Depois de, em tom de brincadeira, eu ter experimentado um charuto pela primeira vez, este filme apareceu para mim, como dica de exibição - e, além de ser uma descoberta coincidente, foi também muito divertida. Ri com as situações absurdas (alguém até brincou "não seria um cigarrinho alucinógeno?"), enquanto minha mãe, ao meu lado na sessão, estranhava as traquinagens das fadinhas safadinhas, que chegam mesmo a levantar a parte de trás da saia para o fumante. Considerado o ano de produção, achei as trucagens inovadoras. E as situações hilárias, ainda que estapafúrdias, como o próprio ato de fumar (risos) - WPC>
Um curta-metragem sobre avós que me encantou pela leveza, pela comunhão entre ambas as mulheres, no que tange ao reconhecimento de uma família escolhida pela contingência matrimonial de outrem. Ótima montagem e depoimentos mui graciosos. Fofinho! (WPC>)
Aqui, infelizmente, não consegui mergulhar a proposta... Por algum motivo, reagi de maneira "purista", não consegui me divertir com as múltiplas manipulações a partir de imagens de ERA UMA VEZ NO OESTE. Preciso rever o curta-metragem? Preciso estudar mais sobre as intenções tscherkasskianas? Tudo indica que sim. Por ora, fica a minha apreciação apenas mediana. (WPC>)
Curtinho e fascinante. Surpreendente - para os padrões tscherkasskianos - a seqüência de abertura, justamente por conta da abertura (risos). Logo em seguida, os cacoetes mágicos do diretor se instalam, num frenesi típico dos 'trailers'. Divertido, portanto. Bem mais "leve" que outros experimentos similares! (WPC>)
Meu favorito do diretor, até agora. Tem elementos do Kubelka e do Godard, numa mistura de ruídos e distorções visuais e imagéticas que é totalmente tscherkasskiana: amei a variação de vozes femininas e masculinas, em meio à publicidade de automóveis. Ou seja, para além da masturbação experimental (delícia!), parece haver também um franco discurso anticapitalista. Amei, amei, amei! (WPC>)
Só eu que nunca havia sequer ouvido falar deste filme?!
Mesmo sendo fã do Lynch desde a adolescência, eu não conhecia esta obra. Imaginei que se tratasse de uma produção televisiva e não tenha muitas expectativas. Diverti-me com as repetições frasais e com os estereótipos, sobretudo na caraterização de Harry Dean Stanton. Para os parâmetros atuais, reclamar-se-ia da tipificação exagerada dos personagens, mas é como se o diretor estivesse em conluio com os irmãos Coen: diverti-me bastante, notei diversas obsessões autorais e fui fisgado pelos números musicais, pelas aparições recorrentes daquele fabuloso trio de cantoras. É um curta-metragem sobremaneira lynchiano, não tive como não gostar muuuuuito! (WPC>)
Gosto muito da ternura associada às realizações deste jovem mineiro, bem como de suas montagens inauditas entre múltiplos conteúdos audiovisuais (combinar Mazzaropi e Abba foi um golpe de gênio!), mas os movimentos de câmera compreensivelmente amadores deste filme dificultaram a imersão na pretendida nostalgia. O enquadramento especular inicial, por exemplo, é muito bom, mas a movimentação tremida estragou a sua imponência. O mesmo pode ser dito a várias aparições da senhorinha, visivelmente desconfortável com a presença da câmera. O momento em que ela escolhe um disco de vinil para ouvir é ótimo, bem como as sobreposições de imagens (especialidade do realizador), mas, ao menos para mim, o curta-metragem não foi exitoso na transmissão afetiva: algo ficou travado, enquanto os manipuladores técnicos encontravam dificuldades para registrar e/ou focalizar os seus objetos de interesse. Vale pela tentativa, pela dedicatória e pelo arcabouço! (WPC>)
Menos de um minuto, uma situação único.... Mas quanta beleza, quanta vida, quanta ampliação artística a partir da reprodução de um ato circunstancial e natural: lindo demais! (WPC>)
A diretora tem um bom ponto de partida e os jogos com as texturas e os "passeios" pelas roupas são muito bacanas, mas o filme se perde na nostalgia não necessariamente traumática: a abordagem é meramente comparativa, quiçá emulando a percep0ção infantil da narradora, mas sem avançar muito na critica a um regime que maltrata tanto as mulheres - sobretudo, as adolescentes. Termina bruscamente e quase congratulatoriamente, quando poderia se estender bem mais... A curta duração atrapalhou! (WPC>)
Começa fofinho, mas também acelerado: a irmã mais nova gosta de descobrir as coisas, possui um ritmo lento, enquanto a mais velha é aventureira, quer implantar a velocidade. Até que algo acontece (ou melhor, é percebido) e tudo isso é ressignificado, inclusive estilisticamente. Fofinho e elementar, como a necessidade de dar e receber carinho! (WPC>)
A intenção é bonita e fiquei curioso em conhecer o ambiente em que as obras de arte urbana estão expostas, ao ar livre, mas achei este curta-metragem moroso e um tanto dispersivo, na insistência em forçar um diálogo com um personagem que vaga a esmo por aqueles espaços. Insisto que a intenção de proximidade é ótima, mas não funcionou em execução, infelizmente. Mas instiga, ao menos: vamos para Paris? (WPC>)
A despeito de Édouard Sulpice ser o protagonista, são as personagens femininas e o belo músico Abraham Wapler quem mais chamam a nossa atenção. Gostei muito da atualização rohmeriana dos diálogos, das seqüências demoradas, daquela ótima cena do passeio urbano, até que uma das garotas chegue em casa. O contraste entre a "rapidez" de uns e a lentidão de outro é muito oportuno e eu, como hiperativo, identifiquei-me plenamente. Porém, o modo um tanto professoral como isso é repetido em diversos momentos retira a leveza benfazeja do roteiro. Fiquei com vontade de rever, inclusive. Muito gracioso! (WPC>)
Muito engraçado e exagerado: deu pena do galo, tadinho, mas gostei de como ele reage, do meio para o final. Os traços são delicados e a narrativa adere a uma lógica aventureira, infantil, que assegura a necessidade de recomendação: tomara que ele atinja um bom público, é bacana! (WPC>)
Adorei mensagem embutida, sobre o não reconhecimento das transformações, para além das boas intenções. Ampliando a interpretação, há toda uma reflexão sobre transexualidade no enredo, mas o filme funciona mesmo numa apreciação "rasa", com base nos eventos pitorescos e engraçados do sapo que não sabe onde foi parar sua amiga larva... Lindo (e um tantinho triste também)! - WPC>
Adentrei a sessão sem muitas expectativas, apenas para cumprir tabela, numa das categorias menos autorais do Oscar, que é a de Curta-Metragem Documental. Temia que a linguagem fosse televisiva e, como tal, concentrei-me na relevância do assunto. Porém, os diretores não apenas escolheram entrevistados fascinantes, com lindas histórias de vida e superação, como dosaram o filme de um caráter muito pessoal, ao comporem uma trilha musical específica, de modo que, além dos consertos, há, naquela última e necessária loja, um valoroso concerto. Gostei tanto que, assim que terminou o filme, fiz questão de recomendá-lo para amigos próximos, ainda emocionado. Muito, muito bom! (WPC>)
A produção é imponente, tanto quanto o elenco e o renome da diretora estreante, mas, infelizmente, o roteiro desperdiça-se num circunlóquio que, em sua pretensa atualização da narrativa carroliana, revela-se francamente aburguesado. A diretora esforça-se para conquistar a nossa atenção, através de planos longos, caminhadas, falas superpostas, mas é tudo muito atravessado por abstrações que, em seu bojo, revelam-se classistas. Desgostei, infelizmente! (WPC>)
Tive a oportunidade de assistir a este filme quando ele ainda estava em finalização e sinto o orgulho de conhecer o seu realizador. Gosto muitíssimo de como o titulo e os letreiros internos criam uma tensão a partir de uma data que está aproximando-se e, de repente, um clímax de terror, muito bem delineado, interrompe este processo, em prol de uma subversão de expectativas interessantíssima. Gosto dos efeitos práticos, da maquiagem, dos indícios de que algo bizarro está prestes a acontecer, numa perspectiva bastante shyamalaniana de condução narrativa. Ainda que a protagonista não seja imediatamente simpática, identificamo-nos com seus esforços empregatícios, com o seu elã sobrevivencial e materno. Amo a cena do "rolê noturno" e a entrega da ótima Clebia Sousa à sua personagem. Everaldo Pontes está magnífico, como de praxe, como o vilão capitalista e invasivo. E as aparições da vizinha são ótimas. Não gosto muito do excesso de trilha musical, que não permite que algumas seqüências "respirem", num silêncio requisitado pela ambiência suburbana um tanto melancólica. Mas gosto de como a obra nos obriga a olhar para os lados, prestar atenção aos detalhes e, sobretudo, sentir, valorizar o que as pessoas exprimem, nos pequenos gestos do dia a dia. E, como dizem os produtores e divulgadores: viva o cinema brasileiro de gênero! (WPC>)
Fiquei interessado por este filme desde que soube de seu projeto. Por motivos óbvios, rolou toda uma identificação com o personagem-protagonista, além de, obviamente, eu o achá-lo muito gostoso. E é essa uma das grandes sacadas do roteiro: demonstrar que isso não é suficiente, que não sustenta uma personalidade. Muito pelo contrário, aliás, tamanha a quantidade de cobranças associadas ao fato de ser "padrão". Neste sentido, o resgaste ensaístico de imagens da infância e adolescência do protagonista é ótimo, no cotejo com a proposta titular, com a insegurança (modelada em exibicionismo) da faceta contemporânea do artista. Infelizmente, as inserções contemporâneas não funcionaram tanto, mas é um filme que nos obriga a pensar, a refletir, a lembrar... Por tudo isso, gostei muito! (WPC>)
Ainda que a realização seja um tanto burocrática em seus efeitos televisivos, ela é tecnicamente impressionante (vide os maravilhosos ângulos fotográficos à contraluz, por exemplo). Muito interessante que o protagonista compartilhe essa pitoresca situação de duplo "patriamento" conosco: o bacana nos documentários é podermos aprender sobre situações que, até então, eram pouco conhecidas. Neste sentido, este curta-metragem é exemplar: a história dessa ilha é deveras merecedora deste relato! (WPC>)
Para quem gosta de Guillaume Brac (e de Sofia Coppola e de Jacques Tati, ou tantos outros), este filme é um bálsamo: no início, a protagonista atrapalhada incomoda-nos um pouco, faz com que não simpatizemos de imediato com ela... Mas, pouco a pouco, depois daquela seqüência maravilhosa da entrevista, imergimos em sua situação psicológica, compreendemos a importância daquela viagem, torcemos para que tudo dê certo, ficamos na esperança de que os bons encontros ocorram... Achei muito bonito, filme-gêmeo do esplêndido ILHA DO TESOURO! (WPC>)
Os traços da animação são bonitos e a situação dolorosa pode ser "adivinhada" desde a primeira imagem, o que confere à confirmação da descoberta menos o aspecto de previsibilidade tramática que a garantia de uma chaga familiar que precisará ser debatida, inevitavelmente após a sessão. A diretora constrói a situação de maneira calma, cuidadosa, como as vítimas desse tipo de situação precisam, com respeito e sem julgamentos até mesmo contra os agressores, que são também incrivelmente acolhidos, a fim de se compreender o que pode ter desencadeado um clímax tão perturbador para os envolvidos. Muito bacana a abordagem, recomendo! (WPC>)
Direto ao ponto e simpaticíssimo: dona Zezé, de fato, exala um frescor de acolhimento tanto em suas interpretações quanto nas aparições maternas, em meio à equipe. Os depoimentos emocionados de atrizes ímpares emocionam, por mais que haja, na realização, aquele toque de ingenuidade e deslumbramento tipicamente mineiro, que requer que conheçamos a fundo aquele contexto, aqueles personagens, para entendermos a dimensão de seus sentimentos. Explico de outra forma: a afeição demonstrada pela personagem titular não é melodramático, externo, mas sim íntimo e prolongado, como se ela ainda estivesse entre nós... Neste sentido, uma fofurinha. Um filme terno como amor de mãe! (WPC>)
Princess Nicotine; or, The Smoke Fairy
4.0 3Depois de, em tom de brincadeira, eu ter experimentado um charuto pela primeira vez, este filme apareceu para mim, como dica de exibição - e, além de ser uma descoberta coincidente, foi também muito divertida. Ri com as situações absurdas (alguém até brincou "não seria um cigarrinho alucinógeno?"), enquanto minha mãe, ao meu lado na sessão, estranhava as traquinagens das fadinhas safadinhas, que chegam mesmo a levantar a parte de trás da saia para o fumante. Considerado o ano de produção, achei as trucagens inovadoras. E as situações hilárias, ainda que estapafúrdias, como o próprio ato de fumar (risos) - WPC>
Vovó & Avó
3.7 25 Assista AgoraUm curta-metragem sobre avós que me encantou pela leveza, pela comunhão entre ambas as mulheres, no que tange ao reconhecimento de uma família escolhida pela contingência matrimonial de outrem. Ótima montagem e depoimentos mui graciosos. Fofinho! (WPC>)
Erotique
4.0 1 Assista AgoraErótico e alucinante. Pulsante e metacinematográfico. Cheio de vida e erotismo. Numa palavra: tscherkasskiano! (WPC>)
Instructions for a Light and Sound Machine
3.6 4 Assista AgoraAqui, infelizmente, não consegui mergulhar a proposta... Por algum motivo, reagi de maneira "purista", não consegui me divertir com as múltiplas manipulações a partir de imagens de ERA UMA VEZ NO OESTE. Preciso rever o curta-metragem? Preciso estudar mais sobre as intenções tscherkasskianas? Tudo indica que sim. Por ora, fica a minha apreciação apenas mediana. (WPC>)
Get Ready
3.2 3 Assista AgoraCurtinho e fascinante. Surpreendente - para os padrões tscherkasskianos - a seqüência de abertura, justamente por conta da abertura (risos). Logo em seguida, os cacoetes mágicos do diretor se instalam, num frenesi típico dos 'trailers'. Divertido, portanto. Bem mais "leve" que outros experimentos similares! (WPC>)
Manufraktur
3.4 4 Assista AgoraMeu favorito do diretor, até agora. Tem elementos do Kubelka e do Godard, numa mistura de ruídos e distorções visuais e imagéticas que é totalmente tscherkasskiana: amei a variação de vozes femininas e masculinas, em meio à publicidade de automóveis. Ou seja, para além da masturbação experimental (delícia!), parece haver também um franco discurso anticapitalista. Amei, amei, amei! (WPC>)
O Cowboy e o francês
3.2 22Só eu que nunca havia sequer ouvido falar deste filme?!
Mesmo sendo fã do Lynch desde a adolescência, eu não conhecia esta obra. Imaginei que se tratasse de uma produção televisiva e não tenha muitas expectativas. Diverti-me com as repetições frasais e com os estereótipos, sobretudo na caraterização de Harry Dean Stanton. Para os parâmetros atuais, reclamar-se-ia da tipificação exagerada dos personagens, mas é como se o diretor estivesse em conluio com os irmãos Coen: diverti-me bastante, notei diversas obsessões autorais e fui fisgado pelos números musicais, pelas aparições recorrentes daquele fabuloso trio de cantoras. É um curta-metragem sobremaneira lynchiano, não tive como não gostar muuuuuito! (WPC>)
Presente
3.0 1Gosto muito da ternura associada às realizações deste jovem mineiro, bem como de suas montagens inauditas entre múltiplos conteúdos audiovisuais (combinar Mazzaropi e Abba foi um golpe de gênio!), mas os movimentos de câmera compreensivelmente amadores deste filme dificultaram a imersão na pretendida nostalgia. O enquadramento especular inicial, por exemplo, é muito bom, mas a movimentação tremida estragou a sua imponência. O mesmo pode ser dito a várias aparições da senhorinha, visivelmente desconfortável com a presença da câmera. O momento em que ela escolhe um disco de vinil para ouvir é ótimo, bem como as sobreposições de imagens (especialidade do realizador), mas, ao menos para mim, o curta-metragem não foi exitoso na transmissão afetiva: algo ficou travado, enquanto os manipuladores técnicos encontravam dificuldades para registrar e/ou focalizar os seus objetos de interesse. Vale pela tentativa, pela dedicatória e pelo arcabouço! (WPC>)
Buffalo Running
3.5 5Menos de um minuto, uma situação único.... Mas quanta beleza, quanta vida, quanta ampliação artística a partir da reprodução de um ato circunstancial e natural: lindo demais! (WPC>)
Our Uniform
3.4 27 Assista AgoraA diretora tem um bom ponto de partida e os jogos com as texturas e os "passeios" pelas roupas são muito bacanas, mas o filme se perde na nostalgia não necessariamente traumática: a abordagem é meramente comparativa, quiçá emulando a percep0ção infantil da narradora, mas sem avançar muito na critica a um regime que maltrata tanto as mulheres - sobretudo, as adolescentes. Termina bruscamente e quase congratulatoriamente, quando poderia se estender bem mais... A curta duração atrapalhou! (WPC>)
Entre Duas Irmãs
3.6 2Começa fofinho, mas também acelerado: a irmã mais nova gosta de descobrir as coisas, possui um ritmo lento, enquanto a mais velha é aventureira, quer implantar a velocidade. Até que algo acontece (ou melhor, é percebido) e tudo isso é ressignificado, inclusive estilisticamente. Fofinho e elementar, como a necessidade de dar e receber carinho! (WPC>)
O Grande Arco
2.5 1A intenção é bonita e fiquei curioso em conhecer o ambiente em que as obras de arte urbana estão expostas, ao ar livre, mas achei este curta-metragem moroso e um tanto dispersivo, na insistência em forçar um diálogo com um personagem que vaga a esmo por aqueles espaços. Insisto que a intenção de proximidade é ótima, mas não funcionou em execução, infelizmente. Mas instiga, ao menos: vamos para Paris? (WPC>)
Rápido
3.2 1A despeito de Édouard Sulpice ser o protagonista, são as personagens femininas e o belo músico Abraham Wapler quem mais chamam a nossa atenção. Gostei muito da atualização rohmeriana dos diálogos, das seqüências demoradas, daquela ótima cena do passeio urbano, até que uma das garotas chegue em casa. O contraste entre a "rapidez" de uns e a lentidão de outro é muito oportuno e eu, como hiperativo, identifiquei-me plenamente. Porém, o modo um tanto professoral como isso é repetido em diversos momentos retira a leveza benfazeja do roteiro. Fiquei com vontade de rever, inclusive. Muito gracioso! (WPC>)
Galinhas Atômicas
3.5 1Muito engraçado e exagerado: deu pena do galo, tadinho, mas gostei de como ele reage, do meio para o final. Os traços são delicados e a narrativa adere a uma lógica aventureira, infantil, que assegura a necessidade de recomendação: tomara que ele atinja um bom público, é bacana! (WPC>)
Na Dança
2.8 2Psicodélico e bagunçado, mas também muito gostoso de se ver e ouvir. Experimental e fascinante. Direto ao ponto: curti! (WPC>)
Dois Amigos
3.7 2Adorei mensagem embutida, sobre o não reconhecimento das transformações, para além das boas intenções. Ampliando a interpretação, há toda uma reflexão sobre transexualidade no enredo, mas o filme funciona mesmo numa apreciação "rasa", com base nos eventos pitorescos e engraçados do sapo que não sabe onde foi parar sua amiga larva... Lindo (e um tantinho triste também)! - WPC>
A Última Loja de Consertos
3.9 32 Assista AgoraAdentrei a sessão sem muitas expectativas, apenas para cumprir tabela, numa das categorias menos autorais do Oscar, que é a de Curta-Metragem Documental. Temia que a linguagem fosse televisiva e, como tal, concentrei-me na relevância do assunto. Porém, os diretores não apenas escolheram entrevistados fascinantes, com lindas histórias de vida e superação, como dosaram o filme de um caráter muito pessoal, ao comporem uma trilha musical específica, de modo que, além dos consertos, há, naquela última e necessária loja, um valoroso concerto. Gostei tanto que, assim que terminou o filme, fiz questão de recomendá-lo para amigos próximos, ainda emocionado. Muito, muito bom! (WPC>)
O Chá de Alice
2.2 1A produção é imponente, tanto quanto o elenco e o renome da diretora estreante, mas, infelizmente, o roteiro desperdiça-se num circunlóquio que, em sua pretensa atualização da narrativa carroliana, revela-se francamente aburguesado. A diretora esforça-se para conquistar a nossa atenção, através de planos longos, caminhadas, falas superpostas, mas é tudo muito atravessado por abstrações que, em seu bojo, revelam-se classistas. Desgostei, infelizmente! (WPC>)
Segunda-Feira, Então
3.2 1Tive a oportunidade de assistir a este filme quando ele ainda estava em finalização e sinto o orgulho de conhecer o seu realizador. Gosto muitíssimo de como o titulo e os letreiros internos criam uma tensão a partir de uma data que está aproximando-se e, de repente, um clímax de terror, muito bem delineado, interrompe este processo, em prol de uma subversão de expectativas interessantíssima. Gosto dos efeitos práticos, da maquiagem, dos indícios de que algo bizarro está prestes a acontecer, numa perspectiva bastante shyamalaniana de condução narrativa. Ainda que a protagonista não seja imediatamente simpática, identificamo-nos com seus esforços empregatícios, com o seu elã sobrevivencial e materno. Amo a cena do "rolê noturno" e a entrega da ótima Clebia Sousa à sua personagem. Everaldo Pontes está magnífico, como de praxe, como o vilão capitalista e invasivo. E as aparições da vizinha são ótimas. Não gosto muito do excesso de trilha musical, que não permite que algumas seqüências "respirem", num silêncio requisitado pela ambiência suburbana um tanto melancólica. Mas gosto de como a obra nos obriga a olhar para os lados, prestar atenção aos detalhes e, sobretudo, sentir, valorizar o que as pessoas exprimem, nos pequenos gestos do dia a dia. E, como dizem os produtores e divulgadores: viva o cinema brasileiro de gênero! (WPC>)
Homem de Verdade
3.8 2Fiquei interessado por este filme desde que soube de seu projeto. Por motivos óbvios, rolou toda uma identificação com o personagem-protagonista, além de, obviamente, eu o achá-lo muito gostoso. E é essa uma das grandes sacadas do roteiro: demonstrar que isso não é suficiente, que não sustenta uma personalidade. Muito pelo contrário, aliás, tamanha a quantidade de cobranças associadas ao fato de ser "padrão". Neste sentido, o resgaste ensaístico de imagens da infância e adolescência do protagonista é ótimo, no cotejo com a proposta titular, com a insegurança (modelada em exibicionismo) da faceta contemporânea do artista. Infelizmente, as inserções contemporâneas não funcionaram tanto, mas é um filme que nos obriga a pensar, a refletir, a lembrar... Por tudo isso, gostei muito! (WPC>)
Island in Between
3.0 21Ainda que a realização seja um tanto burocrática em seus efeitos televisivos, ela é tecnicamente impressionante (vide os maravilhosos ângulos fotográficos à contraluz, por exemplo). Muito interessante que o protagonista compartilhe essa pitoresca situação de duplo "patriamento" conosco: o bacana nos documentários é podermos aprender sobre situações que, até então, eram pouco conhecidas. Neste sentido, este curta-metragem é exemplar: a história dessa ilha é deveras merecedora deste relato! (WPC>)
As Férias de Verão
3.3 2Para quem gosta de Guillaume Brac (e de Sofia Coppola e de Jacques Tati, ou tantos outros), este filme é um bálsamo: no início, a protagonista atrapalhada incomoda-nos um pouco, faz com que não simpatizemos de imediato com ela... Mas, pouco a pouco, depois daquela seqüência maravilhosa da entrevista, imergimos em sua situação psicológica, compreendemos a importância daquela viagem, torcemos para que tudo dê certo, ficamos na esperança de que os bons encontros ocorram... Achei muito bonito, filme-gêmeo do esplêndido ILHA DO TESOURO! (WPC>)
Carinhos
3.6 1Os traços da animação são bonitos e a situação dolorosa pode ser "adivinhada" desde a primeira imagem, o que confere à confirmação da descoberta menos o aspecto de previsibilidade tramática que a garantia de uma chaga familiar que precisará ser debatida, inevitavelmente após a sessão. A diretora constrói a situação de maneira calma, cuidadosa, como as vítimas desse tipo de situação precisam, com respeito e sem julgamentos até mesmo contra os agressores, que são também incrivelmente acolhidos, a fim de se compreender o que pode ter desencadeado um clímax tão perturbador para os envolvidos. Muito bacana a abordagem, recomendo! (WPC>)
Nossa Mãe Era Atriz
4.1 2Direto ao ponto e simpaticíssimo: dona Zezé, de fato, exala um frescor de acolhimento tanto em suas interpretações quanto nas aparições maternas, em meio à equipe. Os depoimentos emocionados de atrizes ímpares emocionam, por mais que haja, na realização, aquele toque de ingenuidade e deslumbramento tipicamente mineiro, que requer que conheçamos a fundo aquele contexto, aqueles personagens, para entendermos a dimensão de seus sentimentos. Explico de outra forma: a afeição demonstrada pela personagem titular não é melodramático, externo, mas sim íntimo e prolongado, como se ela ainda estivesse entre nós... Neste sentido, uma fofurinha. Um filme terno como amor de mãe! (WPC>)