Foda-se a história, foda-se o roteiro, eu quero o deslumbre, o espetáculo, a magia; eu quero sentir que faço parte de Pandora, e só James Cameron pra tornar isso possível. O cineasta que mais simbolizou o blockbuster nos últimos 30 anos conseguiu de novo, em sua odisseia megalomaníaca, trabalhosa, e absurdamente cara, nos transportar para o universo audiovisual mais lindo já criado. Na primeira cena embaixo d'água eu já tava chorando, essa é a força de James Cameron.
Tem mais coisas positivas do que eu me lembrava, como alguns trechos visuais no espaço (o contraponto de proporções entre a então minúscula nave e os colossais planetas), e a forma como a tensão é escalada através da montagem (o embate de Cooper com Dr. Mann alternando com Murph resgatando sua cunhada e sobrinho), sem falar da cena da ancoragem, talvez a melhor em encapsular uma situação de extrema dificuldade/urgência e isso ser comprado na íntegra pelo espectador, mas só. Todas as vezes que o filme chega perto de acertar novamente, seja na criação de conceitos ou em possibilidades dramáticas (o planeta aquático, os 23 anos que se passam na Endurance, o isolamento do Dr. Mann), a própria narrativa faz questão de se auto-sabotar (a cena do 1º planeta tem a morte estúpida do personagem de Wes Bentley, o astronauta que passa duas décadas em completa solidão é ignorado total pelo roteiro, o conflito do Dr. Mann é uma piada verborrágica).
Mas tais detalhes são passíveis de perdão quando colocados lado a lado com a sempre presente megalomania inepta de seu realizador. Se em um momento a sua frieza atrapalha o nosso embarque emocional na cena (Cooper reencontrando a filha no final chega a ser leviano), em outros ele declara que o amor é capaz de superar a gravidade e transforma o tema em um dos principais fundamentos da história. Sim, o amor. Na cabeça de Christopher Nolan faz sentido um cientista explicar para um piloto da NASA o que é um buraco de minhoca, assim como faz sentido uma física experiente buscar as respostas para a salvação da humanidade no seu quarto de criança (só escrevendo isso eu já me senti constrangido de novo). Nolan e sua insaciável cobiça por mais, mais e mais, mistura metafísica, teorias quânticas, apocalipse e discussões filosóficas numa salada que a primeira vista parece saudável, mas que desce amarga e não cala a boca nenhum minuto.
O Roberto Carlos imitando o Antônio Lopes foi uma das melhores coisas que eu já vi na vida. Só perde pro Beckham dizendo que quando ele via os brasileiros com a bola, a vontade que ele sentia era de fazer parte disso. Da gente. O Brasil vai ser hexa, foda-se.
Direto ao ponto demais pra ser considerado chato e com uma narrativa que entrega pontualmente aquilo que se propõe. Se não fosse pela montagem, que mira na frenesia e acerta o completo caos, e o excesso de diálogos - sim, estou falando do final - seria um grande filme.
Ou é muita maluquice minha ou eu não me lembro de algum filme que tenha me feito ficar tão tenso na mesma proporção em que me fazia gargalhar. Canalhice diferenciada demais.
Eu sou muito permissivo no cinema, é difícil eu ter uma opinião negativa em relação a "existência" de tal obra, no caso achando que tal filme não mereça ser visto ou que tal produção não deveria existir. Dito isso, habita em mim uma dificuldade tremenda em ver necessidade num remake que, literalmente, copia tudo da sua obra inspiradora, só transferindo seu elenco para outro país. Só não é uma merda completa simplesmente porque seu original é uma obra prima.
O filme não apenas sabe trabalhar em cima dessa atmosfera de imprevisibilidade de forma impecável, a ponto de, sei lá, nenhuma conjectura que você elaborar - enquanto assiste - se manter por mais de 5 minutos, como também utiliza dessa própria falta de apego estrutural para virar a narrativa de ponta cabeça sempre que lhe for conveniente, e sem perder a mão. Tem um momento, ali pela metade, que sinceramente eu achei que fosse morrer do coração. Meu olho simplesmente não piscou nesses 100 minutos.
Assistir esse filme desbloqueou uma memória há muito soterrada em minha mente. Uma vez, quando era bem criança (uns 10 anos de idade), fui passar um tempo na casa dos meus pais (eu não morava com eles) e meus três irmãos mais velhos estavam assistindo este filme. Eles pareciam estar rindo bastante e, como fiquei curioso, fui chamado pra ver junto, no que prontamente neguei ao ter ciência do nome do filme ("A Mão Assassina", é foda), desmerecendo o convite e a obra em si, profetizando o cinefilozinho mequetrefe que viria a me tornar. No fim eles estavam certos. Esse filme é divertido demais.
Avatar: O Caminho da Água
3.9 1,3K Assista AgoraFoda-se a história, foda-se o roteiro, eu quero o deslumbre, o espetáculo, a magia; eu quero sentir que faço parte de Pandora, e só James Cameron pra tornar isso possível. O cineasta que mais simbolizou o blockbuster nos últimos 30 anos conseguiu de novo, em sua odisseia megalomaníaca, trabalhosa, e absurdamente cara, nos transportar para o universo audiovisual mais lindo já criado. Na primeira cena embaixo d'água eu já tava chorando, essa é a força de James Cameron.
Sentença de Morte
3.6 265 Assista AgoraA cena do estacionamento é o ápice de James Wan como diretor, aquilo ali ele nunca mais fez.
O Menino do Pijama Listrado
4.2 3,7K Assista AgoraPra ser justo, esse finalzinho me pegou um pouco.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraTem mais coisas positivas do que eu me lembrava, como alguns trechos visuais no espaço (o contraponto de proporções entre a então minúscula nave e os colossais planetas), e a forma como a tensão é escalada através da montagem (o embate de Cooper com Dr. Mann alternando com Murph resgatando sua cunhada e sobrinho), sem falar da cena da ancoragem, talvez a melhor em encapsular uma situação de extrema dificuldade/urgência e isso ser comprado na íntegra pelo espectador, mas só. Todas as vezes que o filme chega perto de acertar novamente, seja na criação de conceitos ou em possibilidades dramáticas (o planeta aquático, os 23 anos que se passam na Endurance, o isolamento do Dr. Mann), a própria narrativa faz questão de se auto-sabotar (a cena do 1º planeta tem a morte estúpida do personagem de Wes Bentley, o astronauta que passa duas décadas em completa solidão é ignorado total pelo roteiro, o conflito do Dr. Mann é uma piada verborrágica).
Mas tais detalhes são passíveis de perdão quando colocados lado a lado com a sempre presente megalomania inepta de seu realizador. Se em um momento a sua frieza atrapalha o nosso embarque emocional na cena (Cooper reencontrando a filha no final chega a ser leviano), em outros ele declara que o amor é capaz de superar a gravidade e transforma o tema em um dos principais fundamentos da história. Sim, o amor. Na cabeça de Christopher Nolan faz sentido um cientista explicar para um piloto da NASA o que é um buraco de minhoca, assim como faz sentido uma física experiente buscar as respostas para a salvação da humanidade no seu quarto de criança (só escrevendo isso eu já me senti constrangido de novo). Nolan e sua insaciável cobiça por mais, mais e mais, mistura metafísica, teorias quânticas, apocalipse e discussões filosóficas numa salada que a primeira vista parece saudável, mas que desce amarga e não cala a boca nenhum minuto.
Last and First Men
3.8 10Uma junção de áudio e vídeo mais do que hipnotizante, quase que transcendental.
Duas ou Três Coisas que Eu Sei Dela
3.7 82 Assista AgoraEu teria gostado muito mais se não fosse a incessante narração em forma de sussurro.
Soft & Quiet
3.5 242Santa & Catarina.
Ser este o primeiro longa da diretora Beth de Araújo soa quase como inacreditável. Aula de cinema.
A Pequena Sereia
3.7 576 Assista AgoraA porra da música do Sebastian vai ficar pra sempre na minha cabeça, que inferno.
Smiley Face: Louca de Dar Nó
3.3 216Eu quero me casar com a Anna Faris.
Pra Lá de Bagdá
3.4 44 Assista AgoraDeus salve a instituição filmes de maconheiro.
O Ladrão de Bagdá
3.9 37 Assista AgoraO cinema em seu puro estado de espetáculo.
Brasil 2002: Os Bastidores do Penta
3.8 71O Roberto Carlos imitando o Antônio Lopes foi uma das melhores coisas que eu já vi na vida. Só perde pro Beckham dizendo que quando ele via os brasileiros com a bola, a vontade que ele sentia era de fazer parte disso. Da gente. O Brasil vai ser hexa, foda-se.
Pandemônio
3.3 4Esse filme tem uma energia inacreditável.
O Rei da Comédia
4.0 366 Assista AgoraMartin Scorsese deu um jeito de encapsular por completo o sentimento da vergonha alheia e transformar numa narrativa. Outro filme perfeito.
Touro Indomável
4.2 708 Assista AgoraO auge estético de Scorsese, a imortalização de Thelma Schoonmaker e o trabalho definitivo de Robert De Niro. Um filme perfeito.
A Queda
3.2 739 Assista AgoraO roteiro é trágico, mas a direção até que acerta quando cria seus momentos de tensão - a cena da subida, por exemplo, me deixou zonzo.
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraJames Cameron é um operador de milagres. Sua bíblia é a câmera e sua palavra é o cinema.
22 Milhas
3.1 188 Assista AgoraDireto ao ponto demais pra ser considerado chato e com uma narrativa que entrega pontualmente aquilo que se propõe. Se não fosse pela montagem, que mira na frenesia e acerta o completo caos, e o excesso de diálogos - sim, estou falando do final - seria um grande filme.
Deadstream
3.2 91Ou é muita maluquice minha ou eu não me lembro de algum filme que tenha me feito ficar tão tenso na mesma proporção em que me fazia gargalhar. Canalhice diferenciada demais.
Quarentena
2.7 836 Assista AgoraEu sou muito permissivo no cinema, é difícil eu ter uma opinião negativa em relação a "existência" de tal obra, no caso achando que tal filme não mereça ser visto ou que tal produção não deveria existir. Dito isso, habita em mim uma dificuldade tremenda em ver necessidade num remake que, literalmente, copia tudo da sua obra inspiradora, só transferindo seu elenco para outro país. Só não é uma merda completa simplesmente porque seu original é uma obra prima.
Noites Brutais
3.4 1,0K Assista AgoraO filme não apenas sabe trabalhar em cima dessa atmosfera de imprevisibilidade de forma impecável, a ponto de, sei lá, nenhuma conjectura que você elaborar - enquanto assiste - se manter por mais de 5 minutos, como também utiliza dessa própria falta de apego estrutural para virar a narrativa de ponta cabeça sempre que lhe for conveniente, e sem perder a mão. Tem um momento, ali pela metade, que sinceramente eu achei que fosse morrer do coração. Meu olho simplesmente não piscou nesses 100 minutos.
O Massacre da Serra Elétrica 2
2.8 346Jesus amado, como eu odeio esse filme.
Pearl
3.9 989Mia Goth só não levará o próximo Oscar porque vivemos em tempos de burrice.
A Mão Assassina
3.0 223Assistir esse filme desbloqueou uma memória há muito soterrada em minha mente. Uma vez, quando era bem criança (uns 10 anos de idade), fui passar um tempo na casa dos meus pais (eu não morava com eles) e meus três irmãos mais velhos estavam assistindo este filme. Eles pareciam estar rindo bastante e, como fiquei curioso, fui chamado pra ver junto, no que prontamente neguei ao ter ciência do nome do filme ("A Mão Assassina", é foda), desmerecendo o convite e a obra em si, profetizando o cinefilozinho mequetrefe que viria a me tornar. No fim eles estavam certos. Esse filme é divertido demais.