O primeiro filme de guerra de Christopher Nolan apresenta todos os elementos aos quais já estamos acostumados na cinematografia do diretor, o que, neste caso específico, acabou provocando, em minha opinião, vários pontos positivos e alguns pontos negativos.
Em primeiro lugar, é imprescindível destacar a trilha sonora (mais uma vez, um excelente trabalho de Hans Zimmer), a fotografia e os diversos aspectos técnicos do filme, que são espetaculares e promovem uma excelente ambientação do cenário de guerra retratado ao longo da obra. Neste caso, acredito que esta seja umas das poucas opiniões unânimes acerca de "Dunkirk": o filme é extremamente bem produzido.
Em segundo lugar, é importante destacar, como já foi mencionado antes, a presença de diversos elementos já vistos em trabalhos anteriores do diretor, como, por exemplo, a falta de linearidade temporal na história (que, no início, pode provocar um pouco de confusão no espectador, mas que ajusta-se ao longo da trama) e o extremo realismo adotado por Nolan. Este segundo aspecto observado corresponde, sem dúvida alguma, a um dos pontos mais "controversos" do filme, pois, à medida em que tornou possível uma melhor retratação da guerra, também proporcionou momentos "monótonos" e falta de profundidade nas personagens.
Com relação ao realismo existente, também é necessário mencionar que, neste caso, este elemento também fez parte de uma estratégia proposital do diretor em não destacar personagens ou eventos específicos ao longo da trama, mas retratar a guerra em si como a principal "personagem". Ao longo da guerra, não existem indivíduos, no campo de batalha, que se destacam muito mais que os demais, assim como não ocorrem longos momentos de monotonia ou constantes momentos de tensão, mas alternâncias entre os dois. Nolan procurou retratar a guerra como ela é, o que vai ao encontro da proposta de adotar o realismo mencionado anteriormente, mas também, do ponto de vista artístico ou cinematográfico, pode trazer alguns problemas ao filme. Assim, é possível dizer que o realismo existente em praticamente todas as obras de Nolan torna-se, neste caso, o ponto mais forte e, simultaneamente, mais fraco do filme, por mais contraditório que isso possa parecer.
Logo, "Dunkirk" é mais um bom trabalho de Nolan e com aspectos técnicos impecáveis, mas que peca em alguns problemas relacionados ao roteiro e ao desenvolvimento das personagens e perde a chance de ter se tornado um filme ainda melhor.
É o tipo de filme que me fascina pela simplicidade e, ao mesmo tempo, pela complexidade.
Em primeiro lugar, a simplicidade de se passar, quase que o tempo inteiro, em um único cenário e com as mesmas personagens.
Em segundo lugar, a complexidade de, por outro lado, apresentar excelentes atuações (sobretudo de Ronit Elkabetz), uma interessante crítica social quanto à forma como os divórcios são conduzidos em Israel e os diálogos fantásticos (neste caso, eu diria que a forma como as personagens interagem é o ponto alto do filme e um dos aspectos que eu, particularmente, mais gostei).
Além disso, apesar de, em muitas oportunidades, ser um filme que apresenta diversos momentos tensos (com várias cenas de discussões e brigas), também apresenta momentos de humor e consegue se tornar uma obra extremamente agradável de se assistir.
Recomendo para qualquer um que aprecie um bom filme.
Com alguns meses de atraso, finalmente consegui tempo para assistir esse filme com a calma e atenção necessárias. Anteriormente, havia escutado e lido muitos elogios acerca do mesmo e, por isso, decidi reservar um tempo especial para assistí-lo e devo admitir que, neste instante, o meu único arrependimento foi não ter o feito antes, pois o filme, como irei explicar com mais detalhes no meu comentário, é simplesmente incrível e vale cada segundo dedicado para acompanhá-lo.
Em primeiro lugar, gostaria de começar tratando dos aspectos técnicos do filme e de alguns detalhes que eu, particularmente, aprecio bastante e considero de considerável importância para qualquer filme: edição, trilha sonora e a ambientação da história (isto é, o figurino, os cenários e todos os elementos componentes do espaço no qual as personagens se encontram), com destaque aos dois primeiros mencionados.
Quanto à edição, era de se esperar que apresentasse elevada qualidade, sobretudo se considerarmos o excelente trabalho feito pelo diretor Daniel Rezende quando ainda trabalhava como editor, com uma edição precisa, mantendo algumas cenas um pouco mais longas e com bons planos sequência (lembrando, em alguns momentos e dadas as devidas proporções, o filme Birdman) e mantendo outras cenas um pouco mais rápidas e fluindo de forma mais frenética. Por sua vez, com relação à trilha sonora, é de se elogiar não somente a qualidade das músicas escolhidas, mas também o fato das músicas terem sido inseridas, de maneira bem agradável e correta, nas cenas e refletido a época na qual a história ocorre.
Em segundo lugar, é importante destacar as excelentes atuações e a direção do longa. Com relação às atuações, gostaria de destacar, sobretudo, a atuação espetacular de Vladimir Brichta. Brichta conseguiu, sem dúvida alguma, "encarnar" a personagem de uma forma completa, desde os seus momentos de alegria, loucura e êxtase durante os programas do Bingo e também durante as festas, até as explosões de raiva e momentos de maior tristeza de Augusto.
Neste filme, dessa forma, também é importante mencionar que o ator desempenha a difícil missão de, praticamente, interpretar dois personagens que se distanciam, ao longo da história, cada vez mais: o palhaço Bingo e o ator Augusto Mendes. Enquanto o palhaço permanece alheio à tudo que ocorre ao seu redor e mantêm o seu estilo imprevisível, alegre e engraçado, percebe-se que Augusto vai mudando ao longo do filme e enfrentando as mais diversas emoções possíveis, com Brichta constantemente acompanhando todos os altos e baixos e variações durante a trama de forma impecável.
Em terceiro lugar, é imprescindível destacar a parte mais importante deste filme (de qualquer filme): a história. Baseada em fatos reais e realizando uma belíssima homenagem a Arlindo Barreto e ao palhaço Bozo, a história é separada em duas partes mostradas de forma simultânea: a explosiva e rápida passagem de Augusto em seu trabalho de interpretação do palhaço Bingo e também, por outro lado, a vida familiar da personagem e todos os problemas pessoais enfrentados durante a trama.
Em minha opinião, o principal ponto de destaque na história remete à forma como Augusto, à medida que vai fazendo cada vez mais sucesso em seu programa, vai sendo "consumido" pela personagem que interpreta no show, isto é, o palhaço. De forma quase que constante, preocupa-se apenas em como melhorar o programa, em tirar fotos para revistas e em fazer, de todas as formas possíveis, as crianças rirem. De maneira simultânea, porém, esquece-se de fazer rir aquela que antes era a única criança à qual ele dava real atenção e afeto: o seu filho. Assim, torna-se um sucesso estrondoso como um palhaço que alegra as crianças em todas as manhãs, mas abandona o próprio filho e o restante da família de maneira proporcional.
Outro ponto de destaque remete ao fato de Augusto, ao longo de toda a história, perseguir um tipo de sucesso e reconhecimento que jamais obtêm: o de ser reconhecido pelo seu nome e por quem ele realmente é de forma nacional à exemplo da mãe. Ao interpretar o palhaço, tem a obrigação de permanecer com a identidade anônima, o que, em diversos momentos da história, causa revolta, decepção e frustração no ator, que se vê preso à figura de Bingo e jamais capaz de mostrar o seu rosto e obter o reconhecimento desejado.
Esses dois principais aspectos do filme se encontram ao final, com Augusto conseguindo se reconciliar, após diversos altos e baixos, com o seu filho e com o fato do ator ter passado a se apresentar em igrejas e sem a obrigação de esconder a própria identidade. Portanto, ele não abandona a figura de Bingo e o que mais gosta de fazer, mas também não abandona a família e a si próprio.
Portanto, em resumo e para finalizar o comentário, apenas gostaria de exaltar a qualidade do filme e todos os pontos positivos mencionados anteriormente, assim como gostaria de destacar a minha felicidade, particularmente, em acompanhar uma obra deste tipo sendo produzida no cinema nacional, o que me dá esperanças de mais melhoras e evoluções no cinema brasileiro. Assim, aplaudo e recomendo este filme incrível!
Já assisti este filme várias vezes e, felizmente, tive a oportunidade de revê-lo ontem à noite. Quanto ao filme em si, apenas gostaria de dizer que é muito bem feito e corresponde a uma excelente homenagem a um clássico da história do cinema.
No entanto, o que eu gostaria realmente de comentar é a minha tremenda insatisfação (e surpresa) ao ver a nota desta obra aqui no Filmow. Obviamente, o filme não é uma obra-prima, mas "3,3" já é uma nota exageradamente rigorosa e baixa.
Espero que a maioria das pessoas não julgue, com antecedência, o filme com base nessa nota. Abraços a todos.
Apesar da boa sinopse e do excelente elenco, admito que eu comecei a assistir o filme de uma forma bastante despretensiosa. Para a minha surpresa, o diretor Tom Ford conseguiu entregar um ótimo suspense, tanto na direção de qualidade quanto na interessante história apresentada.
Primeiramente, gostaria de destacar as ótimas atuações do elenco. Apesar de admirar bastante o trabalho da Amy Adams, acredito que a sua atuação neste filme não encontra-se à altura do seu talento (ela está bem no filme, mas, em diversas oportunidades, tem uma atuação apenas "normal" e sem grandes momentos de maior destaque). Quem, realmente, "brilha" em "Animais Noturnos" são os atores Jake Gyllenhaal (com outra excepcional performance em sua carreira), Michael Shannon (que sempre funciona muito bem como um ator coadjuvante e de suporte para a história) e, surpreendentemente, Aaron Taylor-Johnson (que está, sem quaisquer dúvidas, "assustador" no papel).
Segundo, é também importante dar ênfase à história e à maneira com a qual ela é apresentada ao longo da obra. É muito interessante como a trama do livro escrito por Edward se desenrola à medida na qual cada vez mais detalhes do passado da vida pessoal de Susan são revelados e também a forma como as duas "histórias paralelas" apresentam uma fascinante conexão.
É possível perceber que Edward não escreveu uma história tensa e brutal e depois dedicou o livro à Susan à toa. Torna-se evidente, ao longo do filme e na minha opinião, que a morte da esposa e da filha da personagem principal do livro correspondeu, basicamente, à uma espécie de "metáfora" utilizada por Edward para descrever o que ele realmente sentiu quando Susan fez o aborto, pois, para ele, após o que Susan fez, sua esposa havia "morrido" para ele de uma forma sentimental, enquanto o bebê havia morrido de fato.
Inclusive a própria Susan, em uma determinada cena do filme, descreve o livro como "brutal e, instantes depois, descreve o que ela havia feito com Edward também como "brutal", o que torna ainda mais claro que essa foi a "conexão" realmente por Tom Ford entre as duas histórias.
Assim, o filme é tenso, assustador, surpreendente e, acima de tudo, de excelente qualidade. Recomendo!
Bem, devo admitir que este filme é, sem dúvida alguma, bem peculiar e apresenta altos e baixos. Apesar de acreditar que ele entregue mais pontos positivos do que negativos, alguns aspectos negativos (sobretudo nos minutos finais do filme) têm um efeito "devastador" em vários bons elementos apresentados ao longo da trama.
Primeiramente, gostaria de destacar o fato de que a história ocorre praticamente em apenas um único cenário e com três personagens. Certamente, essa "simplicidade" me chamou bastante a atenção e contribuiu para o filme.
Segundo, a interação entre as personagens é simplesmente incrível. As falas entre elas e a forma como elas vão se conhecendo melhor ao longo da história é, definitivamente, o ponto mais alto do filme. Além disso, vale a pena destacar as atuações (sobretudo Mary Elizabeth Winstead e John Goodman, que está impecável ao interpretar Howard), que contribuem para representar essas "instáveis" relações entre as pessoas que moram no porão.
Terceiro, o clima de tensão e suspense é criado de uma forma bem inteligente e paulatina, desenrolando-se ao longo da história e à medida que as personagens vão interagindo de uma maneira mais profunda.
Porém, após todos esses diversos elementos positivos, a história infelizmente é prejudicada de uma forma extrema com as cenas finais do filme. Não necessariamente no final que foi escolhido (apesar de ter sido clichê e pouco criativo), mas em várias falhas na forma como ele foi apresentado.
Após Michelle sair do porão, diversos "furos" no roteiro começam a aparecer.
O primeiro deles é o fato dela retirar a máscara e começar a respirar tranquilamente. Como o ar deixou de ser tóxico tão rapidamente após todo o material radioativo que foi despejado no ambiente? Nesse momento, o filme, que apresentava um aspecto bastante realista, peca, exatamente, no realismo. Considerando apenas acidentes nucleares no século passado (com usinas nucleares menos potentes do as atuais), é conhecido que o material radioativo permanece no local após décadas. Então como esse material radiativo, possivelmente de uma tecnologia alienígena ou mesmo de bombas nucleares humanas, dissipou-se tão rapidamente?
O segundo deles ocorre no momento em que uma nave alienígena despeja mais material tóxico no ar e a personagem recoloca a máscara para se proteger. No entanto, mesmo após grande quantidade de ar ter entrado no carro, ela, dentro do automóvel, permanece sem máscara (após um monstro ter a retirado dela) e não aparenta qualquer tipo de problema.
O terceiro (e, na minha opinião, mais absurdo) deles é o fato dela ter destruído um gigante monstro alienígena e derrubado toda uma nave apenas jogando um coquetel molotov caseiro que ela havia preparado dentro do carro em alguns minutos. Sinceramente, isso foi completamente absurdo.
Portanto, o filme não é ruim, mas poderia ter sido muito melhor caso o final (que prejudica bastante a história) tivesse sido elaborado da mesma forma cuidadosa e criativa pela qual o restante do filme foi elaborado.
Comecei a assistir o filme com altas expectativas (devido, principalmente, ao fato de conhecer a qualidade da direção do Denis Villeneuve) e devo admitir que toda a expectativa que eu tinha antes foi recompensada com esta excelente obra.
Primeiro, gostaria de destacar alguns aspectos técnicos. A direção de Villeneuve, a fotografia e a trilha sonora, por exemplo, estão incríveis e auxiliam a criar um clima de tensão à medida em que a trama aproxima-se do clímax.
Segundo, é importante também destacar o principal elemento do filme que o torna diferenciado em relação a diversas outras produções de ficção científica: a história (e, evidentemente, a forma como ela se desenrola). À princípio, apesar da trama ser bem elaborada e o diretor apresentar um realismo poucas vezes antes visto para filmes desse gênero (desenvolvendo a história de uma forma próxima ao que iria realmente acontecer se OVNIS fossem detectados na Terra), o filme não mostrava muitos aspectos ou elementos que conseguissem torná-lo um pouco mais diferenciado ou que o fizessem ser lembrado de uma maneira especial. No entanto, é a partir da segunda metade da história que o grande plot-twist é revelado.
Depois de todos os estudos e pesquisas realizados pelo cientista e pela linguista, é enfim revelado que, na verdade, os alienígenas, diferentemente de outros filmes do gênero, não estavam interessados em guerrear contra os seres humanos, extrair os nossos recursos minerais, estudar o planeta Terra ou qualquer outra explicação clichê que poderia ter sido estabelecida. Na verdade, no final das contas, os alienígenas eram aqueles que precisavam dos humanos e queriam a sua ajuda, todavia não a queriam no presente, mas no futuro. Sendo assim, a única maneira encontrada para garantir que a humanidade, em certo momento, tivesse condições de ajudá-los, seria estabelecer uma situação de tamanho alerta entre os países que todos fossem obrigados, em dado instante, a se unir. Além disso, também forneceram um "presente", dando aos humanos o conhecimento do seu complexo idioma e, consequentemente, a capacidade de ver o universo e o tempo de uma forma distinta.
Apesar dessa trama, por si só, já ser incrível e tornar o filme bastante especial, também vale a pena destacar a forma como ela é revelada. Depois de assistirmos várias cenas entre a Lousie (interpretada brilhantemente por Amy Adams) e a sua filha Hannah imaginando se tratar de um passado triste da protagonista, somos surpreendidos pelo fato de que, na verdade, tais cenas tratam-se do futuro e que somente devido à chegada dos alienígenas que foi possível que a doutora se casasse, tivesse filhos, fosse mais reconhecida mundialmente e que toda essa história ocorresse, o que fornece um aspecto mais "pessoal" ao filme e o aproxima mais de um complexo drama do que de um filme de ficção científica ordinário.
Assim, apenas posso afirmar que esse filme correspondeu a todas as minhas altas expectativas e já entra na minha lista de filmes favoritos de ficção científica. Recomendo bastante!
Esse é o tipo de filme que você assiste, na maior parte do tempo, com um sorriso no rosto! Mesmo eu que não sou um grande admirador de musicais ou filmes românticos, tenho que admitir que este romance em forma de musical é, sem dúvida alguma, um filme diferenciado e de excelente qualidade, com uma história que, apesar dos seus naturais "clichês", consegue envolver o espectador e entregar um final emocionante.
Primeiramente, gostaria de destacar a direção de Damien Chazelle. Este diretor, mesmo sendo bastante jovem, já havia chamado a minha atenção (e de muitas outras pessoas) com o excelente trabalho feito em Whiplash e, com "La La Land", ele definitivamente marca a sua presença ainda mais na indústria cinematográfica. Em um estilo bastante distinto do tenso drama apresentado em seu filme anterior, desta vez Chazelle optou por um aspecto mais leve, engraçado e divertido que, sem dúvida alguma, prende a atenção do público. A forma como ele filma as cenas de dança em planos sequências é simplesmente belíssima.
Segundo, também é importante mencionar as ótimas atuações, fotografia e trilha sonora, que fornecem um aspecto bastante colorido, vibrante e especial ao filme. Quanto às atuações, tanto Emma Stone quanto Ryan Gosling entregam boas performances, mas é Stone quem realmente "rouba a cena", com aquela que, na minha opinião, é a sua melhor atuação na carreira. Com relação à fotografia e às músicas, elas desempenham um papel fundamental para fazer o filme "respirar" jazz de uma forma que eu ainda não havia visto anteriormente em qualquer outra obra do gênero.
No final das contas, "La La Land" não é a obra-prima que talvez os inúmeros prêmios e indicações possam indicar que seja, mas é um ótimo (e divertido) musical que merece uma atenção devida. Recomendo o filme!
De todos os filmes indicados ao Oscar que eu assisti até o momento, este foi o que mais me decepcionou. Não porque é um filme ruim (na verdade, é um bom filme), mas porque, pelo o que eu li de críticas e me informei sobre premiações, acreditava que esta obra poderia entregar (com relação à história, direção e atuações) algo um pouco mais memorável ou especial. Ao invés disso, deparei-me com um filme que fornece um bom drama familiar, mas que não foge do que já foi visto em diversas outras produções do gênero e não se arrisca muito em uma trama que poderia ser melhor explorada.
Primeiramente, gostaria de destacar o personagem principal da história: Lee Chandler. Apesar de ser completamente compreensível que, após todos os acontecimentos por ele enfrentados (e que são revelados durante o filme em "partes"), ele tenha dificuldade de iniciar novos relacionamentos, observa-se que esse seu aspecto introvertido, a partir da segunda metade da história, torna-se bastante insuportável e bloqueia diversas oportunidades da trama se tornar mais interessante.
Segundo, também é importante destacar que os relacionamentos de Patrick não são muito bem explicados, assim como algumas personagens que aparecem rapidamente na história e desaparecem com a mesma rapidez e sem qualquer explicação.
Colocando a história à parte e analisando as atuações, a única performance que chama um pouco mais a atenção do espectador é, definitivamente, a de Lucas Hedges (que, apesar de bastante jovem, está ótimo no filme). Apesar de diversas indicações e prêmios, a atuação de Casey Affleck não somente não conseguiu me "fascinar", mas também até acredito que a sua atuação foi fraca (permanecendo com o mesmo semblante praticamente todo o filme) e com poucos momentos que exigiram maior esforço.
Assim, nesta longa crítica, apenas gostaria de esclarecer que o filme merece atenção, pois, como dito anteriormente, é um interessante drama familiar, mas, com certeza, não merece todos os prêmios, indicações e elogios que recebeu, pois apresenta diversas falhas e aspectos que poderiam ter sido melhorados.
Bem, tenho que admitir que não tinha altas expectativas acerca de "Rogue One" e estava um pouco preocupado com a forma como o diretor (Gareth Edwards) e a Disney iriam abordar uma história que, diferentemente do Despertar da Força, iria se passar antes dos eventos da trilogia original e iria envolver personagens antigos e clássicos do Universo Star Wars (como, por exemplo, Moff Tarkin e o Darth Vader). No entanto, após assisti-lo, devo também afirmar que fui surpreendido positivamente com a qualidade deste filme e fiquei bastante feliz com o trabalho que foi apresentado, pois a película é realmente muito boa e muito melhor do que eu imaginava que seria!
Inicialmente, gostaria de destacar as diferenças deste filme para os demais presentes na franquia. A principal delas, com certeza, é a forma como o diretor consegue evidenciar diversos aspectos jamais mostrados ou explorados anteriormente, como, por exemplo, as batalhas "de campo" e o cenário de guerra que marcam essa fase da história do Star Wars (fornecendo um elevado realismo para os confrontos entre os rebeldes e as tropas imperiais) e também a forma como a Aliança Rebelde é retratada, mostrando que os rebeldes, em um contexto de guerra, muitas vezes tinham de fazer algumas coisas não tão heroicas, desconstruindo parte da imagem que eles apresentavam anteriormente.
Além disso, também é importante mencionar que os novos personagens introduzidos são bem interessantes, com destaque para o Chirrut Îmwe (interpretado pelo Donnie Yen) e o K-2SO (este aqui o meu preferido dentre todos os demais). Os diálogos e as interações que apresentam entre si conseguem ser muito bem elaboradas e apresentam a quantidade correta de humor e drama. Além disso, cada qual desempenha bem o seu papel na história, nem sendo explorados de uma forma bastante profunda (o que seria desnecessário devido ao fato de nós já sabermos, antes mesmo de assistir o filme, o que vai acontecer com eles ao final da história, e também seria "inconveniente" pelo fato de todos eles estarem lutando e tentando sobreviver quase o tempo todo, não dando espaço, com razão, para eles apresentarem suas respectivas histórias particulares) e nem sendo introduzidos de uma forma extremamente rasa e superficial.
Os efeitos especiais estão fantásticos (inclusive o CGI de alguns personagens, que, no meu ponto de vista, está o mais realista e decente possível), a fotografia é belíssima e a trilha sonora (como de costume) é incrível.
Por fim, gostaria de deixar a minha opinião acerca do que foi o grande ponto alto do filme: Darth Vader. O que dizer sobre a participação do mais icônico personagem de toda a história do Star Wars nesta película? Na verdade, eu simplesmente não tenho palavras para descrever o que eu senti quando eu ouvi novamente aquela voz do James Earl Jones ou quando eu o vi saindo das sombras com aquela pose assustadora ou mesmo quando, no final do filme, ele entrega aquela que deve ser uma das melhores cenas de todos os filmes da franquia! Apenas digo que somente as cenas do Darth Vader já iriam fazer este filme valer a pena, mas o melhor de tudo é que "Rogue One" consegue entregar muito mais do que apenas estas cenas e consegue desempenhar muito bem o seu papel de preencher uma pequena lacuna no Universo Star Wars. Recomendo o filme!
Analisando, friamente, não dá para negar os vários erros presentes no filme, como algumas cenas muito "rápidas" e mal exploradas, atuações não muito convincentes (exceto, evidentemente, a excepcional performance de Bela Lugosi, que parece que nasceu para interpretar o Drácula) e a ausência de um clima de tensão que conseguisse fornecer um efetivo medo no espectador (algo que, pelo menos para mim, não ocorreu).
Aliás, o filme apresenta apenas alguns pontos positivos, como, por exemplo, os diálogos entre Van Helsing e Drácula (que eu, particularmente, achei bem interessantes) e, como eu mencionei antes, a atuação de Lugosi, que foi a única coisa que me fez assistir o filme até o final. Apesar de não concordar com a ideia de que "todo filme clássico é bom", não há como negar que o fato do filme ser clássico e fornecer muitos elementos que (até hoje) são utilizados em vários filmes de terror, contribuiu (e muito) na forma como eu assisti e avaliei este filme.
Para quem gosta de filmes do gênero e filmes antigos, esta versão mais antiga do "Drácula" está longe de ser um filme péssimo, mas também é, no máximo, um filme regular.
Um verdadeiro clássico da história do cinema! É incrível como Hitchcock, de maneira tão simples (com os poucos recursos para se fazer um filme na época) consegue criar um clima de tensão e suspense que prende a atenção do espectador até a última cena (que, aliás, é marcada por um final surpreendente).
Por outro lado, se a história é contada de maneira simples (porém muito efetiva), o filme nos proporciona um dos melhores (se não o melhor) e mais complexos estudos sobre psicologia já feito em uma produção de cinema, focando no personagem Norman Bates (interpretado, brilhantemente, por Anthony Perkins). É fascinante como a dualidade e a confusão do personagem (assim como a sua relação conturbada com a mãe) são retratadas de maneira sutil durante todo o filme (sempre mantendo um grande segredo acerca das reais intenções de Norman) até serem explicadas e elucidadas no final.
Gostaria de ter conhecido esta fantástica obra um pouco mais cedo, mas fico feliz de finalmente ter assistido e recomendo para qualquer um que goste de filmes de suspense ou apenas queira começar a ver as obras deste mestre do cinema chamado Hitchcock.
Apesar de já ter assistido alguns trechos deste filme, nunca havia o assistido por completo. Depois de assisti-lo, agora me pergunto por que demorei tanto tempo! Após "Queime Depois de Ler", "Inside Llewyn Davis" e "Fargo", já tinha noção de que os irmãos Coen eram excelentes diretores, mas, com certeza, "Onde os Fracos Não Têm Vez" corresponde à obra-prima definitiva dos dois.
O filme consegue explorar bem os seus personagens e os seus objetivos (mesmo que esses objetivos se resumam a uma luta incessante por uma mala cheia de dinheiro) por meio de uma história bem construída e excelentes diálogos, fornecer um clima de tensão e ainda apresentar espaço para o humor negro característico dos trabalhos dos irmãos Coen.
Além disso, gostaria de destacar mais dois aspectos que me agradaram bastante no filme. Primeiro, as atuações de Tommy Lee Jones e, principalmente, Javier Bardem (que, ao mesmo tempo no qual retrata um assassino psicopata desprovido de emoções, também consegue fornecer características únicas ao seu personagem). Segundo, eu não poderia deixar de mencionar um detalhe que, ao meu ver, torna o filme ainda mais interessante, que é a incessante preocupação de Anton Chigurh em não manchar os seus sapatos de sangue (eu sei que é só um detalhe, mas, sobretudo na cena final, eu acredito que é um aspecto bem interessante que não deveria passar despercebido).
Por fim, eu tenho que admitir que a "meia estrela" que faltou na minha nota deve-se ao final. Não estou dizendo aqui que o final foi ruim, mas, sem dúvida, após ter acompanhado, desde o começo do filme, uma excelente e envolvente trama, eu esperava um encerramento à altura. O final, obviamente, não estraga o filme, mas deixa a sensação de que faltou um pouco mais de capricho para encerrar esta brilhante obra de uma maneira mais interessante.
Confesso que fui assistir o filme somente para ver a atuação do Stallone e me surpreendi não somente por ter visto aquela que, em minha opinião, corresponde a sua melhor atuação na carreira (e com indicação merecida ao Oscar) como também por ter assistido um filme bem mais interessante do que eu imaginava. Apesar de ser um filme de boxe e que, assim, acaba apresentando aqueles clichês "naturais" para filmes do gênero, este aqui nos traz uma história bem original, diferenciando-se, por exemplo, dos filmes da franquia do Rocky, pois, ao invés de vermos um lutador surgindo de um lugar pobre e buscando sucesso nos ringues, aqui observamos um rapaz que, na verdade, tem uma vida muito confortável e procura se "aventurar" no boxe para honrar o nome do seu pai.
Achei que a relação entre o Adonis e o Rocky foi muito bem construída e explorada (tanto que as melhores cenas são as que envolvem os dois), mostrando, pela primeira vez, o Rocky não como um lutador dos ringues, mas um mentor. Portanto, vale a pena assistir e ser surpreendido por esse filme bem interessante e que honra muito bem o legado do Rocky e do Stallone.
Encerrando minha "maratona" de filmes indicados ao Oscar, eu acredito que a encerrei com aquele que deverá ser o filme premiado este ano. Não que eu considere "Spotlight" o melhor filme do ano (embora ele seja um dos melhores e mais interessantes), mas porque é o tipo de filme que a Academia adora premiar, pois não somente é uma obra de excelente qualidade e bem construída, como também apresenta uma crítica social subentendida.
Com certeza, o principal mérito que eu atribuo ao diretor Tom McCarthy foi a sua preocupação em mostrar, de maneira fiel, um jornalismo investigativo real, com uma investigação lenta, sem grandes reviravoltas e com todas as dificuldades de uma época onde a obtenção de informações era mais difícil do que atualmente. Porém, ao mostrar, com fidelidade, todo esse processo investigativo, o filme não torna-se monótono, mas, à medida que a investigação cresce e os personagens se envolvem cada vez mais nela, o filme e a tensão também crescem.
Além disso, como eu mencionei antes, "Spotlight" nos traz uma interessante (e corajosa) crítica à maneira como a Igreja Católica e a religião podem ser poderosas de tal maneira que possam até estar acima da lei (ou seja, não é uma crítica à Igreja em si, mas à forma como a sua influência pode acabar tornando-a uma instituição "intocável") e também uma homenagem à imprensa e à forma como ela é importante na sociedade.
Eu não imaginava que este filme poderia superar tantos as minhas expectativas ou que, no final, eu iria gostar tanto dele, mas a verdade é que "A Grande Aposta" é, surpreendentemente, um dos filmes mais inteligentes dentre os que estão concorrendo ao Oscar.
Primeiro, é necessário ponderar que, apesar de ter gostado do filme, este não é "um filme para qualquer um" e é necessário que o espectador fique bem atento aos diversos detalhes e termos utilizados e à história frenética que é apresentada, o que torna bem compreensível considerar o filme como "confuso" ou "mal construído".
Dito isso, também é importante analisar que, apesar do filme realmente se tornar um pouco mais confuso do que o adequado em sua metade (esta é a parte na qual é necessária mais atenção ainda), é nítida a proposta do diretor de buscar "facilitar" a compreensão do que está acontecendo, seja com as "quebras de quarta parede" ou com as divertidas explicações que são fornecidas durante a história (dentre as quais eu destacaria a de Margot Robbie na banheira e de Selena Gomez no cassino).
Junto com essas "ferramentas" utilizadas para facilitar a compreensão, estão as excelentes atuações de Christian Bale e, sobretudo, de Steve Carell e também a maneira divertida e bem-humorada pela qual o diretor optou por contar à história que tornam o filme mais leve.
No entanto, eu acredito que o final do filme é o seu ápice, pois é a partir dele que aquilo que antes poderia ser visto como uma comédia transforma-se em um drama e uma inteligente crítica não ao sistema capitalista de uma forma geral, mas à maneira com a qual o capitalismo pode ser mal gerenciado e de como a incessante busca por dinheiro pode ser maléfica e afetar a vida de milhões de pessoas. Assim, após várias comédias de qualidade discutível (exceto "O Âncora"), Adam McKay nos entrega o melhor filme sobre a crise de 2008 e um dos filmes mais inteligentes do gênero.
Continuando minha "maratona" de filmes indicados ao Oscar e após não ter minhas expectativas completamente correspondidas com "Perdido em Marte" (apesar de ser um bom filme) e, principalmente, com "Brooklyn", eu fiquei muito contente e satisfeito com o que vi em "O Quarto de Jack".
Partindo de uma incrível e triste história de uma mãe e um filho presos em um pequeno quarto e, depois, retratando as enormes dificuldades que os dois começam a enfrentar para se integrar ao restante do mundo e à sociedade de uma maneira geral, é quase impossível o filme não fazer o espectador se emocionar, tanto de alegria quanto de tristeza.
Apesar da história ser comovente e do filme, como um todo, ser muito bem construído, acredito que sejam as atuações de Brie Larson e Jacob Tremblay e a sintonia que eles apresentam na história que "carregue o filme nas costas". Os dois conseguem, brilhantemente, expressar todas as dificuldades que os seus respectivos personagens estão passando e demonstrar que, mesmo tendo saído, fisicamente, do quarto, eles, de alguma maneira, ainda estavam presos e tiveram que se libertar aos poucos.
Assim, o filme é, em minha opinião, um dos favoritos ao Oscar e consegue cumprir muito bem a simples proposta de fazer o espectador se emocionar e se comover com a trama.
Em todo ano, nas nomeações ao Oscar, sempre há aquele filme que não sabemos o porquê de ter sido indicado. Este ano, é "Brooklyn". A obra do diretor John Crowley não chega a ser um filme ruim e até apresenta alguns pontos bem positivos, como a sutileza com a qual a história é retratada, a bela fotografia e a atuação de Saoirse Ronan que fazem com que este seja um filme muito agradável de se assistir.
No entanto, fiquei com a sensação de já ter visto a mesma coisa em vários outros filmes de época e de romance e de que o diretor não foi além e apenas mostrou uma fórmula já conhecida. Assim, apesar de agradável, "Brooklyn" não te surpreende e não justifica uma indicação ao Oscar de melhor filme.
Não é um filme fenomenal e acredito que não o indicaria ao Oscar (pelo menos, não em uma lista de oito selecionados), mas é um bom filme e, provavelmente, o melhor trabalho de Ridley Scott, mestre em produzir filmes de ficção científica, desde "Falcão Negro em perigo".
A fotografia está fantástica, a história é interessante e a atuação de Matt Damon, considerando a dificuldade de atuar a maior parte do filme sozinho, é muito boa (embora também não o indicasse ao Oscar de melhor ator). No entanto, acredito que o excesso de positividade de Mark Watney durante o tempo que passou em Marte, apesar funcionar bem como uma válvula de escape à tensão que a trama apresenta quando surgem cada vez mais dificuldades ao resgate do astronauta, desperdiçou a chance de um maior aprofundamento psicológico acerca do personagem e de uma maior dramatização da história (à exemplo do que feito em filmes com propostas parecidas, como "Náufrago" e "Apollo 13").
Assim, apesar de ser um pouco superestimado, "Perdido em Marte" ainda é um filme interessante e muito bom de assistir, embora tenha perdido a chance de ir mais além e de ser bem melhor do que acabou sendo.
Após alguns filmes nos quais ele não apresentou o seu padrão de qualidade usual (principalmente em Lincoln, Cavalo de Guerra e Indiana Jones), acredito que desde "Munique" eu não ficava tão satisfeito com um filme do Spielberg. Não considero "Ponte de espiões" uma obra prima do diretor e sequer o colocaria dentre os seus melhores trabalhos, mas é o seu melhor filme nos últimos anos.
Com um roteiro bem construído, boas atuações do elenco (com destaque à Mark Rylance) e uma direção "satisfatória" de Spielberg, o filme não é tão nacionalista quanto alguns dizem (pelo menos, muito menos que, por exemplo, "Sniper Americano", que concorreu ao Oscar do ano passado), mas até fornece uma nova visão acerca da Guerra Fria além da visão americanizada já comum em filmes acerca do tema.
Não que ser nacionalista (contanto que não seja em excesso) seja, necessariamente, um problema, mas o fato é que ele retrata este determinado período histórico de espionagem de maneira que fica evidente que, durante o conflito, "bem" e "mal" e "certo" e "errado" eram conceitos completamente relativos. O que era considerado um crime de guerra nos EUA era, na verdade, um ato de heroísmo e patriotismo para os soviéticos e vice-versa, pois os dois países se espionavam e tentavam obter quaisquer informações à todo custo. Assim, o filme nos mostra que, apesar de tudo, soviéticos e americanos eram muito mais parecidos do que aparentavam ser e, com certeza, este é o seu maior mérito.
Sinceramente, ainda não sei o porquê de ter demorado tanto para assistir este fantástico filme. Mesmo com as críticas positivas que eu li à respeito e com a alta expectativa que eu tinha, acredito que "Relatos Selvagens" foi até melhor do que eu imaginava. É impressionante a maneira como são mostradas histórias de pessoas comuns e normais que, ao serem submetidas à situações extremas e inesperadas, conseguem mostrar o seu lado mais "selvagem" (o que justifica o título do filme).
Particularmente, gostei mais da segunda e da última histórias mostradas (principalmente a última, que, aliás, apresentou um final inesperado) e acredito que houve uma pequena queda de qualidade na metade do filme (em especial na penúltima história que é mostrada, que, na verdade, foge um pouco da premissa das outras situações mostradas). De uma maneira geral, no entanto, é mais um ótimo filme do cinema argentino e que nos faz refletir em como qualquer pessoa, em situações extremas, pode acabar tomando atitudes absurdas.
Confesso que pelo fato do Tarantino já ter feito um filme de faroeste (Django Livre), deste não ter o incrível Christoph Waltz (presente em seus dois últimos trabalhos) e por algum outro motivo estranho, uma parte de mim não esperava muito de "Os Oito Odiados", enquanto a outra parte insistia que, por ser um filme do Tarantino, ele não poderia sequer chegar perto de decepcionar.
No final das contas, o filme não somente não decepcionou, como também apresentou muito mais do que eu esperava e tudo aquilo que todos os fãs do diretor já esperavam de uma obra sua: diálogos inteligentes e bem construídos (com destaque para aquele monólogo fantástico do Samuel L. Jackson), excelente atuação do elenco (com destaque à Jennifer Jason Leigh) e trilha sonora e fotografia ótimos.
Além disso, apesar de serem utilizados oito personagens importantes na história, eles não são apresentados de maneira apressada ou superficial, mas são bem trabalhados e cada um se encaixa muito bem na trama. Provavelmente, o único ponto que me incomodou e que me impediu de dar cinco estrelas para este filme foi a pequena queda de qualidade nos dois últimos atos (que foram ótimos, mas não tão bons quanto os atos anteriores, sobretudo em relação ao terceiro). De qualquer maneira, eu já considero este um dos melhores trabalhos do Tarantino e recomendo até para os que não gostam do estilo do diretor.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraO primeiro filme de guerra de Christopher Nolan apresenta todos os elementos aos quais já estamos acostumados na cinematografia do diretor, o que, neste caso específico, acabou provocando, em minha opinião, vários pontos positivos e alguns pontos negativos.
Em primeiro lugar, é imprescindível destacar a trilha sonora (mais uma vez, um excelente trabalho de Hans Zimmer), a fotografia e os diversos aspectos técnicos do filme, que são espetaculares e promovem uma excelente ambientação do cenário de guerra retratado ao longo da obra. Neste caso, acredito que esta seja umas das poucas opiniões unânimes acerca de "Dunkirk": o filme é extremamente bem produzido.
Em segundo lugar, é importante destacar, como já foi mencionado antes, a presença de diversos elementos já vistos em trabalhos anteriores do diretor, como, por exemplo, a falta de linearidade temporal na história (que, no início, pode provocar um pouco de confusão no espectador, mas que ajusta-se ao longo da trama) e o extremo realismo adotado por Nolan. Este segundo aspecto observado corresponde, sem dúvida alguma, a um dos pontos mais "controversos" do filme, pois, à medida em que tornou possível uma melhor retratação da guerra, também proporcionou momentos "monótonos" e falta de profundidade nas personagens.
Com relação ao realismo existente, também é necessário mencionar que, neste caso, este elemento também fez parte de uma estratégia proposital do diretor em não destacar personagens ou eventos específicos ao longo da trama, mas retratar a guerra em si como a principal "personagem". Ao longo da guerra, não existem indivíduos, no campo de batalha, que se destacam muito mais que os demais, assim como não ocorrem longos momentos de monotonia ou constantes momentos de tensão, mas alternâncias entre os dois. Nolan procurou retratar a guerra como ela é, o que vai ao encontro da proposta de adotar o realismo mencionado anteriormente, mas também, do ponto de vista artístico ou cinematográfico, pode trazer alguns problemas ao filme. Assim, é possível dizer que o realismo existente em praticamente todas as obras de Nolan torna-se, neste caso, o ponto mais forte e, simultaneamente, mais fraco do filme, por mais contraditório que isso possa parecer.
Logo, "Dunkirk" é mais um bom trabalho de Nolan e com aspectos técnicos impecáveis, mas que peca em alguns problemas relacionados ao roteiro e ao desenvolvimento das personagens e perde a chance de ter se tornado um filme ainda melhor.
O Julgamento de Viviane Amsalem
4.3 83 Assista AgoraÉ o tipo de filme que me fascina pela simplicidade e, ao mesmo tempo, pela complexidade.
Em primeiro lugar, a simplicidade de se passar, quase que o tempo inteiro, em um único cenário e com as mesmas personagens.
Em segundo lugar, a complexidade de, por outro lado, apresentar excelentes atuações (sobretudo de Ronit Elkabetz), uma interessante crítica social quanto à forma como os divórcios são conduzidos em Israel e os diálogos fantásticos (neste caso, eu diria que a forma como as personagens interagem é o ponto alto do filme e um dos aspectos que eu, particularmente, mais gostei).
Além disso, apesar de, em muitas oportunidades, ser um filme que apresenta diversos momentos tensos (com várias cenas de discussões e brigas), também apresenta momentos de humor e consegue se tornar uma obra extremamente agradável de se assistir.
Recomendo para qualquer um que aprecie um bom filme.
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraCom alguns meses de atraso, finalmente consegui tempo para assistir esse filme com a calma e atenção necessárias. Anteriormente, havia escutado e lido muitos elogios acerca do mesmo e, por isso, decidi reservar um tempo especial para assistí-lo e devo admitir que, neste instante, o meu único arrependimento foi não ter o feito antes, pois o filme, como irei explicar com mais detalhes no meu comentário, é simplesmente incrível e vale cada segundo dedicado para acompanhá-lo.
Em primeiro lugar, gostaria de começar tratando dos aspectos técnicos do filme e de alguns detalhes que eu, particularmente, aprecio bastante e considero de considerável importância para qualquer filme: edição, trilha sonora e a ambientação da história (isto é, o figurino, os cenários e todos os elementos componentes do espaço no qual as personagens se encontram), com destaque aos dois primeiros mencionados.
Quanto à edição, era de se esperar que apresentasse elevada qualidade, sobretudo se considerarmos o excelente trabalho feito pelo diretor Daniel Rezende quando ainda trabalhava como editor, com uma edição precisa, mantendo algumas cenas um pouco mais longas e com bons planos sequência (lembrando, em alguns momentos e dadas as devidas proporções, o filme Birdman) e mantendo outras cenas um pouco mais rápidas e fluindo de forma mais frenética. Por sua vez, com relação à trilha sonora, é de se elogiar não somente a qualidade das músicas escolhidas, mas também o fato das músicas terem sido inseridas, de maneira bem agradável e correta, nas cenas e refletido a época na qual a história ocorre.
Em segundo lugar, é importante destacar as excelentes atuações e a direção do longa. Com relação às atuações, gostaria de destacar, sobretudo, a atuação espetacular de Vladimir Brichta. Brichta conseguiu, sem dúvida alguma, "encarnar" a personagem de uma forma completa, desde os seus momentos de alegria, loucura e êxtase durante os programas do Bingo e também durante as festas, até as explosões de raiva e momentos de maior tristeza de Augusto.
Neste filme, dessa forma, também é importante mencionar que o ator desempenha a difícil missão de, praticamente, interpretar dois personagens que se distanciam, ao longo da história, cada vez mais: o palhaço Bingo e o ator Augusto Mendes. Enquanto o palhaço permanece alheio à tudo que ocorre ao seu redor e mantêm o seu estilo imprevisível, alegre e engraçado, percebe-se que Augusto vai mudando ao longo do filme e enfrentando as mais diversas emoções possíveis, com Brichta constantemente acompanhando todos os altos e baixos e variações durante a trama de forma impecável.
Em terceiro lugar, é imprescindível destacar a parte mais importante deste filme (de qualquer filme): a história. Baseada em fatos reais e realizando uma belíssima homenagem a Arlindo Barreto e ao palhaço Bozo, a história é separada em duas partes mostradas de forma simultânea: a explosiva e rápida passagem de Augusto em seu trabalho de interpretação do palhaço Bingo e também, por outro lado, a vida familiar da personagem e todos os problemas pessoais enfrentados durante a trama.
Em minha opinião, o principal ponto de destaque na história remete à forma como Augusto, à medida que vai fazendo cada vez mais sucesso em seu programa, vai sendo "consumido" pela personagem que interpreta no show, isto é, o palhaço. De forma quase que constante, preocupa-se apenas em como melhorar o programa, em tirar fotos para revistas e em fazer, de todas as formas possíveis, as crianças rirem. De maneira simultânea, porém, esquece-se de fazer rir aquela que antes era a única criança à qual ele dava real atenção e afeto: o seu filho. Assim, torna-se um sucesso estrondoso como um palhaço que alegra as crianças em todas as manhãs, mas abandona o próprio filho e o restante da família de maneira proporcional.
Outro ponto de destaque remete ao fato de Augusto, ao longo de toda a história, perseguir um tipo de sucesso e reconhecimento que jamais obtêm: o de ser reconhecido pelo seu nome e por quem ele realmente é de forma nacional à exemplo da mãe. Ao interpretar o palhaço, tem a obrigação de permanecer com a identidade anônima, o que, em diversos momentos da história, causa revolta, decepção e frustração no ator, que se vê preso à figura de Bingo e jamais capaz de mostrar o seu rosto e obter o reconhecimento desejado.
Esses dois principais aspectos do filme se encontram ao final, com Augusto conseguindo se reconciliar, após diversos altos e baixos, com o seu filho e com o fato do ator ter passado a se apresentar em igrejas e sem a obrigação de esconder a própria identidade. Portanto, ele não abandona a figura de Bingo e o que mais gosta de fazer, mas também não abandona a família e a si próprio.
Portanto, em resumo e para finalizar o comentário, apenas gostaria de exaltar a qualidade do filme e todos os pontos positivos mencionados anteriormente, assim como gostaria de destacar a minha felicidade, particularmente, em acompanhar uma obra deste tipo sendo produzida no cinema nacional, o que me dá esperanças de mais melhoras e evoluções no cinema brasileiro. Assim, aplaudo e recomendo este filme incrível!
King Kong
3.3 1,0K Assista AgoraJá assisti este filme várias vezes e, felizmente, tive a oportunidade de revê-lo ontem à noite. Quanto ao filme em si, apenas gostaria de dizer que é muito bem feito e corresponde a uma excelente homenagem a um clássico da história do cinema.
No entanto, o que eu gostaria realmente de comentar é a minha tremenda insatisfação (e surpresa) ao ver a nota desta obra aqui no Filmow. Obviamente, o filme não é uma obra-prima, mas "3,3" já é uma nota exageradamente rigorosa e baixa.
Espero que a maioria das pessoas não julgue, com antecedência, o filme com base nessa nota. Abraços a todos.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraApesar da boa sinopse e do excelente elenco, admito que eu comecei a assistir o filme de uma forma bastante despretensiosa. Para a minha surpresa, o diretor Tom Ford conseguiu entregar um ótimo suspense, tanto na direção de qualidade quanto na interessante história apresentada.
Primeiramente, gostaria de destacar as ótimas atuações do elenco. Apesar de admirar bastante o trabalho da Amy Adams, acredito que a sua atuação neste filme não encontra-se à altura do seu talento (ela está bem no filme, mas, em diversas oportunidades, tem uma atuação apenas "normal" e sem grandes momentos de maior destaque). Quem, realmente, "brilha" em "Animais Noturnos" são os atores Jake Gyllenhaal (com outra excepcional performance em sua carreira), Michael Shannon (que sempre funciona muito bem como um ator coadjuvante e de suporte para a história) e, surpreendentemente, Aaron Taylor-Johnson (que está, sem quaisquer dúvidas, "assustador" no papel).
Segundo, é também importante dar ênfase à história e à maneira com a qual ela é apresentada ao longo da obra. É muito interessante como a trama do livro escrito por Edward se desenrola à medida na qual cada vez mais detalhes do passado da vida pessoal de Susan são revelados e também a forma como as duas "histórias paralelas" apresentam uma fascinante conexão.
É possível perceber que Edward não escreveu uma história tensa e brutal e depois dedicou o livro à Susan à toa. Torna-se evidente, ao longo do filme e na minha opinião, que a morte da esposa e da filha da personagem principal do livro correspondeu, basicamente, à uma espécie de "metáfora" utilizada por Edward para descrever o que ele realmente sentiu quando Susan fez o aborto, pois, para ele, após o que Susan fez, sua esposa havia "morrido" para ele de uma forma sentimental, enquanto o bebê havia morrido de fato.
Inclusive a própria Susan, em uma determinada cena do filme, descreve o livro como "brutal e, instantes depois, descreve o que ela havia feito com Edward também como "brutal", o que torna ainda mais claro que essa foi a "conexão" realmente por Tom Ford entre as duas histórias.
Assim, o filme é tenso, assustador, surpreendente e, acima de tudo, de excelente qualidade. Recomendo!
Rua Cloverfield, 10
3.5 1,9KBem, devo admitir que este filme é, sem dúvida alguma, bem peculiar e apresenta altos e baixos. Apesar de acreditar que ele entregue mais pontos positivos do que negativos, alguns aspectos negativos (sobretudo nos minutos finais do filme) têm um efeito "devastador" em vários bons elementos apresentados ao longo da trama.
Primeiramente, gostaria de destacar o fato de que a história ocorre praticamente em apenas um único cenário e com três personagens. Certamente, essa "simplicidade" me chamou bastante a atenção e contribuiu para o filme.
Segundo, a interação entre as personagens é simplesmente incrível. As falas entre elas e a forma como elas vão se conhecendo melhor ao longo da história é, definitivamente, o ponto mais alto do filme. Além disso, vale a pena destacar as atuações (sobretudo Mary Elizabeth Winstead e John Goodman, que está impecável ao interpretar Howard), que contribuem para representar essas "instáveis" relações entre as pessoas que moram no porão.
Terceiro, o clima de tensão e suspense é criado de uma forma bem inteligente e paulatina, desenrolando-se ao longo da história e à medida que as personagens vão interagindo de uma maneira mais profunda.
Porém, após todos esses diversos elementos positivos, a história infelizmente é prejudicada de uma forma extrema com as cenas finais do filme. Não necessariamente no final que foi escolhido (apesar de ter sido clichê e pouco criativo), mas em várias falhas na forma como ele foi apresentado.
Após Michelle sair do porão, diversos "furos" no roteiro começam a aparecer.
O primeiro deles é o fato dela retirar a máscara e começar a respirar tranquilamente. Como o ar deixou de ser tóxico tão rapidamente após todo o material radioativo que foi despejado no ambiente? Nesse momento, o filme, que apresentava um aspecto bastante realista, peca, exatamente, no realismo. Considerando apenas acidentes nucleares no século passado (com usinas nucleares menos potentes do as atuais), é conhecido que o material radioativo permanece no local após décadas. Então como esse material radiativo, possivelmente de uma tecnologia alienígena ou mesmo de bombas nucleares humanas, dissipou-se tão rapidamente?
O segundo deles ocorre no momento em que uma nave alienígena despeja mais material tóxico no ar e a personagem recoloca a máscara para se proteger. No entanto, mesmo após grande quantidade de ar ter entrado no carro, ela, dentro do automóvel, permanece sem máscara (após um monstro ter a retirado dela) e não aparenta qualquer tipo de problema.
O terceiro (e, na minha opinião, mais absurdo) deles é o fato dela ter destruído um gigante monstro alienígena e derrubado toda uma nave apenas jogando um coquetel molotov caseiro que ela havia preparado dentro do carro em alguns minutos. Sinceramente, isso foi completamente absurdo.
Portanto, o filme não é ruim, mas poderia ter sido muito melhor caso o final (que prejudica bastante a história) tivesse sido elaborado da mesma forma cuidadosa e criativa pela qual o restante do filme foi elaborado.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraComecei a assistir o filme com altas expectativas (devido, principalmente, ao fato de conhecer a qualidade da direção do Denis Villeneuve) e devo admitir que toda a expectativa que eu tinha antes foi recompensada com esta excelente obra.
Primeiro, gostaria de destacar alguns aspectos técnicos. A direção de Villeneuve, a fotografia e a trilha sonora, por exemplo, estão incríveis e auxiliam a criar um clima de tensão à medida em que a trama aproxima-se do clímax.
Segundo, é importante também destacar o principal elemento do filme que o torna diferenciado em relação a diversas outras produções de ficção científica: a história (e, evidentemente, a forma como ela se desenrola). À princípio, apesar da trama ser bem elaborada e o diretor apresentar um realismo poucas vezes antes visto para filmes desse gênero (desenvolvendo a história de uma forma próxima ao que iria realmente acontecer se OVNIS fossem detectados na Terra), o filme não mostrava muitos aspectos ou elementos que conseguissem torná-lo um pouco mais diferenciado ou que o fizessem ser lembrado de uma maneira especial. No entanto, é a partir da segunda metade da história que o grande plot-twist é revelado.
Depois de todos os estudos e pesquisas realizados pelo cientista e pela linguista, é enfim revelado que, na verdade, os alienígenas, diferentemente de outros filmes do gênero, não estavam interessados em guerrear contra os seres humanos, extrair os nossos recursos minerais, estudar o planeta Terra ou qualquer outra explicação clichê que poderia ter sido estabelecida. Na verdade, no final das contas, os alienígenas eram aqueles que precisavam dos humanos e queriam a sua ajuda, todavia não a queriam no presente, mas no futuro. Sendo assim, a única maneira encontrada para garantir que a humanidade, em certo momento, tivesse condições de ajudá-los, seria estabelecer uma situação de tamanho alerta entre os países que todos fossem obrigados, em dado instante, a se unir. Além disso, também forneceram um "presente", dando aos humanos o conhecimento do seu complexo idioma e, consequentemente, a capacidade de ver o universo e o tempo de uma forma distinta.
Apesar dessa trama, por si só, já ser incrível e tornar o filme bastante especial, também vale a pena destacar a forma como ela é revelada. Depois de assistirmos várias cenas entre a Lousie (interpretada brilhantemente por Amy Adams) e a sua filha Hannah imaginando se tratar de um passado triste da protagonista, somos surpreendidos pelo fato de que, na verdade, tais cenas tratam-se do futuro e que somente devido à chegada dos alienígenas que foi possível que a doutora se casasse, tivesse filhos, fosse mais reconhecida mundialmente e que toda essa história ocorresse, o que fornece um aspecto mais "pessoal" ao filme e o aproxima mais de um complexo drama do que de um filme de ficção científica ordinário.
Assim, apenas posso afirmar que esse filme correspondeu a todas as minhas altas expectativas e já entra na minha lista de filmes favoritos de ficção científica. Recomendo bastante!
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraEsse é o tipo de filme que você assiste, na maior parte do tempo, com um sorriso no rosto! Mesmo eu que não sou um grande admirador de musicais ou filmes românticos, tenho que admitir que este romance em forma de musical é, sem dúvida alguma, um filme diferenciado e de excelente qualidade, com uma história que, apesar dos seus naturais "clichês", consegue envolver o espectador e entregar um final emocionante.
Primeiramente, gostaria de destacar a direção de Damien Chazelle. Este diretor, mesmo sendo bastante jovem, já havia chamado a minha atenção (e de muitas outras pessoas) com o excelente trabalho feito em Whiplash e, com "La La Land", ele definitivamente marca a sua presença ainda mais na indústria cinematográfica. Em um estilo bastante distinto do tenso drama apresentado em seu filme anterior, desta vez Chazelle optou por um aspecto mais leve, engraçado e divertido que, sem dúvida alguma, prende a atenção do público. A forma como ele filma as cenas de dança em planos sequências é simplesmente belíssima.
Segundo, também é importante mencionar as ótimas atuações, fotografia e trilha sonora, que fornecem um aspecto bastante colorido, vibrante e especial ao filme. Quanto às atuações, tanto Emma Stone quanto Ryan Gosling entregam boas performances, mas é Stone quem realmente "rouba a cena", com aquela que, na minha opinião, é a sua melhor atuação na carreira. Com relação à fotografia e às músicas, elas desempenham um papel fundamental para fazer o filme "respirar" jazz de uma forma que eu ainda não havia visto anteriormente em qualquer outra obra do gênero.
No final das contas, "La La Land" não é a obra-prima que talvez os inúmeros prêmios e indicações possam indicar que seja, mas é um ótimo (e divertido) musical que merece uma atenção devida. Recomendo o filme!
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraDe todos os filmes indicados ao Oscar que eu assisti até o momento, este foi o que mais me decepcionou. Não porque é um filme ruim (na verdade, é um bom filme), mas porque, pelo o que eu li de críticas e me informei sobre premiações, acreditava que esta obra poderia entregar (com relação à história, direção e atuações) algo um pouco mais memorável ou especial. Ao invés disso, deparei-me com um filme que fornece um bom drama familiar, mas que não foge do que já foi visto em diversas outras produções do gênero e não se arrisca muito em uma trama que poderia ser melhor explorada.
Primeiramente, gostaria de destacar o personagem principal da história: Lee Chandler. Apesar de ser completamente compreensível que, após todos os acontecimentos por ele enfrentados (e que são revelados durante o filme em "partes"), ele tenha dificuldade de iniciar novos relacionamentos, observa-se que esse seu aspecto introvertido, a partir da segunda metade da história, torna-se bastante insuportável e bloqueia diversas oportunidades da trama se tornar mais interessante.
Segundo, também é importante destacar que os relacionamentos de Patrick não são muito bem explicados, assim como algumas personagens que aparecem rapidamente na história e desaparecem com a mesma rapidez e sem qualquer explicação.
Colocando a história à parte e analisando as atuações, a única performance que chama um pouco mais a atenção do espectador é, definitivamente, a de Lucas Hedges (que, apesar de bastante jovem, está ótimo no filme). Apesar de diversas indicações e prêmios, a atuação de Casey Affleck não somente não conseguiu me "fascinar", mas também até acredito que a sua atuação foi fraca (permanecendo com o mesmo semblante praticamente todo o filme) e com poucos momentos que exigiram maior esforço.
Assim, nesta longa crítica, apenas gostaria de esclarecer que o filme merece atenção, pois, como dito anteriormente, é um interessante drama familiar, mas, com certeza, não merece todos os prêmios, indicações e elogios que recebeu, pois apresenta diversas falhas e aspectos que poderiam ter sido melhorados.
Rogue One: Uma História Star Wars
4.2 1,7K Assista AgoraAcabei de assistir pela segunda vez nos cinemas e confesso: gostei ainda mais do filme! Aquela parte final foi de arrepiar!
Rogue One: Uma História Star Wars
4.2 1,7K Assista AgoraBem, tenho que admitir que não tinha altas expectativas acerca de "Rogue One" e estava um pouco preocupado com a forma como o diretor (Gareth Edwards) e a Disney iriam abordar uma história que, diferentemente do Despertar da Força, iria se passar antes dos eventos da trilogia original e iria envolver personagens antigos e clássicos do Universo Star Wars (como, por exemplo, Moff Tarkin e o Darth Vader). No entanto, após assisti-lo, devo também afirmar que fui surpreendido positivamente com a qualidade deste filme e fiquei bastante feliz com o trabalho que foi apresentado, pois a película é realmente muito boa e muito melhor do que eu imaginava que seria!
Inicialmente, gostaria de destacar as diferenças deste filme para os demais presentes na franquia. A principal delas, com certeza, é a forma como o diretor consegue evidenciar diversos aspectos jamais mostrados ou explorados anteriormente, como, por exemplo, as batalhas "de campo" e o cenário de guerra que marcam essa fase da história do Star Wars (fornecendo um elevado realismo para os confrontos entre os rebeldes e as tropas imperiais) e também a forma como a Aliança Rebelde é retratada, mostrando que os rebeldes, em um contexto de guerra, muitas vezes tinham de fazer algumas coisas não tão heroicas, desconstruindo parte da imagem que eles apresentavam anteriormente.
Além disso, também é importante mencionar que os novos personagens introduzidos são bem interessantes, com destaque para o Chirrut Îmwe (interpretado pelo Donnie Yen) e o K-2SO (este aqui o meu preferido dentre todos os demais). Os diálogos e as interações que apresentam entre si conseguem ser muito bem elaboradas e apresentam a quantidade correta de humor e drama. Além disso, cada qual desempenha bem o seu papel na história, nem sendo explorados de uma forma bastante profunda (o que seria desnecessário devido ao fato de nós já sabermos, antes mesmo de assistir o filme, o que vai acontecer com eles ao final da história, e também seria "inconveniente" pelo fato de todos eles estarem lutando e tentando sobreviver quase o tempo todo, não dando espaço, com razão, para eles apresentarem suas respectivas histórias particulares) e nem sendo introduzidos de uma forma extremamente rasa e superficial.
Os efeitos especiais estão fantásticos (inclusive o CGI de alguns personagens, que, no meu ponto de vista, está o mais realista e decente possível), a fotografia é belíssima e a trilha sonora (como de costume) é incrível.
Por fim, gostaria de deixar a minha opinião acerca do que foi o grande ponto alto do filme: Darth Vader. O que dizer sobre a participação do mais icônico personagem de toda a história do Star Wars nesta película? Na verdade, eu simplesmente não tenho palavras para descrever o que eu senti quando eu ouvi novamente aquela voz do James Earl Jones ou quando eu o vi saindo das sombras com aquela pose assustadora ou mesmo quando, no final do filme, ele entrega aquela que deve ser uma das melhores cenas de todos os filmes da franquia! Apenas digo que somente as cenas do Darth Vader já iriam fazer este filme valer a pena, mas o melhor de tudo é que "Rogue One" consegue entregar muito mais do que apenas estas cenas e consegue desempenhar muito bem o seu papel de preencher uma pequena lacuna no Universo Star Wars. Recomendo o filme!
Drácula
3.9 296 Assista AgoraAnalisando, friamente, não dá para negar os vários erros presentes no filme, como algumas cenas muito "rápidas" e mal exploradas, atuações não muito convincentes (exceto, evidentemente, a excepcional performance de Bela Lugosi, que parece que nasceu para interpretar o Drácula) e a ausência de um clima de tensão que conseguisse fornecer um efetivo medo no espectador (algo que, pelo menos para mim, não ocorreu).
Aliás, o filme apresenta apenas alguns pontos positivos, como, por exemplo, os diálogos entre Van Helsing e Drácula (que eu, particularmente, achei bem interessantes) e, como eu mencionei antes, a atuação de Lugosi, que foi a única coisa que me fez assistir o filme até o final. Apesar de não concordar com a ideia de que "todo filme clássico é bom", não há como negar que o fato do filme ser clássico e fornecer muitos elementos que (até hoje) são utilizados em vários filmes de terror, contribuiu (e muito) na forma como eu assisti e avaliei este filme.
Para quem gosta de filmes do gênero e filmes antigos, esta versão mais antiga do "Drácula" está longe de ser um filme péssimo, mas também é, no máximo, um filme regular.
Psicose
4.4 2,5K Assista AgoraUm verdadeiro clássico da história do cinema! É incrível como Hitchcock, de maneira tão simples (com os poucos recursos para se fazer um filme na época) consegue criar um clima de tensão e suspense que prende a atenção do espectador até a última cena (que, aliás, é marcada por um final surpreendente).
Por outro lado, se a história é contada de maneira simples (porém muito efetiva), o filme nos proporciona um dos melhores (se não o melhor) e mais complexos estudos sobre psicologia já feito em uma produção de cinema, focando no personagem Norman Bates (interpretado, brilhantemente, por Anthony Perkins). É fascinante como a dualidade e a confusão do personagem (assim como a sua relação conturbada com a mãe) são retratadas de maneira sutil durante todo o filme (sempre mantendo um grande segredo acerca das reais intenções de Norman) até serem explicadas e elucidadas no final.
Gostaria de ter conhecido esta fantástica obra um pouco mais cedo, mas fico feliz de finalmente ter assistido e recomendo para qualquer um que goste de filmes de suspense ou apenas queira começar a ver as obras deste mestre do cinema chamado Hitchcock.
A Lista de Schindler
4.6 2,3K Assista Agora"One more person..."
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista AgoraApesar de já ter assistido alguns trechos deste filme, nunca havia o assistido por completo. Depois de assisti-lo, agora me pergunto por que demorei tanto tempo! Após "Queime Depois de Ler", "Inside Llewyn Davis" e "Fargo", já tinha noção de que os irmãos Coen eram excelentes diretores, mas, com certeza, "Onde os Fracos Não Têm Vez" corresponde à obra-prima definitiva dos dois.
O filme consegue explorar bem os seus personagens e os seus objetivos (mesmo que esses objetivos se resumam a uma luta incessante por uma mala cheia de dinheiro) por meio de uma história bem construída e excelentes diálogos, fornecer um clima de tensão e ainda apresentar espaço para o humor negro característico dos trabalhos dos irmãos Coen.
Além disso, gostaria de destacar mais dois aspectos que me agradaram bastante no filme. Primeiro, as atuações de Tommy Lee Jones e, principalmente, Javier Bardem (que, ao mesmo tempo no qual retrata um assassino psicopata desprovido de emoções, também consegue fornecer características únicas ao seu personagem). Segundo, eu não poderia deixar de mencionar um detalhe que, ao meu ver, torna o filme ainda mais interessante, que é a incessante preocupação de Anton Chigurh em não manchar os seus sapatos de sangue (eu sei que é só um detalhe, mas, sobretudo na cena final, eu acredito que é um aspecto bem interessante que não deveria passar despercebido).
Por fim, eu tenho que admitir que a "meia estrela" que faltou na minha nota deve-se ao final. Não estou dizendo aqui que o final foi ruim, mas, sem dúvida, após ter acompanhado, desde o começo do filme, uma excelente e envolvente trama, eu esperava um encerramento à altura. O final, obviamente, não estraga o filme, mas deixa a sensação de que faltou um pouco mais de capricho para encerrar esta brilhante obra de uma maneira mais interessante.
Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraConfesso que fui assistir o filme somente para ver a atuação do Stallone e me surpreendi não somente por ter visto aquela que, em minha opinião, corresponde a sua melhor atuação na carreira (e com indicação merecida ao Oscar) como também por ter assistido um filme bem mais interessante do que eu imaginava. Apesar de ser um filme de boxe e que, assim, acaba apresentando aqueles clichês "naturais" para filmes do gênero, este aqui nos traz uma história bem original, diferenciando-se, por exemplo, dos filmes da franquia do Rocky, pois, ao invés de vermos um lutador surgindo de um lugar pobre e buscando sucesso nos ringues, aqui observamos um rapaz que, na verdade, tem uma vida muito confortável e procura se "aventurar" no boxe para honrar o nome do seu pai.
Achei que a relação entre o Adonis e o Rocky foi muito bem construída e explorada (tanto que as melhores cenas são as que envolvem os dois), mostrando, pela primeira vez, o Rocky não como um lutador dos ringues, mas um mentor. Portanto, vale a pena assistir e ser surpreendido por esse filme bem interessante e que honra muito bem o legado do Rocky e do Stallone.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraEncerrando minha "maratona" de filmes indicados ao Oscar, eu acredito que a encerrei com aquele que deverá ser o filme premiado este ano. Não que eu considere "Spotlight" o melhor filme do ano (embora ele seja um dos melhores e mais interessantes), mas porque é o tipo de filme que a Academia adora premiar, pois não somente é uma obra de excelente qualidade e bem construída, como também apresenta uma crítica social subentendida.
Com certeza, o principal mérito que eu atribuo ao diretor Tom McCarthy foi a sua preocupação em mostrar, de maneira fiel, um jornalismo investigativo real, com uma investigação lenta, sem grandes reviravoltas e com todas as dificuldades de uma época onde a obtenção de informações era mais difícil do que atualmente. Porém, ao mostrar, com fidelidade, todo esse processo investigativo, o filme não torna-se monótono, mas, à medida que a investigação cresce e os personagens se envolvem cada vez mais nela, o filme e a tensão também crescem.
Além disso, como eu mencionei antes, "Spotlight" nos traz uma interessante (e corajosa) crítica à maneira como a Igreja Católica e a religião podem ser poderosas de tal maneira que possam até estar acima da lei (ou seja, não é uma crítica à Igreja em si, mas à forma como a sua influência pode acabar tornando-a uma instituição "intocável") e também uma homenagem à imprensa e à forma como ela é importante na sociedade.
A Grande Aposta
3.7 1,3KEu não imaginava que este filme poderia superar tantos as minhas expectativas ou que, no final, eu iria gostar tanto dele, mas a verdade é que "A Grande Aposta" é, surpreendentemente, um dos filmes mais inteligentes dentre os que estão concorrendo ao Oscar.
Primeiro, é necessário ponderar que, apesar de ter gostado do filme, este não é "um filme para qualquer um" e é necessário que o espectador fique bem atento aos diversos detalhes e termos utilizados e à história frenética que é apresentada, o que torna bem compreensível considerar o filme como "confuso" ou "mal construído".
Dito isso, também é importante analisar que, apesar do filme realmente se tornar um pouco mais confuso do que o adequado em sua metade (esta é a parte na qual é necessária mais atenção ainda), é nítida a proposta do diretor de buscar "facilitar" a compreensão do que está acontecendo, seja com as "quebras de quarta parede" ou com as divertidas explicações que são fornecidas durante a história (dentre as quais eu destacaria a de Margot Robbie na banheira e de Selena Gomez no cassino).
Junto com essas "ferramentas" utilizadas para facilitar a compreensão, estão as excelentes atuações de Christian Bale e, sobretudo, de Steve Carell e também a maneira divertida e bem-humorada pela qual o diretor optou por contar à história que tornam o filme mais leve.
No entanto, eu acredito que o final do filme é o seu ápice, pois é a partir dele que aquilo que antes poderia ser visto como uma comédia transforma-se em um drama e uma inteligente crítica não ao sistema capitalista de uma forma geral, mas à maneira com a qual o capitalismo pode ser mal gerenciado e de como a incessante busca por dinheiro pode ser maléfica e afetar a vida de milhões de pessoas. Assim, após várias comédias de qualidade discutível (exceto "O Âncora"), Adam McKay nos entrega o melhor filme sobre a crise de 2008 e um dos filmes mais inteligentes do gênero.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraContinuando minha "maratona" de filmes indicados ao Oscar e após não ter minhas expectativas completamente correspondidas com "Perdido em Marte" (apesar de ser um bom filme) e, principalmente, com "Brooklyn", eu fiquei muito contente e satisfeito com o que vi em "O Quarto de Jack".
Partindo de uma incrível e triste história de uma mãe e um filho presos em um pequeno quarto e, depois, retratando as enormes dificuldades que os dois começam a enfrentar para se integrar ao restante do mundo e à sociedade de uma maneira geral, é quase impossível o filme não fazer o espectador se emocionar, tanto de alegria quanto de tristeza.
Apesar da história ser comovente e do filme, como um todo, ser muito bem construído, acredito que sejam as atuações de Brie Larson e Jacob Tremblay e a sintonia que eles apresentam na história que "carregue o filme nas costas". Os dois conseguem, brilhantemente, expressar todas as dificuldades que os seus respectivos personagens estão passando e demonstrar que, mesmo tendo saído, fisicamente, do quarto, eles, de alguma maneira, ainda estavam presos e tiveram que se libertar aos poucos.
Assim, o filme é, em minha opinião, um dos favoritos ao Oscar e consegue cumprir muito bem a simples proposta de fazer o espectador se emocionar e se comover com a trama.
Brooklin
3.8 1,1KEm todo ano, nas nomeações ao Oscar, sempre há aquele filme que não sabemos o porquê de ter sido indicado. Este ano, é "Brooklyn". A obra do diretor John Crowley não chega a ser um filme ruim e até apresenta alguns pontos bem positivos, como a sutileza com a qual a história é retratada, a bela fotografia e a atuação de Saoirse Ronan que fazem com que este seja um filme muito agradável de se assistir.
No entanto, fiquei com a sensação de já ter visto a mesma coisa em vários outros filmes de época e de romance e de que o diretor não foi além e apenas mostrou uma fórmula já conhecida. Assim, apesar de agradável, "Brooklyn" não te surpreende e não justifica uma indicação ao Oscar de melhor filme.
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista AgoraNão é um filme fenomenal e acredito que não o indicaria ao Oscar (pelo menos, não em uma lista de oito selecionados), mas é um bom filme e, provavelmente, o melhor trabalho de Ridley Scott, mestre em produzir filmes de ficção científica, desde "Falcão Negro em perigo".
A fotografia está fantástica, a história é interessante e a atuação de Matt Damon, considerando a dificuldade de atuar a maior parte do filme sozinho, é muito boa (embora também não o indicasse ao Oscar de melhor ator). No entanto, acredito que o excesso de positividade de Mark Watney durante o tempo que passou em Marte, apesar funcionar bem como uma válvula de escape à tensão que a trama apresenta quando surgem cada vez mais dificuldades ao resgate do astronauta, desperdiçou a chance de um maior aprofundamento psicológico acerca do personagem e de uma maior dramatização da história (à exemplo do que feito em filmes com propostas parecidas, como "Náufrago" e "Apollo 13").
Assim, apesar de ser um pouco superestimado, "Perdido em Marte" ainda é um filme interessante e muito bom de assistir, embora tenha perdido a chance de ir mais além e de ser bem melhor do que acabou sendo.
Ponte dos Espiões
3.7 694Após alguns filmes nos quais ele não apresentou o seu padrão de qualidade usual (principalmente em Lincoln, Cavalo de Guerra e Indiana Jones), acredito que desde "Munique" eu não ficava tão satisfeito com um filme do Spielberg. Não considero "Ponte de espiões" uma obra prima do diretor e sequer o colocaria dentre os seus melhores trabalhos, mas é o seu melhor filme nos últimos anos.
Com um roteiro bem construído, boas atuações do elenco (com destaque à Mark Rylance) e uma direção "satisfatória" de Spielberg, o filme não é tão nacionalista quanto alguns dizem (pelo menos, muito menos que, por exemplo, "Sniper Americano", que concorreu ao Oscar do ano passado), mas até fornece uma nova visão acerca da Guerra Fria além da visão americanizada já comum em filmes acerca do tema.
Não que ser nacionalista (contanto que não seja em excesso) seja, necessariamente, um problema, mas o fato é que ele retrata este determinado período histórico de espionagem de maneira que fica evidente que, durante o conflito, "bem" e "mal" e "certo" e "errado" eram conceitos completamente relativos. O que era considerado um crime de guerra nos EUA era, na verdade, um ato de heroísmo e patriotismo para os soviéticos e vice-versa, pois os dois países se espionavam e tentavam obter quaisquer informações à todo custo. Assim, o filme nos mostra que, apesar de tudo, soviéticos e americanos eram muito mais parecidos do que aparentavam ser e, com certeza, este é o seu maior mérito.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraSinceramente, ainda não sei o porquê de ter demorado tanto para assistir este fantástico filme. Mesmo com as críticas positivas que eu li à respeito e com a alta expectativa que eu tinha, acredito que "Relatos Selvagens" foi até melhor do que eu imaginava. É impressionante a maneira como são mostradas histórias de pessoas comuns e normais que, ao serem submetidas à situações extremas e inesperadas, conseguem mostrar o seu lado mais "selvagem" (o que justifica o título do filme).
Particularmente, gostei mais da segunda e da última histórias mostradas (principalmente a última, que, aliás, apresentou um final inesperado) e acredito que houve uma pequena queda de qualidade na metade do filme (em especial na penúltima história que é mostrada, que, na verdade, foge um pouco da premissa das outras situações mostradas). De uma maneira geral, no entanto, é mais um ótimo filme do cinema argentino e que nos faz refletir em como qualquer pessoa, em situações extremas, pode acabar tomando atitudes absurdas.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraConfesso que pelo fato do Tarantino já ter feito um filme de faroeste (Django Livre), deste não ter o incrível Christoph Waltz (presente em seus dois últimos trabalhos) e por algum outro motivo estranho, uma parte de mim não esperava muito de "Os Oito Odiados", enquanto a outra parte insistia que, por ser um filme do Tarantino, ele não poderia sequer chegar perto de decepcionar.
No final das contas, o filme não somente não decepcionou, como também apresentou muito mais do que eu esperava e tudo aquilo que todos os fãs do diretor já esperavam de uma obra sua: diálogos inteligentes e bem construídos (com destaque para aquele monólogo fantástico do Samuel L. Jackson), excelente atuação do elenco (com destaque à Jennifer Jason Leigh) e trilha sonora e fotografia ótimos.
Além disso, apesar de serem utilizados oito personagens importantes na história, eles não são apresentados de maneira apressada ou superficial, mas são bem trabalhados e cada um se encaixa muito bem na trama. Provavelmente, o único ponto que me incomodou e que me impediu de dar cinco estrelas para este filme foi a pequena queda de qualidade nos dois últimos atos (que foram ótimos, mas não tão bons quanto os atos anteriores, sobretudo em relação ao terceiro). De qualquer maneira, eu já considero este um dos melhores trabalhos do Tarantino e recomendo até para os que não gostam do estilo do diretor.