Angustiante. Repulsivo. Inacreditável. Esses são apenas alguns adjetivos que podem ser aplicados ao documentário do diretor israelense Yoava Shamir. Com uma câmera que testemunha as mais diversas violação dos direitos humanos, civis, políticos, etc, Shamir assiste a tudo, sem emitir juízo de valor, haja vista as imagens falarem por si. A cada nova ação nos checkpoints, mais se percebe que o limite para a barbarie não existe quando se trata dos soldados israelenses. A frieza e desumanidade que tratam crianças, mulheres, idosos, etc., somente pode ser atribuída à necessidade de desenvolvimento de um projeto de poder! Os soldados israelenses, investidos de um poder sobre-humano, usando armas e uniformes como se isso os transformassem em seres acima de qualquer valor, podendo decidir a vida e destino dos palestinos que "batem à sua porta". E o pior é que "a porta" não é dos israelenses, mas sim, dos próprios palestinos e fora ocupada indevidamente. Shamir mostra tudo isso em seu documentário. Ele faz com que o espectador perceba o quão mórbido é o prazer os soldados em humilhar os palestinos, seja ao deixá-los na chuva e/ou frio, ou mesmo gritando na cara de um civil enquanto empunha seu fuzil "para lhe dar mais poder". E o filme vai além, pois depois de determinado tempo com a presença da câmera nos checkpoints os soldados não mais estão preocupados com o que fazem ou pensam. Em uma cena emblemática uma deles diz:
"Ramallah é um lixo. Nós somos humanos, eles [palestinos] são macacos, gorilas...".
Em muito momentos, algumas cenas lembram as atrocidades vivenciadas pelos judeus durante a II GM. Seja pelo alinhamento dos palestinos na chuva, enquanto esperam que a humilhação faça com que desistam, seja pelo por investido aos soldados que os transformam em "serem superiores". Shamir construiu um documento que não é fácil de ser assistido, pois assim que acaba faz com que aqueles que estão passivos diante de tudo que acontece na Palestina sintam vergonha de seus "não-atos".
Puta trash!!! Tem que estar com o estômago preparado, pois tem cenas que são um convite ao vômito! A direção flerta com essa possibilidade em muitos momentos, com as trocas de cenas rápidas e algumas sugestões nos diálogos. Mas fora esse aspecto, o filme cumpre muito bem com o que se propõe, ou seja, ter muito sangue! O roteiro utiliza todos os estereótipos do gênero e consegue sair-se bem, também, a fotografia acaba sendo um espetáculo a parte. É um filme para diversão e poder rir da qualidade do que se produz, inclusive com cenas extremamente precárias (dramaturgicamente falando). É um filme muito inferior a Manchete, mas Rodriguez consegue fazer bem o que propôs... só não da para repetir a dose!!!
Acredito que o tempo tenha envelhecido este filme, pois, com um roteiro simplório e previsível, aposta no talento de Penn e Duvall para segurar duas horas de "trama". Evidentemente que o tempo é mais do que necessário e a trama acaba ficando arrastada de mais. As gangs também parecem ter certo grau de ingenuidade, talvez característico da época??!! Essa impressão se sobressai porque a maneira com que eles são retratados nas ruas demonstra displicência e "falta de profissionalismo nos negócios". Muitas vezes o "estilo anos 80" deixam as gangs com cara de "feira de moda", tal a preocupação com o visual. Mas o filme não é somente old fashion, ele tem um roteiro fraco e comum, com policiais parceiros que são diametralmente opostos, mas que acabam se respeitando. Existem algumas variações desse mote, mas poucas vezes consegue-se fazer algo realmente interessante. Por fim, a trilha sonora é bem interessante... e a direção de Hopper não ousa... Ah, vale ver Don Cheadle... um cara que não envelhece!
Uma besteira sem maiores consequências e que serve para diversão. Nada é novo e os atores se repetem em personagens caricatos que já estão acostumados a interpretar. O cenário também não é nada original e apenas ambientado em Boston, sem qualquer aditivo que despertasse interesse. Uma direção tradicional, roteiro repetitivo e cansativo... diria, cansativo demais para aguentar mais de duas horas. Cenas de ação, para quem gosta, não há nada que caiba mencionar. Por fim, nem vale a pena perder muito tempo tentando encontrar algo de bom, pois acredito que até as cenas que mostrar Boston como se fosse uma "planta baixa" não são tão novas (se não me engano, até Cold Case fazia tomadas semelhantes, mas na Filadélfia). Melhor Ben Affleck se dedicar mais à carreira de ator... apesar de não ser de grande destaque!!!
Esteticamente é um filme muito bonito! As primeiras imagens lembram os "filmes de favela" brasileiros com suas tomadas aéreas que aproximam o cenário aos morros do Rio de Janeiro. A fotografia é muito bonita mesmo... mas para por aí. Às vez da a impressão de que Besson quis fazer uma versão feminina de O Profissional, mas um pouco empobrecida, mas em outros momentos temos a estética de Tarantino (principalmente de Kill Bill) personificada numa Lara Croft latina. A mistura gerou algo interessante, mas mais pela beleza e sensualidade de Zoe Saldanha do que por sua interpretação. Também, a trama acaba se mantendo no limiar da verossimilhança, contudo, o nível de "coincidência e previsibilidade" necessários para que os planos de Sandanha deem certo acaba abalando este equilíbrio.
Muitas vezes é melhor lembrar de Kazan como o diretor de Vidas Amargas do que exatamente este filme; melhor lembrar dele como um dos criados do Actors Studio do que um colaborador do macarthismo. Controverso e questionável em seu posicionamento político, mas conseguiu revelar grandes atores e construiu uma cinematografia respeitável, contudo, este filme, apesar de ter ganho o Oscar, mais parece uma produto propagandístico da indústria político-cinematográfica estadunidense. Lembrando que o filme foi lançado em 1947, dois anos após o final da IIGM e no mesmo ano em que votou-se, na ONU, a criação do Estado de Israel (com total apoio de Truman). O filme, a partir de um roteiro bem simples, tenta denunciar o anti-semitismo na sociedade estadunidense, mas num tom quase didático (exatamente como o personagem de Peck ensina ao seu filho), a intensão da direção não é agredir a sociedade (apesar de em algumas cenas haver esta crítica), mas mostrar que a passividade pode ser mais perigosa. Com isso, tenta fazer com que a população rompa com o processo de segregação. A utilização de um ídolo como Peck foi bem a calhar e funciona, mas como o roteiro é forçado demais, acaba ficando quase panfletário. Um filme por encomenda. Tal o nível da encomenda que a Academia resolveu premiá-lo no mesmo ano em que votou-se a criação do Estado de Israel... e a indústria cinematográfica é composta por muitos bosses judeus! Kazan, que acabou sendo premiado pela direção, também pode ter recebido esse prêmio pelos serviços prestados ao macarthismo, haja vista a direção não ser de grande qualidade. O tempo envelheceu muito o filme, pois o roteiro é fraco. As interpretação também não merecem grande destaque, são apenas funcionais. Por fim, mais um produto propagandístico hollywoodiano!
O filme até que tem uma boa produção! Temos um Caine bem convincente e com um personagem coerente com a trama, Brosnan também cumpre bem seu papel, mas acaba construindo um personagem mais unidimensional. Bom, esse é o problema maior desse filme, pois os personagens não foram construídos para "terem vida", mas somente para sustentarem a trama. Todas as apostas da direção estão no roteiro. Mas a trama não é a mais interessante sobre espionagem durante a Guerra Fria, apenas instiga por reviver o clima da época (ainda mais quando foi feito em seu período final). O desenvolvimento da trama também acaba não provocando o suspense necessário, pois tudo acaba sendo esclarecido antes do momento esperado pela direção. As cenas de tensão não são tão tensas assim e ação é pouca (o que acaba não sendo algo ruim para esse tipo de filme). Mas como tudo é mediano, o filme também se torna mediano. Mas prestem atenção na placa da moto que Brosnan está dirigindo (C700)... Diversão para nostálgicos dos filmes da década de 70, sobre a Guerra Fria. O "clima anos 70" está lá... ponto para o filme!
Quanto mais assisto este filme, mais admiro o trabalho de Ricardo Darín e a qualidade que o roteiro argentino alcançou. A simplicidade de se filmar fica explícita em cada cena e consegue prender a atenção do espectador. O Segredo dos Seus Olhos faz com que os olhos falem nas cenas... na verdade, eles acabam não dizendo nada, mas traduzem tudo que a direção busca abordar. Em muitas cenas temos somente olhares... e que olhares!!! Campanella fez uma pequena obra de arte com um gênero que muitas vezes é tido como menor, seja no cinema ou na literatura. Um filme para ver, rever e não cansar de apreciar o bom cinema com atores que enchem a tela.
Lembro-me que este filme ficou em cartaz no finado Cine Elétrico, em São Paulo... Cheguei a assistir por mais de dez vezes esse filme, pois cada vez que o assistia encontrava alguma nuance diferente. Cheguei a fazer como o Totó de Cinema Paradiso e decorei quase todas as falas. Também procurei o livro I'm the King of the Castle, de Susan Hill, para entender melhor a relação dos meninos. O livro é bom, mas o filme conseguiu criar algo que poucas vezes ocorre, total entrosamento do elenco. Os meninos duelam o tempo todo, ele todos os aspectos políticos, econômicos e sociais estão implícitos nesses duelos. A beleza e imponência do Castelo, com alguns aspectos de decadência, devido à tempestade, que é mencionada no início, faz com que não seja claro. A relação de todos é pautada por escolhas que repercutem em perdas e ganhos... isso acaba sendo óbvio, mas nada é explícito. Os meninos dão um show, mas isso se deve à direção de Wargnier que tem o controle total das cenas e faz com que muitas das expressões dos meninos sejam transmitidas somente pela imagem. Nesse sentido, a fotografia acaba ganhando destaque, juntamente com uma trilha sonora que angustia... Depois de ter assistido no cinema, consegui um VHS que me acompanhou por muito tempo e com o qual pude rever esse filme várias vezes mais... mas agora encontrei o DVD e revi... uma hora e vinte minutos que parece que passa em poucos minutos, devido à qualidade do roteiro. Bom, talvez alguém que tenha assistido Anjo Malvado, que foi feito no início da década de 90 poderá perceber o quão bom é esse filme e o quão ruim fizeram com o livro de Susan Hill. Anjo Malvado não há densidade psicológica, não há tensão pautada pela relação dos meninos, apenas criam-se cenas para dar sustos nas pessoas e tenta-se priorizar a violência.. . Mesmo que o meninos também tenham tido interpretações interessantes, não se aproximam, nem de longe, ao que Béhar e Aripin fizeram... Um film pouco comentado, mas magnífico!
Rever esse filme depois de um espaço de tempo somente serve para reafirmar como Bergman conseguiu, com maestria, reproduzir o processo de degradação de um casamento e mesmo o quão doentio ele pode ser. Não é um filme que se destaque pela fotografia, entendo que esteja longe de sê-lo, mas, por outro lado, não consigo me lembrar de outro filme que tenha conseguido aborda uma relação tão densa como essa. Mas no sentido de desconstruir mitos sobre o casamento... e que diálogos!!! Por isso que assistir esse filme conforme vai se vivendo mais, ele ganha qualidade, porque o que os personagens dizem se torna uma realidade quase que inevitável! É certo que existe uma patologia nos personagens de Bergman e isso faz com que inviabilize a distância e a vivência marital, mas mesmo sem essa patologia, muito do que é dito faz parte da própria "prisão" que o casamento pode construir. E Bergman diz isso gradualmente, pois primeiramente nos engana, depois demonstra com imagens e, por fim, faz com que os personagens deixe isso bem claro através dos diálogos... e que diálogos!!! Daqui alguns anos assistirei novamente e tenho certeza de que encontrarei muito mais, porque os filmes de Bergman são assim!
Que documento!!! Acho que o gênero documentário é um dos mais difíceis, principalmente quando uma produção se aventura pela vida de algum músico, porque muitas vezes, ou se tem uma coletânea de entrevistas, ou um vídeo clip gigante. Neste caso, o equilíbrio fez com que a qualidade do produto final saísse impecável. O roteiro foi muito bem construído e a atenção sobre a vida de Raul Seixas e "como ele chegará ao fim" se mantém viva durante todo o filme. Muito boas entrevistas com Raul, parceiros e esposas. Não é um filme que busque explorar a vida de Raul Seixas, expondo seu lado mais trágico, mas também não esconde os detalhes de tudo que o cantor viveu. São duas horas e oito minutos que parecem pouco minutos... e ao final, maior admiração ainda pelo grande letrista que Raul Seixas foi... Teve uma vida que, por si, já é um roteiro de filme, então, muito bem. Leonardo Gudel criou a linha condutora para contar sua história. Belo filme, um DOCUMENTO para o rock e para a música brasileira!
Nunca havia lido a série de livros que originou o filme, então, fui ao cinema para assistir algo completamente inédito... e foi um tanto frustrante. Não por ser um filme com temática infantil, mas porque não atende às expectativas. Mesmo com a utilização de 3D o filme não se desenvolve. Um roteiro chato e cansativo, fotografia simplória e não há a exploração do 3D que justificaria seu uso. Personagens chatos que fazem com que o filme pareça que tem quatro horas de duração... Não retornarei a assistir qualquer filme desta série...
O mais interessante neste filme é que ele opta por não tratar a tragédia como uma tragédia e propõe uma visão mais "naturalizada" da situação da limitação física. A direção conseguiu encontrar o limite para que não se tornasse uma comédia banal e um drama pesado. Grande parte disso se da devido ao personagem de Omar Sy, construído com sensibilidade ímpar, mas uma sensibilidade diferenciada, a qual proporciona não entender a limitação de movimentos de Cluzet como algo para se ter pena, inclusive isso é dito literalmente em uma das cenas. A construção do relacionamento entre os dois personagens também é envolvente. Em muitos aspectos lembra roteiros tradicionais em que o rico mostra ao pobre o tem em seu mundo e vive-versa... mas há humor nas cenas, o que faz muita diferença nesse filme. Aos poucos o envolvimento é completo e acompanhamos, como cúmplices, o que acontecerá com Philippe e Driss... como pano de fundo temos uma situação social complicada na França e os mesmos problemas de famílias de periferia de todo o mundo... também, conforme o filme avança, conhecemos melhor esse personagem de Philippe, que não busca a redenção depois de seu acidente, mas é obrigado a viver com suas limitações e elas transparecem em algumas partes do filme... Um belo filme!
Não é Assassinos por Natureza, tampouco Pulf Fiction... começa propondo um filme que trabalharia no limiar entre a estética da violência e sua banalização, mas logo há uma mudança de foco e passamos a assistir uma história de um triângulo amoroso envolvido com traficantes... Isso mesmo, a simplificação da trama se da porque Stone passa a fazer opções que empobrecem o roteiro de tal modo que o mais interessante acaba sendo a beleza de Blake Lively (incansável de ser apreciada!). Salma Hayek é o esterótipo da traficante mexica, Del Toro segue a mesma linha e... a violência que prometia ser o "prato principal" do filme, acabe sendo um produto de perfumaria, inócua! Travolta quase passa despercebido, tal inconstância de seu personagem... Fraco e que quando acaba parece que assistimos um misto dos seriados Malibu com Miami Vice... mas fraquinhos!
Este filme, em muitos aspectos, retoma à temática de Wall Street dos anos 80. Temos a ganância - palavra que virou marca naquele filme -, ambição e total falta de ética, ou melhor, a ética pautada no dinheiro. Assim, tudo de Stone está presente neste filme, mas tem alguns aspectos didáticos, haja vista a temática ser um tanto complexa. Nesse sentido, temos um pouco do didatismo de "Grande Demais para Quebrar"... enfim, com todos esses ingredientes e um elenco bom, Margin Call consegue ser uma atualização de Wall Street, mas sem o impacto daquele e seu ineditismo. Também, não há Charlie e Martin Sheen, além do personagem impecável de Michael Douglas. Margin Call acaba sendo um "filme denúncia", que tecnicamente é muito bom, inclusive com a fotografia noturna de NY... também, a cada porta que se abre, um "ator famosos hollywoodiano" surge. Por fim, um filme bom, mas para por aí!
Chega a ser angustiante! Um roteiro extremamente bem feito, no qual as cenas têm função exata e são importantes, os diálogos são precisos e, inclusive a linguem vulgar da personagem de Stewart são necessário para contrastar com o formalismo e polidez de Doug, belissimamente interpretado por Gandolfini. Não é uma trama inédita, mas quando se constrói um filme com essa dimensão, o grande prazer é assistir as interpretações. A relação entre o casal Riley é algo que provoca sentimentos distintos, pois, ao mesmo tempo em que ficamos compadecidos com a tragédia que recaíra sobre eles, percebemos que vivem como zumbis, esperando o final da vida. A casa dos Rileys já transmite essa sensação. Depois, temos uma pequena esperança de sobrevida para Doug, mas logo se esvai
. Então, passamos à segunda parte do filme, na qual surge a esperança. Ali, quando Doug encontra Mallory/Allison numa casa de striptease, por razões diversas, a redenção parece que se apresenta a ele. A relação entre Doug e Mallory/Allison é o ponto mais tocante do filme, pois Doug não faz qualquer juízo de valor acerca do que ela é ou faz... uma relação de sensibilidade ímpar! E Stewart está muito bem nesse personagem, vulgar na linguagem, mas vulnerável em todos os demais sentidos. Ela consegue construir uma personagem consistente e que se relaciona muito bem com Gandolfini. Acredito que tenha sido a melhor interpretação de Stewart. É um filme para se apreciar as sutilezas das relações humanas...
Dois aspectos merecem destaque nesse filme, quais sejam, primeiramente a importância de trazer às telas a terrível guerra civil do Sudão e o genocídio que aconteceu naquele país e, em segundo lugar, a crítica feita à inoperância das organizações internacionais para interromper o massacre. Diante desses fatos, notoriamente temos um filme quase que documental, pois até a própria perspectiva narrativa é de jornalistas que estão na localidade para cobrir os massacres. Não é um roteiro inovador, e, nesse sentido, temos até doses de heroísmo que não sei em quanto fortalecem a qualidade do filme. A denúncia é explícita e a postura dos jornalistas frente à situação capital que vivenciam no momento mais importante do filme faz com que pensemos em como nos portamos (todos os demais cidadãos de países do mundo) diante daquele fatos. Quantas pessoas se posicionaram contrárias ao genocídio e fizeram algo? Temos uma discussão sobre a função da ONU e a importância de povos que não estão ligados aos interesses das potências... nesse sentido, a direção, que nitidamente pretendia chocar o espectador, não pouca ninguém e apresenta cenas de forte impacto e de violência impactante. Não são cenas que nunca tenhamos visto em outros filmes, mas dentro deste contexto, surgem com uma rudeza que mexe com todos... Não temos destaques individuais no elenco, até porque, a direção não abre espaço para isso, ela privilegia a história e as imagens... desoladoras. Um filme marcante!
Bem interessante esse filme, já havia assistido há bastante tempo e tinha a impressão de que ele me lembrava "Cova Rasa" e, revendo, parece-me que, de fato, ele tem elementos desse filme. A trama é simples, mas o desenrolar acaba sendo o mais interessante, a tensão criada e vivida pelos irmãos é o ponto alto do filme. E, nesse sentido, McGregor e Farrell estão muito bem... não chega a ter um roteiro tão bom quanto "Cova Rasa", mas o resultado final preserva o suspense. Também, Allen preserva seu estilo e, apesar de ser rodado em Londres, possui os elementos de sua cinematografia. Eu bom suspense!
"Um filme de relacionamento"? É muito mais do que isso, mas por alguma razão, parece-me que com o desenrolar da trama o filme vai se distanciando... Os diálogos são muito bem construídos, a densidade alterna e mesmo a mudança constante de língua cria uma outra relação entre eles... também temos os elementos característicos dos filmes de Kiarostami, com o diálogo em movimento dentro do carro. Mas tecnicamente é um filme muito superior aos anteriores, neste, a direção se apropria de uma fotografia muito mais elaborada... Mas mesmo assim, a opção pela verborragia (muito característica de seus filmes), aqui tenha falhado... Não é o melhor Kiarostami, mas sua internacionalização tem um preço!
Um filme de ação que torna-se interessante não pelas explosões e correrias, mas pela abordagem proposta, a qual desmistifica a motivação estadunidense para invadir o Iraque. Damon está muito bem em seu personagem Miller, apesar de ser muito próximo de vários outros que já fez. Tem heroísmo estadunidense contra o fanatismo neoconservador bushiano que levou os EUA à guerra. Seria um filme mea culpa ao estilo hollywoodiano, ou seja, os EUA não se arrependem do que fizeram, mas mostra que algumas pessoas tinham interesses escusos. O roteiro consegue manter o interesse pela trama, apesar de não ser algo de tão grande destaque, diferentemente da fotografia, que reforça a aridez do Iraque e expõe ainda mais a destruição de Bagdá. Acaba sendo uma grande diversão, não exatamente um filme investigativo. Esse filme é para agradar os fãs do gênero de ação e não chatear aqueles que apreciam uma história com mais "substâncias".
Primoroso!!! Um roteiro extremamente bem elaborado que consegue construir a tensão proposta. A trama vai se desenvolvendo num ritmo que gradualmente estamos envolvidos no grande imbróglio causado por um simples final de semana entre amigos. Mas o mais interessante neste filme é que a questão religiosa-cultural vai ganhando uma dimensão desconsertante conforme a trama se expõe. A interpretação dos atores é um show a parte, com destaque para Farahani. A direção trabalha muito bem com o espaço, tanto a casa quanto a praia... as situações vivenciadas pelas personagens são ampliadas pelos ambientes. Um belo filme!
Uma grande besteira. A ideia inicial prometia alguma coisa, mas depois de dez minutos a promessa vai por água abaixo e temos um filme convencional e tão previsível que se torna chato. Muitos clichês e nada que acrescente algum interesse em chegar ao final da história, exceto para assistir Alice Bragas, que parecia estar se divertindo com a besteira que é o filme. Os personagens são muito caricatos e nem se levam a sério. Sem contar que a função dos personagens é tão idiotizada que servem apenas para "uma cena", quando muito. E outros sequer servem para isso, como é o caso de Fishburne. Enfim, nada de interessante e algo assustador: a nítida promessa de que continuará.
É angustiante assistir esse documentário. E isso sob vários aspectos. Vemos uma vila sendo invadida por um exército fortemente armado no intuito de desapropriar terras e construir UM MURO. Sob qualquer base legal de qualquer povo civilizado isso é uma violência e uma afronta à sociedade, mas em Budrus era entendido como algo perfeitamente normal tendo em vista a perspectiva de segurança! Sob o aspecto humanitário, a violência que os soldados tratam os palestinos é algo que gera vergonha a qualquer ser humano. Em determinado momento do documentário um soldado israelense, depois de ocupar o vilarejo, questiona: "Por que estão atirando pedras em nós, não veem que os israelenses estão no vilarejo?" Será que precisa responder a tal questionamento? Mas os soldados respondem, e como armamento de grosso calibre contra a multidão (homens, mulheres, crianças, judeus, árabes, estrangeiros, etc). Mas frente a essa violência sem igual que o Ocidente permanece cativo, alguns palestinos surgem como vozes destoantes, pois sabem que os israelenses querem apenas que respondam com violência para ocuparem ainda mais o território palestino, daí, erguem a bandeira da paz e se submetem a humilhações que poucos teriam coragem para simplesmente não darem razão para que a violência seja cometida contra seu povo. E, nesse sentido, o documentário reforça a participação e protagonismo de grupos de israelenses judeus que se impõem contra a violência acometida aos palestinos. Esses judeus enfrentam soldados para defenderem o direito dos palestinos. Uma ação pacífica em Budrus que é defendida como a saída para deslegitimar a violência aplicada pelo Estado de Israel. Mas se no documentário acaba sendo uma saída pacífica, o que vemos é um soltado ratificando que NUNCA o interesso de Israel será colocado em segundo lugar, quando confrontado ao de palestinos e um líder político ratificando essa postura. É um documentário angustiante pela capacidade de absorver a violência que o povo palestino de Budrus teve... E o retratar da situação, como uma câmera que funciona como um narrado distante dos fatos (em muitos momentos), gera a sensação de que estamos vendo a violência acontecendo e temos de fazer algo. A isenção "da câmera" acaba delegando ao espectador a obrigação de não mais ficar parado, pois estará sendo cúmplice de uma atrocidade. Um documentário no estilo clássico e muito bem feito.
Um filme simples em sua concepção e realização, mas que procurar debater os conflitos do ser humano frente à própria existência. Parece que uma explicação assim sobre o filme seria demasiadamente pretensiosa, mas, na verdade, Kiarostami parte de uma angustia tão profunda do personagem que o faz desistir da vida. Mas daí entramos num problema maior, pois o suicídio para o muçulmano é uma pecado abominável e, caso assim procedesse, quem o sepultaria? Daí a necessidade de ajuda para tal, porque a vida terrena pode ser uma droga, mas a ligação com o etéreo faz com que esse desligamento não seja tão simples. O filme, com certeza, é bem simples em sua realização em contempla a angústia do personagem ao manter a câmera fixa em close enquanto ele dirige. E aí o diretor não tem qualquer receio ou dúvida com relação ao tempo, a câmera está lá para contemplá-lo. Esse linguagem visual voltaria em outros filmes de Kiarostami. Os diálogos dentro do carro são tocantes e altamente reflexivos, por mais simples que sejam. Também, a paisagem envolta naquela aridez, muita poeria levantada pela terra... tudo isso para que a angústia seja maior. Por fim, temos um filme bom, mas não o melhor do diretor.
Barreiras
4.3 5Angustiante. Repulsivo. Inacreditável. Esses são apenas alguns adjetivos que podem ser aplicados ao documentário do diretor israelense Yoava Shamir. Com uma câmera que testemunha as mais diversas violação dos direitos humanos, civis, políticos, etc, Shamir assiste a tudo, sem emitir juízo de valor, haja vista as imagens falarem por si. A cada nova ação nos checkpoints, mais se percebe que o limite para a barbarie não existe quando se trata dos soldados israelenses. A frieza e desumanidade que tratam crianças, mulheres, idosos, etc., somente pode ser atribuída à necessidade de desenvolvimento de um projeto de poder! Os soldados israelenses, investidos de um poder sobre-humano, usando armas e uniformes como se isso os transformassem em seres acima de qualquer valor, podendo decidir a vida e destino dos palestinos que "batem à sua porta". E o pior é que "a porta" não é dos israelenses, mas sim, dos próprios palestinos e fora ocupada indevidamente. Shamir mostra tudo isso em seu documentário. Ele faz com que o espectador perceba o quão mórbido é o prazer os soldados em humilhar os palestinos, seja ao deixá-los na chuva e/ou frio, ou mesmo gritando na cara de um civil enquanto empunha seu fuzil "para lhe dar mais poder". E o filme vai além, pois depois de determinado tempo com a presença da câmera nos checkpoints os soldados não mais estão preocupados com o que fazem ou pensam. Em uma cena emblemática uma deles diz:
"Ramallah é um lixo. Nós somos humanos, eles [palestinos] são macacos, gorilas...".
Planeta Terror
3.7 1,1KPuta trash!!! Tem que estar com o estômago preparado, pois tem cenas que são um convite ao vômito! A direção flerta com essa possibilidade em muitos momentos, com as trocas de cenas rápidas e algumas sugestões nos diálogos. Mas fora esse aspecto, o filme cumpre muito bem com o que se propõe, ou seja, ter muito sangue! O roteiro utiliza todos os estereótipos do gênero e consegue sair-se bem, também, a fotografia acaba sendo um espetáculo a parte. É um filme para diversão e poder rir da qualidade do que se produz, inclusive com cenas extremamente precárias (dramaturgicamente falando). É um filme muito inferior a Manchete, mas Rodriguez consegue fazer bem o que propôs... só não da para repetir a dose!!!
As Cores da Violência
3.5 54 Assista AgoraAcredito que o tempo tenha envelhecido este filme, pois, com um roteiro simplório e previsível, aposta no talento de Penn e Duvall para segurar duas horas de "trama". Evidentemente que o tempo é mais do que necessário e a trama acaba ficando arrastada de mais. As gangs também parecem ter certo grau de ingenuidade, talvez característico da época??!! Essa impressão se sobressai porque a maneira com que eles são retratados nas ruas demonstra displicência e "falta de profissionalismo nos negócios". Muitas vezes o "estilo anos 80" deixam as gangs com cara de "feira de moda", tal a preocupação com o visual. Mas o filme não é somente old fashion, ele tem um roteiro fraco e comum, com policiais parceiros que são diametralmente opostos, mas que acabam se respeitando. Existem algumas variações desse mote, mas poucas vezes consegue-se fazer algo realmente interessante. Por fim, a trilha sonora é bem interessante... e a direção de Hopper não ousa... Ah, vale ver Don Cheadle... um cara que não envelhece!
Atração Perigosa
3.6 689 Assista AgoraUma besteira sem maiores consequências e que serve para diversão. Nada é novo e os atores se repetem em personagens caricatos que já estão acostumados a interpretar. O cenário também não é nada original e apenas ambientado em Boston, sem qualquer aditivo que despertasse interesse. Uma direção tradicional, roteiro repetitivo e cansativo... diria, cansativo demais para aguentar mais de duas horas. Cenas de ação, para quem gosta, não há nada que caiba mencionar. Por fim, nem vale a pena perder muito tempo tentando encontrar algo de bom, pois acredito que até as cenas que mostrar Boston como se fosse uma "planta baixa" não são tão novas (se não me engano, até Cold Case fazia tomadas semelhantes, mas na Filadélfia). Melhor Ben Affleck se dedicar mais à carreira de ator... apesar de não ser de grande destaque!!!
Colombiana: Em Busca de Vingança
3.4 616 Assista AgoraEsteticamente é um filme muito bonito! As primeiras imagens lembram os "filmes de favela" brasileiros com suas tomadas aéreas que aproximam o cenário aos morros do Rio de Janeiro. A fotografia é muito bonita mesmo... mas para por aí. Às vez da a impressão de que Besson quis fazer uma versão feminina de O Profissional, mas um pouco empobrecida, mas em outros momentos temos a estética de Tarantino (principalmente de Kill Bill) personificada numa Lara Croft latina. A mistura gerou algo interessante, mas mais pela beleza e sensualidade de Zoe Saldanha do que por sua interpretação. Também, a trama acaba se mantendo no limiar da verossimilhança, contudo, o nível de "coincidência e previsibilidade" necessários para que os planos de Sandanha deem certo acaba abalando este equilíbrio.
E a cena final, com os cães dentro da van destrói de vez a credibilidade que estava sendo mantida a duas penas.
A Luz é para Todos
3.8 62 Assista AgoraMuitas vezes é melhor lembrar de Kazan como o diretor de Vidas Amargas do que exatamente este filme; melhor lembrar dele como um dos criados do Actors Studio do que um colaborador do macarthismo. Controverso e questionável em seu posicionamento político, mas conseguiu revelar grandes atores e construiu uma cinematografia respeitável, contudo, este filme, apesar de ter ganho o Oscar, mais parece uma produto propagandístico da indústria político-cinematográfica estadunidense. Lembrando que o filme foi lançado em 1947, dois anos após o final da IIGM e no mesmo ano em que votou-se, na ONU, a criação do Estado de Israel (com total apoio de Truman). O filme, a partir de um roteiro bem simples, tenta denunciar o anti-semitismo na sociedade estadunidense, mas num tom quase didático (exatamente como o personagem de Peck ensina ao seu filho), a intensão da direção não é agredir a sociedade (apesar de em algumas cenas haver esta crítica), mas mostrar que a passividade pode ser mais perigosa. Com isso, tenta fazer com que a população rompa com o processo de segregação. A utilização de um ídolo como Peck foi bem a calhar e funciona, mas como o roteiro é forçado demais, acaba ficando quase panfletário. Um filme por encomenda. Tal o nível da encomenda que a Academia resolveu premiá-lo no mesmo ano em que votou-se a criação do Estado de Israel... e a indústria cinematográfica é composta por muitos bosses judeus! Kazan, que acabou sendo premiado pela direção, também pode ter recebido esse prêmio pelos serviços prestados ao macarthismo, haja vista a direção não ser de grande qualidade. O tempo envelheceu muito o filme, pois o roteiro é fraco. As interpretação também não merecem grande destaque, são apenas funcionais. Por fim, mais um produto propagandístico hollywoodiano!
O Quarto Protocolo
3.2 17 Assista AgoraO filme até que tem uma boa produção! Temos um Caine bem convincente e com um personagem coerente com a trama, Brosnan também cumpre bem seu papel, mas acaba construindo um personagem mais unidimensional. Bom, esse é o problema maior desse filme, pois os personagens não foram construídos para "terem vida", mas somente para sustentarem a trama. Todas as apostas da direção estão no roteiro. Mas a trama não é a mais interessante sobre espionagem durante a Guerra Fria, apenas instiga por reviver o clima da época (ainda mais quando foi feito em seu período final). O desenvolvimento da trama também acaba não provocando o suspense necessário, pois tudo acaba sendo esclarecido antes do momento esperado pela direção. As cenas de tensão não são tão tensas assim e ação é pouca (o que acaba não sendo algo ruim para esse tipo de filme). Mas como tudo é mediano, o filme também se torna mediano. Mas prestem atenção na placa da moto que Brosnan está dirigindo (C700)... Diversão para nostálgicos dos filmes da década de 70, sobre a Guerra Fria. O "clima anos 70" está lá... ponto para o filme!
O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista AgoraQuanto mais assisto este filme, mais admiro o trabalho de Ricardo Darín e a qualidade que o roteiro argentino alcançou. A simplicidade de se filmar fica explícita em cada cena e consegue prender a atenção do espectador. O Segredo dos Seus Olhos faz com que os olhos falem nas cenas... na verdade, eles acabam não dizendo nada, mas traduzem tudo que a direção busca abordar. Em muitas cenas temos somente olhares... e que olhares!!! Campanella fez uma pequena obra de arte com um gênero que muitas vezes é tido como menor, seja no cinema ou na literatura. Um filme para ver, rever e não cansar de apreciar o bom cinema com atores que enchem a tela.
Eu Sou o Senhor do Castelo
3.9 16Lembro-me que este filme ficou em cartaz no finado Cine Elétrico, em São Paulo... Cheguei a assistir por mais de dez vezes esse filme, pois cada vez que o assistia encontrava alguma nuance diferente. Cheguei a fazer como o Totó de Cinema Paradiso e decorei quase todas as falas. Também procurei o livro I'm the King of the Castle, de Susan Hill, para entender melhor a relação dos meninos. O livro é bom, mas o filme conseguiu criar algo que poucas vezes ocorre, total entrosamento do elenco. Os meninos duelam o tempo todo, ele todos os aspectos políticos, econômicos e sociais estão implícitos nesses duelos. A beleza e imponência do Castelo, com alguns aspectos de decadência, devido à tempestade, que é mencionada no início, faz com que não seja claro. A relação de todos é pautada por escolhas que repercutem em perdas e ganhos... isso acaba sendo óbvio, mas nada é explícito. Os meninos dão um show, mas isso se deve à direção de Wargnier que tem o controle total das cenas e faz com que muitas das expressões dos meninos sejam transmitidas somente pela imagem. Nesse sentido, a fotografia acaba ganhando destaque, juntamente com uma trilha sonora que angustia... Depois de ter assistido no cinema, consegui um VHS que me acompanhou por muito tempo e com o qual pude rever esse filme várias vezes mais... mas agora encontrei o DVD e revi... uma hora e vinte minutos que parece que passa em poucos minutos, devido à qualidade do roteiro. Bom, talvez alguém que tenha assistido Anjo Malvado, que foi feito no início da década de 90 poderá perceber o quão bom é esse filme e o quão ruim fizeram com o livro de Susan Hill. Anjo Malvado não há densidade psicológica, não há tensão pautada pela relação dos meninos, apenas criam-se cenas para dar sustos nas pessoas e tenta-se priorizar a violência.. . Mesmo que o meninos também tenham tido interpretações interessantes, não se aproximam, nem de longe, ao que Béhar e Aripin fizeram... Um film pouco comentado, mas magnífico!
Cenas de um Casamento
4.4 232Rever esse filme depois de um espaço de tempo somente serve para reafirmar como Bergman conseguiu, com maestria, reproduzir o processo de degradação de um casamento e mesmo o quão doentio ele pode ser. Não é um filme que se destaque pela fotografia, entendo que esteja longe de sê-lo, mas, por outro lado, não consigo me lembrar de outro filme que tenha conseguido aborda uma relação tão densa como essa. Mas no sentido de desconstruir mitos sobre o casamento... e que diálogos!!! Por isso que assistir esse filme conforme vai se vivendo mais, ele ganha qualidade, porque o que os personagens dizem se torna uma realidade quase que inevitável! É certo que existe uma patologia nos personagens de Bergman e isso faz com que inviabilize a distância e a vivência marital, mas mesmo sem essa patologia, muito do que é dito faz parte da própria "prisão" que o casamento pode construir. E Bergman diz isso gradualmente, pois primeiramente nos engana, depois demonstra com imagens e, por fim, faz com que os personagens deixe isso bem claro através dos diálogos... e que diálogos!!! Daqui alguns anos assistirei novamente e tenho certeza de que encontrarei muito mais, porque os filmes de Bergman são assim!
Raul - O Início, o Fim e o Meio
4.1 707Que documento!!! Acho que o gênero documentário é um dos mais difíceis, principalmente quando uma produção se aventura pela vida de algum músico, porque muitas vezes, ou se tem uma coletânea de entrevistas, ou um vídeo clip gigante. Neste caso, o equilíbrio fez com que a qualidade do produto final saísse impecável. O roteiro foi muito bem construído e a atenção sobre a vida de Raul Seixas e "como ele chegará ao fim" se mantém viva durante todo o filme. Muito boas entrevistas com Raul, parceiros e esposas. Não é um filme que busque explorar a vida de Raul Seixas, expondo seu lado mais trágico, mas também não esconde os detalhes de tudo que o cantor viveu. São duas horas e oito minutos que parecem pouco minutos... e ao final, maior admiração ainda pelo grande letrista que Raul Seixas foi... Teve uma vida que, por si, já é um roteiro de filme, então, muito bem. Leonardo Gudel criou a linha condutora para contar sua história. Belo filme, um DOCUMENTO para o rock e para a música brasileira!
A Origem dos Guardiões
4.0 1,5K Assista AgoraNunca havia lido a série de livros que originou o filme, então, fui ao cinema para assistir algo completamente inédito... e foi um tanto frustrante. Não por ser um filme com temática infantil, mas porque não atende às expectativas. Mesmo com a utilização de 3D o filme não se desenvolve. Um roteiro chato e cansativo, fotografia simplória e não há a exploração do 3D que justificaria seu uso. Personagens chatos que fazem com que o filme pareça que tem quatro horas de duração... Não retornarei a assistir qualquer filme desta série...
Intocáveis
4.4 4,1K Assista AgoraO mais interessante neste filme é que ele opta por não tratar a tragédia como uma tragédia e propõe uma visão mais "naturalizada" da situação da limitação física. A direção conseguiu encontrar o limite para que não se tornasse uma comédia banal e um drama pesado. Grande parte disso se da devido ao personagem de Omar Sy, construído com sensibilidade ímpar, mas uma sensibilidade diferenciada, a qual proporciona não entender a limitação de movimentos de Cluzet como algo para se ter pena, inclusive isso é dito literalmente em uma das cenas. A construção do relacionamento entre os dois personagens também é envolvente. Em muitos aspectos lembra roteiros tradicionais em que o rico mostra ao pobre o tem em seu mundo e vive-versa... mas há humor nas cenas, o que faz muita diferença nesse filme. Aos poucos o envolvimento é completo e acompanhamos, como cúmplices, o que acontecerá com Philippe e Driss... como pano de fundo temos uma situação social complicada na França e os mesmos problemas de famílias de periferia de todo o mundo... também, conforme o filme avança, conhecemos melhor esse personagem de Philippe, que não busca a redenção depois de seu acidente, mas é obrigado a viver com suas limitações e elas transparecem em algumas partes do filme... Um belo filme!
Selvagens
3.4 743 Assista AgoraNão é Assassinos por Natureza, tampouco Pulf Fiction... começa propondo um filme que trabalharia no limiar entre a estética da violência e sua banalização, mas logo há uma mudança de foco e passamos a assistir uma história de um triângulo amoroso envolvido com traficantes... Isso mesmo, a simplificação da trama se da porque Stone passa a fazer opções que empobrecem o roteiro de tal modo que o mais interessante acaba sendo a beleza de Blake Lively (incansável de ser apreciada!). Salma Hayek é o esterótipo da traficante mexica, Del Toro segue a mesma linha e... a violência que prometia ser o "prato principal" do filme, acabe sendo um produto de perfumaria, inócua! Travolta quase passa despercebido, tal inconstância de seu personagem... Fraco e que quando acaba parece que assistimos um misto dos seriados Malibu com Miami Vice... mas fraquinhos!
Margin Call: O Dia Antes do Fim
3.4 223 Assista AgoraEste filme, em muitos aspectos, retoma à temática de Wall Street dos anos 80. Temos a ganância - palavra que virou marca naquele filme -, ambição e total falta de ética, ou melhor, a ética pautada no dinheiro. Assim, tudo de Stone está presente neste filme, mas tem alguns aspectos didáticos, haja vista a temática ser um tanto complexa. Nesse sentido, temos um pouco do didatismo de "Grande Demais para Quebrar"... enfim, com todos esses ingredientes e um elenco bom, Margin Call consegue ser uma atualização de Wall Street, mas sem o impacto daquele e seu ineditismo. Também, não há Charlie e Martin Sheen, além do personagem impecável de Michael Douglas. Margin Call acaba sendo um "filme denúncia", que tecnicamente é muito bom, inclusive com a fotografia noturna de NY... também, a cada porta que se abre, um "ator famosos hollywoodiano" surge. Por fim, um filme bom, mas para por aí!
Corações Perdidos
3.6 564Chega a ser angustiante! Um roteiro extremamente bem feito, no qual as cenas têm função exata e são importantes, os diálogos são precisos e, inclusive a linguem vulgar da personagem de Stewart são necessário para contrastar com o formalismo e polidez de Doug, belissimamente interpretado por Gandolfini. Não é uma trama inédita, mas quando se constrói um filme com essa dimensão, o grande prazer é assistir as interpretações. A relação entre o casal Riley é algo que provoca sentimentos distintos, pois, ao mesmo tempo em que ficamos compadecidos com a tragédia que recaíra sobre eles, percebemos que vivem como zumbis, esperando o final da vida. A casa dos Rileys já transmite essa sensação. Depois, temos uma pequena esperança de sobrevida para Doug, mas logo se esvai
(com a morte de Vivi)
Darfur- Deserto de Sangue
3.7 53Dois aspectos merecem destaque nesse filme, quais sejam, primeiramente a importância de trazer às telas a terrível guerra civil do Sudão e o genocídio que aconteceu naquele país e, em segundo lugar, a crítica feita à inoperância das organizações internacionais para interromper o massacre. Diante desses fatos, notoriamente temos um filme quase que documental, pois até a própria perspectiva narrativa é de jornalistas que estão na localidade para cobrir os massacres. Não é um roteiro inovador, e, nesse sentido, temos até doses de heroísmo que não sei em quanto fortalecem a qualidade do filme. A denúncia é explícita e a postura dos jornalistas frente à situação capital que vivenciam no momento mais importante do filme faz com que pensemos em como nos portamos (todos os demais cidadãos de países do mundo) diante daquele fatos. Quantas pessoas se posicionaram contrárias ao genocídio e fizeram algo? Temos uma discussão sobre a função da ONU e a importância de povos que não estão ligados aos interesses das potências... nesse sentido, a direção, que nitidamente pretendia chocar o espectador, não pouca ninguém e apresenta cenas de forte impacto e de violência impactante. Não são cenas que nunca tenhamos visto em outros filmes, mas dentro deste contexto, surgem com uma rudeza que mexe com todos... Não temos destaques individuais no elenco, até porque, a direção não abre espaço para isso, ela privilegia a história e as imagens... desoladoras. Um filme marcante!
O Sonho de Cassandra
3.4 231 Assista AgoraBem interessante esse filme, já havia assistido há bastante tempo e tinha a impressão de que ele me lembrava "Cova Rasa" e, revendo, parece-me que, de fato, ele tem elementos desse filme. A trama é simples, mas o desenrolar acaba sendo o mais interessante, a tensão criada e vivida pelos irmãos é o ponto alto do filme. E, nesse sentido, McGregor e Farrell estão muito bem... não chega a ter um roteiro tão bom quanto "Cova Rasa", mas o resultado final preserva o suspense. Também, Allen preserva seu estilo e, apesar de ser rodado em Londres, possui os elementos de sua cinematografia. Eu bom suspense!
Cópia Fiel
3.9 452 Assista Agora"Um filme de relacionamento"? É muito mais do que isso, mas por alguma razão, parece-me que com o desenrolar da trama o filme vai se distanciando... Os diálogos são muito bem construídos, a densidade alterna e mesmo a mudança constante de língua cria uma outra relação entre eles... também temos os elementos característicos dos filmes de Kiarostami, com o diálogo em movimento dentro do carro. Mas tecnicamente é um filme muito superior aos anteriores, neste, a direção se apropria de uma fotografia muito mais elaborada... Mas mesmo assim, a opção pela verborragia (muito característica de seus filmes), aqui tenha falhado... Não é o melhor Kiarostami, mas sua internacionalização tem um preço!
Zona Verde
3.5 393 Assista AgoraUm filme de ação que torna-se interessante não pelas explosões e correrias, mas pela abordagem proposta, a qual desmistifica a motivação estadunidense para invadir o Iraque. Damon está muito bem em seu personagem Miller, apesar de ser muito próximo de vários outros que já fez. Tem heroísmo estadunidense contra o fanatismo neoconservador bushiano que levou os EUA à guerra. Seria um filme mea culpa ao estilo hollywoodiano, ou seja, os EUA não se arrependem do que fizeram, mas mostra que algumas pessoas tinham interesses escusos. O roteiro consegue manter o interesse pela trama, apesar de não ser algo de tão grande destaque, diferentemente da fotografia, que reforça a aridez do Iraque e expõe ainda mais a destruição de Bagdá. Acaba sendo uma grande diversão, não exatamente um filme investigativo. Esse filme é para agradar os fãs do gênero de ação e não chatear aqueles que apreciam uma história com mais "substâncias".
À Procura de Elly
4.0 148Primoroso!!! Um roteiro extremamente bem elaborado que consegue construir a tensão proposta. A trama vai se desenvolvendo num ritmo que gradualmente estamos envolvidos no grande imbróglio causado por um simples final de semana entre amigos. Mas o mais interessante neste filme é que a questão religiosa-cultural vai ganhando uma dimensão desconsertante conforme a trama se expõe. A interpretação dos atores é um show a parte, com destaque para Farahani. A direção trabalha muito bem com o espaço, tanto a casa quanto a praia... as situações vivenciadas pelas personagens são ampliadas pelos ambientes. Um belo filme!
Predadores
3.0 895 Assista AgoraUma grande besteira. A ideia inicial prometia alguma coisa, mas depois de dez minutos a promessa vai por água abaixo e temos um filme convencional e tão previsível que se torna chato. Muitos clichês e nada que acrescente algum interesse em chegar ao final da história, exceto para assistir Alice Bragas, que parecia estar se divertindo com a besteira que é o filme. Os personagens são muito caricatos e nem se levam a sério. Sem contar que a função dos personagens é tão idiotizada que servem apenas para "uma cena", quando muito. E outros sequer servem para isso, como é o caso de Fishburne. Enfim, nada de interessante e algo assustador: a nítida promessa de que continuará.
Budrus
4.3 7É angustiante assistir esse documentário. E isso sob vários aspectos. Vemos uma vila sendo invadida por um exército fortemente armado no intuito de desapropriar terras e construir UM MURO. Sob qualquer base legal de qualquer povo civilizado isso é uma violência e uma afronta à sociedade, mas em Budrus era entendido como algo perfeitamente normal tendo em vista a perspectiva de segurança! Sob o aspecto humanitário, a violência que os soldados tratam os palestinos é algo que gera vergonha a qualquer ser humano. Em determinado momento do documentário um soldado israelense, depois de ocupar o vilarejo, questiona: "Por que estão atirando pedras em nós, não veem que os israelenses estão no vilarejo?" Será que precisa responder a tal questionamento? Mas os soldados respondem, e como armamento de grosso calibre contra a multidão (homens, mulheres, crianças, judeus, árabes, estrangeiros, etc). Mas frente a essa violência sem igual que o Ocidente permanece cativo, alguns palestinos surgem como vozes destoantes, pois sabem que os israelenses querem apenas que respondam com violência para ocuparem ainda mais o território palestino, daí, erguem a bandeira da paz e se submetem a humilhações que poucos teriam coragem para simplesmente não darem razão para que a violência seja cometida contra seu povo. E, nesse sentido, o documentário reforça a participação e protagonismo de grupos de israelenses judeus que se impõem contra a violência acometida aos palestinos. Esses judeus enfrentam soldados para defenderem o direito dos palestinos. Uma ação pacífica em Budrus que é defendida como a saída para deslegitimar a violência aplicada pelo Estado de Israel. Mas se no documentário acaba sendo uma saída pacífica, o que vemos é um soltado ratificando que NUNCA o interesso de Israel será colocado em segundo lugar, quando confrontado ao de palestinos e um líder político ratificando essa postura. É um documentário angustiante pela capacidade de absorver a violência que o povo palestino de Budrus teve... E o retratar da situação, como uma câmera que funciona como um narrado distante dos fatos (em muitos momentos), gera a sensação de que estamos vendo a violência acontecendo e temos de fazer algo. A isenção "da câmera" acaba delegando ao espectador a obrigação de não mais ficar parado, pois estará sendo cúmplice de uma atrocidade. Um documentário no estilo clássico e muito bem feito.
Gosto de Cereja
4.0 225 Assista AgoraUm filme simples em sua concepção e realização, mas que procurar debater os conflitos do ser humano frente à própria existência. Parece que uma explicação assim sobre o filme seria demasiadamente pretensiosa, mas, na verdade, Kiarostami parte de uma angustia tão profunda do personagem que o faz desistir da vida. Mas daí entramos num problema maior, pois o suicídio para o muçulmano é uma pecado abominável e, caso assim procedesse, quem o sepultaria? Daí a necessidade de ajuda para tal, porque a vida terrena pode ser uma droga, mas a ligação com o etéreo faz com que esse desligamento não seja tão simples. O filme, com certeza, é bem simples em sua realização em contempla a angústia do personagem ao manter a câmera fixa em close enquanto ele dirige. E aí o diretor não tem qualquer receio ou dúvida com relação ao tempo, a câmera está lá para contemplá-lo. Esse linguagem visual voltaria em outros filmes de Kiarostami. Os diálogos dentro do carro são tocantes e altamente reflexivos, por mais simples que sejam. Também, a paisagem envolta naquela aridez, muita poeria levantada pela terra... tudo isso para que a angústia seja maior. Por fim, temos um filme bom, mas não o melhor do diretor.