Não, não me enganei na expressão usada. A vida da artista vai alem da qualidade de pesquisa e andamento do documentário. Vivian Maier ou Srta. Maier (ou seria V. Smith?) é a prova de que algumas pessoas não nasceram para esse tipo de humanidade social ao qual fomos criados e estabelecemos a milhões de anos. Algumas pessoas nasceram estranhas, com paradoxos entre sua arte e alma, e sua vida em sociedade que é obrigatória. Não é segredo a ninguém apos vocês assistirem (e que me conhecerem) o quanto me vi estampado em Vivian, não somente pela qualidade de artista em construção e inadequado a ela, mas em sua qualidade de ser Fria e sombria ao mesmo tempo que consegue ser sensível e doce com estranhos. Muitas pessoas me dizem que de algum modo conseguem confiar em mim, mesmo por aqui pela internet, isso me dá uma qualidade quanto artista único: eu consigo decifrar seres humanos. e assim tentar compreende-los enquanto vou me descobrindo também. Vivian nada mais foi e é do que isso. Uma desvendadora do ser humano, em sua crueldade e beleza dúbia. Suas fotos, sua mania compulsiva por relatos e historias, seu obsessivo desejo e necessidade de guardar e acumular cada segundo de sua própria historia, seu tom de documentar tudo, seu fascínio pelo horror, pelo bizarro, meu mal..., seu foco único na sensibilidade de enxergar através dos olhos, por sobre as sombras. Seu fascínio em selfies e auto-retratos, em fotografar tudo que vê e sente. Seu acumulo em estourar emoções, em ser solitário diante de multidões. Seu peculiar e misterioso jeito de ser conhecida por muitos, de conhecer milhares mas nenhum deles realmente saber nada de si. Ela mesma se auto declarou como uma espiã. E é isso. Todo fotografo, todo artista seja em que especialidade for, é um espião. Espia a vida alheia, em busca de verdades e utopias. O seu diferencial é que ela guardava. pois não nasceu com o dom da sociabilidade (essa que eu depois de 23 anos, à dois, estou tentando aprender, sem muito sucesso, a internet em seu anonimato e desconstrução ainda me dá mais acalento do que o olho no olho - ao qual nunca o faço... poucas pessoas podem dizer que conseguem manter um encontro comigo em que eu olhe nos olhos dela quando converso. ninguém conhece minha fase central de fato, somente meu perfil.. com exceção das selfies, nela eu mostro meus olhos, minha fase direta e reta. Isso diz muito...) Vivian escolheu ser cuidadora para se tornar invisível, para ver da pobreza, de baixo o que sua maquina engrandecia por cima. De fato, ainda que sua arte seja bela e sensacional, o magistral mesmo é a vida e a persona da artista. Vivian é a real arte que nosso mundo teve. E por contradição puramente lirica, se estivesse viva, teria sucumbido a morte por ter sido revelada.
Nem todas fotografias vivas devem ser reveladas... Mas que bom que essa foi... que bom
finalmente terminei de assistir Leviatã, filme Russo, que concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. É de longe o que me nos gostei dos concorrentes, porem esse "menos gostar" é apenas questão de gosto, uma vez que o filme é exemplar em tudo que se compromete, desde a narrativa fluida ate a trilha sonora que parece descompassada mas que é propositalmente assim para passar a sensação de decadência que o filme aborda. Utilizando da passagem bíblica de Jo para ilustrar a analogia com a politica e as mazelas humanas sociais, o filme retrata a Rússia corrupta e desigual pós comunismo. Nada ali é gratuito, todo o pais é envolto numa rede de corrupção e abuso de poder pelo dinheiro. Isso relfete-se a seus cidadãos que sofrem calados ou gritando encarcerados em injustiças e mortes que caem no esquecimento amordaçados por chumaços de dinheiro. Atuações ótimas e um paradoxo um tanto dúbio entre as relações interpessoais e as doutrinas aqui. Inclusive o filme se sustenta da máxima de que "o homem é o lobo do homem" , um clichê real que nunca sai de pauta, que aqui e bem usado mas se torna perigoso quando ele levando questões de moral baseadas na religião, principalmente quando sabemos o quão imoral é o pais atualmente quanto aos direitos humanos de sua população, imoralidade essa defendida e justificada pela doutrina que o filme se apega ( ainda que a faça de maneira por vezes pejorativa e critica ao usar símbolos de poder como quadros e estátuas em contraponto de quadros nazistas por exemplo.) Ainda utilizando uma estética visual de fotografia toda cinza e poluída, o filme ainda remete ao caos e destruição e ate a certa melancolia ao introduzir carcaças de animais mortos em paralelo com carcaças de embarcações abandonadas. A bebida alcoólica aqui serve também não como caricatura dos russos mas sim como base para mostrar o quanto aquele povo precisa se entorpecer para não sentir o massacre social que lhe impõe. Não por acaso, os sóbrios da projeção são vistos fascinados pelo mar, que lhes trás a vida e o afogamento.
Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância, é um deleite narrativo que se tornou por enquanto o meu favorito a levar a estatueta de Melhor Filme no Oscar desse ano.
O filme brilha ao massificar uma critica incisiva repleta de sarcasmo ao showbiz americano. Dando espaço para inclusive criticar o papel da crítica em si e dos moldes midiáticos de hj em dia, em que se confunde admiração com amor ( e aqui está uma analogia generalizada a tudo).
Em certo momento um personagem diz que VC só existe se tiver um twitter ou blog e abraçar o facebook. O mesmo personagem explica que o verdadeiro poder hj em dia esta em quantas visualizações VC tem no YouTube.
Tais diálogos sintetizam o que Birdman é. Ele elucida o produto do entretenimento que constantemente se confunde entre a arte e a crueldade vazia. O velho sonho americano que sai pela culatra. Mas que tampouco quem está de fora, se difere do mesmo. Ha uma cena em que uma personagem diz que uma peça só sera lembrada se ela escrever algo bom sobre ela. Mesmo sem ver a peça ela anuncia que detonara ela. Pq odeia as pessoas envolvidas que não sabem o que é arte e assassinam o pouco dela, em detrimento do dinheiro. Ela diz que eles não são atores. Mas celebridades. Ora, e o que é ela então se não o mesmo? O filme joga com isso o tempo todo, inclusive nas referencias a filmes e atores "pops" do momento. Mas ele brilha em sua narrativa que merece aplausos na montagem ao oferecer planos sequências genuínos mesclados a falsos, mas que são quase imperceptíveis. Aos olhos desatentos ou envolvidos parece que temos um filme de 2 horas apenas com um único plano sequência do início ao fim. E isso é espetacular. A câmera assume papel de coadjuvante. É como se fossemos espiões das ações. Estamos ali nos bastidores vendo tudo de perto, nos escondemos e nos revelamos. Quando perdemos alguma ação, corremos em busca dela... É mágico. E que atuações coesas. Do cômico ao trágico.
"Sangramos, ate entendermos que as feridas vem do mesmo lugar que nossas forças"
Wild, que em tradução seria algo como Selvagem, ganhou o titulo nacional mais adequado para a trama. A jornada aqui não é para expurgar ou encontrar o lado selvagem da protagonista, e nem tao pouco, é permeada pela selvageria simbólica da natureza. A jornada aqui é sobre uma pessoa perdida e presa em si mesmo e que tenta se encontrar para se libertar de tudo aquilo que lhe sufoca. Portanto "Livre" cabe muito bem como título. Ao contrario do que tava lendo por ai, de nada tem relação esse filme com "Into the wild" justamente por que a jornada dessa mulher e daquele homem são completamente diferentes. O foco é outro e a mensagem também. Alias, nem mesmo q famigerada frase "é um Na natureza selvagem de saia" cabe aqui. É de calça também. Nada de restrição a saia. Isso porque o filme consegue ser deliciosamente feminista ao não colocar peso de valor no gênero da protagonista. Ela não se furta em nenhum momento por ser mulher. Não ha o que sua visar. Pelo contrario, sua trilha acaba por ser ate mesmo mais cansativa, pelos perigos extras externos que lhe impõem por ser mulher, quando esta se encontra por exemplo com uma dupla de aventureiros canalhas, ou em uma loja de cosméticos com um vendedora superficial. Amparado por uma trilha sonoro evocativa - e feminina vejam só, como Portshead e 4 Non Blonds - o filme peca apenas na estrutura narrativa que aglomera 3 formas de texto que não se justificam e tornam o filme mais longo do que realmente é. Isso compromete o ritmo do filme. Ele se utiliza de narração em off, para em menos de dois minutos na mesma cena voltar para um monólogo e em seguida recorrer a flash backs. Mas, tirando isso, a direção é segura e os simbolismos também funcionam. Como a introdução da serpente em dado momento e da raposa no caminho da Protagonista. Universalmente ambos os animais são representantes da volúpia, ardilosidade e perdição. Se em um momento ela foge e demonstra medo de um. Depois ela corre atrás da cia de um desses animais para no final bater de frente com ele, sem real interesse. Esses três encontros pautam os três atos da projeção, e consequentemente da transformação da personagem com sigo mesma. A atuação de Reese é certeira ao encarnar essa personagem perdida como seu sobrenome escolhido, repleta de culpa e ira. Ao contrário do que aparenta, Cheryl sempre esteve a procura de si mesma. Mesmo antes de sua perda física. Os flash backs mostram isso. Um filme longe de ser fluido e ótimo, mas que não deixa de ser bom e bem executado com uma mensagem ótima aos dias de hj: "Talvez seja no primitivo que nossa atualidade deva buscar os rumos para seu futuro" Talvez seja ali, na terra e não nas telas que estejam as respostas para nossas perguntas pessoais.
Com um título dúbio, La Partida é uma síntese do que um pais em inflação sofre ben como seus habitantes - envolto por uma base de um romance conturbado e por culpa da sociedade, impossível. É curioso notar como que as relações de realidade social são postas aqui. Tudo atual, onde a homossexualidade e a diversidade sexual, não dita comportamento e aceitação plena. Aqui, pouco importa o que o outro faz com seu corpo, desde que assuma por fora uma vida "padrão" e que seja macho ( no caso dos homens). Bem da verdade, não é tao diferente do que outros filmes na mesma temática mostram. A discriminação aqui existe ainda, mas de maneira mais velada. Pois se antes os filmes mostravam que dois homens jamais poderiam demonstrar afeto um pelo outro. Aqui, essa demonstração é aceita, mas desde que amparada por um casamento convencional hetero, com filho. Com comportamento dito masculino de jogar bola e ser masculino sempre e desde que a "prática" seja para seu ganha pão. No momento que isso entra em choqu . A intolerância volta, fazendo o terror tal qual quando ele já era escrachado. Vejo que muitas pessoas reclamam que todo e qualquer filme em sua maioria que abordem casais ou tramas que contenham em sua base homossexuais/Bissexuais/ acabam em tragédia. Seja pela morte, seja pela infelicidade, seja por separação. Nunca ha um final feliz pleno. Mas isso condiz com a realidade. O cinema, deve sempre ser uma extensão da voz social. Enquanto a realidade nossa seres diversificados inclusive sexualmente e comportamentalmente for envolto em tragédia e morte, o cinema extendera e deve estender isso pra tela. Pq infelizmente , nem mesmo noa sonhos e na fantasia, o ser humano ainda é livre para ser quem é. Para viver como nasceu. Hj ainda só sobrevivemos. Só. É triste... Aparatos técnicos não condiz dizer afinal tratasse de um filme visivelmente de baixo orçamento mas que é bem executado quanto a sua cultura e linguagem. Todos personagens são bem delimitados. Ao final, o titulo revela não só uma partida tripla
"Afinal, de que vale o sacrifício da pureza, se você nunca experimentou o pecado do prazer?"
Concorrente ao Oscar 2015 a Melhor Filme Estrangeiro, Ida ( da Polônia) é um retrato - ou melhor, uma pintura - da pos guerra mundial. É a jornada meio road movie em busca do passado, para construir o presente.
É interessante a visão que o filme dá a busca por identidade não só das protagonistas, mas de todo um país e um povo que se perdeu ou foi perdido num massacre que ate hoje assombro as vidas ate daqueles que nem viveram seu horror. O filme se utiliza de uma narrativa que prioriza o conflito interno das protagonistas em todo seu desconforto e inadequação com a vida. Cada um delas em seu mundo, que ao final não deixa de ser o mesmo. Ida é arte pura. É como se cada frame fosse cuidadosamente pintado para dar a impressão de estarmos vendo fotografias antigas de chapa em movimento. Não ha um único plano que não pareça ter sido cuidadosamente planejado. Inclusive a concepção de cena. O designer de cena surge impecável. A profundidade de campo principalmente. É soberbo ( e sim aqui cabe essa palavra pomposa). Mas é a fotografia que brilha em granulações e tela chapada em tons de cinza. Onde ha cenas belíssimas e nostálgicas em que por vezes, parece que estamos vendo a própria Ida através de cortinas de vidro. O que é propicio. Tanto a personagem central quanto a tia de Ida, possuem uma complexa estrutura que se chocam de maneira tal que a linguagem do filme demonstra-a através da proporção de tela - ou razão - onde continuamente os personagens são vistos do lado inferior, as vezes parcialmente ocultas. É como se personagem e narrativa não se adequassem a si mesmos. É raro um filme compreender o interior de seus personagens a ponto de externalizar isso na imagem. É cinematografia pura. As atuações são ótimas também. E o texto ganha força no final. ( a cena da floresta confesso, conseguiu mexer comigo). Com direito a Jonh Contraine, Ida acaba de se tornar meu favorito dos concorrentes na categoria que concorre ao Oscar ( ainda que não seja minha aposta). É a vida retrata do jeito que muitas vezes ela é: cinza, obscura e religiosamente dotada de surpresas e chamados. Só nos resta escolher querer ouvi-los ou silencia-los. Lindo!
Guerra na Abcásia, 1992. A comunidade quer se tornar independente da Geórgia. Quase todos os habitantes já deixaram a aldeia, com excessão de dois homens. Margus permanece pois tem uma plantação de tangerinas. Ivo foi forçado a ficar. Após um embate entre inimigos Georgianos e Chechecos, um sobrevivente de cada lado é são salvos por Ivo. Porém, eles têm opiniões divergentes e estão em lados opostos na guerra. Eles terão que lidar com essa guerra pessoal.
Essa é a sinopse desse filme sensível e principalmente humano. Tangerines lida com a simplicidade dos atos e que por si só se elevam, em uma lição moral de respeito a vida envolto num roteiro fluido, gostoso, que se torna tocante pela semelhança universal de embate social a todos nos e que é poético em sua estrutura e andamento tecnico que não perde um detalhe, desde a cenografia, seus quadros, a presença das frutas e da madeira, ate a fotografia que colore as imagens na medida certa para nos passar a sensação de abandono e perigo que a situação pede. Mas são seus personagens que conquistam. Ivo principalmente, ainda mais em seu ato final quando descobrimos a verdade de sua permanencia no país em guerra.
Talvez o concorrente ao Oscar de filme estrangeiro mais intimista da temporada. Gostoso e acalentador. Que da esperança e tristeza ao mesmo tempo.
PS: aquela trilha sonora contida na fita amarela é uma delicia! <3
AiAi... Clint, Clint... Amigo, como faz? Colega,colega... Vamos lá!
Sniper Americano ( não me perguntem pq o titulo nacional vai manter o Sniper e só traduzir o American), é o tipico filme patriótico que a nação americana conservadora adora. E que só por isso, justifica tanta indicação nem um pouco merecida.
Chris Kyle (Bradley Cooper) matou mais de 150 pessoas nos cerca de dez anos em que serviu os Estados Unidos na guerra contra o terror.(do Iraque). E o filme mostra a trajetória desse franco atirador texano, focando não na guerra em si, mas nas consequências dela nele e suas justificativas para tal. Clint Eastwood abocanhou a direção do longa apos o Spielberg desistir do projeto por causa do orçamento limitado da produção.
O Filme conta com um direção razoável, obviamente já que o Clint não é nenhum aprendiz nesse posto. Mas é só. Tem uma fotografia condizente com o meio que retrata mas que pra mim exagera do contraste que dá propositalmente as cores ( notem que as cores em solo americano são sempre extremamente saturadas, enquanto as do Iraque são apagadas e em tons de cinza que só ganham cores vivas no sangue derramado. Isso faz com que o sangue por exemplo surja artificial e viscoso demais, atrapalhando um pouco o impacto verossímil que se pretendia.). A edição é fantástica! E a sequência próximo ao fim no tiroteio em meio a fumaça que adquire textura de areia é impressionante. A melhor parte do filme.
O maior problema do filme é que ele não fala sobre um herói. Mas sim, sobre um assassino. O filme adquire facetas fascistas ao enaltecer um sociopata. É admirável sim que o roteiro tente estudar seu personagem ao mostrar seu desiquilíbrio em sua desumanização frente a guerra. Seus surtos são exemplares, e alias é onde a trama se desenvolve melhor. No lar. Na sua mutação. Mas nada justifica a maneira que o Clint exerce a narrativa vilanizando o povo do Iraque sem questionar a Guerra em nenhum momento. Nem mesmo quando parece que ele entrará num campo mais interessante ele se acovarda e retrocede ( vide a cena que o protagonista exita em atirar numa criança). Essa postura política do filme não só torna sua trama previsível quanto as ações dos seus personagens e acontecimentos com os mesmos, como ainda comete o erro de tentar vitimizar os soldados americanos através do protagonista, mas esquece que lá no inicio, este é que escolheu se alistar e não foi convocado. E não sei se o que mais me incomodou foi o vergonhoso uso de um boneco EVIDENTE no lugar de um bebê, se foi a analogia tosca e forçada dos 3 tipos de seres humanos calcados na crença da igreja e seu paradoxo no final do filme quando o protagonista ataca um cachorro, ou se foi o plano que enquadra uma foto do "rival" do protagonista em um podium, aludindo que ele antes de virar o "vilão" ele era um atleta olímpico medalha ouro por seu país.
É tenso. O filme em si não é ruim. É um razoável com bons momentos. A indicação do Bradley ate se justifica por si, mas não diante da diversidade que existia( como o caso do Gyllenhaal q merecia ). Mas definitivamente direção e filme não merecem nem a indicação por méritos só por aparência. O ruim é a mensagem que o filme se auto defende. Mais um filme de americano para americano que tenta vender sua bandeira como o Bem absoluto mesmo diante de cada gota de sangue que a cor vermelha de sua bandeira exibe astiada em cada mão daquela nação, como o filme mostra em seus créditos finais.
Definitivamente é no passado que esta minha alma. Ainda que a uns dois ou três anos, finalmente as animações tenham me conquistado, e eu aplauda de pé as maravilhas das animações digitais, é na animação clássica, aquela desenhada e pintada a mão; que esta meu verdadeiro deslumbramento. E com razão! Do mesmo diretor do tocante e inesquecível "O Túmulo dos Vagalumes" (ao qual chorei 3 vidas e já escrevi sobre), Isao Takahata - que é co- fundador dos Estudios Ghibli ao lado do genial Hayao Miyazaki - "O Conto da Princesa Kaguya" é um arrombo de sensibilidade, poesia, magnetismo, melancolia e ternura em Eras de vazios futurísticos. Concorrente ao Oscar 2015, essa animação é baseada no "Conto do Cortador de Bambu" que consiste numa narrativa popular japonesa do século X, e que é considerada a mais antiga narrativa japonesa existente. Ele detalha principalmente a vida de uma garota misteriosa chamada Kaguya-hime, que foi encontrada quando bebê dentro do caule de um bambu brilhante. Amparado por diversos signos da mitologia e crenças orientais, o filme flui num ritmo surpreendente diante de uma trilha sonora belíssima, com ricas canções. É um espetáculo visual e convencional impossível de não se entreter e se emocionar. Seja pela 'humanidade' da natureza da princesa, seja pela dedicação e amor dos pais adotivos por ela - ainda que em seus erros -, seja pelas 'lições' morais que o filme demonstra nos detalhes, como o modo que os cortadores de bambu cortam a planta, certificando-se de não mata-la. É um primor, os traços, os planos, as cores, a fluidez de movimentos, o texto... Tudo encaixado numa direção segura do que mostra, ainda mais tendo em vista a importância do conto ao povo oriental. A sequencia final que dá literais asas a imaginação, celebra não só seu climax, mas o surgimento de mais uma obra impecável de um estúdio que nasceu para se tornar imortal no cinema. O filme funciona quase como se víssemos uma pintura em movimento. Os traços se assemelham as gravuras japonesas do início do século XVII e que influenciaram o impressionismo na Europa mais tarde. É como se o filme nos convidasse a refletir sobre a vida e em tudo que ela representa e significa. Sobre o que é a tal da felicidade de fato. Como em todos os outros filmes do Estúdio, estão inseridos aqui elementos críticos sociais, políticos, de convenções hierárquicas de costumes da tradição japonesa. O maior contra-ponto talvez se dê em dois momentos: O primeiro, quando traçamos o paradoxo da clareza de visão e percepção do pai e da mãe ao encontrarem a Princesa, ao saberem de imediato o que ela era e precisava. e mais tarde, com todo o deslumbre da sociedade e seus costumes cruéis mas belos e sofisticados, banhados a soberba, como ambos ficam cegos e sem percepção da infelicidade que a filha adquiri diante daqueles arrombos. E o segundo momento, está na sequencia
do sonho, onde ela em certo momento pergunta "Mas a montanha está morta?". Isso revela não só uma metáfora a seus sentimentos e alusões com a vida na terra frente a felicidade e existência, mas mostra a posição reflexiva que o filme quer assumir quanto as mazelas politicas e sociais de seu povo ao longo dos anos.
No final, ao menos eu em encantamento e certa tristeza- confesso derramei uma lagriminha - fica o pensamento de quanto mais a humanidade precisa compreender com sua natureza e interior neste mundo impuro, triste mas também amoroso e alegre, antes que finalmente consigamos retornar a Cidade Lunar, com todo seu esquecimento e imortalidade de paz. De aplaudir de pé e dar 5 estrelas na falta de 6. PS: O Lance com a Lua, me fez relacionar o conto/ e a historia com Sailor Moon. Numa pesquisada de leve na internet soube que realmente não estava enganado. Sailor Moon possui muitos elementos desse Conto em sua base. Porem, se em Sailor Moon, a princesa viera por razão de
proteção da mesma, apos uma batalha celestial, aqui, a princesa vem aparentemente para poder experimentar a vida humana, em toda sua impureza e tristeza (resta saber se por punição ou 'escolha própria'. Essa duvida fica ate hj no Conto do Bambu original e a animação de certo modo manteve a duvida, ainda que o roteiro no climax, indique que tenha sido por escolha. Ainda mais quando ela diz que veio para de fato viver.
PPS: protagonista Mulher, Lua e Mitologia Celestial? É claro que eu ia amar! obs: Uma pena que a unica chance desse filme levar a estatueta, seja por pura homenagem da Academia ao Estúdio. Uma vez que ao que parece esse seja o penúltimo filme lançado por eles, antes daquele fatídico anuncio de parada na produção. De querer ficar em luto. Ano passado era esperada essa estatueta como forma de homenagem ao "Vidas ao vento" mas não teria como algo na terra tirar de Frozen o premio. Esse ano, apesar das animações estarem ótimas, nenhuma se destacou por completo, então talvez haja esperança. Só não vi Song of the Sea, mas essa "princesa" merece tudo.
Não se pode negar, que é impossível não ficar com esse "I wish" na cabeça pro resto da vida hahaha No mais, é um musical gostoso, que perde um pouco a dinâmica no final do segundo ato justamente pelo roteiro desmembrar uma outra narrativa. Isso funciona no roteiro teatral, não no cinematográfico. A menos que se escolha usar a linguagem de capítulos para contar a história. O que não foi o caso ( mas poderia). Ele consegue ser bem fiel ate ao musical original e com certeza é eficiente em trazer para a atualidade alguns elementos de humor sem perder o classicismo do material original. Curioso também ver que eles deram um ar muito mais sombrio e lascivo a trama no que diz respeito ao conto da chapeuzinho e no tratamento da historia do João e da cinderela. As convenções familiares se deturpam no que os contos de fadas geralmente pregam. - ainda que a traição feminina e sua postura independente sejam punidas onde a masculina não o é. Ainda assim não é um mal filme. Tem atuações deliciosas, personagens marcantes ate, performances impecáveis, um figurino e uma arte cuidadosa onde o deslize só caiba a um ou dois furos no roteiro ( não lembro se no musical a irmandade da rapunzel com o padeiro é esquecida como aqui) e no ritmo claro do final do segundo ato em diante. Quanto a indicação da Meryl, é justificável porém, ainda que ame essa mulher e concorde que ela só por respirar já mereça prêmios, acho complicado sempre premiar uma atuação caricatural. É difícil separar a caricatura da atuação priori do ator quando ele esta debaixo de tais personagens. Um bom filme. Como o próprio filme diz em certo momento "nem certo, nem errado,', nem bom, nem ruim. É legal.' " into the Woods" tudo funciona quando se encontra o meio termo."
Legenda correta e sincronizada em PT Br cade vc sua linda? :( ps: achei essa que ta sincronizada é PT mas pouquíssimas coisas diferem do BR, porem ela só esta legendando o texto do filme, as musicas(letras) não foram traduzidas..quem quiser mesmo assim, é uma boa.. >> www. opensubtitles. org/pt/subtitles/6003559/ into-the-woods-pt
"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana." Albert Einstein
PS: Que fofo! PPS: Certeza que serei uma versão anoréxica do Max. PPPS: porque demorei tanto para terminar de assistir essa Fofura Emocionante? PPPPS: <3
"As vezes são as pessoas que menos imaginamos que fazem as coisas que ninguém imaginaria"
Baseado na história real do lendário criptoanalista inglês Alan Turing, considerado o pai da computação moderna, o filme narra a tensa corrida contra o tempo de Turing e sua brilhante equipe no projeto Ultra para decifrar os códigos de guerra nazistas e contribuir para o final do conflito.
Sim, foi uma historia real, historia essa que se detêm na vida pessoal do homem responsável por eu, você e o mundo estarmos digitando e lendo isso aqui, interligados por uma maquina chamada de computador.
O filme conta com um direção segura que encontra seus melhores momentos na condução dos fatos, ao desmembrar épocas distintas para contar sua historia. Conhecemos a vida de Turing da infância a adolescência e na vida adulta, para que possamos desvendar quem ele é, já que ele em si só, aprendeu tal qual seus enigmas, a ser um ser humano criptografado para agir racionalmente, sem demonstrar aparentes sentimentos espontâneos. E o filme é eficiente nisso. Inclusive é importante ressaltar a trilha sonora épica que nos remete ao clima de guerra ainda que ele não se detenha em mostrar os arrombos da mesma; afinal, precisamos experimentar não as angustias do Front, mas sim, a daqueles personagens que viveram suas próprias guerras em cálculos e segredos. O figurino e arte do filme estão espetaculares, e li ao pesquisar sobre, apos assistir o filme, que foram usados maquinas reais da época inclusive locais verdadeiros, para conferir esse impressionante verossimilhança com a época da guerra.
Mas é nas analogias do roteiro delicado e bem escrito e na atuação de Benedict Cumberbatch que o filme ascende. A trama não só possui manejos que refletem sobre nossa sociedade - inclusive atual (Né Russia?), mas alude ao maior problema do ser humano, nosso maior enigma quanto nossa obsessão por maquinas e tecnologia inclusive: a frieza que mostramos àqueles diferentes da maioria. O desajeitado Turing é o reflexo de uma sociedade que nos impõe guardar segredos de nós mesmos em prol de uma civilidade aparentemente pacifica. onde o diferente deve ser visto como abominação. Em certo momento, um personagem diz: "Eles estavam certos sobre você; você realmente é um monstro". E aqui o filme recai numa sensível critica a homofobia existente no mundo, que consegue absurdamente limitar toda a crença, fé, historia e conhecimento de um ser humano, calcado em sua orientação sexual. É abismal como podemos ser tão brilhantes a ponto de criar inteligencias artificiais ao passo que matamos nossa inteligencia biológica.
A homossexualidade de Turing resultou em um processo criminal em 1952 - os atos homossexuais eram ilegais no Reino Unido na época, e ele aceitou o tratamento com hormônios femininos e castração química, como alternativa à prisão. Morreu em 1954, algumas semanas antes de seu aniversário de 42 anos, devido a um aparente auto-administrado envenenamento por cianeto.
É curioso pensar que cada assassino direto e indireto, que comete crimes e barbaridades contra a especie humana, ao martirizar, condenar, apontar o dedo e marginalizar a cada segundo um outro ser humano por causa de sua orientação sexual hoje em dia, talvez não tivesse nem nascido se não fosse justamente por um homem homossexual que viveu sua vida tentando decifrar os enigmas da vida e morreu por ser quem nasceu. É triste!
Mais triste é saber que enquanto escrevo, isso continua acontecendo, segundo apos segundos, muitas vezes disfarçados de "não tenho nada contra", ou "hoje em dia é tudo homofonia e preconceito"...
O filme ainda tem total discernimento ao introduzir de maneira branda mas eficiente, o inicio do feminismo pro ativo na pele da Keira aqui.
Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância, é um deleite narrativo que se tornou por enquanto o meu favorito a levar a estatueta de Melhor Filme no Oscar desse ano.
O filme brilha ao massificar uma critica incisiva repleta de sarcasmo ao showbiz americano. Dando espaço para inclusive criticar o papel da crítica em si e dos moldes midiáticos de hj em dia, em que se confunde admiração com amor ( e aqui está uma analogia generalizada a tudo).
Em certo momento um personagem diz que VC só existe se tiver um twitter ou blog e abraçar o facebook. O mesmo personagem explica que o verdadeiro poder hj em dia esta em quantas visualizações VC tem no YouTube.
Tais diálogos sintetizam o que Birdman é. Ele elucida o produto do entretenimento que constantemente se confunde entre a arte e a crueldade vazia. O velho sonho americano que sai pela culatra. Mas que tampouco quem está de fora, se difere do mesmo. Ha uma cena em que uma personagem diz que uma peça só sera lembrada se ela escrever algo bom sobre ela. Mesmo sem ver a peça ela anuncia que detonara ela. Pq odeia as pessoas envolvidas que não sabem o que é arte e assassinam o pouco dela, em detrimento do dinheiro. Ela diz que eles não são atores. Mas celebridades. Ora, e o que é ela então se não o mesmo? O filme joga com isso o tempo todo, inclusive nas referencias a filmes e atores "pops" do momento. Mas ele brilha em sua narrativa que merece aplausos na montagem ao oferecer planos sequências genuínos mesclados a falsos, mas que são quase imperceptíveis. Aos olhos desatentos ou envolvidos parece que temos um filme de 2 horas apenas com um único plano sequência do início ao fim. E isso é espetacular. A câmera assume papel de coadjuvante. É como se fossemos espiões das ações. Estamos ali nos bastidores vendo tudo de perto, nos escondemos e nos revelamos. Quando perdemos alguma ação, corremos em busca dela... É mágico. E que atuações coesas. Do cômico ao trágico.
Angelina, amiga... Assim não há como te defender MESMO! É triste quando a pessoa não compreende que um diretor fílmico não é aquele que segue a cartilha corretamente, mas sim aquele que desmembra a cartilha e cria uma outra própria. UnBroken - Invencível - é um emaranhado de clichês cinematográficos tão grande que em 20 minutos de projeção - longa por sinal - comete todos os macetes próprios do gênero, não deixando abertura para um único take criativo de fato. é tudo redondo demais, previsível demais, ancorado demais, coxinha demais. SIM, a Jolie conseguiu cometer a ironia máxima da vida, dirigindo um filme coxinha (ainda que seu final seja dúbio nessa coxinhez no que diz respeito a religião somente ). Mas notem que o filme não é ruim, mas tão pouco é bom. Justamente porque a maior critica que se pode fazer dele, é que ele é correto demais. parece filme universitário/didático. Estão ali tudo que se espera de um filme de superação e de guerra. Inclusive no figurino e atuações. Você sabe o momento que haverá o aumento da trilha sonora, o momento que virá o comentário cômico, o momento que haverá algum empecilho, o momento que a câmera irá subir, o momento que haverá alivio romântico, o momento que irá ocorrer a transformação de personagens, o momento de tudo... Um pena. Um filme aguardado por mim, por conta de sua diretora, mas que não conseguiu ser invencível a si mesmo. Alias, é incrível - da pior maneira possível - crer que de fato os irmãos Coen assinam esse roteiro junto a mais dois. Outra coisa incomoda, é que como li numa critica recente de um colega critico, Angelina conseguiu transformar o filme, num tipico filme do Spilberg (em seus piores lados, claro), onde nada é gratuito, tudo é manipulável e maniqueísta. É como se houvesse uma lanterna que acende na hora exata que o espectador deve chorar, que deve prestar atenção, que deve rir e etc etc... É triste. Triste ao ponto de vc perceber que o filme indica quem é mocinho e vilão pelas cores dos uniforme. Nem mesmo a marca mais competente que me faz adorar a diretora, que é seu engajamento humanitário/politico, aqui se respaldam, uma vez que ela comete deslizes - assim como os roteiristas - quanto aos lados morais das figuras da guerra. De todo modo é assistivel... Como qualquer outro filme. ate porque o filme possuiu um bom 'acabamento'. Sem falar na tecnicalidades como a fotografia e o designer/mixagem de som, que justificam suas indicações por puro mérito realmente. (engraçado que agora me passou pela cabeça que mesmo seu antecessor e estreia ''Na Terra de Amor e Ódio'' a Jolie, ainda que inexperiente e repleta de tropeços justamente pela inexperiência; conseguiu se sair melhor no que diz respeito a ser promissora) agora, se a pessoa pretende ver o filme sem analises, sem levar em conta sua diretora, sem se ater a essas previsibilidades, ah colega, aí o filme vai arrancar aquela lagriminha de canto de olho... rs
Agora é esperar um próximo... Pq Jolie ao menos provou que pode se tornar uma grande diretora, a altura de seu nome na industria. Ela quis caminhar pelos passos mais difíceis, talvez de encontro a sua própria formula - oremos! - e isso prova, ainda que com esse gritante erro, que ela pode surpreender se entender que a cartilha não deve ser sempre seguida, mas recriada e que seu espirito rebelde que tanto nos faz adora-la alem de sua beleza inquestionável deve acompanha-la inclusive em seus filmes.
Daqueles filmes singelos que não sei se gostei ou não. Mas fato é: é ótimo. Interessante como a construção narrativa se apega ao exercício de personagens. Cada um, ali esconde sentimentos e intenções. E cada um fornece em suas próprias características físicas e comportamentais, parte da drama, externalizando-a. O Mrs. du ponte, desde a face indecifrável ao nariz que lembra um tucano, ate mesmo a sua paixão por pássaros e arma e luta livre e relação de magoa e desencontro com a mãe, forma uma teia sensacional de significados. O trio principal está soberbo em seus papeis, em cada detalhe construtivo. Talvez o terceiro ato tenha me desapontado por ser óbvio e por conter um desritmo grande em relação ao restante dos outros dois atos. Mas isso não tira o mérito do filme. Só não sei se pessoalmente gostei. Em todo o caso: é um bom filme.
Me julguem, mas demorei 5 anos para assistir e amei! Atualizem ai meus desejos de fofura:
Um Minion, um Wall E, Um Baymax, Um Olaf e Um Banguela para chama-los de meus ♥
UM PS: interessante como as animações atuais tem evidenciado as mudanças dos padrões de comportamento e físico das crianças protagonistas. Se antes, tínhamos as crianças perfeitas, obedientes, lindas e exuberantes, onde os meninos sempre deviam salvar as meninas com sua força e coragem, e as meninas deviam se deixar ser salvas com sua fragilidade e feminilidade; Hoje, o que vemos são mulheres em pé de igualdade na coragem e na força, nas habilidades, meninos que exibem seus medos e se deixam salvar, são garotas fora dos padrões, robustas, baixas, desajeitadas, são meninos magrelos, desajeitados, são crianças que desafiam seus pais em prol de suas próprias verdades, são como aqui, ate mesmo
soltei umas lagriminhas bestas no final confesso. Filme sensível e bem dirigido, para quem curte um bom drama baseado em fatos reais. Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa, quando ele tinha apenas 21 anos. Para quem não sabe, ele descobriu nos anos 60, que tinha uma doença degenerativa que em suma destruiria toda a sua capacidade muscular, impedindo ate que conseguisse respirar voluntariamente. Os médicos haviam lhe dado apenas mais 2 anos de vida... e O cara ainda esta vivo. Me surpreenderei se o Redmayne não sair por fora e arrematar uma vaga no Oscar desse ano. Sua atuação impressiona pela semelhança com o Astrofísico e pela maneira que ele se entrega a um papel difícil de convencer e não parecer caricato. Felicity tbm entrega um papel sóbrio, onde sua beleza se esvai no seu esforço de fazer o melhor possível com o amor que demonstra ter e o desafio que escolheu enfrentar ao permanecer ao lado de alguém que definharia a cada segundo. Um ótimo filme, bem dirigido, bem conduzido.
Dois Dias, Uma Noite é o representante belga pré-indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2015. Com direção dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne (mesmo do otimo 'O Garoto da Bicicleta').
E que filme senhoras e senhores. Que filme. Tirando "Relatos Selvagens" este é ate agora meu favorito, por um único motivo(dois talvez): Marion Cotillard. Essa francesa prova a cada filme que é possível manter o nível de excelência e entrega numa versatilidade invejável e as vezes assustadora. De maneira branda, ela carrega o filme nas costas arqueadas e cansada de uma mãe/esposa que luta já quase sem forças contra a pior das doenças de nosso seculo - a depressão - e contra um desumano sistema capitalista que nos cerca dia a dia, o desemprego iminente. A situação de seu personagem Sandra, é : ela se afastou da fabrica onde trabalhava por conta da doença. Munida de remédios fortes e uma melancolia que a desestabiliza em vários momentos; ela é colocada em pauta. Os seus colegas de trabalho devem escolher entre serem a favor de sua dispensa ou receberem um bônus no salario em troca da demissão dela. com a desculpa de que isso se deve aos problemas da economia do país. Assim, Sandra precisa passar justamente dois dias e uma noite inteiras que antecedem a votação, para tentar convencer seus colegas a abrirem mão do beneficio em troca de seu direito de continuar trabalhando. O que nós, cada um, no lugar deles, faríamos? A questão ética aqui é discutida de maneira democrática e cruel. E Marion segura bem isso. Com um andamento ótimo, visto que o filme segue ela direto, quase de maneira documental; o filme promete uma vaga na premiação OSCAR desse ano. E merecidamente!
Que delicia de movie! Baseado em acontecimentos reais, é a tipica comedia britânica com seu humor peculiar. Pride - que faz jus ao nome - mostra de maneira branda e as vezes incisiva, o como o preconceito humano e as mazelas ignorantes de se deixar moldar pelas infos de massa; são nocivos não só para o bem social, mas para a humanidade em si. A sensação que fica é que de fato, só aprendemos com o tempo. E se, todas as culturas entendem e aceitam que na inocência das crianças é onde esta a mais tenra verdade, e é na sabedoria dos mais velhos que esta a mais tenra confirmação do que é correto; devíamos prestar mais atenção ao que as crianças veem e os cidadãos mais velhos de hj em dia, tbm. Pq no filme e na realidade atual nossa, é muito mais facil, um considerado idosa e um considerado criança, aceitar que é na diversidade que existe a igualdade de ser SER. um filme corretinho e gostoso que me fez derramar uma lagriminha sapeca...
recomendo :)
obs: não sei lidar ainda com a Imelda, sem relacionar ela com a Umbridge... haha que atriz fenomenal men!
J.K. Simmons... ah, os tempos aureos de Oz... mas divago...
Que filme senhoras e senhores. Que filme!
Whiplash, tal qual sua temática é um exercício rítmico - e fílmico - , musical, e visceral, que mostra a musica e a educação, a obsessão e o talento, face a face numa discussão valida e diretamente proporcional a sua rítmica: tensa. O filme possui todas as qualidades possíveis, a começar por seu roteiro firme que sabe exatamente quando observar e quando escancarar. Atuações a altura, recheadas de entendimento entre ator e personagens. Da musica nem se fala.. falamos de jazz.. ainda que o instrumento protagonista seja a bateria... Mas é na dinâmica da montagem que o filme se mostra poderoso. Frenética e contemplativa, onde aqui, mais do que qualquer outro filme atual, é notável a semelhança entre a musica e a montagem cinematográfica. Quando nos referimos a ritmo de um filme, deve-se levar para o lado da musica sim. Tudo é questão de afinação, melodia, tempo... E aqui a direção consegue entender isso bem. Musica não foi feita para ser filmado, mas sim ouvida e sentida.. logo, a unica maneira de se mostrar isso visualmente é tentando nos passara sensação que ela produz a priori... Ora claustrofóbica e enjoativa, ora confusa e embaçada, ora frenética e espaçada como em algum esporte intenso. É lindo de se perceber e acompanhar.
Um ótimo filme, que com tapas, humilhação, sangue- suor e mais sangue e suor, e amor, eleva a musica sem esquecer que em si, é cinema.
recomendadíssimo!
Ps: A sequencia final, naquele fade out... e a sequencia inteira do carro, é simplesmente <3
assisti ontem e que coisa mais fofa. Filme daqueles que vc diz: sensível. Só por ser cinema oriental - é dirigido por um, apesar de ter sido filmado no Reino Unido - já se espera uma carga dramática e poética latente e aqui não é exceção. O cuidado com os planos, principalmente os fechados que demonstram através de toques entre mãos a relação daqueles personagens, a maneira que a narrativa usa a temporalidade, onde num único espaço o passado e o presente se alinham, representando as memorias que não querem ser esquecidas é lindo. Um filme que não tem nada demais em sua trama, mas carrega emoção em sua base e mensagem. É na delicadeza e sutileza que ele se faz, é não é pequeno... fofo
como estragar uma boa ideia? Pegue a ótima ideia e transforme-a em um longa metragem. Adicione elementos de humor tosco e voilá!
Quando assisti ao curta metragem ''Curfew'' exaltei-o aqui pela simplicidade e delicadeza que tratava dos personagens, somado a uma trilha sonora gostosa e uma cena de dança marcante. Porem, sei la de quem foi a ideia de transformar a bagaça num longa metragem e ainda adicionar um astro 'vampiresco' de serie de tv, e tornou o filme um experimento que pretende ser indie sem ser e ainda por cima abusa de uma linguagem que não domina, justamente por que ainda pensa na trama como um curta e não no longa que se pretendeu. O que vemos é uma enxurrada de encheção de linguiça entre as lacunas de tempo. Que cria conflitos desnecessários para a narrativa principal e transforma totalmente a jornada dos protagonistas, tirando o sentido de redenção e reflexão que o curta original fazia e bem. O saldo mais negativo é tirar da mãe da menina o foco de ser a ponte entre a vida e a morte na vida do protagonista. Neste longa, no final das contas eles restringem essa ponte a uma carta de amor sem razão de existir. (quando o correto, como o curta fez, era focar na menina e na relação dela com ele) ate mesmo a cor vermelha perde o sentido nessa versão. O filme não chega a ser ruim, tem seus bons momentos, mas ta longe de estar no nível do seu curta metragem original.
A Fotografia Oculta de Vivian Maier
4.4 106Que Vida! Que Vida!
Não, não me enganei na expressão usada. A vida da artista vai alem da qualidade de pesquisa e andamento do documentário.
Vivian Maier ou Srta. Maier (ou seria V. Smith?) é a prova de que algumas pessoas não nasceram para esse tipo de humanidade social ao qual fomos criados e estabelecemos a milhões de anos. Algumas pessoas nasceram estranhas, com paradoxos entre sua arte e alma, e sua vida em sociedade que é obrigatória.
Não é segredo a ninguém apos vocês assistirem (e que me conhecerem) o quanto me vi estampado em Vivian, não somente pela qualidade de artista em construção e inadequado a ela, mas em sua qualidade de ser Fria e sombria ao mesmo tempo que consegue ser sensível e doce com estranhos.
Muitas pessoas me dizem que de algum modo conseguem confiar em mim, mesmo por aqui pela internet, isso me dá uma qualidade quanto artista único: eu consigo decifrar seres humanos. e assim tentar compreende-los enquanto vou me descobrindo também.
Vivian nada mais foi e é do que isso. Uma desvendadora do ser humano, em sua crueldade e beleza dúbia.
Suas fotos, sua mania compulsiva por relatos e historias, seu obsessivo desejo e necessidade de guardar e acumular cada segundo de sua própria historia, seu tom de documentar tudo, seu fascínio pelo horror, pelo bizarro, meu mal..., seu foco único na sensibilidade de enxergar através dos olhos, por sobre as sombras. Seu fascínio em selfies e auto-retratos, em fotografar tudo que vê e sente. Seu acumulo em estourar emoções, em ser solitário diante de multidões. Seu peculiar e misterioso jeito de ser conhecida por muitos, de conhecer milhares mas nenhum deles realmente saber nada de si.
Ela mesma se auto declarou como uma espiã. E é isso. Todo fotografo, todo artista seja em que especialidade for, é um espião. Espia a vida alheia, em busca de verdades e utopias.
O seu diferencial é que ela guardava. pois não nasceu com o dom da sociabilidade (essa que eu depois de 23 anos, à dois, estou tentando aprender, sem muito sucesso, a internet em seu anonimato e desconstrução ainda me dá mais acalento do que o olho no olho - ao qual nunca o faço... poucas pessoas podem dizer que conseguem manter um encontro comigo em que eu olhe nos olhos dela quando converso. ninguém conhece minha fase central de fato, somente meu perfil.. com exceção das selfies, nela eu mostro meus olhos, minha fase direta e reta. Isso diz muito...)
Vivian escolheu ser cuidadora para se tornar invisível, para ver da pobreza, de baixo o que sua maquina engrandecia por cima.
De fato, ainda que sua arte seja bela e sensacional, o magistral mesmo é a vida e a persona da artista. Vivian é a real arte que nosso mundo teve.
E por contradição puramente lirica, se estivesse viva, teria sucumbido a morte por ter sido revelada.
Nem todas fotografias vivas devem ser reveladas... Mas que bom que essa foi... que bom
Que historia, Que vida!
Leviatã
3.8 299finalmente terminei de assistir Leviatã, filme Russo, que concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
É de longe o que me nos gostei dos concorrentes, porem esse "menos gostar" é apenas questão de gosto, uma vez que o filme é exemplar em tudo que se compromete, desde a narrativa fluida ate a trilha sonora que parece descompassada mas que é propositalmente assim para passar a sensação de decadência que o filme aborda.
Utilizando da passagem bíblica de Jo para ilustrar a analogia com a politica e as mazelas humanas sociais, o filme retrata a Rússia corrupta e desigual pós comunismo. Nada ali é gratuito, todo o pais é envolto numa rede de corrupção e abuso de poder pelo dinheiro. Isso relfete-se a seus cidadãos que sofrem calados ou gritando encarcerados em injustiças e mortes que caem no esquecimento amordaçados por chumaços de dinheiro.
Atuações ótimas e um paradoxo um tanto dúbio entre as relações interpessoais e as doutrinas aqui. Inclusive o filme se sustenta da máxima de que "o homem é o lobo do homem" , um clichê real que nunca sai de pauta, que aqui e bem usado mas se torna perigoso quando ele levando questões de moral baseadas na religião, principalmente quando sabemos o quão imoral é o pais atualmente quanto aos direitos humanos de sua população, imoralidade essa defendida e justificada pela doutrina que o filme se apega ( ainda que a faça de maneira por vezes pejorativa e critica ao usar símbolos de poder como quadros e estátuas em contraponto de quadros nazistas por exemplo.)
Ainda utilizando uma estética visual de fotografia toda cinza e poluída, o filme ainda remete ao caos e destruição e ate a certa melancolia ao introduzir carcaças de animais mortos em paralelo com carcaças de embarcações abandonadas. A bebida alcoólica aqui serve também não como caricatura dos russos mas sim como base para mostrar o quanto aquele povo precisa se entorpecer para não sentir o massacre social que lhe impõe. Não por acaso, os sóbrios da projeção são vistos fascinados pelo mar, que lhes trás a vida e o afogamento.
Um ótimo filme
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraBirdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância, é um deleite narrativo que se tornou por enquanto o meu favorito a levar a estatueta de Melhor Filme no Oscar desse ano.
O filme brilha ao massificar uma critica incisiva repleta de sarcasmo ao showbiz americano. Dando espaço para inclusive criticar o papel da crítica em si e dos moldes midiáticos de hj em dia, em que se confunde admiração com amor ( e aqui está uma analogia generalizada a tudo).
Em certo momento um personagem diz que VC só existe se tiver um twitter ou blog e abraçar o facebook. O mesmo personagem explica que o verdadeiro poder hj em dia esta em quantas visualizações VC tem no YouTube.
Tais diálogos sintetizam o que Birdman é. Ele elucida o produto do entretenimento que constantemente se confunde entre a arte e a crueldade vazia. O velho sonho americano que sai pela culatra. Mas que tampouco quem está de fora, se difere do mesmo.
Ha uma cena em que uma personagem diz que uma peça só sera lembrada se ela escrever algo bom sobre ela. Mesmo sem ver a peça ela anuncia que detonara ela. Pq odeia as pessoas envolvidas que não sabem o que é arte e assassinam o pouco dela, em detrimento do dinheiro. Ela diz que eles não são atores. Mas celebridades.
Ora, e o que é ela então se não o mesmo?
O filme joga com isso o tempo todo, inclusive nas referencias a filmes e atores "pops" do momento.
Mas ele brilha em sua narrativa que merece aplausos na montagem ao oferecer planos sequências genuínos mesclados a falsos, mas que são quase imperceptíveis. Aos olhos desatentos ou envolvidos parece que temos um filme de 2 horas apenas com um único plano sequência do início ao fim. E isso é espetacular.
A câmera assume papel de coadjuvante. É como se fossemos espiões das ações. Estamos ali nos bastidores vendo tudo de perto, nos escondemos e nos revelamos. Quando perdemos alguma ação, corremos em busca dela... É mágico.
E que atuações coesas. Do cômico ao trágico.
Um filme enorme que voa a vôo solto.
Palmas!!
Livre
3.8 1,2K Assista Agora"Sangramos, ate entendermos que as feridas vem do mesmo lugar que nossas forças"
Wild, que em tradução seria algo como Selvagem, ganhou o titulo nacional mais adequado para a trama. A jornada aqui não é para expurgar ou encontrar o lado selvagem da protagonista, e nem tao pouco, é permeada pela selvageria simbólica da natureza. A jornada aqui é sobre uma pessoa perdida e presa em si mesmo e que tenta se encontrar para se libertar de tudo aquilo que lhe sufoca. Portanto "Livre" cabe muito bem como título.
Ao contrario do que tava lendo por ai, de nada tem relação esse filme com "Into the wild" justamente por que a jornada dessa mulher e daquele homem são completamente diferentes. O foco é outro e a mensagem também. Alias, nem mesmo q famigerada frase "é um Na natureza selvagem de saia" cabe aqui. É de calça também. Nada de restrição a saia.
Isso porque o filme consegue ser deliciosamente feminista ao não colocar peso de valor no gênero da protagonista. Ela não se furta em nenhum momento por ser mulher. Não ha o que sua visar. Pelo contrario, sua trilha acaba por ser ate mesmo mais cansativa, pelos perigos extras externos que lhe impõem por ser mulher, quando esta se encontra por exemplo com uma dupla de aventureiros canalhas, ou em uma loja de cosméticos com um vendedora superficial.
Amparado por uma trilha sonoro evocativa - e feminina vejam só, como Portshead e 4 Non Blonds - o filme peca apenas na estrutura narrativa que aglomera 3 formas de texto que não se justificam e tornam o filme mais longo do que realmente é. Isso compromete o ritmo do filme. Ele se utiliza de narração em off, para em menos de dois minutos na mesma cena voltar para um monólogo e em seguida recorrer a flash backs. Mas, tirando isso, a direção é segura e os simbolismos também funcionam. Como a introdução da serpente em dado momento e da raposa no caminho da Protagonista. Universalmente ambos os animais são representantes da volúpia, ardilosidade e perdição. Se em um momento ela foge e demonstra medo de um. Depois ela corre atrás da cia de um desses animais para no final bater de frente com ele, sem real interesse. Esses três encontros pautam os três atos da projeção, e consequentemente da transformação da personagem com sigo mesma.
A atuação de Reese é certeira ao encarnar essa personagem perdida como seu sobrenome escolhido, repleta de culpa e ira.
Ao contrário do que aparenta, Cheryl sempre esteve a procura de si mesma. Mesmo antes de sua perda física. Os flash backs mostram isso.
Um filme longe de ser fluido e ótimo, mas que não deixa de ser bom e bem executado com uma mensagem ótima aos dias de hj: "Talvez seja no primitivo que nossa atualidade deva buscar os rumos para seu futuro"
Talvez seja ali, na terra e não nas telas que estejam as respostas para nossas perguntas pessoais.
Um filme gostoso.
A Partida
3.4 70Com um título dúbio, La Partida é uma síntese do que um pais em inflação sofre ben como seus habitantes - envolto por uma base de um romance conturbado e por culpa da sociedade, impossível.
É curioso notar como que as relações de realidade social são postas aqui. Tudo atual, onde a homossexualidade e a diversidade sexual, não dita comportamento e aceitação plena. Aqui, pouco importa o que o outro faz com seu corpo, desde que assuma por fora uma vida "padrão" e que seja macho ( no caso dos homens).
Bem da verdade, não é tao diferente do que outros filmes na mesma temática mostram. A discriminação aqui existe ainda, mas de maneira mais velada. Pois se antes os filmes mostravam que dois homens jamais poderiam demonstrar afeto um pelo outro. Aqui, essa demonstração é aceita, mas desde que amparada por um casamento convencional hetero, com filho. Com comportamento dito masculino de jogar bola e ser masculino sempre e desde que a "prática" seja para seu ganha pão. No momento que isso entra em choqu . A intolerância volta, fazendo o terror tal qual quando ele já era escrachado.
Vejo que muitas pessoas reclamam que todo e qualquer filme em sua maioria que abordem casais ou tramas que contenham em sua base homossexuais/Bissexuais/ acabam em tragédia. Seja pela morte, seja pela infelicidade, seja por separação. Nunca ha um final feliz pleno. Mas isso condiz com a realidade. O cinema, deve sempre ser uma extensão da voz social. Enquanto a realidade nossa seres diversificados inclusive sexualmente e comportamentalmente for envolto em tragédia e morte, o cinema extendera e deve estender isso pra tela. Pq infelizmente , nem mesmo noa sonhos e na fantasia, o ser humano ainda é livre para ser quem é. Para viver como nasceu. Hj ainda só sobrevivemos. Só. É triste...
Aparatos técnicos não condiz dizer afinal tratasse de um filme visivelmente de baixo orçamento mas que é bem executado quanto a sua cultura e linguagem.
Todos personagens são bem delimitados.
Ao final, o titulo revela não só uma partida tripla
( de vida, de relacionamento e de futebol)
Um filme gostoso.
Ida
3.7 439"Afinal, de que vale o sacrifício da pureza, se você nunca experimentou o pecado do prazer?"
Concorrente ao Oscar 2015 a Melhor Filme Estrangeiro, Ida ( da Polônia) é um retrato - ou melhor, uma pintura - da pos guerra mundial. É a jornada meio road movie em busca do passado, para construir o presente.
É interessante a visão que o filme dá a busca por identidade não só das protagonistas, mas de todo um país e um povo que se perdeu ou foi perdido num massacre que ate hoje assombro as vidas ate daqueles que nem viveram seu horror.
O filme se utiliza de uma narrativa que prioriza o conflito interno das protagonistas em todo seu desconforto e inadequação com a vida. Cada um delas em seu mundo, que ao final não deixa de ser o mesmo.
Ida é arte pura. É como se cada frame fosse cuidadosamente pintado para dar a impressão de estarmos vendo fotografias antigas de chapa em movimento. Não ha um único plano que não pareça ter sido cuidadosamente planejado. Inclusive a concepção de cena. O designer de cena surge impecável. A profundidade de campo principalmente. É soberbo ( e sim aqui cabe essa palavra pomposa). Mas é a fotografia que brilha em granulações e tela chapada em tons de cinza. Onde ha cenas belíssimas e nostálgicas em que por vezes, parece que estamos vendo a própria Ida através de cortinas de vidro.
O que é propicio. Tanto a personagem central quanto a tia de Ida, possuem uma complexa estrutura que se chocam de maneira tal que a linguagem do filme demonstra-a através da proporção de tela - ou razão - onde continuamente os personagens são vistos do lado inferior, as vezes parcialmente ocultas.
É como se personagem e narrativa não se adequassem a si mesmos. É raro um filme compreender o interior de seus personagens a ponto de externalizar isso na imagem. É cinematografia pura.
As atuações são ótimas também. E o texto ganha força no final.
( a cena da floresta confesso, conseguiu mexer comigo).
Com direito a Jonh Contraine, Ida acaba de se tornar meu favorito dos concorrentes na categoria que concorre ao Oscar ( ainda que não seja minha aposta).
É a vida retrata do jeito que muitas vezes ela é: cinza, obscura e religiosamente dotada de surpresas e chamados. Só nos resta escolher querer ouvi-los ou silencia-los.
Lindo!
PS: "E depois?"
Tangerinas
4.3 243Guerra na Abcásia, 1992. A comunidade quer se tornar independente da Geórgia. Quase todos os habitantes já deixaram a aldeia, com excessão de dois homens. Margus permanece pois tem uma plantação de tangerinas. Ivo foi forçado a ficar.
Após um embate entre inimigos Georgianos e Chechecos, um sobrevivente de cada lado é são salvos por Ivo.
Porém, eles têm opiniões divergentes e estão em lados opostos na guerra. Eles terão que lidar com essa guerra pessoal.
Essa é a sinopse desse filme sensível e principalmente humano. Tangerines lida com a simplicidade dos atos e que por si só se elevam, em uma lição moral de respeito a vida envolto num roteiro fluido, gostoso, que se torna tocante pela semelhança universal de embate social a todos nos e que é poético em sua estrutura e andamento tecnico que não perde um detalhe, desde a cenografia, seus quadros, a presença das frutas e da madeira, ate a fotografia que colore as imagens na medida certa para nos passar a sensação de abandono e perigo que a situação pede.
Mas são seus personagens que conquistam.
Ivo principalmente, ainda mais em seu ato final quando descobrimos a verdade de sua permanencia no país em guerra.
Talvez o concorrente ao Oscar de filme estrangeiro mais intimista da temporada.
Gostoso e acalentador. Que da esperança e tristeza ao mesmo tempo.
PS: aquela trilha sonora contida na fita amarela é uma delicia! <3
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraAiAi... Clint, Clint... Amigo, como faz? Colega,colega... Vamos lá!
Sniper Americano ( não me perguntem pq o titulo nacional vai manter o Sniper e só traduzir o American), é o tipico filme patriótico que a nação americana conservadora adora. E que só por isso, justifica tanta indicação nem um pouco merecida.
Chris Kyle (Bradley Cooper) matou mais de 150 pessoas nos cerca de dez anos em que serviu os Estados Unidos na guerra contra o terror.(do Iraque). E o filme mostra a trajetória desse franco atirador texano, focando não na guerra em si, mas nas consequências dela nele e suas justificativas para tal. Clint Eastwood abocanhou a direção do longa apos o Spielberg desistir do projeto por causa do orçamento limitado da produção.
O Filme conta com um direção razoável, obviamente já que o Clint não é nenhum aprendiz nesse posto. Mas é só. Tem uma fotografia condizente com o meio que retrata mas que pra mim exagera do contraste que dá propositalmente as cores ( notem que as cores em solo americano são sempre extremamente saturadas, enquanto as do Iraque são apagadas e em tons de cinza que só ganham cores vivas no sangue derramado. Isso faz com que o sangue por exemplo surja artificial e viscoso demais, atrapalhando um pouco o impacto verossímil que se pretendia.). A edição é fantástica! E a sequência próximo ao fim no tiroteio em meio a fumaça que adquire textura de areia é impressionante. A melhor parte do filme.
O maior problema do filme é que ele não fala sobre um herói. Mas sim, sobre um assassino.
O filme adquire facetas fascistas ao enaltecer um sociopata. É admirável sim que o roteiro tente estudar seu personagem ao mostrar seu desiquilíbrio em sua desumanização frente a guerra. Seus surtos são exemplares, e alias é onde a trama se desenvolve melhor. No lar. Na sua mutação. Mas nada justifica a maneira que o Clint exerce a narrativa vilanizando o povo do Iraque sem questionar a Guerra em nenhum momento. Nem mesmo quando parece que ele entrará num campo mais interessante ele se acovarda e retrocede ( vide a cena que o protagonista exita em atirar numa criança).
Essa postura política do filme não só torna sua trama previsível quanto as ações dos seus personagens e acontecimentos com os mesmos, como ainda comete o erro de tentar vitimizar os soldados americanos através do protagonista, mas esquece que lá no inicio, este é que escolheu se alistar e não foi convocado.
E não sei se o que mais me incomodou foi o vergonhoso uso de um boneco EVIDENTE no lugar de um bebê, se foi a analogia tosca e forçada dos 3 tipos de seres humanos calcados na crença da igreja e seu paradoxo no final do filme quando o protagonista ataca um cachorro, ou se foi o plano que enquadra uma foto do "rival" do protagonista em um podium, aludindo que ele antes de virar o "vilão" ele era um atleta olímpico medalha ouro por seu país.
É tenso.
O filme em si não é ruim. É um razoável com bons momentos. A indicação do Bradley ate se justifica por si, mas não diante da diversidade que existia( como o caso do Gyllenhaal q merecia ). Mas definitivamente direção e filme não merecem nem a indicação por méritos só por aparência.
O ruim é a mensagem que o filme se auto defende. Mais um filme de americano para americano que tenta vender sua bandeira como o Bem absoluto mesmo diante de cada gota de sangue que a cor vermelha de sua bandeira exibe astiada em cada mão daquela nação, como o filme mostra em seus créditos finais.
Clint colega, estamos em crise!
O Conto da Princesa Kaguya
4.4 802 Assista AgoraDefinitivamente é no passado que esta minha alma.
Ainda que a uns dois ou três anos, finalmente as animações tenham me conquistado, e eu aplauda de pé as maravilhas das animações digitais, é na animação clássica, aquela desenhada e pintada a mão; que esta meu verdadeiro deslumbramento. E com razão!
Do mesmo diretor do tocante e inesquecível "O Túmulo dos Vagalumes" (ao qual chorei 3 vidas e já escrevi sobre), Isao Takahata - que é co- fundador dos Estudios Ghibli ao lado do genial Hayao Miyazaki - "O Conto da Princesa Kaguya" é um arrombo de sensibilidade, poesia, magnetismo, melancolia e ternura em Eras de vazios futurísticos.
Concorrente ao Oscar 2015, essa animação é baseada no "Conto do Cortador de Bambu" que consiste numa narrativa popular japonesa do século X, e que é considerada a mais antiga narrativa japonesa existente. Ele detalha principalmente a vida de uma garota misteriosa chamada Kaguya-hime, que foi encontrada quando bebê dentro do caule de um bambu brilhante.
Amparado por diversos signos da mitologia e crenças orientais, o filme flui num ritmo surpreendente diante de uma trilha sonora belíssima, com ricas canções. É um espetáculo visual e convencional impossível de não se entreter e se emocionar. Seja pela 'humanidade' da natureza da princesa, seja pela dedicação e amor dos pais adotivos por ela - ainda que em seus erros -, seja pelas 'lições' morais que o filme demonstra nos detalhes, como o modo que os cortadores de bambu cortam a planta, certificando-se de não mata-la.
É um primor, os traços, os planos, as cores, a fluidez de movimentos, o texto... Tudo encaixado numa direção segura do que mostra, ainda mais tendo em vista a importância do conto ao povo oriental.
A sequencia final que dá literais asas a imaginação, celebra não só seu climax, mas o surgimento de mais uma obra impecável de um estúdio que nasceu para se tornar imortal no cinema.
O filme funciona quase como se víssemos uma pintura em movimento. Os traços se assemelham as gravuras japonesas do início do século XVII e que influenciaram o impressionismo na Europa mais tarde.
É como se o filme nos convidasse a refletir sobre a vida e em tudo que ela representa e significa. Sobre o que é a tal da felicidade de fato.
Como em todos os outros filmes do Estúdio, estão inseridos aqui elementos críticos sociais, políticos, de convenções hierárquicas de costumes da tradição japonesa.
O maior contra-ponto talvez se dê em dois momentos: O primeiro, quando traçamos o paradoxo da clareza de visão e percepção do pai e da mãe ao encontrarem a Princesa, ao saberem de imediato o que ela era e precisava. e mais tarde, com todo o deslumbre da sociedade e seus costumes cruéis mas belos e sofisticados, banhados a soberba, como ambos ficam cegos e sem percepção da infelicidade que a filha adquiri diante daqueles arrombos.
E o segundo momento, está na sequencia
do sonho, onde ela em certo momento pergunta "Mas a montanha está morta?". Isso revela não só uma metáfora a seus sentimentos e alusões com a vida na terra frente a felicidade e existência, mas mostra a posição reflexiva que o filme quer assumir quanto as mazelas politicas e sociais de seu povo ao longo dos anos.
No final, ao menos eu em encantamento e certa tristeza- confesso derramei uma lagriminha - fica o pensamento de quanto mais a humanidade precisa compreender com sua natureza e interior neste mundo impuro, triste mas também amoroso e alegre, antes que finalmente consigamos retornar a Cidade Lunar, com todo seu esquecimento e imortalidade de paz.
De aplaudir de pé e dar 5 estrelas na falta de 6.
PS: O Lance com a Lua, me fez relacionar o conto/ e a historia com Sailor Moon. Numa pesquisada de leve na internet soube que realmente não estava enganado. Sailor Moon possui muitos elementos desse Conto em sua base. Porem, se em Sailor Moon, a princesa viera por razão de
proteção da mesma, apos uma batalha celestial, aqui, a princesa vem aparentemente para poder experimentar a vida humana, em toda sua impureza e tristeza (resta saber se por punição ou 'escolha própria'. Essa duvida fica ate hj no Conto do Bambu original e a animação de certo modo manteve a duvida, ainda que o roteiro no climax, indique que tenha sido por escolha. Ainda mais quando ela diz que veio para de fato viver.
PPS: protagonista Mulher, Lua e Mitologia Celestial? É claro que eu ia amar!
obs: Uma pena que a unica chance desse filme levar a estatueta, seja por pura homenagem da Academia ao Estúdio. Uma vez que ao que parece esse seja o penúltimo filme lançado por eles, antes daquele fatídico anuncio de parada na produção. De querer ficar em luto. Ano passado era esperada essa estatueta como forma de homenagem ao "Vidas ao vento" mas não teria como algo na terra tirar de Frozen o premio. Esse ano, apesar das animações estarem ótimas, nenhuma se destacou por completo, então talvez haja esperança. Só não vi Song of the Sea, mas essa "princesa" merece tudo.
Caminhos da Floresta
2.9 1,7K Assista AgoraI wish...♪
Não se pode negar, que é impossível não ficar com esse "I wish" na cabeça pro resto da vida hahaha
No mais, é um musical gostoso, que perde um pouco a dinâmica no final do segundo ato justamente pelo roteiro desmembrar uma outra narrativa. Isso funciona no roteiro teatral, não no cinematográfico. A menos que se escolha usar a linguagem de capítulos para contar a história. O que não foi o caso ( mas poderia).
Ele consegue ser bem fiel ate ao musical original e com certeza é eficiente em trazer para a atualidade alguns elementos de humor sem perder o classicismo do material original. Curioso também ver que eles deram um ar muito mais sombrio e lascivo a trama no que diz respeito ao conto da chapeuzinho e no tratamento da historia do João e da cinderela. As convenções familiares se deturpam no que os contos de fadas geralmente pregam. - ainda que a traição feminina e sua postura independente sejam punidas onde a masculina não o é.
Ainda assim não é um mal filme. Tem atuações deliciosas, personagens marcantes ate, performances impecáveis, um figurino e uma arte cuidadosa onde o deslize só caiba a um ou dois furos no roteiro ( não lembro se no musical a irmandade da rapunzel com o padeiro é esquecida como aqui) e no ritmo claro do final do segundo ato em diante.
Quanto a indicação da Meryl, é justificável porém, ainda que ame essa mulher e concorde que ela só por respirar já mereça prêmios, acho complicado sempre premiar uma atuação caricatural. É difícil separar a caricatura da atuação priori do ator quando ele esta debaixo de tais personagens.
Um bom filme.
Como o próprio filme diz em certo momento "nem certo, nem errado,', nem bom, nem ruim. É legal.' " into the Woods" tudo funciona quando se encontra o meio termo."
"I wish..."♪♫
Caminhos da Floresta
2.9 1,7K Assista AgoraLegenda correta e sincronizada em PT Br cade vc sua linda? :(
ps: achei essa que ta sincronizada é PT mas pouquíssimas coisas diferem do BR, porem ela só esta legendando o texto do filme, as musicas(letras) não foram traduzidas..quem quiser mesmo assim, é uma boa.. >> www. opensubtitles. org/pt/subtitles/6003559/ into-the-woods-pt
Mary e Max: Uma Amizade Diferente
4.5 2,4K"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana."
Albert Einstein
PS: Que fofo!
PPS: Certeza que serei uma versão anoréxica do Max.
PPPS: porque demorei tanto para terminar de assistir essa Fofura Emocionante?
PPPPS: <3
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista Agora"As vezes são as pessoas que menos imaginamos que fazem as coisas que ninguém imaginaria"
Baseado na história real do lendário criptoanalista inglês Alan Turing, considerado o pai da computação moderna, o filme narra a tensa corrida contra o tempo de Turing e sua brilhante equipe no projeto Ultra para decifrar os códigos de guerra nazistas e contribuir para o final do conflito.
Sim, foi uma historia real, historia essa que se detêm na vida pessoal do homem responsável por eu, você e o mundo estarmos digitando e lendo isso aqui, interligados por uma maquina chamada de computador.
O filme conta com um direção segura que encontra seus melhores momentos na condução dos fatos, ao desmembrar épocas distintas para contar sua historia. Conhecemos a vida de Turing da infância a adolescência e na vida adulta, para que possamos desvendar quem ele é, já que ele em si só, aprendeu tal qual seus enigmas, a ser um ser humano criptografado para agir racionalmente, sem demonstrar aparentes sentimentos espontâneos.
E o filme é eficiente nisso. Inclusive é importante ressaltar a trilha sonora épica que nos remete ao clima de guerra ainda que ele não se detenha em mostrar os arrombos da mesma; afinal, precisamos experimentar não as angustias do Front, mas sim, a daqueles personagens que viveram suas próprias guerras em cálculos e segredos.
O figurino e arte do filme estão espetaculares, e li ao pesquisar sobre, apos assistir o filme, que foram usados maquinas reais da época inclusive locais verdadeiros, para conferir esse impressionante verossimilhança com a época da guerra.
Mas é nas analogias do roteiro delicado e bem escrito e na atuação de Benedict Cumberbatch que o filme ascende.
A trama não só possui manejos que refletem sobre nossa sociedade - inclusive atual (Né Russia?), mas alude ao maior problema do ser humano, nosso maior enigma quanto nossa obsessão por maquinas e tecnologia inclusive: a frieza que mostramos àqueles diferentes da maioria. O desajeitado Turing é o reflexo de uma sociedade que nos impõe guardar segredos de nós mesmos em prol de uma civilidade aparentemente pacifica. onde o diferente deve ser visto como abominação.
Em certo momento, um personagem diz: "Eles estavam certos sobre você; você realmente é um monstro". E aqui o filme recai numa sensível critica a homofobia existente no mundo, que consegue absurdamente limitar toda a crença, fé, historia e conhecimento de um ser humano, calcado em sua orientação sexual. É abismal como podemos ser tão brilhantes a ponto de criar inteligencias artificiais ao passo que matamos nossa inteligencia biológica.
A homossexualidade de Turing resultou em um processo criminal em 1952 - os atos homossexuais eram ilegais no Reino Unido na época, e ele aceitou o tratamento com hormônios femininos e castração química, como alternativa à prisão. Morreu em 1954, algumas semanas antes de seu aniversário de 42 anos, devido a um aparente auto-administrado envenenamento por cianeto.
É curioso pensar que cada assassino direto e indireto, que comete crimes e barbaridades contra a especie humana, ao martirizar, condenar, apontar o dedo e marginalizar a cada segundo um outro ser humano por causa de sua orientação sexual hoje em dia, talvez não tivesse nem nascido se não fosse justamente por um homem homossexual que viveu sua vida tentando decifrar os enigmas da vida e morreu por ser quem nasceu. É triste!
Mais triste é saber que enquanto escrevo, isso continua acontecendo, segundo apos segundos, muitas vezes disfarçados de "não tenho nada contra", ou "hoje em dia é tudo homofonia e preconceito"...
O filme ainda tem total discernimento ao introduzir de maneira branda mas eficiente, o inicio do feminismo pro ativo na pele da Keira aqui.
Um grande filme.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraBirdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância, é um deleite narrativo que se tornou por enquanto o meu favorito a levar a estatueta de Melhor Filme no Oscar desse ano.
O filme brilha ao massificar uma critica incisiva repleta de sarcasmo ao showbiz americano. Dando espaço para inclusive criticar o papel da crítica em si e dos moldes midiáticos de hj em dia, em que se confunde admiração com amor ( e aqui está uma analogia generalizada a tudo).
Em certo momento um personagem diz que VC só existe se tiver um twitter ou blog e abraçar o facebook. O mesmo personagem explica que o verdadeiro poder hj em dia esta em quantas visualizações VC tem no YouTube.
Tais diálogos sintetizam o que Birdman é. Ele elucida o produto do entretenimento que constantemente se confunde entre a arte e a crueldade vazia. O velho sonho americano que sai pela culatra. Mas que tampouco quem está de fora, se difere do mesmo.
Ha uma cena em que uma personagem diz que uma peça só sera lembrada se ela escrever algo bom sobre ela. Mesmo sem ver a peça ela anuncia que detonara ela. Pq odeia as pessoas envolvidas que não sabem o que é arte e assassinam o pouco dela, em detrimento do dinheiro. Ela diz que eles não são atores. Mas celebridades.
Ora, e o que é ela então se não o mesmo?
O filme joga com isso o tempo todo, inclusive nas referencias a filmes e atores "pops" do momento.
Mas ele brilha em sua narrativa que merece aplausos na montagem ao oferecer planos sequências genuínos mesclados a falsos, mas que são quase imperceptíveis. Aos olhos desatentos ou envolvidos parece que temos um filme de 2 horas apenas com um único plano sequência do início ao fim. E isso é espetacular.
A câmera assume papel de coadjuvante. É como se fossemos espiões das ações. Estamos ali nos bastidores vendo tudo de perto, nos escondemos e nos revelamos. Quando perdemos alguma ação, corremos em busca dela... É mágico.
E que atuações coesas. Do cômico ao trágico.
Um filme enorme que voa a vôo solto.
Palmas!!
Invencível
3.9 924 Assista AgoraAngelina, amiga... Assim não há como te defender MESMO!
É triste quando a pessoa não compreende que um diretor fílmico não é aquele que segue a cartilha corretamente, mas sim aquele que desmembra a cartilha e cria uma outra própria.
UnBroken - Invencível - é um emaranhado de clichês cinematográficos tão grande que em 20 minutos de projeção - longa por sinal - comete todos os macetes próprios do gênero, não deixando abertura para um único take criativo de fato.
é tudo redondo demais, previsível demais, ancorado demais, coxinha demais. SIM, a Jolie conseguiu cometer a ironia máxima da vida, dirigindo um filme coxinha (ainda que seu final seja dúbio nessa coxinhez no que diz respeito a religião somente ).
Mas notem que o filme não é ruim, mas tão pouco é bom. Justamente porque a maior critica que se pode fazer dele, é que ele é correto demais. parece filme universitário/didático. Estão ali tudo que se espera de um filme de superação e de guerra. Inclusive no figurino e atuações.
Você sabe o momento que haverá o aumento da trilha sonora, o momento que virá o comentário cômico, o momento que haverá algum empecilho, o momento que a câmera irá subir, o momento que haverá alivio romântico, o momento que irá ocorrer a transformação de personagens, o momento de tudo...
Um pena.
Um filme aguardado por mim, por conta de sua diretora, mas que não conseguiu ser invencível a si mesmo.
Alias, é incrível - da pior maneira possível - crer que de fato os irmãos Coen assinam esse roteiro junto a mais dois.
Outra coisa incomoda, é que como li numa critica recente de um colega critico, Angelina conseguiu transformar o filme, num tipico filme do Spilberg (em seus piores lados, claro), onde nada é gratuito, tudo é manipulável e maniqueísta. É como se houvesse uma lanterna que acende na hora exata que o espectador deve chorar, que deve prestar atenção, que deve rir e etc etc... É triste.
Triste ao ponto de vc perceber que o filme indica quem é mocinho e vilão pelas cores dos uniforme. Nem mesmo a marca mais competente que me faz adorar a diretora, que é seu engajamento humanitário/politico, aqui se respaldam, uma vez que ela comete deslizes - assim como os roteiristas - quanto aos lados morais das figuras da guerra.
De todo modo é assistivel... Como qualquer outro filme.
ate porque o filme possuiu um bom 'acabamento'.
Sem falar na tecnicalidades como a fotografia e o designer/mixagem de som, que justificam suas indicações por puro mérito realmente.
(engraçado que agora me passou pela cabeça que mesmo seu antecessor e estreia ''Na Terra de Amor e Ódio'' a Jolie, ainda que inexperiente e repleta de tropeços justamente pela inexperiência; conseguiu se sair melhor no que diz respeito a ser promissora)
agora, se a pessoa pretende ver o filme sem analises, sem levar em conta sua diretora, sem se ater a essas previsibilidades, ah colega, aí o filme vai arrancar aquela lagriminha de canto de olho... rs
Agora é esperar um próximo... Pq Jolie ao menos provou que pode se tornar uma grande diretora, a altura de seu nome na industria. Ela quis caminhar pelos passos mais difíceis, talvez de encontro a sua própria formula - oremos! - e isso prova, ainda que com esse gritante erro, que ela pode surpreender se entender que a cartilha não deve ser sempre seguida, mas recriada e que seu espirito rebelde que tanto nos faz adora-la alem de sua beleza inquestionável deve acompanha-la inclusive em seus filmes.
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
3.3 809 Assista AgoraDaqueles filmes singelos que não sei se gostei ou não. Mas fato é: é ótimo.
Interessante como a construção narrativa se apega ao exercício de personagens. Cada um, ali esconde sentimentos e intenções. E cada um fornece em suas próprias características físicas e comportamentais, parte da drama, externalizando-a. O Mrs. du ponte, desde a face indecifrável ao nariz que lembra um tucano, ate mesmo a sua paixão por pássaros e arma e luta livre e relação de magoa e desencontro com a mãe, forma uma teia sensacional de significados.
O trio principal está soberbo em seus papeis, em cada detalhe construtivo.
Talvez o terceiro ato tenha me desapontado por ser óbvio e por conter um desritmo grande em relação ao restante dos outros dois atos.
Mas isso não tira o mérito do filme.
Só não sei se pessoalmente gostei.
Em todo o caso: é um bom filme.
Como Treinar o seu Dragão
4.2 2,4K Assista AgoraMe julguem, mas demorei 5 anos para assistir e amei!
Atualizem ai meus desejos de fofura:
Um Minion, um Wall E, Um Baymax, Um Olaf e Um Banguela para chama-los de meus ♥
UM PS: interessante como as animações atuais tem evidenciado as mudanças dos padrões de comportamento e físico das crianças protagonistas. Se antes, tínhamos as crianças perfeitas, obedientes, lindas e exuberantes, onde os meninos sempre deviam salvar as meninas com sua força e coragem, e as meninas deviam se deixar ser salvas com sua fragilidade e feminilidade; Hoje, o que vemos são mulheres em pé de igualdade na coragem e na força, nas habilidades, meninos que exibem seus medos e se deixam salvar, são garotas fora dos padrões, robustas, baixas, desajeitadas, são meninos magrelos, desajeitados, são crianças que desafiam seus pais em prol de suas próprias verdades, são como aqui, ate mesmo
deficientes físicos...
Bora ver o segundo!
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista Agorasoltei umas lagriminhas bestas no final confesso.
Filme sensível e bem dirigido, para quem curte um bom drama baseado em fatos reais.
Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa, quando ele tinha apenas 21 anos.
Para quem não sabe, ele descobriu nos anos 60, que tinha uma doença degenerativa que em suma destruiria toda a sua capacidade muscular, impedindo ate que conseguisse respirar voluntariamente.
Os médicos haviam lhe dado apenas mais 2 anos de vida... e O cara ainda esta vivo.
Me surpreenderei se o Redmayne não sair por fora e arrematar uma vaga no Oscar desse ano. Sua atuação impressiona pela semelhança com o Astrofísico e pela maneira que ele se entrega a um papel difícil de convencer e não parecer caricato.
Felicity tbm entrega um papel sóbrio, onde sua beleza se esvai no seu esforço de fazer o melhor possível com o amor que demonstra ter e o desafio que escolheu enfrentar ao permanecer ao lado de alguém que definharia a cada segundo.
Um ótimo filme, bem dirigido, bem conduzido.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542Dois Dias, Uma Noite é o representante belga pré-indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2015. Com direção dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne (mesmo do otimo 'O Garoto da Bicicleta').
E que filme senhoras e senhores. Que filme. Tirando "Relatos Selvagens" este é ate agora meu favorito, por um único motivo(dois talvez): Marion Cotillard.
Essa francesa prova a cada filme que é possível manter o nível de excelência e entrega numa versatilidade invejável e as vezes assustadora.
De maneira branda, ela carrega o filme nas costas arqueadas e cansada de uma mãe/esposa que luta já quase sem forças contra a pior das doenças de nosso seculo - a depressão - e contra um desumano sistema capitalista que nos cerca dia a dia, o desemprego iminente.
A situação de seu personagem Sandra, é : ela se afastou da fabrica onde trabalhava por conta da doença. Munida de remédios fortes e uma melancolia que a desestabiliza em vários momentos; ela é colocada em pauta. Os seus colegas de trabalho devem escolher entre serem a favor de sua dispensa ou receberem um bônus no salario em troca da demissão dela. com a desculpa de que isso se deve aos problemas da economia do país.
Assim, Sandra precisa passar justamente dois dias e uma noite inteiras que antecedem a votação, para tentar convencer seus colegas a abrirem mão do beneficio em troca de seu direito de continuar trabalhando.
O que nós, cada um, no lugar deles, faríamos?
A questão ética aqui é discutida de maneira democrática e cruel.
E Marion segura bem isso.
Com um andamento ótimo, visto que o filme segue ela direto, quase de maneira documental; o filme promete uma vaga na premiação OSCAR desse ano. E merecidamente!
recomendadíssimo!
Orgulho e Esperança
4.3 291 Assista AgoraQue delicia de movie!
Baseado em acontecimentos reais, é a tipica comedia britânica com seu humor peculiar.
Pride - que faz jus ao nome - mostra de maneira branda e as vezes incisiva, o como o preconceito humano e as mazelas ignorantes de se deixar moldar pelas infos de massa; são nocivos não só para o bem social, mas para a humanidade em si.
A sensação que fica é que de fato, só aprendemos com o tempo.
E se, todas as culturas entendem e aceitam que na inocência das crianças é onde esta a mais tenra verdade, e é na sabedoria dos mais velhos que esta a mais tenra confirmação do que é correto; devíamos prestar mais atenção ao que as crianças veem e os cidadãos mais velhos de hj em dia, tbm.
Pq no filme e na realidade atual nossa, é muito mais facil, um considerado idosa e um considerado criança, aceitar que é na diversidade que existe a igualdade de ser SER.
um filme corretinho e gostoso que me fez derramar uma lagriminha sapeca...
recomendo :)
obs: não sei lidar ainda com a Imelda, sem relacionar ela com a Umbridge... haha que atriz fenomenal men!
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraJ.K. Simmons... ah, os tempos aureos de Oz... mas divago...
Que filme senhoras e senhores. Que filme!
Whiplash, tal qual sua temática é um exercício rítmico - e fílmico - , musical, e visceral, que mostra a musica e a educação, a obsessão e o talento, face a face numa discussão valida e diretamente proporcional a sua rítmica: tensa.
O filme possui todas as qualidades possíveis, a começar por seu roteiro firme que sabe exatamente quando observar e quando escancarar.
Atuações a altura, recheadas de entendimento entre ator e personagens.
Da musica nem se fala.. falamos de jazz.. ainda que o instrumento protagonista seja a bateria...
Mas é na dinâmica da montagem que o filme se mostra poderoso. Frenética e contemplativa, onde aqui, mais do que qualquer outro filme atual, é notável a semelhança entre a musica e a montagem cinematográfica. Quando nos referimos a ritmo de um filme, deve-se levar para o lado da musica sim. Tudo é questão de afinação, melodia, tempo... E aqui a direção consegue entender isso bem.
Musica não foi feita para ser filmado, mas sim ouvida e sentida.. logo, a unica maneira de se mostrar isso visualmente é tentando nos passara sensação que ela produz a priori... Ora claustrofóbica e enjoativa, ora confusa e embaçada, ora frenética e espaçada como em algum esporte intenso. É lindo de se perceber e acompanhar.
Um ótimo filme, que com tapas, humilhação, sangue- suor e mais sangue e suor, e amor, eleva a musica sem esquecer que em si, é cinema.
recomendadíssimo!
Ps: A sequencia final, naquele fade out... e a sequencia inteira do carro, é simplesmente <3
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraLegenda sua linda, cadê vc? :(
Na Cadência do Amor
4.0 92assisti ontem e que coisa mais fofa.
Filme daqueles que vc diz: sensível.
Só por ser cinema oriental - é dirigido por um, apesar de ter sido filmado no Reino Unido - já se espera uma carga dramática e poética latente e aqui não é exceção.
O cuidado com os planos, principalmente os fechados que demonstram através de toques entre mãos a relação daqueles personagens, a maneira que a narrativa usa a temporalidade, onde num único espaço o passado e o presente se alinham, representando as memorias que não querem ser esquecidas é lindo.
Um filme que não tem nada demais em sua trama, mas carrega emoção em sua base e mensagem. É na delicadeza e sutileza que ele se faz, é não é pequeno...
fofo
Before I Disappear
3.8 96O que que fizeram com o Curfew?? :(
como estragar uma boa ideia?
Pegue a ótima ideia e transforme-a em um longa metragem. Adicione elementos de humor tosco e voilá!
Quando assisti ao curta metragem ''Curfew'' exaltei-o aqui pela simplicidade e delicadeza que tratava dos personagens, somado a uma trilha sonora gostosa e uma cena de dança marcante.
Porem, sei la de quem foi a ideia de transformar a bagaça num longa metragem e ainda adicionar um astro 'vampiresco' de serie de tv, e tornou o filme um experimento que pretende ser indie sem ser e ainda por cima abusa de uma linguagem que não domina, justamente por que ainda pensa na trama como um curta e não no longa que se pretendeu. O que vemos é uma enxurrada de encheção de linguiça entre as lacunas de tempo. Que cria conflitos desnecessários para a narrativa principal e transforma totalmente a jornada dos protagonistas, tirando o sentido de redenção e reflexão que o curta original fazia e bem.
O saldo mais negativo é tirar da mãe da menina o foco de ser a ponte entre a vida e a morte na vida do protagonista. Neste longa, no final das contas eles restringem essa ponte a uma carta de amor sem razão de existir. (quando o correto, como o curta fez, era focar na menina e na relação dela com ele)
ate mesmo a cor vermelha perde o sentido nessa versão.
O filme não chega a ser ruim, tem seus bons momentos, mas ta longe de estar no nível do seu curta metragem original.
ps: a menina cresceu e continua uma graça *_*