Mais uma série baseada em uma história real, Bebê Rena tem narrativa ágil, direta e quase sempre envolvente - uma pena ser tão longa, com 7 episódios. O que, inicialmente, se configura como comédia, torna-se um drama psicológico e thriller. Lembra um pouco o filme Louca Obsessão, com Kathy Bates, adaptação do livro de Stephen King. Uma mulher de meia idade começa a assediar um jovem barman e aspirante a comediante. Ele, carente e inseguro, alimenta o assédio da mulher. A série se concentra nas crises de consciência do rapaz, seus questionamentos, dúvidas, desnudando por inteiro tudo o que passou. Ao mesmo tempo que ele é um cara de personalidade fraca e submissa, sem coragem para enfrentar as situações, entrega ao espectador detalhes de sua vida íntima. Situações se repetem e muito do que se passa na tela não aconteceu de verdade, é ficção, é o que se deduz ao assistir. O comportamento de Donny exaspera, ele poderia ser mais decidido e a série, em alguns momentos, torna-se repetitiva. A interpretação da assediadora (Jéssica Gunning) impressiona.
Sou fã de Patricia Highsmith, criadora do personagem Ripley, e do filme O Talentoso Ripley, de Anthony Minghella e estava aguardando ansiosamente a minissérie da Netflix. Criado e dirigido por Steven Zaillian, a história, já conhecida, é expandida para 8 capítulos, cada um com quase 1 hora. Haja criatividade. Com tempo de sobra para contar a história, ele investe na atmosfera das cenas, acentuando o lado sombrio, no uso dos cenários deslumbrantes das antigas cidades italianas, nos móveis e utensílios, nas obras de arte renascentista, especialmente de Caravaggio, nas paisagens únicas. Tudo em preto e branco. Por sinal, a fotografia é belíssima. Mesmo quando a história soa arrastada, as imagens magnetizam o espectador. Eu adoro filmes contemplativos, lentos, desde que, é claro, com motivação, quando serve ao enredo, o que é o caso. Para apreciar melhor a série temos que esquecer uma ou outra questão do roteiro - a principal, a meu ver, é ninguém pensar, pedir ou publicar uma foto da primeira vítima, o que desvendaria o mistério dos assassinatos. Outra questão é a ingenuidade da maioria dos personagens. Como diz o ditado, pode-se enganar todas as pessoas por algum tempo e algumas pessoas durante todo o tempo, mas não se pode enganar todo o mundo por todo o tempo.
Não sabia nada da vida de Fito Páez, considerado o maior roqueiro argentino, e essa minissérie me fez entrar em contato com seu universo, saber de sua importância para a cultura hermana, sua história trágica (e bota trágica nisso!), a luta contra o vício e o sucesso fora de seu país. A minissérie é muito bem dirigida e interpretada, a reconstituição de época exemplar (se passa nos anos 70, 80 e 90, com idas e vindas) e o tom é melancólico e estridente, assim como seu protagonista. Fito Páez não tem uma boa voz, não é bonito ou carismático, mas, além de excelente compositor e letrista, tem presença de palco e se entrega de corpo e alma ao que faz. O cara perdeu os pais, as avós, ficou praticamente sozinho no mundo e nos ofertou lindas canções como Un Vestido e Un Amor, que conhecia na voz de Caetano Veloso em belíssima e definitiva interpretação. Em cartaz na Netflix.
Minissérie em 10 capítulos, No Fio da Navalha dramatiza a trajetória de uma das personalidades mais queridas e íntegras do Brasil. Hemofílico, Betinho venceu a tuberculose, enfrentou a aids e, mesmo assim, encontrou forças para lutar contra a miséria e a fome, dedicando sua vida a causas sociais. Betinho serviu de inspiração para muita gente (vide Padre Julio Lancelotti) e contribuiu com a adoção de políticas públicas implantadas após a sua morte (bolsa família, SUS). Parabéns às pessoas envolvidas no projeto, tudo foi feito com muito cuidado e competência. Assiste-se aos 10 episódios com interesse. Roteiro bem amarrado, diálogos críveis, trilha sonora bem utilizada, atores excelentes, boa direção e reconstituição de época e a interpretação absurda de Júlio Andrade, merecedor de todos os prêmios de interpretação. É um trabalho hercúleo, belíssimo, inspirado e emocionante, digno da pessoa retratada.
Documentário em 6 capítulos, Vozes da Segunda Guerra é um mergulho profundo nos campos de batalha desse que é o mais abominável dos atos humanos, sintoma da decadência moral de nossa sociedade, fracasso político dos líderes envolvidos e cegueira deliberada de parte da população. Guerra são assassinatos em massa em que todos perdem, principalmente a humanidade. Seres humanos são tratados como inimigos a serem exterminados. Nesse documentário, o diretor Rob Coldstream juntou imagens da época, reconstituídas e colorizadas artificialmente, para relatar os horrores dessa guerra, pontuadas de depoimentos de sobreviventes, um respiro em meio à carnificina. Os atores principais do documentário são justamente os coadjuvantes da guerra, soldados, pilotos, vítimas, tanto do lado dos aliados quanto do eixo. Difícil imaginar que tudo isso aconteceu de verdade, que milhões vivenciaram tanto horror, que seres humanos foram capazes de tamanha barbárie. Como os alemães depositaram tanto poder nas mãos de um psicopata covarde como Hitler e acreditaram em sua megalomania? Em alguns depoimentos nazistas que lutaram não parecem arrependidos, não fazem uma autocrítica. Vozes da Segunda Guerra é uma aula de história, uma aula dolorida, cheia de imagens terríveis e inacreditavelmente reais.
A Globoplay, que tem feito um trabalho exemplar em explorar nossa história recente com documentários e minisséries, acaba de disponibilizar 2 capítulos de O Fio da Navalha. A série fala sobre um dos personagens mais íntegros e admiráveis do Brasil, exemplo de luta, resiliência e coragem, Betinho, o eterno irmão do Henfil, imortalizado pela música famosa de João Bosco e Aldir Blanc. Dá gosto assistir a história desse cara, ainda mais com um trabalho tão delicado de direção e roteiro e a interpretação impressionante de Júlio Andrade. Corram e assistam!
Bonito, charmoso e inteligente, Paolo Macchiarini é um ítalo-suiço que se tornou famoso por criar os primeiros órgãos plásticos do mundo e implantá-los em seres humanos. Dono de grande carisma e com formação sólida em universidades conceituadas, os primeiros implantes aconteceram dentro do Instituto Karolinska, em Stocolmo, Suécia, terra dos prêmios Nobel. Devido a seu currículo e à respeitabilidade do Instituto, os pacientes concordavam com esse tipo de cirurgia considerada experimental. Além dessa questão médica e científica, Paolo também se meteu em imbróglios amorosos. O que o documentário faz, com imagens dos envolvidos, entrevistas, fartos vídeos e documentos, é relatar essa história maluca, inacreditável de um vigarista classe A, que enganava e se aproveitava de todos ao seu redor e causou mortes evitáveis, saindo praticamente impune. O Cirurgião do Mal é uma história improvável, louca e fascinante em cartaz na Netflix, dividido em 3 episódios.
A partir do quinto capítulo, principalmente o sexto e o sétimo, a história começa a fazer mais sentido para o espectador e fica eletrizante. Eu fiquei vidrado. Essa série é histórica, um trabalho brilhante de Heitor Dhalia.
Já vi 4 capítulos e já posso afirmar que essa é a melhor minissérie brasileira já produzida pela Netflix. Roteiro complexo, ambicioso, bem amarrado. Diálogos certeiros, bem humorados. Cenas de ação super bem produzidas, que não devem nada a filmes milionários de hollywood. Todos os atores, sem exceção, estão excelentes em seus respectivos personagens, fazendo tipos bem caracterizados. Direção enxuta, sem firulas: as cenas vão direto ao ponto. Trama dinâmica. O melhor é que a série é realista, fala sobre o crime organizado sem glamourização, faz o espectador conhecer uma realidade que parece distante, mas está mais próxima do que pensamos. Mostra o trabalho da polícia, com erros, acertos, corrupção e humaniza-o. O da Polícia Federal principalmente. Achei o roteiro bem supetor ao de Cangaço Novo.
A mulher mais perseguida e amada da família real britânica teve uma vida errática e um fim trágico. A série The Crown ficcionaliza seus últimos dias e o que seriam os bastidores da família, tentando se manter próxima da realidade. O roteirista e idealizador da série Peter Morgan, um cara brilhante, e que escreve maravilhosamente bem, produziu 5 temporadas (não assisti todas, mas amei as que vi). O diferencial da série foi juntar fofoca, romance e intrigas palacianas com política e interesses econômico-financeiros, dando complexidade à trama. Afinal, a família real ainda existe porque o governo lucra com isso e a maioria da população britânica ainda a apoia. Justamente esse lado político importante faltou nessa sexta temporada. Diana foi assassinada pela mídia sensacionalista e pelo público idiotizado ávido por celebridades, numa caçada ridícula. A série deveria se centrar nessa questão também, e não ficar só nos bastidores da relação entre ela, os filhos, o príncipe Charles, Dodi e o pai. Ficou um pouco cansativo e desinteressante. Li que essa será a sexta e última temporada. Os episódios que retratam o romance entre a princesa Diana e Dodi Al-Fayed e a respectiva morte do casal em um acidente de carro em Paris já estão na Netflix, os próximos 6 serão lançados em dezembro.
Gosto muito de documentários. Eles revelam facetas inimagináveis do ser humano, capaz de coisas terríveis. Só que, ao contrário de algumas ficções, as tramas reais nunca são maniqueístas - são complexas, intricadas, humanas, enfim. Muitas vezes, mesmo investigando muito, as motivações dos atores principais continuam obscuras. Nesse filme francês do catálogo da Netflix, os diretores possuem um material riquíssimo: áudios de conversas entre Liliane Bettencourt, principal acionista da empresa de cosmético Loreal e o empregado que cuidava de suas finanças. Considerada a mulher mais rica do mundo, as cifras são estratosféricas, fala-se em bilhões de euros. Os áudios caem na mão da mídia que inicia um cerco aos negócios da bilionária, resvalando até no presidente da época Nicholas Sarkozy. Entramos no submundo dos super-ricos e seus aproveitadores, um mundo de interesses e desigualdades.
Comecei a assistir, mas o excesso de diálogos me cansou tanto que desisti de ver, é muito blá blá blá... Quem sabe retome algum dia. Fiquei no primeiro capítulo. Vou ler o livro.
Série de ação, Cangaço Novo talvez seja o maior investimento do streaming para um produto nacional. Produzida pela O2 Filmes (Cidade de Deus), com direção de Ary Muritiba e Fábio Mendonça, o roteiro imagina, com base no banditismo atual, o que seria a reprodução do velho cangaço, imortalizado por Lampião e Maria Bonita. A série se destaca pela produção caprichada, pelas cenas de ação complexas e verossímeis, mas principalmente pelo trabalho dos atores (preparação da temível Fátima Toledo). A série tem 8 episódios, alguns maravilhosos, outros muito bons, outros no piloto automático. Com diálogos certeiros, ritmo de filmes de ação e trilha sonora significativa, talvez seja o roteiro pudesse ser mais complexo, mais nuançado. Confesso que não sou fã do gênero ação, mas assisti todos os episódios com interesse, mesmo com tiroteios, violência e muitas mortes. Li que está fazendo bastante sucesso no exterior.
Ainda não terminei de ver, estou no oitavo episódio, mas o sexto episódio, maravilhoso, irretocável, redimiu o quinto, feito no piloto automático. A série engrenou de um jeito que me pegou. O melhor são os atores, uma das melhores direções de atores que já vi: todos eles, sem exceção, estão excelentes.
A excelente série A Vida pela Frente se passa nos anos 90 e tem como protagonistas adolescentes da classe média e média alta. Bonitos e saudáveis, estudantes de uma escola de elite do Rio de Janeiro levam uma vida de excessos, sem pensar no amanhã. Sabemos que os excessos levam ao vazio, à insatisfação, ainda mais nessa fase. Com roteiro afiado, direção etérea, cinematográfica, trilha sonora da época (Marina Lima, Paralamas, Lulu Santos, entre outros grandes artistas da MPB e rock), vale a pena conferir. Soube que as histórias são inspiradas na adolescência de Leandra Leal, uma das diretoras e também atriz, em que interpreta uma mãe.
Uma das séries mais impactantes e populares da Netflix, Black Mirror retorna em sua 6a Temporada. Original e instigante, a série transpõe para ficção histórias que "exploram um mundo de alta tecnologia, onde as maiores inovações da humanidade e os instintos mais sombrios colidem", como define o site IMDB. São histórias independentes, cada episódio tem começo, meio e fim, com novos personagens, novos cenários e diferentes países. Nessa sexta temporada, que não é particularmente inesquecível, há um predomínio de produções britânicas, de onde a série se originou em 2011. Como as expectativas são muito altas, devido à qualidade da produção, confesso que foi um pouco decepcionante. Não que os episódios não sejam bons, mas, na maioria deles, percorrem terrenos já muito explorado pela ficção, temas comuns, sustos fáceis, filmes de gênero. De qualquer maneira, mesmo sem se aprofundar em discutir questões éticas e morais das novas tecnologias, Black Mirror, nessa temporada, é entretenimento inteligente e bem produzido.
Sensível e emocionante minissérie sobre o universo trans, Manhãs de Setembro retorna ainda melhor na segunda temporada. O que essa série faz é humanizar e normalizar as pessoas transexuais e travestis ao mostrá-las como "gente de bem", para usar um termo desgastado e ridículo, membros de famílias que buscam um lugar ao sol na sociedade. Em vez de mostrar o submundo, a produção mostra os acontecimentos à luz do dia. As músicas de Vanusa pontuam os altos e baixos da personagem Cassandra, interpretada por Liniker magistralmente, em sua trajetória como moto-girl, cantora e mãe/pai de uma criança. Soube agora que, devido ao sucesso da série, indicada a prêmios no Brasil e exterior, ela vai virar filme.
Por que esse fascínio de grande parte do público por documentários sobre assassinos seriais e crimes reais? Confesso que faço parte desse público e fuço os serviços de streaming à procura de boas produções a respeito do tema. A Netflix acabou de lançar uma muito bem realizada, uma história fascinante e desconhecida, pelo menos pra mim, sobre uma aberração da natureza, um ser desprezível responsável pela morte de mais de uma dezena de adolescentes mulheres (mulheres são sempre as vítimas desses assassinos). Só que, nesse caso em particular, uma mulher ajudava o assassino a realizar suas fantasias sexuais, como se vê no decorrer da história. Uma história, por sinal, muito triste, terrível, mas que hipnotiza o espectador ávido por descobrir até onde vai a natureza humana, seguro no conforto de seu lar, sabendo que existem seres capazes de tanta maldade.
10 anos após a tragédia de Santa Maria, a Netflix lança minissérie de 5 capítulos sobre o incêndio na boate Kiss. Com direção geral de Julia Resende, o roteiro centra em alguns pais das vítimas, os mais resilientes, que dedicaram 5 anos de suas vidas para responsabilizar os culpados e ainda não conseguiram. Como condenar pessoas numa situação em que, teoricamente, não há a intenção de matar? E qual o grau de culpabilidade de bombeiros, autoridades e políticos? Um erro vai levando a outro, num efeito cascata. Sob o ponto de vista técnico e artístico, Todo Dia a Mesma Noite, é uma obra digna, respeitosa, bem produzida e interpretada, com momentos emocionantes e dramáticos, pesando a mão aqui e ali na trilha sonora e não resolvendo tão bem certas situações, o que em nada desqualifica o esforço de todos os envolvidos. É fundamental relembrar tragédias como essas para que, repetindo o velho clichê, jamais se repitam.
Bebê Rena
4.1 412 Assista AgoraMais uma série baseada em uma história real, Bebê Rena tem narrativa ágil, direta e quase sempre envolvente - uma pena ser tão longa, com 7 episódios. O que, inicialmente, se configura como comédia, torna-se um drama psicológico e thriller. Lembra um pouco o filme Louca Obsessão, com Kathy Bates, adaptação do livro de Stephen King. Uma mulher de meia idade começa a assediar um jovem barman e aspirante a comediante. Ele, carente e inseguro, alimenta o assédio da mulher. A série se concentra nas crises de consciência do rapaz, seus questionamentos, dúvidas, desnudando por inteiro tudo o que passou. Ao mesmo tempo que ele é um cara de personalidade fraca e submissa, sem coragem para enfrentar as situações, entrega ao espectador detalhes de sua vida íntima. Situações se repetem e muito do que se passa na tela não aconteceu de verdade, é ficção, é o que se deduz ao assistir. O comportamento de Donny exaspera, ele poderia ser mais decidido e a série, em alguns momentos, torna-se repetitiva. A interpretação da assediadora (Jéssica Gunning) impressiona.
Ripley
4.2 73 Assista AgoraSou fã de Patricia Highsmith, criadora do personagem Ripley, e do filme O Talentoso Ripley, de Anthony Minghella e estava aguardando ansiosamente a minissérie da Netflix. Criado e dirigido por Steven Zaillian, a história, já conhecida, é expandida para 8 capítulos, cada um com quase 1 hora. Haja criatividade. Com tempo de sobra para contar a história, ele investe na atmosfera das cenas, acentuando o lado sombrio, no uso dos cenários deslumbrantes das antigas cidades italianas, nos móveis e utensílios, nas obras de arte renascentista, especialmente de Caravaggio, nas paisagens únicas. Tudo em preto e branco. Por sinal, a fotografia é belíssima. Mesmo quando a história soa arrastada, as imagens magnetizam o espectador. Eu adoro filmes contemplativos, lentos, desde que, é claro, com motivação, quando serve ao enredo, o que é o caso. Para apreciar melhor a série temos que esquecer uma ou outra questão do roteiro - a principal, a meu ver, é ninguém pensar, pedir ou publicar uma foto da primeira vítima, o que desvendaria o mistério dos assassinatos. Outra questão é a ingenuidade da maioria dos personagens. Como diz o ditado, pode-se enganar todas as pessoas por algum tempo e algumas pessoas durante todo o tempo, mas não se pode enganar todo o mundo por todo o tempo.
Amor e Música: Fito Páez (1ª Temporada)
4.2 8 Assista AgoraNão sabia nada da vida de Fito Páez, considerado o maior roqueiro argentino, e essa minissérie me fez entrar em contato com seu universo, saber de sua importância para a cultura hermana, sua história trágica (e bota trágica nisso!), a luta contra o vício e o sucesso fora de seu país. A minissérie é muito bem dirigida e interpretada, a reconstituição de época exemplar (se passa nos anos 70, 80 e 90, com idas e vindas) e o tom é melancólico e estridente, assim como seu protagonista. Fito Páez não tem uma boa voz, não é bonito ou carismático, mas, além de excelente compositor e letrista, tem presença de palco e se entrega de corpo e alma ao que faz. O cara perdeu os pais, as avós, ficou praticamente sozinho no mundo e nos ofertou lindas canções como Un Vestido e Un Amor, que conhecia na voz de Caetano Veloso em belíssima e definitiva interpretação. Em cartaz na Netflix.
Betinho: No Fio da Navalha
4.4 17Minissérie em 10 capítulos, No Fio da Navalha dramatiza a trajetória de uma das personalidades mais queridas e íntegras do Brasil. Hemofílico, Betinho venceu a tuberculose, enfrentou a aids e, mesmo assim, encontrou forças para lutar contra a miséria e a fome, dedicando sua vida a causas sociais. Betinho serviu de inspiração para muita gente (vide Padre Julio Lancelotti) e contribuiu com a adoção de políticas públicas implantadas após a sua morte (bolsa família, SUS). Parabéns às pessoas envolvidas no projeto, tudo foi feito com muito cuidado e competência. Assiste-se aos 10 episódios com interesse. Roteiro bem amarrado, diálogos críveis, trilha sonora bem utilizada, atores excelentes, boa direção e reconstituição de época e a interpretação absurda de Júlio Andrade, merecedor de todos os prêmios de interpretação. É um trabalho hercúleo, belíssimo, inspirado e emocionante, digno da pessoa retratada.
Vozes da Segunda Guerra
4.4 14 Assista AgoraDocumentário em 6 capítulos, Vozes da Segunda Guerra é um mergulho profundo nos campos de batalha desse que é o mais abominável dos atos humanos, sintoma da decadência moral de nossa sociedade, fracasso político dos líderes envolvidos e cegueira deliberada de parte da população. Guerra são assassinatos em massa em que todos perdem, principalmente a humanidade. Seres humanos são tratados como inimigos a serem exterminados. Nesse documentário, o diretor Rob Coldstream juntou imagens da época, reconstituídas e colorizadas artificialmente, para relatar os horrores dessa guerra, pontuadas de depoimentos de sobreviventes, um respiro em meio à carnificina. Os atores principais do documentário são justamente os coadjuvantes da guerra, soldados, pilotos, vítimas, tanto do lado dos aliados quanto do eixo. Difícil imaginar que tudo isso aconteceu de verdade, que milhões vivenciaram tanto horror, que seres humanos foram capazes de tamanha barbárie. Como os alemães depositaram tanto poder nas mãos de um psicopata covarde como Hitler e acreditaram em sua megalomania? Em alguns depoimentos nazistas que lutaram não parecem arrependidos, não fazem uma autocrítica. Vozes da Segunda Guerra é uma aula de história, uma aula dolorida, cheia de imagens terríveis e inacreditavelmente reais.
Betinho: No Fio da Navalha
4.4 17A Globoplay, que tem feito um trabalho exemplar em explorar nossa história recente com documentários e minisséries, acaba de disponibilizar 2 capítulos de O Fio da Navalha. A série fala sobre um dos personagens mais íntegros e admiráveis do Brasil, exemplo de luta, resiliência e coragem, Betinho, o eterno irmão do Henfil, imortalizado pela música famosa de João Bosco e Aldir Blanc. Dá gosto assistir a história desse cara, ainda mais com um trabalho tão delicado de direção e roteiro e a interpretação impressionante de Júlio Andrade. Corram e assistam!
Betinho: No Fio da Navalha
4.4 17Pelo primeiro capítulo, a série promete. Trabalho impressionante de Júlio Andrade.
Cirurgião do Mal
3.6 25 Assista AgoraBonito, charmoso e inteligente, Paolo Macchiarini é um ítalo-suiço que se tornou famoso por criar os primeiros órgãos plásticos do mundo e implantá-los em seres humanos. Dono de grande carisma e com formação sólida em universidades conceituadas, os primeiros implantes aconteceram dentro do Instituto Karolinska, em Stocolmo, Suécia, terra dos prêmios Nobel. Devido a seu currículo e à respeitabilidade do Instituto, os pacientes concordavam com esse tipo de cirurgia considerada experimental. Além dessa questão médica e científica, Paolo também se meteu em imbróglios amorosos. O que o documentário faz, com imagens dos envolvidos, entrevistas, fartos vídeos e documentos, é relatar essa história maluca, inacreditável de um vigarista classe A, que enganava e se aproveitava de todos ao seu redor e causou mortes evitáveis, saindo praticamente impune. O Cirurgião do Mal é uma história improvável, louca e fascinante em cartaz na Netflix, dividido em 3 episódios.
DNA do Crime (1ª Temporada)
4.1 56 Assista AgoraA partir do quinto capítulo, principalmente o sexto e o sétimo, a história começa a fazer mais sentido para o espectador e fica eletrizante. Eu fiquei vidrado. Essa série é histórica, um trabalho brilhante de Heitor Dhalia.
DNA do Crime (1ª Temporada)
4.1 56 Assista AgoraJá vi 4 capítulos e já posso afirmar que essa é a melhor minissérie brasileira já produzida pela Netflix. Roteiro complexo, ambicioso, bem amarrado. Diálogos certeiros, bem humorados. Cenas de ação super bem produzidas, que não devem nada a filmes milionários de hollywood. Todos os atores, sem exceção, estão excelentes em seus respectivos personagens, fazendo tipos bem caracterizados. Direção enxuta, sem firulas: as cenas vão direto ao ponto. Trama dinâmica. O melhor é que a série é realista, fala sobre o crime organizado sem glamourização, faz o espectador conhecer uma realidade que parece distante, mas está mais próxima do que pensamos. Mostra o trabalho da polícia, com erros, acertos, corrupção e humaniza-o. O da Polícia Federal principalmente. Achei o roteiro bem supetor ao de Cangaço Novo.
The Crown (6ª Temporada)
4.1 70 Assista AgoraA mulher mais perseguida e amada da família real britânica teve uma vida errática e um fim trágico. A série The Crown ficcionaliza seus últimos dias e o que seriam os bastidores da família, tentando se manter próxima da realidade. O roteirista e idealizador da série Peter Morgan, um cara brilhante, e que escreve maravilhosamente bem, produziu 5 temporadas (não assisti todas, mas amei as que vi). O diferencial da série foi juntar fofoca, romance e intrigas palacianas com política e interesses econômico-financeiros, dando complexidade à trama. Afinal, a família real ainda existe porque o governo lucra com isso e a maioria da população britânica ainda a apoia. Justamente esse lado político importante faltou nessa sexta temporada. Diana foi assassinada pela mídia sensacionalista e pelo público idiotizado ávido por celebridades, numa caçada ridícula. A série deveria se centrar nessa questão também, e não ficar só nos bastidores da relação entre ela, os filhos, o príncipe Charles, Dodi e o pai. Ficou um pouco cansativo e desinteressante. Li que essa será a sexta e última temporada. Os episódios que retratam o romance entre a princesa Diana e Dodi Al-Fayed e a respectiva morte do casal em um acidente de carro em Paris já estão na Netflix, os próximos 6 serão lançados em dezembro.
DNA do Crime (1ª Temporada)
4.1 56 Assista AgoraPrimeiro capítulo perfeito: direto, objetivo, na mosca.
A Bilionária, o Mordomo e o Namorado
3.5 13 Assista AgoraGosto muito de documentários. Eles revelam facetas inimagináveis do ser humano, capaz de coisas terríveis. Só que, ao contrário de algumas ficções, as tramas reais nunca são maniqueístas - são complexas, intricadas, humanas, enfim. Muitas vezes, mesmo investigando muito, as motivações dos atores principais continuam obscuras. Nesse filme francês do catálogo da Netflix, os diretores possuem um material riquíssimo: áudios de conversas entre Liliane Bettencourt, principal acionista da empresa de cosmético Loreal e o empregado que cuidava de suas finanças. Considerada a mulher mais rica do mundo, as cifras são estratosféricas, fala-se em bilhões de euros. Os áudios caem na mão da mídia que inicia um cerco aos negócios da bilionária, resvalando até no presidente da época Nicholas Sarkozy. Entramos no submundo dos super-ricos e seus aproveitadores, um mundo de interesses e desigualdades.
A Queda da Casa de Usher
4.0 287 Assista AgoraComecei a assistir, mas o excesso de diálogos me cansou tanto que desisti de ver, é muito blá blá blá... Quem sabe retome algum dia. Fiquei no primeiro capítulo. Vou ler o livro.
Cangaço Novo (1ª Temporada)
4.4 207 Assista AgoraSérie de ação, Cangaço Novo talvez seja o maior investimento do streaming para um produto nacional. Produzida pela O2 Filmes (Cidade de Deus), com direção de Ary Muritiba e Fábio Mendonça, o roteiro imagina, com base no banditismo atual, o que seria a reprodução do velho cangaço, imortalizado por Lampião e Maria Bonita. A série se destaca pela produção caprichada, pelas cenas de ação complexas e verossímeis, mas principalmente pelo trabalho dos atores (preparação da temível Fátima Toledo). A série tem 8 episódios, alguns maravilhosos, outros muito bons, outros no piloto automático. Com diálogos certeiros, ritmo de filmes de ação e trilha sonora significativa, talvez seja o roteiro pudesse ser mais complexo, mais nuançado. Confesso que não sou fã do gênero ação, mas assisti todos os episódios com interesse, mesmo com tiroteios, violência e muitas mortes. Li que está fazendo bastante sucesso no exterior.
Cangaço Novo (1ª Temporada)
4.4 207 Assista AgoraAinda não terminei de ver, estou no oitavo episódio, mas o sexto episódio, maravilhoso, irretocável, redimiu o quinto, feito no piloto automático. A série engrenou de um jeito que me pegou. O melhor são os atores, uma das melhores direções de atores que já vi: todos eles, sem exceção, estão excelentes.
Cangaço Novo (1ª Temporada)
4.4 207 Assista AgoraBem forte e visceral!!
Novela (1ª Temporada)
3.2 13 Assista AgoraEstou vendo e gostando. Muito criativa e inteligente.
A Vida pela Frente (1ª Temporada)
3.9 18A excelente série A Vida pela Frente se passa nos anos 90 e tem como protagonistas adolescentes da classe média e média alta. Bonitos e saudáveis, estudantes de uma escola de elite do Rio de Janeiro levam uma vida de excessos, sem pensar no amanhã. Sabemos que os excessos levam ao vazio, à insatisfação, ainda mais nessa fase. Com roteiro afiado, direção etérea, cinematográfica, trilha sonora da época (Marina Lima, Paralamas, Lulu Santos, entre outros grandes artistas da MPB e rock), vale a pena conferir. Soube que as histórias são inspiradas na adolescência de Leandra Leal, uma das diretoras e também atriz, em que interpreta uma mãe.
Black Mirror (6ª Temporada)
3.3 600Uma das séries mais impactantes e populares da Netflix, Black Mirror retorna em sua 6a Temporada. Original e instigante, a série transpõe para ficção histórias que "exploram um mundo de alta tecnologia, onde as maiores inovações da humanidade e os instintos mais sombrios colidem", como define o site IMDB. São histórias independentes, cada episódio tem começo, meio e fim, com novos personagens, novos cenários e diferentes países. Nessa sexta temporada, que não é particularmente inesquecível, há um predomínio de produções britânicas, de onde a série se originou em 2011. Como as expectativas são muito altas, devido à qualidade da produção, confesso que foi um pouco decepcionante. Não que os episódios não sejam bons, mas, na maioria deles, percorrem terrenos já muito explorado pela ficção, temas comuns, sustos fáceis, filmes de gênero. De qualquer maneira, mesmo sem se aprofundar em discutir questões éticas e morais das novas tecnologias, Black Mirror, nessa temporada, é entretenimento inteligente e bem produzido.
Manhãs de Setembro (2ª Temporada)
4.3 63 Assista AgoraSensível e emocionante minissérie sobre o universo trans, Manhãs de Setembro retorna ainda melhor na segunda temporada. O que essa série faz é humanizar e normalizar as pessoas transexuais e travestis ao mostrá-las como "gente de bem", para usar um termo desgastado e ridículo, membros de famílias que buscam um lugar ao sol na sociedade. Em vez de mostrar o submundo, a produção mostra os acontecimentos à luz do dia. As músicas de Vanusa pontuam os altos e baixos da personagem Cassandra, interpretada por Liniker magistralmente, em sua trajetória como moto-girl, cantora e mãe/pai de uma criança. Soube agora que, devido ao sucesso da série, indicada a prêmios no Brasil e exterior, ela vai virar filme.
A Cúmplice do Mal: Monique Olivier
3.6 12 Assista AgoraPor que esse fascínio de grande parte do público por documentários sobre assassinos seriais e crimes reais? Confesso que faço parte desse público e fuço os serviços de streaming à procura de boas produções a respeito do tema. A Netflix acabou de lançar uma muito bem realizada, uma história fascinante e desconhecida, pelo menos pra mim, sobre uma aberração da natureza, um ser desprezível responsável pela morte de mais de uma dezena de adolescentes mulheres (mulheres são sempre as vítimas desses assassinos). Só que, nesse caso em particular, uma mulher ajudava o assassino a realizar suas fantasias sexuais, como se vê no decorrer da história. Uma história, por sinal, muito triste, terrível, mas que hipnotiza o espectador ávido por descobrir até onde vai a natureza humana, seguro no conforto de seu lar, sabendo que existem seres capazes de tanta maldade.
Rota 66: A Polícia que Mata (1ª Temporada)
4.3 31Sensacional!!
Todo Dia a Mesma Noite
4.0 288 Assista Agora10 anos após a tragédia de Santa Maria, a Netflix lança minissérie de 5 capítulos sobre o incêndio na boate Kiss. Com direção geral de Julia Resende, o roteiro centra em alguns pais das vítimas, os mais resilientes, que dedicaram 5 anos de suas vidas para responsabilizar os culpados e ainda não conseguiram. Como condenar pessoas numa situação em que, teoricamente, não há a intenção de matar? E qual o grau de culpabilidade de bombeiros, autoridades e políticos? Um erro vai levando a outro, num efeito cascata. Sob o ponto de vista técnico e artístico, Todo Dia a Mesma Noite, é uma obra digna, respeitosa, bem produzida e interpretada, com momentos emocionantes e dramáticos, pesando a mão aqui e ali na trilha sonora e não resolvendo tão bem certas situações, o que em nada desqualifica o esforço de todos os envolvidos. É fundamental relembrar tragédias como essas para que, repetindo o velho clichê, jamais se repitam.