Filme de horror bem oitentão nos efeitos e estimulante em pequena escala num sentido cômico mesmo. Feito de três episódios que independem uns dos outros, em comum têm a presença dispensável de um gato que só se faz relevante na última estória. Tudo bem, era de se esperar mais de um roteiro de Stepehn King, mas a direção de Lewis Teague também não ajuda. Contudo, o primeiro episódio é capaz de despertar reflexões sobre questões que envolvem disciplina; o segundo pode dar um nervosinho, especialmente em pessoas que têm medo de altura; e o terceiro garante, no mínimo, boas risadas. Enfim, num todo, um bom divertimento para almas despretensiosas e pouco exigentes. Destaque para o uso óbvio e engraçado da música "Every Breath You Take" do The Police. Ps: a pequena Drew Barrymore é melhor que a atriz "madura", fato.
O filme fica devendo muito à verdadeira vida do real e lendário e talentosíssimo Leadbelly. Prevalece a impressão, pra quem conhece os percalços pelos quais o artista passou, de que a HISTÓRIA é mais ficcional que a própria ficção. No entanto, "Canção da Liberdade" não deixa de ser válido como um contato inicial, mesmo que superficial, com o imensurável legado, que está muito além de questões biográficas, deste extraordinário músico.
Fantástico filme de ficção científica com fortes toques de terror, suspense e aventura. Enquanto a maioria dos filmes do gênero da época mostravam extraterrestres e/ou avanços tecnológicos mirabolantes, "O Incrível Homem Que Encolheu" lida basicamente com os conflitos e necessidades individuais do ser humano perante uma grande mudança na perspectiva com a qual ele enxerga e lida com o mundo à sua volta. Sem uma explicação concreta para o motivo pelo qual está encolhendo cada vez mais, protagonista e espectador percebem o quão tal explanação é menor conforme os obstáculos enfrentados por Scott Carey se tornam mais extremos e, paradoxalmente, envolvem de maneira interessante elementos rotineiros do homem comum. Tudo isso salpicado com muita adrenalina. A questão do "outsider" é outra que atravessa o filme. Não é à toa que em determinado momento um
circo de aberrações aparece na trama. Acontece que quando o protagonista está se acostumando com sua condição e se encaixando num grupo, ele toma outra porrada e se conscientiza de seu inevitável rumo à solidão total.
A estória, que poderia facilmente resultar num final pessimista ou otimista nos significados estritos dos termos, consegue desaguar numa reflexão um pouco piegas - e aí deve-se levar em conta o contexto temporal em que o filme foi feito - mas que foge do lugar comum com um quê metafísico e até mesmo existencial. Pra deixar a obra ainda melhor, os efeitos especiais são surpreendentemente bons. A relação de proporção, tão importante para a trama, em nenhum momento é inverossímil. Recomendadíssimo.
"Penance" não é bom. É bem verdade que pro final melhora, deixando a relação sexo/violência, tão importante neste tipo de filme, mais evidente; mas aí o interesse do espectador já se dispersou. De resto, Cristie Whiles, que não aparece o suficiente, tampouco está morbidamente sexy como em "Mordum", segundo filme da mesma franquia; aliás, percebe-se uma entrega muito contida do elenco, o que somado aos bonecos em cenas de gore extremo, contribui para o clima "fake" não proposital e ineficiente desta produção da Toetag Pictures. A sensação de que esta sequência, como é comum quando o assunto é uma sequência cinematográfica, foi feita só pelo dinheiro está sublinhada na apelação para as cenas de alimentação animal. A falta de criatividade demente comanda e o frenesi caótico cede lugar ao tédio enjoado. Nem mesmo um breve relance de um show do bom grupo de rock “The Murder Junkies” consegue dar maior credibilidade ao filme. Um pena.
Sem dúvida uma produção checo-austríaca ousada para sua época. Além das comentadas cenas de nu feminino, rodadas com extremo bom gosto, e da impressão de orgasmo obtida em determinado take pelas expressões faciais da protagonista, "Ekstase" aborda temas espinhosos para serem tratados em salas de exibição, levando em consideração seu contexto temporal, como o divórcio e o suicídio. A estética cinematográfica apresentada é classuda como num exemplo de bom cinema mudo: a fotografia é belamente detalhista e metáforas imagéticas são usadas com muito sucesso na demonstração de sentimentos dos personagens e de suas posturas perante as variadas situações em que se encontram. O ponto negativo fica por conta da obra se encontrar no limbo do período de transição entre filmes mudos e falados. Por esta razão falas desnecessárias são colocadas num esquema de dublagem dúbia. Só isso. Todo o resto no filme é extremamente necessário.
Então, se você está esperando um filme vigoroso, que use de certa irascibilidade imediatista para ir direto ao ponto, como um bom número de punk rock, esqueça "Jubilee". Sendo Derek Jarman um cineasta notório por sua poética cinematográfica por vezes densa e hermética, não deixa de ser curioso ler na sinopse que "Este filme é considerado o primeiro filme punk da História". Realmente, no tangente à temática, existe um certo niilismo abordado e uma crítica à manipulação exercida pelo sistema que pode remeter ao punk rock inglês e seu expoente máximo, o Sex Pistols. O visual de alguns personagens também lembra o do punk rock INGLÊS. De resto, as participações de algumas figuras emblemáticas do movimento como Wayne County, Adam Ant, The Slits e Siouxsie and the Banshees atuando e/ou por meio de videoclipes musicais também dão um gostinho "No Future" à obra. No mais, é questionável se "Jubilee" é mais, ou tão punk, quanto alguns filmes anteriores de Andy Warhol, Paul Morrissey ou mesmo John Waters. Desta maneira o espectador deve manter a mente aberta para a viagem conceitual iconoclasta que Derek Jarman porpõe, considerando a questão punk como nada mais do que um pano de fundo translúcido.
Tinha tudo pra ser mais um filme "moderninho" no sentido pejorativo do termo. As inversões, e não as alternativas, com relação às convenções do dito "cinema clássico" começam na maneira inventiva como os créditos são colocados. Elas assim permanecem onipresentes durante todo o filme, seja nas posições espaciais nem um pouco usuais dos personagens em cena, fragmentadas por uma montagem nervosa, ou pelas colocações das câmeras, que traduzem um ponto de vista bem singular. Tudo se justifica conforme o tema principal da obra, a destruição, vai sendo demonstrado.
A gráfica sanguinolência, com direito a piroca gigante cortada sobre a mesa enquanto cadáveres com feridas expostas trazem reminiscências de seu passado ao espectador
, não é gratuita. Aliás, nada é gratuito. Todo os movimentos de "Ex-Drummer" são justificáveis na demonstração caótica de um mundo onde o individualismo seria a única proteção e, quem sabe, razão de existir - e isso não por ser razoável, e sim a provável opção viável; afinal, o ser humano é um monstro sádico, canibal e mongolóide no meio de uma selva gélida. Esta obra dá uma noção de como um filme mais contemporâneo pode trazer uma pitada de experimentalismo sem soar presunçoso. Boas atuações, que com toda a efervescência de ânimos dos personagens, mantêm um distanciamento quase frio deles mesmos - fator que realça os ápices de conflitos na trama; bom roteiro capaz de transpor uma qualidade quase lírico-musical para a tela; e pra completar, uma trilha sonora que, em vários momentos, tira músicas formidáveis da cartola. Enfim, experiência mais do que válida.
Tá. A sinpose acima promete mais do que o filme consegue dar conta. No mais, a participação de Corey Feldman é hilariante. E o queridão Jello Biafra também está no elenco. Sem falar no Papa Dee Dee Ramone. Bom, qualquer coisa que tenha um dedinho que seja do Sr. Douglas Glen Colvin é imperdível. Dito.
Clássico filme do gênero. Quem curte perseguições de carro autênticas, filmadas na raça, com dublês verdadeiramente destemidos, em que uma montagem afiada ajuda na linda e frenética dança das máquinas, não pode perder Dirty Mary Crazy Larry. Os diálogos são econômicos e eficazes e o final é explosivo em todos os sentidos. Tarantino, ao citar este filme em seu Death Proof, presta serviço aos cinéfilos de plantão lembrando aos pueris que existia adrenalina antes do CGI. Nada contra o cinema tipo Duro de Matar 4.0, mas organicidade ainda faz diferença.
Filme legal. Às vezes parece saído direto dos anos 70, lembrando algo do ciclo canibal italiano ou alguma série de ação com uma pitada de horror - mais por uma questão estilística que temática. O vilão escroto, inconsequente e impulsivo tem destaque e a produção de Yi Boh Lai Beng Duk é supreendentemente prolífica. Mesmo assim, os tons trash abundam pela maneira barata e gratuita com que temas ainda polêmicos, como sexo e violência, são abordados. De tão caricaturais, muitos momentos são extremamente engraçados e nojentinhos. Diversão garantida.
"Kids", "Ken Park" e "Bully" poderiam formar uma trilogia do diretor Larry Clark. Os três filmes usam a delinquência juvenil como meio para retratar uma doentia sociedade americana. A marca pessoal de Clark, que trafega pela seriedade e o extremismo usando a denúncia como suporte, é questionável. Até que ponto o diretor está realizando uma "Malhação" proibida para menores de 16 anos? Na dúvida, fica a constatação de que "Bully" não é o pior dos três filmes. Ele tem boas atuações e direção bem mais madura do que "Kids", por exemplo; e por se basear em fatos reais, confere maior eficácia ao pouco original cinema de Clark, que parece almejar uma certa função social. Nada há de errado em apontar problemas sem mostrar suas respectivas soluções, muito menos em se usar do choque para balançar o espectador. No entanto, Larry Clark faz isso de uma maneira em que nunca sai de sua zona de segurança. E isso às vezes incomoda.
Delicioso clássico imprescindível para fãs de tranqueiras. "Maniac" se encaixa naquele padrão comum de filmes que usavam o didatismo como pretexto para exibir assuntos polêmicos no cinema. Acontece que o resultado aqui, numa estória "inspirada" no conto "The Black Cat" de Edgar Allan Poe, é uma espécie de precursor de estereótipos que abarcam padrões do exploitation, do trash e das produções B em geral. Desleixo é a palavra. Atuações histéricas e hilariantes ajudam a construir o clima deste filmeco esquisito. Mas não é só isso. Faz-se necessário dizer que, se Herschel Gordon Lewis fez o "Cidadão Kane" do gore com seu "Blood Feast", considerando toda a exuberância nauseante de suas cores vívidas, muitos dos elementos de demência transgressora já se encontram em "Maniac":
um coração realista pulsando dentro de um recipiente, o personagem do ex-ator arrancando um olho de um gato para logo em seguida comê-lo, alusões a necrofilia, pancadaria brutal e explícita entre mulheres, muitas tetinhas de fora...
enfim, só coisa boa. Aliás, as sobreposições que acontecem com cenas de um dos clássicos absolutos de todos os tempos do horror, Häxan: Witchcraft Through the Ages, vêm bem a calhar, pois também ressaltam o quê positivamente mambembe deste pequeno louco filmeco. Pesquisem, divulguem, comprem, baixem, assistam na íntegra no youtube - afinal, o subestimado filme de Dwain Esper já caiu em domínio público. "Maniac" é uma das obras mais divertidamente "ruins" da história do cinema. "Freak" ao limite, ainda mais levando em conta seu contexto e época de produção. Altamente recomendado.
Kim Ki Duk é o cineasta das sutilezas. Quando seus temas não são incomuns ele trata de retratar o ordinário de maineira extremamente singular. Bad Guy é um belo filme. Lapidado, ele mostra a relação cafetão/prostituta de um prisma distinto e único. Ninguém é vilão - apesar do título do filme -, ninguém é herói. Os personagens do coreano são filhos de suas próprias paixões, o que não permite um julgamento banal. Dentro de uma estética cinematográfica delicada e poética, em que a condução branda da narrativa convida à reflexão, isso faz diferença. O ponto estranho fica por conta da trilha sonora que, por momentos, traz fisgadas inapropriadamente Kitsch à obra.
Quem assiste a Drive, Valhalla Rising e Bronson, não necessariamene nesta ordem, pode perceber uma veia autoral que parece nutrir distintamente a criatividade do cineasta Nicolas Winding Refn. As três obras acima citadas apresentam um artista que molda com formas estóicas o impulso destrutivo do ser humano. A beleza e unicidade na representação do caos são desconcertantes e não seria exagero chamar Winding Refn de Ingmar Bergman da violência. Bronson condensa o supra-sumo essencial também dissecado em Drive e/ou Valhalla Rising. Se alguém estiver em dúvida sobre por qual obra do diretor começar, o retrato alegórico da vida de Michael Peterson se faz insubstituível. Aliás, o fato do filme ser baseado na biografia do verdadeiro famigerado prisioneiro inglês só deixa tudo mais excitante; e nem precisava, pois a atuação de Tom Hardy por si só já é o suficiente para prender a atenção de qualquer espectador, inclusive dos mais insensíveis.
Filme com abordagem curiosa sobre o tema dos Snuff Films. O mais interessante é como se coloca em discussão explícita a relação entre o corpo (neste caso, principalmente, o feminino) e seu desmembramento numa sociedade de consumo onde o avanço dos meios de comunicação abrem brechas para que o anonimato possa vir a ser tido como divindade. Cinematograficamente falando, o maior mérito de "Snuff 102", um filme de baixíssimo orçamento e que talvez justamente por isso beire uma espécie de crueza amadora que acaba por se tornar seu estilo, está no uso surpreendentemente criativo de certos recursos narrativos como a alternância entre os takes em cores e P&B, o uso pontual de sequências em câmera lenta e a eficiente iluminação. A trilha sonora também não deixa a desejar no que diz respeito a conferir eficiente climatização para a obra. Que fique claro que "Snuff 102" não concentra sua trama nas cenas de morte. Inclusive,é decepcionante que, justamente numa dessas cenas,
haja uma espécie de corte no qual se lê que "uma das virtudes do cinema é não mostrar tudo".
Inusitado que num filme desse naipe ocorra tal colocação incoerente que só pode ser uma provocação niilista ou uma hipocrisia descarada - ou quem sabe ingenuidade mesmo. Enfim, tirando este porém, ou até com ele incluso, experiência válida para apreciadores do gênero. Ps: comparações com filmes da série "August Underground" soam despropositadas. Tais filmes são extremamente viscerais, carecendo de trama e quaisquer tipo de reflexões sobre a violência que trazem, cabendo somente ao espectador digerir o que viu; sendo que isto é o suficiente para uma grande distinção com relação ao filme de Mariano Peralta.
Que Deus abençoe os italianos. "Shadow" já é um pequeno clássico do horror moderno. Federico Zampaglione se apropria de elementos do gênero "Torture Porn" em filme com grande influência de mestres que são seus conterrâneos como Argento, Bava e Deodato. No mais, se o enredo desolador por si só é um destaque, a trilha sonora descaradamente inspirada naquelas compostas pelo grupo Goblin só se compara à atuação de Nuat Arquint, que incorpora assustadoramente um grotesco vilão.
Que Roman Polanski é um grande cineasta não é segredo pra ninguém. O que surpreende em "Deus da Carnificina" é o fato de um artista notório por questões mais técnicas (não que estas não estejam presentes) relativas à arte de fazer cinema privilegiar a atuação. Desta maneira, surgem duas constatações: o elenco é muito bom e/ou Polanski também é um grande diretor de atores. O filme é muito teatral, no sentindo mesmo da construção narrativa. Impossível não lembrar do clássico "Quem Tem Medo de Virginia Woolf", de 1966, em que dois casais também são unidos por determinado motivo e mantêm uma relação conturbada. Fato é que "Quem Tem Medo..." é um drama denso, já "Deus da Carnificina" é uma densa comédia em que impera o humor negro. Um autêntico Polanski: corajoso e renovado. Destaque para a interpretação de Cristoph Waltz.
Produção finlandesa de horror. Interessante. A postura é se deixar levar pelo filme sem grandes expectativas, caso contrário "Alma Diabólica" pode irritar. A grande virada final, parecendo almejar um desfecho revelador tipo Shyamalan, deixa a trama no ar pedindo sentido. E isto poderia até ser superável, caso os minutos anteriores da estória não estivessem preenchidos com efeitos digitais de quinta categoria e tentativas falhas de causar susto que acabam em tédio. Espectadores mais curiosos se seguram até o fim e, provavelmente, ficam decepcionados; espectadores mais desleixados aproveitam o que se pode apreciar de melhor: a participação de um dos integrantes do GWAR (não é um deles?).
Típico filme que o Sr. Quentin Tarantino pegaria, embrulharia para presente em papel hollywoodiano e que os desavisados consumiriam como sendo algo totalmente novo e autoral. Bom chamar a atenção para o fato disso não tirar o mérito do cineasta americano. Ele traz boas e inusitadas referências aos seus filmes. O.K. É sabido que o espaço aqui é pra dar opiniões sobre The Bamboo House of Dolls, mas após ver apenas a montagem dos créditos iniciais e a trilha sonora que a acompanha, fica difícil não pensar no quanto este tipo de cinema influenciou o famigerado diretor de Pulp Fiction. E que tipo de cinema é Nu ji zhong ying? Seria um épico-exploitation de Hong Kong? Toda a estética que caracteriza filmes do gênero exploitation setentista, como o abuso da viollência e do sexo de uma forma gratuita e apelativa e banal, numa tentativa sem vergonha de atrair mais público para as salas de exibição, no limite do que era permitido para a época, está lá. Acontece que o apreciador de exploitation facilmente percebe que nesta obra houve um orçamento maior e melhor aproveitado. Perseguições, explosões, lutas e um certo senso de comédia são bem trabalhados; e até tecnicamente o filme surpreende, demonstrando maior profissionalismo que outros do gênero, seja pela competente direção de figurantes ou pelos enquadramentos criativos e abrangentes. A curiosidade para ver outros filmes de Chih-Hung Kuei aflora.
Muito legal. Os orientais, tendo em mente a trilogia de Park Chan-wook entre outras obras, têm uma concepção bem diferente de vingança se comparados aos ocidentais - ou, ao menos, tratam o tema de maneira bem distinta em filmes. Bom, é fato que a concepção de vida dos asiáticos é circular, diferentemente da linearidade adotada por europeus e americanos. Isto é refletido em suas artes, cinema incluso. O fator "causa-efeito" em Kokuhaku é permeado por tantas tramas e subtramas bem sucedidas em hipnotizar o espectador que a motivação original de todo o enredo, relegada a planos secundários em vários momentos, só retorna em toda a sua excelência no final extremamente impiedoso. A reflexão que fica para quem faz a viagem de Tetsuya Nakashima até o fim e se sente de alma lavada vai além da questào acerca da justiça com as próprias mãos. Confissões põe à prova a crueldade própria de cada um, e isto supera seus méritos cinematográficos, que por si só são imensos. Só não ganha 5 estrelas pelo uso repetitivo da chata música do entediante grupo Radiohead, o que por muitas vezes prejudica o clima e o andamento da narrativa.
Imagine o inferno de Bosch encontrando com O Exorcista e o cinema de Alejandro Jodorowsky, tudo isso condensado em pouco mais de uma hora: Alucarda, La Hija de Las Tinieblas. Este filme mexicano do curioso diretor Juan Carlos Moctezuma se concentra mais em sucessões imagéticas, com mistérios ocultos em cada plano, que em pormenores narrativos. A consequência é uma obra de horror catártico. A obviedade da questão Satã Versus Igreja se torna menor diante de vários méritos cinematográficos; dentre eles estão a precisa edição de som, que contribui para a ondulação crescente de histeria e as atuações pontualmente teatrais, que abrem caminho para o exagero dar seu tom ao caos. Para concluir, um final apoteótico não é suficiente para Alucarda, que ainda brinda o espectador com uma das cenas mais assustadoras da história do cinema de terror:
Olhos de Gato
3.3 128 Assista AgoraFilme de horror bem oitentão nos efeitos e estimulante em pequena escala num sentido cômico mesmo. Feito de três episódios que independem uns dos outros, em comum têm a presença dispensável de um gato que só se faz relevante na última estória. Tudo bem, era de se esperar mais de um roteiro de Stepehn King, mas a direção de Lewis Teague também não ajuda.
Contudo, o primeiro episódio é capaz de despertar reflexões sobre questões que envolvem disciplina; o segundo pode dar um nervosinho, especialmente em pessoas que têm medo de altura; e o terceiro garante, no mínimo, boas risadas. Enfim, num todo, um bom divertimento para almas despretensiosas e pouco exigentes.
Destaque para o uso óbvio e engraçado da música "Every Breath You Take" do The Police.
Ps: a pequena Drew Barrymore é melhor que a atriz "madura", fato.
Não Tenha Medo Do Escuro
2.8 857 Assista AgoraSó a cenografia passa. Uma produção envolvendo o nome de Guillermo del Toro cria maiores expectativas.
Canção da Liberdade
3.6 2O filme fica devendo muito à verdadeira vida do real e lendário e talentosíssimo Leadbelly. Prevalece a impressão, pra quem conhece os percalços pelos quais o artista passou, de que a HISTÓRIA é mais ficcional que a própria ficção. No entanto, "Canção da Liberdade" não deixa de ser válido como um contato inicial, mesmo que superficial, com o imensurável legado, que está muito além de questões biográficas, deste extraordinário músico.
O Incrível Homem Que Encolheu
4.1 116 Assista AgoraFantástico filme de ficção científica com fortes toques de terror, suspense e aventura. Enquanto a maioria dos filmes do gênero da época mostravam extraterrestres e/ou avanços tecnológicos mirabolantes, "O Incrível Homem Que Encolheu" lida basicamente com os conflitos e necessidades individuais do ser humano perante uma grande mudança na perspectiva com a qual ele enxerga e lida com o mundo à sua volta.
Sem uma explicação concreta para o motivo pelo qual está encolhendo cada vez mais, protagonista e espectador percebem o quão tal explanação é menor conforme os obstáculos enfrentados por Scott Carey se tornam mais extremos e, paradoxalmente, envolvem de maneira interessante elementos rotineiros do homem comum. Tudo isso salpicado com muita adrenalina.
A questão do "outsider" é outra que atravessa o filme. Não é à toa que em determinado momento um
circo de aberrações aparece na trama. Acontece que quando o protagonista está se acostumando com sua condição e se encaixando num grupo, ele toma outra porrada e se conscientiza de seu inevitável rumo à solidão total.
A estória, que poderia facilmente resultar num final pessimista ou otimista nos significados estritos dos termos, consegue desaguar numa reflexão um pouco piegas - e aí deve-se levar em conta o contexto temporal em que o filme foi feito - mas que foge do lugar comum com um quê metafísico e até mesmo existencial.
Pra deixar a obra ainda melhor, os efeitos especiais são surpreendentemente bons. A relação de proporção, tão importante para a trama, em nenhum momento é inverossímil. Recomendadíssimo.
August Underground's Penance
2.5 8"Penance" não é bom. É bem verdade que pro final melhora, deixando a relação sexo/violência, tão importante neste tipo de filme, mais evidente; mas aí o interesse do espectador já se dispersou. De resto, Cristie Whiles, que não aparece o suficiente, tampouco está morbidamente sexy como em "Mordum", segundo filme da mesma franquia; aliás, percebe-se uma entrega muito contida do elenco, o que somado aos bonecos em cenas de gore extremo, contribui para o clima "fake" não proposital e ineficiente desta produção da Toetag Pictures.
A sensação de que esta sequência, como é comum quando o assunto é uma sequência cinematográfica, foi feita só pelo dinheiro está sublinhada na apelação para as cenas de alimentação animal. A falta de criatividade demente comanda e o frenesi caótico cede lugar ao tédio enjoado. Nem mesmo um breve relance de um show do bom grupo de rock “The Murder Junkies” consegue dar maior credibilidade ao filme. Um pena.
Êxtase
3.7 22Sem dúvida uma produção checo-austríaca ousada para sua época. Além das comentadas cenas de nu feminino, rodadas com extremo bom gosto, e da impressão de orgasmo obtida em determinado take pelas expressões faciais da protagonista, "Ekstase" aborda temas espinhosos para serem tratados em salas de exibição, levando em consideração seu contexto temporal, como o divórcio e o suicídio.
A estética cinematográfica apresentada é classuda como num exemplo de bom cinema mudo: a fotografia é belamente detalhista e metáforas imagéticas são usadas com muito sucesso na demonstração de sentimentos dos personagens e de suas posturas perante as variadas situações em que se encontram.
O ponto negativo fica por conta da obra se encontrar no limbo do período de transição entre filmes mudos e falados. Por esta razão falas desnecessárias são colocadas num esquema de dublagem dúbia. Só isso. Todo o resto no filme é extremamente necessário.
Magnicídio
3.6 44Então, se você está esperando um filme vigoroso, que use de certa irascibilidade imediatista para ir direto ao ponto, como um bom número de punk rock, esqueça "Jubilee". Sendo Derek Jarman um cineasta notório por sua poética cinematográfica por vezes densa e hermética, não deixa de ser curioso ler na sinopse que "Este filme é considerado o primeiro filme punk da História". Realmente, no tangente à temática, existe um certo niilismo abordado e uma crítica à manipulação exercida pelo sistema que pode remeter ao punk rock inglês e seu expoente máximo, o Sex Pistols. O visual de alguns personagens também lembra o do punk rock INGLÊS. De resto, as participações de algumas figuras emblemáticas do movimento como Wayne County, Adam Ant, The Slits e Siouxsie and the Banshees atuando e/ou por meio de videoclipes musicais também dão um gostinho "No Future" à obra. No mais, é questionável se "Jubilee" é mais, ou tão punk, quanto alguns filmes anteriores de Andy Warhol, Paul Morrissey ou mesmo John Waters. Desta maneira o espectador deve manter a mente aberta para a viagem conceitual iconoclasta que Derek Jarman porpõe, considerando a questão punk como nada mais do que um pano de fundo translúcido.
Ex Baterista
3.8 314Tinha tudo pra ser mais um filme "moderninho" no sentido pejorativo do termo. As inversões, e não as alternativas, com relação às convenções do dito "cinema clássico" começam na maneira inventiva como os créditos são colocados. Elas assim permanecem onipresentes durante todo o filme, seja nas posições espaciais nem um pouco usuais dos personagens em cena, fragmentadas por uma montagem nervosa, ou pelas colocações das câmeras, que traduzem um ponto de vista bem singular. Tudo se justifica conforme o tema principal da obra, a destruição, vai sendo demonstrado.
A gráfica sanguinolência, com direito a piroca gigante cortada sobre a mesa enquanto cadáveres com feridas expostas trazem reminiscências de seu passado ao espectador
Esta obra dá uma noção de como um filme mais contemporâneo pode trazer uma pitada de experimentalismo sem soar presunçoso. Boas atuações, que com toda a efervescência de ânimos dos personagens, mantêm um distanciamento quase frio deles mesmos - fator que realça os ápices de conflitos na trama; bom roteiro capaz de transpor uma qualidade quase lírico-musical para a tela; e pra completar, uma trilha sonora que, em vários momentos, tira músicas formidáveis da cartola. Enfim, experiência mais do que válida.
Prometheus
3.1 3,4K Assista AgoraSono?
As Bandidas de Bikini
2.3 11Tá. A sinpose acima promete mais do que o filme consegue dar conta. No mais, a participação de Corey Feldman é hilariante. E o queridão Jello Biafra também está no elenco. Sem falar no Papa Dee Dee Ramone. Bom, qualquer coisa que tenha um dedinho que seja do Sr. Douglas Glen Colvin é imperdível. Dito.
Fuga Alucinada
3.8 47Clássico filme do gênero. Quem curte perseguições de carro autênticas, filmadas na raça, com dublês verdadeiramente destemidos, em que uma montagem afiada ajuda na linda e frenética dança das máquinas, não pode perder Dirty Mary Crazy Larry.
Os diálogos são econômicos e eficazes e o final é explosivo em todos os sentidos. Tarantino, ao citar este filme em seu Death Proof, presta serviço aos cinéfilos de plantão lembrando aos pueris que existia adrenalina antes do CGI. Nada contra o cinema tipo Duro de Matar 4.0, mas organicidade ainda faz diferença.
Síndrome de Ebola
3.5 59Filme legal. Às vezes parece saído direto dos anos 70, lembrando algo do ciclo canibal italiano ou alguma série de ação com uma pitada de horror - mais por uma questão estilística que temática.
O vilão escroto, inconsequente e impulsivo tem destaque e a produção de Yi Boh Lai Beng Duk é supreendentemente prolífica. Mesmo assim, os tons trash abundam pela maneira barata e gratuita com que temas ainda polêmicos, como sexo e violência, são abordados.
De tão caricaturais, muitos momentos são extremamente engraçados e nojentinhos. Diversão garantida.
Bully: Juventude Violenta
3.4 102"Kids", "Ken Park" e "Bully" poderiam formar uma trilogia do diretor Larry Clark. Os três filmes usam a delinquência juvenil como meio para retratar uma doentia sociedade americana. A marca pessoal de Clark, que trafega pela seriedade e o extremismo usando a denúncia como suporte, é questionável. Até que ponto o diretor está realizando uma "Malhação" proibida para menores de 16 anos?
Na dúvida, fica a constatação de que "Bully" não é o pior dos três filmes. Ele tem boas atuações e direção bem mais madura do que "Kids", por exemplo; e por se basear em fatos reais, confere maior eficácia ao pouco original cinema de Clark, que parece almejar uma certa função social. Nada há de errado em apontar problemas sem mostrar suas respectivas soluções, muito menos em se usar do choque para balançar o espectador. No entanto, Larry Clark faz isso de uma maneira em que nunca sai de sua zona de segurança. E isso às vezes incomoda.
Maniac
3.0 6 Assista AgoraDelicioso clássico imprescindível para fãs de tranqueiras. "Maniac" se encaixa naquele padrão comum de filmes que usavam o didatismo como pretexto para exibir assuntos polêmicos no cinema. Acontece que o resultado aqui, numa estória "inspirada" no conto "The Black Cat" de Edgar Allan Poe, é uma espécie de precursor de estereótipos que abarcam padrões do exploitation, do trash e das produções B em geral.
Desleixo é a palavra. Atuações histéricas e hilariantes ajudam a construir o clima deste filmeco esquisito. Mas não é só isso. Faz-se necessário dizer que, se Herschel Gordon Lewis fez o "Cidadão Kane" do gore com seu "Blood Feast", considerando toda a exuberância nauseante de suas cores vívidas, muitos dos elementos de demência transgressora já se encontram em "Maniac":
um coração realista pulsando dentro de um recipiente, o personagem do ex-ator arrancando um olho de um gato para logo em seguida comê-lo, alusões a necrofilia, pancadaria brutal e explícita entre mulheres, muitas tetinhas de fora...
Aliás, as sobreposições que acontecem com cenas de um dos clássicos absolutos de todos os tempos do horror, Häxan: Witchcraft Through the Ages, vêm bem a calhar, pois também ressaltam o quê positivamente mambembe deste pequeno louco filmeco. Pesquisem, divulguem, comprem, baixem, assistam na íntegra no youtube - afinal, o subestimado filme de Dwain Esper já caiu em domínio público.
"Maniac" é uma das obras mais divertidamente "ruins" da história do cinema. "Freak" ao limite, ainda mais levando em conta seu contexto e época de produção. Altamente recomendado.
Bad Guy
3.3 47 Assista AgoraKim Ki Duk é o cineasta das sutilezas. Quando seus temas não são incomuns ele trata de retratar o ordinário de maineira extremamente singular. Bad Guy é um belo filme. Lapidado, ele mostra a relação cafetão/prostituta de um prisma distinto e único. Ninguém é vilão - apesar do título do filme -, ninguém é herói. Os personagens do coreano são filhos de suas próprias paixões, o que não permite um julgamento banal. Dentro de uma estética cinematográfica delicada e poética, em que a condução branda da narrativa convida à reflexão, isso faz diferença.
O ponto estranho fica por conta da trilha sonora que, por momentos, traz fisgadas inapropriadamente Kitsch à obra.
Bronson
3.8 426Quem assiste a Drive, Valhalla Rising e Bronson, não necessariamene nesta ordem, pode perceber uma veia autoral que parece nutrir distintamente a criatividade do cineasta Nicolas Winding Refn. As três obras acima citadas apresentam um artista que molda com formas estóicas o impulso destrutivo do ser humano. A beleza e unicidade na representação do caos são desconcertantes e não seria exagero chamar Winding Refn de Ingmar Bergman da violência.
Bronson condensa o supra-sumo essencial também dissecado em Drive e/ou Valhalla Rising. Se alguém estiver em dúvida sobre por qual obra do diretor começar, o retrato alegórico da vida de Michael Peterson se faz insubstituível. Aliás, o fato do filme ser baseado na biografia do verdadeiro famigerado prisioneiro inglês só deixa tudo mais excitante; e nem precisava, pois a atuação de Tom Hardy por si só já é o suficiente para prender a atenção de qualquer espectador, inclusive dos mais insensíveis.
Snuff 102
2.6 25Filme com abordagem curiosa sobre o tema dos Snuff Films. O mais interessante é como se coloca em discussão explícita a relação entre o corpo (neste caso, principalmente, o feminino) e seu desmembramento numa sociedade de consumo onde o avanço dos meios de comunicação abrem brechas para que o anonimato possa vir a ser tido como divindade.
Cinematograficamente falando, o maior mérito de "Snuff 102", um filme de baixíssimo orçamento e que talvez justamente por isso beire uma espécie de crueza amadora que acaba por se tornar seu estilo, está no uso surpreendentemente criativo de certos recursos narrativos como a alternância entre os takes em cores e P&B, o uso pontual de sequências em câmera lenta e a eficiente iluminação. A trilha sonora também não deixa a desejar no que diz respeito a conferir eficiente climatização para a obra.
Que fique claro que "Snuff 102" não concentra sua trama nas cenas de morte. Inclusive,é decepcionante que, justamente numa dessas cenas,
haja uma espécie de corte no qual se lê que "uma das virtudes do cinema é não mostrar tudo".
Ps: comparações com filmes da série "August Underground" soam despropositadas. Tais filmes são extremamente viscerais, carecendo de trama e quaisquer tipo de reflexões sobre a violência que trazem, cabendo somente ao espectador digerir o que viu; sendo que isto é o suficiente para uma grande distinção com relação ao filme de Mariano Peralta.
Shadow: Na Escuridão
2.6 66Que Deus abençoe os italianos. "Shadow" já é um pequeno clássico do horror moderno. Federico Zampaglione se apropria de elementos do gênero "Torture Porn" em filme com grande influência de mestres que são seus conterrâneos como Argento, Bava e Deodato.
No mais, se o enredo desolador por si só é um destaque, a trilha sonora descaradamente inspirada naquelas compostas pelo grupo Goblin só se compara à atuação de Nuat Arquint, que incorpora assustadoramente um grotesco vilão.
Deus da Carnificina
3.8 1,4KQue Roman Polanski é um grande cineasta não é segredo pra ninguém. O que surpreende em "Deus da Carnificina" é o fato de um artista notório por questões mais técnicas (não que estas não estejam presentes) relativas à arte de fazer cinema privilegiar a atuação. Desta maneira, surgem duas constatações: o elenco é muito bom e/ou Polanski também é um grande diretor de atores.
O filme é muito teatral, no sentindo mesmo da construção narrativa. Impossível não lembrar do clássico "Quem Tem Medo de Virginia Woolf", de 1966, em que dois casais também são unidos por determinado motivo e mantêm uma relação conturbada. Fato é que "Quem Tem Medo..." é um drama denso, já "Deus da Carnificina" é uma densa comédia em que impera o humor negro.
Um autêntico Polanski: corajoso e renovado. Destaque para a interpretação de Cristoph Waltz.
Alma Diabólica
2.4 83 Assista AgoraProdução finlandesa de horror. Interessante. A postura é se deixar levar pelo filme sem grandes expectativas, caso contrário "Alma Diabólica" pode irritar.
A grande virada final, parecendo almejar um desfecho revelador tipo Shyamalan, deixa a trama no ar pedindo sentido. E isto poderia até ser superável, caso os minutos anteriores da estória não estivessem preenchidos com efeitos digitais de quinta categoria e tentativas falhas de causar susto que acabam em tédio.
Espectadores mais curiosos se seguram até o fim e, provavelmente, ficam decepcionados; espectadores mais desleixados aproveitam o que se pode apreciar de melhor: a participação de um dos integrantes do GWAR (não é um deles?).
A Cidade dos Amaldiçoados
3.1 352É um filme de John Carpenter. Qual o outro motivo para não dizer que "A Cidade dos Amaldiçoados" é dispensável? Mais do que isso, a maneira como
a questão extraterrestre
A parte técnica é até correta, apesar dos efeitos especiais datados. No mais, "farofada".
The Bamboo House of Dolls
3.6 4Típico filme que o Sr. Quentin Tarantino pegaria, embrulharia para presente em papel hollywoodiano e que os desavisados consumiriam como sendo algo totalmente novo e autoral. Bom chamar a atenção para o fato disso não tirar o mérito do cineasta americano. Ele traz boas e inusitadas referências aos seus filmes. O.K. É sabido que o espaço aqui é pra dar opiniões sobre The Bamboo House of Dolls, mas após ver apenas a montagem dos créditos iniciais e a trilha sonora que a acompanha, fica difícil não pensar no quanto este tipo de cinema influenciou o famigerado diretor de Pulp Fiction.
E que tipo de cinema é Nu ji zhong ying? Seria um épico-exploitation de Hong Kong? Toda a estética que caracteriza filmes do gênero exploitation setentista, como o abuso da viollência e do sexo de uma forma gratuita e apelativa e banal, numa tentativa sem vergonha de atrair mais público para as salas de exibição, no limite do que era permitido para a época, está lá. Acontece que o apreciador de exploitation facilmente percebe que nesta obra houve um orçamento maior e melhor aproveitado. Perseguições, explosões, lutas e um certo senso de comédia são bem trabalhados; e até tecnicamente o filme surpreende, demonstrando maior profissionalismo que outros do gênero, seja pela competente direção de figurantes ou pelos enquadramentos criativos e abrangentes.
A curiosidade para ver outros filmes de Chih-Hung Kuei aflora.
Confissões
4.2 855Muito legal. Os orientais, tendo em mente a trilogia de Park Chan-wook entre outras obras, têm uma concepção bem diferente de vingança se comparados aos ocidentais - ou, ao menos, tratam o tema de maneira bem distinta em filmes. Bom, é fato que a concepção de vida dos asiáticos é circular, diferentemente da linearidade adotada por europeus e americanos. Isto é refletido em suas artes, cinema incluso.
O fator "causa-efeito" em Kokuhaku é permeado por tantas tramas e subtramas bem sucedidas em hipnotizar o espectador que a motivação original de todo o enredo, relegada a planos secundários em vários momentos, só retorna em toda a sua excelência no final extremamente impiedoso. A reflexão que fica para quem faz a viagem de Tetsuya Nakashima até o fim e se sente de alma lavada vai além da questào acerca da justiça com as próprias mãos. Confissões põe à prova a crueldade própria de cada um, e isto supera seus méritos cinematográficos, que por si só são imensos.
Só não ganha 5 estrelas pelo uso repetitivo da chata música do entediante grupo Radiohead, o que por muitas vezes prejudica o clima e o andamento da narrativa.
Alucarda
3.5 217 Assista AgoraImagine o inferno de Bosch encontrando com O Exorcista e o cinema de Alejandro Jodorowsky, tudo isso condensado em pouco mais de uma hora: Alucarda, La Hija de Las Tinieblas. Este filme mexicano do curioso diretor Juan Carlos Moctezuma se concentra mais em sucessões imagéticas, com mistérios ocultos em cada plano, que em pormenores narrativos. A consequência é uma obra de horror catártico.
A obviedade da questão Satã Versus Igreja se torna menor diante de vários méritos cinematográficos; dentre eles estão a precisa edição de som, que contribui para a ondulação crescente de histeria e as atuações pontualmente teatrais, que abrem caminho para o exagero dar seu tom ao caos.
Para concluir, um final apoteótico não é suficiente para Alucarda, que ainda brinda o espectador com uma das cenas mais assustadoras da história do cinema de terror:
Justine, saída de um caixão onde boiava em sangue, de pé toda lambuzada pronta para o ataque.