A primeira coisa que me chama a atenção nessa obra-prima de Alain Resnais é a metalinguagem. Quando indagada sobre o que faz no Japão, a protagonista Elle (Emmanuelle Riva) diz que está fazendo um filme sobre a paz. Depois da primeira noite de amor com Lui, o arquiteto japonês (Eiji Okada), Elle retorna o set onde o tal filme está sendo gravado e as pessoas e objetos que vemos compondo esses bastidores são os personagens coadjuvante da ação que se passa.
Quando estes coadjuvantes se colocam em ação em uma marcha de protesto contra a guerra e contra as armas nucleares, tanto Elle quanto Lui se tornam parte da cena, ora como espectadores que assistem a marcha, ora entrando no meio dela. Mas entrando em sentido contrário, como se buscassem outra outra narrativa, um outro filme, que não seja apenas sobre a paz ou contra as guerras, mas sobre o amor, sobre a morte, sobre fim, sobre esquecimento, sobre memórias...
Este aparente conflito de narrativas na verdade oculta uma relação dialética, na qual o fato objetivo, a realidade concreta, o que aconteceu, se confronta e se completa com a perspectiva subjetiva, a narrativa, o que recordamos. Estas polaridades nos são inicialmente insinuadas no começo do filme, quando Elle diz, sobre o ataque nuclear a Hiroshima, "eu vi de tudo", e Lui responde-lhe "você não viu nada".
Como o Márcio disse em seu comentário, que pode ser encontrado abaixo, Elle não estava no Japão quando as bombas atômicas foram lançadas. Tudo o que ela diz saber sobre esse fato é resultado de narrativas, como livros, reportagens, exposições em museus, documentários. Perto do final, o engano de julgar saber tudo é cometido por Lui. Após ouvir Elle contar sobre os anos que viveu em Nevers, na França, ele interroga-a: "Seu marido conhece essa história?". Ela reponde que não e ele pergunta: "Só eu sei então?". Ela responde que sim, então ele a abraça e diz: "Ninguém mais sabe. Só eu".
Será? Talvez seja verdade, levando-se em conta o modo como o comportamento de Elle muda depois que ela narra ao seu amante os segredos e traumas de seu passado durante a Segunda Guerra na França invadida e anexada pelos nazistas. Como em uma sessão de terapia, Elle realiza sua necessária catarse ao narrar suas dolorosas vivências e acaba, desse modo, reencontrando-se, compreendendo-se melhor.
Narrar implica organizar, colocar em perspectiva, distanciar-se, racionalizar. Do mesmo modo que a narrativa de Elle ajuda-a a compreender a si mesma e curar suas feridas (ou ao menos a conhecê-las e aceita-las, convivendo melhor com elas e consigo mesmo), o filme de Resnais, esse filme sobre em defesa da paz, anti-bélico, que é também sobre o amor e morte, a memória e os esquecimento, serve também de narrativa para nós, seres humanos, nascidos num mundo que foi profundamente influenciado pelas duas grandes guerras do século XX, possamos entender melhor quem somos.
A premissa dos dois Blade Runner é a seguinte: Num "futuro" em que as Empresas Multinacionais se tornaram mais poderosos que os Estados Nacionais, humanos convivem com réplicas sintéticas produzidas por nanotecnologia celular, conhecidos como "replicantes". A democracia capitalista passou a aceitar e a conviver com um novo tipo de escravidão. Como não são considerados humanos (apesar da semelhança), não possuem direitos, os replicantes podem ser escravizados de todas as formas.
Uma dessas formas de escravidão é uma certa "vida útil" ou "prazo de validade", com os quais esses seres não humanos já nascem, tornando-sua existência predeterminada, inclusive com data marcada para nascer e morrer. Literalmente. Foram criados para serem escravizados.
Poderiam ser imortais, mas nasceram fadados a serem escravos das empresas que exploram minérios em planetas distantes, por causa de sua maior "durabilidade". Os replicantes também são estéreis, isto é, incapazes de gerar outros replicantes. Foram criados para não pensar, para não ter sentimentos, não se rebelar. Foram criados para ser simultaneamente mão-de- obra e propriedade privada de uma grande empresa.
No primeiro filme, dirigido por Ridley Scott, Deckard (Harrison Ford), é um "Blade Runner" uma espécie de "capitão do mato", isto, aquele dentre os escravos tinha a tarefa de caçar e capturar os escravos fugidos e rebeldes. A tarefa de Deckard, por seu turno, é rastrear quatro replicantes: Roy Batty (Rutger Hauer), Zhora (Joanna Cassidy), e Pris (Daryl Hannah). Os 4 são de um modelo chamado Nexus-6, produzido pela Corporação Tyrell, que eram usados em mineração interplanetária e que voltaram à Terra ilegalmente. Uma das maneiras que um Blade Runner tem para rastrear um replicante que precisa ser "aposentado" é detectando reações humanas nele, como sentimentos ou emoções.
No segundo filme, de Denis Villeneuve, o papel do "capitão do mato" é o oficial K (Ryan Gosling), um Blade Runner, ao perseguir alguns replicantes, descobre um segredo que pode ameaçar todo o status quo, de provocar uma revolução. Essa descoberta acaba fazendo com que seus caminhos se cruzem com Rick Deckard (Harrison Ford).
O problema é que, assim como Deckard em sua Odisseia de 1982, à medida que cumpre sua missão, K vai adquirindo consciência. Consciência de si, passando a sentir, a pensar, a duvidar, a se emocionar. Consciência de mundo, passando a questionar, a se rebelar, a desobedecer, a romper com o status quo. Em ambos os filmes, Deckard e K lutam para negar e esconder suas reações, cada vez mais "humanas", fruto das dúvidas que vão despertando sua consciência. Mas esse despertar da consciência, uma vez iniciado, não pode mais ser impedido, e as consequências para a ordem estabelecidas são desastrosas. Daí o uso de toda forma de coerção e alienação, para impedir que ela desperte.
No primeiro filme, Deckard e Rachel (Sean Young), uma replicante, descobrem o amor e fogem juntos, pois sabem que, se rastreados, poderão ser "aposentados" por outro Blade Runner. No segundo filme K precisa lutar a dúvida entre esconder o segredo que ele descobriu, ou revela-los aos seus superiores, pois a sua revelação poderia ameaçar tanto a vida de K quanto a ordem estabelecida, o status quo, o "sistema".
Isso porque toda aquela sociedade, baseada na exploração dos replicantes pelas grandes corporações das quais simultaneamente trabalhadores e maquinas, se baseia na crença de que os replicantes não são humanos, não pensam, não possuem sentimentos, vontade ou consciência. Ou seja, não possuem "alma". Portanto, qualquer replicante que ousar pensar, questionar, descumprir normas, se rebelar... é uma ameça ao sistema e precisa ser eliminado. Todo sistema que se baseia na desigualdade e na exploração, é um sistema que, para se sustentar, precisará dispor de todas as formas de manipulação, coerção, repressão, censura, medo, perseguição e mentiras.
Logo no início o narrador deixa que claro que está contando uma história sobre um cara chamado Jeffrey Lebowski, mas que prefere ser chamado de "The Dude/O Cara". É um filme sobre "O Cara" e todos os "perrengues" que ele passa ao ser envolvido - meio que - acidentalmente e involuntariamente em uma certa trama. Trama que é mero pedaço de uma trama maior, que é a vida desse cara maluco. Portanto, o mistério sobre o sumiço da jovem Bunny é apenas uma questão secundária e o final do filme (que tem tanta importância para alguns), tem mais a ver com Lebowski do que a solução do sequestro.
Aliás, essa discussão entre o que é principal e o que é secundário na narrativa é colocado o tempo inteiro em discussão durante todo o filme, especialmente por meio de Walter, para o qual tudo remete à guerra do Vietnã. Desse modo, assim como no magistral Barton Fink, os diretores fazem outro exercício brilhante sobre metalinguagem.
Os diretores desconstroem os clichês de filmes detetivescos colocando dois inusitados investigadores para solucionar um misterio do qual os primeiros palpites da dupla já se revelam muito próximas da verdade, mostrando que talvez o mistério não seja tão misterioso assim. Inicialmente Jeffrey acredita que tudo seja uma farsa e que o sequestro tenha sido encenado. Apesar de errar em muitos palpites sobre muitas coisas durante toda a trama. Walter está sempre dizendo que os sequestradores "são amadores". Contudo, apesar desses insights quase certeiros, os dois passaram por muitos perrengues até que entendam a cilada na qual estavam se metendo.
"Às vezes a gente segura a barra, às vezes a barra cai em cima da gente". Lebowski segura-a firme, mesmo depois de 2 caras terem entrado em sua casa, confundindo-o com um milionário, mijado em seu tapete; depois de ser convencido a servir de intermediário na entrega do resgate em um sequestro; depois de ter seu carro roubado e seu novo tapete roubado, de ser sequestrado por um chefão da indústria pornô e sido dopado por ele para obter informações, de ter corrido alucinado e semi-inconsciente no meio de uma rodovia por quilômetros... e no final, apesar da "ajuda" de Walter, conseguirá solucionar o misterioso sequestro.
Tudo isso apesar de ninguém leva-lo a sério nem respeitá-lo, apenas porque ele é um cara solteiro, desempregado, com mais 40 que gosta de fumar um baseado, ouvir Creedence e jogar boliche - e tá errado? E também, claro, porque ele foi capaz de segurar "a barra". Segurar a barra, apesar dos pesares, é, portanto, o super-poder desse herói inusitado chamado "O Cara".
É só o que tenho a dizer, por enquanto, antes de escrever meus longos comentários. Preciso refletir antes. Mas posso adiantar que é um filme profundamente coerente tanto com o original, dirigido por Ridley Scott, quanto com a obra de Denis Villeneuve, sem prejuízos a nenhum dos dois.
Esopo, fabulista grego, conta-nos que, certa vez o deus do Amor, Eros (ou Cupido, para os romanos), adormeceu em uma caverna, embrigado pelo deus do Sono, Hipnos. Este era irmão gêmeo de Tanatos, deus da Morte. Ao cair em sono, Eros deixou que suas flechas caíssem, misturando-se à algumas de flechas de Tanatos que estavam no chão da caverna. Quando acordou, Eros recolheu suas flecha, mas algumas flechas de Tanatos acabaram indo junto. Deste modo, Eros passou a portar tanto flechas de amor quanto de morte. A linha que separa amor e morte é, segundo estes mitos, tênue.
Os mitos greco-romanos serviram de inspiração para Freud elaborar alguns conceitos-chave de sua teoria psicanalítica. Baseado em Eros e Tanatos, Freud desenvolveu os conceitos de "estímulo ou pulsão de vida" e "estímulo ou pulsão de morte". Representações psíquicas complexas, as pulsões de vida e de morte seriam, para Freud, algo que nos impele em determinada direção, pois possuem um objeto (Objekt), uma pressão (Drang), uma meta (Ziel) e uma fonte (Quelle). .
Eros, arquétipo grego da pulsão de vida, teria a função de unir as partículas, de tornar coeso o que está fragmentado, de amalgamar os pedaços incompletos formando uma substância viva, criando formas cada vez mais complexas, preservando vivo o organismo e garantindo a continuidade da espécie. A Pulsão de Vida desdobra-se em "pulsões do eu", relativas à autoconservação, que se manifestariam principalmente por meio da fome e a sede, e nas "pulsões sexuais", que incluiriam tantos os desejos manifestos, quanto aqueles ocultos, recalcados e sublimados. No sexo, aliás, o êxtase completo depende de que nos percamos no outro, mergulhando, literal e metaforicamente, no ser amado. O amor, a fome, o desejo sexual, seriam motores da existência humana
Tanatos, arquétipo grego da pulsão de morte, seria o oposto, tendo a função de dispersar em vez de amalgamar, de dividir em vez de unir, de destruir em vez de preservar. Em sua obra "Além do princípio do prazer", Freud afirma que “objetivo da vida é a morte, e remontando ao passado: o inanimado já existia antes do vivo”. Porém, a pulsão de vida e a pulsão de morte não podem ser dissociadas. Andam juntas, pois são opostos complementares, as duas faces de uma mesma moeda, estabelecendo entre si uma relação dialética. Isso porque o verdadeiro amor implica um certo tipo de morte. Amar alguém verdadeiramente obriga-nos a matar uma parte de nosso ego, de nosso individualismo. Amar é recusar o egoísmo em prol do outro. Amar é entregar-se, perder-se no outro, deixando-se de ser um eu à parte, isolado, auto-centrado, passando a ser dois, um orbitando em torno do outro, ambos girando em torno de um eixo comum, que é a vida que ambos compartilham.
Tendo tudo isto em mente, é possível compreender melhor esta nova obra-prima de Paul Thomas Anderson. Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) é um homem completamente auto-centrado, dependente de uma vida baseada em uma rotina meticulosa que dá contorno ao mundo que ele criou para si. Este mundo é habitado por fantasmas, como o da mãe de Reynolds, pela qual este parece nutrir um amor edipiano e para a qual ele costurou um vestido para seu segundo casamento. A certa altura do filme, Reynolds diz que é possível esconder qualquer coisa sobre o forro de um paletó ou vestido. Adiante, ele borda o nome de Alma (Vicky Krieps) em dos vestidos que fez para ela. O que será que ele escondeu naquele vestido que fez para o casamento de sua mãe? Que segredos Reynolds esconde de seu passado e de sua relação com essa mãe da qual ele conserva uma mecha de cabelo escondida no forro de seu paletó? Ou ainda, quais segredos e traumas Reynolds costurou e escondeu sob a máscara que carrega?
“Ela teria de morrer, mais cedo ou mais tarde. Morta. Mais tarde haveria um tempo para essa palavra. Amanhã, e amanhã, e ainda outro amanhã arrastam-se nessa passada trivial do dia para a noite, da noite para o dia, até a última sílaba do registro dos tempos. E todos os nossos ontens não fizeram mais que iluminar para os tolos o caminho que leva ao pó da morte. Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida não passa de uma sombra que caminha, um pobre ator que se pavoneia e se aflige sobre o palco - faz isso por uma hora e, depois, não se escuta mais sua voz. É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado.” (SHAKESPEARE, William, in Macbeth.)
Alma é quem desempenhará o papel de levar som e fúria à mórbida vida monótona e mecânica de Reynolds. Ela é a representação de Eros, que, com sua flechas de amor e morte, produz caos para recriar um novo cosmos no universo de Reynolds. A pulsão de morte, sozinha, é dispersão, desgregação, e tende ao vazio, à anulação. Se acompanhada da pulsão de vida, passa a ser mudança, transformação, reorganização dos elementos em prol da construção de algo novo, renovado, dinâmico, verdadeiramente vivo. Mas, para isso, é preciso não apenas que Alma abra mão de um pouco de si, matando parte de seu eu, mas que também Reynolds encare um certo tipo de morte, abrindo mão do individualismo, deixando o egoísmo e egocentrismo de lado, de modo a construir junto com Alma um mundo novo para ambos. Amor e morte, como já foi dito, andam lado à lado.
A relação entre Reynolds e Alma, aliás, remete à outra parte do mito de Eros. Psiquê era a mais jovem e mais bela das três filhas de um rei, cujo nome é desconhecido. Preocupado pelo fato de as duas filhas já serem casadas, mesmo sendo menos belas que Psiquê, que permanece solteira, o rei decide consultar o Oráculo de Apolo, que revela-lhe que é destino de Psiquê casar-se com um ser monstruoso. Na verdade o oráculo havia sido induzido por Eros a mando da deusa Afrodite, que tinha inveja da beleza de Psiquê. Vestida de branco, ela é levada ao topo de um penhasco para ser desposada pelo monstro, mas então o vento Zéfiro a carrega até um palácio, onde passa a viver. Lá ela é desposada por Eros, que se torna seu marido, porém ele nunca revela-se a ela, mantendo-se invisível em sua presença, para que Afrodite não pudesse vê-los juntos. Eles fazem um acordo no qual ela nunca deve pedir-lhe para mostrar-lhe sua face. Entediada, Psiquê decide visitar a casa de seus pais, e lá suas irmãs passam a questiona-la sobre sua vida e seu esposo, instigando-a a quebrar o acordo. Voltando ao palácio, Psiquê espera que Eros durma e, aproximando de seu rosto uma vela, fica admirada com sua beleza. Num descuido, ela deixa pingar uma gota de vela derretida sobre o ombro de Eros, que acorda furioso. Sentindo-se traído, Eros foge dizendo que sem confiança o amor não pode resistir.
Abandonada e triste, Psiquê passa a vagar pelo mundo em solidão, atravessando diversos tormentos colocados por Afrodite em seu caminho. Por fim, dá-se por vencida e cai em sono profundo, entregando-se à morte. Encontrando-a, Eros se apieda de sua amada e pede ajuda a Zeus, que lhe concede permissão para desperta-la usando uma de suas flechas. Assim Psiquê acaba tornando-se imortal e é por fim levada-a ao Olimpo, vivendo a eternidade ao lado de seu amado, ganhando asas de borboleta. Em grego, Psiquê significa tanto alma quanto borboleta, e tanto na mitologia grega quanto na psicanálise, a Psiquê é tomada como representação da Alma. Alma, no filme de Paul Thomas Anderson, é a amada que acaba desposada por um homem que, por trás de sua aparência rude, insensível, fria, dura e áspera, esconde uma fragilidade e uma ternura que só ela parece enxergar. E para que este Eros revele à esta Psiquê sua face, ela terá que feri-lo, pois ele mesmo recusa-se a deixar-se iluminar pelo amor que ela lhe oferece. Esse amor que, como já foi dito, implica em uma certa dose de morte, de auto-sacrifício, de entrega e de renúncia.
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Como mostrou o historiador britânico Eric Hobsbawm na obra A Era dos Extremos, mesmo não havendo dúvidas de Hitler fosse um tirano e que ele representasse uma ameaça às potências imperialistas europeias, remanescentes do século XIX e que não haviam sucumbido à Primeira Guerra, é fato de que essas potências, isto é, Inglaterra e França, fizeram de tudo para evitar que a Segunda Guerra começasse, uma vez que, para seus governantes e seu povo, as cicatrizes da Primeira Guerra ainda eram bastante vívidas.
No capítulo 5, ele diz: "Em suma, havia um amplo fosse entre reconhecer as potências do Eixo como um grande perigo e fazer alguma coisa. [...] Contudo, o que enfraqueceu a decisão das principais democracias europeias, a França e a Grã-Bretanha, não foram tanto os mecanismo políticos da democracia, quanto a lembrança da Primeira Guerra Mundial. [...] Tanto para a França quanto para a Grã-Bretanha, esse impacto, em termo humanos (embora não materiais), foi muito maior do que se revelou o da Segunda Guerra Mundial. Outra guerra como aquela precisava ser evitada a qualquer custo. Era sem dúvida o último dos recursos da política. Não se deve confundir a relutância em ir à guerra com a recusa em lutar, embora o moral militar potencial dos franceses, que haviam sofrido mais do que qualquer outro países beligerante, estivesse sem dúvidas enfraquecido pelo trama de 1914-18."
Esse temor por parte das lideranças políticas da época é muito bem abordado no filme, conferindo-lhe um maior rigor histórico. O que o filme se exime de trazer à tona é o fato de que, além desse medo de uma nova guerra, a manutenção de seus domínios coloniais na África e na Ásia era outro fator que preocupada aquelas nações. "Os governos britânicos tinha igual consciência de um fraqueza fundamental. Financeiramente, não podiam se dar ao luxo de outra guerra. Estrategicamente, não tinham mais uma marinha capaz de operar ao mesmo tempo nos três grandes oceanos e no Mediterrâneo. Ao mesmo tempo, o problema que de fato os preocupava não era o que acontecia na Europa, mas como manter inteiro, com forças claramente insuficientes, um império global, geograficamente maior do que jamais existira. mas também visivelmente à beira da decomposição", esclarece-nos Hobsbawm.
"Nenhum tinha nada a ganhar com a guerra, e muito a perder". De fato, foi o que aconteceu. Ao final da Segunda Guerra, a França viu-se tendo que lutar contra os rebeldes na Indochina que lutavam por sua independência, culminando na Guerra da Indochina (1946-1954) e posteriormente na Guerra do Vietnã (1955-1975). O Reino Unido britânico, por seu turno, teve que em 1947 conceder, depois de muita relutância e repressão, a independência à Índia liderada pelo lendário pacifista hindu. Basta assistir ao filme Gandhi (de 1982), que deu a Ben Kingsley o Oscar, para conhecer essa parte história.
O Destino de uma Nação, por seu turno, é um brilhante estudo de personagem e, apesar de soberba, a atuação de Gary Oldman não é a única qualidade do filme, que possui muitas outras. Nem a direção, nem o roteiro nem o intérprete caem na tentação de mostrar um Churchill idealizado, exagerando suas qualidades e mascarando suas falhas. Ao contrário, exploram tantos suas virtudes como seus defeitos, contribuindo para construir um personagem sólido exatamente por ser ambíguo, multifacetado, idiossincrático. Kristin Scott Thomas está esplêndida como Clementine Churchill, trazendo doçura e leveza ao filme e fazendo um belo contraponto à todo peso e toda a fúria (literais e metafóricos) do Winston de Gary Oldman.
A fotografia, soturna e sombria, expressa com perfeição o horizonte sombrio que aguardava a todos, independente das decisões tomadas, uma vez que a Segunda Guerra impingiu grandes perdas a todos os envolvidos, vencedores e vencidos. Além disso me surpreendeu positivamente pelos enquadramentos inusitados, porém eficientes, como aquele em que a câmera parece estar dentro da máquina datilográfica, por exemplo.
Como havia feito em Desejo e Reparação (Atonement, 2008), Joe Wright mais vez faz uso dramático desta máquina durante alguns momentos, incorporando o som das teclas ao da trilha musical. Porém, enquanto neste filme o compositor era Dario Marianelli, com o qual ele havia trabalhado também em Orgulho e Preconceito (Proud and Prejudice, 2006), desta vez ele recruta Alexandre Desplat, que entrega, como de costume, uma trilha sutil e minimalista, contribuindo eficientemente para criar a atmosfera de constante tensão que permeia todo filme. Aliás, Desejo e Reparação também era ambientado na Inglaterra durante o começo da Segunda Guerra e uma das cenas mais memoráveis é aquela em que personagem de James McAvoy chega na praia de Dunkirk e se depara com todo o inferno que os nazistas haviam causados ao exército britânico.
O roteiro nos brinda com diálogos tão afiados que fazem dos debates políticos o campo de batalha no qual a guerra se prenuncia. No entanto, os silêncios dizem muitas vezes mais que as palavras e eles são sabiamente valorizados pelo diretor. O restante do elenco contribui para engrandecer ainda mais o filme, não deixando de entregar ótimas atuações mesmo em personagens pequenos e menos significativos.
Quem a pensa que a única semelhança entre filmes de Guillermo Del Toro é a presença de monstros e seres mágicos em uma história repleta de fantasia e imaginação, precisa olhar a obra do diretor mais a fundo. Neste texto, proponho analisarmos as semelhanças entre os dois melhores filmes do diretor até aqui: O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006) A Forma da Água (The Shape of Water, 2017)
A inspiração Em primeiro lugar, enquanto O Labirinto do Fauno o roteiro faz uma releitura de Alice no País das Maravilhas, em A Forma da Água o diretor parece se inspirar em A Bela e a Fera para escrever seu roteiro.
O contexto histórico O primeiro filme se passa na Espanha durante a Guerra Civil, durante a qual aquele país estava dividido entre os apoiadores do General Francisco Franco (conservadores, falangistas e fascistas), e seus opositores (socialistas, comunistas e anarquistas). Por seu turno, o segundo filme se passa nos Estados Unidos durante a Guerra Fria, na qual boa parte do mundo estava dividida em dois polos hegemônicos: de um lados os Capitalistas, aliados dos EUA, e de outro os socialistas e comunistas, aliados à URSS. Ambos, portanto, são ambientados em contextos históricos caracterizados por forte polarização política e ideológica.
As protagonistas Ambos os filmes são protagonizados por mulheres com características físicas muito semelhantes: brancas, de baixa estatura, de porte físico frágil, cabelos negros à altura dos ombros, sempre trajando roupas com tons entre verde e azul claros. No primeiro filme, a protagonista é a menina Ofélia (Ivana Baquero) que, apesar de não ser muda, não pode revelar a ninguém a missão que o misterioso fauno lhe incumbe. No segundo, a protagonistas é Elisa (Sally Hawkins), um jovem e solitária mulher que não fala, apesar de não ser surda. No laboratório no qual ela trabalha como faxineira há uma criatura aquática que foi capturada na Amazônia e que é mantida como um segredo de Estado. A relação que ela desenvolverá com este ser misterioso será o segredo que ela não poderá revelar a qualquer um.
Anjos da guarda A única pessoa na qual Ofélia pode confiar é Mercedes (Maribel Verdu), uma mulher forte e corajosa que a protege do temido e sádico capitão Vidal (Sergi Lopes). As única pessoas nas quais Elisa confia são Zelda (Octavia Spencer), uma mulher forte e corajosa que a protege do temido e sádico agente federal Strickerland (Michael Shannon).
Um outro olhar Nos dois filmes de Del Toro, ao contrário do que possa parecer, o elemento fantástico funciona não como mecanismo de fuga da realidade dura e opressora, mas como lente com a qual a realidade é vista de uma perspectiva crítica e questionadora.
Outsiders Em O Labirinto do Fauno, a menina Ofelia transitava entre seres mágicos que somente ela parecia poder ver. Porém, tanto para ela quanto o espectador, essas duas realidades pareciam fundir-se, em vez de existirem em planos separados. O mesmo ocorre em A Forma Água, porém de um modo ainda mais complexo, pois nele tantos criaturas reais e - que seriam para nós - imaginárias convivem em um mesmo plano. Porém, a incomunicabilidade que Elisa e O Ativo (Doug Jones) compartilham faz com que eles vivenciem uma realidade que lhes seria exclusiva. Essa realidade é a tal "forma da água", a realidade e incompreensões que os envolve, o mundo de silêncios em que ambos estão mergulhados. Assim, em ambos os filmes os diretor nos questiona: O que é de fato essa tal realidade? Para a humana Elisa, tratada por quase todos como alguém insignificante, discriminada por sua deficiência, o único que lhe compreendeu e lhe aceitou foi um ser não-humano. O que é ser humano, afinal?
Há ainda outros pontos de similaridades entre os filmes que poderiam ser destacados, mas prefiro deixar que vocês a tentem perceber por si mesmo.
Katherine Graham (Meryl Streep) tornou-se editora-chefe do The Washington Post após a morte de seu marido Phil Graham, sendo, então, a primeira mulher a ocupar tal posto nos EUA - e provavelmente no mundo. No começo da década de 1970, o analista do Pentágono Daniel Ellsberg vazou documentos secretos conhecidos vulgarmente como "Pentagon Papers", um estudo preparado pelo Departamento de Defesa a pedido do então secretário de Defesa, Robert MacNamara.
Realizado ao longo de anos por estudiosos contratados como analistas pelo governo, o documento, intitulado "United States–Vietnam Relations, 1945–1967: A Study Prepared by the Department of Defense", continha 47 volumes e detalhava minuciosamente o envolvimento militar norte-americano no Vietnã desde a Guerra da Indochina (1945-1947) até a Guerra do Vietnã (1964-1967).
A Indochina foi ocupada pela França em 1887, tornando-se parte do Império Colonial Francês no Sudeste da Ásia. Era formada pelo que hoje corresponde ao Vietnam, Laos, Camboja e região chinesa de Guangzhouwan. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando parte da França foi dominada pela Alemanha, a Indochina e demais colônias francesas ficaram sobre da República Francesa de Vichy, aliada dos nazistas, ficando depois sobre sob ocupação japonesa. Em maio de 1941, auge do conflito, teve início uma revolta na qual o Viet Minh, ao mesmo tempo partido e exército comunista liderado pela grande Ho Chi Minh, enfrentaram os invasores franceses e depois os japoneses. As revoltas aumentaram, dando início à guerra, que iria terminar em 1949, com a independência do Vietnã. Os Estados Unidos, como revelaram posteriormente os Pentagon Papers, financiaram os franceses na guerra contra o Viet Minh, arcando com cerca de 78% dos custos.
Em 1954, após o Acordo de Genebra, em plena Guerra Fria, o país divido em 2 Estados: Vietnã do Norte, comunista, dirigido por Ho, e Vietnã do Sul, governado pelo imperador-fantoche Bao Dai, controlado pelos franceses. Sem nenhum interesse nos rumos de seu país, Bảo mudou-se para Paris no mesmo ano, continuando como chefe de estado e colocando Ngô Dình Diem como primeiro-ministro. Diem, que era convertido ao catolicismo, era religioso fervoroso. Em 1955 ele realizou um referendo (que depois se provou ter sido fraudado e manipulado com apoio dos EUA) cujo resultado lhe deu plenos poderes.
Durante seu governo, apoiado militar e financeiramente pelos Estado Unidos, iniciou-se violenta perseguição aos comunistas e budistas vietnamitas. Estima-se que 50 mil comunistas foram executados e outros 75 mil foram presos. Em 1963, protestando contra a falta de liberdade religiosa, o monge budista Thich Quang Duc ateou fogo ao próprio corpo, num ato de autoimolação, em Saigon, no então Vietnã do Sul, comovendo a opinião pública internacional. Posteriormente os estudantes aderiram aos protestos, culminando, em 1963, pela deposição de Diem por oficiais do exército-sul vietnamita. Em 1964 o Vietnã do Norte, atacou o governo fantoche do Vietnã do Sul com ajuda e apoio da população da parte de sul, que, de fato, nunca se viu como diferente a população do norte, uma vez que a divisão do Vietnã em dois países foi uma medida artificial imposta pelos EUA e pela ONU, sobre a qual a população vietnamita nunca foi consultada. Os chamados Vietcongs eram em sua maioria sul-vietnamitas que lutaram ao lado dos norte-vietnamitas contra os invasores estrangeiros e os colaboracionistas do sul.
Hoje sabe-se que os EUA lançaram no Vietnã 7 milhões de toneladas de bombas, o que corresponde a 2,5 vezes o volume de bombas lançadas por eles na Segunda Guerra Mundial. Entre 1965 e 1967 o presidente Lyndon Johnson aumentou o número de soldados de 190 mil para 500 mil. No entanto, apesar do imenso e esmagador poderia militar, muito superior ao dos vietnamitas, o número de baixas dos EUA foi de 2 mil soldados entre 1954 e 1965, 6 mil em 1966 e 11 mil em 1967. O número de vietnamitas mortos, no entanto, passa de 3 milhões. O governo estadunidense, que tinha interesse no controle da região, tanto pela sua localização estratégica (próxima da China, Japão, Índia e Oceania) quando pelos recursos naturais, não via com bons olhos o avanço do comunismo, e fizeram pressão para o país fosse dividido em dois, de modo que eles pudessem manter controle político econômico no sul e, partir de lá, derrubar o governo de Ho Chi Minh, consolidado no norte.
No filme Spielberg não entra nesses detalhes mais espinhosos envolvendo geopolítica, preferindo concentrar seu foco em defender a liberdade de imprensa e a democracia estadunidense, atacando um inimigo já abatido (em especial o ex-presidente Nixon), realizando um filme esquemático, apesar de muito bem realizado e que cumpre o que promete. Em vez disso, navega seguro sobre duas ondas do momento: a do empoderamento feminino em alta principalmente nos EUA por conta da série denúncias de abusos cometidos por figurões de Hollywood (também explorada por filmes como Three Billboards...) e a do papel que a imprensa cumpre - ou deveria cumprir - na luta contra a corrupção do poder e pela liberdade de expressão (que rendeu a Spotlight 3 Oscar em 2016). Como notável oportunismo e algum maniqueísmo, roteiro e direção se esforçam por dar papel de destaque à personagem de Meryl Streep, colocando-a como símbolo de mulher na luta contra as pressões do machismo e patriarcado, ao passo que ela e a equipe de seu jornal encarnam os valores da imprensa livre e imparcial.
Todas as cenas em que ela aparece são destinadas a tanto a colocar em evidência o mundo masculino e machista que a rodeia, quando o suposto papel e pioneirismo que ela, enquanto mulher, desempenha. Merecem destaque a cena em que personagem de Sarah Paulson profere um monólogo sobre a coragem da personagem em autorizar que seu jornal publicasse o conteúdo dos documentos, e aquele em que ela desce as escadas da Suprema Corte passando em meio à dezenas de mulheres que passam a olha-la com admiração, cumprem aquele objetivo.
Meryl Streep agarra seu personagem com todas a forças e entrega aqui um de seus melhores trabalhos, numa atuação minimalistas, onde cada gesto de mão, cada olhar e cada inflexão, revela algo e vai, ao longo da história, expressando gradual o empoderamento da presonagem. Tom Hanks está ótimo como o Ben Bradley e brilha ao lado de Meryl, não se deixando ofuscar demais por Meryl Streep, cuja personagem o roteiro claramente privilegia. O resto do elenco, todo ele composto por atores e atrizes de grande qualidade, recebe seus momentos de glória, como Bob Odenkirk ganhando closes intensos e diálogos marcantes ao longo do filme.
Bruce Greenwood, que havia interpretado JFK em Treze Dias que Abalaram o Mundo (Thirteen Days, 2000) está mediúnico como Robert McNamara, que fora Secretário de Defesa do governo dos EUA de 1961 a 1968, durante os governos de John F. Kennedy e Lydon B. Johson. Quem quiser saber mais sobre McNamara e o envolvimento dos EUA no Vietnã, recomendo os documentários Corações & Mentes (Hearts and Minds, 1975), de Peter Dabvis, e Sob a Névoa da Guerra (The Fog of War, 2003), dirigido por Errol Morris, ambos premiados com o Oscar.
O filme termina com o começo do escândalo Watergate, cuja história já foi retratada no filme o icônico Todos os Homens do Presidente (All the president's men, 1976), com Dustin Hoffman e Robert Redford. Dirigido por Alan J. Pakula, que anos mais tarde fez A Escolha de Sofia (Sophie's Choice, 1982), o filme deu a Jason Robards o Oscar e Melhor Ator Coadjuvante interpretando Ben Bradley.
A valorização de um charlatão como Olavo de Carvalho só mostra a inferioridade intelectual da parcela de direita da sociedade brasileira (só a brasileira mesmo). Parcela esta que, não por acaso, nutre apreço também por outros embustes como Bolsonaro, Kim Kataguiri e Leandro Narloch.
Mais bizarro, no entanto, é que são as mesmas pessoas que, por exemplo, atacam verdadeiros intelectuais, como Paulo Freire, mundialmente respeitado, sendo um dos 3 autores mais citados em trabalhos acadêmicos pelo mundo afora. Criticam Marx, por exemplo, uma das mentes mais originais e importantes dos últimos 300 anos, ao lado de Darwin, Freud e Einstein, cujas contribuições mudaram radicalmente nossa concepção da realdade.
Os acéfalos dizem que Marx escreveu groselhas, que Marx era vagabundo, que não trabalhava, que Marx teve um caso com a empregada, mas admiram Olavo de Carvalho, um cara que ganhou a vida com astrólogo e como professor de filosofia se diploma de filosofia em um curso de filosofia sem respaldo ou reconhecimento acadêmico em lugar nenhum do mundo, que abusava física e psicologicamente da família, dentre outras barbaridades.
Além disso, vale-se o tempo de falácias (non sequitur, ad hominem, condução ao absurdo, ampliação indevida, espantalhos, etc) para ludibriar os trouxas de intelecto inferior ao seu. É mestre na arte de debater sem conhecer o tema profundamente. Paranoico, vê ameaça comunista em tudo, usa e abusa de silogismos com premissas absurdas, sofismas primitivos, especulações vazias e ilações equivocadas.
Deixo aqui algumas frases "jeniais" ditas pelo farsante Olavo de Carvalho: "A ONU apoia o terrorismo." "A Pepsi é feita com fetos abortados." " Há uma conspiração comunista global e o movimento gay é parte dela." " A Lei da Inércia é falsa e Isaac Newton era burro." " Há livros ensinando crianças fazer sexo oral com elefantes." " O Brasil hoje é uma ditadura comunista." " A mídia apoia os gays para promover o controle populacional." " O marxismo nasceu do satanismo." " Darwin é o pai do nazismo." " A web foi criada para combater o ateísmo." " O ser humano não precisa de cérebro pra viver." " O nazismo e FMI são de esquerda." " Bill Clinton era um agente de Pequim." " Os EUA entraram no Vietnã para perder." " Há 40 milhões de comunistas no Brasil." " Cigarro não dá câncer." " Não há diferença genética entre humanos e chimpanzés na gestação." " O empresariado nunca se organizou politicamente." " A ditadura foi branda e tinha eleições democráticas." " Che Guevara invadiu Angola 8 anos após a sua morte." " O PT é responsável pela morte de 50 mil pessoas por ano." " O General Geisel era comunista." " Bush manteve seu país totalmente a salvo de ataques terroristas por oito anos."
Muito se disse e ainda se dirá sobre a assombrosa fotografia desde clássico de John Ford. Muito foi dito também sobre sua trilha sonora, sobre a atuação lúgubre e crepuscular de John Wayne, ou sobre a deliciosa cena da briga no bar. No entanto, de todas as maravilhas que que Ford nos entrega em Legião Invencível (She Wore a Yellow Ribbon, 1949), me interessa particularmente a crítica que ele tece ao lendário General Custer traçando um paralelo entre ele, um personagem real, mas ficcionalizado pela mitologia criada em torno dele, e o ficcional Capitão Nathan Cutting Brittles, protagonista do filme, cujo roteiro humaniza magistralmente na medida que expõe suas idiossincrasias.
George Armstrong Custer (1839 – 1876) foi um oficial do exército estadunidense que lutou na de cavalaria durante a Guerra Civil Americana (1761-1765) e as Guerras Indígenas (1788-1890). A apesar da imagem de herói destemido, nobre e incorruptível, que se tentou construir sobre ele, Custer era na verdade um homem ambicioso, inescrupuloso e oportunista, que fez carreira rápida no exército porque tinha os contatos certos e porque não hesitava em colocar seus comandados em risco para obter uma vitória.
Entrou em West Point, aos 18 anos, formando-se em 1861, quatro anos depois, com a patente de segundo-tenente, vindo a lutar na Guerra Civil ao lado dos "nortistas" contra as tropas confederadas do sul. A Batalha de Bull Run, em 21 de julho daquele ano, próximo de Washington, D.C., foi sua iniciação na guerra. No ano seguinte recebeu um "brevet" de general de brigada. Uma semana depois, na Batalha de Gettysburg, ele lideraria o 1.º Regimento de Cavalaria de Michigan em um ataque contra outra tropa confederada que levava reforços aos seus companheiros, no que ficou conhecido como o ataque de Picket. Na batalha Custer perdeu 257 homens, a maior que se tem notícia nos anais da Cavalaria dos EUA.
Terminada Guerra Civil ou de Secessão, Custer permaneceu no exército, primeiro como capitão, posteriormente alçado, em 1866, a tenente-coronel no 7º Regimento de Cavalaria, tornando-se comandante do Forte Lincoln. Em 1867 dirigiu para o Oeste, designado para para combater os índios que impediam o avanço dos colonos brancos. Em 1868 as tropas de Custer massacraram uma tribo Cheyenne em Washita River. Há anos o governo estadunidense tentava adquirir a região conhecida como Black Hills que, por causa de tratados assinados anos antes, pertencia aos índios, para os quais era terras sagradas. Custer e seus homens se notabilizaram por atacar os acampamentos quando os guerreiros não estavam presentes, liquidando impiedosamente mulheres e crianças, só fazia aumentar a ira dos indígenas.
No 25 de junho de 1876, após levar seus homens em direção aos índios, que então formavam um exército rebelde com mais de 3 mil guerreiros, Custer e seus pouco mais de 300 comandados (incluindo dois de seus irmãos, mulheres e crianças) viram-se combatendo os índios na Batalha de Little Bighorn, no Território de Montana. No final, o saldo de Custer foi 268 mortes, incluindo ele seus irmãos, além de 55 feridos.
No filme de John Ford, o Capitão Nathan Cutting Brittles (John Wayne), prestes a se aposentar é, portanto, um homem que para ter chegada tal idade liderando tropas de cavalaria contra populações indígenas que, em geral, defendia-se na medida do possível, presumivelmente, ou é muito sábio ou é muito sortudo. Ao longo do filme, veremos que Custer, tal um discípulo de Maquiavel, não descrê da sorte, mas aprendeu que ela nada vale se não for usada com sabedoria. Brittles parece especialmente fã da sentença maquiavélica que diz: "Os homens prudentes sabem sempre tirar proveito dos atos a que a necessidade os constrangeu".
No começo do filme, a derrota de Custer em Little Big Horn é mencionada, pelo narrador. Para decepção do público, no entanto, Ford não pretende fornecer uma catarse na qual o supostamente heróico Custer e seus abnegados soldados serão vingados em cenas de batalhas entre brancos e índios na qual os últimos terminarão derrotados.
Não há cenas grandiosas de batalhas e enfrentamentos entre as tropas de Capitão Nathan Cutting Brittles e os guerreiros Cheyennes, Arapaho e Sioux, responsáveis pela derrota de Custer, que ele encontra pelo caminho. Nathan é a antítese de Custer - e sua crítica, sutil, mas eficiente. Em vez de levar seus homens ao confronto com o inimigo, o protagonista do filme de Ford evita ao confronto, preferindo preservar a vida de seus comandados do que expô-los à morte certa em busca de glória. Enquanto Custer buscava fama e renome, Nathan só queria trazer todos para casa, sãos e salvos.
Ford, pelo olhar de Bittles (ou vice-versa) parece enxergar Custer pelo olhar Maquiavélico. Nas entrelinhas de sua narrativa, parece repetir a máxima do filósofo italiano: "Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela".
A ambição de Custer custou-lhe a vida, aos 37 anos de idade. A nobreza de caráter e senso de responsabilidade com os demais, fez Nathan, ao final, a buscar uma solução diplomática, indo ao encontro dos índios e tentando estabelecer um acordo de paz. É então que ele pronuncia a melhor frase do filme: "Yes, we are too old to war, but old men should stop wars". Em vez de morrer como mártir, Nathan escolheu viver com nobreza e dignidade, ganhando, para sua própria surpresa, o respeito e admiração de todos a sua volta. Em um mundo que, em 1949 (ano de lançamento do filme), acabava de sair da maior guerra que a humanidade já viu, a mensagem do mestre John Ford é mais do que clara.
Em 1941, ano em que este fiilme foi lançado, o mundo encontrava-se envolvido na Segunda Guerra Mundial e o cinema era, tantos nos países Aliados quanto naqueles do Eixo, uma arma que cumpria vital função de unir o povo, inflando-lhe o ardor nacionalista e conclamando-o a lutar pela vitória e apoiar os seus soldados. O filme de Raoul Walsh, neste contexto, desempenha este papel oferecendo ao público um herói de guerra que seja um modelo a ser seguido e um exemplo a ser admirado. Para isso, no entanto, ele abandona qualquer compromisso com a mínima veracidade histórica, romancendo a vida do biografado e criando sobre ele uma aura mítica.
George Armstrong Custer (1839 – 1876) foi um oficial do exército estadunidense que lutou na de cavalaria durante a Guerra Civil Americana (1761-1765) e as Guerras Indígenas (1788-1890). A apesar da imagem de herói destemido, nobre e incorruptível, que se tentou construir sobre ele, neste filme e outros como Os bravos não se rendem (Custer of the West, 1967), Custer era na verdade um homem ambicioso, inescrupuloso e oportunista, que fez carreira rápida no exército porque tinha os contatos certos e porque não hesitava em bajula-los ou em colocar seus comandados em risco para obter uma vitória.
No filme Walsh, o Custer interpretado por Errol Flynn é tão real quando os personagens ‘Ned Sharp’ (Arthur Kennedy) e ‘California Joe’ (Charley Grapewin), ambos inventados pelos roteiristas Aeneas MacKenzie e Lenore Coffee. Já o General Philip H. Sheridan (John Litel), famoso autor da frase “O único índio bom é o índio morto” (que inspirou Bolsonaro a compor sua máxima "bandido bom é bandido morto") no filme de Walsh é fantasiosamente transformado em tio da futura esposa de Custer, de modo que a jovem Elizabeth Bacon (interpretada por Olivia de Havilland), ao contrário do que o filme mostra, nunca esteve em West Point para visitar o "tio" Phil Sheridan.
Além disso, ele não era o Comandante da Academia de West Point quando Custer lá ingressa, como mostrado no filme. Liberdade maior, no entanto, é tomada em relação ao General Winfield Scott (Sidney Greenstreet) que no filme se torna amigo e protetor do ainda jovem cadete Custer quando este cede ao general a única porção de cebolas existente no restaurante do Estado Maior da U.S. Army, em Washington, onde eles acabaram de se conhecer.
Aos 18 anos entrou em West Point, a prestigiada Academia Federal de Educação Militar, formando-se 4 anos depois como o último da sua classe em 1861, recebendo a patente de segundo-tenente. Neste mesmo ano teve início a Guerra Civil, na qual Custer lutou ao lado dos "nortistas" contra as tropas confederadas do sul. A Batalha de Bull Run, em 21 de julho daquele ano, próximo de Washington, D.C., foi sua iniciação na guerra.
No ano, aos 23 anos, Custer recebeu um "brevet" de general de brigada.Uma semana depois, na Batalha de Gettysburg, ele lideraria o 1.º Regimento de Cavalaria de Michigan em um ataque contra outra tropa confederada que levava reforços aos seus companheiros, no que ficou conhecido como o ataque de Picket. Na batalha Custer perdeu 257 homens, a maior que se tem notícia nos anais da Cavalaria dos EUA. Esse alto número de baixas não foi algo incomum entre as tropas comandadas por Custer, já que ele não hesitava em sacrificar seus comandados para obter uma vitória e fazer sua fama.
Em 13 de setembro de 1863 foi ferido na batalha de Culpeper, na Virgínia, recebendo no ano seguindo uma comendação por bravura, além de uma promoção temporária à patente de major-general. Em abril de 1985, quando o general confederado Robert E. Lee se rendeu para Ulysses S. Grant (futuro presidente dos EUA, entre 1869 e 1877), Custer estava entre as tropas nortistas ali presentes. Na conclusão da Campanha de Appomattox (março-abril de 1865), onde ele e suas tropas desempenharam um papel fundamental, Custer estava presente
Terminada Guerra Civil ou de Secessão, com a vitória do Norte sobre o Sul, a reunificação do país e a abolição da escravidão nos Estados Unidos da América, Custer permaneceu no exército, primeiro como capitão, posteriormente alçado, em 1866, a tenente-coronel no 7º Regimento de Cavalaria, tornando-se comandante do Forte Lincoln. Em 1867 dirigiu para o Oeste, designado para para combater os índios que impediam o avanço dos colonos brancos. Em 1868 as tropas de Custer massacraram uma tribo Cheyenne em Washita River. Há anos o governo estadunidense tentava adquirir a região conhecida como Black Hills que, por causa de tratados assinados anos antes, pertencia aos índios, para os quais era terras sagradas. Não era, portanto o amigo dos índios, nem de Cavalo Louco (Anthony Quinn), muito menos defensor do direito desses povos às suas terras, como o filme de Walsh desonestamente quer nos fazer crer.
Na verdade, foi ideia de Custer espalhar o boato de havia ouro na região, provocando uma migração em massa de centenas de colonos, com suas famílias. Inconformados, índios Cheyennes, Arapaho e Sioux (estes Lakotas e Dakotas) uniram-se sob a liderança dos lendários Touro Sentado e Cavalo Doido e passaram a atacar os invasores brancos para defender suas terras. Os constantes ataques de Custer e seus homens à tribos indígenas, e a tática por eles escolhida de atacarem os acampamentos quando os guerreiros não estavam presentes, liquidando impiedosamente mulheres e crianças, só fazia aumentar a ira dos indígenas.
No 25 de junho de 1876, após levar seus homens em direção aos índios, que então formavam um exército rebelde com mais de 3 mil guerreiros, Custer e seus pouco mais de 300 comandados (incluindo dois de seus irmãos, mulheres e crianças) viram-se combatendo os índios na Batalha de Little Bighorn, no Território de Montana. No final, o saldo de Custer foi 268 mortes, incluindo ele seus irmãos, além de 55 feridos.
Esse esforço por difamar a imagem de Che e outros comunistas é parte do projeto muito bem pensador e elaborado pela burguesia para manter o status quo, ou seja, as coisas como estão, e afastar qualquer possível revolução lhe usurpe os meios de produção que lhe permitem explorar, mantando o posto de classe dominante e exploradora.
Um exemplo perfeito deste esforço de propaganda yankee é o episódio “The Siren’s Song” (2011 ), da série de desenhos animados da turma do Scooby-Do exibidos pelo Cartoon Network. Nele eles se deparam com Ernesto, um ativista ambiental que denuncia os impactos ambientais causados por uma empresa petrolífera. O episódio termina com a turma descobrindo que os impactos ambientais eram causados por Ernesto (personagem claramente calcado em Che Guevara) através de sua organização.
Terrorista era a parcela branca, burguesa, conservadora, cristã e reacionária da sociedade que foi às ruas pedindo intervenção militar, em 64 e em 2015. Terrorista, foram os militares que tomaram o poder e instauraram o terror por 21 anos. Terroristas e genocidas são os EUA, que com suas intervenções militares em países como Vietnã, Coreia, Irã, Afeganistão e Iraque, só deixaram mortos. Os propalados desenvolvimento, progresso e democracia que eles dizem levar pelo mundo, não passam de desculpas para satisfazer sede de sua burguesia por recursos naturais e mão de obra barata a serem explorados e convertidos em lucro.
Portanto, não confunda a luta do oprimido, com a fúria do opressor. Não tente igualar um revolucionário a um reacionário. O revolucionário luta pela liberdade, enquanto o reacionário se opõe vigorosamente à ela. Um revolucionário está disposto a sacrificar a própria vida em nome dela, enquanto o reacionário está disposto à sacrificar a vida de outros para não concede-la a ninguém.
A tentativa de impor uma caracterização de Che Guevara como genocida, é parte a estratégia Goebbeliena, empregada pela burguesia internacional, de espalhar e repetir uma mentira, incansavelmente, até que ela seja tomada como verdade, para e afastar a ameaça da revolução proletária.
Acusam Che de ter fuzilado homossexuais, acusando-o de homofobia, quando na verdade foram fuzilados (e devidamente fuzilados) os colaboracionistas da ditadura de Fulgêncio Batista ou dos Estados Unidos, torturadores, bem como espiões e sabotadores, além de fascistas, todos contra-revolucionários e portanto reacionários. Matou - obviamente - homens em combate quando lutou em Cuba, no Congo, na Tanzânia e na Bolívia. Nunca torturou ninguém nem sumiu com seus corpos. Lutava contra a opressão do povo pelos lacaios do imperialismo norte-americano. Lutava contra a opressão do trabalhador pela classe dominante: a burguesia.
Tentam acusar os comunistas de hoje de incoerência, alegando que eles não poderiam usar tênis, celulares e e computadores, pois tais coisas seriam dádivas só possíveis graças ao capitalismo. Estão equivocados. Quem cria, inventa e produz coisas são os trabalhadores, explorados pela burguesia detentora dos meios de produção. Só o que o Capitalismo produz de seu são as desigualdades, a pobreza, a marginalidade, a exclusão. São essas desigualdades que Che lutou para combater mas foi impedido pelos agentes da burguesa internacional, isto é, a CIA e outros orgãos de das grandes potências capitalistas que, como tem sido provado pelos documentos vazados por Snowden e Assange, derrubaram governos contrários aos seus interesses no mundo todo.
Os refugiados cubanos nos EUA que fizeram e fazem de tudo para difamar e derrubar Fidel e o regime socialista de Cuba são apenas membros da burguesia local e colaboradores da ditadura de Fulgência Batista, ou descendentes deles. São traidores da pátria cubana, que apoiaram o governo Kennedy quando ele atacou o país na Invasão da Baía do Porcos. Não merecem nenhum crédito.
5 indicadores em que Cuba supera o Brasil e os EUA
1 – Alfabetização: Cuba: 99,8% EUA: 99% Brasil: 91,3% Fonte: CIA World Factbook
2 – Expectativa de vida: Cuba: 79, 6 anos EUA: 79,2 anos Brasil: 74, 7 anos Fonte: PNUD
3 – Taxa de homicídios: Cuba: 4,9 mortes para cada 100 mil habitantes EUA: 5,3 mortes para cada 100 mil habitantes Brasil: 30,5 mortes para cada 100 mil habitantes Dados: Organização Mundial da Saúde (OMS)
4 – Mortalidade infantil: Cuba: 36º menor do mundo (menor das Américas) EUA: 44º menor do mundo Brasil: 94º menor do mundo Fonte: CIA Dados: World Factbook, estimativas 2015
5 – Eficiência dos serviços de saúde Cuba: 28ª colocação EUA: 46ª colocação Brasil: 48ª colocação Fonte: Bloomberg
Leias os livros abaixo: ANDERSON, Jon Lee. Che Guevara: Uma Biografia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. CASTAÑEDA, Jorge G. Che Guevara: A Vida Em Vermelho. Companhia das Letras, 1997. DIAS, Mario e CEREGHINO, Mario J. Relatório Da Cia - Che Guevara: documentos inéditos dos arquivos secretos. Ediouro, 2007.
Os reacionários da direita brasileira, encabeçados por gente como Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Kim Kataguiri, Luis Felipe Pondé e Marco Antonio Villa, querem comparar o torturador Ustra com revolucionários como Che Guevera ou Marighella.
Marighella e Che não torturaram ninguém, nem desapareceram com nenhum corpo. Marighella e Che não mataram porque essa era sua profissão, como Ustra.
Che e Marighella não eram funcionários do terror, como Ustra, não trabalhavam para a repressão, nem em prol da manutenção de um regime opressor. Che e Marighella eram homens comuns, civis, que se tornaram revolucionários, que foram levados a pegar em armas por viver em um regime opressor e por decidir lutar contra a opressão.
Che fuzilou contra-revolucionários e colaboradores da ditadura de Fulgêncio Batista. Matou homens em combate quando lutou em Cuba, no Congo, na Tanzânia e na Bolívia. Nunca torturou ninguém nem sumiu com seus corpos. Lutava contra a opressão do povo pelos lacaios do imperialismo norte-americano. Lutava contra a opressão do trabalhador pela classe dominante: a burguesia.
Ustra é digno da lata de lixo da história. Era um lacaio dos interesses do norte. Torturou, matou e sumiu com os corpos de guerrilheiros e militantes que lutavam contra a ditadura no Brasil, além de civis que apenas manifestavam discordância com o regime repressor. Nunca lutou por nada. Apenas fazia o trabalho sujo em nome da manutenção de um status quo injusto.
Em um regime de exceção, como foi a ditadura, as noções do que são crime e de qual é o papel da justiça são distorcidas em nome da defesa cega do regime e da repressão aos dissidentes. Terroristas foram os deputados que declararam a cadeira presidencial vazia quando Jango estava viajando. Terroristas eram os jornais da época que associavam Jango à uma ameaça comunista.
Terrorista era a parcela branca, burguesa, conservadora, cristã e reacionária da sociedade que foi às ruas pedindo intervenção militar, em 64 e em 2015. Terrorista, por fim, foram os militares que tomaram o poder e instauraram o terror por 21 anos. Comparar Che e Ustra é prova de ignorância histórica e desonestidade intelectual.
Portanto, não confunda a luta do oprimido, com a fúria do opressor. Não tente igualar um revolucionário a um reacionário. O revolucionário luta pela liberdade, enquanto o reacionário se opõe vigorosamente à ela. Um revolucionário está disposto a sacrificar a própria vida em nome dela, enquanto o reacionário está disposto à sacrificar a vida de outros para não concede-la a ninguém.
Tentam acusar os comunistas de hoje de incoerência, alegando que eles não poderiam usar tênis, celulares e e computadores, pois tais coisas seriam dádivas só possíveis graças ao capitalismo. Estão equivocados. Quem cria, inventa e produz coisas são os trabalhadores, explorados pela burguesia detentora dos meios de produção. Só o que o Capitalismo produz de seu são as desigualdades, a pobreza, a marginalidade, a exclusão. São essas desigualdades que Che lutou para combater mas foi impedido pelos agentes da burguesa internacional, isto é, a CIA e outros orgãos de das grandes potências capitalistas que, como tem sido provado pelos documentos vazados por Snowden e Assange, estiveram, por exemplo, por trás do golpe no Brasil, em 1964, ou no Chile em 1973, que derrubou Allende o colocou Pinochet no poder.
Esse esforço por difamar a imagem de Che e outros comunistas é parte do projeto muito bem pensador e elaborado pela burguesia para manter o status quo, ou seja, as coisas como estão, e afastar qualquer possível revolução lhe usurpe os meios de produção que lhe permitem explorar, mantando o posto de classe dominante e exploradora.
A farsa do Holodomor; a caracterização de regimes comunistas Cubano, Chinês e Coreano como não-democráticos, ou de Che Guevara como genocida, são partes dessa estratégia Goebbeliena de espalhar e repetir uma mentira, incansavelmente, até que ela seja tomada como verdade.
Acusam Che de ter fuzilado homossexuais, acusando-o de homofobia, quando na verdade foram fuzilados (e devidamente fuzilados) os colaboracionistas da ditadura de Fulgêncio Batista ou dos Estados Unidos, torturadores, bem como espiões e sabotadores, além de fascistas, todos contra-revolucionários e portanto reacionários.
Se a classe trabalhadora tudo produz, à ela tudo pertence!
Leias os livros abaixo: ANDERSON, Jon Lee. Che Guevara: Uma Biografia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. CASTAÑEDA, Jorge G. Che Guevara: A Vida Em Vermelho. Companhia das Letras, 1997. DIAS, Mario e CEREGHINO, Mario J. Relatório Da Cia - Che Guevara: documentos inéditos dos arquivos secretos. Ediouro, 2007.
Trata-se apenas de mais um lixo comercial industrial, um enlatado dos USA criado no contexto da guerra fria para incutir o temor aos soviéticos na população. Aos capitalista interessa demonizar o comunismo e qualquer nação que dele seja uma experiência, pois o comunismo significa, precisamente, o fim da burguesia. Hollywood, como é de se esperar, cumpre bem seu papel neste projeto global de dominação. Este filme, realizado em 2012, é uma releitura do filme homônimo de 1984.
Neste, tropas norte-coreanas invadem os EUA e são derrotados por uma equipe de jovens estadunidenses determinados a defender seus país, No filme de 1984, tropas soviéticas invadem os EUA e são derrotados por uma equipe de jovens estadunidenses determinados a defender seus país. A farsa, nos dois filmes, começa pelo fato de os coreanos nunca terem invadido nenhum país ao longo da história, enquanto os soldados soviéticos, ao longo da História, invadiram apenas a Ucrânia, a Polônia e a Alemanha (na Segunda Guerra), enquanto os soldados dos EUA invadiram (sem mencionar a Segunda Guerra) o Vietnã, a Coreia, as Filipinas, Panamá, Iraque, Irã, Afeganistão, Paquistão, Líbia, Camboja, etc, tentaram invadir Cuba, e tramaram a queda de regimes com inclinações socialistas, colocando ditaduras no lugar, em países como Brasil, Chile, Argentina, Burkina Fasso, Uganda, Irã, Honduras, Bolívia, etc.
Apenas mais um lixo comercial industrial, um enlatado dos USA criado no contexto da guerra fria para incutir o temor aos soviéticos na população. Aos capitalista interessa demonizar o comunismo e qualquer nação que dele seja uma experiência, pois o comunismo significa, precisamente, o fim da burguesia. Hollywood, como é de se esperar, cumpre bem seu papel neste projeto global de dominação.
No filme, tropas soviéticas invadem os EUA e são derrotados por uma equipe de jovens estadunidenses determinados a defender seus país. A farsa começa pelo fato de os soldados soviéticos, ao longo da História, invadiram apenas a Ucrânia, a Polônia e a Alemanha (na Segunda Guerra), enquanto os soldados dos EUA invadiram (sem mencionar a Segunda Guerra) o Vietnã, a Coreia, as Filipinas, Panamá, Iraque, Irã, Afeganistão, Paquistão, Líbia, Camboja, etc, tentaram invadir Cuba, e tramaram a queda de regimes com inclinações socialistas, colocando ditaduras no lugar, em países como Brasil, Chile, Argentina, Burkina Fasso, Uganda, Irã, Honduras, Bolívia, etc.
Quem pensa que a Guerra Fria acabou está enganado. A contínua difamação dos regimes socialistas cubano, venezuelano, chinês e norte-coreano, está umbilicalmente ligada à guerra contra o regime socialista soviético. A burguesia internacional, sediada especialmente nos países da Europa, América do Norte, Oceania e parte da Ásia, fará de tudo para desestabilizar e derrubar regimes socialistas (como a Venezuela) ou que se aproximem demais do socialismo (como o Brasil de Lula e Dilma e a Argentina de Kirchner).
É o que comprova o livro “They never said it: a Book of Fake Quotes, Misquotes, and Misleading Attributions (“Eles nunca disseram: um livro de citações falsas, errôneas e enganosas”), publicado pela Universidade de Oxford pelos pesquisadores Paul F. Boller Jr. e John George Jr.
Nas páginas 114-116 do livro eles mostram que as supracitadas ‘Regras para a Revolução’ apareceram em fevereiro de 1946, em uma publicação britânica chamada ‘New World News’ chamando a atenção da extrema direita nos EUA, recebendo especial atenção de nomes como Dan Smoot, Frank Capell, e Billy James Hargis.
Atribuído a Lênin por incontáveis nome da Direita brasileira, como Leandro Narloch*, Olavo de Carvalho, Kim Kataguiri, Jair Bolsonaro, Marco Feliciano, Silas Malafaia, Nando Moura, dentre outros, o “Decálogo de Lênin”, amplamente repetido em sites nacionais, nada mais é do que uma desonesta versão de um documento sem autoria conhecida, difundido nos Estados Unidos no período da Guerra Fria, intitulado “Rules for Revolution” (Regras para a Revolução). O tal Decálogo falsamente atribuído a Lênin constitui mera repetição adaptada das “Regras para a Revolução”. O fato de ele datar da época da Guerra Fria, explicita claramente a intenção norte-americana (capitalista) de atacar a imagem do "inimigo" soviético (comunista).
Nos anos 1970, a Associação Nacional de Rifles dos EUA, uma organização civil ligadas aos fabricantes de armas, entrou em cena, por meio do periódico ‘The American Rifleman’, publicando em janeiro de 1973, uma reportagem sobre o tal decálogo, escrita pelo editor Ashley Halsey. Na reportagem ele alegava que, logo após a segunda guerra mundial, o documento com as tais regras foi encontrado num tal ‘quartel general soviético secreto’ em Düsseldorf, Alemanha, indo parar nas mãos de dois oficiais da inteligência aliada, entre eles, o Capitão Thomas Baber, que disse ter infiltrado o local.
E mais: especialistas como William F. Buckley,Jr., M. Stanton Evans, e James J. Kilpatrick, assumidamente conservadores e portanto não comunistas, foram categóricos em afirmar que o documento é uma farsa. Ele foi denominado como uma farsa pelo boletim anticomunista, o ‘Combat’. J. Edgar Hoover, falecido diretor do FBI e anti-comunista ferrenho, declarou que "o documento é espúrio’.
Contudo, a maneira mais fácil e eficiente de refutar a afirmação de que tal decálogo tenha sido escrito por Lênin é lendo suas obras. Eu já o fiz e posso lhes dizer: não encontrei nenhuma menção a sequer uma linha do tal decálogo.
À guisa de preencher o vazio criado pela comprovação da falsidade do tal decálogo, deixo aqui 10 mandamentos baseados em frases legitimamente Leninistas: 1 - Muitas vezes é preciso dar um passo atrás, para dar dois passos à frente. 2 - Ideias são mais letais que armas. 3 - Não há teoria revolucionária sem prática revolucionária, do mesmo modo, não há prática revolucionária sem teoria revolucionária. 4 - A revolução começa em casa. 5 - As revoluções são as festas dos oprimidos e explorados. 6 - A verdade é sempre revolucionária. 7 - No capitalismo a liberdade de imprensa é um disfarce para a liberdade dos ricos comprarem a imprensa para fabricar notícias falsas e enganar a opinião pública. 8 - O crime é produto dos excessos sociais. 9 - Quanto mais forte é a influência dos reformistas sobre os trabalhadores, mais fracos e dependentes da burguesia eles serão, pois o reformismo é uma concessão burguesa que mantém os trabalhadores sempre escravos assalariados. 10 - A consciência do homem não apenas reflete o mundo, mas também o cria e o transforma.
Outras fontes: LENIN, Vladimir. O que fazer? LENIN, Vladimir. Imperialismo, fase superior do capitalismo LENIN, Vladimir. O Estado e a Revolução. LENIN, Vladimir. Teses de Abril BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Lenin: Vida e obra. KRAUSZ, Tamáz. Reconstruindo Lênin. VOLKOGONOV, Dmitri. Lenin: uma nova biografia.
Muitos foram os filmes contando a lendária história de Wyatt Earp, xerife de Tombstone, o tiroteio ocorrido no O.K. Curral do qual ele foi o protagonista: Sem lei, sem alma (Gunfight at the O.K. Corral, 1957) e A Hora da Pistola (Hour of the gun, 1967), ambos de John Sturges; Massacre de Pistoleiros (Doc, 1971), de Frank Perry; Tombstone - A Justiça está chegando (Tombstone, 1993), de George P. Cosmatos; e Wyatt Earp (1994), de Lawrence Kasdan, com Kevin Costner.
Para muitos, esta versão dirigida por John Ford em 1946, destaca-se não apenas por ser uma das primeiras delas, mas sim por ser a mas memorável. Primeiro, por usar com mote para narrativa não o famoso duelo em si, mas a relação de amizade entre Wyatt (Henry Fonda, inspiradíssimo) e Doc Holiday (Victor Mature); e o amor dos dois pela bela Clementine (Cathy Downs). Este, por seu turno, é embalado pela clássica canção "Oh, my darling Clementine". Cenas como do ator alcoólatra declamando o monólogo de Hamlet em cima de uma mesa de bar, ou aquela em que Wyatt descobre um jeito inusitado de se divertir sentando em uma cadeira, são singelas mostras da capacidade de Ford de compor cenas inesquecíveis a partir de premissas banais.
Merece destaque a atuação do veterano Walter Brennan (3 vezes premiado com o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, em 1936, 19388 e 1942) como o velho e ardiloso patriarca da família Clanton e antagonista de Earp.
O confronto, segundo fontes históricas precisas, aconteceu as 3:00h da tarde de uma quarta-feira a 26 de outubro de 1881, no território de Arizona. Acabou sendo tranformado em símbolo da luta contra o mal enquanto Earp foi transformado em arquétipo do homem justo íntegro e incorruptível que, tornado xerife, limpa a cidade de seus malfeitores. Anos mais tarde, John Ford revisitaria estes temas, apurando seu olhar e invertendo suas conclusões sobre eles, realizando uma de suas obras-primas: O homem que matou os facínora (The man who kills Liberty Valence), com James Stweart, John Wayne e Lee Marvin.
Toda mentira sobre o Holdomor começou quando William Randolph Hearst, magnata da imprensa estadunidense, conhecido antes da Segunda Guerra como "o fascista nº1 da América", viajou para Alemanha em 1934, cerca de 1 ano depois da ascensão de Hitler ao poder. Nessa viagem ele travou contato principalmente com Alfred Rosenberg, ideólogo do Partido Nazista, que, terminada a Segunda Guerra (1945), acabou julgado e executado no Tribunal de Nuremberg por crimes contra a humanidade.
No ano seguinte à viagem (1935), os jornais de Hearst começaram a espalhar a farsa do “holocausto ucraniano”. Hearst havia começado sua vida como empresário em 1887 após assumir o controle do jornal The San Francisco Examiner, que era do seu pai. Se mudando para Nova Iorque, ele comprou o The New York Journal e criou então a noção de "imprensa marrom", sendo por isso considerado "o pai do sensacionalismo". Neste ínterim, entrou em uma guerra de negócios com Joseph Pulitzer (já ouviu falar no Prêmio Pulitzer?), dono do New York World.
Porém, foi Walter Dushnyck, um colaborador dos nazistas e terrorista da “Organização Militar Ucraniana” (que apoiou os nazistas quando estes ocuparam parte da Ucrània em 1941), o homem por trás da farsa. Dushnyck refugiou-se nos EUA após a II Guerra, onde publicou o livro "50 anos atrás: o Holocausto de Fome na Ucrânia" (50 Years Ago: The Famine Holocaust in Ukraine, 1983), um panfleto repleto de referências nazistas, incluindo a capa, como uma caveira branca sobre uma foice e um martelo vermelhos: um dos temas favoritos dos posters hitleristas. Este livro continha as fotos do "genocídio ucraniano” publicadas originalmente no jornal de Hitler, o “Völkischer Beobachter” e nos de seu apoiador americano, William Randolph Hearst (cuja vida inspirou o filme Cidadão Kane).
Cabe lembrar que Hearst tinha estreita relação com o senador Joseph McCarthy, sendo um dos nomes fortes por trás do movimento de "caça aos comunistas" iniciado por ele na década de 1950, no que ficou conhecido como Macarthismo. Por meio do Comitê de Atividades Anti-Americanas, McCarthy liderou um comitiva inquisitorial que perseguiu qualquer que tivesse a mínima conexão com o marxismo, como o roteirista Dalton Trumbo, os diretoires Edward Dmytryk, John Huston e Orson Welles (que Hearst fez de tudo para derrubar quando este lançou Cidadão Kane), os atores Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Gregory Peck, Katharine Hepburn, Kirk Douglas, Burt Lancaster, Gene Kelly e até mesmo Frank Sinatra.
Outro responsável por disseminar essas mentiras sobre a URSS foi o escritor Robert Conquest, nos livros O Grande Terror (The Great Terror, 1968) e Colheita Amarga (The Harvest of Sorrow, 1986). O que poucos sabem é que Conquest trabalhou até meados da década de 50 para o Information Research Department (Departamento de Pesquisa de Informação), um organismo secreto do Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros) criado em 1948 pelo governo trabalhista para estudar o comunismo e combater ativamente a sua influência interna e externamente, promovendo um eficaz relacionamento com jornalistas dos principais jornais, dirigentes sindicais, etc. Datam desse tempo os seus primeiros textos sobre a União Soviética.
Robert Conquest, para escrever seu livro, teve como ajudante James Mace que, assim como Nicolas Werth (organizador do "Livro negro do comunismo”), adotaram um método estatístico falho criado por Dushnyck para "medir" a quantidade de mortos na fome de 1931-32. O método de Dushnyck pode ser avaliado pelo seguinte trecho de seu livro: “tomando os dados do censo de 1926 e os do censo de 1939 e a média de aumento [da população] antes da coletivização (2.36% ao ano), podemos calcular que a Ucrânia perdeu 7 milhões e 500 mil pessoas entre os dois censos”. Logo, ele conclui que esses seriam os mortos de fome entre 1932 e 1933.
O método de Dushnyc apresenta outras falhas: 1) Ignorar o fato de que uma parte da população que no censo de 1926 era classificada como ucraniana – cerca de 2 a 3 milhões de cossacos – foi,no censo de 1939, reclassificada como russa, pela simples razão de que viviam da Rússia e não na Ucrânia.
2) Pressupor que, entre 1926 e 1939 ninguém morreu de outra causa que não a fome, como frio, pneumonia, velhice, etc.
3) Ignorar que na URSS e outros países, durante esse período, ocorreram duas grandes epidemias tifo e malária, ambas sem tratamento conhecido na época.
4) Pressupor que o número de mulheres na idade reprodutiva e com vida sexual ativa tivesse se mantido inalterado no período.
5) Ignorar as mortes na guerra e as quedas nas taxas de natalidade e fecundidade entre 1914 (início da I Guerra Mundial) e 1921 (fim da Guerra Civil).
6) Pressupor que a taxa de natalidade permaneceu constante durante os 13 anos em que a URSS passou por uma extraordinária transformação, com industrialização pesada sendo realizada, a reforma agrária por meio da coletivização da agricultura, além da preparação da defesa do país para a guerra, passos indispensáveis para a construção do socialismo.
A fome de 1931-1932, não foi causada pelo Estado soviético, nem foi planejada ou premeditada por Stalin. Primeiro, porque não morreram apenas ucranianos, mas também russos, bielorrussos e cazaques. Os camponeses ricos da Ucrânia, que exploravam a mão de obra do campesinato local, opondo-se à coletivização. Os próprios kulaks, que haviam enriquecido com a NEP de Lenin, recusaram-se a colher os frutos e grãos, principalmente depois que muitos camponeses sem-terra optaram por migrar para outras regiões da União Soviética, trabalhando em fazendas coletivas (as kolkhoses), em vez de ficar naquela região, sendo explorados.
Grupos de extrema-direita anti-comunistas, como a Organização Militar Ucraniana, atearam fogo nas suas plantações, atiraram nos rebanhos, matando animais, com o intuito de sabotar o processo de coletivização. Haviam, à época, 10 milhões de “kulaks”, para uma população camponesa total de 120 milhões de pessoas. Cerca de 1 milhão e 800 mil deles, por causa da pressão dos kulaks, optaram por migrar para outras localidades.
Pelo método de Dushnyck, adotado por outros autores como Robert Conquest e Nicolas Werth, a transformação da União Soviética, de país agrário a potencia industrial, bem com a passagem pela Guerra Civil (1918-1921) e pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), não teria afetado a taxa de natalidade. Em conseqüência dessa falha metodológica pessoas que nunca nasceram foram considerados mortas em genocídio que nunca se provou. Pois a taxa de natalidade, evidentemente, caiu entre 1926 e 1939 – e caiu significativamente.
Segundo Dushynck e os seguidores de seu método, teriam morrido 10 milhões de pessoas na fome de 1931-1932. Todavia, Rússia, Ucrânia e muitos países do mundo, até meados do século XX, quando se consolidou a chamada "Revolução Verde", enfrentavam crises periódicas de fome. Entre 1891 e 1892, no Império Russo, governado pelo czarismo, a fome matou entre 13 e 35 milhões de pessoas, em decorrência, além das técnicas precárias de cultivo, do rigoroso inverno no qual as temperaturas chegaram a -31º C.
Outras fontes: BLACK, Edwin. A IBM e o Holocausto. DAVIS, Marion. The Times we Had: life with William Randolf Hearst DIAMOND, Jared. Armas, Germes, Aço: o destino das sociedades humanas. LEONHARD, Wolfgang. O Futuro da União Soviética. LOSURDO, Domenico. Stalin: história e crítica de uma lenda negra. MARTENS, Ludo. Stalin: um novo olhar. NASAN, David. The Chief: the life of William Randolf Hearst STRONG, Anna L. A Era Stalin. PROCTER, Ben. William Randolf Hearst: the early years (1863-1910) PROCTER, Ben. William Randolf Hearst: the later years (1911-1951) TOTTLE, Douglas. Fraude, Fome e Fascismo.
A fome de 1931-1932, não foi causada pelo Estado soviético, nem foi planejada ou premeditada por Stalin. Primeiro, porque não morreram apenas ucranianos, mas também russos, bielorrussos e cazaques. Os camponeses ricos da Ucrânia, que exploravam a mão de obra do campesinato local, opondo-se à coletivização. Os próprios kulaks, que haviam enriquecido com a NEP de Lenin, recusaram-se a colher os frutos e grãos, principalmente depois que muitos camponeses sem-terra optaram por migrar para outras regiões da União Soviética, trabalhando em fazendas coletivas (as kolkhoses), em vez de ficar naquela região, sendo explorados.
Grupos de extrema-direita anti-comunistas, como a Organização Militar Ucraniana, atearam fogo nas suas plantações, atiraram nos rebanhos, matando animais, com o intuito de sabotar o processo de coletivização. Haviam, à época, 10 milhões de “kulaks”, para uma população camponesa total de 120 milhões de pessoas. Cerca de 1 milhão e 800 mil deles, por causa da pressão dos kulaks, optaram por migrar para outras localidades.
Toda mentira sobre o Holdomor começou quando William Randolph Hearst, magnata da imprensa estadunidense, conhecido antes da Segunda Guerra como "o fascista nº1 da América", viajou para Alemanha em 1934, cerca de 1 ano depois da ascensão de Hitler ao poder. Nessa viagem ele travou contato principalmente com Alfred Rosenberg, ideólogo do Partido Nazista, que, terminada a Segunda Guerra (1945), acabou julgado e executado no Tribunal de Nuremberg por crimes contra a humanidade.
No ano seguinte à viagem (1935), os jornais de Hearst começaram a espalhar a farsa do “holocausto ucraniano”. Hearst havia começado sua vida como empresário em 1887 após assumir o controle do jornal The San Francisco Examiner, que era do seu pai. Se mudando para Nova Iorque, ele comprou o The New York Journal e criou então a noção de "imprensa marrom", sendo por isso considerado "o pai do sensacionalismo". Neste ínterim, entrou em uma guerra de negócios com Joseph Pulitzer (já ouviu falar no Prêmio Pulitzer?), dono do New York World.
Porém, foi Walter Dushnyck, um colaborador dos nazistas e terrorista da “Organização Militar Ucraniana” (que apoiou os nazistas quando estes ocuparam parte da Ucrània em 1941), o homem por trás da farsa. Dushnyck refugiou-se nos EUA após a II Guerra, onde publicou o livro "50 anos atrás: o Holocausto de Fome na Ucrânia" (50 Years Ago: The Famine Holocaust in Ukraine, 1983), um panfleto repleto de referências nazistas, incluindo a capa, como uma caveira branca sobre uma foice e um martelo vermelhos: um dos temas favoritos dos posters hitleristas. Este livro continha as fotos do "genocídio ucraniano” publicadas originalmente no jornal de Hitler, o “Völkischer Beobachter” e nos de seu apoiador americano, William Randolph Hearst (cuja vida inspirou o filme Cidadão Kane).
Cabe lembrar que Hearst tinha estreita relação com o senador Joseph McCarthy, sendo um dos nomes fortes por trás do movimento de "caça aos comunistas" iniciado por ele na década de 1950, no que ficou conhecido como Macarthismo. Por meio do Comitê de Atividades Anti-Americanas, McCarthy liderou um comitiva inquisitorial que perseguiu qualquer que tivesse a mínima conexão com o marxismo, como o roteirista Dalton Trumbo, os diretoires Edward Dmytryk, John Huston e Orson Welles (que Hearst fez de tudo para derrubar quando este lançou Cidadão Kane), os atores Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Gregory Peck, Katharine Hepburn, Kirk Douglas, Burt Lancaster, Gene Kelly e até mesmo Frank Sinatra.
Outro responsável por disseminar essas mentiras sobre a URSS foi o escritor Robert Conquest, nos livros O Grande Terror (The Great Terror, 1968) e Colheita Amarga (The Harvest of Sorrow, 1986). O que poucos sabem é que Conquest trabalhou até meados da década de 50 para o Information Research Department (Departamento de Pesquisa de Informação), um organismo secreto do Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros) criado em 1948 pelo governo trabalhista para estudar o comunismo e combater ativamente a sua influência interna e externamente, promovendo um eficaz relacionamento com jornalistas dos principais jornais, dirigentes sindicais, etc. Datam desse tempo os seus primeiros textos sobre a União Soviética.
Robert Conquest, para escrever seu livro, teve como ajudante James Mace que, assim como Nicolas Werth (organizador do "Livro negro do comunismo”), adotaram um método estatístico falho criado por Dushnyck para "medir" a quantidade de mortos na fome de 1931-32. O método de Dushnyck pode ser avaliado pelo seguinte trecho de seu livro: “tomando os dados do censo de 1926 e os do censo de 1939 e a média de aumento [da população] antes da coletivização (2.36% ao ano), podemos calcular que a Ucrânia perdeu 7 milhões e 500 mil pessoas entre os dois censos”. Logo, ele conclui que esses seriam os mortos de fome entre 1932 e 1933.
O método de Dushnyc apresenta outras falhas: 1) Ignorar o fato de que uma parte da população que no censo de 1926 era classificada como ucraniana – cerca de 2 a 3 milhões de cossacos – foi,no censo de 1939, reclassificada como russa, pela simples razão de que viviam da Rússia e não na Ucrânia.
2) Pressupor que, entre 1926 e 1939 ninguém morreu de outra causa que não a fome, como frio, pneumonia, velhice, etc.
3) Ignorar que na URSS e outros países, durante esse período, ocorreram duas grandes epidemias tifo e malária, ambas sem tratamento conhecido na época.
4) Pressupor que o número de mulheres na idade reprodutiva e com vida sexual ativa tivesse se mantido inalterado no período.
5) Ignorar as mortes na guerra e as quedas nas taxas de natalidade e fecundidade entre 1914 (início da I Guerra Mundial) e 1921 (fim da Guerra Civil).
6) Pressupor que a taxa de natalidade permaneceu constante durante os 13 anos em que a URSS passou por uma extraordinária transformação, com industrialização pesada sendo realizada, a reforma agrária por meio da coletivização da agricultura, além da preparação da defesa do país para a guerra, passos indispensáveis para a construção do socialismo.
Ou seja, pelo método de Dushnyck, adotado por outros autores como Robert Conquest e Nicolas Werth, a transformação da União Soviética, de país agrário a potencia industrial, bem com a passagem pela Guerra Civil (1918-1921) e pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), não teria afetado a taxa de natalidade. Em conseqüência dessa falha metodológica pessoas que nunca nasceram foram considerados mortas em genocídio que nunca se provou. Pois a taxa de natalidade, evidentemente, caiu entre 1926 e 1939 – e caiu significativamente.
Segundo Dushynck e os seguidores de seu método, teriam morrido 10 milhões de pessoas na fome de 1931-1932. Todavia, Rússia, Ucrânia e muitos países do mundo, até meados do século XX, quando se consolidou a chamada "Revolução Verde", enfrentavam crises periódicas de fome. Entre 1891 e 1892, no Império Russo, governado pelo czarismo, a fome matou entre 13 e 35 milhões de pessoas, em decorrência, além das técnicas precárias de cultivo, do rigoroso inverno no qual as temperaturas chegaram a -31º C.
Outras fontes: BLACK, Edwin. A IBM e o Holocausto. DAVIS, Marion. The Times we Had: life with William Randolf Hearst DIAMOND, Jared. Armas, Germes, Aço: o destino das sociedades humanas. LEONHARD, Wolfgang. O Futuro da União Soviética. LOSURDO, Domenico. Stalin: história e crítica de uma lenda negra. MARTENS, Ludo. Stalin: um novo olhar. NASAN, David. The Chief: the life of William Randolf Hearst STRONG, Anna L. A Era Stalin. PROCTER, Ben. William Randolf Hearst: the early years (1863-1910) PROCTER, Ben. William Randolf Hearst: the later years (1911-1951) TOTTLE, Douglas. Fraude, Fome e Fascismo.
A grosso modo, poderíamos dizer que Comunismo seria, mais ou menos, uma forma de Socialismo ou uma consequência dele. A noção de Socialismo tem origem na Revolução Francesa. Mas, até Karl Marx só havia o Socialismo que depois passou a ser chamado de Socialismo Utópico. Aí veio Marx e propôs, baseado no método filosófico-científico chamado Materialismo Histórico Dialético, um outro socialismo, que é chamado de Socialismo Científico.
A questão é que os socialistas anteriores acreditavam e defendiam uma sociedade na qual não existem classes sociais ou nem uma outra forma de desigualdade, na qual as propriedades privadas, principalmente os meios de produção, fossem de todos, para uso igual e justo de todos. Alguns deles afirmava que à ela se chegaria quando a classe dominante (a burguesia) adquirisse consciência acerca das injustiças.
O que Marx - basicamente - fez, e que esses socialistas anteriores não fizeram, é, primeiramente, tecer uma crítica profunda e consistente do sistema em vigor. Para isso, formulou/desenvolveu conceitos como mais-valia, meios-de-produção e força de trabalho, entre outros. Depois, mostrou como a mudança para essa sociedade deveria acontecer, pensando as condições sociais e econômicas necessárias para que isso se desse, enquanto seus antecessores apenas acreditavam que um dia, naturalmente, isso aconteceria sem luta de classes, enquanto que, para Marx, é unicamente por meio da luta de classes que a revolução seria possível. Marx não acreditava que a mudança nas estruturas sociais e econômicas que perpetuam as desigualdades seria realizada por um iniciativa daqueles que dessas desigualdades se beneficiam, ou seja, a classe dominante. Segundo ele, era preciso que os dominados, ou seja, os trabalhadores do mundo unisse-se se quisessem perder os seus grilhões.
Para Marx essa mudança não aconteceria naturalmente ou sem esforço. Só se daria - resumidamente - por meio da revolução, quando a classe dominada (o proletariado, ou seja, os trabalhadores) rejeitando a exploração à qual sempre estiveram expostos, tomassem o poder e instaurassem um governo seu, fazendo a Reforma Agrária e estatizando/coletivizando as empresas privadas, colocando fim ao julgo da burguesia. Já o que chamamos de Comunismo, segundo Marx, seria o estágio final de uma sociedade na qual vigorasse o Socialismo Científico.
O Capitalismo e a Globalização tem mantido laços estreitos desde que nasceram. Tal é a ligação entre eles que poder-se-ia dizer serem gêmeos-siameses. Nascidos no século XV, a Globalização começou a ser gestada com as Grandes Navegações, outrossim, o Capitalismo foi veio à luz com o fim do Feudalismo. Ambos, Capitalismo e Globalização são filhos da burguesia já ascendida ao posto de classe dominante. Juntos, tem moldado nossos hábitos, especialmente aqueles ligados ao consumo. Se, por um lado, a Globalização faz com que determinados elementos culturais (especialmente das culturas e nações dominantes dentro da hierarquia global) se transformem em produtos que são consumidos no mundo todo; por outro, o Capitalismo, ao priorizar a acumulação de capital (ou seja, o lucro) faz com que o consumo seja estimulado intensamente por meio de publicidade, criando novas demandas, antes inexistentes, para novos produtos.
Jacques Decornoy (in MARQUES) coloca em relevo o fato de que a suposta promoção da integração, da aceitação e da valorização das diversidades prometidas pela Globalização se efetiva apenas na medida em que atende aos interesses do capital estrangeiro e preconizando a valorização da cultural ocidental. Nos países pobres o direito a essa tal integração é negado às suas massas, cuja única função é produzir, a baixos custos, que será consumido naqueles países. De um lado os países do sul: pobres, subdesenvolvidos, excluídos, e dependentes da exportação para os países ricos. De outro, os países do norte: ricos, desenvolvidos, incluídos, integrados, globalizados, explorando, ao seu bel prazer “os vizinhos de baixo”, e vivenciando as apregoadas benesses do capitalismo.
“... acentua a dependência na qual os países do Terceiro Mundo se debatem... em nome da mundialização, da ‘globalização’ pretensamente frutuosa dos intercâmbios. Dependência? Certamente. [...] O futuro não é nada radioso: os países industrializados tornaram-se cada vez mais protecionistas...” [DECORNOY, Jacques. Desenvolvimento e Pobreza.]
Outros autores, aprofundando-se no lado contraditório da Globalização, no qual integração e união de diferentes povos e culturas dá-se somente num plano teórico, ou, então, no que se refere à capacidade de transformar elementos de povos e culturas diversos em produtos para serem consumidos pelos que detém o capital financeiro. As massas, porém, que formam os fluxos de excluídos que migram das regiões mais pobres (menos globalizadas) para as mais ricas (mais globalizadas), cujo único produto a oferecer é sua mão-de-obra, são excluídas ou privadas desse processo globalizador, devido ao endurecimento das leis contra a imigração nos países considerados desenvolvidos. Todavia, se por um lado os imigrantes são ojerizados pelas populações desses países, para suas economias eles são desejados, pela abundância e pelo baixo valor de sua mão-de-obra.
“Na época da globalização dos mercados, em que o capital e as empresas derrubam as fronteiras das nações, o homem – principalmente o homem menos culto e mais pobre – vê surgir novas barreiras a impedi-lo de vender a única mercadoria que realmente lhe pertence: sua força de trabalho.” (MARQUES, Clovis.)
Ato contínuo, desta relação mutualista entre globalização e capitalismo advém problemas contemporâneos como o Consumismo (que é o consumo irrefreado, irracional e exagerado), o desperdício (consequência de quando se consome mais do que se necessita), a poluição gerada pelo excesso de lixo (que poderia ser reduzido se reduzíssemos o consumo individual e se as práticas da reutilização e da reciclagem estivessem satisfatoriamente difundidas e implementadas), bem como o esgotamento do recursos naturais por conta de uma exploração que ultrapassa o limites naturais de regeneração de nosso planeta.
"Os que no regime burguês trabalham não lucram e os que lucram não trabalham."(Engels)
"Horrorizam-se porque queremos abolir a propriedade privada. Mas em nossa sociedade a propriedade privada já está abolida para nove décimos de seus membros." (Marx)
Seria possível mudar essa situação mantendo o Capitalismo como sistema político-econômico? Ora, sendo o lucro a prioridade dentro deste sistema, concluiremos - quase inevitavelmente - que qualquer medida que afete ou reduza o lucros (como a redução do consumo), não seria colocada em prática e seria vista como uma ameaça em vez de uma solução. E antes que se diga que o Comunismo não é uma opção melhor que o Comunismo sob a alegação de que ele todas as tentativas de implementa-lo falharam, lembremos que em nenhum dos países que tentaram pô-lo em pática viveram apenas experiências socialistas, nunca jamais tendo chegado o estágio do Comunismo. Primeiramente, a Rússia passou por uma experiência Socialista, não Comunista, durante os anos que a União Soviética vigorou, isto é, entre 1917 e 1991.
"Os capitalistas chamam 'liberdade' à liberdade dos ricos de enriquecer e à dos operários para morrer de fome. Os capitalistas chamam liberdade de imprensa à compra dela pelos ricos, servindo-se da riqueza para fabricar e falsificar a opinião pública." (Lênin)
A Coréia deixou de ser um único país após a Guerra da Coreia, entre 1945 e 1953. A República Popular da Coréia ou Coréia do Norte, desde então, tem passado por uma experiência socialista também, assim como Cuba, que desde a Revolução Cubana (1959), também vive um modelo socialista. O comunismo nunca foi implantando em nenhum país pois, sendo ele um sistema econômico e político elaborado por Marx, ele seria o estágio final da evolução de uma sociedade socialista. Nenhuma das nações que tentaram o Socialismo - repito - chegaram ao estágio do Comunismo, por isso ele permanece com opção viável ao desigual e injusto sistema vigente que permite que 1% da população do planeta possua a mesma riqueza dos outros 99% da população.
Além do mais, na medida em que uma sociedade adere ao Capitalismo, o valor de seus indivíduos passa a ser medido pelo seu trabalho (e o preço pago por este varia de acordo com "o mercado") e pelo que consomem. Hoje, no Capitalismo, mais em qualquer época e em qualquer sistema político-econômico, consumir se tornou um ritual, para qual templos foram construídos em direção aos quais, milhões se dirigem todos os dias, em peregrinação: os shopping centers. O incentivo ao consumo está em toda parte: anúncios nos intervalos dos programas de tv, dentro do programas e dos filmes, nas redes sociais, por sms, nos outdoors, etc...
Desse modo, quando uma sociedade capitalista, por causa de suas desigualdades tão intrínsecas quanto basilares, não consegue oferecer a todos os seus membros as mesma possibilidades de renda por meio de um trabalho que possam lhe propiciar determinado padrão consumo, a parte menos favorecida dessa população irá, quase que inevitavelmente, buscar alternativas para obter poder de compra e assim poder consumir, pois mesmo que apenas inconscientemente, eles sabem que só assim terão algum valor dentro de sociedade, que é calcada no individualismo e na supervalorização da imagem e da aparência.
Ostentar uma roupa ou calçado de determinada marca - mesmo que seja um produto falsificado - é, nessa sociedade, um exercício (fútil, enganoso) de construção da própria identidade, bem como a autoestima. Portanto, usar a meritocracia para dizer que em nossa sociedade só adere ao crime quem não tem caráter, é um pressuposto vazio, raso, desprovido de dialética. O problema é muito mais complexo, a questão é bem mais profunda.
"Para não ter protestos vãos, Para sair desse antro estreito, Façamos nós por nossas mãos Tudo o que a nós diz respeito!" [Trecho da Internacional Comunista.]
Sargento. Elias: - Barnes acredita no que ele está fazendo. Chris Taylor: - E você? Você acredita? Sargento. Elias: - Em 65, sim. Agora não. O que aconteceu hoje é apenas o começo. Nós vamos perder essa guerra. Chris Taylor: - Pára com isso! Você realmente pensa assim? Nós? Sargento. Elias: - Nós passamos tanto tempo chutando a bunda dos outros, parece que chegou hora de termos a nossa chutada.
Um vaqueiro que quer estilista, tem uma máquina de costura e tem medo de armas. Um mulher que dirige um caminhão que transporta gado e, se precisar, dá uma de mecânica também. Uma menina, filha de uma caminhoneira e criada entre vaqueiros, que ama cavalos. Assim o diretor Gabriel Mascaro vai desconstruindo estereótipos de gênero sem cair no panfletarismo, fugindo de maniqueísmos e reducionismos, ao passo que retrata a vida de gente simples do norte e nordeste brasileiro que sobrevive à margem do crescente e onipresente agronegócio.
O filme vale pela precisa atuação de Meryl Streep, equilibrando com perfeição humor e drama. Por causa dela, nos afeiçoamos à Florence e, se rimos nos momentos que ela tenta cantar, também nos deixamos contagiar por seu genuíno amor pela música.
Os dramas reais pela qual a verdadeira Florence Foster Jenkins (1868—1944), passou, são habilmente explorados pelo roteiro, o que faz com criemos ainda mais empatia para com a personagem. Talvez o pior deles seja ter contraído sífilis, na noite de núpcias, com seu marido, o Dr. Frank Thornton Jenkins. Quando se casaram, em 1885, ele tinha 33 anos. Ela tinha apenas 17 anos.
Quando criança Florence iniciou carreira na música como pianista, apresentando-se como “Little Miss Foster”.Chegou inclusive a dar um recital na Casa Branca durante o governo do Presidente Rutherford B. Hayes. Em consequência de sua doença, que ataca o sistema nervoso, tocar piano ficou cada vez mais difícil. Como o tratamento disponível à época incluía a ingestão de mercúrio e láudano, altamente tóxicos, os que complicou demais sua saúde, impedindo-a de seguir a carreira como pianista.
O filme conta também com uma reconstituição de época (cenários, figurinos...). Contudo, seus defeitos não podem ser negados. O pior deles é atenção exagerada que o roteiro dá a estórias e personagens paralelos. Em vez de enriquecer a trama, este recursos acaba mostrando-se enfadonho e supérfluo.
A atuação de Simon Helberg também me incomodou. Apesar de ser um ator de talento inegável, aqui ele sobrecarrega em sua atuação, do mesmo modo que o roteiro exagera na atenção que dispensa ao seu personagem. Sua constante preocupação em atuar, torna a sua atuação mecânica e pesada, desprovida de fluidez sutileza. Dá para perceber seu esforço em gesticular, em realizar expressões faciais, em tentar compor um personagem multidimensional, mas seu empenho resulta em um personagem indefinido, sem consistência, que não diz a que veio.
Sua presença no filme, como mais um alívio cômico (afinal, a protagonista em si já proporciona suficiente comicidade), acaba mostrando igualmente desnecessária. A cena em que ele ri no elevador após a primeira aula com Florence soa como se o público não fosse capaz de identificar quando a cena é cômica. É como se, para o diretor, as cenas em que Florence canta não fossem suficientemente engraçadas.
O filme é, em geral, formulaico e excessivo, e claramente feito com intenção de angariar indicações em premiações importantes. Duas cenas, em especial, são daquelas claramente pensadas para isso: aquela em que Streep, encarnando Florence, conversa com seu (2º) marido, interpretado por Hugh Grant, sobre seu sonho de cantar no Carmegie Hall; a outra, quando os dois conversam no leito de morte de Florence, no final do filme.
A minha cena favorita, contudo, vem depois que os créditos começam a descer: "- Quer fazer outra tomada? - Bem, não vejo por quê. Esta me pareceu perfeita."
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Hiroshima, Meu Amor
4.2 315 Assista AgoraA primeira coisa que me chama a atenção nessa obra-prima de Alain Resnais é a metalinguagem. Quando indagada sobre o que faz no Japão, a protagonista Elle (Emmanuelle Riva) diz que está fazendo um filme sobre a paz. Depois da primeira noite de amor com Lui, o arquiteto japonês (Eiji Okada), Elle retorna o set onde o tal filme está sendo gravado e as pessoas e objetos que vemos compondo esses bastidores são os personagens coadjuvante da ação que se passa.
Quando estes coadjuvantes se colocam em ação em uma marcha de protesto contra a guerra e contra as armas nucleares, tanto Elle quanto Lui se tornam parte da cena, ora como espectadores que assistem a marcha, ora entrando no meio dela. Mas entrando em sentido contrário, como se buscassem outra outra narrativa, um outro filme, que não seja apenas sobre a paz ou contra as guerras, mas sobre o amor, sobre a morte, sobre fim, sobre esquecimento, sobre memórias...
Este aparente conflito de narrativas na verdade oculta uma relação dialética, na qual o fato objetivo, a realidade concreta, o que aconteceu, se confronta e se completa com a perspectiva subjetiva, a narrativa, o que recordamos. Estas polaridades nos são inicialmente insinuadas no começo do filme, quando Elle diz, sobre o ataque nuclear a Hiroshima, "eu vi de tudo", e Lui responde-lhe "você não viu nada".
Como o Márcio disse em seu comentário, que pode ser encontrado abaixo, Elle não estava no Japão quando as bombas atômicas foram lançadas. Tudo o que ela diz saber sobre esse fato é resultado de narrativas, como livros, reportagens, exposições em museus, documentários. Perto do final, o engano de julgar saber tudo é cometido por Lui. Após ouvir Elle contar sobre os anos que viveu em Nevers, na França, ele interroga-a: "Seu marido conhece essa história?". Ela reponde que não e ele pergunta: "Só eu sei então?". Ela responde que sim, então ele a abraça e diz: "Ninguém mais sabe. Só eu".
Será? Talvez seja verdade, levando-se em conta o modo como o comportamento de Elle muda depois que ela narra ao seu amante os segredos e traumas de seu passado durante a Segunda Guerra na França invadida e anexada pelos nazistas. Como em uma sessão de terapia, Elle realiza sua necessária catarse ao narrar suas dolorosas vivências e acaba, desse modo, reencontrando-se, compreendendo-se melhor.
Narrar implica organizar, colocar em perspectiva, distanciar-se, racionalizar. Do mesmo modo que a narrativa de Elle ajuda-a a compreender a si mesma e curar suas feridas (ou ao menos a conhecê-las e aceita-las, convivendo melhor com elas e consigo mesmo), o filme de Resnais, esse filme sobre em defesa da paz, anti-bélico, que é também sobre o amor e morte, a memória e os esquecimento, serve também de narrativa para nós, seres humanos, nascidos num mundo que foi profundamente influenciado pelas duas grandes guerras do século XX, possamos entender melhor quem somos.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraA premissa dos dois Blade Runner é a seguinte: Num "futuro" em que as Empresas Multinacionais se tornaram mais poderosos que os Estados Nacionais, humanos convivem com réplicas sintéticas produzidas por nanotecnologia celular, conhecidos como "replicantes". A democracia capitalista passou a aceitar e a conviver com um novo tipo de escravidão. Como não são considerados humanos (apesar da semelhança), não possuem direitos, os replicantes podem ser escravizados de todas as formas.
Uma dessas formas de escravidão é uma certa "vida útil" ou "prazo de validade", com os quais esses seres não humanos já nascem, tornando-sua existência predeterminada, inclusive com data marcada para nascer e morrer. Literalmente. Foram criados para serem escravizados.
Poderiam ser imortais, mas nasceram fadados a serem escravos das empresas que exploram minérios em planetas distantes, por causa de sua maior "durabilidade". Os replicantes também são estéreis, isto é, incapazes de gerar outros replicantes. Foram criados para não pensar, para não ter sentimentos, não se rebelar. Foram criados para ser simultaneamente mão-de- obra e propriedade privada de uma grande empresa.
No primeiro filme, dirigido por Ridley Scott, Deckard (Harrison Ford), é um "Blade Runner" uma espécie de "capitão do mato", isto, aquele dentre os escravos tinha a tarefa de caçar e capturar os escravos fugidos e rebeldes. A tarefa de Deckard, por seu turno, é rastrear quatro replicantes: Roy Batty (Rutger Hauer), Zhora (Joanna Cassidy), e Pris (Daryl Hannah). Os 4 são de um modelo chamado Nexus-6, produzido pela Corporação Tyrell, que eram usados em mineração interplanetária e que voltaram à Terra ilegalmente. Uma das maneiras que um Blade Runner tem para rastrear um replicante que precisa ser "aposentado" é detectando reações humanas nele, como sentimentos ou emoções.
No segundo filme, de Denis Villeneuve, o papel do "capitão do mato" é o oficial K (Ryan Gosling), um Blade Runner, ao perseguir alguns replicantes, descobre um segredo que pode ameaçar todo o status quo, de provocar uma revolução. Essa descoberta acaba fazendo com que seus caminhos se cruzem com Rick Deckard (Harrison Ford).
O problema é que, assim como Deckard em sua Odisseia de 1982, à medida que cumpre sua missão, K vai adquirindo consciência. Consciência de si, passando a sentir, a pensar, a duvidar, a se emocionar. Consciência de mundo, passando a questionar, a se rebelar, a desobedecer, a romper com o status quo. Em ambos os filmes, Deckard e K lutam para negar e esconder suas reações, cada vez mais "humanas", fruto das dúvidas que vão despertando sua consciência. Mas esse despertar da consciência, uma vez iniciado, não pode mais ser impedido, e as consequências para a ordem estabelecidas são desastrosas. Daí o uso de toda forma de coerção e alienação, para impedir que ela desperte.
No primeiro filme, Deckard e Rachel (Sean Young), uma replicante, descobrem o amor e fogem juntos, pois sabem que, se rastreados, poderão ser "aposentados" por outro Blade Runner. No segundo filme K precisa lutar a dúvida entre esconder o segredo que ele descobriu, ou revela-los aos seus superiores, pois a sua revelação poderia ameaçar tanto a vida de K quanto a ordem estabelecida, o status quo, o "sistema".
Isso porque toda aquela sociedade, baseada na exploração dos replicantes pelas grandes corporações das quais simultaneamente trabalhadores e maquinas, se baseia na crença de que os replicantes não são humanos, não pensam, não possuem sentimentos, vontade ou consciência. Ou seja, não possuem "alma". Portanto, qualquer replicante que ousar pensar, questionar, descumprir normas, se rebelar... é uma ameça ao sistema e precisa ser eliminado. Todo sistema que se baseia na desigualdade e na exploração, é um sistema que, para se sustentar, precisará dispor de todas as formas de manipulação, coerção, repressão, censura, medo, perseguição e mentiras.
O Grande Lebowski
3.9 1,1K Assista AgoraLogo no início o narrador deixa que claro que está contando uma história sobre um cara chamado Jeffrey Lebowski, mas que prefere ser chamado de "The Dude/O Cara". É um filme sobre "O Cara" e todos os "perrengues" que ele passa ao ser envolvido - meio que - acidentalmente e involuntariamente em uma certa trama. Trama que é mero pedaço de uma trama maior, que é a vida desse cara maluco. Portanto, o mistério sobre o sumiço da jovem Bunny é apenas uma questão secundária e o final do filme (que tem tanta importância para alguns), tem mais a ver com Lebowski do que a solução do sequestro.
Aliás, essa discussão entre o que é principal e o que é secundário na narrativa é colocado o tempo inteiro em discussão durante todo o filme, especialmente por meio de Walter, para o qual tudo remete à guerra do Vietnã. Desse modo, assim como no magistral Barton Fink, os diretores fazem outro exercício brilhante sobre metalinguagem.
Os diretores desconstroem os clichês de filmes detetivescos colocando dois inusitados investigadores para solucionar um misterio do qual os primeiros palpites da dupla já se revelam muito próximas da verdade, mostrando que talvez o mistério não seja tão misterioso assim. Inicialmente Jeffrey acredita que tudo seja uma farsa e que o sequestro tenha sido encenado. Apesar de errar em muitos palpites sobre muitas coisas durante toda a trama. Walter está sempre dizendo que os sequestradores "são amadores". Contudo, apesar desses insights quase certeiros, os dois passaram por muitos perrengues até que entendam a cilada na qual estavam se metendo.
"Às vezes a gente segura a barra, às vezes a barra cai em cima da gente". Lebowski segura-a firme, mesmo depois de 2 caras terem entrado em sua casa, confundindo-o com um milionário, mijado em seu tapete; depois de ser convencido a servir de intermediário na entrega do resgate em um sequestro; depois de ter seu carro roubado e seu novo tapete roubado, de ser sequestrado por um chefão da indústria pornô e sido dopado por ele para obter informações, de ter corrido alucinado e semi-inconsciente no meio de uma rodovia por quilômetros... e no final, apesar da "ajuda" de Walter, conseguirá solucionar o misterioso sequestro.
Tudo isso apesar de ninguém leva-lo a sério nem respeitá-lo, apenas porque ele é um cara solteiro, desempregado, com mais 40 que gosta de fumar um baseado, ouvir Creedence e jogar boliche - e tá errado? E também, claro, porque ele foi capaz de segurar "a barra". Segurar a barra, apesar dos pesares, é, portanto, o super-poder desse herói inusitado chamado "O Cara".
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraMuuuito bom!
É só o que tenho a dizer, por enquanto, antes de escrever meus longos comentários. Preciso refletir antes. Mas posso adiantar que é um filme profundamente coerente tanto com o original, dirigido por Ridley Scott, quanto com a obra de Denis Villeneuve, sem prejuízos a nenhum dos dois.
Trama Fantasma
3.7 804 Assista AgoraEsopo, fabulista grego, conta-nos que, certa vez o deus do Amor, Eros (ou Cupido, para os romanos), adormeceu em uma caverna, embrigado pelo deus do Sono, Hipnos. Este era irmão gêmeo de Tanatos, deus da Morte. Ao cair em sono, Eros deixou que suas flechas caíssem, misturando-se à algumas de flechas de Tanatos que estavam no chão da caverna. Quando acordou, Eros recolheu suas flecha, mas algumas flechas de Tanatos acabaram indo junto. Deste modo, Eros passou a portar tanto flechas de amor quanto de morte. A linha que separa amor e morte é, segundo estes mitos, tênue.
Os mitos greco-romanos serviram de inspiração para Freud elaborar alguns conceitos-chave de sua teoria psicanalítica. Baseado em Eros e Tanatos, Freud desenvolveu os conceitos de "estímulo ou pulsão de vida" e "estímulo ou pulsão de morte". Representações psíquicas complexas, as pulsões de vida e de morte seriam, para Freud, algo que nos impele em determinada direção, pois possuem um objeto (Objekt), uma pressão (Drang), uma meta (Ziel) e uma fonte (Quelle). .
Eros, arquétipo grego da pulsão de vida, teria a função de unir as partículas, de tornar coeso o que está fragmentado, de amalgamar os pedaços incompletos formando uma substância viva, criando formas cada vez mais complexas, preservando vivo o organismo e garantindo a continuidade da espécie. A Pulsão de Vida desdobra-se em "pulsões do eu", relativas à autoconservação, que se manifestariam principalmente por meio da fome e a sede, e nas "pulsões sexuais", que incluiriam tantos os desejos manifestos, quanto aqueles ocultos, recalcados e sublimados. No sexo, aliás, o êxtase completo depende de que nos percamos no outro, mergulhando, literal e metaforicamente, no ser amado. O amor, a fome, o desejo sexual, seriam motores da existência humana
Tanatos, arquétipo grego da pulsão de morte, seria o oposto, tendo a função de dispersar em vez de amalgamar, de dividir em vez de unir, de destruir em vez de preservar. Em sua obra "Além do princípio do prazer", Freud afirma que “objetivo da vida é a morte, e remontando ao passado: o inanimado já existia antes do vivo”. Porém, a pulsão de vida e a pulsão de morte não podem ser dissociadas. Andam juntas, pois são opostos complementares, as duas faces de uma mesma moeda, estabelecendo entre si uma relação dialética. Isso porque o verdadeiro amor implica um certo tipo de morte. Amar alguém verdadeiramente obriga-nos a matar uma parte de nosso ego, de nosso individualismo. Amar é recusar o egoísmo em prol do outro. Amar é entregar-se, perder-se no outro, deixando-se de ser um eu à parte, isolado, auto-centrado, passando a ser dois, um orbitando em torno do outro, ambos girando em torno de um eixo comum, que é a vida que ambos compartilham.
Tendo tudo isto em mente, é possível compreender melhor esta nova obra-prima de Paul Thomas Anderson. Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) é um homem completamente auto-centrado, dependente de uma vida baseada em uma rotina meticulosa que dá contorno ao mundo que ele criou para si. Este mundo é habitado por fantasmas, como o da mãe de Reynolds, pela qual este parece nutrir um amor edipiano e para a qual ele costurou um vestido para seu segundo casamento. A certa altura do filme, Reynolds diz que é possível esconder qualquer coisa sobre o forro de um paletó ou vestido. Adiante, ele borda o nome de Alma (Vicky Krieps) em dos vestidos que fez para ela. O que será que ele escondeu naquele vestido que fez para o casamento de sua mãe? Que segredos Reynolds esconde de seu passado e de sua relação com essa mãe da qual ele conserva uma mecha de cabelo escondida no forro de seu paletó? Ou ainda, quais segredos e traumas Reynolds costurou e escondeu sob a máscara que carrega?
“Ela teria de morrer, mais cedo ou mais tarde. Morta. Mais tarde haveria um tempo para essa palavra. Amanhã, e amanhã, e ainda outro amanhã arrastam-se nessa passada trivial do dia para a noite, da noite para o dia, até a última sílaba do registro dos tempos. E todos os nossos ontens não fizeram mais que iluminar para os tolos o caminho que leva ao pó da morte. Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida não passa de uma sombra que caminha, um pobre ator que se pavoneia e se aflige sobre o palco - faz isso por uma hora e, depois, não se escuta mais sua voz. É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado.” (SHAKESPEARE, William, in Macbeth.)
Alma é quem desempenhará o papel de levar som e fúria à mórbida vida monótona e mecânica de Reynolds. Ela é a representação de Eros, que, com sua flechas de amor e morte, produz caos para recriar um novo cosmos no universo de Reynolds. A pulsão de morte, sozinha, é dispersão, desgregação, e tende ao vazio, à anulação. Se acompanhada da pulsão de vida, passa a ser mudança, transformação, reorganização dos elementos em prol da construção de algo novo, renovado, dinâmico, verdadeiramente vivo. Mas, para isso, é preciso não apenas que Alma abra mão de um pouco de si, matando parte de seu eu, mas que também Reynolds encare um certo tipo de morte, abrindo mão do individualismo, deixando o egoísmo e egocentrismo de lado, de modo a construir junto com Alma um mundo novo para ambos. Amor e morte, como já foi dito, andam lado à lado.
A relação entre Reynolds e Alma, aliás, remete à outra parte do mito de Eros. Psiquê era a mais jovem e mais bela das três filhas de um rei, cujo nome é desconhecido. Preocupado pelo fato de as duas filhas já serem casadas, mesmo sendo menos belas que Psiquê, que permanece solteira, o rei decide consultar o Oráculo de Apolo, que revela-lhe que é destino de Psiquê casar-se com um ser monstruoso. Na verdade o oráculo havia sido induzido por Eros a mando da deusa Afrodite, que tinha inveja da beleza de Psiquê. Vestida de branco, ela é levada ao topo de um penhasco para ser desposada pelo monstro, mas então o vento Zéfiro a carrega até um palácio, onde passa a viver. Lá ela é desposada por Eros, que se torna seu marido, porém ele nunca revela-se a ela, mantendo-se invisível em sua presença, para que Afrodite não pudesse vê-los juntos. Eles fazem um acordo no qual ela nunca deve pedir-lhe para mostrar-lhe sua face. Entediada, Psiquê decide visitar a casa de seus pais, e lá suas irmãs passam a questiona-la sobre sua vida e seu esposo, instigando-a a quebrar o acordo. Voltando ao palácio, Psiquê espera que Eros durma e, aproximando de seu rosto uma vela, fica admirada com sua beleza. Num descuido, ela deixa pingar uma gota de vela derretida sobre o ombro de Eros, que acorda furioso. Sentindo-se traído, Eros foge dizendo que sem confiança o amor não pode resistir.
Abandonada e triste, Psiquê passa a vagar pelo mundo em solidão, atravessando diversos tormentos colocados por Afrodite em seu caminho. Por fim, dá-se por vencida e cai em sono profundo, entregando-se à morte. Encontrando-a, Eros se apieda de sua amada e pede ajuda a Zeus, que lhe concede permissão para desperta-la usando uma de suas flechas. Assim Psiquê acaba tornando-se imortal e é por fim levada-a ao Olimpo, vivendo a eternidade ao lado de seu amado, ganhando asas de borboleta. Em grego, Psiquê significa tanto alma quanto borboleta, e tanto na mitologia grega quanto na psicanálise, a Psiquê é tomada como representação da Alma. Alma, no filme de Paul Thomas Anderson, é a amada que acaba desposada por um homem que, por trás de sua aparência rude, insensível, fria, dura e áspera, esconde uma fragilidade e uma ternura que só ela parece enxergar. E para que este Eros revele à esta Psiquê sua face, ela terá que feri-lo, pois ele mesmo recusa-se a deixar-se iluminar pelo amor que ela lhe oferece. Esse amor que, como já foi dito, implica em uma certa dose de morte, de auto-sacrifício, de entrega e de renúncia.
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O Destino de Uma Nação
3.7 723 Assista AgoraComo mostrou o historiador britânico Eric Hobsbawm na obra A Era dos Extremos, mesmo não havendo dúvidas de Hitler fosse um tirano e que ele representasse uma ameaça às potências imperialistas europeias, remanescentes do século XIX e que não haviam sucumbido à Primeira Guerra, é fato de que essas potências, isto é, Inglaterra e França, fizeram de tudo para evitar que a Segunda Guerra começasse, uma vez que, para seus governantes e seu povo, as cicatrizes da Primeira Guerra ainda eram bastante vívidas.
No capítulo 5, ele diz: "Em suma, havia um amplo fosse entre reconhecer as potências do Eixo como um grande perigo e fazer alguma coisa. [...] Contudo, o que enfraqueceu a decisão das principais democracias europeias, a França e a Grã-Bretanha, não foram tanto os mecanismo políticos da democracia, quanto a lembrança da Primeira Guerra Mundial. [...] Tanto para a França quanto para a Grã-Bretanha, esse impacto, em termo humanos (embora não materiais), foi muito maior do que se revelou o da Segunda Guerra Mundial. Outra guerra como aquela precisava ser evitada a qualquer custo. Era sem dúvida o último dos recursos da política. Não se deve confundir a relutância em ir à guerra com a recusa em lutar, embora o moral militar potencial dos franceses, que haviam sofrido mais do que qualquer outro países beligerante, estivesse sem dúvidas enfraquecido pelo trama de 1914-18."
Esse temor por parte das lideranças políticas da época é muito bem abordado no filme, conferindo-lhe um maior rigor histórico. O que o filme se exime de trazer à tona é o fato de que, além desse medo de uma nova guerra, a manutenção de seus domínios coloniais na África e na Ásia era outro fator que preocupada aquelas nações. "Os governos britânicos tinha igual consciência de um fraqueza fundamental. Financeiramente, não podiam se dar ao luxo de outra guerra. Estrategicamente, não tinham mais uma marinha capaz de operar ao mesmo tempo nos três grandes oceanos e no Mediterrâneo. Ao mesmo tempo, o problema que de fato os preocupava não era o que acontecia na Europa, mas como manter inteiro, com forças claramente insuficientes, um império global, geograficamente maior do que jamais existira. mas também visivelmente à beira da decomposição", esclarece-nos Hobsbawm.
"Nenhum tinha nada a ganhar com a guerra, e muito a perder". De fato, foi o que aconteceu. Ao final da Segunda Guerra, a França viu-se tendo que lutar contra os rebeldes na Indochina que lutavam por sua independência, culminando na Guerra da Indochina (1946-1954) e posteriormente na Guerra do Vietnã (1955-1975). O Reino Unido britânico, por seu turno, teve que em 1947 conceder, depois de muita relutância e repressão, a independência à Índia liderada pelo lendário pacifista hindu. Basta assistir ao filme Gandhi (de 1982), que deu a Ben Kingsley o Oscar, para conhecer essa parte história.
O Destino de uma Nação, por seu turno, é um brilhante estudo de personagem e, apesar de soberba, a atuação de Gary Oldman não é a única qualidade do filme, que possui muitas outras. Nem a direção, nem o roteiro nem o intérprete caem na tentação de mostrar um Churchill idealizado, exagerando suas qualidades e mascarando suas falhas. Ao contrário, exploram tantos suas virtudes como seus defeitos, contribuindo para construir um personagem sólido exatamente por ser ambíguo, multifacetado, idiossincrático. Kristin Scott Thomas está esplêndida como Clementine Churchill, trazendo doçura e leveza ao filme e fazendo um belo contraponto à todo peso e toda a fúria (literais e metafóricos) do Winston de Gary Oldman.
A fotografia, soturna e sombria, expressa com perfeição o horizonte sombrio que aguardava a todos, independente das decisões tomadas, uma vez que a Segunda Guerra impingiu grandes perdas a todos os envolvidos, vencedores e vencidos. Além disso me surpreendeu positivamente pelos enquadramentos inusitados, porém eficientes, como aquele em que a câmera parece estar dentro da máquina datilográfica, por exemplo.
Como havia feito em Desejo e Reparação (Atonement, 2008), Joe Wright mais vez faz uso dramático desta máquina durante alguns momentos, incorporando o som das teclas ao da trilha musical. Porém, enquanto neste filme o compositor era Dario Marianelli, com o qual ele havia trabalhado também em Orgulho e Preconceito (Proud and Prejudice, 2006), desta vez ele recruta Alexandre Desplat, que entrega, como de costume, uma trilha sutil e minimalista, contribuindo eficientemente para criar a atmosfera de constante tensão que permeia todo filme. Aliás, Desejo e Reparação também era ambientado na Inglaterra durante o começo da Segunda Guerra e uma das cenas mais memoráveis é aquela em que personagem de James McAvoy chega na praia de Dunkirk e se depara com todo o inferno que os nazistas haviam causados ao exército britânico.
O roteiro nos brinda com diálogos tão afiados que fazem dos debates políticos o campo de batalha no qual a guerra se prenuncia. No entanto, os silêncios dizem muitas vezes mais que as palavras e eles são sabiamente valorizados pelo diretor. O restante do elenco contribui para engrandecer ainda mais o filme, não deixando de entregar ótimas atuações mesmo em personagens pequenos e menos significativos.
A Forma da Água
3.9 2,7KFANTASIAS PARALELAS
Quem a pensa que a única semelhança entre filmes de Guillermo Del Toro é a presença de monstros e seres mágicos em uma história repleta de fantasia e imaginação, precisa olhar a obra do diretor mais a fundo. Neste texto, proponho analisarmos as semelhanças entre os dois melhores filmes do diretor até aqui:
O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006)
A Forma da Água (The Shape of Water, 2017)
A inspiração
Em primeiro lugar, enquanto O Labirinto do Fauno o roteiro faz uma releitura de Alice no País das Maravilhas, em A Forma da Água o diretor parece se inspirar em A Bela e a Fera para escrever seu roteiro.
O contexto histórico
O primeiro filme se passa na Espanha durante a Guerra Civil, durante a qual aquele país estava dividido entre os apoiadores do General Francisco Franco (conservadores, falangistas e fascistas), e seus opositores (socialistas, comunistas e anarquistas). Por seu turno, o segundo filme se passa nos Estados Unidos durante a Guerra Fria, na qual boa parte do mundo estava dividida em dois polos hegemônicos: de um lados os Capitalistas, aliados dos EUA, e de outro os socialistas e comunistas, aliados à URSS. Ambos, portanto, são ambientados em contextos históricos caracterizados por forte polarização política e ideológica.
As protagonistas
Ambos os filmes são protagonizados por mulheres com características físicas muito semelhantes: brancas, de baixa estatura, de porte físico frágil, cabelos negros à altura dos ombros, sempre trajando roupas com tons entre verde e azul claros. No primeiro filme, a protagonista é a menina Ofélia (Ivana Baquero) que, apesar de não ser muda, não pode revelar a ninguém a missão que o misterioso fauno lhe incumbe. No segundo, a protagonistas é Elisa (Sally Hawkins), um jovem e solitária mulher que não fala, apesar de não ser surda. No laboratório no qual ela trabalha como faxineira há uma criatura aquática que foi capturada na Amazônia e que é mantida como um segredo de Estado. A relação que ela desenvolverá com este ser misterioso será o segredo que ela não poderá revelar a qualquer um.
Anjos da guarda
A única pessoa na qual Ofélia pode confiar é Mercedes (Maribel Verdu), uma mulher forte e corajosa que a protege do temido e sádico capitão Vidal (Sergi Lopes). As única pessoas nas quais Elisa confia são Zelda (Octavia Spencer), uma mulher forte e corajosa que a protege do temido e sádico agente federal Strickerland (Michael Shannon).
Um outro olhar
Nos dois filmes de Del Toro, ao contrário do que possa parecer, o elemento fantástico funciona não como mecanismo de fuga da realidade dura e opressora, mas como lente com a qual a realidade é vista de uma perspectiva crítica e questionadora.
Outsiders
Em O Labirinto do Fauno, a menina Ofelia transitava entre seres mágicos que somente ela parecia poder ver. Porém, tanto para ela quanto o espectador, essas duas realidades pareciam fundir-se, em vez de existirem em planos separados. O mesmo ocorre em A Forma Água, porém de um modo ainda mais complexo, pois nele tantos criaturas reais e - que seriam para nós - imaginárias convivem em um mesmo plano. Porém, a incomunicabilidade que Elisa e O Ativo (Doug Jones) compartilham faz com que eles vivenciem uma realidade que lhes seria exclusiva. Essa realidade é a tal "forma da água", a realidade e incompreensões que os envolve, o mundo de silêncios em que ambos estão mergulhados. Assim, em ambos os filmes os diretor nos questiona: O que é de fato essa tal realidade? Para a humana Elisa, tratada por quase todos como alguém insignificante, discriminada por sua deficiência, o único que lhe compreendeu e lhe aceitou foi um ser não-humano. O que é ser humano, afinal?
Há ainda outros pontos de similaridades entre os filmes que poderiam ser destacados, mas prefiro deixar que vocês a tentem perceber por si mesmo.
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraKatherine Graham (Meryl Streep) tornou-se editora-chefe do The Washington Post após a morte de seu marido Phil Graham, sendo, então, a primeira mulher a ocupar tal posto nos EUA - e provavelmente no mundo. No começo da década de 1970, o analista do Pentágono Daniel Ellsberg vazou documentos secretos conhecidos vulgarmente como "Pentagon Papers", um estudo preparado pelo Departamento de Defesa a pedido do então secretário de Defesa, Robert MacNamara.
Realizado ao longo de anos por estudiosos contratados como analistas pelo governo, o documento, intitulado "United States–Vietnam Relations, 1945–1967: A Study Prepared by the Department of Defense", continha 47 volumes e detalhava minuciosamente o envolvimento militar norte-americano no Vietnã desde a Guerra da Indochina (1945-1947) até a Guerra do Vietnã (1964-1967).
A Indochina foi ocupada pela França em 1887, tornando-se parte do Império Colonial Francês no Sudeste da Ásia. Era formada pelo que hoje corresponde ao Vietnam, Laos, Camboja e região chinesa de Guangzhouwan. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando parte da França foi dominada pela Alemanha, a Indochina e demais colônias francesas ficaram sobre da República Francesa de Vichy, aliada dos nazistas, ficando depois sobre sob ocupação japonesa. Em maio de 1941, auge do conflito, teve início uma revolta na qual o Viet Minh, ao mesmo tempo partido e exército comunista liderado pela grande Ho Chi Minh, enfrentaram os invasores franceses e depois os japoneses. As revoltas aumentaram, dando início à guerra, que iria terminar em 1949, com a independência do Vietnã. Os Estados Unidos, como revelaram posteriormente os Pentagon Papers, financiaram os franceses na guerra contra o Viet Minh, arcando com cerca de 78% dos custos.
Em 1954, após o Acordo de Genebra, em plena Guerra Fria, o país divido em 2 Estados: Vietnã do Norte, comunista, dirigido por Ho, e Vietnã do Sul, governado pelo imperador-fantoche Bao Dai, controlado pelos franceses. Sem nenhum interesse nos rumos de seu país, Bảo mudou-se para Paris no mesmo ano, continuando como chefe de estado e colocando Ngô Dình Diem como primeiro-ministro. Diem, que era convertido ao catolicismo, era religioso fervoroso. Em 1955 ele realizou um referendo (que depois se provou ter sido fraudado e manipulado com apoio dos EUA) cujo resultado lhe deu plenos poderes.
Durante seu governo, apoiado militar e financeiramente pelos Estado Unidos, iniciou-se violenta perseguição aos comunistas e budistas vietnamitas. Estima-se que 50 mil comunistas foram executados e outros 75 mil foram presos. Em 1963, protestando contra a falta de liberdade religiosa, o monge budista Thich Quang Duc ateou fogo ao próprio corpo, num ato de autoimolação, em Saigon, no então Vietnã do Sul, comovendo a opinião pública internacional. Posteriormente os estudantes aderiram aos protestos, culminando, em 1963, pela deposição de Diem por oficiais do exército-sul vietnamita. Em 1964 o Vietnã do Norte, atacou o governo fantoche do Vietnã do Sul com ajuda e apoio da população da parte de sul, que, de fato, nunca se viu como diferente a população do norte, uma vez que a divisão do Vietnã em dois países foi uma medida artificial imposta pelos EUA e pela ONU, sobre a qual a população vietnamita nunca foi consultada. Os chamados Vietcongs eram em sua maioria sul-vietnamitas que lutaram ao lado dos norte-vietnamitas contra os invasores estrangeiros e os colaboracionistas do sul.
Hoje sabe-se que os EUA lançaram no Vietnã 7 milhões de toneladas de bombas, o que corresponde a 2,5 vezes o volume de bombas lançadas por eles na Segunda Guerra Mundial. Entre 1965 e 1967 o presidente Lyndon Johnson aumentou o número de soldados de 190 mil para 500 mil. No entanto, apesar do imenso e esmagador poderia militar, muito superior ao dos vietnamitas, o número de baixas dos EUA foi de 2 mil soldados entre 1954 e 1965, 6 mil em 1966 e 11 mil em 1967. O número de vietnamitas mortos, no entanto, passa de 3 milhões. O governo estadunidense, que tinha interesse no controle da região, tanto pela sua localização estratégica (próxima da China, Japão, Índia e Oceania) quando pelos recursos naturais, não via com bons olhos o avanço do comunismo, e fizeram pressão para o país fosse dividido em dois, de modo que eles pudessem manter controle político econômico no sul e, partir de lá, derrubar o governo de Ho Chi Minh, consolidado no norte.
No filme Spielberg não entra nesses detalhes mais espinhosos envolvendo geopolítica, preferindo concentrar seu foco em defender a liberdade de imprensa e a democracia estadunidense, atacando um inimigo já abatido (em especial o ex-presidente Nixon), realizando um filme esquemático, apesar de muito bem realizado e que cumpre o que promete. Em vez disso, navega seguro sobre duas ondas do momento: a do empoderamento feminino em alta principalmente nos EUA por conta da série denúncias de abusos cometidos por figurões de Hollywood (também explorada por filmes como Three Billboards...) e a do papel que a imprensa cumpre - ou deveria cumprir - na luta contra a corrupção do poder e pela liberdade de expressão (que rendeu a Spotlight 3 Oscar em 2016). Como notável oportunismo e algum maniqueísmo, roteiro e direção se esforçam por dar papel de destaque à personagem de Meryl Streep, colocando-a como símbolo de mulher na luta contra as pressões do machismo e patriarcado, ao passo que ela e a equipe de seu jornal encarnam os valores da imprensa livre e imparcial.
Todas as cenas em que ela aparece são destinadas a tanto a colocar em evidência o mundo masculino e machista que a rodeia, quando o suposto papel e pioneirismo que ela, enquanto mulher, desempenha. Merecem destaque a cena em que personagem de Sarah Paulson profere um monólogo sobre a coragem da personagem em autorizar que seu jornal publicasse o conteúdo dos documentos, e aquele em que ela desce as escadas da Suprema Corte passando em meio à dezenas de mulheres que passam a olha-la com admiração, cumprem aquele objetivo.
Meryl Streep agarra seu personagem com todas a forças e entrega aqui um de seus melhores trabalhos, numa atuação minimalistas, onde cada gesto de mão, cada olhar e cada inflexão, revela algo e vai, ao longo da história, expressando gradual o empoderamento da presonagem. Tom Hanks está ótimo como o Ben Bradley e brilha ao lado de Meryl, não se deixando ofuscar demais por Meryl Streep, cuja personagem o roteiro claramente privilegia. O resto do elenco, todo ele composto por atores e atrizes de grande qualidade, recebe seus momentos de glória, como Bob Odenkirk ganhando closes intensos e diálogos marcantes ao longo do filme.
Bruce Greenwood, que havia interpretado JFK em Treze Dias que Abalaram o Mundo (Thirteen Days, 2000) está mediúnico como Robert McNamara, que fora Secretário de Defesa do governo dos EUA de 1961 a 1968, durante os governos de John F. Kennedy e Lydon B. Johson. Quem quiser saber mais sobre McNamara e o envolvimento dos EUA no Vietnã, recomendo os documentários Corações & Mentes (Hearts and Minds, 1975), de Peter Dabvis, e Sob a Névoa da Guerra (The Fog of War, 2003), dirigido por Errol Morris, ambos premiados com o Oscar.
O filme termina com o começo do escândalo Watergate, cuja história já foi retratada no filme o icônico Todos os Homens do Presidente (All the president's men, 1976), com Dustin Hoffman e Robert Redford. Dirigido por Alan J. Pakula, que anos mais tarde fez A Escolha de Sofia (Sophie's Choice, 1982), o filme deu a Jason Robards o Oscar e Melhor Ator Coadjuvante interpretando Ben Bradley.
Antes da Chuva
4.1 62 Assista Agora"O tempo nunca morre. O ciclo nunca se completa."
O Jardim das Aflições
3.5 152A valorização de um charlatão como Olavo de Carvalho só mostra a inferioridade intelectual da parcela de direita da sociedade brasileira (só a brasileira mesmo). Parcela esta que, não por acaso, nutre apreço também por outros embustes como Bolsonaro, Kim Kataguiri e Leandro Narloch.
Mais bizarro, no entanto, é que são as mesmas pessoas que, por exemplo, atacam verdadeiros intelectuais, como Paulo Freire, mundialmente respeitado, sendo um dos 3 autores mais citados em trabalhos acadêmicos pelo mundo afora. Criticam Marx, por exemplo, uma das mentes mais originais e importantes dos últimos 300 anos, ao lado de Darwin, Freud e Einstein, cujas contribuições mudaram radicalmente nossa concepção da realdade.
Os acéfalos dizem que Marx escreveu groselhas, que Marx era vagabundo, que não trabalhava, que Marx teve um caso com a empregada, mas admiram Olavo de Carvalho, um cara que ganhou a vida com astrólogo e como professor de filosofia se diploma de filosofia em um curso de filosofia sem respaldo ou reconhecimento acadêmico em lugar nenhum do mundo, que abusava física e psicologicamente da família, dentre outras barbaridades.
Além disso, vale-se o tempo de falácias (non sequitur, ad hominem, condução ao absurdo, ampliação indevida, espantalhos, etc) para ludibriar os trouxas de intelecto inferior ao seu. É mestre na arte de debater sem conhecer o tema profundamente. Paranoico, vê ameaça comunista em tudo, usa e abusa de silogismos com premissas absurdas, sofismas primitivos, especulações vazias e ilações equivocadas.
Deixo aqui algumas frases "jeniais" ditas pelo farsante Olavo de Carvalho:
"A ONU apoia o terrorismo."
"A Pepsi é feita com fetos abortados."
" Há uma conspiração comunista global e o movimento gay é parte dela."
" A Lei da Inércia é falsa e Isaac Newton era burro."
" Há livros ensinando crianças fazer sexo oral com elefantes."
" O Brasil hoje é uma ditadura comunista."
" A mídia apoia os gays para promover o controle populacional."
" O marxismo nasceu do satanismo."
" Darwin é o pai do nazismo."
" A web foi criada para combater o ateísmo."
" O ser humano não precisa de cérebro pra viver."
" O nazismo e FMI são de esquerda."
" Bill Clinton era um agente de Pequim."
" Os EUA entraram no Vietnã para perder."
" Há 40 milhões de comunistas no Brasil."
" Cigarro não dá câncer."
" Não há diferença genética entre humanos e chimpanzés na gestação."
" O empresariado nunca se organizou politicamente."
" A ditadura foi branda e tinha eleições democráticas."
" Che Guevara invadiu Angola 8 anos após a sua morte."
" O PT é responsável pela morte de 50 mil pessoas por ano."
" O General Geisel era comunista."
" Bush manteve seu país totalmente a salvo de ataques terroristas por oito anos."
Legião Invencível
3.6 28 Assista AgoraMuito se disse e ainda se dirá sobre a assombrosa fotografia desde clássico de John Ford. Muito foi dito também sobre sua trilha sonora, sobre a atuação lúgubre e crepuscular de John Wayne, ou sobre a deliciosa cena da briga no bar. No entanto, de todas as maravilhas que que Ford nos entrega em Legião Invencível (She Wore a Yellow Ribbon, 1949), me interessa particularmente a crítica que ele tece ao lendário General Custer traçando um paralelo entre ele, um personagem real, mas ficcionalizado pela mitologia criada em torno dele, e o ficcional Capitão Nathan Cutting Brittles, protagonista do filme, cujo roteiro humaniza magistralmente na medida que expõe suas idiossincrasias.
George Armstrong Custer (1839 – 1876) foi um oficial do exército estadunidense que lutou na de cavalaria durante a Guerra Civil Americana (1761-1765) e as Guerras Indígenas (1788-1890). A apesar da imagem de herói destemido, nobre e incorruptível, que se tentou construir sobre ele, Custer era na verdade um homem ambicioso, inescrupuloso e oportunista, que fez carreira rápida no exército porque tinha os contatos certos e porque não hesitava em colocar seus comandados em risco para obter uma vitória.
Entrou em West Point, aos 18 anos, formando-se em 1861, quatro anos depois, com a patente de segundo-tenente, vindo a lutar na Guerra Civil ao lado dos "nortistas" contra as tropas confederadas do sul. A Batalha de Bull Run, em 21 de julho daquele ano, próximo de Washington, D.C., foi sua iniciação na guerra. No ano seguinte recebeu um "brevet" de general de brigada. Uma semana depois, na Batalha de Gettysburg, ele lideraria o 1.º Regimento de Cavalaria de Michigan em um ataque contra outra tropa confederada que levava reforços aos seus companheiros, no que ficou conhecido como o ataque de Picket. Na batalha Custer perdeu 257 homens, a maior que se tem notícia nos anais da Cavalaria dos EUA.
Terminada Guerra Civil ou de Secessão, Custer permaneceu no exército, primeiro como capitão, posteriormente alçado, em 1866, a tenente-coronel no 7º Regimento de Cavalaria, tornando-se comandante do Forte Lincoln. Em 1867 dirigiu para o Oeste, designado para para combater os índios que impediam o avanço dos colonos brancos. Em 1868 as tropas de Custer massacraram uma tribo Cheyenne em Washita River. Há anos o governo estadunidense tentava adquirir a região conhecida como Black Hills que, por causa de tratados assinados anos antes, pertencia aos índios, para os quais era terras sagradas. Custer e seus homens se notabilizaram por atacar os acampamentos quando os guerreiros não estavam presentes, liquidando impiedosamente mulheres e crianças, só fazia aumentar a ira dos indígenas.
No 25 de junho de 1876, após levar seus homens em direção aos índios, que então formavam um exército rebelde com mais de 3 mil guerreiros, Custer e seus pouco mais de 300 comandados (incluindo dois de seus irmãos, mulheres e crianças) viram-se combatendo os índios na Batalha de Little Bighorn, no Território de Montana. No final, o saldo de Custer foi 268 mortes, incluindo ele seus irmãos, além de 55 feridos.
No filme de John Ford, o Capitão Nathan Cutting Brittles (John Wayne), prestes a se aposentar é, portanto, um homem que para ter chegada tal idade liderando tropas de cavalaria contra populações indígenas que, em geral, defendia-se na medida do possível, presumivelmente, ou é muito sábio ou é muito sortudo. Ao longo do filme, veremos que Custer, tal um discípulo de Maquiavel, não descrê da sorte, mas aprendeu que ela nada vale se não for usada com sabedoria. Brittles parece especialmente fã da sentença maquiavélica que diz: "Os homens prudentes sabem sempre tirar proveito dos atos a que a necessidade os constrangeu".
No começo do filme, a derrota de Custer em Little Big Horn é mencionada, pelo narrador. Para decepção do público, no entanto, Ford não pretende fornecer uma catarse na qual o supostamente heróico Custer e seus abnegados soldados serão vingados em cenas de batalhas entre brancos e índios na qual os últimos terminarão derrotados.
Não há cenas grandiosas de batalhas e enfrentamentos entre as tropas de Capitão Nathan Cutting Brittles e os guerreiros Cheyennes, Arapaho e Sioux, responsáveis pela derrota de Custer, que ele encontra pelo caminho. Nathan é a antítese de Custer - e sua crítica, sutil, mas eficiente. Em vez de levar seus homens ao confronto com o inimigo, o protagonista do filme de Ford evita ao confronto, preferindo preservar a vida de seus comandados do que expô-los à morte certa em busca de glória. Enquanto Custer buscava fama e renome, Nathan só queria trazer todos para casa, sãos e salvos.
Ford, pelo olhar de Bittles (ou vice-versa) parece enxergar Custer pelo olhar Maquiavélico. Nas entrelinhas de sua narrativa, parece repetir a máxima do filósofo italiano: "Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela".
A ambição de Custer custou-lhe a vida, aos 37 anos de idade. A nobreza de caráter e senso de responsabilidade com os demais, fez Nathan, ao final, a buscar uma solução diplomática, indo ao encontro dos índios e tentando estabelecer um acordo de paz. É então que ele pronuncia a melhor frase do filme: "Yes, we are too old to war, but old men should stop wars". Em vez de morrer como mártir, Nathan escolheu viver com nobreza e dignidade, ganhando, para sua própria surpresa, o respeito e admiração de todos a sua volta. Em um mundo que, em 1949 (ano de lançamento do filme), acabava de sair da maior guerra que a humanidade já viu, a mensagem do mestre John Ford é mais do que clara.
O Intrépido General Custer
3.5 4Em 1941, ano em que este fiilme foi lançado, o mundo encontrava-se envolvido na Segunda Guerra Mundial e o cinema era, tantos nos países Aliados quanto naqueles do Eixo, uma arma que cumpria vital função de unir o povo, inflando-lhe o ardor nacionalista e conclamando-o a lutar pela vitória e apoiar os seus soldados. O filme de Raoul Walsh, neste contexto, desempenha este papel oferecendo ao público um herói de guerra que seja um modelo a ser seguido e um exemplo a ser admirado. Para isso, no entanto, ele abandona qualquer compromisso com a mínima veracidade histórica, romancendo a vida do biografado e criando sobre ele uma aura mítica.
George Armstrong Custer (1839 – 1876) foi um oficial do exército estadunidense que lutou na de cavalaria durante a Guerra Civil Americana (1761-1765) e as Guerras Indígenas (1788-1890). A apesar da imagem de herói destemido, nobre e incorruptível, que se tentou construir sobre ele, neste filme e outros como Os bravos não se rendem (Custer of the West, 1967), Custer era na verdade um homem ambicioso, inescrupuloso e oportunista, que fez carreira rápida no exército porque tinha os contatos certos e porque não hesitava em bajula-los ou em colocar seus comandados em risco para obter uma vitória.
No filme Walsh, o Custer interpretado por Errol Flynn é tão real quando os personagens ‘Ned Sharp’ (Arthur Kennedy) e ‘California Joe’ (Charley Grapewin), ambos inventados pelos roteiristas Aeneas MacKenzie e Lenore Coffee. Já o General Philip H. Sheridan (John Litel), famoso autor da frase “O único índio bom é o índio morto” (que inspirou Bolsonaro a compor sua máxima "bandido bom é bandido morto") no filme de Walsh é fantasiosamente transformado em tio da futura esposa de Custer, de modo que a jovem Elizabeth Bacon (interpretada por Olivia de Havilland), ao contrário do que o filme mostra, nunca esteve em West Point para visitar o "tio" Phil Sheridan.
Além disso, ele não era o Comandante da Academia de West Point quando Custer lá ingressa, como mostrado no filme. Liberdade maior, no entanto, é tomada em relação ao General Winfield Scott (Sidney Greenstreet) que no filme se torna amigo e protetor do ainda jovem cadete Custer quando este cede ao general a única porção de cebolas existente no restaurante do Estado Maior da U.S. Army, em Washington, onde eles acabaram de se conhecer.
Aos 18 anos entrou em West Point, a prestigiada Academia Federal de Educação Militar, formando-se 4 anos depois como o último da sua classe em 1861, recebendo a patente de segundo-tenente. Neste mesmo ano teve início a Guerra Civil, na qual Custer lutou ao lado dos "nortistas" contra as tropas confederadas do sul. A Batalha de Bull Run, em 21 de julho daquele ano, próximo de Washington, D.C., foi sua iniciação na guerra.
No ano, aos 23 anos, Custer recebeu um "brevet" de general de brigada.Uma semana depois, na Batalha de Gettysburg, ele lideraria o 1.º Regimento de Cavalaria de Michigan em um ataque contra outra tropa confederada que levava reforços aos seus companheiros, no que ficou conhecido como o ataque de Picket. Na batalha Custer perdeu 257 homens, a maior que se tem notícia nos anais da Cavalaria dos EUA. Esse alto número de baixas não foi algo incomum entre as tropas comandadas por Custer, já que ele não hesitava em sacrificar seus comandados para obter uma vitória e fazer sua fama.
Em 13 de setembro de 1863 foi ferido na batalha de Culpeper, na Virgínia, recebendo no ano seguindo uma comendação por bravura, além de uma promoção temporária à patente de major-general. Em abril de 1985, quando o general confederado Robert E. Lee se rendeu para Ulysses S. Grant (futuro presidente dos EUA, entre 1869 e 1877), Custer estava entre as tropas nortistas ali presentes. Na conclusão da Campanha de Appomattox (março-abril de 1865), onde ele e suas tropas desempenharam um papel fundamental, Custer estava presente
Terminada Guerra Civil ou de Secessão, com a vitória do Norte sobre o Sul, a reunificação do país e a abolição da escravidão nos Estados Unidos da América, Custer permaneceu no exército, primeiro como capitão, posteriormente alçado, em 1866, a tenente-coronel no 7º Regimento de Cavalaria, tornando-se comandante do Forte Lincoln. Em 1867 dirigiu para o Oeste, designado para para combater os índios que impediam o avanço dos colonos brancos. Em 1868 as tropas de Custer massacraram uma tribo Cheyenne em Washita River. Há anos o governo estadunidense tentava adquirir a região conhecida como Black Hills que, por causa de tratados assinados anos antes, pertencia aos índios, para os quais era terras sagradas. Não era, portanto o amigo dos índios, nem de Cavalo Louco (Anthony Quinn), muito menos defensor do direito desses povos às suas terras, como o filme de Walsh desonestamente quer nos fazer crer.
Na verdade, foi ideia de Custer espalhar o boato de havia ouro na região, provocando uma migração em massa de centenas de colonos, com suas famílias. Inconformados, índios Cheyennes, Arapaho e Sioux (estes Lakotas e Dakotas) uniram-se sob a liderança dos lendários Touro Sentado e Cavalo Doido e passaram a atacar os invasores brancos para defender suas terras. Os constantes ataques de Custer e seus homens à tribos indígenas, e a tática por eles escolhida de atacarem os acampamentos quando os guerreiros não estavam presentes, liquidando impiedosamente mulheres e crianças, só fazia aumentar a ira dos indígenas.
No 25 de junho de 1876, após levar seus homens em direção aos índios, que então formavam um exército rebelde com mais de 3 mil guerreiros, Custer e seus pouco mais de 300 comandados (incluindo dois de seus irmãos, mulheres e crianças) viram-se combatendo os índios na Batalha de Little Bighorn, no Território de Montana. No final, o saldo de Custer foi 268 mortes, incluindo ele seus irmãos, além de 55 feridos.
Che
3.7 210 Assista AgoraEsse esforço por difamar a imagem de Che e outros comunistas é parte do projeto muito bem pensador e elaborado pela burguesia para manter o status quo, ou seja, as coisas como estão, e afastar qualquer possível revolução lhe usurpe os meios de produção que lhe permitem explorar, mantando o posto de classe dominante e exploradora.
Um exemplo perfeito deste esforço de propaganda yankee é o episódio “The Siren’s Song” (2011 ), da série de desenhos animados da turma do Scooby-Do exibidos pelo Cartoon Network. Nele eles se deparam com Ernesto, um ativista ambiental que denuncia os impactos ambientais causados por uma empresa petrolífera. O episódio termina com a turma descobrindo que os impactos ambientais eram causados por Ernesto (personagem claramente calcado em Che Guevara) através de sua organização.
Terrorista era a parcela branca, burguesa, conservadora, cristã e reacionária da sociedade que foi às ruas pedindo intervenção militar, em 64 e em 2015. Terrorista, foram os militares que tomaram o poder e instauraram o terror por 21 anos. Terroristas e genocidas são os EUA, que com suas intervenções militares em países como Vietnã, Coreia, Irã, Afeganistão e Iraque, só deixaram mortos. Os propalados desenvolvimento, progresso e democracia que eles dizem levar pelo mundo, não passam de desculpas para satisfazer sede de sua burguesia por recursos naturais e mão de obra barata a serem explorados e convertidos em lucro.
Portanto, não confunda a luta do oprimido, com a fúria do opressor. Não tente igualar um revolucionário a um reacionário. O revolucionário luta pela liberdade, enquanto o reacionário se opõe vigorosamente à ela. Um revolucionário está disposto a sacrificar a própria vida em nome dela, enquanto o reacionário está disposto à sacrificar a vida de outros para não concede-la a ninguém.
A tentativa de impor uma caracterização de Che Guevara como genocida, é parte a estratégia Goebbeliena, empregada pela burguesia internacional, de espalhar e repetir uma mentira, incansavelmente, até que ela seja tomada como verdade, para e afastar a ameaça da revolução proletária.
Acusam Che de ter fuzilado homossexuais, acusando-o de homofobia, quando na verdade foram fuzilados (e devidamente fuzilados) os colaboracionistas da ditadura de Fulgêncio Batista ou dos Estados Unidos, torturadores, bem como espiões e sabotadores, além de fascistas, todos contra-revolucionários e portanto reacionários. Matou - obviamente - homens em combate quando lutou em Cuba, no Congo, na Tanzânia e na Bolívia. Nunca torturou ninguém nem sumiu com seus corpos. Lutava contra a opressão do povo pelos lacaios do imperialismo norte-americano. Lutava contra a opressão do trabalhador pela classe dominante: a burguesia.
Tentam acusar os comunistas de hoje de incoerência, alegando que eles não poderiam usar tênis, celulares e e computadores, pois tais coisas seriam dádivas só possíveis graças ao capitalismo. Estão equivocados. Quem cria, inventa e produz coisas são os trabalhadores, explorados pela burguesia detentora dos meios de produção. Só o que o Capitalismo produz de seu são as desigualdades, a pobreza, a marginalidade, a exclusão. São essas desigualdades que Che lutou para combater mas foi impedido pelos agentes da burguesa internacional, isto é, a CIA e outros orgãos de das grandes potências capitalistas que, como tem sido provado pelos documentos vazados por Snowden e Assange, derrubaram governos contrários aos seus interesses no mundo todo.
Os refugiados cubanos nos EUA que fizeram e fazem de tudo para difamar e derrubar Fidel e o regime socialista de Cuba são apenas membros da burguesia local e colaboradores da ditadura de Fulgência Batista, ou descendentes deles. São traidores da pátria cubana, que apoiaram o governo Kennedy quando ele atacou o país na Invasão da Baía do Porcos. Não merecem nenhum crédito.
5 indicadores em que Cuba supera o Brasil e os EUA
1 – Alfabetização:
Cuba: 99,8%
EUA: 99%
Brasil: 91,3%
Fonte: CIA World Factbook
2 – Expectativa de vida:
Cuba: 79, 6 anos
EUA: 79,2 anos
Brasil: 74, 7 anos
Fonte: PNUD
3 – Taxa de homicídios:
Cuba: 4,9 mortes para cada 100 mil habitantes
EUA: 5,3 mortes para cada 100 mil habitantes
Brasil: 30,5 mortes para cada 100 mil habitantes
Dados: Organização Mundial da Saúde (OMS)
4 – Mortalidade infantil:
Cuba: 36º menor do mundo (menor das Américas)
EUA: 44º menor do mundo
Brasil: 94º menor do mundo
Fonte: CIA
Dados: World Factbook, estimativas 2015
5 – Eficiência dos serviços de saúde
Cuba: 28ª colocação
EUA: 46ª colocação
Brasil: 48ª colocação
Fonte: Bloomberg
Leias os livros abaixo:
ANDERSON, Jon Lee. Che Guevara: Uma Biografia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
CASTAÑEDA, Jorge G. Che Guevara: A Vida Em Vermelho. Companhia das Letras, 1997.
DIAS, Mario e CEREGHINO, Mario J. Relatório Da Cia - Che Guevara: documentos inéditos dos arquivos secretos. Ediouro, 2007.
Diários de Motocicleta
3.9 827Os reacionários da direita brasileira, encabeçados por gente como Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Kim Kataguiri, Luis Felipe Pondé e Marco Antonio Villa, querem comparar o torturador Ustra com revolucionários como Che Guevera ou Marighella.
Marighella e Che não torturaram ninguém, nem desapareceram com nenhum corpo. Marighella e Che não mataram porque essa era sua profissão, como Ustra.
Che e Marighella não eram funcionários do terror, como Ustra, não trabalhavam para a repressão, nem em prol da manutenção de um regime opressor. Che e Marighella eram homens comuns, civis, que se tornaram revolucionários, que foram levados a pegar em armas por viver em um regime opressor e por decidir lutar contra a opressão.
Che fuzilou contra-revolucionários e colaboradores da ditadura de Fulgêncio Batista. Matou homens em combate quando lutou em Cuba, no Congo, na Tanzânia e na Bolívia. Nunca torturou ninguém nem sumiu com seus corpos. Lutava contra a opressão do povo pelos lacaios do imperialismo norte-americano. Lutava contra a opressão do trabalhador pela classe dominante: a burguesia.
Ustra é digno da lata de lixo da história. Era um lacaio dos interesses do norte. Torturou, matou e sumiu com os corpos de guerrilheiros e militantes que lutavam contra a ditadura no Brasil, além de civis que apenas manifestavam discordância com o regime repressor. Nunca lutou por nada. Apenas fazia o trabalho sujo em nome da manutenção de um status quo injusto.
Em um regime de exceção, como foi a ditadura, as noções do que são crime e de qual é o papel da justiça são distorcidas em nome da defesa cega do regime e da repressão aos dissidentes. Terroristas foram os deputados que declararam a cadeira presidencial vazia quando Jango estava viajando. Terroristas eram os jornais da época que associavam Jango à uma ameaça comunista.
Terrorista era a parcela branca, burguesa, conservadora, cristã e reacionária da sociedade que foi às ruas pedindo intervenção militar, em 64 e em 2015. Terrorista, por fim, foram os militares que tomaram o poder e instauraram o terror por 21 anos. Comparar Che e Ustra é prova de ignorância histórica e desonestidade intelectual.
Portanto, não confunda a luta do oprimido, com a fúria do opressor. Não tente igualar um revolucionário a um reacionário. O revolucionário luta pela liberdade, enquanto o reacionário se opõe vigorosamente à ela. Um revolucionário está disposto a sacrificar a própria vida em nome dela, enquanto o reacionário está disposto à sacrificar a vida de outros para não concede-la a ninguém.
Tentam acusar os comunistas de hoje de incoerência, alegando que eles não poderiam usar tênis, celulares e e computadores, pois tais coisas seriam dádivas só possíveis graças ao capitalismo. Estão equivocados. Quem cria, inventa e produz coisas são os trabalhadores, explorados pela burguesia detentora dos meios de produção. Só o que o Capitalismo produz de seu são as desigualdades, a pobreza, a marginalidade, a exclusão. São essas desigualdades que Che lutou para combater mas foi impedido pelos agentes da burguesa internacional, isto é, a CIA e outros orgãos de das grandes potências capitalistas que, como tem sido provado pelos documentos vazados por Snowden e Assange, estiveram, por exemplo, por trás do golpe no Brasil, em 1964, ou no Chile em 1973, que derrubou Allende o colocou Pinochet no poder.
Esse esforço por difamar a imagem de Che e outros comunistas é parte do projeto muito bem pensador e elaborado pela burguesia para manter o status quo, ou seja, as coisas como estão, e afastar qualquer possível revolução lhe usurpe os meios de produção que lhe permitem explorar, mantando o posto de classe dominante e exploradora.
A farsa do Holodomor; a caracterização de regimes comunistas Cubano, Chinês e Coreano como não-democráticos, ou de Che Guevara como genocida, são partes dessa estratégia Goebbeliena de espalhar e repetir uma mentira, incansavelmente, até que ela seja tomada como verdade.
Acusam Che de ter fuzilado homossexuais, acusando-o de homofobia, quando na verdade foram fuzilados (e devidamente fuzilados) os colaboracionistas da ditadura de Fulgêncio Batista ou dos Estados Unidos, torturadores, bem como espiões e sabotadores, além de fascistas, todos contra-revolucionários e portanto reacionários.
Se a classe trabalhadora tudo produz, à ela tudo pertence!
Leias os livros abaixo:
ANDERSON, Jon Lee. Che Guevara: Uma Biografia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
CASTAÑEDA, Jorge G. Che Guevara: A Vida Em Vermelho. Companhia das Letras, 1997.
DIAS, Mario e CEREGHINO, Mario J. Relatório Da Cia - Che Guevara: documentos inéditos dos arquivos secretos. Ediouro, 2007.
Amanhecer Violento
2.7 547 Assista AgoraTrata-se apenas de mais um lixo comercial industrial, um enlatado dos USA criado no contexto da guerra fria para incutir o temor aos soviéticos na população. Aos capitalista interessa demonizar o comunismo e qualquer nação que dele seja uma experiência, pois o comunismo significa, precisamente, o fim da burguesia. Hollywood, como é de se esperar, cumpre bem seu papel neste projeto global de dominação. Este filme, realizado em 2012, é uma releitura do filme homônimo de 1984.
Neste, tropas norte-coreanas invadem os EUA e são derrotados por uma equipe de jovens estadunidenses determinados a defender seus país, No filme de 1984, tropas soviéticas invadem os EUA e são derrotados por uma equipe de jovens estadunidenses determinados a defender seus país. A farsa, nos dois filmes, começa pelo fato de os coreanos nunca terem invadido nenhum país ao longo da história, enquanto os soldados soviéticos, ao longo da História, invadiram apenas a Ucrânia, a Polônia e a Alemanha (na Segunda Guerra), enquanto os soldados dos EUA invadiram (sem mencionar a Segunda Guerra) o Vietnã, a Coreia, as Filipinas, Panamá, Iraque, Irã, Afeganistão, Paquistão, Líbia, Camboja, etc, tentaram invadir Cuba, e tramaram a queda de regimes com inclinações socialistas, colocando ditaduras no lugar, em países como Brasil, Chile, Argentina, Burkina Fasso, Uganda, Irã, Honduras, Bolívia, etc.
Amanhecer Violento
3.0 81 Assista AgoraApenas mais um lixo comercial industrial, um enlatado dos USA criado no contexto da guerra fria para incutir o temor aos soviéticos na população. Aos capitalista interessa demonizar o comunismo e qualquer nação que dele seja uma experiência, pois o comunismo significa, precisamente, o fim da burguesia. Hollywood, como é de se esperar, cumpre bem seu papel neste projeto global de dominação.
No filme, tropas soviéticas invadem os EUA e são derrotados por uma equipe de jovens estadunidenses determinados a defender seus país. A farsa começa pelo fato de os soldados soviéticos, ao longo da História, invadiram apenas a Ucrânia, a Polônia e a Alemanha (na Segunda Guerra), enquanto os soldados dos EUA invadiram (sem mencionar a Segunda Guerra) o Vietnã, a Coreia, as Filipinas, Panamá, Iraque, Irã, Afeganistão, Paquistão, Líbia, Camboja, etc, tentaram invadir Cuba, e tramaram a queda de regimes com inclinações socialistas, colocando ditaduras no lugar, em países como Brasil, Chile, Argentina, Burkina Fasso, Uganda, Irã, Honduras, Bolívia, etc.
Quem pensa que a Guerra Fria acabou está enganado. A contínua difamação dos regimes socialistas cubano, venezuelano, chinês e norte-coreano, está umbilicalmente ligada à guerra contra o regime socialista soviético. A burguesia internacional, sediada especialmente nos países da Europa, América do Norte, Oceania e parte da Ásia, fará de tudo para desestabilizar e derrubar regimes socialistas (como a Venezuela) ou que se aproximem demais do socialismo (como o Brasil de Lula e Dilma e a Argentina de Kirchner).
Lenin em Vida
3.8 1O FALSO DECÁLOGO DE LENIN
É o que comprova o livro “They never said it: a Book of Fake Quotes, Misquotes, and Misleading Attributions (“Eles nunca disseram: um livro de citações falsas, errôneas e enganosas”), publicado pela Universidade de Oxford pelos pesquisadores Paul F. Boller Jr. e John George Jr.
Nas páginas 114-116 do livro eles mostram que as supracitadas ‘Regras para a Revolução’ apareceram em fevereiro de 1946, em uma publicação britânica chamada ‘New World News’ chamando a atenção da extrema direita nos EUA, recebendo especial atenção de nomes como Dan Smoot, Frank Capell, e Billy James Hargis.
Atribuído a Lênin por incontáveis nome da Direita brasileira, como Leandro Narloch*, Olavo de Carvalho, Kim Kataguiri, Jair Bolsonaro, Marco Feliciano, Silas Malafaia, Nando Moura, dentre outros, o “Decálogo de Lênin”, amplamente repetido em sites nacionais, nada mais é do que uma desonesta versão de um documento sem autoria conhecida, difundido nos Estados Unidos no período da Guerra Fria, intitulado “Rules for Revolution” (Regras para a Revolução). O tal Decálogo falsamente atribuído a Lênin constitui mera repetição adaptada das “Regras para a Revolução”. O fato de ele datar da época da Guerra Fria, explicita claramente a intenção norte-americana (capitalista) de atacar a imagem do "inimigo" soviético (comunista).
Nos anos 1970, a Associação Nacional de Rifles dos EUA, uma organização civil ligadas aos fabricantes de armas, entrou em cena, por meio do periódico ‘The American Rifleman’, publicando em janeiro de 1973, uma reportagem sobre o tal decálogo, escrita pelo editor Ashley Halsey. Na reportagem ele alegava que, logo após a segunda guerra mundial, o documento com as tais regras foi encontrado num tal ‘quartel general soviético secreto’ em Düsseldorf, Alemanha, indo parar nas mãos de dois oficiais da inteligência aliada, entre eles, o Capitão Thomas Baber, que disse ter infiltrado o local.
E mais: especialistas como William F. Buckley,Jr., M. Stanton Evans, e James J. Kilpatrick, assumidamente conservadores e portanto não comunistas, foram categóricos em afirmar que o documento é uma farsa. Ele foi denominado como uma farsa pelo boletim anticomunista, o ‘Combat’. J. Edgar Hoover, falecido diretor do FBI e anti-comunista ferrenho, declarou que "o documento é espúrio’.
Contudo, a maneira mais fácil e eficiente de refutar a afirmação de que tal decálogo tenha sido escrito por Lênin é lendo suas obras. Eu já o fiz e posso lhes dizer: não encontrei nenhuma menção a sequer uma linha do tal decálogo.
À guisa de preencher o vazio criado pela comprovação da falsidade do tal decálogo, deixo aqui 10 mandamentos baseados em frases legitimamente Leninistas:
1 - Muitas vezes é preciso dar um passo atrás, para dar dois passos à frente.
2 - Ideias são mais letais que armas.
3 - Não há teoria revolucionária sem prática revolucionária, do mesmo modo, não há prática revolucionária sem teoria revolucionária.
4 - A revolução começa em casa.
5 - As revoluções são as festas dos oprimidos e explorados.
6 - A verdade é sempre revolucionária.
7 - No capitalismo a liberdade de imprensa é um disfarce para a liberdade dos ricos comprarem a imprensa para fabricar notícias falsas e enganar a opinião pública.
8 - O crime é produto dos excessos sociais.
9 - Quanto mais forte é a influência dos reformistas sobre os trabalhadores, mais fracos e dependentes da burguesia eles serão, pois o reformismo é uma concessão burguesa que mantém os trabalhadores sempre escravos assalariados.
10 - A consciência do homem não apenas reflete o mundo, mas também o cria e o transforma.
Outras fontes:
LENIN, Vladimir. O que fazer?
LENIN, Vladimir. Imperialismo, fase superior do capitalismo
LENIN, Vladimir. O Estado e a Revolução.
LENIN, Vladimir. Teses de Abril
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Lenin: Vida e obra.
KRAUSZ, Tamáz. Reconstruindo Lênin.
VOLKOGONOV, Dmitri. Lenin: uma nova biografia.
Paixão dos Fortes
4.0 57 Assista AgoraMuitos foram os filmes contando a lendária história de Wyatt Earp, xerife de Tombstone, o tiroteio ocorrido no O.K. Curral do qual ele foi o protagonista: Sem lei, sem alma (Gunfight at the O.K. Corral, 1957) e A Hora da Pistola (Hour of the gun, 1967), ambos de John Sturges; Massacre de Pistoleiros (Doc, 1971), de Frank Perry; Tombstone - A Justiça está chegando (Tombstone, 1993), de George P. Cosmatos; e Wyatt Earp (1994), de Lawrence Kasdan, com Kevin Costner.
Para muitos, esta versão dirigida por John Ford em 1946, destaca-se não apenas por ser uma das primeiras delas, mas sim por ser a mas memorável. Primeiro, por usar com mote para narrativa não o famoso duelo em si, mas a relação de amizade entre Wyatt (Henry Fonda, inspiradíssimo) e Doc Holiday (Victor Mature); e o amor dos dois pela bela Clementine (Cathy Downs). Este, por seu turno, é embalado pela clássica canção "Oh, my darling Clementine". Cenas como do ator alcoólatra declamando o monólogo de Hamlet em cima de uma mesa de bar, ou aquela em que Wyatt descobre um jeito inusitado de se divertir sentando em uma cadeira, são singelas mostras da capacidade de Ford de compor cenas inesquecíveis a partir de premissas banais.
Merece destaque a atuação do veterano Walter Brennan (3 vezes premiado com o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, em 1936, 19388 e 1942) como o velho e ardiloso patriarca da família Clanton e antagonista de Earp.
O confronto, segundo fontes históricas precisas, aconteceu as 3:00h da tarde de uma quarta-feira a 26 de outubro de 1881, no território de Arizona. Acabou sendo tranformado em símbolo da luta contra o mal enquanto Earp foi transformado em arquétipo do homem justo íntegro e incorruptível que, tornado xerife, limpa a cidade de seus malfeitores. Anos mais tarde, John Ford revisitaria estes temas, apurando seu olhar e invertendo suas conclusões sobre eles, realizando uma de suas obras-primas: O homem que matou os facínora (The man who kills Liberty Valence), com James Stweart, John Wayne e Lee Marvin.
Colheita Amarga
3.4 38 Assista AgoraA farsa do holomodor
Toda mentira sobre o Holdomor começou quando William Randolph Hearst, magnata da imprensa estadunidense, conhecido antes da Segunda Guerra como "o fascista nº1 da América", viajou para Alemanha em 1934, cerca de 1 ano depois da ascensão de Hitler ao poder. Nessa viagem ele travou contato principalmente com Alfred Rosenberg, ideólogo do Partido Nazista, que, terminada a Segunda Guerra (1945), acabou julgado e executado no Tribunal de Nuremberg por crimes contra a humanidade.
No ano seguinte à viagem (1935), os jornais de Hearst começaram a espalhar a farsa do “holocausto ucraniano”. Hearst havia começado sua vida como empresário em 1887 após assumir o controle do jornal The San Francisco Examiner, que era do seu pai. Se mudando para Nova Iorque, ele comprou o The New York Journal e criou então a noção de "imprensa marrom", sendo por isso considerado "o pai do sensacionalismo". Neste ínterim, entrou em uma guerra de negócios com Joseph Pulitzer (já ouviu falar no Prêmio Pulitzer?), dono do New York World.
Porém, foi Walter Dushnyck, um colaborador dos nazistas e terrorista da “Organização Militar Ucraniana” (que apoiou os nazistas quando estes ocuparam parte da Ucrània em 1941), o homem por trás da farsa. Dushnyck refugiou-se nos EUA após a II Guerra, onde publicou o livro "50 anos atrás: o Holocausto de Fome na Ucrânia" (50 Years Ago: The Famine Holocaust in Ukraine, 1983), um panfleto repleto de referências nazistas, incluindo a capa, como uma caveira branca sobre uma foice e um martelo vermelhos: um dos temas favoritos dos posters hitleristas. Este livro continha as fotos do "genocídio ucraniano” publicadas originalmente no jornal de Hitler, o “Völkischer Beobachter” e nos de seu apoiador americano, William Randolph Hearst (cuja vida inspirou o filme Cidadão Kane).
Cabe lembrar que Hearst tinha estreita relação com o senador Joseph McCarthy, sendo um dos nomes fortes por trás do movimento de "caça aos comunistas" iniciado por ele na década de 1950, no que ficou conhecido como Macarthismo. Por meio do Comitê de Atividades Anti-Americanas, McCarthy liderou um comitiva inquisitorial que perseguiu qualquer que tivesse a mínima conexão com o marxismo, como o roteirista Dalton Trumbo, os diretoires Edward Dmytryk, John Huston e Orson Welles (que Hearst fez de tudo para derrubar quando este lançou Cidadão Kane), os atores Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Gregory Peck, Katharine Hepburn, Kirk Douglas, Burt Lancaster, Gene Kelly e até mesmo Frank Sinatra.
Outro responsável por disseminar essas mentiras sobre a URSS foi o escritor Robert Conquest, nos livros O Grande Terror (The Great Terror, 1968) e Colheita Amarga (The Harvest of Sorrow, 1986). O que poucos sabem é que Conquest trabalhou até meados da década de 50 para o Information Research Department (Departamento de Pesquisa de Informação), um organismo secreto do Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros) criado em 1948 pelo governo trabalhista para estudar o comunismo e combater ativamente a sua influência interna e externamente, promovendo um eficaz relacionamento com jornalistas dos principais jornais, dirigentes sindicais, etc. Datam desse tempo os seus primeiros textos sobre a União Soviética.
Robert Conquest, para escrever seu livro, teve como ajudante James Mace que, assim como Nicolas Werth (organizador do "Livro negro do comunismo”), adotaram um método estatístico falho criado por Dushnyck para "medir" a quantidade de mortos na fome de 1931-32. O método de Dushnyck pode ser avaliado pelo seguinte trecho de seu livro: “tomando os dados do censo de 1926 e os do censo de 1939 e a média de aumento [da população] antes da coletivização (2.36% ao ano), podemos calcular que a Ucrânia perdeu 7 milhões e 500 mil pessoas entre os dois censos”. Logo, ele conclui que esses seriam os mortos de fome entre 1932 e 1933.
O método de Dushnyc apresenta outras falhas:
1) Ignorar o fato de que uma parte da população que no censo de 1926 era classificada como ucraniana – cerca de 2 a 3 milhões de cossacos – foi,no censo de 1939, reclassificada como russa, pela simples razão de que viviam da Rússia e não na Ucrânia.
2) Pressupor que, entre 1926 e 1939 ninguém morreu de outra causa que não a fome, como frio, pneumonia, velhice, etc.
3) Ignorar que na URSS e outros países, durante esse período, ocorreram duas grandes epidemias tifo e malária, ambas sem tratamento conhecido na época.
4) Pressupor que o número de mulheres na idade reprodutiva e com vida sexual ativa tivesse se mantido inalterado no período.
5) Ignorar as mortes na guerra e as quedas nas taxas de natalidade e fecundidade entre 1914 (início da I Guerra Mundial) e 1921 (fim da Guerra Civil).
6) Pressupor que a taxa de natalidade permaneceu constante durante os 13 anos em que a URSS passou por uma extraordinária transformação, com industrialização pesada sendo realizada, a reforma agrária por meio da coletivização da agricultura, além da preparação da defesa do país para a guerra, passos indispensáveis para a construção do socialismo.
A fome de 1931-1932, não foi causada pelo Estado soviético, nem foi planejada ou premeditada por Stalin. Primeiro, porque não morreram apenas ucranianos, mas também russos, bielorrussos e cazaques. Os camponeses ricos da Ucrânia, que exploravam a mão de obra do campesinato local, opondo-se à coletivização. Os próprios kulaks, que haviam enriquecido com a NEP de Lenin, recusaram-se a colher os frutos e grãos, principalmente depois que muitos camponeses sem-terra optaram por migrar para outras regiões da União Soviética, trabalhando em fazendas coletivas (as kolkhoses), em vez de ficar naquela região, sendo explorados.
Grupos de extrema-direita anti-comunistas, como a Organização Militar Ucraniana, atearam fogo nas suas plantações, atiraram nos rebanhos, matando animais, com o intuito de sabotar o processo de coletivização. Haviam, à época, 10 milhões de “kulaks”, para uma população camponesa total de 120 milhões de pessoas. Cerca de 1 milhão e 800 mil deles, por causa da pressão dos kulaks, optaram por migrar para outras localidades.
Pelo método de Dushnyck, adotado por outros autores como Robert Conquest e Nicolas Werth, a transformação da União Soviética, de país agrário a potencia industrial, bem com a passagem pela Guerra Civil (1918-1921) e pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), não teria afetado a taxa de natalidade. Em conseqüência dessa falha metodológica pessoas que nunca nasceram foram considerados mortas em genocídio que nunca se provou. Pois a taxa de natalidade, evidentemente, caiu entre 1926 e 1939 – e caiu significativamente.
Segundo Dushynck e os seguidores de seu método, teriam morrido 10 milhões de pessoas na fome de 1931-1932. Todavia, Rússia, Ucrânia e muitos países do mundo, até meados do século XX, quando se consolidou a chamada "Revolução Verde", enfrentavam crises periódicas de fome. Entre 1891 e 1892, no Império Russo, governado pelo czarismo, a fome matou entre 13 e 35 milhões de pessoas, em decorrência, além das técnicas precárias de cultivo, do rigoroso inverno no qual as temperaturas chegaram a -31º C.
Outras fontes:
BLACK, Edwin. A IBM e o Holocausto.
DAVIS, Marion. The Times we Had: life with William Randolf Hearst
DIAMOND, Jared. Armas, Germes, Aço: o destino das sociedades humanas.
LEONHARD, Wolfgang. O Futuro da União Soviética.
LOSURDO, Domenico. Stalin: história e crítica de uma lenda negra.
MARTENS, Ludo. Stalin: um novo olhar.
NASAN, David. The Chief: the life of William Randolf Hearst
STRONG, Anna L. A Era Stalin.
PROCTER, Ben. William Randolf Hearst: the early years (1863-1910)
PROCTER, Ben. William Randolf Hearst: the later years (1911-1951)
TOTTLE, Douglas. Fraude, Fome e Fascismo.
Stalin - O Tirano Vermelho
3.7 4Mentiras sobre Stalin: O holomodor
A fome de 1931-1932, não foi causada pelo Estado soviético, nem foi planejada ou premeditada por Stalin. Primeiro, porque não morreram apenas ucranianos, mas também russos, bielorrussos e cazaques. Os camponeses ricos da Ucrânia, que exploravam a mão de obra do campesinato local, opondo-se à coletivização. Os próprios kulaks, que haviam enriquecido com a NEP de Lenin, recusaram-se a colher os frutos e grãos, principalmente depois que muitos camponeses sem-terra optaram por migrar para outras regiões da União Soviética, trabalhando em fazendas coletivas (as kolkhoses), em vez de ficar naquela região, sendo explorados.
Grupos de extrema-direita anti-comunistas, como a Organização Militar Ucraniana, atearam fogo nas suas plantações, atiraram nos rebanhos, matando animais, com o intuito de sabotar o processo de coletivização. Haviam, à época, 10 milhões de “kulaks”, para uma população camponesa total de 120 milhões de pessoas. Cerca de 1 milhão e 800 mil deles, por causa da pressão dos kulaks, optaram por migrar para outras localidades.
Toda mentira sobre o Holdomor começou quando William Randolph Hearst, magnata da imprensa estadunidense, conhecido antes da Segunda Guerra como "o fascista nº1 da América", viajou para Alemanha em 1934, cerca de 1 ano depois da ascensão de Hitler ao poder. Nessa viagem ele travou contato principalmente com Alfred Rosenberg, ideólogo do Partido Nazista, que, terminada a Segunda Guerra (1945), acabou julgado e executado no Tribunal de Nuremberg por crimes contra a humanidade.
No ano seguinte à viagem (1935), os jornais de Hearst começaram a espalhar a farsa do “holocausto ucraniano”. Hearst havia começado sua vida como empresário em 1887 após assumir o controle do jornal The San Francisco Examiner, que era do seu pai. Se mudando para Nova Iorque, ele comprou o The New York Journal e criou então a noção de "imprensa marrom", sendo por isso considerado "o pai do sensacionalismo". Neste ínterim, entrou em uma guerra de negócios com Joseph Pulitzer (já ouviu falar no Prêmio Pulitzer?), dono do New York World.
Porém, foi Walter Dushnyck, um colaborador dos nazistas e terrorista da “Organização Militar Ucraniana” (que apoiou os nazistas quando estes ocuparam parte da Ucrània em 1941), o homem por trás da farsa. Dushnyck refugiou-se nos EUA após a II Guerra, onde publicou o livro "50 anos atrás: o Holocausto de Fome na Ucrânia" (50 Years Ago: The Famine Holocaust in Ukraine, 1983), um panfleto repleto de referências nazistas, incluindo a capa, como uma caveira branca sobre uma foice e um martelo vermelhos: um dos temas favoritos dos posters hitleristas. Este livro continha as fotos do "genocídio ucraniano” publicadas originalmente no jornal de Hitler, o “Völkischer Beobachter” e nos de seu apoiador americano, William Randolph Hearst (cuja vida inspirou o filme Cidadão Kane).
Cabe lembrar que Hearst tinha estreita relação com o senador Joseph McCarthy, sendo um dos nomes fortes por trás do movimento de "caça aos comunistas" iniciado por ele na década de 1950, no que ficou conhecido como Macarthismo. Por meio do Comitê de Atividades Anti-Americanas, McCarthy liderou um comitiva inquisitorial que perseguiu qualquer que tivesse a mínima conexão com o marxismo, como o roteirista Dalton Trumbo, os diretoires Edward Dmytryk, John Huston e Orson Welles (que Hearst fez de tudo para derrubar quando este lançou Cidadão Kane), os atores Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Gregory Peck, Katharine Hepburn, Kirk Douglas, Burt Lancaster, Gene Kelly e até mesmo Frank Sinatra.
Outro responsável por disseminar essas mentiras sobre a URSS foi o escritor Robert Conquest, nos livros O Grande Terror (The Great Terror, 1968) e Colheita Amarga (The Harvest of Sorrow, 1986). O que poucos sabem é que Conquest trabalhou até meados da década de 50 para o Information Research Department (Departamento de Pesquisa de Informação), um organismo secreto do Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros) criado em 1948 pelo governo trabalhista para estudar o comunismo e combater ativamente a sua influência interna e externamente, promovendo um eficaz relacionamento com jornalistas dos principais jornais, dirigentes sindicais, etc. Datam desse tempo os seus primeiros textos sobre a União Soviética.
Robert Conquest, para escrever seu livro, teve como ajudante James Mace que, assim como Nicolas Werth (organizador do "Livro negro do comunismo”), adotaram um método estatístico falho criado por Dushnyck para "medir" a quantidade de mortos na fome de 1931-32. O método de Dushnyck pode ser avaliado pelo seguinte trecho de seu livro: “tomando os dados do censo de 1926 e os do censo de 1939 e a média de aumento [da população] antes da coletivização (2.36% ao ano), podemos calcular que a Ucrânia perdeu 7 milhões e 500 mil pessoas entre os dois censos”. Logo, ele conclui que esses seriam os mortos de fome entre 1932 e 1933.
O método de Dushnyc apresenta outras falhas:
1) Ignorar o fato de que uma parte da população que no censo de 1926 era classificada como ucraniana – cerca de 2 a 3 milhões de cossacos – foi,no censo de 1939, reclassificada como russa, pela simples razão de que viviam da Rússia e não na Ucrânia.
2) Pressupor que, entre 1926 e 1939 ninguém morreu de outra causa que não a fome, como frio, pneumonia, velhice, etc.
3) Ignorar que na URSS e outros países, durante esse período, ocorreram duas grandes epidemias tifo e malária, ambas sem tratamento conhecido na época.
4) Pressupor que o número de mulheres na idade reprodutiva e com vida sexual ativa tivesse se mantido inalterado no período.
5) Ignorar as mortes na guerra e as quedas nas taxas de natalidade e fecundidade entre 1914 (início da I Guerra Mundial) e 1921 (fim da Guerra Civil).
6) Pressupor que a taxa de natalidade permaneceu constante durante os 13 anos em que a URSS passou por uma extraordinária transformação, com industrialização pesada sendo realizada, a reforma agrária por meio da coletivização da agricultura, além da preparação da defesa do país para a guerra, passos indispensáveis para a construção do socialismo.
Ou seja, pelo método de Dushnyck, adotado por outros autores como Robert Conquest e Nicolas Werth, a transformação da União Soviética, de país agrário a potencia industrial, bem com a passagem pela Guerra Civil (1918-1921) e pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), não teria afetado a taxa de natalidade. Em conseqüência dessa falha metodológica pessoas que nunca nasceram foram considerados mortas em genocídio que nunca se provou. Pois a taxa de natalidade, evidentemente, caiu entre 1926 e 1939 – e caiu significativamente.
Segundo Dushynck e os seguidores de seu método, teriam morrido 10 milhões de pessoas na fome de 1931-1932. Todavia, Rússia, Ucrânia e muitos países do mundo, até meados do século XX, quando se consolidou a chamada "Revolução Verde", enfrentavam crises periódicas de fome. Entre 1891 e 1892, no Império Russo, governado pelo czarismo, a fome matou entre 13 e 35 milhões de pessoas, em decorrência, além das técnicas precárias de cultivo, do rigoroso inverno no qual as temperaturas chegaram a -31º C.
Outras fontes:
BLACK, Edwin. A IBM e o Holocausto.
DAVIS, Marion. The Times we Had: life with William Randolf Hearst
DIAMOND, Jared. Armas, Germes, Aço: o destino das sociedades humanas.
LEONHARD, Wolfgang. O Futuro da União Soviética.
LOSURDO, Domenico. Stalin: história e crítica de uma lenda negra.
MARTENS, Ludo. Stalin: um novo olhar.
NASAN, David. The Chief: the life of William Randolf Hearst
STRONG, Anna L. A Era Stalin.
PROCTER, Ben. William Randolf Hearst: the early years (1863-1910)
PROCTER, Ben. William Randolf Hearst: the later years (1911-1951)
TOTTLE, Douglas. Fraude, Fome e Fascismo.
O Jovem Karl Marx
3.6 272 Assista AgoraA grosso modo, poderíamos dizer que Comunismo seria, mais ou menos, uma forma de Socialismo ou uma consequência dele. A noção de Socialismo tem origem na Revolução Francesa. Mas, até Karl Marx só havia o Socialismo que depois passou a ser chamado de Socialismo Utópico. Aí veio Marx e propôs, baseado no método filosófico-científico chamado Materialismo Histórico Dialético, um outro socialismo, que é chamado de Socialismo Científico.
A questão é que os socialistas anteriores acreditavam e defendiam uma sociedade na qual não existem classes sociais ou nem uma outra forma de desigualdade, na qual as propriedades privadas, principalmente os meios de produção, fossem de todos, para uso igual e justo de todos. Alguns deles afirmava que à ela se chegaria quando a classe dominante (a burguesia) adquirisse consciência acerca das injustiças.
O que Marx - basicamente - fez, e que esses socialistas anteriores não fizeram, é, primeiramente, tecer uma crítica profunda e consistente do sistema em vigor. Para isso, formulou/desenvolveu conceitos como mais-valia, meios-de-produção e força de trabalho, entre outros. Depois, mostrou como a mudança para essa sociedade deveria acontecer, pensando as condições sociais e econômicas necessárias para que isso se desse, enquanto seus antecessores apenas acreditavam que um dia, naturalmente, isso aconteceria sem luta de classes, enquanto que, para Marx, é unicamente por meio da luta de classes que a revolução seria possível. Marx não acreditava que a mudança nas estruturas sociais e econômicas que perpetuam as desigualdades seria realizada por um iniciativa daqueles que dessas desigualdades se beneficiam, ou seja, a classe dominante. Segundo ele, era preciso que os dominados, ou seja, os trabalhadores do mundo unisse-se se quisessem perder os seus grilhões.
Para Marx essa mudança não aconteceria naturalmente ou sem esforço. Só se daria - resumidamente - por meio da revolução, quando a classe dominada (o proletariado, ou seja, os trabalhadores) rejeitando a exploração à qual sempre estiveram expostos, tomassem o poder e instaurassem um governo seu, fazendo a Reforma Agrária e estatizando/coletivizando as empresas privadas, colocando fim ao julgo da burguesia. Já o que chamamos de Comunismo, segundo Marx, seria o estágio final de uma sociedade na qual vigorasse o Socialismo Científico.
O Capitalismo e a Globalização tem mantido laços estreitos desde que nasceram. Tal é a ligação entre eles que poder-se-ia dizer serem gêmeos-siameses. Nascidos no século XV, a Globalização começou a ser gestada com as Grandes Navegações, outrossim, o Capitalismo foi veio à luz com o fim do Feudalismo. Ambos, Capitalismo e Globalização são filhos da burguesia já ascendida ao posto de classe dominante. Juntos, tem moldado nossos hábitos, especialmente aqueles ligados ao consumo. Se, por um lado, a Globalização faz com que determinados elementos culturais (especialmente das culturas e nações dominantes dentro da hierarquia global) se transformem em produtos que são consumidos no mundo todo; por outro, o Capitalismo, ao priorizar a acumulação de capital (ou seja, o lucro) faz com que o consumo seja estimulado intensamente por meio de publicidade, criando novas demandas, antes inexistentes, para novos produtos.
Jacques Decornoy (in MARQUES) coloca em relevo o fato de que a suposta promoção da integração, da aceitação e da valorização das diversidades prometidas pela Globalização se efetiva apenas na medida em que atende aos interesses do capital estrangeiro e preconizando a valorização da cultural ocidental. Nos países pobres o direito a essa tal integração é negado às suas massas, cuja única função é produzir, a baixos custos, que será consumido naqueles países. De um lado os países do sul: pobres, subdesenvolvidos, excluídos, e dependentes da exportação para os países ricos. De outro, os países do norte: ricos, desenvolvidos, incluídos, integrados, globalizados, explorando, ao seu bel prazer “os vizinhos de baixo”, e vivenciando as apregoadas benesses do capitalismo.
“... acentua a dependência na qual os países do Terceiro Mundo se debatem... em nome da mundialização, da ‘globalização’ pretensamente frutuosa dos intercâmbios. Dependência? Certamente. [...] O futuro não é nada radioso: os países industrializados tornaram-se cada vez mais protecionistas...” [DECORNOY, Jacques. Desenvolvimento e Pobreza.]
Outros autores, aprofundando-se no lado contraditório da Globalização, no qual integração e união de diferentes povos e culturas dá-se somente num plano teórico, ou, então, no que se refere à capacidade de transformar elementos de povos e culturas diversos em produtos para serem consumidos pelos que detém o capital financeiro. As massas, porém, que formam os fluxos de excluídos que migram das regiões mais pobres (menos globalizadas) para as mais ricas (mais globalizadas), cujo único produto a oferecer é sua mão-de-obra, são excluídas ou privadas desse processo globalizador, devido ao endurecimento das leis contra a imigração nos países considerados desenvolvidos. Todavia, se por um lado os imigrantes são ojerizados pelas populações desses países, para suas economias eles são desejados, pela abundância e pelo baixo valor de sua mão-de-obra.
“Na época da globalização dos mercados, em que o capital e as empresas derrubam as fronteiras das nações, o homem – principalmente o homem menos culto e mais pobre – vê surgir novas barreiras a impedi-lo de vender a única mercadoria que realmente lhe pertence: sua força de trabalho.” (MARQUES, Clovis.)
Ato contínuo, desta relação mutualista entre globalização e capitalismo advém problemas contemporâneos como o Consumismo (que é o consumo irrefreado, irracional e exagerado), o desperdício (consequência de quando se consome mais do que se necessita), a poluição gerada pelo excesso de lixo (que poderia ser reduzido se reduzíssemos o consumo individual e se as práticas da reutilização e da reciclagem estivessem satisfatoriamente difundidas e implementadas), bem como o esgotamento do recursos naturais por conta de uma exploração que ultrapassa o limites naturais de regeneração de nosso planeta.
"Os que no regime burguês trabalham não lucram e os que lucram não trabalham."(Engels)
"Horrorizam-se porque queremos abolir a propriedade privada. Mas em nossa sociedade a propriedade privada já está abolida para nove décimos de seus membros." (Marx)
Seria possível mudar essa situação mantendo o Capitalismo como sistema político-econômico? Ora, sendo o lucro a prioridade dentro deste sistema, concluiremos - quase inevitavelmente - que qualquer medida que afete ou reduza o lucros (como a redução do consumo), não seria colocada em prática e seria vista como uma ameaça em vez de uma solução. E antes que se diga que o Comunismo não é uma opção melhor que o Comunismo sob a alegação de que ele todas as tentativas de implementa-lo falharam, lembremos que em nenhum dos países que tentaram pô-lo em pática viveram apenas experiências socialistas, nunca jamais tendo chegado o estágio do Comunismo. Primeiramente, a Rússia passou por uma experiência Socialista, não Comunista, durante os anos que a União Soviética vigorou, isto é, entre 1917 e 1991.
"Os capitalistas chamam 'liberdade' à liberdade dos ricos de enriquecer e à dos operários para morrer de fome. Os capitalistas chamam liberdade de imprensa à compra dela pelos ricos, servindo-se da riqueza para fabricar e falsificar a opinião pública." (Lênin)
A Coréia deixou de ser um único país após a Guerra da Coreia, entre 1945 e 1953. A República Popular da Coréia ou Coréia do Norte, desde então, tem passado por uma experiência socialista também, assim como Cuba, que desde a Revolução Cubana (1959), também vive um modelo socialista. O comunismo nunca foi implantando em nenhum país pois, sendo ele um sistema econômico e político elaborado por Marx, ele seria o estágio final da evolução de uma sociedade socialista. Nenhuma das nações que tentaram o Socialismo - repito - chegaram ao estágio do Comunismo, por isso ele permanece com opção viável ao desigual e injusto sistema vigente que permite que 1% da população do planeta possua a mesma riqueza dos outros 99% da população.
Além do mais, na medida em que uma sociedade adere ao Capitalismo, o valor de seus indivíduos passa a ser medido pelo seu trabalho (e o preço pago por este varia de acordo com "o mercado") e pelo que consomem. Hoje, no Capitalismo, mais em qualquer época e em qualquer sistema político-econômico, consumir se tornou um ritual, para qual templos foram construídos em direção aos quais, milhões se dirigem todos os dias, em peregrinação: os shopping centers. O incentivo ao consumo está em toda parte: anúncios nos intervalos dos programas de tv, dentro do programas e dos filmes, nas redes sociais, por sms, nos outdoors, etc...
Desse modo, quando uma sociedade capitalista, por causa de suas desigualdades tão intrínsecas quanto basilares, não consegue oferecer a todos os seus membros as mesma possibilidades de renda por meio de um trabalho que possam lhe propiciar determinado padrão consumo, a parte menos favorecida dessa população irá, quase que inevitavelmente, buscar alternativas para obter poder de compra e assim poder consumir, pois mesmo que apenas inconscientemente, eles sabem que só assim terão algum valor dentro de sociedade, que é calcada no individualismo e na supervalorização da imagem e da aparência.
Ostentar uma roupa ou calçado de determinada marca - mesmo que seja um produto falsificado - é, nessa sociedade, um exercício (fútil, enganoso) de construção da própria identidade, bem como a autoestima. Portanto, usar a meritocracia para dizer que em nossa sociedade só adere ao crime quem não tem caráter, é um pressuposto vazio, raso, desprovido de dialética. O problema é muito mais complexo, a questão é bem mais profunda.
"Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!"
[Trecho da Internacional Comunista.]
Platoon
4.0 624 Assista AgoraSargento. Elias: - Barnes acredita no que ele está fazendo.
Chris Taylor: - E você? Você acredita?
Sargento. Elias: - Em 65, sim. Agora não. O que aconteceu hoje é apenas o começo. Nós vamos perder essa guerra.
Chris Taylor: - Pára com isso! Você realmente pensa assim? Nós?
Sargento. Elias: - Nós passamos tanto tempo chutando a bunda dos outros, parece que chegou hora de termos a nossa chutada.
Boi Neon
3.6 461Um vaqueiro que quer estilista, tem uma máquina de costura e tem medo de armas. Um mulher que dirige um caminhão que transporta gado e, se precisar, dá uma de mecânica também. Uma menina, filha de uma caminhoneira e criada entre vaqueiros, que ama cavalos. Assim o diretor Gabriel Mascaro vai desconstruindo estereótipos de gênero sem cair no panfletarismo, fugindo de maniqueísmos e reducionismos, ao passo que retrata a vida de gente simples do norte e nordeste brasileiro que sobrevive à margem do crescente e onipresente agronegócio.
Florence: Quem é Essa Mulher?
3.5 351 Assista AgoraO filme vale pela precisa atuação de Meryl Streep, equilibrando com perfeição humor e drama. Por causa dela, nos afeiçoamos à Florence e, se rimos nos momentos que ela tenta cantar, também nos deixamos contagiar por seu genuíno amor pela música.
Os dramas reais pela qual a verdadeira Florence Foster Jenkins (1868—1944), passou, são habilmente explorados pelo roteiro, o que faz com criemos ainda mais empatia para com a personagem. Talvez o pior deles seja ter contraído sífilis, na noite de núpcias, com seu marido, o Dr. Frank Thornton Jenkins. Quando se casaram, em 1885, ele tinha 33 anos. Ela tinha apenas 17 anos.
Quando criança Florence iniciou carreira na música como pianista, apresentando-se como “Little Miss Foster”.Chegou inclusive a dar um recital na Casa Branca durante o governo do Presidente Rutherford B. Hayes. Em consequência de sua doença, que ataca o sistema nervoso, tocar piano ficou cada vez mais difícil. Como o tratamento disponível à época incluía a ingestão de mercúrio e láudano, altamente tóxicos, os que complicou demais sua saúde, impedindo-a de seguir a carreira como pianista.
O filme conta também com uma reconstituição de época (cenários, figurinos...). Contudo, seus defeitos não podem ser negados. O pior deles é atenção exagerada que o roteiro dá a estórias e personagens paralelos. Em vez de enriquecer a trama, este recursos acaba mostrando-se enfadonho e supérfluo.
A atuação de Simon Helberg também me incomodou. Apesar de ser um ator de talento inegável, aqui ele sobrecarrega em sua atuação, do mesmo modo que o roteiro exagera na atenção que dispensa ao seu personagem. Sua constante preocupação em atuar, torna a sua atuação mecânica e pesada, desprovida de fluidez sutileza. Dá para perceber seu esforço em gesticular, em realizar expressões faciais, em tentar compor um personagem multidimensional, mas seu empenho resulta em um personagem indefinido, sem consistência, que não diz a que veio.
Sua presença no filme, como mais um alívio cômico (afinal, a protagonista em si já proporciona suficiente comicidade), acaba mostrando igualmente desnecessária. A cena em que ele ri no elevador após a primeira aula com Florence soa como se o público não fosse capaz de identificar quando a cena é cômica. É como se, para o diretor, as cenas em que Florence canta não fossem suficientemente engraçadas.
O filme é, em geral, formulaico e excessivo, e claramente feito com intenção de angariar indicações em premiações importantes. Duas cenas, em especial, são daquelas claramente pensadas para isso: aquela em que Streep, encarnando Florence, conversa com seu (2º) marido, interpretado por Hugh Grant, sobre seu sonho de cantar no Carmegie Hall; a outra, quando os dois conversam no leito de morte de Florence, no final do filme.
A minha cena favorita, contudo, vem depois que os créditos começam a descer:
"- Quer fazer outra tomada?
- Bem, não vejo por quê. Esta me pareceu perfeita."
[Gostou? Leia mais no meu blog thecinemaniaco.blogspot]