É essencial saber que o filme possui um viés político deturpado em favor dos protestantes, os quais incitaram e propagaram violência na mesma (ou em maior) proporção que os policiais. Ressalvadas as diversas alterações feitas para se ajustar a esta narrativa, inclusive quanto ao Departamento de Justiça, trata-se de uma verdadeira obra de arte, principalmente pela espetacular montagem que proporcionou um ritmo vibrante ao thriller. O elenco é repleto de nomes e atuações excelentes, e engana-se quem pensa que houve teatralização em excesso do julgamento, pois em verdade este é um dos casos mais infames da história do judiciário americano devido ao comportamento turbulento dos envolvidos, valendo menção ao bom trabalho geral do Sorkin.
* Enquanto operador de Direito, minha repulsa pelo Juiz Hoffman é incomensurável diante de tamanhas violações ao contraditório e ampla defesa, e tal qual foi minha surpresa ao ver uma adaptação branda do mesmo, que fora muito mais (e de modo ainda mais flagrante) parcial e preconceituoso para com acusados na vida real.
Encerra a trilogia de forma bastante competente. Claro que possui momentos improváveis, apenas para efeitos cinematográficos, mas a direção conseguiu captar bem a atmosfera de tensão que envolveu a luta dos dois lados pela sobrevivência.
Preferiria que o Caesar não tivesse agido com base em seus instintos e priorizasse sempre o grupo para fins de amadurecimento do personagem, mas sua jornada permaneceu grandiosa. Sem palavras para descrever o trabalho do Andy Serkis, apenas restam fervorosos aplausos.
Intrigante, envolvente e com um leve toque de eroticidade. É uma longa história sobre infidelidade, mas o ritmo "moroso" combinou perfeitamente com a atuação do Tom Cruise e a exploração que o Dr. Bill faz em cada ambiente visitado. Ótima trilha sonora de suspense, sendo dispensável falar do esplêndido Kubrick e a elegância com que ele conduz a direção.
* Acharia muito interessante saber como foram as negociações com os estúdios para produzir esse filme, digamos, excêntrico.
O filme foi tão bem produzido, principalmente na fidedignidade do Met Gala e as célebres participações, que chega a ser uma pena ter um roteiro tão desleixado. Praticamente não desenvolveram ou deram atenção à maioria das personagens, e a preparação para o assalto foi bastante superficial, apenas no ato final que as coisas engrenam satisfatoriamente. Quem de fato brilha é a Anne Hathaway, pela performance mais "orgânica" dentre as atrizes.
* Gostaria de ter visto a obra nas mãos de uma diretora, a exemplo da Sofia Coppola, combinaria mais com a proposta de remake com elenco feminino.
É aquela velha máxima: se o estúdio pretende adaptar uma franquia de jogos, especialmente uma tão popular como Mortal Kombat, deve se preparar para a chuva de críticas dos fãs, enquanto tenta balancear a narrativa, sem esgotar a história, para agradar diferentes gerações de público. O filme tem bons momentos (com razoáveis coreografias e diversas referências) e entretém bastante, basicamente o que eu esperava de um filme de luta que estaria iniciando uma possível trilogia.
* Fico triste pelo roteirista Greg Russo, nas entrevistas ele demonstrou gostar muito de MK, mas a controversa decisão alheia (talvez da Warner?) de inserir o Cole Young tornou impossível de alcançar a surreal expectativa que foi criada.
Que ator fenomenal é o Anthony Hopkins, tem algo de fascinante na forma como ele controla o ritmo da fala e movimentos, dando uma ótima versatilidade a um personagem tão complexo. Olivia Colman também merece aplausos pela performance pontual e delicada. A edição confunde no começo, mas, quando você entende seu propósito, percebe a genialidade do Florian Zeller ao tratar do Alzheimer sob uma perspectiva incomum. Excelente filme!
Entendível a aclamação da crítica, o filme é muito bonito e bem dirigido pelo brilhante Guillermo del Toro, mas não me conquistou por completo, tendo em vista que, apesar de passar a impressão de que cada escolha foi pensada para combinar com a aura mística da história, o roteiro está longe de ser perfeito, especialmente em relação à conexão súbita entre a Elisa e o homem anfíbio, bem como quanto ao facilitado plano de escape.
Não obstante, a Sally Hawkins conseguiu captar de forma singular a essência e nuances da Elisa, que é uma personagem muito meiga e agradável. Destaque também para o Shannon, pois seu vilão acentuou a mensagem acerca de preconceito, fazendo com que o público simpatize ainda mais com a protagonista.
Os personagens são esquecíveis, algumas cenas poderiam ter sido mais trabalhadas, mas entrega o que promete: comédia despretensiosa, objetiva e divertidamente boba, no mesmo estilo dos filmes anteriores. Vale a pena para passar o tempo, ao menos o plot em si tem alguns elementos interessantes no antagonismo entre antigas e novas tecnologias.
Certamente um dos filmes que mais me impactaram. O barbarismo e perversidade dos conflitos armados são representados em sua mais pura e cruel forma: enquanto os homens perecem na linha de frente, as mulheres, se não sofrem o mesmo destino, têm seus corpos (e espíritos) violentados pelos inimigos. A disparidade entre estudantes religiosas e prostitutas é muito bem conduzida pelo Zhang Yimou, assim como as cenas de combate, uma excelente direção.
O casting do Christian Bale é controverso: por um lado, tem-se a inconveniente jornada do herói americano em solo estrangeiro, mas há de se concordar que sua fama possibilitou que essa obra de arte fosse mais difundida no ocidente. De todo modo, a lindíssima Ni Ni atuou brilhantemente junto ao elenco asiático.
* A canção do rio Qin Huai é deslumbrante, fiquei encantado pela melodia e letra.
O ponto forte do filme sem dúvidas é o entretenimento, que se mantém elevado do início ao fim, pois o roteiro aposta em uma temática e ideia instigantes (baseadas em fatos reais), desenvolvendo-as de forma envolvente. O diretor Nattawut Poonpiriya, ao mesmo tempo em que soube construir os momentos de tensão, foi ambicioso demais nestes e pecou nos detalhes em basicamente todas as cenas de fraudes, que excederam o limite de aceitabilidade:
Alunos colando literalmente na frente do professor, sussurros que mais pareciam falas, batidas altas na mesa, movimentações extremamente suspeitas etc.
A história teria terminado de modo muito mais interessante se tivesse seguido na mesma linha da jornada do Bank (aliás, gostei especialmente da atuação do Santinatornkul), mas entendo a opção por um desfecho mais moral e de redenção para a Lynn. Boa obra tailandesa!
A ideia já era interessante por si mesma, não precisava do excesso de suspense, clichês e conveniências que fez o filme ir se perdendo aos poucos. Em que pese o Sean Penn ter tentando manter uma postura neutra e mais adequada para um agente do Serviço Secreto, a insinuação de romance é desnecessária, além de o comportamento da Silvia ser bastante incompatível com a ameaça iminente.
As reviravoltas e a boa ambientação da Assembleia Geral da ONU não salvam o filme de ser desapontador, apesar de o Pollack ter feito o melhor que podia com o que tinha em mãos.
Tem clara inspiração em Sr. e Sra. Smith, mas a qualidade é inferior e o filme se perde no terceiro ato com tantas cenas grotescas de ação. Apesar disso, é uma comédia despojada e divertida, bem ao estilo asiático.
Primeira (e bastante satisfatória) experiência com o cinema turco, a partir desse filme que é uma grande lição sobre arrogância, mas que consegue tratar sublimemente de temas sensíveis como política e religião. A obra é uma verdadeira imersão na cultura local e sem sombra de dúvidas o casal Ceylan caprichou no roteiro, repleto de diálogos marcantes, mas senti que faltou objetividade em alguns momentos (em termos de efetivamente acrescentar algo à jornada do Sinan). Particularmente achei que as atuações da Bennu Yildirimlar e do Murat Cemcir se sobressaíram, sendo Idris o personagem mais interessante dentre os demais.
Uma das animações mais comoventes e sensíveis já produzidas, retratando como os inocentes sofrem na guerra pelas más decisões daqueles que deveriam protegê-los. Só podemos imaginar quantos Seita's existiram na vida real e tiveram que lidar com a perda dos pais em um cenário tão caótico, cruel e desolador, assumindo responsabilidades demasiadamente complexas para uma criança que precisa fazer de tudo ao seu alcance apenas para sobreviver.
Um filme lindíssimo e bem escrito, do título às linhas finais, sendo compreensível que se questione as escolhas do Seita, mas é preciso ter em mente que o objetivo da obra é transmitir uma grande carga emocional que reflita o sofrimento do povo japonês à época. Essa liberdade criativa somada à pouca idade do personagem, torna a história muito mais plausível do que simplesmente apelar para lógica.
Temática batida mas que, como não poderia deixar de ser, ganha contornos ainda mais charmosos e envolventes sob a perspectiva francesa, trazendo reflexões bastante interessantes e complexas sobre a prostituição, demonstrando que não é tão preto e branco como alguns podem imaginar. Filme integralmente bem montado, com ótima trilha sonora (detalhe para as letras das músicas, que se encaixam perfeitamente com as cenas) e contando também com uma atuação corajosa e sedutora da Marine Vacth.
Um projeto ambicioso, mas visivelmente apressado e além da capacidade do Chris Weitz como roteirista e diretor. A interessante história fica em segundo plano, não flui de forma orgânica e, apesar do esforço da equipe artística e das boas atuações e dublagens, nenhum dos personagens tem desenvolvimento minimamente decente. Acho que o papel foi grande demais para a Dakota Richards, senti ela muito robótica e fiquei imaginando como seria se, por exemplo, fosse uma atriz do calibre da Saoirse Ronan interpretando a Lyra... Enfim, é uma obra que infelizmente não merecia continuação nos cinemas.
O êxito de Nomadland se deve essencialmente à Chloé Zhao pela esplêndida condução da jornada da protagonista. Não bastasse a bela fotografia, cada cena acrescenta uma nova camada à crítica socioeconômica ora exposta, através de diálogos profundos que visam auxiliar a compreensão da perspectiva de vida nômade.
O final em aberto combina muito bem com a história e a infinita possibilidade de descobertas que motiva a Fern em seguir na estrada, além de refletir uma das poéticas falas do Bob: "Uma das coisas que eu mais amo sobre essa vida é que não há um adeus definitivo".
Particularmente achei que a atuação da McDormand foi bastante impulsionada pelas interações com os nômades reais, e são estes que dão verdadeiro significado à obra que, merecidamente, tem conquistado diversas premiações.
Uma das melhores retratações envolvendo a Segunda Guerra Mundial que já tive o prazer de assistir. Trabalho fenomenal do Bryan Singer na captação do drama e tensão que envolveu a Operação Valquíria, assim como de toda a equipe responsável pela parte visual e figurino, pois a ambientação da Alemanha nazista é fantástica. O roteiro é esplendoroso e merece congratulações pela fidelidade no desenrolar dos fatos e diálogos. Por fim, temos Tom Cruise mais uma vez demonstrando sua versatilidade ao interpretar o icônico Coronel von Stauffenberg que, por questão de detalhes, não conseguiu alterar a História como conhecemos, mas ainda assim escreveu seu nome nela.
Muitas vezes uma história é apenas uma história, mas é o modo como você a conta que fascina o público, e 'Minari' exemplifica perfeitamente como o cinema sul-coreano é primoroso em produzir filmes leves e delicados. A narrativa é simples, sutil e carregada de valores da cultura asiática, os quais foram muito bem explorados pelo diretor Lee Isaac Chung para transmitir uma linda mensagem. O pequeno elenco é excelente (como comprovam as indicações ao Oscar do Yeun e da Jung), mas quem realmente me impressionou foi a Han Ye Ri por ter dominado impecavelmente seu papel central no núcleo da família Yi.
Devo admitir que Mank é uma produção inteligentíssima da Neftlix, pois combate a aversão de parte da Academia às plataformas de streaming através de uma fórmula infalível de sucesso: Diretor conceituado, ator principal renomado, qualidade técnica (sonora e visual) extraordinária e, principalmente, inflação do ego Hollywoodiano. Todavia, não obstante o tributo e a ótima contextualização política e das disputas de bastidores da indústria cinematográfica, o filme é relativamente entediante, vagaroso e até mesmo desinteressante, talvez só os mais aficionados pela Sétima Arte tenham apreciado da mesma forma que os críticos, já que é uma obra nitidamente voltada para premiações.
Queria ter muito ter gostado por causa da performance carismática e cheia de vivacidade da J.L. Hewitt (que, inclusive, se aventurou em seus talentos vocais), mas o filme sofre bastante com o apagado Paul Nicholls e a visível (e alguns momentos embaraçosa) falta de química entre eles, que, ironicamente, reflete a fala da Samantha sobre apenas um parceiro se doar na relação. A vibe anos 2000 se encaixou perfeitamente, mas, apesar do bom desenrolar da "segunda chance amorosa", o datado roteiro nem ao mesmo se digna a explicar o porquê dela acontecer e é uma pena que os pequenos defeitos tenham afetado negativamente o projeto.
Tem alguns traços de 'Uma carta para Momo', do Studio I.G, mas é uma adaptação bastante emocionante e que, embora tenha cenas descartáveis, conseguiu desenvolver bem a história e a (surpreendente) ligação entre a Anna e a Marnie, sendo esta uma personagem extraordinariamente escrita. A música tema 'Fine on the outside' da Priscilla Ahn é belíssima.
Não é exatamente inovador enquanto filme de espionagem, mas o toque frenético e caricato japonês deu uma roupagem interessante ao gênero, combinando satisfatoriamente os momentos de ação e investigação em um plot muito bem conectado. Kamenashi e Iseya foram excelentes escolhas e a trilha sonora é um show a parte, foi composta com maestria.
Confesso que não conheço a riquíssima e fascinante vida do Tolkien tão bem quanto os fãs, mas acredito que, mesmo não sendo uma tarefa fácil de adaptá-la, o filme conseguiu captar o essencial para o "público leigo" até onde se propôs, embora a ausência do C.S. Lewis tenha sido fortemente sentida. A parte artística é deslumbrante, desde a cenografia aos figurinos, e dá para ver o potencial do Karukoski, mas acredito que o ritmo da narrativa poderia ser melhor compassado. Ambas as versões dos personagens foram bem interpretadas, com destaque para o quarteto mirim do T.C.B.S.
* Não bastasse ser super talentosa, a Lily Collins também é lindíssima!
Os 7 de Chicago
4.0 581 Assista AgoraÉ essencial saber que o filme possui um viés político deturpado em favor dos protestantes, os quais incitaram e propagaram violência na mesma (ou em maior) proporção que os policiais. Ressalvadas as diversas alterações feitas para se ajustar a esta narrativa, inclusive quanto ao Departamento de Justiça, trata-se de uma verdadeira obra de arte, principalmente pela espetacular montagem que proporcionou um ritmo vibrante ao thriller. O elenco é repleto de nomes e atuações excelentes, e engana-se quem pensa que houve teatralização em excesso do julgamento, pois em verdade este é um dos casos mais infames da história do judiciário americano devido ao comportamento turbulento dos envolvidos, valendo menção ao bom trabalho geral do Sorkin.
* Enquanto operador de Direito, minha repulsa pelo Juiz Hoffman é incomensurável diante de tamanhas violações ao contraditório e ampla defesa, e tal qual foi minha surpresa ao ver uma adaptação branda do mesmo, que fora muito mais (e de modo ainda mais flagrante) parcial e preconceituoso para com acusados na vida real.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 966 Assista AgoraEncerra a trilogia de forma bastante competente. Claro que possui momentos improváveis, apenas para efeitos cinematográficos, mas a direção conseguiu captar bem a atmosfera de tensão que envolveu a luta dos dois lados pela sobrevivência.
Preferiria que o Caesar não tivesse agido com base em seus instintos e priorizasse sempre o grupo para fins de amadurecimento do personagem, mas sua jornada permaneceu grandiosa. Sem palavras para descrever o trabalho do Andy Serkis, apenas restam fervorosos aplausos.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraIntrigante, envolvente e com um leve toque de eroticidade. É uma longa história sobre infidelidade, mas o ritmo "moroso" combinou perfeitamente com a atuação do Tom Cruise e a exploração que o Dr. Bill faz em cada ambiente visitado. Ótima trilha sonora de suspense, sendo dispensável falar do esplêndido Kubrick e a elegância com que ele conduz a direção.
* Acharia muito interessante saber como foram as negociações com os estúdios para produzir esse filme, digamos, excêntrico.
Oito Mulheres e um Segredo
3.6 1,1K Assista AgoraO filme foi tão bem produzido, principalmente na fidedignidade do Met Gala e as célebres participações, que chega a ser uma pena ter um roteiro tão desleixado. Praticamente não desenvolveram ou deram atenção à maioria das personagens, e a preparação para o assalto foi bastante superficial, apenas no ato final que as coisas engrenam satisfatoriamente. Quem de fato brilha é a Anne Hathaway, pela performance mais "orgânica" dentre as atrizes.
* Gostaria de ter visto a obra nas mãos de uma diretora, a exemplo da Sofia Coppola, combinaria mais com a proposta de remake com elenco feminino.
Mortal Kombat
2.7 1,0K Assista AgoraÉ aquela velha máxima: se o estúdio pretende adaptar uma franquia de jogos, especialmente uma tão popular como Mortal Kombat, deve se preparar para a chuva de críticas dos fãs, enquanto tenta balancear a narrativa, sem esgotar a história, para agradar diferentes gerações de público. O filme tem bons momentos (com razoáveis coreografias e diversas referências) e entretém bastante, basicamente o que eu esperava de um filme de luta que estaria iniciando uma possível trilogia.
* Fico triste pelo roteirista Greg Russo, nas entrevistas ele demonstrou gostar muito de MK, mas a controversa decisão alheia (talvez da Warner?) de inserir o Cole Young tornou impossível de alcançar a surreal expectativa que foi criada.
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraQue ator fenomenal é o Anthony Hopkins, tem algo de fascinante na forma como ele controla o ritmo da fala e movimentos, dando uma ótima versatilidade a um personagem tão complexo. Olivia Colman também merece aplausos pela performance pontual e delicada. A edição confunde no começo, mas, quando você entende seu propósito, percebe a genialidade do Florian Zeller ao tratar do Alzheimer sob uma perspectiva incomum. Excelente filme!
A Forma da Água
3.9 2,7KEntendível a aclamação da crítica, o filme é muito bonito e bem dirigido pelo brilhante Guillermo del Toro, mas não me conquistou por completo, tendo em vista que, apesar de passar a impressão de que cada escolha foi pensada para combinar com a aura mística da história, o roteiro está longe de ser perfeito, especialmente em relação à conexão súbita entre a Elisa e o homem anfíbio, bem como quanto ao facilitado plano de escape.
Não obstante, a Sally Hawkins conseguiu captar de forma singular a essência e nuances da Elisa, que é uma personagem muito meiga e agradável. Destaque também para o Shannon, pois seu vilão acentuou a mensagem acerca de preconceito, fazendo com que o público simpatize ainda mais com a protagonista.
Johnny English 3.0
3.1 119 Assista AgoraOs personagens são esquecíveis, algumas cenas poderiam ter sido mais trabalhadas, mas entrega o que promete: comédia despretensiosa, objetiva e divertidamente boba, no mesmo estilo dos filmes anteriores. Vale a pena para passar o tempo, ao menos o plot em si tem alguns elementos interessantes no antagonismo entre antigas e novas tecnologias.
Flores do Oriente
4.2 774 Assista AgoraCertamente um dos filmes que mais me impactaram. O barbarismo e perversidade dos conflitos armados são representados em sua mais pura e cruel forma: enquanto os homens perecem na linha de frente, as mulheres, se não sofrem o mesmo destino, têm seus corpos (e espíritos) violentados pelos inimigos. A disparidade entre estudantes religiosas e prostitutas é muito bem conduzida pelo Zhang Yimou, assim como as cenas de combate, uma excelente direção.
O casting do Christian Bale é controverso: por um lado, tem-se a inconveniente jornada do herói americano em solo estrangeiro, mas há de se concordar que sua fama possibilitou que essa obra de arte fosse mais difundida no ocidente. De todo modo, a lindíssima Ni Ni atuou brilhantemente junto ao elenco asiático.
* A canção do rio Qin Huai é deslumbrante, fiquei encantado pela melodia e letra.
Gênios do Mal
4.0 82 Assista AgoraO ponto forte do filme sem dúvidas é o entretenimento, que se mantém elevado do início ao fim, pois o roteiro aposta em uma temática e ideia instigantes (baseadas em fatos reais), desenvolvendo-as de forma envolvente. O diretor Nattawut Poonpiriya, ao mesmo tempo em que soube construir os momentos de tensão, foi ambicioso demais nestes e pecou nos detalhes em basicamente todas as cenas de fraudes, que excederam o limite de aceitabilidade:
Alunos colando literalmente na frente do professor, sussurros que mais pareciam falas, batidas altas na mesa, movimentações extremamente suspeitas etc.
A história teria terminado de modo muito mais interessante se tivesse seguido na mesma linha da jornada do Bank (aliás, gostei especialmente da atuação do Santinatornkul), mas entendo a opção por um desfecho mais moral e de redenção para a Lynn. Boa obra tailandesa!
A Intérprete
3.2 218 Assista AgoraA ideia já era interessante por si mesma, não precisava do excesso de suspense, clichês e conveniências que fez o filme ir se perdendo aos poucos. Em que pese o Sean Penn ter tentando manter uma postura neutra e mais adequada para um agente do Serviço Secreto, a insinuação de romance é desnecessária, além de o comportamento da Silvia ser bastante incompatível com a ameaça iminente.
As reviravoltas e a boa ambientação da Assembleia Geral da ONU não salvam o filme de ser desapontador, apesar de o Pollack ter feito o melhor que podia com o que tinha em mãos.
Chilgeup Gongmuwon
3.4 13Tem clara inspiração em Sr. e Sra. Smith, mas a qualidade é inferior e o filme se perde no terceiro ato com tantas cenas grotescas de ação. Apesar disso, é uma comédia despojada e divertida, bem ao estilo asiático.
A Árvore dos Frutos Selvagens
4.0 46Primeira (e bastante satisfatória) experiência com o cinema turco, a partir desse filme que é uma grande lição sobre arrogância, mas que consegue tratar sublimemente de temas sensíveis como política e religião. A obra é uma verdadeira imersão na cultura local e sem sombra de dúvidas o casal Ceylan caprichou no roteiro, repleto de diálogos marcantes, mas senti que faltou objetividade em alguns momentos (em termos de efetivamente acrescentar algo à jornada do Sinan). Particularmente achei que as atuações da Bennu Yildirimlar e do Murat Cemcir se sobressaíram, sendo Idris o personagem mais interessante dentre os demais.
Túmulo dos Vagalumes
4.6 2,2KUma das animações mais comoventes e sensíveis já produzidas, retratando como os inocentes sofrem na guerra pelas más decisões daqueles que deveriam protegê-los. Só podemos imaginar quantos Seita's existiram na vida real e tiveram que lidar com a perda dos pais em um cenário tão caótico, cruel e desolador, assumindo responsabilidades demasiadamente complexas para uma criança que precisa fazer de tudo ao seu alcance apenas para sobreviver.
Um filme lindíssimo e bem escrito, do título às linhas finais, sendo compreensível que se questione as escolhas do Seita, mas é preciso ter em mente que o objetivo da obra é transmitir uma grande carga emocional que reflita o sofrimento do povo japonês à época. Essa liberdade criativa somada à pouca idade do personagem, torna a história muito mais plausível do que simplesmente apelar para lógica.
Jovem e Bela
3.4 477 Assista AgoraTemática batida mas que, como não poderia deixar de ser, ganha contornos ainda mais charmosos e envolventes sob a perspectiva francesa, trazendo reflexões bastante interessantes e complexas sobre a prostituição, demonstrando que não é tão preto e branco como alguns podem imaginar. Filme integralmente bem montado, com ótima trilha sonora (detalhe para as letras das músicas, que se encaixam perfeitamente com as cenas) e contando também com uma atuação corajosa e sedutora da Marine Vacth.
A Bússola de Ouro
3.1 1,0K Assista AgoraUm projeto ambicioso, mas visivelmente apressado e além da capacidade do Chris Weitz como roteirista e diretor. A interessante história fica em segundo plano, não flui de forma orgânica e, apesar do esforço da equipe artística e das boas atuações e dublagens, nenhum dos personagens tem desenvolvimento minimamente decente. Acho que o papel foi grande demais para a Dakota Richards, senti ela muito robótica e fiquei imaginando como seria se, por exemplo, fosse uma atriz do calibre da Saoirse Ronan interpretando a Lyra... Enfim, é uma obra que infelizmente não merecia continuação nos cinemas.
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraO êxito de Nomadland se deve essencialmente à Chloé Zhao pela esplêndida condução da jornada da protagonista. Não bastasse a bela fotografia, cada cena acrescenta uma nova camada à crítica socioeconômica ora exposta, através de diálogos profundos que visam auxiliar a compreensão da perspectiva de vida nômade.
O final em aberto combina muito bem com a história e a infinita possibilidade de descobertas que motiva a Fern em seguir na estrada, além de refletir uma das poéticas falas do Bob: "Uma das coisas que eu mais amo sobre essa vida é que não há um adeus definitivo".
Particularmente achei que a atuação da McDormand foi bastante impulsionada pelas interações com os nômades reais, e são estes que dão verdadeiro significado à obra que, merecidamente, tem conquistado diversas premiações.
Operação Valquíria
3.6 721 Assista AgoraUma das melhores retratações envolvendo a Segunda Guerra Mundial que já tive o prazer de assistir. Trabalho fenomenal do Bryan Singer na captação do drama e tensão que envolveu a Operação Valquíria, assim como de toda a equipe responsável pela parte visual e figurino, pois a ambientação da Alemanha nazista é fantástica. O roteiro é esplendoroso e merece congratulações pela fidelidade no desenrolar dos fatos e diálogos. Por fim, temos Tom Cruise mais uma vez demonstrando sua versatilidade ao interpretar o icônico Coronel von Stauffenberg que, por questão de detalhes, não conseguiu alterar a História como conhecemos, mas ainda assim escreveu seu nome nela.
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 553 Assista AgoraMuitas vezes uma história é apenas uma história, mas é o modo como você a conta que fascina o público, e 'Minari' exemplifica perfeitamente como o cinema sul-coreano é primoroso em produzir filmes leves e delicados. A narrativa é simples, sutil e carregada de valores da cultura asiática, os quais foram muito bem explorados pelo diretor Lee Isaac Chung para transmitir uma linda mensagem. O pequeno elenco é excelente (como comprovam as indicações ao Oscar do Yeun e da Jung), mas quem realmente me impressionou foi a Han Ye Ri por ter dominado impecavelmente seu papel central no núcleo da família Yi.
Mank
3.2 462 Assista AgoraDevo admitir que Mank é uma produção inteligentíssima da Neftlix, pois combate a aversão de parte da Academia às plataformas de streaming através de uma fórmula infalível de sucesso: Diretor conceituado, ator principal renomado, qualidade técnica (sonora e visual) extraordinária e, principalmente, inflação do ego Hollywoodiano. Todavia, não obstante o tributo e a ótima contextualização política e das disputas de bastidores da indústria cinematográfica, o filme é relativamente entediante, vagaroso e até mesmo desinteressante, talvez só os mais aficionados pela Sétima Arte tenham apreciado da mesma forma que os críticos, já que é uma obra nitidamente voltada para premiações.
Antes que Termine o Dia
3.9 1,6K Assista AgoraQueria ter muito ter gostado por causa da performance carismática e cheia de vivacidade da J.L. Hewitt (que, inclusive, se aventurou em seus talentos vocais), mas o filme sofre bastante com o apagado Paul Nicholls e a visível (e alguns momentos embaraçosa) falta de química entre eles, que, ironicamente, reflete a fala da Samantha sobre apenas um parceiro se doar na relação. A vibe anos 2000 se encaixou perfeitamente, mas, apesar do bom desenrolar da "segunda chance amorosa", o datado roteiro nem ao mesmo se digna a explicar o porquê dela acontecer e é uma pena que os pequenos defeitos tenham afetado negativamente o projeto.
As Memórias de Marnie
4.3 668 Assista AgoraTem alguns traços de 'Uma carta para Momo', do Studio I.G, mas é uma adaptação bastante emocionante e que, embora tenha cenas descartáveis, conseguiu desenvolver bem a história e a (surpreendente) ligação entre a Anna e a Marnie, sendo esta uma personagem extraordinariamente escrita. A música tema 'Fine on the outside' da Priscilla Ahn é belíssima.
Joker Game
3.4 4Não é exatamente inovador enquanto filme de espionagem, mas o toque frenético e caricato japonês deu uma roupagem interessante ao gênero, combinando satisfatoriamente os momentos de ação e investigação em um plot muito bem conectado. Kamenashi e Iseya foram excelentes escolhas e a trilha sonora é um show a parte, foi composta com maestria.
Tolkien
3.5 162 Assista AgoraConfesso que não conheço a riquíssima e fascinante vida do Tolkien tão bem quanto os fãs, mas acredito que, mesmo não sendo uma tarefa fácil de adaptá-la, o filme conseguiu captar o essencial para o "público leigo" até onde se propôs, embora a ausência do C.S. Lewis tenha sido fortemente sentida. A parte artística é deslumbrante, desde a cenografia aos figurinos, e dá para ver o potencial do Karukoski, mas acredito que o ritmo da narrativa poderia ser melhor compassado. Ambas as versões dos personagens foram bem interpretadas, com destaque para o quarteto mirim do T.C.B.S.
* Não bastasse ser super talentosa, a Lily Collins também é lindíssima!