Esse é daqueles filmes que você volta à página inicial e vê que foi classificado como "Drama", sozinho. Mesmo no Filmow, que adora dar 2, 3, 4 gêneros misturados, é apenas "drama". Na mosca.
"Sorry, we Missed You" ou "Você não estava aqui" foi um título que ficou ecoando na minha cabeça pós-filme. Essa frase é a mensagem padrão deixada por entregadores que não encontram os destinatários durante suas entregas, mas pode muito bem ser estendida pra dentro do lar da família Turner, que assiste as relações desmoronarem pouco a pouco, muito por causa dessa ausência imposta pela rotina dos pais.
Não tenho esposa, não tenho filhos e sei que a nossa vida como ela é ou foi influencia muito a forma como vivemos e experimentamos um filme. Da minha parte, confesso que alternei ao longo do filme entre sentir tristeza, pânico, desilusão total e até dor. Pelo sistema, por existir gente tão ruim,
por um filho que se convertia cada vez mais em um protótipo de marginal, pelo desamparo absoluto e pela falta de perspectivas.
Como nota mais pessoal, em off, é interessante assistir um filme desse se você cogita ter filhos um dia. Você tá pronto(a) pra ter um filho adolescente que pode desandar dessa forma? Você acha que encara um roteiro desse, completamente diferente dos comerciais de margarina e da maioria dos roteiros hollywoodianos? Quão diferente seria a realidade desse casal sem dois filhos pra cuidar em um dos países mais caros do mundo. Se é um sonho, não há o que pensar. Mas caso contrário... Vale a reflexão.
Acima da media pro gênero (mas, convenhamos, gênero esse com uma média bem baixinha). Ideia definitivamente interessante, tenso praticamente do começo ao fim, direção competente, uma protagonista com talento inegável que carrega o piano praticamente sozinha... e foi isso. Com um enredo bobo e um desenrolar completamente atabalhoado, o filme acaba com uma nota de “meh”. Algumas ressalvas: - Tem jumpscares sim, lógico que tem. Vários.
A cena do vidro do carro, a cena que puxa o cobertor dela e que ela vai investigar e é arremessada, a cena do balde de tinta, o começo da luta na cozinha pós-balde de tinta, e alguns menores que podem ser mais pessoais (já que sou medroso kkkk).
Eu sei que a moda é poder dizer que é um “terror psicológico!”, “entra na sua mente!”, “não precisa de sustos pra convencer!”, mas isso aqui seria simplesmente mentira. É um filme tenso pra cacete e que dá sustos. Nada além disso. - A quantidade de furos GRAVES no roteiro é impossível de se relevar.
Não vou nem conseguir listar todos, mas os principais de cabeça: a mulher já sabia que o cara estava INVISÍVEL, habitando a mesma casa em que ela estava, dando sustos, aterrorizando, ela já tinha visto lençol marcado, email enviado, pasta desaparecida, TUDO, e ainda assim estava lá de boa? Tomando banho, pensando na morte da bezerra, checando computador, deitando em posição fetal. Oi? [1] Quer dizer que um restaurante daquele tamanho, daquele naipe, não tinha uma câmera filmando uma faca FLUTUANDO NO AR antes de cortar um pescoço e ser acrobaticamente colocada em uma mão e encaixada em uma fração de segundo? Ninguém viu, ninguém gravou, fim? [2] A bichinha me pega uma caneta, rasga o pulso até JORRAR SANGUE e, em vez de desmaiar ou morrer, passa os 10 minutos seguintes a isso lutando, se enroscando, trocando tiros e perseguindo o traste semi-invisível e violento por um estacionamento chuvoso? [3] Muitos acham que Vingadores foi o maior cross-over da história do cinema, mas pra mim esse filme ganha disparado. Ele uniu um gênio da física que criou uma capa da invisibilidade melhor que a do Harry Potter e um lutador de artes marciais que treinou com o Demolidor em um único personagem. O cara destruía tudo que aparecia na frente dele, de vidros fechados até um corredor inteiro de policiais que não apenas estavam armados, mas conseguiam também vê-lo parcialmente quando a armadura falhava. [4] Algo menor, mas que achei fofo: quer dizer que quando ela se tornou suspeita principal de uma investigação de assassinato, a dupla de policiais que a interroga tem a participação do amigo pessoal dela, diretamente envolvido na história dela? [5]
Enfim, possivelmente tem mais coisas, mas é uma sequencia de decisões que realmente faz a gente se sentir meio bobo assistindo, desrespeitado. O filme poderia mais, tinha material pra isso.
Juro que me dói dizer que nao gostei de um filme com esse nível de técnica. O filme é caprichado, é imersivo, conta uma história e fala de uma realidade nobre, desconhecida a maioria de nós, mas é extremamente chato.
Isso é extremamente pessoal, mas eu assisto filmes por entretenimento. Não significa necessariamente rir ou me divertir, mas tem que entreter. Tem comédia que entretem, tem drama tristíssimo que entretem, tem até terror jump-scare que entretem. Tem de tudo. Pra mim isso aqui é uma aula de antropologia de luxo, não entretenimento. Antropologia é chato demais pra mim.
Vejo por que tanta gente ama. Pode ser que se interessem pelo tema de antemão, pode ser que sejam fãs do diretor, podem simplesmente curtir um rivotrilzinho pixelado. Pra mim não dá.
Esse é o Apocalipse Now colombiano. Lento, sonolento e ainda tacou umas cenas de loucura coletiva sem grandes explicações no meio pra dar aquele gostinho de "foda-se, eu faço o que eu quiser" kkkkkk
Te dá uma imersão sensacional, aí completa com diálogos de nível de série infanto-juvenil da Nickelodeon; te proporciona algumas cenas memoráveis e técnica primorosa, aí vem com alemães errando centenas de tiros em linha reta à curta distância e clichês esparramados pra tudo quanto é lado, personagens unidimensionais, rasos...
Não dá pra dizer que "que filme bosta", mas puta que pariu, que potencial desperdiçado.
Eu chuto que a sua opinião sobre esse filme está muito fortemente ligada à sua relação com CARROS, em geral, não necessariamente com a corrida/esporte.
Pra mim fica claro que tudo a respeito deles é feito com muito esmero: o preparo dos atores para viverem pilotos, a criação dos cenários, das pistas, dos modelos, cada descrição da mecânica, da arte de pilotar, o ronco de motor, cada luz e cada sombra que a gente vê parecem resultado de muito amor de atenção ao detalhe. Se essa é a sua praia, veja que maravilha, que prato cheio. Se você é indiferente a eles, a chance de desapontar é grande. Se você por alguma razão não gosta do tema, é bem difícil recomendar esse filme.
Como era de esperar, a dupla de protagonistas é fantástica, mas pra mim acabou aí, porque fora as atuações em si, o roteiro deles é fraco, é raso. A galera secundária também é bem encheção de papéis, ninguém tem um centímetro de profundidade. Sou leigo a respeito do esporte e ainda assim sinto que muita coisa dentro do filme parece ter sido romanceada demais, ganhado proporções "além da vida", o que não é pecado, mas se fica claro demais, fica feio, pra mim.
É o primeiro filme que vejo desse rapaz Bergman e confesso que vi com uma dose de cagaço, já que a vida inteira fui acostumado a ter pé atrás com filme "velho". Já que to me sentindo mais maduro (kkkkk), achei uma boa ideia testar a sorte, e gostei! É curto, é acessível e traz uma reflexão que rende pano pra manga.
O filme é extremamente melancólico, especialmente se voce entrar numa de pensar na própria vida enquanto vê (nao importa se você tem 20, 30 ou 80 anos - todo mundo foi criança, todo mundo teve paixão platônica, todo mundo lembra saudoso de muitos verões), mas a mensagem que ele acaba deixando é gostosa, é pra frente.
(obs. Não sei se vou dar conta de ficar vendo mais filmes velhinhos. Fui ao IMDB ver a cara e a carreira do povo que trabalhou no filme e, não sei se tem gente que sente isso, mas dá um aperto no coração ver que a maioria já nos deixou. Fiquei olhando praqueles sorrisões bonitos e novos, vendo cada pedacinho de história que deixariam pra trás... Esse tipo de coisa me faz chorar kkkk. Enfim, é isso.)
Confesso que sentei pra escrever algo mas o êxtase de quem acaba de ver esse filme demora a passar. O medo de não fazer cada um dos elogios que ele merece me fez deixar pra lá o roteiro e só ir direto aos pontos.
Eu juro que a proposta "drama/romance/época" me convence de 1000 em 1000 tentativas - definitivamente não é minha praia.
Mas que coisa... que diferença que faz um filme saber o que está fazendo, não? A última vez que senti algo dessa forma foi há anos, assistindo Alabama Monroe. Lembro na época de comentar, mais brincando que qualquer coisa, que ia custar até outro drama me fazer sentir como aquele filme fez. Ele carregava um ar de verdadeiro, de cru, anti-hollywoodiano, de "esquece ficção, podia ser você". Aquele filme me fez sentar e respirar, sentir, pensar, doer. Retrato de uma Jovem em Chamas conseguiu abrir essa porta de novo. Fantástico. Mulheres fantásticas, mulheres protagonistas, mulheres que roubam cada uma das cenas, por vezes sem sequer abrir a boca. E quando abrem... eu que fico sem palavras.
Marianne: Eu acho que Sophie tem razão. Ele podia ter resistido. Suas razões não eram sérias. Talvez tenha sido uma escolha. Sophie: Que escolha? Marianne: Ele escolhe a memória dela. Por isso ele se vira. Ele não faz a escolha do amante, mas a do poeta. Héloïse: Ela diz um último adeus que mal chega aos ouvidos dele e cai de volta no abismo. Talvez ela quem tenha dito "vire-se".
Saí do meu país pra estudar e nunca pensei que ter adiado mais de dez anos pra ver esse filme teria um impacto tão grande na forma como eu o abraçaria.
A saudade que eu to sentindo de casa, que tava engasgada há um bom tempo, saiu em forma de choro e de riso. Esse filme e sua simplicidade são uma joia, patrimônio atemporal da nossa gente, uma ode ao povo brasileiro e a esse Nordeste que é uma das mais lindas formas que o Brasil sabe de ser Brasil.
Da música tema ao elenco, passando por cada expressão maravilhosa nesse roteiro que engana pela aparente objetividade, mas que é rico, é um deleite. É como se eu agora tivesse um cantinho brasileiro nada menos que mágico pra visitar quando o peito apertar.
Nosso cérebro tem uma mania, às vezes automática, às vezes intencional, de tentar entender o que está acontecendo. É provavelmente familiar a muitos daqui o processo de tentar ler, decifrar um filme enquanto ele ainda está passando. Sentimos necessidade de delimitar suas intenções, de antecipar até onde ele irá, qual será o provável clímax, que pedras ele possivelmente vai virar, quais vai deixar como estão.
É raro um filme fazer você (e seu cérebro) se sentirem tão tolos e ingênuos como fez esse aqui. Quanta criatividade, quanta maestria fazendo o salseiro que se propôs a fazer. Antes de vê-lo, li sua página aqui no Filmow e confesso que sorri debochado ao ler que se enquadraria no gênero Comédia/Drama/Thriller.
"Esse Filmow é tão exagerado e indeciso."
Dessa vez o Filmow me fez morder a língua e refletir, extremamente surpreso, que o filme não só é uma comédia dramática (extremamente bem executada, tudo na dose certa), como proporciona tensão e reflexão quando acha importante.
Quando um filme acaba e imediatamente você sabe que gostou, é ótimo; um filme acabar e você sentir aquele "click" e posteriormente pensar nele por dias, dando conta da importância de cada pequeno detalhe, lembrando das cenas com um sorriso no rosto... isso é muito raro. Que filme, pessoal.
O filme é esteticamente lindo. Cada cor, cada quadro, cada recorte é mais confortável e gostoso de assistir que o último.
Achei, sim, que o filme às vezes soa quase leve demais, como se por descuido não fizesse questão de um compromisso mais profundo com o mundo real. Mas é tão bonito e tão bem atuado por seus personagens que você não se importa muito e apenas embarca nesse passeio pela saudade.
Quem não gosta desse rapaz, Robert, não vai poder aprofundar muito as críticas por causa dessa aparição - o cara tá bem, tá louco, família, descolorido, frenético.
O filme tem uma identidade própria e apesar de começar meio "sem preliminares", aos poucos ele vai enriquecendo a narrativa com camadas e mais camadas de complicações e ramificações. Passei um tempão com uma sensação de: "caralho, não consigo imaginar o que vem a seguir" (sem chutar demais o balde e ser aleatório!), o que costuma ser uma experiência agradável pra mim.
Quando acaba, entendo quem ache que ele deixa uma sensação de incompletude. Ajuda ter expectativas realistas (ou nenhuma) antes de assisti-lo. Como um thriller sem peso de agradar demais, ele cumpre a meta e te faz alternar de 110 pro 220 um punhado de vezes.
A única ressalva que faço: em contraste com o show que o Malek entrega, a participação sempre apressada e rasa dos personagens que orbitam em torno dele é destoante dentro do filme. Parece que só se preocuparam em convencer com o protagonista.
Sabemos só que alguém era (ou ia ser) físico, outro, dentista, um era mais esquentado, outro era mais quietão, alguém era filho da puta, alguém foi enganado e... ficamos nisso. Alguns egos se bateram de vez em quando, se perdoaram, alguns processos criativos que se resolviam do nada, etc. Podiam ter explorado muitas dimensões de muita gente. Daria ainda mais peso, mais credibilidade, mais impacto.
Um bom filme. Atuação do Bale, mais uma vez, retardada de boa e convincente. Ta aí um cara que não tem limites e mostra mais uma vez não ter frescura para incorporar papeis.
Foi uma ideia acertada usar um elenco estelar pra dar mais graça a um filme que usualmente poderia ser monótono. Não consigo entender, apesar de respeitar, quem achou lento. O filme tem um ritmo muito intenso e suspeito que os que se cansaram perderam o fio da meada e desistiram de acompanhar as ideias.
Poderia ser um pseudo documentário político intragável, mas diverte e também faz pensar, por conta de seu estilo contador-de-história-mas-crítica-ferrenha.
Sentei para assistir “A casa que Jack construiu” com um misto de medo e curiosidade. Do diretor, havia assistido “Dogville” e “Dançando no escuro”, o que já fala muito sobre o que procuro e o que evito em seu trabalho. A violência explícita, gráfica me incomoda muito e eu tendo a procurar evitar sequer o risco de confrontá-la. Contudo, acabei vítima da curiosidade popular acerca das mentes perturbadas de assassinos em série, sendo a da vez escrita e representada em uma criação do também perturbado Von Trier.
Eu não listaria esse filme no rol dos filmes com a violência clássica graficamente perturbadora. Ele choca por outras violências. Por direcionar a violência a sujeitos usualmente blindados contra ela. Por escancarar princípios (ou sua ausência, a depender do ponto de vista) que não são razoáveis ou sequer toleráveis em pleno 2019 como fundamentadores das atrocidades cometidas. Por ser obra de um diretor que repetidamente, segundo muitos, expõe facetas da violência sem nenhum propósito secundário ou terciário senão o do deleite em exibir a dor alheia.
Para alguém que ligou o filme em estado de alerta, aguardando a qualquer minuto a gota d’água que me levaria ao botão do stop, fui ao fim e a gota não veio. Mas essa não é uma opinião universal.
A história de Jack é uma boa história. Muito aquém daquelas que vimos, por exemplo, nos filmes do diretor que cito no primeiro parágrafo, mas tecnicamente muito interessante de assistir. Dillon está sensacional e nos presenteia com uma atuação perturbadoramente crível. Sua expressão vai de doente, a cômico irreverente, a doente novamente em questão de segundos, e ainda que não dê pra torcer por um ser desumano como seu personagem, é uma honra testemunhar execução tão precisa dessa arte. Von Trier e suas marcas registradas conferem a essa obra aquela pitada extra de realismo com a câmera free-hand e seus zooms quase documentais.
A narrativa soa forçada e irrelevante em alguns momentos e o roteiro em si não é dos mais sofisticados. O filme acaba focando nos crimes em si e pouco se preocupa em montar um universo ao redor deles. Se em outros filmes de assassinos em série fatores como a vida social, a polícia, a história das vítimas, aspectos técnicos dos crimes, entre tantas outras coisas são variáveis extremamente relevantes, aqui eles não são sequer lembrados.
A vida de Jack é uma que nos intriga a ser assistida, mesclando momentos de suspense e desconforto com momentos quase cômicos. O filme intercala incidentes da sua vida com uma grande dose de arte, filosofia, história, com montagens que parecem às vezes amadoras. Alguns poderão achar essas partes tediosas e arrogantes; outros acharão que confere ao filme camadas de profundidade reflexiva. Acho que é algo esperado com o diretor dinamarquês, né?
Em resumo, um filme que tende a agradar quem conhece a mão de Lars Von Trier e vai com o espírito minimamente preparado, ainda que não seja nenhuma obra-prima aos meus olhos. Aos que se chocam com tabus e violência emocionalmente perturbadora (e não gostam desse choque!), talvez não haja muito aqui para prolongar a estadia.
Aguinha com açúcar clássico, só mudaram a ambientação mesmo (e olha que para um filme passado quase totalmente em Singapura, lembramos dos EUA mais vezes do que gostaríamos durante o filme!)
Cheguei a ter a esperança de que a reta final pudesse transmitir alguma mensagem mais madura, algum lembrete sobre como a vida, às vezes, é uma merda mesmo, mas tacaram talco na porra toda e conseguiram disneyzar completamente o desfecho.
Aquela ceninha de 10s dos créditos é praticamente um pontapé na bunda de quem já taria saindo do cinema meio "meh". Acho que 'Questão de Tempo' me deu uma provinha daquilo que poucas vezes sentirei de novo na vida vendo comédias românticas ou algo do tipo.
Bom filme, mas pior do que promete ser. Quando perguntam se você gostou de um filme e você se surpreende ao perceber que apesar de ter gostado, tem suas ressalvas, é um sinal importante. Não significa que para um filme ser bom precisa ser à prova delas, claro que não – mas lembrar dos pés atrás logo de cara não é um sinal costumeiramente promissor. Falando do ponto de vista estritamente leigo (zero estudo da arte) e pouco cinéfilo (me coloco nessa categoria por não ter visto nenhuma das três versões anteriores desse remake, além de só descobrir a existência dos mesmos depois de sair da sessão), o filme tem prós e contras bem claros pra mim. Tecnicamente, enche os olhos. As cenas musicais grandiosas são realmente grandiosas, algumas causando arrepios até em gente que se diz frio. As atuações de um modo geral são muito boas e, apesar da voz grossa e do sotaque do Cooper carregados talvez em excesso, o pessoal tá muito bem. Se a técnica e as atuações não comprometeram, o roteiro... O roteiro é bem esquisito. Sem nem entrar no mérito da centralização na figura masculina (vi na crítica do mediaversityreviews que meros 7% do elenco principal e da equipe do filme são mulheres, apesar do título supostamente se referir à estrela feminina que em vez de nascer e brilhar, sobe sempre na sombra do alcóolatra abusivo e poucas vezes bem intencionado do marido), o roteiro não diz bem a que veio. A grosso modo, uma estrela do rock cujo passado e motivações são rasos demais pra gente se importar, encontra uma preciosidade tanto humana quanto musical e passa longas 2h17 massacrando a vida dela, através de um monte de clichês. Qual a mensagem do filme, de verdade? Não preciso dizer que ele é redondinho e tenta equilibrar um monte de fator: homem bonito talentoso, mulher de beleza “exótica” (o que não concordo) e talentosa, romance, vícios, músicas lindas, músicas comerciais, dramas, dramas e choro no fim. Qual é o ponto, de verdade, aqui?
A primeira aventura do Jesse Pinkman depois de fugir do cativeiro.
Brincadeiras à parte, é um filme legal. Começa com uma pegada meio Discovery Channel. A câmera foca nos personagens e suas ações, quase como se buscasse retratar só um cotidiano, um estilo de vida natureba. Poucas explicações, não sabemos quem são, onde estão, por que estão ali, o que pretendem (assisti sem nem lembrar do que a sinopse dizia).
É aos poucos que o universo de um ex-veterano e sua filha, que parece estar condenada a herdar a história e os muitos traumas do pai, vai sendo aberto pra gente. Como algumas pessoas já falaram, não é um drama clássico, não tem um clímax muito definido, não tem uma problemática específica: é sobre os caminhos e descaminhos que a dupla percorre em uma jornada que é muito mais deles do que nossa, mas não por culpa do filme. Essa é a proposta.
As atuações e a ambientação são os diferenciais de um filme que, se visto sem carregar o fardo das injustíssimas comparações com Capitão Fantástico (que é filme de fantasia e leveza, apesar de "adulto"), entretém muito bem.
Se eu sequer suspeitasse que o pequeno e simples Marcello mataria o trebufu desencapado só por ler uma sinopse, eu simplesmente teria detestado o filme.
A construção de personagem e a perda de controle da situação pelo protagonista foram o filme todo. Sem isso, sobra muito pouco.
Cinematografia esplêndida, retrato da pobreza e do abandono, espiritual e material, excelente.
Ficção científica com ideias que são, quando não originais, bem executadas. Indico!
+ Ambientação futurista muito bacana, extremamente imersiva. De periferias abandonadas até casas computadorizadas, você se sente dentro do filme. + O filme é curto e tem um ritmo acelerado, não ficando cansativo nem pra quem não é fã do gênero. + Apesar de ter uma história sombria e bastante violência, tem toques de humor na medida certa que dão leveza e originalidade em diversos momentos. - Os diálogos foram o maior ponto fraco. Algumas cenas do começo parecem um comercial de margarina futurista enorme; outras, mais pra frente, parecem panfletos, caricaturas. - A história em si é salva pela cadência acelerada e por alguns momentos inusitados, porque em essência é mais um filme que segue o arco do herói básico pontuado por cenas de ação futurista.
O toque da cena final, na qual o rapaz é colocado em algum compartimento fictício e feliz do seu próprio subconsciente pra parar de interferir na ascensão da máquina foi muito bom. Pessimista e cruel, do tipo que não se preocupa em deixar a gente confortável quando acaba. E pensar que por alguns segundos tememos aquele “não.. mais um filme em que era tudo um sonho, não..”
Você Não Estava Aqui
4.1 243 Assista AgoraEsse é daqueles filmes que você volta à página inicial e vê que foi classificado como "Drama", sozinho. Mesmo no Filmow, que adora dar 2, 3, 4 gêneros misturados, é apenas "drama". Na mosca.
"Sorry, we Missed You" ou "Você não estava aqui" foi um título que ficou ecoando na minha cabeça pós-filme. Essa frase é a mensagem padrão deixada por entregadores que não encontram os destinatários durante suas entregas, mas pode muito bem ser estendida pra dentro do lar da família Turner, que assiste as relações desmoronarem pouco a pouco, muito por causa dessa ausência imposta pela rotina dos pais.
Não tenho esposa, não tenho filhos e sei que a nossa vida como ela é ou foi influencia muito a forma como vivemos e experimentamos um filme. Da minha parte, confesso que alternei ao longo do filme entre sentir tristeza, pânico, desilusão total e até dor. Pelo sistema, por existir gente tão ruim,
por um filho que se convertia cada vez mais em um protótipo de marginal, pelo desamparo absoluto e pela falta de perspectivas.
Como nota mais pessoal, em off, é interessante assistir um filme desse se você cogita ter filhos um dia. Você tá pronto(a) pra ter um filho adolescente que pode desandar dessa forma? Você acha que encara um roteiro desse, completamente diferente dos comerciais de margarina e da maioria dos roteiros hollywoodianos? Quão diferente seria a realidade desse casal sem dois filhos pra cuidar em um dos países mais caros do mundo. Se é um sonho, não há o que pensar. Mas caso contrário... Vale a reflexão.
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraAcima da media pro gênero (mas, convenhamos, gênero esse com uma média bem baixinha). Ideia definitivamente interessante, tenso praticamente do começo ao fim, direção competente, uma protagonista com talento inegável que carrega o piano praticamente sozinha... e foi isso. Com um enredo bobo e um desenrolar completamente atabalhoado, o filme acaba com uma nota de “meh”.
Algumas ressalvas:
- Tem jumpscares sim, lógico que tem. Vários.
A cena do vidro do carro, a cena que puxa o cobertor dela e que ela vai investigar e é arremessada, a cena do balde de tinta, o começo da luta na cozinha pós-balde de tinta, e alguns menores que podem ser mais pessoais (já que sou medroso kkkk).
- A quantidade de furos GRAVES no roteiro é impossível de se relevar.
Não vou nem conseguir listar todos, mas os principais de cabeça: a mulher já sabia que o cara estava INVISÍVEL, habitando a mesma casa em que ela estava, dando sustos, aterrorizando, ela já tinha visto lençol marcado, email enviado, pasta desaparecida, TUDO, e ainda assim estava lá de boa? Tomando banho, pensando na morte da bezerra, checando computador, deitando em posição fetal. Oi? [1]
Quer dizer que um restaurante daquele tamanho, daquele naipe, não tinha uma câmera filmando uma faca FLUTUANDO NO AR antes de cortar um pescoço e ser acrobaticamente colocada em uma mão e encaixada em uma fração de segundo? Ninguém viu, ninguém gravou, fim? [2]
A bichinha me pega uma caneta, rasga o pulso até JORRAR SANGUE e, em vez de desmaiar ou morrer, passa os 10 minutos seguintes a isso lutando, se enroscando, trocando tiros e perseguindo o traste semi-invisível e violento por um estacionamento chuvoso? [3]
Muitos acham que Vingadores foi o maior cross-over da história do cinema, mas pra mim esse filme ganha disparado. Ele uniu um gênio da física que criou uma capa da invisibilidade melhor que a do Harry Potter e um lutador de artes marciais que treinou com o Demolidor em um único personagem. O cara destruía tudo que aparecia na frente dele, de vidros fechados até um corredor inteiro de policiais que não apenas estavam armados, mas conseguiam também vê-lo parcialmente quando a armadura falhava. [4]
Algo menor, mas que achei fofo: quer dizer que quando ela se tornou suspeita principal de uma investigação de assassinato, a dupla de policiais que a interroga tem a participação do amigo pessoal dela, diretamente envolvido na história dela? [5]
Enfim, possivelmente tem mais coisas, mas é uma sequencia de decisões que realmente faz a gente se sentir meio bobo assistindo, desrespeitado. O filme poderia mais, tinha material pra isso.
O Abraço da Serpente
4.4 237 Assista AgoraJuro que me dói dizer que nao gostei de um filme com esse nível de técnica. O filme é caprichado, é imersivo, conta uma história e fala de uma realidade nobre, desconhecida a maioria de nós, mas é extremamente chato.
Isso é extremamente pessoal, mas eu assisto filmes por entretenimento. Não significa necessariamente rir ou me divertir, mas tem que entreter. Tem comédia que entretem, tem drama tristíssimo que entretem, tem até terror jump-scare que entretem. Tem de tudo.
Pra mim isso aqui é uma aula de antropologia de luxo, não entretenimento. Antropologia é chato demais pra mim.
Vejo por que tanta gente ama. Pode ser que se interessem pelo tema de antemão, pode ser que sejam fãs do diretor, podem simplesmente curtir um rivotrilzinho pixelado. Pra mim não dá.
Esse é o Apocalipse Now colombiano. Lento, sonolento e ainda tacou umas cenas de loucura coletiva sem grandes explicações no meio pra dar aquele gostinho de "foda-se, eu faço o que eu quiser" kkkkkk
1917
4.2 1,8K Assista AgoraParece um(a) namorado(a) indeciso(a)...
Te dá uma imersão sensacional, aí completa com diálogos de nível de série infanto-juvenil da Nickelodeon; te proporciona algumas cenas memoráveis e técnica primorosa, aí vem com alemães errando centenas de tiros em linha reta à curta distância e clichês esparramados pra tudo quanto é lado, personagens unidimensionais, rasos...
Não dá pra dizer que "que filme bosta", mas puta que pariu, que potencial desperdiçado.
O Sucesso a Qualquer Preço
3.7 84 Assista AgoraFilme curto, dialogos afiados, atuações de altissimo nível, dinâmico.
Não faço ideia do que tanto reclamam por aqui kkkkkkk
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista Agoraesse garoto é parente da scarlett? que loucura, a expressao dos dois é idêntica
Assassinato às Cegas
3.8 78Eu gosto de filme com reviravolta, não de reviravoltas com um pouco de filme... Isso aqui é simplesmente a banalização da surpresa kkkk
Ford vs Ferrari
3.9 715 Assista AgoraEu chuto que a sua opinião sobre esse filme está muito fortemente ligada à sua relação com CARROS, em geral, não necessariamente com a corrida/esporte.
Pra mim fica claro que tudo a respeito deles é feito com muito esmero: o preparo dos atores para viverem pilotos, a criação dos cenários, das pistas, dos modelos, cada descrição da mecânica, da arte de pilotar, o ronco de motor, cada luz e cada sombra que a gente vê parecem resultado de muito amor de atenção ao detalhe. Se essa é a sua praia, veja que maravilha, que prato cheio. Se você é indiferente a eles, a chance de desapontar é grande. Se você por alguma razão não gosta do tema, é bem difícil recomendar esse filme.
Como era de esperar, a dupla de protagonistas é fantástica, mas pra mim acabou aí, porque fora as atuações em si, o roteiro deles é fraco, é raso. A galera secundária também é bem encheção de papéis, ninguém tem um centímetro de profundidade. Sou leigo a respeito do esporte e ainda assim sinto que muita coisa dentro do filme parece ter sido romanceada demais, ganhado proporções "além da vida", o que não é pecado, mas se fica claro demais, fica feio, pra mim.
Boa técnica, mas eu esperava mais sustância.
Morangos Silvestres
4.4 658É o primeiro filme que vejo desse rapaz Bergman e confesso que vi com uma dose de cagaço, já que a vida inteira fui acostumado a ter pé atrás com filme "velho". Já que to me sentindo mais maduro (kkkkk), achei uma boa ideia testar a sorte, e gostei! É curto, é acessível e traz uma reflexão que rende pano pra manga.
O filme é extremamente melancólico, especialmente se voce entrar numa de pensar na própria vida enquanto vê (nao importa se você tem 20, 30 ou 80 anos - todo mundo foi criança, todo mundo teve paixão platônica, todo mundo lembra saudoso de muitos verões), mas a mensagem que ele acaba deixando é gostosa, é pra frente.
(obs. Não sei se vou dar conta de ficar vendo mais filmes velhinhos. Fui ao IMDB ver a cara e a carreira do povo que trabalhou no filme e, não sei se tem gente que sente isso, mas dá um aperto no coração ver que a maioria já nos deixou. Fiquei olhando praqueles sorrisões bonitos e novos, vendo cada pedacinho de história que deixariam pra trás... Esse tipo de coisa me faz chorar kkkk. Enfim, é isso.)
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 901 Assista AgoraConfesso que sentei pra escrever algo mas o êxtase de quem acaba de ver esse filme demora a passar. O medo de não fazer cada um dos elogios que ele merece me fez deixar pra lá o roteiro e só ir direto aos pontos.
Eu juro que a proposta "drama/romance/época" me convence de 1000 em 1000 tentativas - definitivamente não é minha praia.
Mas que coisa... que diferença que faz um filme saber o que está fazendo, não? A última vez que senti algo dessa forma foi há anos, assistindo Alabama Monroe. Lembro na época de comentar, mais brincando que qualquer coisa, que ia custar até outro drama me fazer sentir como aquele filme fez. Ele carregava um ar de verdadeiro, de cru, anti-hollywoodiano, de "esquece ficção, podia ser você". Aquele filme me fez sentar e respirar, sentir, pensar, doer.
Retrato de uma Jovem em Chamas conseguiu abrir essa porta de novo. Fantástico.
Mulheres fantásticas, mulheres protagonistas, mulheres que roubam cada uma das cenas, por vezes sem sequer abrir a boca.
E quando abrem... eu que fico sem palavras.
Marianne: Eu acho que Sophie tem razão. Ele podia ter resistido. Suas razões não eram sérias. Talvez tenha sido uma escolha.
Sophie: Que escolha?
Marianne: Ele escolhe a memória dela. Por isso ele se vira. Ele não faz a escolha do amante, mas a do poeta.
Héloïse: Ela diz um último adeus que mal chega aos ouvidos dele e cai de volta no abismo. Talvez ela quem tenha dito "vire-se".
O Auto da Compadecida
4.3 2,3K Assista AgoraSaí do meu país pra estudar e nunca pensei que ter adiado mais de dez anos pra ver esse filme teria um impacto tão grande na forma como eu o abraçaria.
A saudade que eu to sentindo de casa, que tava engasgada há um bom tempo, saiu em forma de choro e de riso. Esse filme e sua simplicidade são uma joia, patrimônio atemporal da nossa gente, uma ode ao povo brasileiro e a esse Nordeste que é uma das mais lindas formas que o Brasil sabe de ser Brasil.
Da música tema ao elenco, passando por cada expressão maravilhosa nesse roteiro que engana pela aparente objetividade, mas que é rico, é um deleite. É como se eu agora tivesse um cantinho brasileiro nada menos que mágico pra visitar quando o peito apertar.
Lindo, lindo.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraNosso cérebro tem uma mania, às vezes automática, às vezes intencional, de tentar entender o que está acontecendo. É provavelmente familiar a muitos daqui o processo de tentar ler, decifrar um filme enquanto ele ainda está passando. Sentimos necessidade de delimitar suas intenções, de antecipar até onde ele irá, qual será o provável clímax, que pedras ele possivelmente vai virar, quais vai deixar como estão.
É raro um filme fazer você (e seu cérebro) se sentirem tão tolos e ingênuos como fez esse aqui. Quanta criatividade, quanta maestria fazendo o salseiro que se propôs a fazer. Antes de vê-lo, li sua página aqui no Filmow e confesso que sorri debochado ao ler que se enquadraria no gênero Comédia/Drama/Thriller.
"Esse Filmow é tão exagerado e indeciso."
Dessa vez o Filmow me fez morder a língua e refletir, extremamente surpreso, que o filme não só é uma comédia dramática (extremamente bem executada, tudo na dose certa), como proporciona tensão e reflexão quando acha importante.
Quando um filme acaba e imediatamente você sabe que gostou, é ótimo; um filme acabar e você sentir aquele "click" e posteriormente pensar nele por dias, dando conta da importância de cada pequeno detalhe, lembrando das cenas com um sorriso no rosto... isso é muito raro. Que filme, pessoal.
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraO filme é esteticamente lindo. Cada cor, cada quadro, cada recorte é mais confortável e gostoso de assistir que o último.
Achei, sim, que o filme às vezes soa quase leve demais, como se por descuido não fizesse questão de um compromisso mais profundo com o mundo real. Mas é tão bonito e tão bem atuado por seus personagens que você não se importa muito e apenas embarca nesse passeio pela saudade.
Bom Comportamento
3.8 393Vamos ser justos? É um filme legal!
Quem não gosta desse rapaz, Robert, não vai poder aprofundar muito as críticas por causa dessa aparição - o cara tá bem, tá louco, família, descolorido, frenético.
O filme tem uma identidade própria e apesar de começar meio "sem preliminares", aos poucos ele vai enriquecendo a narrativa com camadas e mais camadas de complicações e ramificações. Passei um tempão com uma sensação de: "caralho, não consigo imaginar o que vem a seguir" (sem chutar demais o balde e ser aleatório!), o que costuma ser uma experiência agradável pra mim.
Quando acaba, entendo quem ache que ele deixa uma sensação de incompletude. Ajuda ter expectativas realistas (ou nenhuma) antes de assisti-lo. Como um thriller sem peso de agradar demais, ele cumpre a meta e te faz alternar de 110 pro 220 um punhado de vezes.
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista AgoraAdorei e nem esperava adorar!
A única ressalva que faço: em contraste com o show que o Malek entrega, a participação sempre apressada e rasa dos personagens que orbitam em torno dele é destoante dentro do filme. Parece que só se preocuparam em convencer com o protagonista.
Sabemos só que alguém era (ou ia ser) físico, outro, dentista, um era mais esquentado, outro era mais quietão, alguém era filho da puta, alguém foi enganado e... ficamos nisso. Alguns egos se bateram de vez em quando, se perdoaram, alguns processos criativos que se resolviam do nada, etc. Podiam ter explorado muitas dimensões de muita gente. Daria ainda mais peso, mais credibilidade, mais impacto.
Vice
3.5 488 Assista AgoraUm bom filme. Atuação do Bale, mais uma vez, retardada de boa e convincente. Ta aí um cara que não tem limites e mostra mais uma vez não ter frescura para incorporar papeis.
Foi uma ideia acertada usar um elenco estelar pra dar mais graça a um filme que usualmente poderia ser monótono. Não consigo entender, apesar de respeitar, quem achou lento. O filme tem um ritmo muito intenso e suspeito que os que se cansaram perderam o fio da meada e desistiram de acompanhar as ideias.
Poderia ser um pseudo documentário político intragável, mas diverte e também faz pensar, por conta de seu estilo contador-de-história-mas-crítica-ferrenha.
O Menino que Descobriu o Vento
4.3 741O bom é que lendo a sinopse já me adianta ter que assistir 90% do filme!
A Casa Que Jack Construiu
3.5 789 Assista Agora[Sem spoilers!]
Sentei para assistir “A casa que Jack construiu” com um misto de medo e curiosidade. Do diretor, havia assistido “Dogville” e “Dançando no escuro”, o que já fala muito sobre o que procuro e o que evito em seu trabalho. A violência explícita, gráfica me incomoda muito e eu tendo a procurar evitar sequer o risco de confrontá-la. Contudo, acabei vítima da curiosidade popular acerca das mentes perturbadas de assassinos em série, sendo a da vez escrita e representada em uma criação do também perturbado Von Trier.
Eu não listaria esse filme no rol dos filmes com a violência clássica graficamente perturbadora. Ele choca por outras violências. Por direcionar a violência a sujeitos usualmente blindados contra ela. Por escancarar princípios (ou sua ausência, a depender do ponto de vista) que não são razoáveis ou sequer toleráveis em pleno 2019 como fundamentadores das atrocidades cometidas. Por ser obra de um diretor que repetidamente, segundo muitos, expõe facetas da violência sem nenhum propósito secundário ou terciário senão o do deleite em exibir a dor alheia.
Para alguém que ligou o filme em estado de alerta, aguardando a qualquer minuto a gota d’água que me levaria ao botão do stop, fui ao fim e a gota não veio. Mas essa não é uma opinião universal.
A história de Jack é uma boa história. Muito aquém daquelas que vimos, por exemplo, nos filmes do diretor que cito no primeiro parágrafo, mas tecnicamente muito interessante de assistir. Dillon está sensacional e nos presenteia com uma atuação perturbadoramente crível. Sua expressão vai de doente, a cômico irreverente, a doente novamente em questão de segundos, e ainda que não dê pra torcer por um ser desumano como seu personagem, é uma honra testemunhar execução tão precisa dessa arte. Von Trier e suas marcas registradas conferem a essa obra aquela pitada extra de realismo com a câmera free-hand e seus zooms quase documentais.
A narrativa soa forçada e irrelevante em alguns momentos e o roteiro em si não é dos mais sofisticados. O filme acaba focando nos crimes em si e pouco se preocupa em montar um universo ao redor deles. Se em outros filmes de assassinos em série fatores como a vida social, a polícia, a história das vítimas, aspectos técnicos dos crimes, entre tantas outras coisas são variáveis extremamente relevantes, aqui eles não são sequer lembrados.
A vida de Jack é uma que nos intriga a ser assistida, mesclando momentos de suspense e desconforto com momentos quase cômicos. O filme intercala incidentes da sua vida com uma grande dose de arte, filosofia, história, com montagens que parecem às vezes amadoras. Alguns poderão achar essas partes tediosas e arrogantes; outros acharão que confere ao filme camadas de profundidade reflexiva. Acho que é algo esperado com o diretor dinamarquês, né?
Em resumo, um filme que tende a agradar quem conhece a mão de Lars Von Trier e vai com o espírito minimamente preparado, ainda que não seja nenhuma obra-prima aos meus olhos. Aos que se chocam com tabus e violência emocionalmente perturbadora (e não gostam desse choque!), talvez não haja muito aqui para prolongar a estadia.
Podres de Ricos
3.5 509 Assista AgoraAguinha com açúcar clássico, só mudaram a ambientação mesmo (e olha que para um filme passado quase totalmente em Singapura, lembramos dos EUA mais vezes do que gostaríamos durante o filme!)
Cheguei a ter a esperança de que a reta final pudesse transmitir alguma mensagem mais madura, algum lembrete sobre como a vida, às vezes, é uma merda mesmo, mas tacaram talco na porra toda e conseguiram disneyzar completamente o desfecho.
Aquela ceninha de 10s dos créditos é praticamente um pontapé na bunda de quem já taria saindo do cinema meio "meh". Acho que 'Questão de Tempo' me deu uma provinha daquilo que poucas vezes sentirei de novo na vida vendo comédias românticas ou algo do tipo.
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraBom filme, mas pior do que promete ser.
Quando perguntam se você gostou de um filme e você se surpreende ao perceber que apesar de ter gostado, tem suas ressalvas, é um sinal importante. Não significa que para um filme ser bom precisa ser à prova delas, claro que não – mas lembrar dos pés atrás logo de cara não é um sinal costumeiramente promissor.
Falando do ponto de vista estritamente leigo (zero estudo da arte) e pouco cinéfilo (me coloco nessa categoria por não ter visto nenhuma das três versões anteriores desse remake, além de só descobrir a existência dos mesmos depois de sair da sessão), o filme tem prós e contras bem claros pra mim.
Tecnicamente, enche os olhos. As cenas musicais grandiosas são realmente grandiosas, algumas causando arrepios até em gente que se diz frio. As atuações de um modo geral são muito boas e, apesar da voz grossa e do sotaque do Cooper carregados talvez em excesso, o pessoal tá muito bem. Se a técnica e as atuações não comprometeram, o roteiro...
O roteiro é bem esquisito. Sem nem entrar no mérito da centralização na figura masculina (vi na crítica do mediaversityreviews que meros 7% do elenco principal e da equipe do filme são mulheres, apesar do título supostamente se referir à estrela feminina que em vez de nascer e brilhar, sobe sempre na sombra do alcóolatra abusivo e poucas vezes bem intencionado do marido), o roteiro não diz bem a que veio. A grosso modo, uma estrela do rock cujo passado e motivações são rasos demais pra gente se importar, encontra uma preciosidade tanto humana quanto musical e passa longas 2h17 massacrando a vida dela, através de um monte de clichês.
Qual a mensagem do filme, de verdade? Não preciso dizer que ele é redondinho e tenta equilibrar um monte de fator: homem bonito talentoso, mulher de beleza “exótica” (o que não concordo) e talentosa, romance, vícios, músicas lindas, músicas comerciais, dramas, dramas e choro no fim. Qual é o ponto, de verdade, aqui?
Sem Rastros
3.5 192 Assista AgoraA primeira aventura do Jesse Pinkman depois de fugir do cativeiro.
Brincadeiras à parte, é um filme legal. Começa com uma pegada meio Discovery Channel. A câmera foca nos personagens e suas ações, quase como se buscasse retratar só um cotidiano, um estilo de vida natureba. Poucas explicações, não sabemos quem são, onde estão, por que estão ali, o que pretendem (assisti sem nem lembrar do que a sinopse dizia).
É aos poucos que o universo de um ex-veterano e sua filha, que parece estar condenada a herdar a história e os muitos traumas do pai, vai sendo aberto pra gente. Como algumas pessoas já falaram, não é um drama clássico, não tem um clímax muito definido, não tem uma problemática específica: é sobre os caminhos e descaminhos que a dupla percorre em uma jornada que é muito mais deles do que nossa, mas não por culpa do filme. Essa é a proposta.
As atuações e a ambientação são os diferenciais de um filme que, se visto sem carregar o fardo das injustíssimas comparações com Capitão Fantástico (que é filme de fantasia e leveza, apesar de "adulto"), entretém muito bem.
Dogman
3.6 113 Assista AgoraSinceramente, essa sinopse é um desserviço a esse ótimo filme.
É um desserviço em todos os sentidos, aliás.
Se eu sequer suspeitasse que o pequeno e simples Marcello mataria o trebufu desencapado só por ler uma sinopse, eu simplesmente teria detestado o filme.
A construção de personagem e a perda de controle da situação pelo protagonista foram o filme todo. Sem isso, sobra muito pouco.
Cinematografia esplêndida, retrato da pobreza e do abandono, espiritual e material, excelente.
A Noite do Jogo
3.5 671 Assista AgoraComeça bobo e termina bem ruim mesmo.
Upgrade: Atualização
3.7 687 Assista AgoraFicção científica com ideias que são, quando não originais, bem executadas. Indico!
+ Ambientação futurista muito bacana, extremamente imersiva. De periferias abandonadas até casas computadorizadas, você se sente dentro do filme.
+ O filme é curto e tem um ritmo acelerado, não ficando cansativo nem pra quem não é fã do gênero.
+ Apesar de ter uma história sombria e bastante violência, tem toques de humor na medida certa que dão leveza e originalidade em diversos momentos.
- Os diálogos foram o maior ponto fraco. Algumas cenas do começo parecem um comercial de margarina futurista enorme; outras, mais pra frente, parecem panfletos, caricaturas.
- A história em si é salva pela cadência acelerada e por alguns momentos inusitados, porque em essência é mais um filme que segue o arco do herói básico pontuado por cenas de ação futurista.
O toque da cena final, na qual o rapaz é colocado em algum compartimento fictício e feliz do seu próprio subconsciente pra parar de interferir na ascensão da máquina foi muito bom. Pessimista e cruel, do tipo que não se preocupa em deixar a gente confortável quando acaba. E pensar que por alguns segundos tememos aquele “não.. mais um filme em que era tudo um sonho, não..”