A Filha Perdida é um filme que me testou o tempo todo.
Leda é uma professor universitária que sai de férias, vai para uma ilha grega, toma sorvete na praia, ajuda a encontrar uma menina desparecida e...rouba a boneca dessa mesma menina.
Enquanto homem, muitas vezes me vi projetando os valores do patriarcado na figura de Leda, meus pensamentos eram: "ela sai de férias triste porque não tem uma família', "uma filha dela deve ter morrido, por isso ela se afeiçoa à moça", "ela deve ter sido uma péssima mãe, por isso roubou a boneca para compensar", etc.
Mas o filme, com toda sua riqueza e simbologia, ia aos poucos rindo da minha cara, pois logo notei que a obra era um espaço da manifestação do feminino, o levantamento de tabus (inclusive para mulheres) e a derrubada de mitos.
A figura das três mulheres são peças de um mito chamado maternidade e de como ele se manifesta em cada uma das três. Muitos homens e muitas mulheres vão julgar negativamente a personagem de Leda, mas por mais que no fim ela é julgada com um ferimento no ventre, ferimento simbólico (não é spoiler, isso aparece na primeira cena), nós devemos ter no mínimo um olhar de compreensão.
E muitos vão se perguntar no final: por que ela roubou a boneca?
Mass é um filme minimalista cujo cenário é apenas uma pequena sala. O espetáculo fica por conta dos quatro atores e suas performances capazes de exalar toda dor de seu pano de fundo: O filho assassinado e o filho assassino.
Aqui o cinema demonstra a máquina de empatia que ele é. Diferente dos outros filmes sobre o assunto, Mass não se interessa a encontrar um porquê ou a explorar momentos de uma barbárie que é ainda tabu para a sociedade estadunidense (e também a nossa), o filme, na verdade, apenas nos revela a dor da culpa, da perda, do luto, a dificuldade do perdão...
Em tempos que as pessoas se ferramentam de uma virtude para o julgamento imediato e implacável dos seres e de seus atos, Mass é um filme necessário, pois nos diz que não estamos a dominar sequer o saber do nosso cotidiano...imagine então saber o que há nas profundezas do outro ser...
É uma das coisas mais dolorosas que já vi. Um dos aspectos poucos comentados sobre o filme é que diante do que não tem sentido, a linguagem e a comunicação encontram-se em demasiada impotência e assim o próprio amor, que também é uma linguagem, pode definhar. Dois belos personagens, a mesma dor, linguagens distintas, o mesmo amor...
Estragaram o Doutor Estranho para repaginar um personagem já perdidão. Sério mesmo que um cara construído como racional e detentor de uma responsabilidade imensa seria coagido por um adolescente mimizento? (Não é spoiler porque isso está no trailer)
A trilogia já tinha ido para o saco no segundo filme (nem o Gyllenhaal conseguiu salvar). Com este terceiro, a trilogia se demonstra uma não história para dar início a uma história que sabe lá como se dará.
Esse Homem Aranha é reflexo da crise que há no gênero dos filmes de heróis. Não há para onde ir, então só se tenta suprir a necessidade de catarse do público, mesmo que não faça sentido nenhum o que ocorre ali. Fan service atrás de fan service e roteiro que se dane.
E o público, a cada vez mais exigente e suprido pelo que quer, despreza aquilo do qual realmente precisa.
Quem for assistir a este filme esperando um faroeste clássico é melhor não ir com tal expectativa. Ataque dos Cães mesmo seguindo a tendência de Os Imperdoáveis (1992), em que o cowboy clássico é descontruído, o novo filme da Netflix não possui a violência explícita do filme de Clint Eastwood, mas uma violência sutil e simbólica: um banjo contra um piano, por exemplo.
Phill (Benedict Cumberbatch) é um cowboy valentão a oprimir sua cunhada Rose (Kristen Dunst). Relação tóxica, alcoolismo, depressão e o iminente suicídio da personagem faz com que fiquemos tensos durante quase toda a película. E pressentimos que há alguma dissonância nas atitudes de Phill, a ponto de ficarmos perdidos como se estivéssemos também dentro dessa relação em que não há sentido tanta virulência.
Ataque dos Cães exige paciência. Como nas falas dos personagens: “o homem é fruto das grandes adversidades” ou “obstáculos: você deve removê-los”. Assim é o filme, um fruto, uma grande obra, caso o espectador seja perseverante e resista ao seu aspecto torturante, inclusive sua trilha sonora, para se deleitar com a cena final, em que violência e delicadeza se revelam sob os acordes de um levíssimo piano.
Um primeiro ato de duas horas e meia de duração. Para ser perfeito, deveria ter umas cinco horas, ou seja, a estrela que falta vai depender da continuação.
Fui assistir a esse filme com a família toda com covid e pai em estado grave. É claro que lasquei com a experiência. Sinto que há algo no filme que não captei. Darei uma nova chance quando tudo passar.
Revendo o filme, agora, vejo que há bastante trechos de humor macabro. A cada vez que se vê esse filme, ele se demonstra inesgotável na construção de sentidos.
Só acerta na complexidade analítica do que foi 2013 e em alguns pensadores presentes. De resto, tentativa frustrada de querer parecer abrangente e isento.
Vale para ver as cenas materializadas do livro, mas o diretor falha em construir uma narrativa com pressa, o que impede de estabelecer o verdadeiro conflito entre a poética de Reis e a realidade. No geral, tem o sucesso de expor uma das simbologias da obra: a ascensão do fascismo, enquanto que muitos que poderiam se opor se silenciam por opção. Ou seja, vale visitar o livro e ver como é tão atual.
A Filha Perdida
3.6 573A Filha Perdida é um filme que me testou o tempo todo.
Leda é uma professor universitária que sai de férias, vai para uma ilha grega, toma sorvete na praia, ajuda a encontrar uma menina desparecida e...rouba a boneca dessa mesma menina.
Enquanto homem, muitas vezes me vi projetando os valores do patriarcado na figura de Leda, meus pensamentos eram: "ela sai de férias triste porque não tem uma família', "uma filha dela deve ter morrido, por isso ela se afeiçoa à moça", "ela deve ter sido uma péssima mãe, por isso roubou a boneca para compensar", etc.
Mas o filme, com toda sua riqueza e simbologia, ia aos poucos rindo da minha cara, pois logo notei que a obra era um espaço da manifestação do feminino, o levantamento de tabus (inclusive para mulheres) e a derrubada de mitos.
A figura das três mulheres são peças de um mito chamado maternidade e de como ele se manifesta em cada uma das três. Muitos homens e muitas mulheres vão julgar negativamente a personagem de Leda, mas por mais que no fim ela é julgada com um ferimento no ventre, ferimento simbólico (não é spoiler, isso aparece na primeira cena), nós devemos ter no mínimo um olhar de compreensão.
E muitos vão se perguntar no final: por que ela roubou a boneca?
Boa sorte nas respostas.
A Lenda do Cavaleiro Verde
3.6 475 Assista Agora"Ou você morre como herói ou vive o bastante para se tornar um vilão."
Mass
4.0 70 Assista AgoraMass é um filme minimalista cujo cenário é apenas uma pequena sala. O espetáculo fica por conta dos quatro atores e suas performances capazes de exalar toda dor de seu pano de fundo:
O filho assassinado e o filho assassino.
Aqui o cinema demonstra a máquina de empatia que ele é. Diferente dos outros filmes sobre o assunto, Mass não se interessa a encontrar um porquê ou a explorar momentos de uma barbárie que é ainda tabu para a sociedade estadunidense (e também a nossa), o filme, na verdade, apenas nos revela a dor da culpa, da perda, do luto, a dificuldade do perdão...
Em tempos que as pessoas se ferramentam de uma virtude para o julgamento imediato e implacável dos seres e de seus atos, Mass é um filme necessário, pois nos diz que não estamos a dominar sequer o saber do nosso cotidiano...imagine então saber o que há nas profundezas do outro ser...
Obra-prima.
Alabama Monroe
4.3 1,4KÉ uma das coisas mais dolorosas que já vi. Um dos aspectos poucos comentados sobre o filme é que diante do que não tem sentido, a linguagem e a comunicação encontram-se em demasiada impotência e assim o próprio amor, que também é uma linguagem, pode definhar.
Dois belos personagens, a mesma dor, linguagens distintas, o mesmo amor...
O Último Duelo
3.9 326Muito bom. Depois de vários tropeços do Scott. Que ele não faça uma versão do diretor.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraMelancolia misturado com Idiocracia e Dr. Fantástico.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraEstragaram o Doutor Estranho para repaginar um personagem já perdidão. Sério mesmo que um cara construído como racional e detentor de uma responsabilidade imensa seria coagido por um adolescente mimizento? (Não é spoiler porque isso está no trailer)
A trilogia já tinha ido para o saco no segundo filme (nem o Gyllenhaal conseguiu salvar). Com este terceiro, a trilogia se demonstra uma não história para dar início a uma história que sabe lá como se dará.
Esse Homem Aranha é reflexo da crise que há no gênero dos filmes de heróis. Não há para onde ir, então só se tenta suprir a necessidade de catarse do público, mesmo que não faça sentido nenhum o que ocorre ali. Fan service atrás de fan service e roteiro que se dane.
E o público, a cada vez mais exigente e suprido pelo que quer, despreza aquilo do qual realmente precisa.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraO filme subestima a inteligência do público..e infelizmente o público cai que nem patinho. Haja furo. Parece uma peneira.
Homem-Aranha: Longe de Casa
3.6 1,3K Assista AgoraHaja furo. Parece uma peneira.
Ataque dos Cães
3.7 933ATAQUE DOS CÃES E A “MASCULINIDADE” TÓXICA
Quem for assistir a este filme esperando um faroeste clássico é melhor não ir com tal expectativa. Ataque dos Cães mesmo seguindo a tendência de Os Imperdoáveis (1992), em que o cowboy clássico é descontruído, o novo filme da Netflix não possui a violência explícita do filme de Clint Eastwood, mas uma violência sutil e simbólica: um banjo contra um piano, por exemplo.
Phill (Benedict Cumberbatch) é um cowboy valentão a oprimir sua cunhada Rose (Kristen Dunst). Relação tóxica, alcoolismo, depressão e o iminente suicídio da personagem faz com que fiquemos tensos durante quase toda a película. E pressentimos que há alguma dissonância nas atitudes de Phill, a ponto de ficarmos perdidos como se estivéssemos também dentro dessa relação em que não há sentido tanta virulência.
Ataque dos Cães exige paciência. Como nas falas dos personagens: “o homem é fruto das grandes adversidades” ou “obstáculos: você deve removê-los”. Assim é o filme, um fruto, uma grande obra, caso o espectador seja perseverante e resista ao seu aspecto torturante, inclusive sua trilha sonora, para se deleitar com a cena final, em que violência e delicadeza se revelam sob os acordes de um levíssimo piano.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraUm primeiro ato de duas horas e meia de duração. Para ser perfeito, deveria ter umas cinco horas, ou seja, a estrela que falta vai depender da continuação.
Retorno da Lenda
3.7 94 Assista AgoraExcelente filme. Quem gostou dos Imperdoáveis do Eastwood, certamente vai gostar deste. Único defeito é que é curto.
Anjos Caídos
4.0 262 Assista AgoraAnjos Caídos é um excelente filme, mas traumatiza ao mostrar gente fumando e comendo miojo ao mesmo tempo.
Coerência
4.0 1,3K Assista AgoraSó tenho uma palavra pra dizer:
Carai!
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraFui assistir a esse filme com a família toda com covid e pai em estado grave. É claro que lasquei com a experiência. Sinto que há algo no filme que não captei. Darei uma nova chance quando tudo passar.
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraRevendo o filme, agora, vejo que há bastante trechos de humor macabro. A cada vez que se vê esse filme, ele se demonstra inesgotável na construção de sentidos.
O Mês Que Não Terminou
3.4 10Só acerta na complexidade analítica do que foi 2013 e em alguns pensadores presentes. De resto, tentativa frustrada de querer parecer abrangente e isento.
O Ano da Morte de Ricardo Reis
3.3 2Vale para ver as cenas materializadas do livro, mas o diretor falha em construir uma narrativa com pressa, o que impede de estabelecer o verdadeiro conflito entre a poética de Reis e a realidade. No geral, tem o sucesso de expor uma das simbologias da obra: a ascensão do fascismo, enquanto que muitos que poderiam se opor se silenciam por opção.
Ou seja, vale visitar o livro e ver como é tão atual.
Os Imperdoáveis
4.3 655Já deve ser a quinquagésima vez que eu vejo...e cada vez fica melhor.
Força Maior
3.6 241Vergonha alheia do cara...
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraO filme se perde na segunda metade e tem alguns furos. Mas vale o ingresso.
Endemoniada
4.0 316 Assista AgoraDogville coreano.
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraColoque todos os filmes da Marvel ao lado d'O Irlandês e não conseguirão lixar sequer as unhas deste.
El Camino: Um Filme de Breaking Bad
3.7 843 Assista AgoraPessoal foi ver o filme achando que Jesse era Walter White. Filme coerente com a personalidade do Jesse.