Maestro existe com um único propósito, mas engane-se quem pensa que é contar a história de Bernard Leonard Bernstein.
Nada disso, a razão do Oscar bait da Netflix existir é satisfazer o ego de Bradley Cooper. Até porque, quando os créditos finais começaram a rolar, percebi que sabia tanto sobre o protagonista quanto antes de dar o play. Já as cenas em que Cooper imitava Lenny, fazia closes demoradíssimos de sua face expressando todo tipo de emoções, a mudança de fotografia ao longo do filme... Isso, sim, tinha muito a dizer, ainda que não fossem coisas positivas.
Claro que qualidade técnica é sempre bem-vinda em qualquer produção. Porém, quando o filme é vazio, como é o caso de Maestro, tudo soa apenas como perfumaria. O roteiro é um apanhado de momentos da vida de Leonard Bernstein, que em nenhum momento apresenta qualquer conflito, desenvolvimento ou aprofundamento em nenhuma das pessoas retratadas. Ora, um filme é muito mais que um amontoado de cenas que não dizem nada entre si e não se conectam. É preciso contar uma história. Em vez disso, o longa de Bradley Cooper parece mais um Arquivo Confidencial, do Domingão do Faustão, feito ao nível hollywoodiano.
A cada cena grandiosa do protagonista, como o plano longo dele regendo uma orquestra numa catedral, só aumentava a minha impressão de que Bradley Cooper olhava para a câmera e falava: - Nossa, eu mandei bem demais nessa, hein. Como eu sou foda por atuar, dirigir e produzir um filme tão genial.
Inception foi claramente inspirado em Paprika, são diversas similaridades, desde cenas bem parecidas até a ideia de se implantar sonhos em outras pessoas. As diferenças ficam por conta das limitações e manias do Nolan como contador de histórias. Conhecendo a necessidade que ele tem de explicar TUDO que acontece em tela, duvido muito que ele conseguiria criar um obra surrealista como essa.
Diferente de todos os filmes sobre assassinos profissionais que vem sendo feitos nos últimos anos (e não são poucos), O Assassino tem apenas uma cena de ação. Ela nem dura muito e para piorar demora mais da metade do filme para acontecer. Ainda assim, ela é A Cena de Luta, algo que só um diretor com pleno domínio de suas habilidades seria capaz de realizar.
Para começar, ela se passa em um ambiente totalmente fechado e com todas as luzes apagadas, muito diferente das habituais luzes neon. A montagem dela também é extremamente competente, apesar dos cortes rápidos (indo na contramão dos inúmeros planos-sequência que vem sendo gravados) e da falta de iluminação, é possível acompanhar cada golpe desferido sem se perder. E, claro, os dois personagens em cena lutam de formas completamente distintas, se o protagonista vivido por Michael Fassbender é mais metódico e estrategista em seus golpes, o brucutu que é o alvo dele já parte para uma abordagem mais agressiva e com mais força bruta.
É algo que merece ser visto e revisto por todo diretor que pretende fazer sequências de luta daqui pra frente.
Mas não é só essa cena do filme que é boa, claro. Todo o restante dele é igualmente pensado para funcionar de forma tão pontual quanto um relógio suíço. Algo que me chamou atenção é paleta de cores escolhida, sempre podemos ver uma combinação de amarelo e verde, bastante usada para representar doença e podridão, principalmente nos cenários noturnos e internos, como se a corrupção tomasse seu lugar quando o sol se põe e quando ninguém está olhando.
Fico me perguntando como esse filme não se tornou um dos clássicos trashes de antigamente. . Tem todos os ingredientes necessários para alcançar o posto: atuações canastronas, nenhum compromisso em se levar a sério, cenas absurdas e sangue e humor na mesma medida. Na hora que a personagem da Vivica Fox puxa um relógio cheio de runas e diz que faltam 6 minutos para a meia-noite druida, eu tive que pausar pata bater palmas. . A cereja do bolo é a trilha sonora, com várias faixas que vão do hardcore ao pop punk, com direito a uma participação hilária do
Um passatempo que tem o seu charme, apesar das pataquadas da época. Catherine Zeta-Jones e Sean Connery funcionam surpreendentemente bem juntos, a ponto de me fazer deixar de estranhar o casal para começar a torcer para que eles ficassem juntos. As cenas de ação até que são bastante competentes, contanto que você deixe de prestar atenção nos dublês que nitidamente não são o ex-007.
Pouco antes dos créditos subirem tem uma cena que achei muito bonita pela simplicidade dela. É aquela em que
, logo após possibilitar a fuga Gin, Mac se senta num banco e a câmera se aproxima aos poucos mostrando a expressão dele ir de uma amarga frustração por ter deixado ir a única pessoa que o entendia para uma satisfação por ela ter se safado.
John Woo é John Woo, né? Você pode comprar o ingresso com a certeza de que vai ver cenas de ação no mais alto nível. O terço final é frenético como um bom filme do diretor deve ser. E ainda há o diferencial de que ele é todo sem diálogos, o que torna a experiência ainda mais diferenciada das demais produções do gênero.
E a ausência de falas não é só uma firula narrativa, é um elemento que serve para ressaltar e internalizar a raiva do protagonista visto que ele não consegue conversar com sua esposa. À medida que o personagem de Joel Kinnaman (excelente como é de costume) vai deixado-a de lado, sua raiva se torna maior.
E até por esse elemento a mais que sinto que o final acabou sendo corrido e talvez até limado por algum produtor. Já no final vemos que as ações do protagonista estão
prejudicando até mesmo os policiais, mortos no fogo cruzado de uma guerra de gangues (que, vale dizer, escalonou rápido demais e numa única noite). Logo, quando o protagonista finalmente consegue sua vingança e fica por isso mesmo, acaba dando uma impressão de vazio, como se faltasse uma estrela no topo dessa árvore-de-natal. Aquela cartinha antes dos créditos subirem... Sei não, aquilo tem cara de final feito às pressas.
De qualquer forma, é um belo filme de ação e um experimento válido dentro do gênero.
O que tinha tudo para ser mais uma história manjada de vingança, se mostra um filme bastante interessante graças aos envolvidos.
A direção sempre inspirada do James Wan garante impacto e bastante inventividade às sequências de tiroteio e perseguição. Gostei especialmente daquela do estacionamento, tem um plano-sequência ali que deve ter dado bastante trabalho de ser realizado. Kevin Bacon, por sua vez, adiciona umas boas camadas ao protagonista que nas mãos de outro ator poderia parecer forçado. É uma verdadeira transformação física e emocional que vemos acontecer bem diante dos nossos olhos. Podia não ter aquele diálogo expositivo no final
Porém, aqui a vingança só faz o protagonista descer mais fundo, igualando-o aos seus alvos e fazendo com que ele perca tudo que ainda lhe resta. O final do protagonista não podia ser mais apropriado: relembrado o passado em vez de aproveitar o que ainda lhe restava.
Mussum - O Filmis sofre do mesmo problema que acomete boa parte das produções da Globo Filmes para o cinema: tem cara de algo feito para a televisão. Cenografia, figurinos, enquadramentos, é tudo muito típico de TV. Se fosse para apostar, diria que em algum mimento vão adicionar algumas cenas que foram cortadas e transformar numa minissérie para o Globoplay.
Nas cenas que se passam nos bastidores da Tupi e da própria Globo, faz sentido que seja assim, funciona até como um tipo de metalinguagem, mas no dia a dia do Carlinhos senti falta de algo mais cinematográfico. Mesmo a edição parece um pouco truncada, passando mais a impressão de estar alternando entre os núcleos de uma novela do que de dar continuidade à trama de um filme.
Não tem nada a ver com a suposta falta de qualidade do cinema nacional, o que tem de sobra por aí é filme brasileiro de baixo orçamento que sabe como usar a linguagem da sétima arte. Ainda assim, a cinebiografia tem seus momentos, ressalto a sequência da roda de samba em que vemos, ao fundo, o personagem título conhecendo sua primeira esposa e o breve instante em que o vemos ser ocultado pelas teclas de uma máquina de escrever, como se o talento dele ficasse escondido na Aeronáutica.
Mesmo assim, Mussum - O Filmis ainda é ótimo de ser visto, muito por conta do talento e da simpatia do Ailton Graça, um daqueles casos de escalação que não tinha como ser diferente. Em cada cena fica nítido o carinho e o respeito que ele tem pelo Mussum, interpretando-o sempre com muita humanidade e sem nunca soar caricatural e mostrando o lado Antônio Carlos que não aparecia na telinha. Por mim, ficaria mais duas horas só vendo ele encarnar o eterno trapalhão em momentos diversos de sua vida e carreira. A trilha, quase que inteiramente composta por batidas de samba, também merece ser mencionada.
Perde pontos por ser mais longo que o necessário e por aquele deus ex machina no final que mais parece saído de uma fanfic de uma fanfic adolescente. Complicaram e prolongaram demais algo que era para ser simples: um palhaço macabro barbarizando quem quer que fique no seu caminho. Nesse sentido, o primeiro é muito mais bem resolvido. Dava para cortar fácil uns 45 minutos ou mais, o que melhoraria até o ritmo dessa continuação
Apesar dos defeitos (e não são poucos), Art The Clown já pode ser considerado um novo ícone do horror, o mais assustador que surgiu nos últimos anos. Neste aqui ele volta ainda mais sádico e grotesco que no longa anterior, algo que eu achava ser impossível. Só dele estar em cena, já sabemos que tudo de ruim pode acontecer e que a vítima da vez vai sofrer muito antes de morrer.
Particularmente, vou demorar para esquecer a cena que ele
o idoso é covarde! A velha claramente se aproveitou de um estado de demência para tirar vantagem de uma situação que poderia ser facilmente resolvida por meio de agressão. Um simples socão na cara teria deixado a jovem modelo livre para abusar de todas as drogas que tivesse vontade.
Brincadeiras à parte, apesar de plot twist para lá de óbvio, A Avó é um terror muito bem feitinho. Aos poucos as peças vão se encaixando e tudo vai fazendo. As simbologias usadas pelo longa também são bem interessantes. O contraste do vermelho e azul,
óbvio num primeiro momento, faz todo sentido: o fogo, bastante presente várias cenas e em boa parte dos rituais nas mais diversas crenças, queima com uma chama azul quando está mais quente (ou seja, em sua juventude), muito diferente da chama vermelha que indica um fogo prestes a se extinguir.
Esse significado das cores nos leva para o pássaro-azul, um detalhe que pode ter passado despercebido por muitos.
Visto na gaiola ao longo do filme e livre nos momentos finais, o pássaro pode simbolizar a juventude que a avó e amiga não puderam aproveitar. A gaiola remete justamente a um amor que elas tiveram que reprimir e deixar preso por causa da época que viviam.
Claro que tenho que ressaltar a atuação de Vera Valdez. Em suas primeiras cenas, a atriz veterana se mostra frágil e desamparada,
bem diferente da presença amedrontadora que a personagem se torna perto do fim, tudo sem precisar dizer uma única palavra. Em cena em que Susana a vê na janela, logo após a cuidadora ser atropelada, é de arrepiar a espinha.
Comédia metida a espertinha, do jeito que eu esperaria que seria uma comédia feita pelo John Stewart. Apesar de conter um comentário bastante válido a respeito do sistema eleitoral dos EUA, acredito que muita gente vai torcer o nariz por não ser o tipo de sátira que te deixa rolando de rir.
Fui esperando um banho de sangue e recebi 90 minutos do protagonista tendo uma DR com ele mesmo. Me lembrou aqueles filmes feitos no começo dos anos 2000 que tentavam emular as obras do Tarantino, cheios de diálogos espertinhos e cenas violentas, só que sem 1/3 do talento que o Tarantino tem na direção e no roteiro.
Como pode um filme de 1h30 ter tanta enrolação? E pra piorar, as sequências de ação, além de poucas, são curtíssimas.
Pelo menos elas são bem feitas, com cortes rápidos que não te fazem ficar perdido com o que acontece em tela e adicionam mais ritmo às lutas, sem falar nos momentos que brincam com a mudança de eixo da câmera. De certa forma, vai meio que na contramão do cinema de ação atual, que prefere loooongos planos-sequência. A Bailarina até chega a brincar com a tradicional luta no corredor, um daqueles momentos obrigatórios nas recentes produções do gênero.
Como dá pra perceber, eu gostei bastante da ação que vi, o problema é que eu queria ter visto mais dela.
Não chega a ser ruim, mas para a ideia que tinha podia ser tão melhor. As sequências de ação são bem mornas, e para piorar, entre elas há longas cenas de explicação e narração em off do protagonista, o que compromete o ritmo de um filme poderia ser bem mais empolgante.
E o que o elenco tem de estrelado, ele tem de mal utilizado, em especial o Mel Gibson e a Michelle Yeoh.
O primeiro interpreta um chefão que é derrotado (duas vezes) com bastante facilidade, já a segunda parece ter gravado todas as suas cenas em apenas um dia.
E apesar de tudo isso, até que Mate ou Morra diverte, principalmente por conta do carisma do Frank Grillo e por não se levar a sério.
E quando você menos espera, é pego em cheio pela mensagem de amadurecimento que casa perfeitamente com as referências a video games, visto que conforme Roy progride no "jogo" mais ele se dá conta que ele precisa melhorar como homem, namorado e pai. Até porque não dá para ficar levando tudo na brincadeira para sempre.
Apesar de ser legal, espero que um dia façam um remaster.
De todos os filmes do Rob Zombie que eu já tive o desprazer de ver, As Senhoras de Salém é o mais assistível de todos. Não tem a edição frenética que as obras dele costumam ter, não tem cenas que estão lá só para chocar e é bem mais devagar, com cenas que poderiam ser chamadas de planos longos se levarmos em conta a mania do diretor de fazer cortes a todo momento.
Hoje em dia daria até pra falar que tem cara de algo lançado pela A24.
Fui pego totalmente de surpresa por esse daqui. Esperava apenas um besteirol besta e recebi muito mais que isso. Há, claro, uma boa dose de piadas mais adultos e momentos totalmente inesperados, como a personagem da Jennifer Lawrence
sendo exposta por um grupo de garotos por conta de uma piada supostamente homofóbica.
Essa cena inclusive tem a ótima sacada de adotar uma estética neon e gliter muito típica de Euphoria, como que para mostrar que Madie não pertence àquele mundo.
Só que o verdadeiro pulo do gato é como os personagens são bem desenvolvidos e aprofundados. Ambos protagonistas tinham tudo para serem caricatos, principalmente o Percy, no entanto, a medida que vamos conhecendo eles, entendemos melhor o porquê de serem do jeito que são. Tanto a agressividade e a necessidade de desapego da moça de 29 anos (???) quanto o jeito acanhado do rapaz são formas dele se protegerem de um mundo que já os machucou.
Mesmo o romance dos dois, que teria tudo para soar forçado, é muito bem feitinho. Quem cresceu assistindo Sessão da Tarde sabe que o clichê do mulherão se apaixonando pelo esquisitão não é novidade, isso é feito há décadas. Normalmente, acontecia porque sim, a gostosa se apaixonava pelo nerd porque o roteiro dizia que deveria acontecer. Que Horas Eu Te Pego? pode até não ter reinventado a roda, porém aqui o funcionamento dela é muito melhor. A seu modo, os dois vão se incentivando
Já dava para imaginar que a Jennifer Lawrence fosse tirar de letra um papel como esse, o talento e o carisma dela são do tipo que transbordam pela tela. Ainda assim, quem rouba a cena pra mim é o Andrew Barth Feldman. Ele interpreta o Percy, que como eu disse anteriormente tinha tudo para ser caricato, com tanta doçura e vulnerabilidade que quando você menos espera já está torcendo por ele.
Pelos comentários, algumas pessoas se decepcionaram pelo "excesso de drama". Pra mim é o contrário, foi justamente o que fez Que Horas Eu Te Pego? se sobressair. Quer dizer, isso e
Nem Einstein e a Teoria da Relatividade são capazes de explicar como um filme de duas horas demora uma eternidade pra acabar. É a prova de que mesmo um filme bem dirigido e com uma ótima atuação não são o suficiente para sustentar um filme.
Em qualquer outra produção eu criticaria a brutalidade e a crueza com que os assassinatos são retratados. Isso porque em qualquer outra produção cenas assim só serviriam para chocar de forma gratuito, e se tem uma coisa que Holy Spider não é em nenhum momento é gratuito. Aqui vemos como uma sociedade problemática não só crie sujeitos problemáticos, como também permite que eles cometam suas atrocidades.
E pior do que qualquer assassinato frio que o Assassino das Aranhas tenha cometido, é ver
uma criança falando que vão surgir outros homens para terminar o que ele fez e demonstrar como seu pai executava suas vítimas, enquanto sua irmã ria como se tudo não passasse de uma brincadeira. Isso, sim, é algo que vai demorar muita para sumir da minha mente.
Quem está habituado com o gênero do terror, já viu espíritos serem usados para falar de traumas do passado, de problemas psicológicos, doenças hereditárias e até mesmo DSTs. E mesmo com essa gama bastante variada de abordagens, se me dissessem que tais entidades poderiam servir de metáfora para o uso de drogas entre jovens, eu olharia com bastante ceticismo para a pessoa.
Mas é exatamente o que acontece em Fale Comigo. Mia e seus amigos participam de festinhas, só que em vez dos jovens virarem shots, se injetarem ou compartilharem baseados, eles são possuídos por espíritos.
Na segunda festa tem até uma montagem bem típica dos filmes de festas adolescentes, com cada personagem usando a icônica mão que estampa os pôsteres.
E quanto mais uma personagem usa o objeto, mais ela quer usar, mais ela começa a enxergar a realidade de outro forma. Assim como o uso exagerado de qualquer substância, abusar da possessão pode ter um final trágico.
Fale Comigo também surpreende pela coragem. Os diretores sempre vão além do que as produções atuais do gênero iriam. Onde Hollywood colocaria um corte para não mostrar nada muito pesado, os Phillipou vão lá e filmam a cena em detalhes. E que detalhes, a maquiagem é de encher os olhos (ou de fazer a gente querer desviar eles da tela). Eu, que sempre dou risada de pessoas que saem da sessão por causa de cenas muito pesadas, fiquei com vontade de sair correndo em determinado momento da segunda festinha da molecada.
Só que Danny e Michael não sabem só chocar, eles ainda encontram formas de ressaltar como as mãos são essenciais em nossa relação com as pessoas e com o mundo. Aqui e ali há planos-detalhe das mãos dos personagens recusando algo (ou alguém), fazendo carinho, sendo feridas, causando mal a alguém ou apenas recebendo um pouco de esmalte.
Fale Comigo é a prova de que o terror não precisa de sangue em abundância, mas sim de sangue novo. De gente capaz de olhar para espíritos, zumbis, robôs ou super-heróis de uma forma diferente.
Me diverti mais com esse daqui do que com muitos desses blockbusters cheios de expectativas que chegam ao cinema. Justamente por não se levar a sério nem como adaptação do desenho da Dora e nem como filme de aventura é que ele acaba sendo tão gostoso de se assistir. Em meio a tantos filmes pipoca sisudos, Dora acaba se destacando por ser leve.
Tirando algumas boas atuações, é tudo muito burocrático. Certos momentos, que poderiam gerar alguma tensão, passam sem causar nenhum impacto, como o trecho em que é mostrado o passado do Vieira. Tenho a impressão que várias cenas foram gravadas de primeira, sem que o diretor tentasse fazer algo com mais apelo emocional.
E o mistério, qualquer pessoa mais acostumada com gênero vai conseguir desvendar sem muitos problemas.
Produções da Netflix já parecem ser feitas por e para algoritmos, mas Agente Stone vai além: temos aqui o primeiro filme inteiramente criado por uma inteligência artificial. A começar pelo roteiro, que pinta uma IA como essencial para salvar o mundo.
a protagonista e sua agência teriam aprendido a confiar menos num computador e mais em seus extintos. Aqui a lição final aqui pendendo a favor da IA. Ora, Chat GPT, não é assim que você vai fazer as pessoas confiarem em você.
E se eu já não tivesse visto a Gal Gadot dar entrevistas e apresentar eventos, eu juraria que ela foi criada por computação gráfica. Seria por sua beleza fora do comum? Um pouco, mas mais pela inexpressividade de sua atuação. A moça parece incapaz de expressar qualquer tipo de emoção enquanto diz uma de suas falas. Em dado momento no final, a protagonista dá um baita discurso sobre o que faz ela e a agência dela serem diferentes do vilão. Tá certo que o texto medíocre não ajuda, só que a levantada de sobrancelha que a "atriz" dá só faz tudo ficar ainda mais vergonha alheia.
A falta de personalidade e senso de humor da protagonista contribuem ainda mais para essa aura robótica que ela tem. Notem como ela parece não entender o conceito de ironia ou força de expressão.
Em uma das últimas cenas, Fulana Stone (é tudo tão esquecível que eu realmente não lembro o primeiro nome dela) visita a hacker vilã na cadeia, que diz que a partir de agora terá como objetivo se tornar uma detenta bombada. Ao ouvir isso, a espiã apenas diz:
- Você já teve objetivos piores.
Não me surpreenderia se em alguma continuação fosse revelado que Fulana Stone é na verdade um robô convivendo entre os humanos. No entanto, acho que é ser esperançoso demais esperar esse tipo de criatividade da IA responsável pelo roteiro.
Lembro que na época que assisti Skyfall, comentei com um amigo como ele alçava a franquia do espião britânico ao patamar de grife. A fotografia, as locações, o figurino, estava tudo um patamar acima dos filmes de ação feitos na época. A partir dali, 007 era o que as outras produções do gênero tentariam ser.
Spectre vem para mostrar que essa ideia de grife foi levada a sério demais. A fotografia impecável continua lá. Cada nova cena parece saída diretamente de um comercial de perfume ou de uma marca de roupas muito caras: tudo muito lindo e blasé. Só que isso dura quase 2h30 e não 30 segundos, como os comerciais citados. Tirando a sequência do começo, não tem nada minimamente empolgante em Spectre. Para um filme de ação, a 4ª missão de Daniel Craig como James Bond é bastante apática.
E todo visual elegante serve só para disfarçar a trama desnecessariamente inchada e o vilão bobo que só sabe ficar repetindo a cada 5 minutos
Maestro
3.1 260Maestro existe com um único propósito, mas engane-se quem pensa que é contar a história de Bernard Leonard Bernstein.
Nada disso, a razão do Oscar bait da Netflix existir é satisfazer o ego de Bradley Cooper. Até porque, quando os créditos finais começaram a rolar, percebi que sabia tanto sobre o protagonista quanto antes de dar o play. Já as cenas em que Cooper imitava Lenny, fazia closes demoradíssimos de sua face expressando todo tipo de emoções, a mudança de fotografia ao longo do filme... Isso, sim, tinha muito a dizer, ainda que não fossem coisas positivas.
Claro que qualidade técnica é sempre bem-vinda em qualquer produção. Porém, quando o filme é vazio, como é o caso de Maestro, tudo soa apenas como perfumaria. O roteiro é um apanhado de momentos da vida de Leonard Bernstein, que em nenhum momento apresenta qualquer conflito, desenvolvimento ou aprofundamento em nenhuma das pessoas retratadas. Ora, um filme é muito mais que um amontoado de cenas que não dizem nada entre si e não se conectam. É preciso contar uma história. Em vez disso, o longa de Bradley Cooper parece mais um Arquivo Confidencial, do Domingão do Faustão, feito ao nível hollywoodiano.
A cada cena grandiosa do protagonista, como o plano longo dele regendo uma orquestra numa catedral, só aumentava a minha impressão de que Bradley Cooper olhava para a câmera e falava:
- Nossa, eu mandei bem demais nessa, hein. Como eu sou foda por atuar, dirigir e produzir um filme tão genial.
Paprika
4.2 503 Assista AgoraInception foi claramente inspirado em Paprika, são diversas similaridades, desde cenas bem parecidas até a ideia de se implantar sonhos em outras pessoas. As diferenças ficam por conta das limitações e manias do Nolan como contador de histórias. Conhecendo a necessidade que ele tem de explicar TUDO que acontece em tela, duvido muito que ele conseguiria criar um obra surrealista como essa.
O Assassino
3.3 515Diferente de todos os filmes sobre assassinos profissionais que vem sendo feitos nos últimos anos (e não são poucos), O Assassino tem apenas uma cena de ação. Ela nem dura muito e para piorar demora mais da metade do filme para acontecer. Ainda assim, ela é A Cena de Luta, algo que só um diretor com pleno domínio de suas habilidades seria capaz de realizar.
E por que essa cena merece tantos elogios?
Para começar, ela se passa em um ambiente totalmente fechado e com todas as luzes apagadas, muito diferente das habituais luzes neon. A montagem dela também é extremamente competente, apesar dos cortes rápidos (indo na contramão dos inúmeros planos-sequência que vem sendo gravados) e da falta de iluminação, é possível acompanhar cada golpe desferido sem se perder. E, claro, os dois personagens em cena lutam de formas completamente distintas, se o protagonista vivido por Michael Fassbender é mais metódico e estrategista em seus golpes, o brucutu que é o alvo dele já parte para uma abordagem mais agressiva e com mais força bruta.
Mas não é só essa cena do filme que é boa, claro. Todo o restante dele é igualmente pensado para funcionar de forma tão pontual quanto um relógio suíço. Algo que me chamou atenção é paleta de cores escolhida, sempre podemos ver uma combinação de amarelo e verde, bastante usada para representar doença e podridão, principalmente nos cenários noturnos e internos, como se a corrupção tomasse seu lugar quando o sol se põe e quando ninguém está olhando.
A Mão Assassina
3.0 223Fico me perguntando como esse filme não se tornou um dos clássicos trashes de antigamente.
.
Tem todos os ingredientes necessários para alcançar o posto: atuações canastronas, nenhum compromisso em se levar a sério, cenas absurdas e sangue e humor na mesma medida. Na hora que a personagem da Vivica Fox puxa um relógio cheio de runas e diz que faltam 6 minutos para a meia-noite druida, eu tive que pausar pata bater palmas.
.
A cereja do bolo é a trilha sonora, com várias faixas que vão do hardcore ao pop punk, com direito a uma participação hilária do
Offspring
Armadilha
3.2 169 Assista AgoraUm passatempo que tem o seu charme, apesar das pataquadas da época. Catherine Zeta-Jones e Sean Connery funcionam surpreendentemente bem juntos, a ponto de me fazer deixar de estranhar o casal para começar a torcer para que eles ficassem juntos. As cenas de ação até que são bastante competentes, contanto que você deixe de prestar atenção nos dublês que nitidamente não são o ex-007.
Pouco antes dos créditos subirem tem uma cena que achei muito bonita pela simplicidade dela. É aquela em que
, logo após possibilitar a fuga Gin, Mac se senta num banco e a câmera se aproxima aos poucos mostrando a expressão dele ir de uma amarga frustração por ter deixado ir a única pessoa que o entendia para uma satisfação por ela ter se safado.
O Silêncio da Vingança
2.8 61 Assista AgoraJohn Woo é John Woo, né? Você pode comprar o ingresso com a certeza de que vai ver cenas de ação no mais alto nível. O terço final é frenético como um bom filme do diretor deve ser. E ainda há o diferencial de que ele é todo sem diálogos, o que torna a experiência ainda mais diferenciada das demais produções do gênero.
E a ausência de falas não é só uma firula narrativa, é um elemento que serve para ressaltar e internalizar a raiva do protagonista visto que ele não consegue conversar com sua esposa. À medida que o personagem de Joel Kinnaman (excelente como é de costume) vai deixado-a de lado, sua raiva se torna maior.
E até por esse elemento a mais que sinto que o final acabou sendo corrido e talvez até limado por algum produtor. Já no final vemos que as ações do protagonista estão
prejudicando até mesmo os policiais, mortos no fogo cruzado de uma guerra de gangues (que, vale dizer, escalonou rápido demais e numa única noite). Logo, quando o protagonista finalmente consegue sua vingança e fica por isso mesmo, acaba dando uma impressão de vazio, como se faltasse uma estrela no topo dessa árvore-de-natal. Aquela cartinha antes dos créditos subirem... Sei não, aquilo tem cara de final feito às pressas.
Sentença de Morte
3.6 265 Assista AgoraO que tinha tudo para ser mais uma história manjada de vingança, se mostra um filme bastante interessante graças aos envolvidos.
A direção sempre inspirada do James Wan garante impacto e bastante inventividade às sequências de tiroteio e perseguição. Gostei especialmente daquela do estacionamento, tem um plano-sequência ali que deve ter dado bastante trabalho de ser realizado. Kevin Bacon, por sua vez, adiciona umas boas camadas ao protagonista que nas mãos de outro ator poderia parecer forçado. É uma verdadeira transformação física e emocional que vemos acontecer bem diante dos nossos olhos. Podia não ter aquele diálogo expositivo no final
, em que o vilão diz que o protagonista se transformou em um dos bandidos,
Quem der o play querendo assistir um herdeiro de Desejo de Matar, estará muito bem servido com as divertidíssimas cenas de gore e bastante sangue.
Porém, aqui a vingança só faz o protagonista descer mais fundo, igualando-o aos seus alvos e fazendo com que ele perca tudo que ainda lhe resta. O final do protagonista não podia ser mais apropriado: relembrado o passado em vez de aproveitar o que ainda lhe restava.
Lancelot, o Primeiro Cavaleiro
3.1 107 Assista AgoraTava até legal, mas na hora que chegou a parte da versão medieval das Olimpíadas do Faustão eu perdi o pouco respeito que ainda tinha pelo filme.
Mussum: O Filmis
3.7 167 Assista AgoraMussum - O Filmis sofre do mesmo problema que acomete boa parte das produções da Globo Filmes para o cinema: tem cara de algo feito para a televisão. Cenografia, figurinos, enquadramentos, é tudo muito típico de TV. Se fosse para apostar, diria que em algum mimento vão adicionar algumas cenas que foram cortadas e transformar numa minissérie para o Globoplay.
Nas cenas que se passam nos bastidores da Tupi e da própria Globo, faz sentido que seja assim, funciona até como um tipo de metalinguagem, mas no dia a dia do Carlinhos senti falta de algo mais cinematográfico. Mesmo a edição parece um pouco truncada, passando mais a impressão de estar alternando entre os núcleos de uma novela do que de dar continuidade à trama de um filme.
Não tem nada a ver com a suposta falta de qualidade do cinema nacional, o que tem de sobra por aí é filme brasileiro de baixo orçamento que sabe como usar a linguagem da sétima arte. Ainda assim, a cinebiografia tem seus momentos, ressalto a sequência da roda de samba em que vemos, ao fundo, o personagem título conhecendo sua primeira esposa e o breve instante em que o vemos ser ocultado pelas teclas de uma máquina de escrever, como se o talento dele ficasse escondido na Aeronáutica.
Mesmo assim, Mussum - O Filmis ainda é ótimo de ser visto, muito por conta do talento e da simpatia do Ailton Graça, um daqueles casos de escalação que não tinha como ser diferente. Em cada cena fica nítido o carinho e o respeito que ele tem pelo Mussum, interpretando-o sempre com muita humanidade e sem nunca soar caricatural e mostrando o lado Antônio Carlos que não aparecia na telinha. Por mim, ficaria mais duas horas só vendo ele encarnar o eterno trapalhão em momentos diversos de sua vida e carreira. A trilha, quase que inteiramente composta por batidas de samba, também merece ser mencionada.
Aterrorizante 2
2.9 423 Assista AgoraPerde pontos por ser mais longo que o necessário e por aquele deus ex machina no final que mais parece saído de uma fanfic de uma fanfic adolescente. Complicaram e prolongaram demais algo que era para ser simples: um palhaço macabro barbarizando quem quer que fique no seu caminho. Nesse sentido, o primeiro é muito mais bem resolvido. Dava para cortar fácil uns 45 minutos ou mais, o que melhoraria até o ritmo dessa continuação
Apesar dos defeitos (e não são poucos), Art The Clown já pode ser considerado um novo ícone do horror, o mais assustador que surgiu nos últimos anos. Neste aqui ele volta ainda mais sádico e grotesco que no longa anterior, algo que eu achava ser impossível. Só dele estar em cena, já sabemos que tudo de ruim pode acontecer e que a vítima da vez vai sofrer muito antes de morrer.
Particularmente, vou demorar para esquecer a cena que ele
faz o diabo com a amiga da protagonista e a deixa para ser encontrada pela mãe, com várias partes do corpo faltando, mas ainda viva.
A Avó
3.0 168 Assista AgoraHá tempos o Choque de Cultura já alertava:
o idoso é covarde! A velha claramente se aproveitou de um estado de demência para tirar vantagem de uma situação que poderia ser facilmente resolvida por meio de agressão. Um simples socão na cara teria deixado a jovem modelo livre para abusar de todas as drogas que tivesse vontade.
Brincadeiras à parte, apesar de plot twist para lá de óbvio, A Avó é um terror muito bem feitinho. Aos poucos as peças vão se encaixando e tudo vai fazendo. As simbologias usadas pelo longa também são bem interessantes. O contraste do vermelho e azul,
óbvio num primeiro momento, faz todo sentido: o fogo, bastante presente várias cenas e em boa parte dos rituais nas mais diversas crenças, queima com uma chama azul quando está mais quente (ou seja, em sua juventude), muito diferente da chama vermelha que indica um fogo prestes a se extinguir.
Esse significado das cores nos leva para o pássaro-azul, um detalhe que pode ter passado despercebido por muitos.
Visto na gaiola ao longo do filme e livre nos momentos finais, o pássaro pode simbolizar a juventude que a avó e amiga não puderam aproveitar. A gaiola remete justamente a um amor que elas tiveram que reprimir e deixar preso por causa da época que viviam.
Claro que tenho que ressaltar a atuação de Vera Valdez. Em suas primeiras cenas, a atriz veterana se mostra frágil e desamparada,
bem diferente da presença amedrontadora que a personagem se torna perto do fim, tudo sem precisar dizer uma única palavra. Em cena em que Susana a vê na janela, logo após a cuidadora ser atropelada, é de arrepiar a espinha.
Irresistível
3.0 38 Assista AgoraComédia metida a espertinha, do jeito que eu esperaria que seria uma comédia feita pelo John Stewart. Apesar de conter um comentário bastante válido a respeito do sistema eleitoral dos EUA, acredito que muita gente vai torcer o nariz por não ser o tipo de sátira que te deixa rolando de rir.
P.S.:
inveja é um sentimento feio, e eu cheguei bastante perto de senti-lo quando o Steve Carell teve sua cara lambida pela Rose Byrne.
Inferno Sangrento
3.3 116 Assista AgoraFui esperando um banho de sangue e recebi 90 minutos do protagonista tendo uma DR com ele mesmo. Me lembrou aqueles filmes feitos no começo dos anos 2000 que tentavam emular as obras do Tarantino, cheios de diálogos espertinhos e cenas violentas, só que sem 1/3 do talento que o Tarantino tem na direção e no roteiro.
A Bailarina
3.2 84 Assista AgoraComo pode um filme de 1h30 ter tanta enrolação? E pra piorar, as sequências de ação, além de poucas, são curtíssimas.
Pelo menos elas são bem feitas, com cortes rápidos que não te fazem ficar perdido com o que acontece em tela e adicionam mais ritmo às lutas, sem falar nos momentos que brincam com a mudança de eixo da câmera. De certa forma, vai meio que na contramão do cinema de ação atual, que prefere loooongos planos-sequência. A Bailarina até chega a brincar com a tradicional luta no corredor, um daqueles momentos obrigatórios nas recentes produções do gênero.
Como dá pra perceber, eu gostei bastante da ação que vi, o problema é que eu queria ter visto mais dela.
Mate ou Morra
3.2 146 Assista AgoraNão chega a ser ruim, mas para a ideia que tinha podia ser tão melhor. As sequências de ação são bem mornas, e para piorar, entre elas há longas cenas de explicação e narração em off do protagonista, o que compromete o ritmo de um filme poderia ser bem mais empolgante.
E o que o elenco tem de estrelado, ele tem de mal utilizado, em especial o Mel Gibson e a Michelle Yeoh.
O primeiro interpreta um chefão que é derrotado (duas vezes) com bastante facilidade, já a segunda parece ter gravado todas as suas cenas em apenas um dia.
E apesar de tudo isso, até que Mate ou Morra diverte, principalmente por conta do carisma do Frank Grillo e por não se levar a sério.
E quando você menos espera, é pego em cheio pela mensagem de amadurecimento que casa perfeitamente com as referências a video games, visto que conforme Roy progride no "jogo" mais ele se dá conta que ele precisa melhorar como homem, namorado e pai. Até porque não dá para ficar levando tudo na brincadeira para sempre.
Apesar de ser legal, espero que um dia façam um remaster.
As Senhoras de Salem
2.5 405De todos os filmes do Rob Zombie que eu já tive o desprazer de ver, As Senhoras de Salém é o mais assistível de todos. Não tem a edição frenética que as obras dele costumam ter, não tem cenas que estão lá só para chocar e é bem mais devagar, com cenas que poderiam ser chamadas de planos longos se levarmos em conta a mania do diretor de fazer cortes a todo momento.
Hoje em dia daria até pra falar que tem cara de algo lançado pela A24.
Que Horas Eu Te Pego?
3.3 494Fui pego totalmente de surpresa por esse daqui. Esperava apenas um besteirol besta e recebi muito mais que isso. Há, claro, uma boa dose de piadas mais adultos e momentos totalmente inesperados, como a personagem da Jennifer Lawrence
brigando totalmente pelada com um grupo de adolescentes.
Minha favorita, no entanto, é a que reflete a diferença entre gerações, com Madison
sendo exposta por um grupo de garotos por conta de uma piada supostamente homofóbica.
Só que o verdadeiro pulo do gato é como os personagens são bem desenvolvidos e aprofundados. Ambos protagonistas tinham tudo para serem caricatos, principalmente o Percy, no entanto, a medida que vamos conhecendo eles, entendemos melhor o porquê de serem do jeito que são. Tanto a agressividade e a necessidade de desapego da moça de 29 anos (???) quanto o jeito acanhado do rapaz são formas dele se protegerem de um mundo que já os machucou.
Mesmo o romance dos dois, que teria tudo para soar forçado, é muito bem feitinho. Quem cresceu assistindo Sessão da Tarde sabe que o clichê do mulherão se apaixonando pelo esquisitão não é novidade, isso é feito há décadas. Normalmente, acontecia porque sim, a gostosa se apaixonava pelo nerd porque o roteiro dizia que deveria acontecer. Que Horas Eu Te Pego? pode até não ter reinventado a roda, porém aqui o funcionamento dela é muito melhor. A seu modo, os dois vão se incentivando
a saírem de suas conchas (ou casas).
Já dava para imaginar que a Jennifer Lawrence fosse tirar de letra um papel como esse, o talento e o carisma dela são do tipo que transbordam pela tela. Ainda assim, quem rouba a cena pra mim é o Andrew Barth Feldman. Ele interpreta o Percy, que como eu disse anteriormente tinha tudo para ser caricato, com tanta doçura e vulnerabilidade que quando você menos espera já está torcendo por ele.
Pelos comentários, algumas pessoas se decepcionaram pelo "excesso de drama". Pra mim é o contrário, foi justamente o que fez Que Horas Eu Te Pego? se sobressair. Quer dizer, isso e
a cena da J-Law peladona batendo na molecada.
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As Confissões de Schmidt
3.7 191 Assista AgoraNem Einstein e a Teoria da Relatividade são capazes de explicar como um filme de duas horas demora uma eternidade pra acabar. É a prova de que mesmo um filme bem dirigido e com uma ótima atuação não são o suficiente para sustentar um filme.
Holy Spider
4.0 123 Assista AgoraEm qualquer outra produção eu criticaria a brutalidade e a crueza com que os assassinatos são retratados. Isso porque em qualquer outra produção cenas assim só serviriam para chocar de forma gratuito, e se tem uma coisa que Holy Spider não é em nenhum momento é gratuito. Aqui vemos como uma sociedade problemática não só crie sujeitos problemáticos, como também permite que eles cometam suas atrocidades.
E pior do que qualquer assassinato frio que o Assassino das Aranhas tenha cometido, é ver
uma criança falando que vão surgir outros homens para terminar o que ele fez e demonstrar como seu pai executava suas vítimas, enquanto sua irmã ria como se tudo não passasse de uma brincadeira. Isso, sim, é algo que vai demorar muita para sumir da minha mente.
Fale Comigo
3.6 968 Assista AgoraQuem está habituado com o gênero do terror, já viu espíritos serem usados para falar de traumas do passado, de problemas psicológicos, doenças hereditárias e até mesmo DSTs. E mesmo com essa gama bastante variada de abordagens, se me dissessem que tais entidades poderiam servir de metáfora para o uso de drogas entre jovens, eu olharia com bastante ceticismo para a pessoa.
Mas é exatamente o que acontece em Fale Comigo. Mia e seus amigos participam de festinhas, só que em vez dos jovens virarem shots, se injetarem ou compartilharem baseados, eles são possuídos por espíritos.
Na segunda festa tem até uma montagem bem típica dos filmes de festas adolescentes, com cada personagem usando a icônica mão que estampa os pôsteres.
E quanto mais uma personagem usa o objeto, mais ela quer usar, mais ela começa a enxergar a realidade de outro forma. Assim como o uso exagerado de qualquer substância, abusar da possessão pode ter um final trágico.
Fale Comigo também surpreende pela coragem. Os diretores sempre vão além do que as produções atuais do gênero iriam. Onde Hollywood colocaria um corte para não mostrar nada muito pesado, os Phillipou vão lá e filmam a cena em detalhes. E que detalhes, a maquiagem é de encher os olhos (ou de fazer a gente querer desviar eles da tela). Eu, que sempre dou risada de pessoas que saem da sessão por causa de cenas muito pesadas, fiquei com vontade de sair correndo em determinado momento da segunda festinha da molecada.
Só que Danny e Michael não sabem só chocar, eles ainda encontram formas de ressaltar como as mãos são essenciais em nossa relação com as pessoas e com o mundo. Aqui e ali há planos-detalhe das mãos dos personagens recusando algo (ou alguém), fazendo carinho, sendo feridas, causando mal a alguém ou apenas recebendo um pouco de esmalte.
Fale Comigo é a prova de que o terror não precisa de sangue em abundância, mas sim de sangue novo. De gente capaz de olhar para espíritos, zumbis, robôs ou super-heróis de uma forma diferente.
Dora e a Cidade Perdida
3.2 151 Assista AgoraMe diverti mais com esse daqui do que com muitos desses blockbusters cheios de expectativas que chegam ao cinema. Justamente por não se levar a sério nem como adaptação do desenho da Dora e nem como filme de aventura é que ele acaba sendo tão gostoso de se assistir. Em meio a tantos filmes pipoca sisudos, Dora acaba se destacando por ser leve.
P.S.: fiquei bastante incomodado com a menina que usou o buraco do cocô e não se limpou.
Achados e Perdidos
2.9 75Tirando algumas boas atuações, é tudo muito burocrático. Certos momentos, que poderiam gerar alguma tensão, passam sem causar nenhum impacto, como o trecho em que é mostrado o passado do Vieira. Tenho a impressão que várias cenas foram gravadas de primeira, sem que o diretor tentasse fazer algo com mais apelo emocional.
E o mistério, qualquer pessoa mais acostumada com gênero vai conseguir desvendar sem muitos problemas.
A partir do momento que a Flor começou a dar em cima do protagonista descaradamente, as intenções da moça ficaram claras.
Agente Stone
3.0 144 Assista AgoraProduções da Netflix já parecem ser feitas por e para algoritmos, mas Agente Stone vai além: temos aqui o primeiro filme inteiramente criado por uma inteligência artificial. A começar pelo roteiro, que pinta uma IA como essencial para salvar o mundo.
Num filme comum, ao final
a protagonista e sua agência teriam aprendido a confiar menos num computador e mais em seus extintos. Aqui a lição final aqui pendendo a favor da IA. Ora, Chat GPT, não é assim que você vai fazer as pessoas confiarem em você.
E se eu já não tivesse visto a Gal Gadot dar entrevistas e apresentar eventos, eu juraria que ela foi criada por computação gráfica. Seria por sua beleza fora do comum? Um pouco, mas mais pela inexpressividade de sua atuação. A moça parece incapaz de expressar qualquer tipo de emoção enquanto diz uma de suas falas. Em dado momento no final, a protagonista dá um baita discurso sobre o que faz ela e a agência dela serem diferentes do vilão. Tá certo que o texto medíocre não ajuda, só que a levantada de sobrancelha que a "atriz" dá só faz tudo ficar ainda mais vergonha alheia.
A falta de personalidade e senso de humor da protagonista contribuem ainda mais para essa aura robótica que ela tem. Notem como ela parece não entender o conceito de ironia ou força de expressão.
Em uma das últimas cenas, Fulana Stone (é tudo tão esquecível que eu realmente não lembro o primeiro nome dela) visita a hacker vilã na cadeia, que diz que a partir de agora terá como objetivo se tornar uma detenta bombada. Ao ouvir isso, a espiã apenas diz:
- Você já teve objetivos piores.
Não me surpreenderia se em alguma continuação fosse revelado que Fulana Stone é na verdade um robô convivendo entre os humanos. No entanto, acho que é ser esperançoso demais esperar esse tipo de criatividade da IA responsável pelo roteiro.
007 Contra Spectre
3.3 1,0K Assista AgoraLembro que na época que assisti Skyfall, comentei com um amigo como ele alçava a franquia do espião britânico ao patamar de grife. A fotografia, as locações, o figurino, estava tudo um patamar acima dos filmes de ação feitos na época. A partir dali, 007 era o que as outras produções do gênero tentariam ser.
Spectre vem para mostrar que essa ideia de grife foi levada a sério demais. A fotografia impecável continua lá. Cada nova cena parece saída diretamente de um comercial de perfume ou de uma marca de roupas muito caras: tudo muito lindo e blasé. Só que isso dura quase 2h30 e não 30 segundos, como os comerciais citados. Tirando a sequência do começo, não tem nada minimamente empolgante em Spectre. Para um filme de ação, a 4ª missão de Daniel Craig como James Bond é bastante apática.
E todo visual elegante serve só para disfarçar a trama desnecessariamente inchada e o vilão bobo que só sabe ficar repetindo a cada 5 minutos
como o 007 sofreu a vida inteira e como ele foi responsável por tudo aquilo.