Um dos mais belos e mais tristes filmes do Inarritu. Consegue fazer uma boa reflexão sobre a brevidade da vida ao mesmo tempo em que traz à tona problemas sociais como a subalternização dos imigrantes na Europa do século XXI. Muitas pessoas aqui reclamaram do tempo do filme, de ele ser muito longo e ter cenas "descartáveis", eu já enxergo por outro ângulo. O soco no estômago que a narrativa desse obra nos dá não seria tão forte se ela fosse desenvolvida em menos tempo. A quantidade de cenas mais contemplativas é proposital para reforçar essa sensação de vazio ao vermos uma vida se esvaindo diante de nossos olhos. Destaco a qualidade técnica do filme: a casa do protagonista é imunda, escura e a fotografia em tons mais escuros também ajuda a passar uma sensação de penúria e melancolia. Destaque óbvio também para atuação do Bardem, que nesse longa se firma como um dos maiores atores de sua geração.
Uau! Sem palavras! Fazia muito tempo que eu não me sentia tão conectado com a história de um filme assim. Os filmes da pixar têm essa característica marcante de contar histórias infantis que também carregam mensagens para um público mais adulto e Soul não poderia ser diferente. Essa animação fala sobre sonhos, metas de vida e a maneira como agimos até conseguirmos o que tanto queremos. Ou o que achamos que queremos. A mensagem explícita aqui é de que devemos parar de idealizar nossos propósitos de vida ou achar que viemos a esse mundo para realizar grandes coisas. Muitas vezes pensamos que só quando conseguirmos "o emprego dos sonhos", "a esposa/marido dos sonhos", "a casa dos sonhos" é que seremos definitivamente felizes e esquecemos de apreciar a trajetória, esquecemos de viver o momento presente! E não é raro pessoas conquistarem aquilo que tanto desejavam a se sentirem infelizes, vazias, e novamente se perguntarem: "qual é o meu propósito de vida?". É que, enfim, a alegria de viver reside mesmo em comer uma boa pizza, passar algum tempo com os amigos e fazer aquilo que realmente nos conecta com a nossa essência (gostei da metáfora que os roteiristas utilizam aqui, de pessoas que conseguem transcender através da meditação e se conectam com as suas essências). Em resumo, é um filme que tem uma mensagem muito forte e necessária, sobretudo em época de pandemia na qual estamos inseridos. Creio que por isso não agrade muito o público infantil. Mas é sem dúvidas, um dos melhores trabalhos da Pixar dos últimos tempos, bem ao lado de outras grandes produções como "Viva" (2017).
p.s: Falar dos atributos técnicos das animações da pixar é chover no molhado, mas eu realmente fiquei muito impressionado com a qualidade técnica apresentada nesse filme. os cenários, as vestimentas dos personagens e até alguns detalhes corporais (como os cabelos brancos do protagonista) chegam à beira da perfeição.
Eu achei que o enredo se desenvolveu de maneira muito apressada, mal dando espaço para que nós pudéssemos nos apegar aos personagens. O desenvolvimento do ato final também é muito acelerado e os familiares parecem aceitar a sexualidade do tio Frank "numa boa". Eu sei que é um filme bem solar, leve, divertido, mas senti falta de um pouco de drama pra temperar a história.
Acho lindo quando o documentarista consegue transformar situações aparentemente banais do dia a dia em poesia. Muito lindo o olhar que Wenders tem sobre a cultura do Japão, e as reflexões que ele faz sobre o cinema representar a vida e sobre se sentir em casa no país do sol nascente por ter visto os filmes de Ozu inúmeras vezes.
Senti falta do elemento "plot twist" que marca alguns dos melhores trabalhos do Fincher, como Clube da Luta (1999). Só não dou 5 estrelas aliás porque não curti muito o final, mas de resto não tenho do que reclamar. Destaque pras ótimas atuações da Rooney Mara e do Daniel Craig (convenhamos, ele nasceu pra fazer filmes investigativos/de suspense).
Esse talvez seja o segundo melhor trabalho do Welles como diretor, depois do inigualável Citizen Kane (1941). O primeiro ato se desenvolve de maneira confusa. Há um excesso de diálogos muito densos e com linguagem rebuscada (sinto que Welles queria ser bem fiel ao texto de Shakespeare). Há referências claras ao texto do escritor inglês aqui e um farto uso de metáforas que deixam o roteiro muito bem trabalhado e de difícil digestão. Piscou, perdeu a oportunidade de entender o que está se desenrolando na trama. Esta é a parte do filme mais engraçada também, com ótimas tiradas e atuações caricatas e exageradas. O filme ganha força mesmo a partir do segundo ato e da cena de guerra muito bem coreografada para os padrões da época. Creio que somente anos mais tarde, com a trilogia do senhor dos anéis é que sentimos essa atmosfera catártica medieval novamente com fidelidade. A partir daqui também os diálogos vão ganhando uma camada mais profunda, com tom existencialista e os personagens vão adquirindo feições mais melancólicas e reflexivas. A fotografia em preto em branco, longe de limitar um filme com design de produção tão bem elaborado, enaltece-a com primor. A trilha sonora também é outro espetáculo a parte. Enfim, filmão!
Eu particularmente amo esses filmes mais contemplativos, que mostram as rotinas dos personagens de maneira mais romantizada, mas acho que nesse longa faltou um pouco de sal, de substância. As reflexões trazidas não conseguiram dialogar comigo exatamente porque achei o texto muito superficial. Vale pelas locações lindas na Itália e pelo Tom Hidleston novinho (e lindo)
Filmaço! Mas devo confessar que não gostei muito do desenvolvimento do protagonista Chris. O cara é feito de otário o filme inteiro, primeiro pela esposa que sempre faz questão de esfregar na cara dele que ele é um gigolô e depois pela amante e o namorado abusivo dela. E quando finalmente ele resolve tomar uma atitude, tem que conviver com o remorso de ter matado duas pessoas que são as verdadeiras almas perversas de que trata o título da película. O filme acaba, desse modo, apresentando uma visão extremamente pessimista sobre ser uma pessoa boa, que confia demais nas pessoas, porque, no fundo, elas sempre serão feitas usadas e manipuladas por pessoas de péssimo caráter.
É um filme que tem uma fotografia bonita. Ponto, A história em si (se é que esse filme tem alguma história) não tem nada de marcante ou excepcional. Gostei da trilha sonora também.
Esse filme me suscitou uma série de questionamentos sobre a forma como nós usamos e nos expomos nas redes sociais, sobre a cultura de hiperexposição e fama a qualquer custo e muitos comentários aqui me ajudaram muito a refletir inclusive sobre questões pessoais. Interessante ver como a protagonista está sempre sozinha, mesmo tenho um programa de viagens de sucesso e mesmo seguida certamente por milhares, talvez milhões de pessoas, ela se sente só muito por não poder se expressar e seguir os seus sonhos, muito por não poder ser quem realmente é e ainda muito pelo fato de buscar sentidos para a vida e coisas completamente vazias. Esse filme enfim, fala muito sobre buscar o sentido da vida através de uma viagem (é um recurso bastante usado por outros filmes de Hollywood como Comer, rezar, amar), mas aqui é notável que a história é contada com muita sensibilidade através da ótima atuação da Maeda Atsuko e de um trabalho incrível de fotografia e direção de arte.
Normalmente eu tenho problemas com nouvelle vague, especialmente com os filmes dirigidos pelo Truffault, por achá-los muito parados e monótonos. Mas devo confessar que esse longa me conquistou, ainda que o ritmo nos dois primeiros atos quase me tenha feito desistir. A história é muito bem contada e amarrada, o contexto histórico de invasão de Paris pelas tropas de Hitler serve apenas como pano de fundo para nos apresentar uma história sobre relacionamentos humanos complicados, com personagens muito interessantes e redondinhos. Uma metalinguagem que homenageia a arte, especialmente o teatro, como válvula de escape para fugir de uma realidade dura e sombria. A arte em tempos de guerra! Gosto especialmente do personagem vivido pelo Gerard Depardieu, que é o mais complexo e que demanda mais carga dramática em toda a trama. Cinematograficamente falando, o filme ainda conta com uma linda fotografia, além de um figurino muito adequado pra época (início dos anos 1940). Uma grata surpresa, enfim, e um dos melhores trabalhos tardios do cineasta francês.
Win Wenders é um mestre em retratar a natureza humana, em todas as suas nuances e características mais sórdidas. Ouso dizer que o homem hipocondríaco (uma atuação magistral de Bruno Ganz) sempre soube que estava sendo enganado, que estava sendo usado pelo suposto amigo, com a desculpa de ajudá-lo a tratar de sua doença. Em lembra um pouco as pessoas que caem nas noticias falsas do whatsapp: no fundo, elas sabem que aquilo não representa a realidade, sabem que é um mentira, mas querem acreditar nas mensagens que recebem porque elas corroboram as suas visões de mundo. É um mecanismo psicológico que foi muito bem detalhado nesse filme. O Jhonatan sabe que não vai morrer, mas no fundo ele quer acreditar que sim, porque se sente profundamente infeliz (o longa dá pistas de que ele queria ser um artista mais reconhecido do que simplesmente um emoldurador e se sente infeliz com o próprio casamento também). Enfim, um interessante trabalho psicológico com muitas camadas que merece ser assistido mais de uma vez para que possamos compreendê-las em sua total dimensão. Acho que nem preciso falar da fotografia e dos enquadramentos lindos que são pura arte, seria chover no molhado. Ah, e o aquele capuz amarelo do Jhonatan seria uma referência para o Jonas de Dark?
Filme delicioso sobre solidão, encontros e reencontros (com quem amamos e principalmente, com nós mesmos). A sensação que tive ao longo de todo o filme foi de vazio existencial. Esse longa permitiu olhar pra dentro de mim mesmo e me perguntar para onde estou indo várias vezes. Por ser um filme mais contemplativo e de difícil digestão, acredito que nem todos possam apreciá-lo da forma como merece. Não é meu preferido do Win, mas me colocou pra pensar e me tocou profundamente. Recomendo
Uma grata surpresa. Apesar de ser um clichê, o roteiro é muito bem desenvolvido e os diálogos te prendem do começo ao fim, ainda que algumas partes sejam muito arrastadas. Fotografia e trilha tambem impecáveis. Se eu tivesse que apontar um ponto negativo, é que pra mim não fica claro se o Birdy é bissexual ou está usando a menina com quem ele "namora" apenas pra se afastar do Ji-Han. Acho que a bissexualidade sempre é mal representada nesse gênero de filme com temática LGBT, e esse longa, infelizmente, não foi exceção.
É apenas chato e desinteressante, os diálogos iniciais são sofríveis e tive dificuldade de entender do que a história se tratava no início. Nos minutos finais, a trama vai ganhando forma e tem alguns momentos bem divertidos, mas nada que consiga salvar. Vale pelas músicas e por retratar muito bem a cena underground britânica dos anos 1960, da qual o próprio Jagger fez parte.
Eu noto uma influência muito grande do Peckinpah nos filmes do Tarantino. Filmes com cenas de violência bem marcantes alternadas com cenas recheadas de diálogos fortes (e muitas vezes bem arrastadas). Esse é o filme desse diretor que eu mais curto, mais até que Meu ódio será tua herança, que é considerada a obra prima dele. Talvez seja pela trilha sonora composta pelo próprio Bob Dylan (que também faz uma pontinha no filme) casa muito bem com as cenas no deserto e dá uma ar mais contemporâneo ao filme. Talvez também pelas cenas de tiroteio (que são mais raras aqui do que em outros filmes do diretor) muito bem montadas. Talvez ainda pelas atuações secas, mas bem executadas do elenco (com exceção do Dylan, que está bem morninho). Enfim, esse filme tem vários atributos que o fazem um clássico do gênero faroeste indispensável.
Vou aproveitar pra fazer um comentário diferente dessa vez, sobre a romantização que filmes antigos fazem em relação ao estupro. É impressionante a quantidade de filmes feitos até os anos 1990 que simplesmente não conseguem traçar um limite entre sexo consensual e estupro. Esse filme infelizmente não foi diferente. O que eu vejo é que os roteiristas e diretores pareciam acreditar firmemente que "não" não é resposta e que quando a mulher diz "não", na verdade ela quer dizer "sim". Enfim, uma cena que me desagradou muito nesse filme, fora outros aspectos como personagens extremamente desinteressantes.
Fui ler alguns comentários aqui e achei que fosse me decepcionar, mas a verdade é que gostei muito do filme. A estética aqui me agradou muito: desde a fotografia até a paleta de cores muito bem pensada. O roteiro ficou a desejar em alguns aspectos, mesmo entregando bons diálogos e conseguindo prender a nossa atenção de maneira eficaz, creio que ficaram algumas pontas soltas. A atuação da Haley Bennet não chega a me incomodar, mas também não me prende. O ator que faz o marido dela só é bonito, mas é muito sem sal. Ponto negativo do filme disparado.
Como já foi falado aqui, faltou um pouco de história. Fiquei muito curioso pra saber um pouco mais sobre quem é a ariana na intimidade, fora dos palcos e longe do olhar das câmeras, mas recebi praticamente a mesma coisa que vi na série documental que ela produziu pro youtube. Um punhado de imagens divertidas, mas muito montadas, muito maquiadas, senti falta dela falando sobre os relacionamentos, sobre o atentado de manchester, sobre as amizades dela no mundo da música, mas também sei que ela é bastante reservada quanto a vida pessoal. Enfim, musicalmente nem tenho o que falar porque a ariana é apenas a melhor cantora dessa geração, só o documentário que em si ficou muito a desejar.
Sendo bem honesto: não me agradou. Eu consigo enxergar as virtudes artísticas desse filme, consigo enxergar as escolhas estéticas que vão desde uma fotografia belíssima até todo um trabalho de direção de arte de encher os olhos. Tecnicamente é muito bem executado e creio que tem uma história muito boa, muito original, que, no entanto, não consegue me cativar. Nos primeiros trinta minutos eu fiquei encantado com a beleza das paisagens, das vestimentas típicas, dos cantos lamoriosos dos fiéis ortodoxos, mas chega um momento em que tudo isso fica muito sufocante, agonizante e eu nem consegui mais ouvir as canções de tão maçantes. Com todo respeito, sei que é um aspecto cultural da Geórgia, só simplesmente não funcionou pra mim!
Me surpreendi muito com a qualidade estética desse filme. Em pleno anos 1970, essa obra do Jodorowsky mostra uma maturidade do cinema mexicano digna de ser premiada. A fotografia, o próprio cenário desértico rodeado de montanhas, o figurino, a maquiagem e as atuações exageradas nos conduzem a um universo onírico que talvez só faça sentido na cabeça do diretor. Muitas vezes é confuso, difícil de entender e digerir, mas é que a arte é assim mesmo. Às vezes perde a beleza e o encanto quando é explicada. Mas me dando um pouco de liberdade para interpretá-la, a meu ver, o personagem principal está profundamente angustiado porque não encontra sentido na vida (em uma cena ele até insinua um suicídio) e a jornada pelo deserto, para matar os quatro grandes lutadores é uma jornada para encontrar a si mesmo. Tudo isso recheado de referências bíblicas (a religião usada para dar sentido à vida) e personagens que no fundo, não existem de fato, mas representam apenas "vozes" na cabeça do protagonista, como se estivessem dando conselhos a ele. Gosto especialmente do último lutador, um senhor velhinho que vence o protagonista usando apenas uma rede que caçar borboletas. "Minha rede é mais eficaz que suas balas", ele diz. Enfim, um filme com clara influência surrealista e psicodélica, muito belo e impactante visualmente e que deve ser apreciado com paciência e olhos atentos para compreender todas as metáforas e simbologias.
Esse filme tem uma importância enorme para o gênero blaxplotaition e consegue narrar temas tão importantes como a violência policial, a perseguição á cultura negra e a objetificação do homem negro com muita ironia e sagacidade. A trilha sonora composta por mestres da black music dos anos 1960 também é um ponto alto do filme. Mas eu vejo que faltou algo, o roteiro é pouco consistente, e muitas vezes, confuso. Não me prendeu como eu gostaria.
Fiquei um pouco decepcionado com esse filme. Por ser russo e dirigido pelo Kurosowa, achava que a história fosse me prender bem mais. No entanto, achei-o muito arrastado, demorou a engrenar e a me fazer sentir conectado com a trama, a primeira hora de filme passa arrastando e todo o conjunto de imagens na selva é muito desinteressante. Também é um filme confuso pra quem conhece pouco sobre a história e a geografia russa. Eu mesmo tive que pesquisar sobre o contexto histórico depois pra poder compreender. Nos últimos 40 minutos é que a trama realmente ganha força e brilha aos nossos olhos a história de amizade entre um indígena siberiano, selvagem e acostumado com a selva e um capitão do exército russo morador da cidade e acostumado às facilidades que o ambiente urbano proporciona. Esse choque de mundos é retratado de maneira muito bela, e ao mesmo tempo, triste, com um trágico final, que me lembra muito a história de indígenas que, retirados do seu meio natural, não conseguem se adaptar às novas condições de vida. Um retrato belo da rica e miscigenada Rússia do início dos anos 1900, que no entanto, poderia facilmente ser condensado em menos de 2 horas.
Evidente que serviu de inspiração para Mindsommar, mas acho que esse filme além de ter o mérito de ser um dos primeiros a tratar do tema das religiões pagãs e mesclá-lo com uma pitada de terror e suspense, consegue desenvolver o argumento melhor que o filme de Aster. Aqui, enquanto fica clara a crítica do roteiro à intolerância regiliosa e ao preconceito que a Europa cristã tem para com seus próprios habitantes praticantes de religiões neopagãs, o filme de Aster tem uma mensagem confusa, se destacando no entanto pelas atuações fora de série de todo o elenco e o conjunto de efeitos visuais. Gostei mais dessa filme também por achá-lo mais musicado (as canções são lindas, por sinal, e acompanham o ritmo da história de maneira bastante contundente) e também pelos lindos cenários do norte da Inglaterra.
Biutiful
4.0 1,1KUm dos mais belos e mais tristes filmes do Inarritu. Consegue fazer uma boa reflexão sobre a brevidade da vida ao mesmo tempo em que traz à tona problemas sociais como a subalternização dos imigrantes na Europa do século XXI. Muitas pessoas aqui reclamaram do tempo do filme, de ele ser muito longo e ter cenas "descartáveis", eu já enxergo por outro ângulo. O soco no estômago que a narrativa desse obra nos dá não seria tão forte se ela fosse desenvolvida em menos tempo. A quantidade de cenas mais contemplativas é proposital para reforçar essa sensação de vazio ao vermos uma vida se esvaindo diante de nossos olhos. Destaco a qualidade técnica do filme: a casa do protagonista é imunda, escura e a fotografia em tons mais escuros também ajuda a passar uma sensação de penúria e melancolia. Destaque óbvio também para atuação do Bardem, que nesse longa se firma como um dos maiores atores de sua geração.
Soul
4.3 1,4KUau! Sem palavras! Fazia muito tempo que eu não me sentia tão conectado com a história de um filme assim. Os filmes da pixar têm essa característica marcante de contar histórias infantis que também carregam mensagens para um público mais adulto e Soul não poderia ser diferente. Essa animação fala sobre sonhos, metas de vida e a maneira como agimos até conseguirmos o que tanto queremos. Ou o que achamos que queremos. A mensagem explícita aqui é de que devemos parar de idealizar nossos propósitos de vida ou achar que viemos a esse mundo para realizar grandes coisas. Muitas vezes pensamos que só quando conseguirmos "o emprego dos sonhos", "a esposa/marido dos sonhos", "a casa dos sonhos" é que seremos definitivamente felizes e esquecemos de apreciar a trajetória, esquecemos de viver o momento presente! E não é raro pessoas conquistarem aquilo que tanto desejavam a se sentirem infelizes, vazias, e novamente se perguntarem: "qual é o meu propósito de vida?". É que, enfim, a alegria de viver reside mesmo em comer uma boa pizza, passar algum tempo com os amigos e fazer aquilo que realmente nos conecta com a nossa essência (gostei da metáfora que os roteiristas utilizam aqui, de pessoas que conseguem transcender através da meditação e se conectam com as suas essências). Em resumo, é um filme que tem uma mensagem muito forte e necessária, sobretudo em época de pandemia na qual estamos inseridos. Creio que por isso não agrade muito o público infantil. Mas é sem dúvidas, um dos melhores trabalhos da Pixar dos últimos tempos, bem ao lado de outras grandes produções como "Viva" (2017).
p.s: Falar dos atributos técnicos das animações da pixar é chover no molhado, mas eu realmente fiquei muito impressionado com a qualidade técnica apresentada nesse filme. os cenários, as vestimentas dos personagens e até alguns detalhes corporais (como os cabelos brancos do protagonista) chegam à beira da perfeição.
Tio Frank
3.9 240 Assista AgoraEu achei que o enredo se desenvolveu de maneira muito apressada, mal dando espaço para que nós pudéssemos nos apegar aos personagens. O desenvolvimento do ato final também é muito acelerado e os familiares parecem aceitar a sexualidade do tio Frank "numa boa". Eu sei que é um filme bem solar, leve, divertido, mas senti falta de um pouco de drama pra temperar a história.
Tokyo Ga
4.2 19 Assista AgoraAcho lindo quando o documentarista consegue transformar situações aparentemente banais do dia a dia em poesia. Muito lindo o olhar que Wenders tem sobre a cultura do Japão, e as reflexões que ele faz sobre o cinema representar a vida e sobre se sentir em casa no país do sol nascente por ter visto os filmes de Ozu inúmeras vezes.
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraSenti falta do elemento "plot twist" que marca alguns dos melhores trabalhos do Fincher, como Clube da Luta (1999). Só não dou 5 estrelas aliás porque não curti muito o final, mas de resto não tenho do que reclamar. Destaque pras ótimas atuações da Rooney Mara e do Daniel Craig (convenhamos, ele nasceu pra fazer filmes investigativos/de suspense).
Falstaff - O Toque da Meia Noite
3.8 18Esse talvez seja o segundo melhor trabalho do Welles como diretor, depois do inigualável Citizen Kane (1941). O primeiro ato se desenvolve de maneira confusa. Há um excesso de diálogos muito densos e com linguagem rebuscada (sinto que Welles queria ser bem fiel ao texto de Shakespeare). Há referências claras ao texto do escritor inglês aqui e um farto uso de metáforas que deixam o roteiro muito bem trabalhado e de difícil digestão. Piscou, perdeu a oportunidade de entender o que está se desenrolando na trama. Esta é a parte do filme mais engraçada também, com ótimas tiradas e atuações caricatas e exageradas. O filme ganha força mesmo a partir do segundo ato e da cena de guerra muito bem coreografada para os padrões da época. Creio que somente anos mais tarde, com a trilogia do senhor dos anéis é que sentimos essa atmosfera catártica medieval novamente com fidelidade. A partir daqui também os diálogos vão ganhando uma camada mais profunda, com tom existencialista e os personagens vão adquirindo feições mais melancólicas e reflexivas. A fotografia em preto em branco, longe de limitar um filme com design de produção tão bem elaborado, enaltece-a com primor. A trilha sonora também é outro espetáculo a parte. Enfim, filmão!
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3.2 13 Assista AgoraEu particularmente amo esses filmes mais contemplativos, que mostram as rotinas dos personagens de maneira mais romantizada, mas acho que nesse longa faltou um pouco de sal, de substância. As reflexões trazidas não conseguiram dialogar comigo exatamente porque achei o texto muito superficial. Vale pelas locações lindas na Itália e pelo Tom Hidleston novinho (e lindo)
Almas Perversas
4.2 76 Assista AgoraFilmaço! Mas devo confessar que não gostei muito do desenvolvimento do protagonista Chris. O cara é feito de otário o filme inteiro, primeiro pela esposa que sempre faz questão de esfregar na cara dele que ele é um gigolô e depois pela amante e o namorado abusivo dela. E quando finalmente ele resolve tomar uma atitude, tem que conviver com o remorso de ter matado duas pessoas que são as verdadeiras almas perversas de que trata o título da película. O filme acaba, desse modo, apresentando uma visão extremamente pessimista sobre ser uma pessoa boa, que confia demais nas pessoas, porque, no fundo, elas sempre serão feitas usadas e manipuladas por pessoas de péssimo caráter.
Ham on Rye
2.3 6 Assista AgoraÉ um filme que tem uma fotografia bonita. Ponto, A história em si (se é que esse filme tem alguma história) não tem nada de marcante ou excepcional. Gostei da trilha sonora também.
O Fim da Viagem, O Começo de Tudo
3.8 25 Assista AgoraEsse filme me suscitou uma série de questionamentos sobre a forma como nós usamos e nos expomos nas redes sociais, sobre a cultura de hiperexposição e fama a qualquer custo e muitos comentários aqui me ajudaram muito a refletir inclusive sobre questões pessoais. Interessante ver como a protagonista está sempre sozinha, mesmo tenho um programa de viagens de sucesso e mesmo seguida certamente por milhares, talvez milhões de pessoas, ela se sente só muito por não poder se expressar e seguir os seus sonhos, muito por não poder ser quem realmente é e ainda muito pelo fato de buscar sentidos para a vida e coisas completamente vazias. Esse filme enfim, fala muito sobre buscar o sentido da vida através de uma viagem (é um recurso bastante usado por outros filmes de Hollywood como Comer, rezar, amar), mas aqui é notável que a história é contada com muita sensibilidade através da ótima atuação da Maeda Atsuko e de um trabalho incrível de fotografia e direção de arte.
O Último Metrô
3.8 68 Assista AgoraNormalmente eu tenho problemas com nouvelle vague, especialmente com os filmes dirigidos pelo Truffault, por achá-los muito parados e monótonos. Mas devo confessar que esse longa me conquistou, ainda que o ritmo nos dois primeiros atos quase me tenha feito desistir. A história é muito bem contada e amarrada, o contexto histórico de invasão de Paris pelas tropas de Hitler serve apenas como pano de fundo para nos apresentar uma história sobre relacionamentos humanos complicados, com personagens muito interessantes e redondinhos. Uma metalinguagem que homenageia a arte, especialmente o teatro, como válvula de escape para fugir de uma realidade dura e sombria. A arte em tempos de guerra! Gosto especialmente do personagem vivido pelo Gerard Depardieu, que é o mais complexo e que demanda mais carga dramática em toda a trama. Cinematograficamente falando, o filme ainda conta com uma linda fotografia, além de um figurino muito adequado pra época (início dos anos 1940). Uma grata surpresa, enfim, e um dos melhores trabalhos tardios do cineasta francês.
O Amigo Americano
3.9 70 Assista AgoraWin Wenders é um mestre em retratar a natureza humana, em todas as suas nuances e características mais sórdidas. Ouso dizer que o homem hipocondríaco (uma atuação magistral de Bruno Ganz) sempre soube que estava sendo enganado, que estava sendo usado pelo suposto amigo, com a desculpa de ajudá-lo a tratar de sua doença. Em lembra um pouco as pessoas que caem nas noticias falsas do whatsapp: no fundo, elas sabem que aquilo não representa a realidade, sabem que é um mentira, mas querem acreditar nas mensagens que recebem porque elas corroboram as suas visões de mundo. É um mecanismo psicológico que foi muito bem detalhado nesse filme. O Jhonatan sabe que não vai morrer, mas no fundo ele quer acreditar que sim, porque se sente profundamente infeliz (o longa dá pistas de que ele queria ser um artista mais reconhecido do que simplesmente um emoldurador e se sente infeliz com o próprio casamento também). Enfim, um interessante trabalho psicológico com muitas camadas que merece ser assistido mais de uma vez para que possamos compreendê-las em sua total dimensão. Acho que nem preciso falar da fotografia e dos enquadramentos lindos que são pura arte, seria chover no molhado. Ah, e o aquele capuz amarelo do Jhonatan seria uma referência para o Jonas de Dark?
Alice nas Cidades
4.3 96 Assista AgoraFilme delicioso sobre solidão, encontros e reencontros (com quem amamos e principalmente, com nós mesmos). A sensação que tive ao longo de todo o filme foi de vazio existencial. Esse longa permitiu olhar pra dentro de mim mesmo e me perguntar para onde estou indo várias vezes. Por ser um filme mais contemplativo e de difícil digestão, acredito que nem todos possam apreciá-lo da forma como merece. Não é meu preferido do Win, mas me colocou pra pensar e me tocou profundamente. Recomendo
Seu Nome Gravado em Mim
4.0 180Uma grata surpresa. Apesar de ser um clichê, o roteiro é muito bem desenvolvido e os diálogos te prendem do começo ao fim, ainda que algumas partes sejam muito arrastadas. Fotografia e trilha tambem impecáveis. Se eu tivesse que apontar um ponto negativo, é que pra mim não fica claro se o Birdy é bissexual ou está usando a menina com quem ele "namora" apenas pra se afastar do Ji-Han. Acho que a bissexualidade sempre é mal representada nesse gênero de filme com temática LGBT, e esse longa, infelizmente, não foi exceção.
Performance
3.6 23 Assista AgoraÉ apenas chato e desinteressante, os diálogos iniciais são sofríveis e tive dificuldade de entender do que a história se tratava no início. Nos minutos finais, a trama vai ganhando forma e tem alguns momentos bem divertidos, mas nada que consiga salvar. Vale pelas músicas e por retratar muito bem a cena underground britânica dos anos 1960, da qual o próprio Jagger fez parte.
Pat Garrett e Billy the Kid
3.9 68 Assista AgoraEu noto uma influência muito grande do Peckinpah nos filmes do Tarantino. Filmes com cenas de violência bem marcantes alternadas com cenas recheadas de diálogos fortes (e muitas vezes bem arrastadas). Esse é o filme desse diretor que eu mais curto, mais até que Meu ódio será tua herança, que é considerada a obra prima dele. Talvez seja pela trilha sonora composta pelo próprio Bob Dylan (que também faz uma pontinha no filme) casa muito bem com as cenas no deserto e dá uma ar mais contemporâneo ao filme. Talvez também pelas cenas de tiroteio (que são mais raras aqui do que em outros filmes do diretor) muito bem montadas. Talvez ainda pelas atuações secas, mas bem executadas do elenco (com exceção do Dylan, que está bem morninho). Enfim, esse filme tem vários atributos que o fazem um clássico do gênero faroeste indispensável.
Sob o Domínio do Medo
3.8 268Vou aproveitar pra fazer um comentário diferente dessa vez, sobre a romantização que filmes antigos fazem em relação ao estupro. É impressionante a quantidade de filmes feitos até os anos 1990 que simplesmente não conseguem traçar um limite entre sexo consensual e estupro. Esse filme infelizmente não foi diferente. O que eu vejo é que os roteiristas e diretores pareciam acreditar firmemente que "não" não é resposta e que quando a mulher diz "não", na verdade ela quer dizer "sim". Enfim, uma cena que me desagradou muito nesse filme, fora outros aspectos como personagens extremamente desinteressantes.
Devorar
3.7 366 Assista AgoraFui ler alguns comentários aqui e achei que fosse me decepcionar, mas a verdade é que gostei muito do filme. A estética aqui me agradou muito: desde a fotografia até a paleta de cores muito bem pensada. O roteiro ficou a desejar em alguns aspectos, mesmo entregando bons diálogos e conseguindo prender a nossa atenção de maneira eficaz, creio que ficaram algumas pontas soltas. A atuação da Haley Bennet não chega a me incomodar, mas também não me prende. O ator que faz o marido dela só é bonito, mas é muito sem sal. Ponto negativo do filme disparado.
Excuse Me, I Love You: Ariana Grande
3.5 64Como já foi falado aqui, faltou um pouco de história. Fiquei muito curioso pra saber um pouco mais sobre quem é a ariana na intimidade, fora dos palcos e longe do olhar das câmeras, mas recebi praticamente a mesma coisa que vi na série documental que ela produziu pro youtube. Um punhado de imagens divertidas, mas muito montadas, muito maquiadas, senti falta dela falando sobre os relacionamentos, sobre o atentado de manchester, sobre as amizades dela no mundo da música, mas também sei que ela é bastante reservada quanto a vida pessoal. Enfim, musicalmente nem tenho o que falar porque a ariana é apenas a melhor cantora dessa geração, só o documentário que em si ficou muito a desejar.
Os Cavalos de Fogo
4.1 36 Assista AgoraSendo bem honesto: não me agradou. Eu consigo enxergar as virtudes artísticas desse filme, consigo enxergar as escolhas estéticas que vão desde uma fotografia belíssima até todo um trabalho de direção de arte de encher os olhos. Tecnicamente é muito bem executado e creio que tem uma história muito boa, muito original, que, no entanto, não consegue me cativar. Nos primeiros trinta minutos eu fiquei encantado com a beleza das paisagens, das vestimentas típicas, dos cantos lamoriosos dos fiéis ortodoxos, mas chega um momento em que tudo isso fica muito sufocante, agonizante e eu nem consegui mais ouvir as canções de tão maçantes. Com todo respeito, sei que é um aspecto cultural da Geórgia, só simplesmente não funcionou pra mim!
El Topo
4.0 219Me surpreendi muito com a qualidade estética desse filme. Em pleno anos 1970, essa obra do Jodorowsky mostra uma maturidade do cinema mexicano digna de ser premiada. A fotografia, o próprio cenário desértico rodeado de montanhas, o figurino, a maquiagem e as atuações exageradas nos conduzem a um universo onírico que talvez só faça sentido na cabeça do diretor. Muitas vezes é confuso, difícil de entender e digerir, mas é que a arte é assim mesmo. Às vezes perde a beleza e o encanto quando é explicada. Mas me dando um pouco de liberdade para interpretá-la, a meu ver, o personagem principal está profundamente angustiado porque não encontra sentido na vida (em uma cena ele até insinua um suicídio) e a jornada pelo deserto, para matar os quatro grandes lutadores é uma jornada para encontrar a si mesmo. Tudo isso recheado de referências bíblicas (a religião usada para dar sentido à vida) e personagens que no fundo, não existem de fato, mas representam apenas "vozes" na cabeça do protagonista, como se estivessem dando conselhos a ele. Gosto especialmente do último lutador, um senhor velhinho que vence o protagonista usando apenas uma rede que caçar borboletas. "Minha rede é mais eficaz que suas balas", ele diz. Enfim, um filme com clara influência surrealista e psicodélica, muito belo e impactante visualmente e que deve ser apreciado com paciência e olhos atentos para compreender todas as metáforas e simbologias.
Sweet Sweetback's Baadasssss Song
3.4 21Esse filme tem uma importância enorme para o gênero blaxplotaition e consegue narrar temas tão importantes como a violência policial, a perseguição á cultura negra e a objetificação do homem negro com muita ironia e sagacidade. A trilha sonora composta por mestres da black music dos anos 1960 também é um ponto alto do filme. Mas eu vejo que faltou algo, o roteiro é pouco consistente, e muitas vezes, confuso. Não me prendeu como eu gostaria.
Dersu Uzala
4.4 153 Assista AgoraFiquei um pouco decepcionado com esse filme. Por ser russo e dirigido pelo Kurosowa, achava que a história fosse me prender bem mais. No entanto, achei-o muito arrastado, demorou a engrenar e a me fazer sentir conectado com a trama, a primeira hora de filme passa arrastando e todo o conjunto de imagens na selva é muito desinteressante. Também é um filme confuso pra quem conhece pouco sobre a história e a geografia russa. Eu mesmo tive que pesquisar sobre o contexto histórico depois pra poder compreender. Nos últimos 40 minutos é que a trama realmente ganha força e brilha aos nossos olhos a história de amizade entre um indígena siberiano, selvagem e acostumado com a selva e um capitão do exército russo morador da cidade e acostumado às facilidades que o ambiente urbano proporciona. Esse choque de mundos é retratado de maneira muito bela, e ao mesmo tempo, triste, com um trágico final, que me lembra muito a história de indígenas que, retirados do seu meio natural, não conseguem se adaptar às novas condições de vida. Um retrato belo da rica e miscigenada Rússia do início dos anos 1900, que no entanto, poderia facilmente ser condensado em menos de 2 horas.
O Homem de Palha
4.0 482 Assista AgoraEvidente que serviu de inspiração para Mindsommar, mas acho que esse filme além de ter o mérito de ser um dos primeiros a tratar do tema das religiões pagãs e mesclá-lo com uma pitada de terror e suspense, consegue desenvolver o argumento melhor que o filme de Aster. Aqui, enquanto fica clara a crítica do roteiro à intolerância regiliosa e ao preconceito que a Europa cristã tem para com seus próprios habitantes praticantes de religiões neopagãs, o filme de Aster tem uma mensagem confusa, se destacando no entanto pelas atuações fora de série de todo o elenco e o conjunto de efeitos visuais. Gostei mais dessa filme também por achá-lo mais musicado (as canções são lindas, por sinal, e acompanham o ritmo da história de maneira bastante contundente) e também pelos lindos cenários do norte da Inglaterra.