furacão Katrina.
"Capone", de Josh Trank, lançado VOD, foi recebido com muita aversão pela crítica em geral, e o diretor, especialmente, foi lembrado por seu envolvimento polêmico na direção de Quarteto fantástico, cuja versão própria, segundo ele, acabou se perdendo. O filme oferece um retrato do último ano de vida do mafioso, interpretado por Tom Hardy, que vem num crescente em sua carreira, desde "A origem" e "Batman – O cavaleiro das trevas ressurge", passando por "O regresso", até "Venom". Se neste último ele fazia quase um personagem cômico, no novo filme ele se mostra disposto a uma variedade de caminhos.
Charlie Kaufman se tornou conhecido no final dos anos 90 com o roteiro de "Quero ser John Malkovich", de Spike Jonze, uma das peças mais originais do cinema norte-americano, em que se fazia presente uma espécie de mescla entre ficção científica, sonho e imaginação em igual escala. Nos anos 2000, ele repetiu a parceria com o diretor Jonze em "Adaptação e fez o roteiro", premiado com o Oscar, de "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", dirigido por Michel Gondry, com Jim Carrey e Kate Winslet como um casal que se mantinha em contato ao longo de memórias produzidas ou esquecidas. Em 2008, Kaufman finalmente estreou como diretor em "Sinédoque, Nova York", uma impressionante versão sobre como os tempos podem se misturar na existência de um indivíduo ligado a uma peça de teatro, estrelado por Philip Seymour Hoffman.
A sucessão de live actions lançada pelos estúdios Disney vem proporcionando uma onda de nostalgia para quem gosta de animações clássicas, do mesmo modo que bilheterias bilionárias. Neste ano, tivemos Dumbo, que desapontou financeiramente, e Aladdin, que está quase repetindo o feito financeiro de Mogli – O menino lobo, embora fique um pouco atrás de A bela e a fera. Apenas live actions menos comerciais (Christopher Robin, Meu amigo, o dragão) realmente não têm encontrado seu público. Dirigido pelo mesmo Jon Favreau da versão mais recente de Mogli, O rei leão é uma nova adaptação da história já levada às telas em 1994, que foi um grande sucesso, assim como venceu os Oscars de melhor trilha sonora (Hans Zimmer) e canção ("Can You Feel the Love Tonight", de Tim Rice e Elton John).
O personagem do detetive particular Shaft teve, além de uma breve série de TV, três filmes, o mais conhecido de 1971 com Richard Roundtree, dirigido por Gordon Parks, e o mais contemporâneo de 2000, estrelado por Samuel L. Jackson e tendo atrás das câmeras John Singleton, falecido lamentavelmente de forma precoce. Este novo filme com o personagem surge como uma espécie de sequência dos outros, mostrando John Shaft II (Samuel L. Jackson), que se separou da Maya Babanikos (Regina Hall), deixando-a com o filho John "JJ" Shaft Jr. (Jessie Usher), depois que um traficante, Pierro "Gordito" Carrera (Isaach de Bankolé), tentou matá-los.
A atriz Olivia Wilde dirige esta comédia adolescente com um tom mais incomum em relação a outras. Sua inspiração é bem clara: "Superbad", da década passada. Ela foca a amizade de Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein), duas colegas de ensino médio que também são melhores amigas. Elas descobrem, no fim dessa fase em suas vidas, que não aproveitaram absolutamente nada em termos de festa e resolvem, numa noite de despedida, buscarem conciliar seus sonhos e pretensões. Para isso, elas pedem ajuda a Jared (Skyler Gisondo, de "Férias frustradas" e da série "Santa Clarita Diet"), que gosta de Molly.
A maneira como Wilde mostra a escola é bem mais otimista do que séries e filmes recentes, por exemplo "Oitava série", em que a protagonista sofria constantemente. Não que as duas amigas não tenham problemas aqui, no entanto Wilde acrescenta um tom de humor, principalmente quando elas têm de lidar com o diretor Jordan Brown (o ótimo Jason Sudeikis).
Há algumas sequências com extrato um tanto surreal, perdidas em meio a outras com alívio cômico desnecessário, mas "Fora de série" apanha a atmosfera e o clima de uma determinada época e as agruras da transformação adolescente. Dever já se mostrou antes ótima atriz e Feldstein tem mais uma chance depois de sua participação exitosa em "Lady Bird". Ambas possuem uma química muito grande, situadas entre a aceleração do que querem fazer e as dúvidas que as cercam, em cenas sobretudo emotivas no ato final. Mas talvez seja Gisondo o grande intérprete dessa história, passada basicamente em uma noite e com ótima fotografia e trilha sonora. Ele oferece, como ótimo ator que é, um tom agridoce a esta passagem de fase e se confirma como um dos talentos jovens de Hollywood.
Em 2014, foi lançado o personagem de John Wick em De volta ao jogo, com Keanu Reeves, que se caracterizava pelo visual potencialmente distinto e com violência extrema. Sua vingança se dava em nome da morte de seu cão. John Wick – Um novo dia para matar começa apenas quatro dias depois dos acontecimentos do original.
Lançado em 1992, Aladdin é um dos desenhos animados de maior bilheteria de todos os tempos. Embora não tenha repetido o feito de ser indicado ao Oscar de melhor filme, como A bela e a fera um ano antes, trata-se de uma grande diversão, sobretudo pela presença de Robin Williams no papel do Gênio da Lâmpada.
Depois de Amor em tempo de histeria, o mexicano Alfonso Cuarón se dividiu entre uma carreira em Hollywood, realizando um episódio da série Harry Potter, o ótimo A princesinha e o subestimado Grandes esperanças, além de Filhos da esperança, e uma trajetória mais voltada a seu país de origem, com E sua mãe também. Com Gravidade, em 2013, recebeu o Oscar de melhor diretor reunindo um orçamento alto e estrelas conhecidas, George Clooney e Sandra Bullock. Chamava a atenção a estética voltada para o uso da câmera, outro trabalho do grande Emmanuel Lubezski, colaborador de Terrence Malick. É justamente pelo trabalho de fotografia, mas também o de efeitos especiais e de ambientação, mesclando os melhores ganhos trazidos por ficções mais reflexivas, como 2001 e Os eleitos – o grande filme de Philip Kaufman do início dos anos 80 –, que Gravidade ganha seu primeiro impulso.
Depois do sucesso crítico de A qualquer custo, indicado ao Oscar principal, o diretor escocês David Mackenzie volta à cena, desta vez com um filme histórico baseado na constituição de sua terra natal. É de se esperar uma obra que respeita os dados históricos, sem verter em demasiada liberdade, e é isso realmente o que acontece. Legítimo rei conta a trajetória de Robert the Bruce (Chris Pine), o homem que liderou os escoceses contra os ingleses na Primeira Guerra da Independência do seu país. Se no início o seu pai entra em acordo com a Inglaterra por meio de um casamento arranjado de Robert com Elizabeth de Burgh (Florence Pugh), depois de tratativa com Edward I (Stephen Dillane), em frente ao castelo sitiado de Stirling, em 1304 d.C., logo Mackenzie mostra esse personagem em permanente rebelião contra o sistema.
Há sete anos, Steven Spielberg realizou seu primeiro desenho animado, As aventuras de Tintim, baseado no personagem de Hergé, e obteve sucesso com um realismo atípico para o gênero, mesmo com sua revolução contínua. Depois de uma série de filmes baseados na história, a exemplo de Cavalo de guerra, Lincoln e Ponte dos espiões, ele regressou com uma animação mesclada com humanos intitulada O bom gigante amigo, com base num livro de Roald Dahl, o mesmo de O fantástico Sr. Raposo e A fantástica fábrica de chocolate. No ano passado, Spielberg fez o “Oscar bait” The Post – A guerra secreta, chegando, talvez, a seu limite como realizador de obras guiadas por fatos, através de um veículo com o objetivo de buscar nomeações a prêmios e sem a devida autenticidade.
Este é o projeto mais pessoal do cineasta japonês Akira Kurosawa, diretor de filmes antológicos como Kagemusha e Ran. Não apenas por tratar de oito sonhos que teve ao longo da vida, mas também porque apresenta uma narrativa leve e densa, sem permitir uma superficialidade. Ele havia feito Ran cinco anos antes, tendo sido indicado ao Oscar de melhor diretor, sua adaptação para o Rei Lear, de Shakespeare.
Exibido pela primeira vez no Festival de Cannes de 2017, O amante duplo é o filme mais recente de François Ozon, o diretor francês com mais lançamentos nos últimos anos. Ele vem fazer companhia a Frantz, obra mais clássica do diretor lançado no primeiro semestre do ano passado, fotografado em um preto e branco excepcional. Mais clássica também porque O amante duplo recupera as características do cineasta exibidas principalmente no fascinante Swimming Pool - À beira da piscina, de 2003, com Charlotte Rampling no papel de uma escritora que vai para uma casa de campo tentar escrever uma obra quando se vê cercada por um mistério em torno da filha de seu editor (Ludivine Sagnier). Nessa peça que já completou 15 anos, vemos o estilo de um novo diretor se sustentar pela originalidade.
O mais recente filme de Roman Polanski, Baseado em fatos reais, foi lançado no Festival de Cannes de 2017 e passou quase de forma despercebida. Algo estranho, em se tratando de ser a primeira parceria do diretor no roteiro com o cineasta Olivier Assayas, baseado no romance de Delphine de Vigan. A narrativa se concentra na vida da escritora Delphine (Emmanuelle Seigner), que publica seu primeiro grande sucesso, dedicado à mãe. Durante uma noite cansativa de autógrafos, ela conhece uma admiradora enigmática, chamada Elle (Eva Green), que depois reencontra numa festa para intelectuais. O interessante é que Baseado em fatos reais parece lembrar justamente a atmosfera de Elle, com Isabelle Huppert, não apenas pelo clima parisiense, como pela dualidade das personagens centrais. É de se perguntar o quanto a obra de Verhoeven também sofreu uma influência desse romance em que Baseado em fatos reais se baseia, lançado em 2015.
A distribuidora A24 vem se tornando o maior exemplo de cinema independente nos Estados Unidos, principalmente depois de Lady Bird e Projeto Flórida, lançados no final do ano passado e com êxito incomum junto à crítica e nas premiações. No início deste ano, estreou seu filme de terror mais conhecido até agora, Hereditário, no Festival de Sundance, sob a direção do estreante Ari Aster, feita dentro dos moldes que vêm repercutindo mais no gênero de terror e suspense: com uma mistura dramática, ligada à família. Isso aconteceu em A bruxa e Ao cair da noite, que normalmente levam o espectador a gostar muito deles ou simplesmente deixá-los em segundo plano. Annie Graham (Toni Collette) é uma artista que trabalha com miniaturas – em Hereditário, com uma casa de bonecas que parece representar a sua própria habitação. Ela é casada com Steve (Gabriel Byrne) e tem um casal de filhos: o adolescente Peter (Alex Wolff, muito parecido com seu irmão também ator Nat, de Cidades de papel) e a menina de 13 anos Charlie (Milly Shapiro). Já se inicia a história com o funeral de sua mãe, com a qual tinha vários problemas desde a infância.
O universo estendido da Marvel já teve dois filmes este ano, Pantera Negra e Vingadores - Guerra infinita. A eles vem se juntar a sequência daquele que seria o mais despretensioso do conjunto, lançado em 2015. Todos sabem que a parceria dos estúdios Disney com a Marvel vem resultando numa sequência de obras com variados super-heróis: Thor, Homem de Ferro e Capitão América, entre outros. Enquanto isso, paralelamente, a Fox tem feito franquias de X-Men e Deadpool. Homem-Formiga é um dos personagens mais improváveis desse universo. O primeiro tinha a colaboração no roteiro de Edgar Wright, o mesmo de Chumbo grosso e Scott Pilgrim contra o mundo, com Joe Cornish, que escreveram As aventuras de Tintim. Quem o substituiu na direção do filme antes de começarem as filmagens foi Peyton Reed, que regressa para a sequência. Ele tem uma obra muito curiosa sobre o amor com o estilo dos anos 50 (Abaixo o amor) e também dirigiu Jim Carrey numa de suas melhores comédias pós-anos 90, o subestimado Sim, senhor, uma sátira também aos gurus da autoajuda.
Lançado recentemente no Brasil por sua distribuidora Netflix, Pérolas no mar (um título menos interessante que o original Nós e eles) fez um grande sucesso de bilheteria, tendo chegado, até agora, a 209 milhões de dólares apenas na China, seu país de origem. Ele é dividido em capítulos, cada um representando um novo Ano Novo chinês. Começa em 2007, quando Jian Qing (Jing Boran) e Xiao Xiao (Zhou Dongyu) se encontram num trem que sai de Pequim para a cidade natal. Eles começam a estabelecer uma relação. Mais adiante, Jian passa a se apaixonar por Xiao, enquanto dividem um lugar apertado na cidade de Pequim, para onde voltam, a fim de trabalharem em diversos lugares, enquanto Qing desenvolve um video game. Toda essa história transcorre em cores, porém se trata de um flashback do presente, dez anos depois, quando o casal se encontra depois de um voo cancelado em Pequim. Eles vão para um hotel e lembram do passado. Esta parte curiosamente é filmada em preto e branco.
Lançado no Festival de Berlim deste ano, Ilha dos cachorros, embora possa se parecer com O fantástico Sr. Raposo, tem muito mais de Moonrise Kingdom do que qualquer outra obra de Wes Anderson, assim como remete, em vários momentos, ao restante de sua filmografia, com um humor agridoce e afetivo. A maneira como a cultura japonesa é apresentada pode soar, em alguns momentos, provocadora, mas poucos criadores do Ocidente conseguiram mostrá-la com tantos detalhes nos últimos anos, principalmente no uso de ambientações típicas.
Alguns filmes que surgem não necessariamente trazem elementos próximos do original. Talvez Você nunca esteve realmente aqui seja um desses casos. Sua influência é muito clara: Taxi Driver, de Scorsese, com a temática do submundo e de um homem que é levado a um comportamento extremado. Lançado no Festival de Cannes de 2017, esta peça de Lynne Ramsay, que dirigiu Precisamos falar sobre Kevin e é responsável por um estilo inovador, a começar por seu belo Morvern Callar, do início deste século, mostra a história de Joe (Joaquin Phoenix, premiado como melhor ator em Cannes), que age em casos de meninas raptadas e levadas para um mercado terrível de exploração.
"Like me" é um filme bastante estranho, mas não perde seu ponto de vista sobre o universo que pretende mostrar. Além disso, sua atriz principal, Addison Timlin, lembra Rooney Mara, tanto fisicamente quanto na maneira de interpretar. Ela faz uma youtuber, que sai por uma viagem filmando pessoas em situações desconfortáveis e violentas. Trata-se de uma personagem a princípio simplista, mas que traz uma certa complexidade pelo comportamento: não sabemos do seu passado, porém é possível imaginá-lo pela maneira com que ela o visualiza por meio de pessoas. Apesar da temática underground, a beleza plástica é evidente, com uma fotografia que remete a filmes de Refn, Gaspar Noé (a iluminação no motel) e "Moonlight". É um filme de orçamento limitado e que visualmente consegue inovar (o quarto pintado com as nuvens do céu é uma ótima ideia).
Quando se lê uma lista considerável de comentários sobre o novo filme de Duncan Jones, a impressão é que há muitas obras elaboradas com cuidado visualmente. Desde sua estreia, o filme distribuído pela Netflix vem sofrendo um massacre em larga escala, assim como o interessante Bright, no ano passado. A crítica, em parte, tem a função de dizer o que acha: em parte, isso se dá de maneira levemente desequilibrada em relação a blockbusters menos inventivos e aceitos como se fossem obras-primas. É interessante que Mudo tenha Ted Sarandos como um dos produtores e ele tenha dito há alguns meses que a Netflix não se importa como os críticos. Dito isso, não estou entre os especiais admiradores de Lunar, que quase todos os “fãs” de Jones (e coloco entre rigorosas aspas, pois mesmo um espectador qualquer não tem direito a usar grosserias para qualificar uma obra, a exemplo de o “pai dele (David Bowie) deve estar se revirando na cova”, a não ser que haja quem aplauda, e costuma ser uma horda) consideram o seu melhor trabalho. Um de seus filmes seguintes me parece melhor: Warcraft – O primeiro encontro de dois mundos é muito divertido, uma grande homenagem aos video games e ao cinema dos anos 80, com um orçamento imenso e uma arrecadação nada desprezível (mais de 400 milhões de dólares).
Pinóquio
3.1 229 Assista AgoraBaseada na obra de Carlo Collodi, esta versão com atores de Pinóquio foi lançada no Festival de Berlim no ano passado, o último evento cinematográfico com grande público. Dirigida pelo italiano Matteo Garrone, ela faz uma junção de elementos de seu filme O conto dos contos, com um design de produção espetacular, e retoma, de certo modo, a atmosfera desoladora do cenário de interior de Dogman, seu filme anterior bastante subestimado, embora sem exatamente procurar o duro realismo. Garrone está no seu melhor quando consegue lidar com elementos fantasiosos e uma certa visão corrosiva que remete a dados reais, fazendo com que os sentimentos do espectador se sintam mesclados à sua visão de modo decisivo.
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-ann
Mulan
3.2 1,0K Assista AgoraA série de live-actions da Disney teve seu grande auge em termos principalmente de bilheteria em 2019, com O rei leão e Aladdin. Em 2020, Mulan foi anunciado como um grande épico entre os filmes produzido nesse estilo pelo estúdio, mas, em razão da pandemia, teve seu lançamento nos cinemas reduzido a poucos lugares, sendo disponibilizado em larga escala no Disney +. A animação na qual o filme novo se baseia é de 1998 e é tomada até hoje como uma referência, não apenas pela visão da cultura oriental, como também por seu bom humor.
É natural que na transição para a obra com atores algo não funcione exatamente – e não é apenas a ausência de Mushu, a figura simpática da animação, o equivalente ao guaxinim de Pocahontas ou ao Balu de Mogli – O menino lobo. A diretora Niki Caro transitou por filmes de drama, a exemplo de O zoológico de Varsóvia, com Jessica Chastain, e não tem certamente uma proximidade com esse estilo que impõe aqui, cercado por cenas de ação que parecem um pouco endurecidas e não muito espontâneas.
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-afN
Malcolm & Marie
3.5 314 Assista AgoraConhecido inicialmente por ter sido filmado durante a pandemia, este filme é um bom veículo para comprovar o talento em termos de atuação de John David Washington, que se destacou em Tenet, e de Zendaya, estrela da série Euphoria. É basicamente o diálogo de um casal depois da estreia de um filme dele, que interpreta um diretor de cinema. A história já inicia em alta rotação, mostrando os dois chegando em casa depois desse evento, com ele, Malcolm Elliott, bastante entusiasmado com a recepção de sua obra e ela, Marie Jones, um pouco desconfortável com o comportamento do namorado e o fato de ele não ter lhe agradecido formalmente para a plateia. A fotografia belíssima em preto-e-branco de Marcell Rév acompanha os dois pelo lado de fora da bela casa, à beira da praia em Malibu, quando se dá uma conversa sobre a criatividade. Aos poucos, quando a conversa se transporta do universo criativo para algo mais pessoal, a câmera adentra a casa e se aproxima dos dois, captando cada ângulo e cada um dos dois de forma bastante direta, realista. É uma obra que consegue captar de forma íntima um relacionamento.
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-apa
Power
3.0 434 Assista AgoraA Netflix tem feito alguns exemplares de filmes de ação talvez tentando abrir espaço para franquias na plataforma. Um deles foi "Bright", com Will Smith e Joel Edgerton, cuja sequência foi anunciada, mas ainda não aconteceu, o recente "The old guard", com Charlize Theron, e agora "Power", com Jamie Foxx no papel de um ex-soldado, Art, que fez parte dos experimentos de uma substância chamada Power – premissa que tem muito de "RoboCop II", a sequência negligenciada do sucesso dos anos 80 com roteiro de Frank Miller.
Ele está atrás de pessoas lideradas por Biggie (Rodrigo Santoro). que sequestram sua filha Tracy (Kyanna Simpson) e lidam com a "Power", envolta numa cápsula dourada, no submundo, Tudo acontece em Nova Orleans, e esta droga está sendo experimentada em comunidades pobres logo após a passagem do furacão Katrina.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-9Zc
Capone
2.5 58"Capone", de Josh Trank, lançado VOD, foi recebido com muita aversão pela crítica em geral, e o diretor, especialmente, foi lembrado por seu envolvimento polêmico na direção de Quarteto fantástico, cuja versão própria, segundo ele, acabou se perdendo.
O filme oferece um retrato do último ano de vida do mafioso, interpretado por Tom Hardy, que vem num crescente em sua carreira, desde "A origem" e "Batman – O cavaleiro das trevas ressurge", passando por "O regresso", até "Venom". Se neste último ele fazia quase um personagem cômico, no novo filme ele se mostra disposto a uma variedade de caminhos.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-a0d
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraCharlie Kaufman se tornou conhecido no final dos anos 90 com o roteiro de "Quero ser John Malkovich", de Spike Jonze, uma das peças mais originais do cinema norte-americano, em que se fazia presente uma espécie de mescla entre ficção científica, sonho e imaginação em igual escala. Nos anos 2000, ele repetiu a parceria com o diretor Jonze em "Adaptação e fez o roteiro", premiado com o Oscar, de "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", dirigido por Michel Gondry, com Jim Carrey e Kate Winslet como um casal que se mantinha em contato ao longo de memórias produzidas ou esquecidas. Em 2008, Kaufman finalmente estreou como diretor em "Sinédoque, Nova York", uma impressionante versão sobre como os tempos podem se misturar na existência de um indivíduo ligado a uma peça de teatro, estrelado por Philip Seymour Hoffman.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-a1r
O Rei Leão
3.8 1,6K Assista AgoraA sucessão de live actions lançada pelos estúdios Disney vem proporcionando uma onda de nostalgia para quem gosta de animações clássicas, do mesmo modo que bilheterias bilionárias. Neste ano, tivemos Dumbo, que desapontou financeiramente, e Aladdin, que está quase repetindo o feito financeiro de Mogli – O menino lobo, embora fique um pouco atrás de A bela e a fera. Apenas live actions menos comerciais (Christopher Robin, Meu amigo, o dragão) realmente não têm encontrado seu público. Dirigido pelo mesmo Jon Favreau da versão mais recente de Mogli, O rei leão é uma nova adaptação da história já levada às telas em 1994, que foi um grande sucesso, assim como venceu os Oscars de melhor trilha sonora (Hans Zimmer) e canção ("Can You Feel the Love Tonight", de Tim Rice e Elton John).
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-92V
Shaft
3.4 164 Assista AgoraO personagem do detetive particular Shaft teve, além de uma breve série de TV, três filmes, o mais conhecido de 1971 com Richard Roundtree, dirigido por Gordon Parks, e o mais contemporâneo de 2000, estrelado por Samuel L. Jackson e tendo atrás das câmeras John Singleton, falecido lamentavelmente de forma precoce. Este novo filme com o personagem surge como uma espécie de sequência dos outros, mostrando John Shaft II (Samuel L. Jackson), que se separou da Maya Babanikos (Regina Hall), deixando-a com o filho John "JJ" Shaft Jr. (Jessie Usher), depois que um traficante, Pierro "Gordito" Carrera (Isaach de Bankolé), tentou matá-los.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-90H
Fora de Série
3.9 493 Assista AgoraA atriz Olivia Wilde dirige esta comédia adolescente com um tom mais incomum em relação a outras. Sua inspiração é bem clara: "Superbad", da década passada. Ela foca a amizade de Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein), duas colegas de ensino médio que também são melhores amigas. Elas descobrem, no fim dessa fase em suas vidas, que não aproveitaram absolutamente nada em termos de festa e resolvem, numa noite de despedida, buscarem conciliar seus sonhos e pretensões. Para isso, elas pedem ajuda a Jared (Skyler Gisondo, de "Férias frustradas" e da série "Santa Clarita Diet"), que gosta de Molly.
A maneira como Wilde mostra a escola é bem mais otimista do que séries e filmes recentes, por exemplo "Oitava série", em que a protagonista sofria constantemente. Não que as duas amigas não tenham problemas aqui, no entanto Wilde acrescenta um tom de humor, principalmente quando elas têm de lidar com o diretor Jordan Brown (o ótimo Jason Sudeikis).
Há algumas sequências com extrato um tanto surreal, perdidas em meio a outras com alívio cômico desnecessário, mas "Fora de série" apanha a atmosfera e o clima de uma determinada época e as agruras da transformação adolescente. Dever já se mostrou antes ótima atriz e Feldstein tem mais uma chance depois de sua participação exitosa em "Lady Bird". Ambas possuem uma química muito grande, situadas entre a aceleração do que querem fazer e as dúvidas que as cercam, em cenas sobretudo emotivas no ato final. Mas talvez seja Gisondo o grande intérprete dessa história, passada basicamente em uma noite e com ótima fotografia e trilha sonora. Ele oferece, como ótimo ator que é, um tom agridoce a esta passagem de fase e se confirma como um dos talentos jovens de Hollywood.
John Wick 3: Parabellum
3.9 1,0K Assista AgoraEm 2014, foi lançado o personagem de John Wick em De volta ao jogo, com Keanu Reeves, que se caracterizava pelo visual potencialmente distinto e com violência extrema. Sua vingança se dava em nome da morte de seu cão. John Wick – Um novo dia para matar começa apenas quatro dias depois dos acontecimentos do original.
Resenha completa (com possíveis spoilers): wp.me/p2lvhr-8ST
Aladdin
3.9 1,3K Assista AgoraLançado em 1992, Aladdin é um dos desenhos animados de maior bilheteria de todos os tempos. Embora não tenha repetido o feito de ser indicado ao Oscar de melhor filme, como A bela e a fera um ano antes, trata-se de uma grande diversão, sobretudo pela presença de Robin Williams no papel do Gênio da Lâmpada.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-8Ts
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraDepois de Amor em tempo de histeria, o mexicano Alfonso Cuarón se dividiu entre uma carreira em Hollywood, realizando um episódio da série Harry Potter, o ótimo A princesinha e o subestimado Grandes esperanças, além de Filhos da esperança, e uma trajetória mais voltada a seu país de origem, com E sua mãe também. Com Gravidade, em 2013, recebeu o Oscar de melhor diretor reunindo um orçamento alto e estrelas conhecidas, George Clooney e Sandra Bullock. Chamava a atenção a estética voltada para o uso da câmera, outro trabalho do grande Emmanuel Lubezski, colaborador de Terrence Malick. É justamente pelo trabalho de fotografia, mas também o de efeitos especiais e de ambientação, mesclando os melhores ganhos trazidos por ficções mais reflexivas, como 2001 e Os eleitos – o grande filme de Philip Kaufman do início dos anos 80 –, que Gravidade ganha seu primeiro impulso.
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-8oH
Legítimo Rei
3.5 197 Assista AgoraDepois do sucesso crítico de A qualquer custo, indicado ao Oscar principal, o diretor escocês David Mackenzie volta à cena, desta vez com um filme histórico baseado na constituição de sua terra natal. É de se esperar uma obra que respeita os dados históricos, sem verter em demasiada liberdade, e é isso realmente o que acontece. Legítimo rei conta a trajetória de Robert the Bruce (Chris Pine), o homem que liderou os escoceses contra os ingleses na Primeira Guerra da Independência do seu país.
Se no início o seu pai entra em acordo com a Inglaterra por meio de um casamento arranjado de Robert com Elizabeth de Burgh (Florence Pugh), depois de tratativa com Edward I (Stephen Dillane), em frente ao castelo sitiado de Stirling, em 1304 d.C., logo Mackenzie mostra esse personagem em permanente rebelião contra o sistema.
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-8fO
Jogador Nº 1
3.9 1,4K Assista AgoraHá sete anos, Steven Spielberg realizou seu primeiro desenho animado, As aventuras de Tintim, baseado no personagem de Hergé, e obteve sucesso com um realismo atípico para o gênero, mesmo com sua revolução contínua. Depois de uma série de filmes baseados na história, a exemplo de Cavalo de guerra, Lincoln e Ponte dos espiões, ele regressou com uma animação mesclada com humanos intitulada O bom gigante amigo, com base num livro de Roald Dahl, o mesmo de O fantástico Sr. Raposo e A fantástica fábrica de chocolate. No ano passado, Spielberg fez o “Oscar bait” The Post – A guerra secreta, chegando, talvez, a seu limite como realizador de obras guiadas por fatos, através de um veículo com o objetivo de buscar nomeações a prêmios e sem a devida autenticidade.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-7J5
Sonhos
4.4 381 Assista AgoraEste é o projeto mais pessoal do cineasta japonês Akira Kurosawa, diretor de filmes antológicos como Kagemusha e Ran. Não apenas por tratar de oito sonhos que teve ao longo da vida, mas também porque apresenta uma narrativa leve e densa, sem permitir uma superficialidade. Ele havia feito Ran cinco anos antes, tendo sido indicado ao Oscar de melhor diretor, sua adaptação para o Rei Lear, de Shakespeare.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-7L0
O Amante Duplo
3.3 108Exibido pela primeira vez no Festival de Cannes de 2017, O amante duplo é o filme mais recente de François Ozon, o diretor francês com mais lançamentos nos últimos anos. Ele vem fazer companhia a Frantz, obra mais clássica do diretor lançado no primeiro semestre do ano passado, fotografado em um preto e branco excepcional. Mais clássica também porque O amante duplo recupera as características do cineasta exibidas principalmente no fascinante Swimming Pool - À beira da piscina, de 2003, com Charlotte Rampling no papel de uma escritora que vai para uma casa de campo tentar escrever uma obra quando se vê cercada por um mistério em torno da filha de seu editor (Ludivine Sagnier). Nessa peça que já completou 15 anos, vemos o estilo de um novo diretor se sustentar pela originalidade.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-7Tj
Baseado em Fatos Reais
3.1 189 Assista AgoraO mais recente filme de Roman Polanski, Baseado em fatos reais, foi lançado no Festival de Cannes de 2017 e passou quase de forma despercebida. Algo estranho, em se tratando de ser a primeira parceria do diretor no roteiro com o cineasta Olivier Assayas, baseado no romance de Delphine de Vigan. A narrativa se concentra na vida da escritora Delphine (Emmanuelle Seigner), que publica seu primeiro grande sucesso, dedicado à mãe. Durante uma noite cansativa de autógrafos, ela conhece uma admiradora enigmática, chamada Elle (Eva Green), que depois reencontra numa festa para intelectuais. O interessante é que Baseado em fatos reais parece lembrar justamente a atmosfera de Elle, com Isabelle Huppert, não apenas pelo clima parisiense, como pela dualidade das personagens centrais. É de se perguntar o quanto a obra de Verhoeven também sofreu uma influência desse romance em que Baseado em fatos reais se baseia, lançado em 2015.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-7WS
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraA distribuidora A24 vem se tornando o maior exemplo de cinema independente nos Estados Unidos, principalmente depois de Lady Bird e Projeto Flórida, lançados no final do ano passado e com êxito incomum junto à crítica e nas premiações. No início deste ano, estreou seu filme de terror mais conhecido até agora, Hereditário, no Festival de Sundance, sob a direção do estreante Ari Aster, feita dentro dos moldes que vêm repercutindo mais no gênero de terror e suspense: com uma mistura dramática, ligada à família. Isso aconteceu em A bruxa e Ao cair da noite, que normalmente levam o espectador a gostar muito deles ou simplesmente deixá-los em segundo plano.
Annie Graham (Toni Collette) é uma artista que trabalha com miniaturas – em Hereditário, com uma casa de bonecas que parece representar a sua própria habitação. Ela é casada com Steve (Gabriel Byrne) e tem um casal de filhos: o adolescente Peter (Alex Wolff, muito parecido com seu irmão também ator Nat, de Cidades de papel) e a menina de 13 anos Charlie (Milly Shapiro). Já se inicia a história com o funeral de sua mãe, com a qual tinha vários problemas desde a infância.
Resenha completa:wp.me/p2lvhr-7W1
Homem-Formiga e a Vespa
3.6 990 Assista AgoraO universo estendido da Marvel já teve dois filmes este ano, Pantera Negra e Vingadores - Guerra infinita. A eles vem se juntar a sequência daquele que seria o mais despretensioso do conjunto, lançado em 2015. Todos sabem que a parceria dos estúdios Disney com a Marvel vem resultando numa sequência de obras com variados super-heróis: Thor, Homem de Ferro e Capitão América, entre outros. Enquanto isso, paralelamente, a Fox tem feito franquias de X-Men e Deadpool. Homem-Formiga é um dos personagens mais improváveis desse universo. O primeiro tinha a colaboração no roteiro de Edgar Wright, o mesmo de Chumbo grosso e Scott Pilgrim contra o mundo, com Joe Cornish, que escreveram As aventuras de Tintim. Quem o substituiu na direção do filme antes de começarem as filmagens foi Peyton Reed, que regressa para a sequência. Ele tem uma obra muito curiosa sobre o amor com o estilo dos anos 50 (Abaixo o amor) e também dirigiu Jim Carrey numa de suas melhores comédias pós-anos 90, o subestimado Sim, senhor, uma sátira também aos gurus da autoajuda.
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Pérolas no Mar
4.2 142Lançado recentemente no Brasil por sua distribuidora Netflix, Pérolas no mar (um título menos interessante que o original Nós e eles) fez um grande sucesso de bilheteria, tendo chegado, até agora, a 209 milhões de dólares apenas na China, seu país de origem. Ele é dividido em capítulos, cada um representando um novo Ano Novo chinês. Começa em 2007, quando Jian Qing (Jing Boran) e Xiao Xiao (Zhou Dongyu) se encontram num trem que sai de Pequim para a cidade natal. Eles começam a estabelecer uma relação. Mais adiante, Jian passa a se apaixonar por Xiao, enquanto dividem um lugar apertado na cidade de Pequim, para onde voltam, a fim de trabalharem em diversos lugares, enquanto Qing desenvolve um video game.
Toda essa história transcorre em cores, porém se trata de um flashback do presente, dez anos depois, quando o casal se encontra depois de um voo cancelado em Pequim. Eles vão para um hotel e lembram do passado. Esta parte curiosamente é filmada em preto e branco.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-7Ya
Ilha dos Cachorros
4.2 655 Assista AgoraLançado no Festival de Berlim deste ano, Ilha dos cachorros, embora possa se parecer com O fantástico Sr. Raposo, tem muito mais de Moonrise Kingdom do que qualquer outra obra de Wes Anderson, assim como remete, em vários momentos, ao restante de sua filmografia, com um humor agridoce e afetivo. A maneira como a cultura japonesa é apresentada pode soar, em alguns momentos, provocadora, mas poucos criadores do Ocidente conseguiram mostrá-la com tantos detalhes nos últimos anos, principalmente no uso de ambientações típicas.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-7VU
Você Nunca Esteve Realmente Aqui
3.6 521 Assista AgoraAlguns filmes que surgem não necessariamente trazem elementos próximos do original. Talvez Você nunca esteve realmente aqui seja um desses casos. Sua influência é muito clara: Taxi Driver, de Scorsese, com a temática do submundo e de um homem que é levado a um comportamento extremado. Lançado no Festival de Cannes de 2017, esta peça de Lynne Ramsay, que dirigiu Precisamos falar sobre Kevin e é responsável por um estilo inovador, a começar por seu belo Morvern Callar, do início deste século, mostra a história de Joe (Joaquin Phoenix, premiado como melhor ator em Cannes), que age em casos de meninas raptadas e levadas para um mercado terrível de exploração.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-84y
Like Me
2.9 10"Like me" é um filme bastante estranho, mas não perde seu ponto de vista sobre o universo que pretende mostrar. Além disso, sua atriz principal, Addison Timlin, lembra Rooney Mara, tanto fisicamente quanto na maneira de interpretar. Ela faz uma youtuber, que sai por uma viagem filmando pessoas em situações desconfortáveis e violentas. Trata-se de uma personagem a princípio simplista, mas que traz uma certa complexidade pelo comportamento: não sabemos do seu passado, porém é possível imaginá-lo pela maneira com que ela o visualiza por meio de pessoas. Apesar da temática underground, a beleza plástica é evidente, com uma fotografia que remete a filmes de Refn, Gaspar Noé (a iluminação no motel) e "Moonlight". É um filme de orçamento limitado e que visualmente consegue inovar (o quarto pintado com as nuvens do céu é uma ótima ideia).
Mudo
2.6 240 Assista AgoraQuando se lê uma lista considerável de comentários sobre o novo filme de Duncan Jones, a impressão é que há muitas obras elaboradas com cuidado visualmente. Desde sua estreia, o filme distribuído pela Netflix vem sofrendo um massacre em larga escala, assim como o interessante Bright, no ano passado. A crítica, em parte, tem a função de dizer o que acha: em parte, isso se dá de maneira levemente desequilibrada em relação a blockbusters menos inventivos e aceitos como se fossem obras-primas. É interessante que Mudo tenha Ted Sarandos como um dos produtores e ele tenha dito há alguns meses que a Netflix não se importa como os críticos. Dito isso, não estou entre os especiais admiradores de Lunar, que quase todos os “fãs” de Jones (e coloco entre rigorosas aspas, pois mesmo um espectador qualquer não tem direito a usar grosserias para qualificar uma obra, a exemplo de o “pai dele (David Bowie) deve estar se revirando na cova”, a não ser que haja quem aplauda, e costuma ser uma horda) consideram o seu melhor trabalho. Um de seus filmes seguintes me parece melhor: Warcraft – O primeiro encontro de dois mundos é muito divertido, uma grande homenagem aos video games e ao cinema dos anos 80, com um orçamento imenso e uma arrecadação nada desprezível (mais de 400 milhões de dólares).
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-7E9