A nona temporada ainda sofreu por conta da queda de nível inevitável do ano anterior(após o desfalque que sabemos que provocou uma clara instabilidade), mas aqui a série consegue ter uma solidez maior nos plots e rumo dos personagens. Dwight e Andy meio que assumem o protagonismo e não fazem feio. Angela(me emocionou bem em alguns momentos) e Erin brilham e Jim & Pam passam por momentos que o público não esperava ver. O coração da série esteve mais presente do que nunca, só que aqui a emoção foi proporcionada de forma mais distribuída e não mais focada em Jim e Pam.
A metalinguagem foi elevada a outro nível, andou de mãos dados com o passar do tempo e as mudanças nas vidas dos personagens. Vê-los em outros estágios em suas existências é muito bonito, mas nada nos toca mais do que ver as memórias, reflexões sobre suas jornadas e a importância de cada escolha e pessoa em suas vidas.
Como definiu bem a Pam(dona das grandes frases do episódio final): não há tempo a perder quando encontramos o que queremos, quem queremos e sabemos o que merecemos.
A poesia e a loucura do cotidiano de todos nós em uma das comédias essenciais da TV. Temporada final muito boa e tocante.
O mal que enxerga bem de perto. Muito, muito de perto. Que cresce, ataca e toma conta de maneira silenciosa. Ninguém vê exatamente como acontece, mas as vítimas sentem o medo e as consequências o tempo inteiro.
A ambição desmedida por riqueza e dominação como grande câncer da sociedade. Um câncer naturalizado, enraizado e com bastante sangue nas mãos. Por baixo dos panos, há um olhar contaminado e desumano que não aceita ver aqueles que não são os seus ou como você tendo o que tanto se deseja e nem o mesmo que você possui.
Somente um diretor com enorme talento como Scorsese poderia contar uma história com tamanha maturidade, uma trama construída sem pressa, na qual vemos a violência lentamente, passo a passo, contaminando e destruindo um povo, relações e tudo que vê pela frente. Vemos que o impacto maior não está nas imagens violentas, e sim no fato dessa violência, tão escondida nas intenções, já ser tão parte da existência coletiva e convívio pessoal que não se é capaz de enxergá-la de verdade ou impedi-la.
As decisões criativas são certeiras. A obra só funciona de forma tão formidável e complexa graças ao ponto de vista escolhido para se contar a história. Trata-se de uma decisão nada óbvia, porém deveras acertada do experiente diretor. A inesperada cena final só reafirma que o filme pertence a alguém que entende a importância e respeita o material que tem em mãos. Um mestre que domina sua arte e sabe o poder do cinema de gerar emoção e muita reflexão - por mais que o mesmo não seja capaz de desfazer injustiças históricas e curar as dores que não sentimos na nossa pele.
Lily Gladstone está incrível, atriz especial. E DiCaprio e De Niro estão no altíssimo nível que já conhecemos. Outra maravilhosa obra do imenso Martin Scorsese.
"Minha senhora...A senhora não sabe o que é um Palmeiras e Corinthians."
'Boleiros' é uma homenagem repleta de carinho e humor ao futebol e suas particularidades tão inigualáveis. As superstições, as "malandragens" de caráter muito questionáveis, as relações de interesses obscuros, os aspectos sociais que brecam talentos, não escondem preconceitos e só olham o status social, a pressão das torcidas, os árbitros suspeitos(mais que suspeitos aqui), as marias-chuteiras, os jogadores que enganam os técnicos na concentração. Enfim, há de tudo. Trata-se de um filme leve, uma grande reunião entre amigos que lembra de divertidas histórias, mas que também revela alguma tristeza e uma enorme saudade de uma época mais gloriosa que eles viveram e eram venerados. E se não eram sempre ou todos venerados, ao menos os mesmos se sentiam felizes por estarem perto do topo no esporte que eles tanto amam.
Delicioso para quem amam futebol e divertido até para quem não curte.
A amizade de opostos. Os opostos que aprendem a se gostar e se defender com unhas e dentes. O texto é muito muito engraçado e inteligente(as piadas não param). Fiquei feliz em ver que o humor é bem mais afiado e "sujo" do que eu esperava, as companheiras não poupam umas as outras ao "carinhosamente" se ofenderem.
Entendo o motivo desta temporada ter vencido o Emmy de melhor comédia, trata-se de um ano realmente muito divertido, que toca em temas universais e atemporais e constrói/apresenta ótimas e sólidas personagens.
Uma série sobre uma grande família. Sobre a família de onde viemos e a que criamos. Uma família forjada nas incertezas, no companheirismo, nas dificuldades, nas decepções, nas brigas e no amor. Vemos como os ambientes nos formam e como formamos o ambiente - para o bem e para o mal.
Uma série sobre individualidades e indivíduos. Sobre aquilo que carregamos de mais doído no nosso íntimo e que não somos capazes de colocar para fora ou fazer com que os outros nos entendam inteiramente. Ou que nem mesmo nós dominamos ou sabemos por inteiro. Que mostra como o passado nos afeta, nos limita e determina muito do que somos. Que evidencia as razões pelas quais os nossos medos e demônios nos sabota repetidamente.
Uma série sobre recomeços e propósitos. Sobre se surpreender consigo mesmo quando parece que somos diferentes de todos os outros ou que nosso tempo já passou. Que revela que o comprometimento com a equipe, com o esforço do outro e também com o carinho de quem nos deposita confiança é algo especial. Que diz que respeitar seu tempo e trabalho é respeitar a si mesmo.
Uma série sobre motivação e desmotivação. Sobre crescimento e traumas, os traumas que nos travam. Que fala de amor e do medo/dificuldade de amar.
Uma série sobre altos e baixos. Muitos, muitos altos e baixos. Muitas incertezas. Pois a vida é exatamente assim. E por isso cada vitória arranca sorrisos, lágrimas e tiram uma tonelada de tensão do corpo, da mente e da alma.
"Fishes", "Forks" e "The Bear" são episódios incríveis! 3 dos melhores do ano. E o que são as participações especiais?!? Sem comentários. "Fishes" é o meu episódio favorito. Vemos uma inesquecível e caótica reunião familiar com um tanto de amor perdido no meio daquele tanto de raiva, incômodo e desentendimentos. A personagem da grande Jamie Lee Curtis me fez lembrar da imensa Gena Rowlands em "Uma Mulher Sob Influência". Acho que não poderia haver elogio melhor do que esse, não é mesmo?
As atuações são tocantes e complexas, deveras especiais. O elenco é algo espetacular. Impressiona o número de ótimos personagens e o desenvolvimento brilhante dos mesmos. Alguns dos principais personagens ganham episódios praticamente só para eles e isso não soa nada gratuito, pois vemos que os mesmos os levam para outro lugar, os fazem crescer de alguma forma.
A direção é do mais alto nível. Sentimos o peso que cada um carrega dentro de si o tempo todo. Sentimos cada pequena felicidade. Sentimos tudo nos olhares, nas palavras e nas hesitações. Obra de enorme sensibilidade e humanidade.
"The Bear" teve um belo ano inicial, mas aqui a série subiu bastante seu nível. Espetacular temporada. A nota só pode ser a mais alta possível.
Uma grande jornada apocalíptica sobre perda e reencontro. Tensão e ação de alto nível e ótimas doses de emoção. A construção de um mundo em ruínas e de grandes perigos impressiona e os elos entre os personagens nos comovem.
Joel é o resultado humano de um mundo devastado. Um mundo onde vemos tudo de bom que se perdeu e os resquícios de sentimentos que movem e distorceram completamente o "certo e o errado" numa realidade sem perspectivas. Uma realidade dominada pela solidão e destruição onde o presente é tudo que se tem. Ellie é o coração de "The Last of Us". É a força genuína que resiste. É o milagre. É a esperança num mundo desumano. A empolgação da menina descobrindo o novo, as coisas, os sentimentos, a vida e se descobrindo proporciona boa parte dos momentos mais belos da série até o momento. E não posso deixar de citar Frank e Bill, os protagonistas do brilhante episódio 3, o melhor da obra.
Política, família, violência e a busca por dignidade. Obra de ação muito bem dirigida e que respira brasilidade. As articulações de poder, a ambientação, as motivações, as manifestações e costumes culturais e a fé só poderiam ser de uma obra nacional. E justamente por isso é uma obra com qualidade capaz de romper fronteiras. Belos personagens.
O horror invisível. Que nenhuma palavra ou imagem é capaz de reproduzir com exatidão. Que fica impregnado nos lugares, nas memórias, nos olhares e nas palavras. Não é 100% envolvente(algo compreensível, por ser um filme de mais de 9 horas de duração), mas trata-se de um épico marcante de grande força sobre a maior e mais cruel tragédia da história da humanidade. Obrigatório.
O tempo que expõe calmamente o vazio e a falta de respostas. O cansaço e a aceitação do pior. A alegria de uma simples dança. Acho outros filmes do diretor mais poderosos, mas o filme capta alguns momentos bem humanos com beleza especial. Vejam Béla Tarr.
P.S: A cena da menina com o gato foi sem dúvida a que mais me incomodou até hoje num filme, não vou rever jamais.
Uma época perdida. O ambiente violento que constrói horrores, destrói sonhos e aniquila vidas. Belo ao apresentar alguns sentimentos e desejos muito bonitos daqueles jovens, porém doloroso ao nos fazer enxergar que não há espaço para os mesmos naquela sociedade. Um dos grandes filmes orientais dos anos 90. O cinema de Edward Yang é especial.
Uma história que poderia(e tudo indica que deveria) ter acontecido, mas não aconteceu. Um amor que não teve chance.
As histórias que se constroem nesses encontros que preenchem vazios e se tornam o destino. Os vazios que alguém deixa que não são preenchidos por mais que o tempo passe.
O choro de quem fica. A sensação de olhar na janela, ir embora e deixar quem você mais quis ver na vida.
Impossível não se envolver com a relação dos protagonistas que por diferentes décadas desejam em algum nível entregar seus corações um ao outro, porém não o fazem ao encararem as circunstâncias nas quais vivem. O amor mais bonito é o idealizado e não concretizado?
Menos previsível é ver que os sentimentos do intruso norte-americano(como o próprio brinca) me comoveram quase tanto quanto. Um personagem que se sente inferiorizado e reflete acerca do que poderia "não ter sido" ao pensar sobre o caráter "menos mágico" de toda sua trajetória ao lado da mulher que ama. Bonita a fragilidade do marido. Bonita a cumplicidade entre os dois.
A beleza de cada momento, de cada dia. A beleza de cada instante da vida quando estamos ao lado de alguém que nos enxerga de maneira especial. O filme capta muito bem os poéticos silêncios.
Longa de diálogos belíssimos e sentimentos de tão gigantesca identificação que até esquecemos que estamos diante de uma obra de ficção. Diálogos sobre o que poderia ter sido. Intensos e também leves. E também sobre o que foi, sobre o que aconteceu e como aconteceu. E o fato de ser belo justamente por tudo ter ocorrido como ocorreu.
O casal idealizado, "prometido" desde a infância, que combina mais num primeiro olhar. E o casal criado nos momentos, na companhia. No lugar certo e na hora certa. Na intimidade. Construido com o o pé na realidade. Para um a garota que vai embora. Para o outro a garota que fica.
As memórias e a conexão que aproximam. Os anos passados e a distância que afastam. E o tempo que não dá respostas sobre certo e errado nas nossas escolhas, apenas nos faz sentir na pele o peso das mesmas.
Sensibilidade ímpar. Um dos filmes mais lindos dos últimos anos. Trabalho primoroso de Celine Song.
E se eu tivesse assistido em outro momento e/ou não vivido o que vivi, o filme me tocaria tão profundamente? O cinema reproduz a vida com beleza e força inigualáveis. Jamais esquecerei a cena do choro no final.
Talvez lindas e fantásticas histórias de amor não sejam para todos. Felizmente o cinema é.
Quem pode dizer qual o caminho e o lugar que pertencemos?
Filme de personagens marcados por grandes perdas que tentam o tempo todo evitar novas perdas e desastres maiores. Uma corrida contra o tempo. Uma corrida para provar seu próprio valor. As belas amizades e o visual impressionante seguem tornando tudo especial.
Abraçar e entender seu papel. Fugir não é uma opção. Apenas vivendo se cresce e sabe a nossa real força. Uma grande celebração do universo do super-herói. E com aquele toque de coração que não pode faltar. O visual revolucionário e a inventividade impressionam.
Dwight e Andy ganhando muito protagonismo na temporada. Foi muito interessante vê-los com tanto destaque. E a Erin brilhou também. Certamente a mais fraca temporada até aqui, mas The Office ainda mantém um bom nível. Bom oitavo ano.
A suada recompensa após perder tudo que se esperava viver. A carreira que transforma e redefine o ser. A carreira que abre caminhos e subverte expectativas da época, de gêneros e de todos.
O último ano viaja com sabedoria por passado, presente e futuro de forma melancólica e reflexiva. Vimos como cada semente plantada em cada caminho e relação sempre estiveram lá(para o bem e para o mal - felizmente mais para o bem).
Midge e Susie formam o casal que mais importa na série. E nas jornadas de ambas, com tamanhos contratempos, adversidades e desilusões de todos os tipos, apenas tomando o que é compatível ao talento das duas na marra é que se consegue sucesso. E que prazer foi ver isso! O desfecho é de reconhecimento, paz e risadas. Não por tudo ter sido perfeito, sem falhas e perdas, mas por suas vidas terem sido traçadas por suas próprias cabeças e corações. Não poderia terminar de outra maneira: maravilhoso final!
Sentirei saudade dos diálogos rápidos e inteligentes, da elegância geral que contamina, dos bons personagens, do enorme coração, do olhar tão articulado sobre a época e também dessas mulheres lutadoras e brilhantes que merecem conquistar tudo que sonham.
Bela última temporada. Guardarei com carinho a série no meu coração.
No fundo é apenas uma história comum e não tão bem articulada assim sobre culpa e vingança.
A muito boa performance de Cillian Murphy e a força do tema, com todo o peso que os efeitos que uma bomba atômica podem causar e causam, geram bons momentos. Contudo, ainda incomoda bastante a mão pesada de Nolan que não permite que a história alcance seu potencial dramático de forma mais natural. A trilha sonora deveras intrusiva e as idas e vindas que nem sempre nos mantém interessados como deviam cansam. Novamente o badalado diretor não me impressionou.
A busca por espaço e o desabrochar da identidade feminina.
Greta Gerwig volta a temas preciosos da sua filmografia, contesta e provoca reflexão numa abordagem bastante direta e mais popular. "Barbie" é menos sutil e impressionante do que suas outras obras, porém a saga de autoconhecimento coletivo diverte e emociona. Filme de momentos catárticos! Saber quem você é torna-se o primeiro mandamento para saber que espaço você deve buscar ocupar no mundo. Margot Robbie e Ryan Gosling estão muito muito bem.
Uma missão maior do que o que se carrega no coração. A franquia que constantemente se desafia mais e mais em grandiosas cenas eleva Ethan Hunt a um status de maior esperança da humanidade. Parece exagero? Não numa realidade que antes poderia parecer absurda. Não numa série na qual o entretenimento puro, capitaneado pelo maior astro do cinema, é uma arte tão potente e sólida que conquista mais nossa admiração a cada filme. Tom Cruise segue acertando em cheio.
A América de almas sofredoras. A América também da esperança. A América de todos. A chegada da AIDS. Um novo milênio se aproxima. O medo. O medo de um país em mudanças, de se perder, de não pertencer. Maravilhosa obra. E que elenco incrível!
Funcionaria muito mais se abraçasse apenas a jornada de buscar um sentido para a própria existência/livramento de relações tóxicas e menos a trama policial chatíssima. Vendo o que acontece com o Guillermo na maravilhosa "What We Do in the Shadows" sabemos que poderia ser bem melhor. Até diverte, mas é muito esquecível.
Funcionaria muito mais se abraçasse apenas a jornada de buscar um sentido para a própria existência/livramento de relações tóxicas e menos a trama policial chatíssima. Vendo o que acontece com o Guillermo na maravilhosa "What We Do in the Shadows" sabemos que poderia ser bem melhor. Tão divertida quanto esquecível.
O amor que cega. O amor que destrói histórias de amor. O egoísmo que distorce. Apenas olhando o mal se repetir se entende os erros. O perdão próprio não é possível, mas sempre é tempo para se tornar alguém melhor. Tocante filme do grande John Ford.
Reconciliações e sonhos interrompidos. Reações inesperadas e comportamentos que vão contra princípios, personalidade e religião. "Heróis" que nascem por meio de tragédias. A violência entra, toca as vidas e muda tudo para sempre. Final forte.
Resistentes de uma sociedade cruel, que explora sem parar. O filme nos deixa tensos, surpreende e nos toca. A maldade está em todos os cantos, mas o que há de mais bonito que vence fronteiras e barreiras também.
The Office (9ª Temporada)
4.3 653O que importa de verdade.
A nona temporada ainda sofreu por conta da queda de nível inevitável do ano anterior(após o desfalque que sabemos que provocou uma clara instabilidade), mas aqui a série consegue ter uma solidez maior nos plots e rumo dos personagens.
Dwight e Andy meio que assumem o protagonismo e não fazem feio. Angela(me emocionou bem em alguns momentos) e Erin brilham e Jim & Pam passam por momentos que o público não esperava ver.
O coração da série esteve mais presente do que nunca, só que aqui a emoção foi proporcionada de forma mais distribuída e não mais focada em Jim e Pam.
A metalinguagem foi elevada a outro nível, andou de mãos dados com o passar do tempo e as mudanças nas vidas dos personagens. Vê-los em outros estágios em suas existências é muito bonito, mas nada nos toca mais do que ver as memórias, reflexões sobre suas jornadas e a importância de cada escolha e pessoa em suas vidas.
Como definiu bem a Pam(dona das grandes frases do episódio final): não há tempo a perder quando encontramos o que queremos, quem queremos e sabemos o que merecemos.
A poesia e a loucura do cotidiano de todos nós em uma das comédias essenciais da TV.
Temporada final muito boa e tocante.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 616 Assista AgoraInimigos íntimos.
O mal que enxerga bem de perto. Muito, muito de perto. Que cresce, ataca e toma conta de maneira silenciosa. Ninguém vê exatamente como acontece, mas as vítimas sentem o medo e as consequências o tempo inteiro.
A ambição desmedida por riqueza e dominação como grande câncer da sociedade. Um câncer naturalizado, enraizado e com bastante sangue nas mãos. Por baixo dos panos, há um olhar contaminado e desumano que não aceita ver aqueles que não são os seus ou como você tendo o que tanto se deseja e nem o mesmo que você possui.
Somente um diretor com enorme talento como Scorsese poderia contar uma história com tamanha maturidade, uma trama construída sem pressa, na qual vemos a violência lentamente, passo a passo, contaminando e destruindo um povo, relações e tudo que vê pela frente.
Vemos que o impacto maior não está nas imagens violentas, e sim no fato dessa violência, tão escondida nas intenções, já ser tão parte da existência coletiva e convívio pessoal que não se é capaz de enxergá-la de verdade ou impedi-la.
As decisões criativas são certeiras. A obra só funciona de forma tão formidável e complexa graças ao ponto de vista escolhido para se contar a história. Trata-se de uma decisão nada óbvia, porém deveras acertada do experiente diretor.
A inesperada cena final só reafirma que o filme pertence a alguém que entende a importância e respeita o material que tem em mãos. Um mestre que domina sua arte e sabe o poder do cinema de gerar emoção e muita reflexão - por mais que o mesmo não seja capaz de desfazer injustiças históricas e curar as dores que não sentimos na nossa pele.
Lily Gladstone está incrível, atriz especial. E DiCaprio e De Niro estão no altíssimo nível que já conhecemos.
Outra maravilhosa obra do imenso Martin Scorsese.
Boleiros: Era uma Vez o Futebol...
3.5 54 Assista Agora"Minha senhora...A senhora não sabe o que é um Palmeiras e Corinthians."
'Boleiros' é uma homenagem repleta de carinho e humor ao futebol e suas particularidades tão inigualáveis.
As superstições, as "malandragens" de caráter muito questionáveis, as relações de interesses obscuros, os aspectos sociais que brecam talentos, não escondem preconceitos e só olham o status social, a pressão das torcidas, os árbitros suspeitos(mais que suspeitos aqui), as marias-chuteiras, os jogadores que enganam os técnicos na concentração. Enfim, há de tudo.
Trata-se de um filme leve, uma grande reunião entre amigos que lembra de divertidas histórias, mas que também revela alguma tristeza e uma enorme saudade de uma época mais gloriosa que eles viveram e eram venerados. E se não eram sempre ou todos venerados, ao menos os mesmos se sentiam felizes por estarem perto do topo no esporte que eles tanto amam.
Delicioso para quem amam futebol e divertido até para quem não curte.
As Super Gatas (1ª Temporada)
4.4 23As super amigas.
A amizade de opostos. Os opostos que aprendem a se gostar e se defender com unhas e dentes.
O texto é muito muito engraçado e inteligente(as piadas não param). Fiquei feliz em ver que o humor é bem mais afiado e "sujo" do que eu esperava, as companheiras não poupam umas as outras ao "carinhosamente" se ofenderem.
Entendo o motivo desta temporada ter vencido o Emmy de melhor comédia, trata-se de um ano realmente muito divertido, que toca em temas universais e atemporais e constrói/apresenta ótimas e sólidas personagens.
Ótima primeira temporada.
O Urso (2ª Temporada)
4.5 240Corações de ursos.
Uma série sobre uma grande família. Sobre a família de onde viemos e a que criamos. Uma família forjada nas incertezas, no companheirismo, nas dificuldades, nas decepções, nas brigas e no amor.
Vemos como os ambientes nos formam e como formamos o ambiente - para o bem e para o mal.
Uma série sobre individualidades e indivíduos. Sobre aquilo que carregamos de mais doído no nosso íntimo e que não somos capazes de colocar para fora ou fazer com que os outros nos entendam inteiramente. Ou que nem mesmo nós dominamos ou sabemos por inteiro.
Que mostra como o passado nos afeta, nos limita e determina muito do que somos. Que evidencia as razões pelas quais os nossos medos e demônios nos sabota repetidamente.
Uma série sobre recomeços e propósitos. Sobre se surpreender consigo mesmo quando parece que somos diferentes de todos os outros ou que nosso tempo já passou. Que revela que o comprometimento com a equipe, com o esforço do outro e também com o carinho de quem nos deposita confiança é algo especial. Que diz que respeitar seu tempo e trabalho é respeitar a si mesmo.
Uma série sobre motivação e desmotivação. Sobre crescimento e traumas, os traumas que nos travam. Que fala de amor e do medo/dificuldade de amar.
Uma série sobre altos e baixos. Muitos, muitos altos e baixos. Muitas incertezas. Pois a vida é exatamente assim. E por isso cada vitória arranca sorrisos, lágrimas e tiram uma tonelada de tensão do corpo, da mente e da alma.
"Fishes", "Forks" e "The Bear" são episódios incríveis! 3 dos melhores do ano.
E o que são as participações especiais?!? Sem comentários.
"Fishes" é o meu episódio favorito. Vemos uma inesquecível e caótica reunião familiar com um tanto de amor perdido no meio daquele tanto de raiva, incômodo e desentendimentos.
A personagem da grande Jamie Lee Curtis me fez lembrar da imensa Gena Rowlands em "Uma Mulher Sob Influência". Acho que não poderia haver elogio melhor do que esse, não é mesmo?
As atuações são tocantes e complexas, deveras especiais. O elenco é algo espetacular. Impressiona o número de ótimos personagens e o desenvolvimento brilhante dos mesmos. Alguns dos principais personagens ganham episódios praticamente só para eles e isso não soa nada gratuito, pois vemos que os mesmos os levam para outro lugar, os fazem crescer de alguma forma.
A direção é do mais alto nível. Sentimos o peso que cada um carrega dentro de si o tempo todo. Sentimos cada pequena felicidade. Sentimos tudo nos olhares, nas palavras e nas hesitações. Obra de enorme sensibilidade e humanidade.
"The Bear" teve um belo ano inicial, mas aqui a série subiu bastante seu nível.
Espetacular temporada. A nota só pode ser a mais alta possível.
The Last of Us (1ª Temporada)
4.4 1,2K Assista AgoraO que nos faz sobreviver no fim do mundo.
Uma grande jornada apocalíptica sobre perda e reencontro.
Tensão e ação de alto nível e ótimas doses de emoção. A construção de um mundo em ruínas e de grandes perigos impressiona e os elos entre os personagens nos comovem.
Joel é o resultado humano de um mundo devastado. Um mundo onde vemos tudo de bom que se perdeu e os resquícios de sentimentos que movem e distorceram completamente o "certo e o errado" numa realidade sem perspectivas. Uma realidade dominada pela solidão e destruição onde o presente é tudo que se tem.
Ellie é o coração de "The Last of Us". É a força genuína que resiste. É o milagre. É a esperança num mundo desumano. A empolgação da menina descobrindo o novo, as coisas, os sentimentos, a vida e se descobrindo proporciona boa parte dos momentos mais belos da série até o momento.
E não posso deixar de citar Frank e Bill, os protagonistas do brilhante episódio 3, o melhor da obra.
Grande primeira temporada.
Cangaço Novo (1ª Temporada)
4.4 208 Assista AgoraSangue e escolhas.
Política, família, violência e a busca por dignidade.
Obra de ação muito bem dirigida e que respira brasilidade. As articulações de poder, a ambientação, as motivações, as manifestações e costumes culturais e a fé só poderiam ser de uma obra nacional. E justamente por isso é uma obra com qualidade capaz de romper fronteiras. Belos personagens.
Muito boa temporada.
Shoah
4.5 37O horror que fica.
O horror invisível. Que nenhuma palavra ou imagem é capaz de reproduzir com exatidão. Que fica impregnado nos lugares, nas memórias, nos olhares e nas palavras.
Não é 100% envolvente(algo compreensível, por ser um filme de mais de 9 horas de duração), mas trata-se de um épico marcante de grande força sobre a maior e mais cruel tragédia da história da humanidade.
Obrigatório.
O Tango de Satã
4.3 139O fim e a desesperança coletiva.
O tempo que expõe calmamente o vazio e a falta de respostas.
O cansaço e a aceitação do pior. A alegria de uma simples dança.
Acho outros filmes do diretor mais poderosos, mas o filme capta alguns momentos bem humanos com beleza especial.
Vejam Béla Tarr.
P.S: A cena da menina com o gato foi sem dúvida a que mais me incomodou até hoje num filme, não vou rever jamais.
Um Dia Quente de Verão
4.3 48O fim da inocência.
Uma época perdida. O ambiente violento que constrói horrores, destrói sonhos e aniquila vidas.
Belo ao apresentar alguns sentimentos e desejos muito bonitos daqueles jovens, porém doloroso ao nos fazer enxergar que não há espaço para os mesmos naquela sociedade.
Um dos grandes filmes orientais dos anos 90. O cinema de Edward Yang é especial.
Vidas Passadas
4.2 777 Assista Agora*Possíveis spoilers abaixo!*
E se...
Uma história que poderia(e tudo indica que deveria) ter acontecido, mas não aconteceu.
Um amor que não teve chance.
As histórias que se constroem nesses encontros que preenchem vazios e se tornam o destino.
Os vazios que alguém deixa que não são preenchidos por mais que o tempo passe.
O choro de quem fica.
A sensação de olhar na janela, ir embora e deixar quem você mais quis ver na vida.
Impossível não se envolver com a relação dos protagonistas que por diferentes décadas desejam em algum nível entregar seus corações um ao outro, porém não o fazem ao encararem as circunstâncias nas quais vivem.
O amor mais bonito é o idealizado e não concretizado?
Menos previsível é ver que os sentimentos do intruso norte-americano(como o próprio brinca) me comoveram quase tanto quanto. Um personagem que se sente inferiorizado e reflete acerca do que poderia "não ter sido" ao pensar sobre o caráter "menos mágico" de toda sua trajetória ao lado da mulher que ama.
Bonita a fragilidade do marido. Bonita a cumplicidade entre os dois.
A beleza de cada momento, de cada dia. A beleza de cada instante da vida quando estamos ao lado de alguém que nos enxerga de maneira especial. O filme capta muito bem os poéticos silêncios.
Longa de diálogos belíssimos e sentimentos de tão gigantesca identificação que até esquecemos que estamos diante de uma obra de ficção.
Diálogos sobre o que poderia ter sido. Intensos e também leves. E também sobre o que foi, sobre o que aconteceu e como aconteceu. E o fato de ser belo justamente por tudo ter ocorrido como ocorreu.
O casal idealizado, "prometido" desde a infância, que combina mais num primeiro olhar.
E o casal criado nos momentos, na companhia. No lugar certo e na hora certa.
Na intimidade. Construido com o o pé na realidade.
Para um a garota que vai embora. Para o outro a garota que fica.
As memórias e a conexão que aproximam. Os anos passados e a distância que afastam.
E o tempo que não dá respostas sobre certo e errado nas nossas escolhas, apenas nos faz sentir na pele o peso das mesmas.
Sensibilidade ímpar. Um dos filmes mais lindos dos últimos anos.
Trabalho primoroso de Celine Song.
E se eu tivesse assistido em outro momento e/ou não vivido o que vivi, o filme me tocaria tão profundamente?
O cinema reproduz a vida com beleza e força inigualáveis.
Jamais esquecerei a cena do choro no final.
Talvez lindas e fantásticas histórias de amor não sejam para todos. Felizmente o cinema é.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 526 Assista AgoraQuem pode dizer qual o caminho e o lugar que pertencemos?
Filme de personagens marcados por grandes perdas que tentam o tempo todo evitar novas perdas e desastres maiores.
Uma corrida contra o tempo. Uma corrida para provar seu próprio valor.
As belas amizades e o visual impressionante seguem tornando tudo especial.
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraO Aranha necessário.
Abraçar e entender seu papel. Fugir não é uma opção. Apenas vivendo se cresce e sabe a nossa real força.
Uma grande celebração do universo do super-herói. E com aquele toque de coração que não pode faltar.
O visual revolucionário e a inventividade impressionam.
The Office (8ª Temporada)
4.0 303Dwight e Andy ganhando muito protagonismo na temporada. Foi muito interessante vê-los com tanto destaque. E a Erin brilhou também.
Certamente a mais fraca temporada até aqui, mas The Office ainda mantém um bom nível.
Bom oitavo ano.
Maravilhosa Sra. Maisel (5ª Temporada)
4.5 101 Assista AgoraO palco como verdadeiro lar.
A suada recompensa após perder tudo que se esperava viver.
A carreira que transforma e redefine o ser. A carreira que abre caminhos e subverte expectativas da época, de gêneros e de todos.
O último ano viaja com sabedoria por passado, presente e futuro de forma melancólica e reflexiva. Vimos como cada semente plantada em cada caminho e relação sempre estiveram lá(para o bem e para o mal - felizmente mais para o bem).
Midge e Susie formam o casal que mais importa na série. E nas jornadas de ambas, com tamanhos contratempos, adversidades e desilusões de todos os tipos, apenas tomando o que é compatível ao talento das duas na marra é que se consegue sucesso. E que prazer foi ver isso!
O desfecho é de reconhecimento, paz e risadas. Não por tudo ter sido perfeito, sem falhas e perdas, mas por suas vidas terem sido traçadas por suas próprias cabeças e corações.
Não poderia terminar de outra maneira: maravilhoso final!
Sentirei saudade dos diálogos rápidos e inteligentes, da elegância geral que contamina, dos bons personagens, do enorme coração, do olhar tão articulado sobre a época e também dessas mulheres lutadoras e brilhantes que merecem conquistar tudo que sonham.
Bela última temporada. Guardarei com carinho a série no meu coração.
Oppenheimer
4.0 1,1KNo fundo é apenas uma história comum e não tão bem articulada assim sobre culpa e vingança.
A muito boa performance de Cillian Murphy e a força do tema, com todo o peso que os efeitos que uma bomba atômica podem causar e causam, geram bons momentos. Contudo, ainda incomoda bastante a mão pesada de Nolan que não permite que a história alcance seu potencial dramático de forma mais natural. A trilha sonora deveras intrusiva e as idas e vindas que nem sempre nos mantém interessados como deviam cansam.
Novamente o badalado diretor não me impressionou.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraA busca por espaço e o desabrochar da identidade feminina.
Greta Gerwig volta a temas preciosos da sua filmografia, contesta e provoca reflexão numa abordagem bastante direta e mais popular. "Barbie" é menos sutil e impressionante do que suas outras obras,
porém a saga de autoconhecimento coletivo diverte e emociona.
Filme de momentos catárticos! Saber quem você é torna-se o primeiro mandamento para saber que espaço você deve buscar ocupar no mundo.
Margot Robbie e Ryan Gosling estão muito muito bem.
Missão: Impossível 7 - Acerto De Contas - Parte 1
3.9 395 Assista AgoraO homem que perde e que salva.
Uma missão maior do que o que se carrega no coração.
A franquia que constantemente se desafia mais e mais em grandiosas cenas eleva Ethan Hunt a um status de maior esperança da humanidade. Parece exagero? Não numa realidade que antes poderia parecer absurda. Não numa série na qual o entretenimento puro, capitaneado pelo maior astro do cinema, é uma arte tão potente e sólida que conquista mais nossa admiração a cada filme.
Tom Cruise segue acertando em cheio.
Angels in America
4.2 126 Assista AgoraA América de almas sofredoras. A América também da esperança. A América de todos.
A chegada da AIDS. Um novo milênio se aproxima. O medo. O medo de um país em mudanças, de se perder, de não pertencer.
Maravilhosa obra. E que elenco incrível!
Renfield - Dando o Sangue Pelo Chefe
3.2 253 Assista AgoraFuncionaria muito mais se abraçasse apenas a jornada de buscar um sentido para a própria existência/livramento de relações tóxicas e menos a trama policial chatíssima.
Vendo o que acontece com o Guillermo na maravilhosa "What We Do in the Shadows" sabemos que poderia ser bem melhor.
Até diverte, mas é muito esquecível.
Renfield - Dando o Sangue Pelo Chefe
3.2 253 Assista AgoraFuncionaria muito mais se abraçasse apenas a jornada de buscar um sentido para a própria existência/livramento de relações tóxicas e menos a trama policial chatíssima.
Vendo o que acontece com o Guillermo na maravilhosa "What We Do in the Shadows" sabemos que poderia ser bem melhor.
Tão divertida quanto esquecível.
Peregrinação
4.0 9O que se perde para sempre.
O amor que cega. O amor que destrói histórias de amor.
O egoísmo que distorce. Apenas olhando o mal se repetir se entende os erros.
O perdão próprio não é possível, mas sempre é tempo para se tornar alguém melhor.
Tocante filme do grande John Ford.
Um Sábado Violento
3.4 13Reconciliações e sonhos interrompidos.
Reações inesperadas e comportamentos que vão contra princípios, personalidade e religião. "Heróis" que nascem por meio de tragédias.
A violência entra, toca as vidas e muda tudo para sempre.
Final forte.
Coisas Belas e Sujas
3.8 245 Assista AgoraCorações imparáveis.
Resistentes de uma sociedade cruel, que explora sem parar.
O filme nos deixa tensos, surpreende e nos toca.
A maldade está em todos os cantos, mas o que há de mais bonito que vence fronteiras e barreiras também.