Adelina Gomes. Em 68 anos de vida produziu 17.500 obras artísticas, dentre pinturas e diversos tipos de artesanato. Mais do que um ofício, a arte representou para Adelina um tratamento humanizado para lidar com traumas definidores do seu destino. Ela poderia ter tido uma vida diferente, se tivesse nascido em tempos diferentes e em lugares que já superaram o debate sobre o fracasso do modelo manicomial. Também poderia ter tido uma vida pior, se não tivesse tido alguém como Nise da Silveira em sua vida.
Que esse documentário sirva de lição sobre as tantas Adelinas que prendemos e castramos ao longo dos tempos, mas também sobre as possibilidades que a arte e um tratamento humanizado são capazes de criar em direção à cura de dores e libertação de fantasmas.
A loucura não é só um processo químico, mas também um ponto de vista construído socialmente - com grandes doses de ignorância e preconceito, pitadas de medo e um tablete e meio de falta de olhar para o próprio umbigo. Esse filme provoca tais questões: o que é loucura? quem é mesmo que está louco? como lidar com as loucuras? como lidar com quem consideramos loucos?
Wong Kar-Wai, o mestre do amor e do vermelho, fazendo um filme verde cinzento onde a ausência/busca do amor é o que dá razão aos personagens, mesmo quando nem eles mesmos sabem a fronteira entre o desejo de se afastar do amor do desejo de recebê-lo.
A obra pendula para o sadismo, pendula para o drama psicológico, pendula para o suspense e pendula até para a empatia com os personagens, mesmo que eles tragam a representação da decadência, da humilhação, da falta de lucidez, da autodestruição e dos diversos tipos de violência. Bom filme.
Apesar de ser fã e incentivador do cinema nacional, minha relação não é totalmente bem resolvida. Diferente do que acontece comigo em relação às obras estrangeiras, o domínio da língua faz com que se tornem mais perceptíveis as más atuações, as interpretações que não convencem ou os cacoetes dos atores e atrizes. Quando tudo isso acontece num filme bósnio, argelino ou canadense, por exemplo, fica mais difícil notar e isso acaba não influenciando a percepção da obra.
Muitas vezes vi filmes muito bem feitos, interessantes, com belas fotografias, bom roteiro, mas diálogos mecânicos, personagens travados ou seqüências que acabam estragando o todo. É o problema de qualquer obra nacional diante de um espectador que domina o idioma.
Talvez por tudo isso é que "Temporada" me fisgou de uma forma que há muito tempo uma ficção nacional não me fisgava. A excelência das atuações, onde boa parte dos atores e atrizes não são profissionais, é um dos principais méritos da obra do diretor André Novais. A naturalidade dos personagens, dos diálogos e das cenas contróem uma obra singular, onde nada demais precisa acontecer na história, basta deixar ser levado pela vida comum dos seus personagens.
Chega dá um orgulho ao ver o cinema brasileiro, mineiro e preto nos dando presentes como esse.
O filme vai prometendo mais do que acaba entregando. Apesar das grandes atuações e uma ótima fotografia, essa produção uruguaia acabou não me emocionando. Começa muito bem, mas no caminho vai atropelando algumas coisas e no final corre de forma acelerada, com um desfecho que tinha tudo para impactar, mas passa batido. Pena. Porque é um bom filme. Mas não mexer com as emoções do espectador faz perder o grande trunfo que ele poderia ter tido.
Um dos destaques dos festivais internacionais de 2020, o filme põe o dedo numa ferida que precisa ser tocada. Enquanto mulheres sem dinheiro continuarem a morrer em abortos clandestinos e o patriarcado criminalizá-las e marginalizá-las, será preciso continuar tocando nessa ferida.
O filme, no entanto, não conseguiu me emocionar tanto. Algumas sequencias que tinham tudo pra mexer cá dentro, acabaram passando de forma banal e corriqueira. Apesar da boa atuação da atriz Sidney Flanigan, sua personagem não me cativou. É um bom filme, mas dessa vez não bateu. Fiquei muito mais mexido com 4 meses, 3 semanas e 2 dias.
Bom filme de máfia, com aquele toque refinado dos irmãos Coen - nesse caso, direção única de Joel.
Roteiro, fotografia, direção... tudo muito bem feito. Apesar de ser uma das obras menos celebradas dos irmãos, o filme certamente não decepciona os amantes do gênero de gângster.
Uma das riquezas do cinema consiste em presentar as sociedades com obras provocativas, que tratam de questões que muita gente prefere ignorar ou tratar com ignorância. Tomboy é um desses presentes. Um filme feito com delicadeza, sensiblidade e emoção.
Que obras como essa sirvam para iluminar mentes e corações rumo ao caminho do respeito, da liberdade e do amor.
Com uma trinca de atores que conseguiram transmitir a naturalidade necessária para que o filme funcionasse, a história vai se desenrolando de uma forma que, certamente, deve ter feito muitos espectadores se identificarem. Uma história banal, uma situação mais ou menos comum para ex-casais, mas bem contada (e interpretada!).
Quando eu era criança, lembro de um livro chamado "Perestroika" na prateleira de casa. Era bonito, capa estilizada, curiosa. Na adolescência acabei folheando, já ciente do que significava. Lia o livro, que trazia o plano de Gorbachev para "salvar" a União Soviética. Era interessante ler um projeto de algo vencido pelo tempo - ler, no futuro, algo do passado que prometia um outro futuro.
O documentário também traz um sentimento interessante ao trazer uma história contada por quem viveu a História! Gorbachev é um personagem importante do século XX, que terá seu nome referenciado pelos livros. Por isso, é curioso ver personagens vivos falando de um tempo morto, mas que impactou diversas gerações.
A naturalidade na fala do Pastor Cláudio não surpreende, mas é indigesto. Já os fatos narrados dão ânsia. Se é triste ouvir os relatos, é revoltante saber que o Brasil de hoje segue tentando esconder a verdade sobre os crimes cometidos por quem financiou, governou e serviu à ditadura militar. E, pior, segue tentanto repetir os crimes do passado.
Uma história de vida parecida com tantas na década de 1970 e que, infelizmente, ainda hoje se repete. Um drama sobre o direito à liberdade individual e a ignorância que violenta e fere quem deveria receber respeito e amor.
Mais um lindo passeio pela juventude autobiografada de Jodorowsky, que se confronta com seus traumas e processos de libertação. Uma aula de cinema feita com coração e memória, beleza e poesia.
De acordo com o ex-integrante da Cosa Nostra, Tommaso Buscetta, Mattei morreu em um atentado executado pela máfia italiana a pedido da máfia estadunidense, que via seus negócios no Oriente Médio serem ameaçados pelos projetos do industrial italiano. À época do filme, ganhador da Palma de Ouro (Cannes, 1972), essa denúncia ainda não havia sido revelada e a morte de Mattei causava diversas especulações.
O filme e o assassinato de Mattei acabam por revelar um pouco do jogo e dos jogadores da geopolítica ocidental num mundo pós segunda guerra.
Um retrato do capitalismo moderno numa cidade de 45 mil habitantes, num canto de Pernambuco - ou qual o sentido da vida? O documentário vai nos apresentando a peculiaridade que dá fama ao município de Toritama, ao mesmo tempo em que nos faz refletir sobre o sentido do trabalho e daquilo que move um ser humano.
Imagens do Inconsciente - No Reino das Mães
4.5 5 Assista AgoraAdelina Gomes. Em 68 anos de vida produziu 17.500 obras artísticas, dentre pinturas e diversos tipos de artesanato. Mais do que um ofício, a arte representou para Adelina um tratamento humanizado para lidar com traumas definidores do seu destino. Ela poderia ter tido uma vida diferente, se tivesse nascido em tempos diferentes e em lugares que já superaram o debate sobre o fracasso do modelo manicomial. Também poderia ter tido uma vida pior, se não tivesse tido alguém como Nise da Silveira em sua vida.
Que esse documentário sirva de lição sobre as tantas Adelinas que prendemos e castramos ao longo dos tempos, mas também sobre as possibilidades que a arte e um tratamento humanizado são capazes de criar em direção à cura de dores e libertação de fantasmas.
Mad World
4.0 59A loucura não é só um processo químico, mas também um ponto de vista construído socialmente - com grandes doses de ignorância e preconceito, pitadas de medo e um tablete e meio de falta de olhar para o próprio umbigo. Esse filme provoca tais questões: o que é loucura? quem é mesmo que está louco? como lidar com as loucuras? como lidar com quem consideramos loucos?
Dias Selvagens
3.8 72Wong Kar-Wai, o mestre do amor e do vermelho, fazendo um filme verde cinzento onde a ausência/busca do amor é o que dá razão aos personagens, mesmo quando nem eles mesmos sabem a fronteira entre o desejo de se afastar do amor do desejo de recebê-lo.
O Bar Luva Dourada
3.6 340A obra pendula para o sadismo, pendula para o drama psicológico, pendula para o suspense e pendula até para a empatia com os personagens, mesmo que eles tragam a representação da decadência, da humilhação, da falta de lucidez, da autodestruição e dos diversos tipos de violência. Bom filme.
Mascarados
3.4 4Poderia ser mais uma comédia como qualquer outra, se não fosse uma comédia... argelina.
Com um roteiro clichê para o gênero, o filme vai cativando pela sua identidade cultural que dá um outro sabor à obra. Vale à pena conferir.
Vitalina Varela
3.8 24 Assista AgoraPega essa obra de arte e emoldura. Espetacular!
Temporada
3.9 145 Assista AgoraApesar de ser fã e incentivador do cinema nacional, minha relação não é totalmente bem resolvida. Diferente do que acontece comigo em relação às obras estrangeiras, o domínio da língua faz com que se tornem mais perceptíveis as más atuações, as interpretações que não convencem ou os cacoetes dos atores e atrizes. Quando tudo isso acontece num filme bósnio, argelino ou canadense, por exemplo, fica mais difícil notar e isso acaba não influenciando a percepção da obra.
Muitas vezes vi filmes muito bem feitos, interessantes, com belas fotografias, bom roteiro, mas diálogos mecânicos, personagens travados ou seqüências que acabam estragando o todo. É o problema de qualquer obra nacional diante de um espectador que domina o idioma.
Talvez por tudo isso é que "Temporada" me fisgou de uma forma que há muito tempo uma ficção nacional não me fisgava. A excelência das atuações, onde boa parte dos atores e atrizes não são profissionais, é um dos principais méritos da obra do diretor André Novais. A naturalidade dos personagens, dos diálogos e das cenas contróem uma obra singular, onde nada demais precisa acontecer na história, basta deixar ser levado pela vida comum dos seus personagens.
Chega dá um orgulho ao ver o cinema brasileiro, mineiro e preto nos dando presentes como esse.
Ninguém Sabe que Estou Aqui
3.5 145 Assista AgoraO filme vai prometendo mais do que acaba entregando. Apesar das grandes atuações e uma ótima fotografia, essa produção uruguaia acabou não me emocionando. Começa muito bem, mas no caminho vai atropelando algumas coisas e no final corre de forma acelerada, com um desfecho que tinha tudo para impactar, mas passa batido. Pena. Porque é um bom filme. Mas não mexer com as emoções do espectador faz perder o grande trunfo que ele poderia ter tido.
180° South
4.3 9Cuidado! Esse filme dá gatilho. Principalmente pra quem tá confinado no meio de uma pandemia e observando a pochete e a mochila penduradas no armário.
Almoço em Agosto
3.5 40Comédia gostosa de se ver, principalmente quando você identifica um pouco de sua nonna em cada personagem (o que torna tudo ainda mais verossímel).
Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre
4.0 215 Assista AgoraUm dos destaques dos festivais internacionais de 2020, o filme põe o dedo numa ferida que precisa ser tocada. Enquanto mulheres sem dinheiro continuarem a morrer em abortos clandestinos e o patriarcado criminalizá-las e marginalizá-las, será preciso continuar tocando nessa ferida.
O filme, no entanto, não conseguiu me emocionar tanto. Algumas sequencias que tinham tudo pra mexer cá dentro, acabaram passando de forma banal e corriqueira. Apesar da boa atuação da atriz Sidney Flanigan, sua personagem não me cativou. É um bom filme, mas dessa vez não bateu. Fiquei muito mais mexido com 4 meses, 3 semanas e 2 dias.
Ajuste Final
3.9 116 Assista AgoraBom filme de máfia, com aquele toque refinado dos irmãos Coen - nesse caso, direção única de Joel.
Roteiro, fotografia, direção... tudo muito bem feito. Apesar de ser uma das obras menos celebradas dos irmãos, o filme certamente não decepciona os amantes do gênero de gângster.
Tomboy
4.2 1,6K Assista AgoraUma das riquezas do cinema consiste em presentar as sociedades com obras provocativas, que tratam de questões que muita gente prefere ignorar ou tratar com ignorância. Tomboy é um desses presentes. Um filme feito com delicadeza, sensiblidade e emoção.
Que obras como essa sirvam para iluminar mentes e corações rumo ao caminho do respeito, da liberdade e do amor.
A Livraria
3.6 218 Assista AgoraMamãozinho com açúcar. O filme não é ruim, até distrai, mas faltou sal.
Permanência
3.5 111Com uma trinca de atores que conseguiram transmitir a naturalidade necessária para que o filme funcionasse, a história vai se desenrolando de uma forma que, certamente, deve ter feito muitos espectadores se identificarem. Uma história banal, uma situação mais ou menos comum para ex-casais, mas bem contada (e interpretada!).
Encontrando Gorbachev
4.2 4Quando eu era criança, lembro de um livro chamado "Perestroika" na prateleira de casa. Era bonito, capa estilizada, curiosa. Na adolescência acabei folheando, já ciente do que significava. Lia o livro, que trazia o plano de Gorbachev para "salvar" a União Soviética. Era interessante ler um projeto de algo vencido pelo tempo - ler, no futuro, algo do passado que prometia um outro futuro.
O documentário também traz um sentimento interessante ao trazer uma história contada por quem viveu a História! Gorbachev é um personagem importante do século XX, que terá seu nome referenciado pelos livros. Por isso, é curioso ver personagens vivos falando de um tempo morto, mas que impactou diversas gerações.
O Caminho para Casa
4.1 66 Assista AgoraA história e as atuações já valem o filme. Mas a fotografia é linda demais! Ponto alto de uma das principais obras da filmografia de Yimou.
Pastor Cláudio
3.8 9A naturalidade na fala do Pastor Cláudio não surpreende, mas é indigesto. Já os fatos narrados dão ânsia. Se é triste ouvir os relatos, é revoltante saber que o Brasil de hoje segue tentando esconder a verdade sobre os crimes cometidos por quem financiou, governou e serviu à ditadura militar. E, pior, segue tentanto repetir os crimes do passado.
Tio Frank
3.9 240 Assista AgoraUma história de vida parecida com tantas na década de 1970 e que, infelizmente, ainda hoje se repete. Um drama sobre o direito à liberdade individual e a ignorância que violenta e fere quem deveria receber respeito e amor.
Poesia Sem Fim
4.3 89Mais um lindo passeio pela juventude autobiografada de Jodorowsky, que se confronta com seus traumas e processos de libertação. Uma aula de cinema feita com coração e memória, beleza e poesia.
O Caso Mattei
3.8 7De acordo com o ex-integrante da Cosa Nostra, Tommaso Buscetta, Mattei morreu em um atentado executado pela máfia italiana a pedido da máfia estadunidense, que via seus negócios no Oriente Médio serem ameaçados pelos projetos do industrial italiano. À época do filme, ganhador da Palma de Ouro (Cannes, 1972), essa denúncia ainda não havia sido revelada e a morte de Mattei causava diversas especulações.
O filme e o assassinato de Mattei acabam por revelar um pouco do jogo e dos jogadores da geopolítica ocidental num mundo pós segunda guerra.
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar
4.3 209Um retrato do capitalismo moderno numa cidade de 45 mil habitantes, num canto de Pernambuco - ou qual o sentido da vida? O documentário vai nos apresentando a peculiaridade que dá fama ao município de Toritama, ao mesmo tempo em que nos faz refletir sobre o sentido do trabalho e daquilo que move um ser humano.
À Beira da Loucura
3.6 403 Assista AgoraLouco e sombrio, o filme prende até o fim o espectador disposto a embarcar nessa loucura...
Fui Reprovado, Mas…
3.5 4Uma das primeiras obras dirigidas pelo mestre Ozu, à época com 26 anos. Mas já carregado de leveza, sensibilidade e dilemas pessoais. Bom começo!