Highmore já teve melhores momentos. A trama é um tanto batida e a direção não faz questão de trazer qualquer elemento novo. George é um personagem que já vimos em inúmeros filmes, então, pra que reeditá-lo? Não há qualquer razão. Adolescente excluído, sem amigos, problemas familiares, apaixonado pela menina bonita e popular... há clichê maior?! Não há, e Highmore não consegue fugir desse perfil, pois constrói um personagem que somente pelas suas expressões faciais diz tudo. Por outro lado, temos Roberts fazendo uma menina "descolada", resolvida sexualmente e que se envolve com o amigo... o mesmo de sempre! Se Highmore tem algumas limitações, Roberts só consegue impor sua beleza, é bem fraca. Mas o principal problema nisso é o roteiro que propõe a reedição de uma história de amor repetida a extremo e sem qualquer ingrediente extra, até a bela cidade de NY como cenário está presente. Com isso, resta apenas mais uma comédia romântica teen!!!
Bonito, bem feito, simpático, etc., etc., etc. Um filme feito a partir de uma formula já consagrada e que funciona bem. Não há nada de novo, mas o roteiro cumpre seu papel que é gerar essa empatia da personagem com o espectador. Tecnicamente muito bem feito, como era de se esperar de uma produção desta magnitude, mas para por aí. Divertido!
Divertido, mas não muito. Muita coisa é forçada e deixam os anos 80 ainda mais caricatos. Se não fossem as músicas, que por si, já têm um forte potencial de envolver, talvez o filme se tornasse pior. Cruise faz o típico personagem caricato do rock star e tudo que gira a sua volta não passa de caricatura, no entanto, parece que o filme não assume plenamente esse ar caricatural. Apenas personagens como de Baldwin levam isso ao extrema, inclusive na trilha sonora. Por fim, tempos um musical que não é grande coisa, mas que o espectador fica satisfeito porque está ouvindo músicas que já se transformaram em lendas. É pouco para um filme que pretendia ser uma grande musical... o casal de jovens também não faz muito para ajudar, foge da caricatura dos demais, mas acaba não tendo o carisma necessário para protagonizar a trama.
Dificilmente encontramos um filme esteticamente tão belo como este. E que trilha sonora!!! A direção da um show com relação aos aspectos estéticos e constrói uma obra distinta, que tem um ritmo próprio e não abre precedentes para que o público seja absorvido à trama. Aí encontra seu maior problema. O personagem de Pitt lembra um pouco a linha dos personagens de Tarantino, mas tem suas peculiaridades. No entanto, a beleza estética vai ganhando tanto destaque que a trama, em si, vai ficando de lado. Parece que a direção está tão fechada com sua proposta que não abre portas para o público entrar, senão para apreciar o quão um trilha sonora pode envolver um filme e ditar seu ritmo. Nesse sentido, a beleza se torna uma armadilha e a única coisa que esperamos é que o filme acabe logo, pois não há grande expectativa. O filme acaba e fica um vazio, pois parece que queríamos mais, ou melhor, mais disso, mas de outra maneira. Assim, parece que queríamos outra coisa com essa beleza estética. Com isso, o filme acaba sendo bom se levarmos em consideração sua concepção diferenciada, mas é problemática!
Belo filme, que mostra um Bond ainda mais denso. Craig também demonstra ainda mais intimidade com seu personagem e consegue desenvolver particularidades que poderão transformá-lo num dos grandes atores que interpretou 007. O roteiro também é muito bem construído, exceto pela interpretação um tanto carregada de Bardem, parece que ele optou pela construção mais estereotipada possível para seu personagem, fato esse que reduziu a tensão com o 007. Mas mesmo assim, tal é a força do roteiro que a existência do personagem de Bardem já da sustentação para a trama. A fotografia também é muito interessante e a ação esperada está lá, na tentativa quase insana de superar-se a cada filme, o que muitas vezes acaba sendo uma ação suicida, haja vista as situações que Bond vivem serem mirabolantes. Também, os coadjuvantes cumprem seu papel direitinho e fazem com que a trama ganhe toques de tragédia. O título que remete à situação final do filme também reserva uma dose extra de ação e densidade psicológica, nada que seja excessivo e que modifique as características deste tipo de filme, mas o deixa um tanto diferenciado dos demais. Destaque à trilha sonora e à música tema, belíssimas. Grande parte destas características se deve à direção de Mendes, que conseguiu entender a natureza dos filmes de James Bond e trouxe "algo mais", assim não vemos mais do mesmo, é possível perceber a mão da direção deixando suas marcas e elevando a qualidade desta franquia.
Um filme de grande sensibilidade, mas que foge da armadilha do sentimentalismo por si. A interpretação de Darín dita o ritmo do filme e possibilita que os questionamentos sejam de outra ordem, ou seja, ultrapassam a obviedade. Se personagem questiona a existência, mais do que a preservação, ou não, do clube. Os personagens coadjuvantes ajudam muito a construir o panorama que desenrola a trama. Personagens rico e irretocáveis, mas apesar desta construção belíssima, o filme peca pelo tempo que leva para construir a trama e fechá-la. Quase duas horas e meia é tempo demasiado para expor o que o personagem de Darín já deixa claro logo nos primeiros momentos do filme. Todo o restante serve para que conheçamos melhor os coadjuvantes e a importância do Clube em que ocorre boa parte da trama. Assim, diferentemente de O Filho da Noiva, que dura exatamente o necessário para comover o espectador, aqui, com o arrastar da trama e o aprofundamento nas subtramas dos coadjuvantes o filme vai perdendo força e quando chega ao final parece que deveria ter acabado antes. Mas, se por um lado, isso compromete o resultado final, ainda assim tempo um filme diferenciado. O roteiro parte de uma proposta simples e adentra na alma humana fazendo questionamentos que o cinema argentino já se acostumou a fazer... e muito bem! Não é filme que se destaque por aspectos técnicos, ele aposta no roteiro e elenco. Se da bem, mas poderia ter sido reduzido na montagem final.
Talvez um dos aspectos que mais chamem a atenção seja a direção de Jolie, pois é baste segura e não parece em momento algum perder o controle de sua proposta. Trata-se de uma história de amor convencional, contudo, o destaque são as circunstância que ocorre. Daí entra a personalidade política da diretora, uma vez que vai no âmago do conflito para expor suas incongruências e seus preceitos. Não é um filme que sucumba à simplicidade de uma romance, pois o conflito interno dos personagem estão pontuados ao longo da trama. Os personagens centrais também se destacam e conseguem reforçar o grau de tensão. Mas é um filme acadêmico, sem destaques maiores que a própria denúncia a que se propõe. Também, a segurança mencionada acerca da direção faz com que o filme seja concebido dentro das padrões hollywoodianos, ou seja, de qualidade impecável, mas nada que acrescente. Assim, temos um filme muito melhor do que a média dos demais e cujo destaque está no pano de fundo que ocorre a trama.
O documentário é construído como um épico, o personagem histórico Tancredo Neves assume ares de mito, criatura acima de qualquer questionamento! A linha narrativa proposta pela direção não possibilita vislumbrar "defeitos" nas atitudes de Tancredo Neves e mais, ameniza "deslizes" políticos e os apresenta como "habilidade política". Evidentemente que Tendler assume a ética política como aquela tradicionalmente percebida pelos acadêmicos, ou seja, deslocada da ética convencional. Para os "bons fins", tudo é válido. Aos aliados de Tancredo também cabe "o perdão", e o caso clássico dessa postura é a maneira com que Sarney é apresentada. Muitos personagens políticos que aparecem pelo documentário têm "seus passados" relativizados... E, como um bom épico, vai envolvendo o espectador de forma avassaladora. As imagens são muito fortes e, devido ao período político recente ser muito bem documentado, a direção consegue aproveitar muito bem esse material! Os depoimentos têm o tempo ideal para pautarem a narrativa, contudo, como documento histórico faltam as críticas. Não surge uma voz que pudesse criticar qualquer atitude de Tancredo Neves, fato esse que soa como o risco da "falsa unanimidade". As imagens do período das "Diretas Já" e "Eleições Indiretas" são emocionantes; mais ainda: avassaladoras!!! Por si, o momento histórico das "Diretas Já" já provoca comoção... talvez um dos últimos momentos em que o povo, em comoção, lutou por uma mudança política no país! A trilha sonora também é muito bem empregada! Enfim, temos um documentário nos moldes tradicionais, inclusive na linguagem narrativa, mas extremamente bem feito. Talvez, como ressaltado, o que falta é uma crítica ao personagem e menos exaltação! De certo modo, até na narrativa utiliza o modo tradicional da História de exaltar as pessoas em detrimento aos movimentos sociais!!! Um político que entendia muito bem o Brasil (que talvez seja necessário se transformar!) que permitia tudo para continuar com a "vitamina P"!
É difícil assistir a este filme sem afastá-lo de suas características teatrais. A estrutura é teatral, as personagens são teatrais e sua ambientação, exceto pela briga das crianças... é teatral! Mas nada disso é comprometedor, pois o texto é esplêndido. Os personagens são tão bons e se configuram com o transcorrer da trama que acaba sendo prazeroso. A direção consegue amenizar o efeito de "um cenário" que muitas vezes pode gerar problemas na transição de histórias do palco para as telas. Mas Polanski não faz malabarismos com a câmera para entreter o espectador dentro da sala em que se passa quase que completamente o filme, ele apenas a coloca nos locais necessários para que acompanhemos o duelo entre os quatro personagens, cada qual portando suas defesas no início do filme e complemente "desnudos" ao final. Daí a maestria de Polanski, pois ele faz com que o espectador seja um observador privilegiado da degradação daquelas pessoas. Em alguns aspectos, parece que continuamos sentados nas poltronas do teatro, assistindo quatro atores "dando um show", pois o roteiro proporciona todos os elementos para que os atores construírem personagens encantadores. E o mais interessante, tudo é tão rápido que mal percebemos o tempo passar... há muitos aspectos simbólicos do filme, mas independentemente disso, é um exercício de bom cinema... de ator e diretor!
Um musical no sentido clássico, em que sua construção está pautada exclusivamente nas músicas. O que muitas vezes enfraquece o teor dramático, haja vista o estilo de interpretação ser outro, e isso fica muito característico nos palcos, por outro lado, a música tem uma dimensionalidade tão grande que consegue emocionar apenas com seus acordes! Nos palcos Os Miseráveis é belíssimo, mas nesta montagem ganhou uma proporção incrível, uma vez que as imagens são tão belas que transformam as músicas em poesia! Se, nos palcos vemos os atores à distância e a música tem um poder - quase absoluto - de envolver o espectador, no filme a direção põe em foco a personagem de Hathaway e suas emoções dilaceram qualquer um. Mesmo quando não se trabalha com close, a emoção está presente nos detalhes de cena, nos figurinos, na crítica histórica, etc. Tudo que temos nos palcos, mas potencializado no filme. E temos grande interpretações! Crowe faz um personagem difícil, pois representa um antagonismo ético, não é um personagem mal por si, ele tem princípios distintos e que conflituam com o ideal libertário do filme. Jackman também se destitui de preocupações estéticas para assumir um personagem rude, mas tocado pela redenção... os depois também merecem total destaque, até em suas pequenas intervenções. E o final... muito emocionante, mesmo que dramaturgicamente simplório. E esse é o efeito da mão do diretor e do poder da música! Algumas músicas, quando começam a ser cantadas mexem de tal forma com o espectador que não é necessário entender de história, política, etc., basta senti-las para se emocionar! Que belo musical!!!
É um filme com assinatura, e isso não há dúvida. Não há o que dizer sobre a técnica e a beleza estética, ambos são insuperáveis! De tão belo, sua fotografia encanta os espectadores. As personagens são bem cuidadas, seguindo a linha do que constantemente Burton faz, ou seja, ele opta por usar personagens que sejam "feios" - olhos grande, corpos estranhos, cabelos distorcidos, etc, - que superam esse aspecto e ganham uma dimensão muito maior. Assim, parece que Burton procura provar uma tese de que a beleza externa não serve para nada! Tal é a ironia que temos uma lápide com Hello Kitty (bonitinha), com Goodbye Kitty. Essa é a apenas uma sacada do roteiro, há outras interessantes... Mas apesar de todos os aspectos técnicos, parece que o roteiro foi esticado - tive esta impressão antes de saber que havia sido construído a partir de um curta - e deixou algumas passagens cansativas. Para um filme que tem apenas 87 minutos, isso seria um equívoco! Agrega-se o fato de que há grande previsibilidade, o que torna cansativo assim algo que sabe-se onde vai chegar. Talvez o que perdure do filme seja sua beleza estética reforçada pela fotografia em p&b que salienta o período histórico ambientado, de resto, é um filme comum!
Não é um filme regular e, talvez, o grande responsável seja o roteiro. A história não é original - amizade vs amor -, por isso, tem de trazer algo diferenciado para manter a atenção do espectador. Daí surge um dos aspectos da fragilidade do filme, qual seja, se repete ao extremo sem trazer nada de novo. Cada vez que os personagens se encontram: tudo do mesmo. De certo modo, isso poderia servir para reforçar o caráter dos personagens, mas neste caso soa de modo cansativo. Mesmo o final da trama acaba sendo tão óbvia que não gera expectativas. Então, o que deixa o filme, ao menos, bom? A resposta é simples: Anne Hathaway. Ela consegue construiu uma personagem maior do que o filme, sua dimensionalidade extrapola a simplicidade da direção. Em alguns aspectos lembra "Amor e outras Drogas", mas sua contraparte naquele filme tinha um personagem melhor, também, Gyllenhaal consguiu construir um personagem mais irônico. Aqui, o personagem de Sturgess acaba assumindo uma tragicidade tão óbvia que se torna demasiadamente caricata. Por fim, temos uma comédia romântica óbvia em que apenas a fotografia tem um pequeno destaque... um filme esquecível, apenas!
Um filme duro e angustiante. Mas nesse caso, não é por qualquer aspecto técnico, mas pela rudeza do que assistimos. O roteiro é muito bom, pois consegue expor a angústia e dilema dos palestinos. É simples: soldados israelenses invadem a casa de uma família palestina e ocupam o primeiro andar, fazendo com que toda a família vida no térreo. A partir daí todos os questionamentos possíveis são apresentado... e o filme alcança uma grandiosidade impressionante. Cada um assume uma postura possível frente ao conflito e, de certo modo, deixa ao espectador chegar às conclusões. A fotografia deixa tudo mais angustiante... e a direção constrói um documento! Um filme necessário para que as pessoas reflitam sobre o significado do conceito de liberdade!
Um filme impactante! E sua magnitude não está apenas na temática difícil que se propõe a discutir, mas no roteiro impecável, nas interpretações envolventes e na direção muito mais do que criativa. O filme parece que é muito maior do que realmente é, e esse maior diz respeito à dimensão da abordagem que faz do tema sobre a violência infantil. Às vezes da a impressão de que roteiro fez uma série "sobre delegacias" caber num longa metragem. Temos personagens multidimensionais que envolvem o espectador, os policiais têm suas vidas privadas, e isso os humaniza. Como resultado, temos situações impagáveis como a cena da "menina do celular". Em cenas como essas e outras, foge-se do politicamente correto, pois a vivência com toda a violência também gera desgaste. Não é um filme que explora inovações narrativas, mas o roteiro é muito bom que envolve completamente. Um grande filme de Le Besco!
Às vezes é difícil separar a história deste mito, deste herói brasileiro do que é narrado pelo documentário. Mas a verdade é que o documentário conseguiu expressar apenas uma pequena parte da importância dessa pessoa que deveria ter sua história estudada nas escolas, pois serviria como um modelo de nacionalismo e dedicação. Enfim, este é Marighella, o homem, o mito... mas o filme de Ferraz não conseguiu atingir esta grandiosidade. É certo que há bem pouco material sobre Marighella, uma vez que viveu na clandestinidade por muitos e muitos anos, e isso prejudicou um pouco o resultado final do filme. No entanto, não é um filme excepcional, é apenas bom. Bem feito tecnicamente, mas bem burocrático. Há algumas entrevistas muito boas, mas apenas momentos. Por fim, vale pelo que representa, mas não pelo resultado final do documentário. Apenas bom!
É impressionante como este filme é ruim - como os demais da série! Parece que a direção faz as piores escolhas para que o filme transcorra totalmente no anti-clímax. Nada interessante acontece e os fatos são esticados ao extremo para que haja uma continuação, mas com isso o esvaziamento acaba sendo inevitável. O casal de personagens principais também não cativam em nada e o lobisomem parece não saber o que fazer na trama... As interpretações de Stewart e Pattinson assustam, parece que a direção queria acabar com a carreira deles. E o roteiro!!! Como pode ser tão ruim!!! Os diálogos são de péssima qualidade. Enfim, um filme que acaba e ficamos pensando o porquê de ele ter começado... e mais, porque fez tanto sucesso!!! Tecnicamente mal acabado... chega a ser feio! A parte do Brasil é uma piada... coisa de estrangeiro idiota que nunca esteve aqui e escreve a partir de imagens de postais - não por acaso aparece a imagem do Cristo Redentor - e uma Lapa que sugere que "os povos dos trópicos" só vivem do hedonismo - e do imaginário de que só há feiticeiros e indígenas no Brasil. Não da pra levar a sério um roteiro como este!
O maior problema do filme é que os personagens se parecem estereótipos de homossexuais. Não que não pudesse haver pessoas com tais características e personalidades, mas o problema é que as atrizes pesaram demais na construção de suas personagens e perderam a "humanidade". Também, o roteiro é muito fraco e previsível. Os pais da personagem principal são tão caricatos que a obviedade de suas trajetórias chega a incomodar. Por fim, a direção aposta demais no roteiro, entendendo que ele teria dramaticidade suficiente para prender o espectador, e não se preocupa em criar uma narrativa agradável. A direção é tão burocrática que sua previsibilidade e pasteorização visual cansam!
Este filme acaba sendo inquietante por várias razões, dentre elas, a mais interessante é sua linguagem. O roteiro consegue abordar muito bem a relação conflituoso entre mãe e filho, mas que se caracteriza justamente pelo período de sua vida, a adolescência. Não é uma relação doentia como "Precisamos falar sobre Kevin", na qual há patologias. Aqui, Hubert é um adolescente como qualquer outro que vive seus conflitos de identidade (social, sexual, etc.) e a mãe representa tudo que ele odeia, mas ama ao mesmo tempo. E isso é dito de várias maneiras no filme. Nesse sentido que o diretor/roteirista foi muito feliz porque conseguiu impor um tom de realidade nesta relação. A mãe, que é vista pela perspectiva do filho, possui apenas características que "a desqualificariam", mas ele vive com ela. Muito interessante esta abordagem. Os atores que interpretam mãe e filho também estão muito bem, dão um toque de realismo à trama que faz a diferença. Também é importante destacar a linguem visual do filme, ele foge completamente do habitual ao propor enquadramentos de cenas que não são convencionais. Seja no posicionamento das pessoas nos quadros (as vezes temos somente as cabeças aparecendo e a parte superior do quadro temos parede e teto) ou mesmo quando a direção opta por montar algumas cenas com o personagem na parte interna do quadro, deixando a parte externa vazia. Isso gera um estranhamento visual, talvez provocando o espectador para que sinta-se como Hubert, vivendo num mundo conflituoso. A direção ainda utiliza outros recursos para fugir da linguagem convencional que dão certo. Com isso, a questão da sexualidade do personagem Hubert acaba sendo secundária, mas bem abordada no filme. Por fim, temos um filme canadense com cara de filme francês, com a palavra assumindo grande importância na trama.
É um filme apenas simpático, se é que essa adjetivação possa expressar alguma coisa em cinema. Mas não é um grande filme, tampouco tem roteiro que seja diferenciado. Parece o típico filme que foi feito dentro de uma fórmula já consagrada, e funciona, mas não emociona, tampouco empolga. O carisma dos personagens é questionável e, talvez o aspecto mais interessante seja as letras das músicas cantadas pelos monstros (na versão em inglês, não sei se foram dubladas). Por fim, não há o que questioná-lo tecnicamente, inclusive possui uma fotografia bonita, mas é isso, um filme burocrático, agradável de assistir, mas que logo será esquecido por não conter nenhum diferencial.
A obra de Buñuel fala por si, e se alguém tiver dúvida basta assistir seus filmes. A Bela da Tarde é um bom exemplo disso, pois consegue incomodar uma sociedade moralista quando retrata uma mulher que busca sua liberdade sexual para a realização. Sexo não tem nada a ver com casamento ou amor e o filme deixa isso claro. Séverine é linda, aparentemente bem casada e possui tudo que o dinheiro pode de proporcionar... mas ainda é pouco. Deneuve está tão linda que a câmera se apaixona por ela, e, a sensibilidade de Buñuel explora perfeitamente esta relação. A nudez de Deneuve é sutil, mas necessária, pois a personagem se desnuda de moralismos convencionais para adentrar no universo hedonista. A elegância e altivez de Séverine se destaca no filme, pois há uma sofisticação na beleza que se contrapõe com "a sujeira" do universo dos bordeis (mesmo que ela frequente um bordel "de luxo"). A estrutura narrativa também é bastante interessante e instigante, ponto para o roteiro! Enfim, o filme é belíssimo e deve ser visto e revisto constantemente... inclusive para apreciar a beleza enigmática de Catherine Deneuve!
A beleza da arte a serviço da política e da "loucura". A história de Ingrid Jonker, por si, já é interessante devido a sua personalidade e inconstância. A inquietude dos grandes artistas, poderiam dizer os especialistas! E Jonker tinha tudo isso: inquita com sua situação familiar, com sua relação com o pai, com sua filha, com sua sexualidade, com seus amores, com sua arte! E deste turbilhão de inquietações, sua poesia surge com tanta força que consegue "calar" o duro regime do apartheid que vigorava na África do Sul durante sua vida. Sua poesia é tão bela quanto ácida e incisiva. Sua palavras são tão bem colocadas que incomodavam os governantes (dentre eles, seu pai, um membro conservador do parlamento). E esta inquietude toda é vivenciada maravilhosamente por van Houten. Sua feição frágil ganha força através de seus atos e poesia. A direção privilegia a vida da artista a sua obra, contudo, ela surge nos momentos exatos para dar um toque de requinte ao filme.Os atores coadjuvantes também estão impecáveis. O ator que faz o pai de Jonker chega a gerar repulsa, tal o grau de racismo presente em suas falas. Também, além da beleza de Capetown, temos a rudeza das ações racistas que ocorriam na África do Sul. O filme ganha em qualidade quando foge da armadilha de se transformar num dramalhão... Acaba sendo uma ode à arte, pois apesar de seu fim trágico, consegue continuar viva na poesia! Direção muito boa!
Talvez o filme de John Ford que mais gosto. O roteiro é impecável e as interpretações conseguem da a carga dramática necessária para reforçar a tragédia que se abateu a parte da população estadunidense devido às "injustiças sociais". Muitas críticas estão expostas no filme e o próprio início, com as paisagens devastadas já aponta para a linha que a direção adotará. Fonda também constrói um personagem muito interessante, pois é multidimensional, não podemos classificá-lo como bom ou mau. Nisso, ganha em dramaticidade cada vez que tem de fazer uma escolha. A fotografia é algo que chama a atenção também. Fora todas suas qualidades técnicas, seu aspecto político é admirável. Um filme necessário!
Um filme vazio e que tenta ser engraçado! Tem alguns sacadas, mas estão perdidas numa trama cansativa e repetitiva. Talvez a melhor coisas seja o Seu Jorge mesmo. Talvez se fosse um curta pudesse ser suportável, mas como loga deixa muito a desejar. De resto é o mesmo que assistir a um besterol qualquer... com a desvantagem deste, pois o besterol faz rir e este filme não. E o mais difícil de tudo é assistir ao Bruno Mazzeo tentando ser engraçado... lastimável! Só não é pior do que Cilada.com, o filme, pois o seriado era interessante (no começo!).
O mais interessante neste filme é que ele não envelhece, talvez o estilo de interpretação possa gerar um pequeno estranhamento, mas os demais aspectos suprem completamente esta diferença. E a razão maior para isso é que a direção compõe este drama como muito cuidado e preciosismo, as cenas são muito bem construídas e a rudeza do Oeste estadunidense fica impressa nas paisagens e nos personagens. Ford consegue explorar ao máximo as adversidades do Oeste e seu caráter "fora da lei", aspectos estes que se potencializam com a presença do personagem de Stewart. John Wayne está impecável em seu personagem rude, mas humano, como um homem do Oeste. Mesmo para quem não gosta do gênero western, este filme extrapola esta barreira e se traduz numa grande obra.
A Arte da Conquista
3.4 901Highmore já teve melhores momentos. A trama é um tanto batida e a direção não faz questão de trazer qualquer elemento novo. George é um personagem que já vimos em inúmeros filmes, então, pra que reeditá-lo? Não há qualquer razão. Adolescente excluído, sem amigos, problemas familiares, apaixonado pela menina bonita e popular... há clichê maior?! Não há, e Highmore não consegue fugir desse perfil, pois constrói um personagem que somente pelas suas expressões faciais diz tudo. Por outro lado, temos Roberts fazendo uma menina "descolada", resolvida sexualmente e que se envolve com o amigo... o mesmo de sempre! Se Highmore tem algumas limitações, Roberts só consegue impor sua beleza, é bem fraca. Mas o principal problema nisso é o roteiro que propõe a reedição de uma história de amor repetida a extremo e sem qualquer ingrediente extra, até a bela cidade de NY como cenário está presente. Com isso, resta apenas mais uma comédia romântica teen!!!
Valente
3.8 2,8K Assista AgoraBonito, bem feito, simpático, etc., etc., etc. Um filme feito a partir de uma formula já consagrada e que funciona bem. Não há nada de novo, mas o roteiro cumpre seu papel que é gerar essa empatia da personagem com o espectador. Tecnicamente muito bem feito, como era de se esperar de uma produção desta magnitude, mas para por aí. Divertido!
Rock of Ages: O Filme
3.1 1,3K Assista AgoraDivertido, mas não muito. Muita coisa é forçada e deixam os anos 80 ainda mais caricatos. Se não fossem as músicas, que por si, já têm um forte potencial de envolver, talvez o filme se tornasse pior. Cruise faz o típico personagem caricato do rock star e tudo que gira a sua volta não passa de caricatura, no entanto, parece que o filme não assume plenamente esse ar caricatural. Apenas personagens como de Baldwin levam isso ao extrema, inclusive na trilha sonora. Por fim, tempos um musical que não é grande coisa, mas que o espectador fica satisfeito porque está ouvindo músicas que já se transformaram em lendas. É pouco para um filme que pretendia ser uma grande musical... o casal de jovens também não faz muito para ajudar, foge da caricatura dos demais, mas acaba não tendo o carisma necessário para protagonizar a trama.
O Homem da Máfia
3.1 593 Assista AgoraDificilmente encontramos um filme esteticamente tão belo como este. E que trilha sonora!!! A direção da um show com relação aos aspectos estéticos e constrói uma obra distinta, que tem um ritmo próprio e não abre precedentes para que o público seja absorvido à trama. Aí encontra seu maior problema. O personagem de Pitt lembra um pouco a linha dos personagens de Tarantino, mas tem suas peculiaridades. No entanto, a beleza estética vai ganhando tanto destaque que a trama, em si, vai ficando de lado. Parece que a direção está tão fechada com sua proposta que não abre portas para o público entrar, senão para apreciar o quão um trilha sonora pode envolver um filme e ditar seu ritmo. Nesse sentido, a beleza se torna uma armadilha e a única coisa que esperamos é que o filme acabe logo, pois não há grande expectativa. O filme acaba e fica um vazio, pois parece que queríamos mais, ou melhor, mais disso, mas de outra maneira. Assim, parece que queríamos outra coisa com essa beleza estética. Com isso, o filme acaba sendo bom se levarmos em consideração sua concepção diferenciada, mas é problemática!
007: Operação Skyfall
3.9 2,5K Assista AgoraBelo filme, que mostra um Bond ainda mais denso. Craig também demonstra ainda mais intimidade com seu personagem e consegue desenvolver particularidades que poderão transformá-lo num dos grandes atores que interpretou 007. O roteiro também é muito bem construído, exceto pela interpretação um tanto carregada de Bardem, parece que ele optou pela construção mais estereotipada possível para seu personagem, fato esse que reduziu a tensão com o 007. Mas mesmo assim, tal é a força do roteiro que a existência do personagem de Bardem já da sustentação para a trama. A fotografia também é muito interessante e a ação esperada está lá, na tentativa quase insana de superar-se a cada filme, o que muitas vezes acaba sendo uma ação suicida, haja vista as situações que Bond vivem serem mirabolantes. Também, os coadjuvantes cumprem seu papel direitinho e fazem com que a trama ganhe toques de tragédia. O título que remete à situação final do filme também reserva uma dose extra de ação e densidade psicológica, nada que seja excessivo e que modifique as características deste tipo de filme, mas o deixa um tanto diferenciado dos demais. Destaque à trilha sonora e à música tema, belíssimas. Grande parte destas características se deve à direção de Mendes, que conseguiu entender a natureza dos filmes de James Bond e trouxe "algo mais", assim não vemos mais do mesmo, é possível perceber a mão da direção deixando suas marcas e elevando a qualidade desta franquia.
Clube da Lua
3.9 80Um filme de grande sensibilidade, mas que foge da armadilha do sentimentalismo por si. A interpretação de Darín dita o ritmo do filme e possibilita que os questionamentos sejam de outra ordem, ou seja, ultrapassam a obviedade. Se personagem questiona a existência, mais do que a preservação, ou não, do clube. Os personagens coadjuvantes ajudam muito a construir o panorama que desenrola a trama. Personagens rico e irretocáveis, mas apesar desta construção belíssima, o filme peca pelo tempo que leva para construir a trama e fechá-la. Quase duas horas e meia é tempo demasiado para expor o que o personagem de Darín já deixa claro logo nos primeiros momentos do filme. Todo o restante serve para que conheçamos melhor os coadjuvantes e a importância do Clube em que ocorre boa parte da trama. Assim, diferentemente de O Filho da Noiva, que dura exatamente o necessário para comover o espectador, aqui, com o arrastar da trama e o aprofundamento nas subtramas dos coadjuvantes o filme vai perdendo força e quando chega ao final parece que deveria ter acabado antes. Mas, se por um lado, isso compromete o resultado final, ainda assim tempo um filme diferenciado. O roteiro parte de uma proposta simples e adentra na alma humana fazendo questionamentos que o cinema argentino já se acostumou a fazer... e muito bem! Não é filme que se destaque por aspectos técnicos, ele aposta no roteiro e elenco. Se da bem, mas poderia ter sido reduzido na montagem final.
Na Terra de Amor e Ódio
3.5 133 Assista AgoraTalvez um dos aspectos que mais chamem a atenção seja a direção de Jolie, pois é baste segura e não parece em momento algum perder o controle de sua proposta. Trata-se de uma história de amor convencional, contudo, o destaque são as circunstância que ocorre. Daí entra a personalidade política da diretora, uma vez que vai no âmago do conflito para expor suas incongruências e seus preceitos. Não é um filme que sucumba à simplicidade de uma romance, pois o conflito interno dos personagem estão pontuados ao longo da trama. Os personagens centrais também se destacam e conseguem reforçar o grau de tensão. Mas é um filme acadêmico, sem destaques maiores que a própria denúncia a que se propõe. Também, a segurança mencionada acerca da direção faz com que o filme seja concebido dentro das padrões hollywoodianos, ou seja, de qualidade impecável, mas nada que acrescente. Assim, temos um filme muito melhor do que a média dos demais e cujo destaque está no pano de fundo que ocorre a trama.
Tancredo, a Travessia
3.6 19O documentário é construído como um épico, o personagem histórico Tancredo Neves assume ares de mito, criatura acima de qualquer questionamento! A linha narrativa proposta pela direção não possibilita vislumbrar "defeitos" nas atitudes de Tancredo Neves e mais, ameniza "deslizes" políticos e os apresenta como "habilidade política". Evidentemente que Tendler assume a ética política como aquela tradicionalmente percebida pelos acadêmicos, ou seja, deslocada da ética convencional. Para os "bons fins", tudo é válido. Aos aliados de Tancredo também cabe "o perdão", e o caso clássico dessa postura é a maneira com que Sarney é apresentada. Muitos personagens políticos que aparecem pelo documentário têm "seus passados" relativizados... E, como um bom épico, vai envolvendo o espectador de forma avassaladora. As imagens são muito fortes e, devido ao período político recente ser muito bem documentado, a direção consegue aproveitar muito bem esse material! Os depoimentos têm o tempo ideal para pautarem a narrativa, contudo, como documento histórico faltam as críticas. Não surge uma voz que pudesse criticar qualquer atitude de Tancredo Neves, fato esse que soa como o risco da "falsa unanimidade". As imagens do período das "Diretas Já" e "Eleições Indiretas" são emocionantes; mais ainda: avassaladoras!!! Por si, o momento histórico das "Diretas Já" já provoca comoção... talvez um dos últimos momentos em que o povo, em comoção, lutou por uma mudança política no país! A trilha sonora também é muito bem empregada! Enfim, temos um documentário nos moldes tradicionais, inclusive na linguagem narrativa, mas extremamente bem feito. Talvez, como ressaltado, o que falta é uma crítica ao personagem e menos exaltação! De certo modo, até na narrativa utiliza o modo tradicional da História de exaltar as pessoas em detrimento aos movimentos sociais!!! Um político que entendia muito bem o Brasil (que talvez seja necessário se transformar!) que permitia tudo para continuar com a "vitamina P"!
Deus da Carnificina
3.8 1,4KÉ difícil assistir a este filme sem afastá-lo de suas características teatrais. A estrutura é teatral, as personagens são teatrais e sua ambientação, exceto pela briga das crianças... é teatral! Mas nada disso é comprometedor, pois o texto é esplêndido. Os personagens são tão bons e se configuram com o transcorrer da trama que acaba sendo prazeroso. A direção consegue amenizar o efeito de "um cenário" que muitas vezes pode gerar problemas na transição de histórias do palco para as telas. Mas Polanski não faz malabarismos com a câmera para entreter o espectador dentro da sala em que se passa quase que completamente o filme, ele apenas a coloca nos locais necessários para que acompanhemos o duelo entre os quatro personagens, cada qual portando suas defesas no início do filme e complemente "desnudos" ao final. Daí a maestria de Polanski, pois ele faz com que o espectador seja um observador privilegiado da degradação daquelas pessoas. Em alguns aspectos, parece que continuamos sentados nas poltronas do teatro, assistindo quatro atores "dando um show", pois o roteiro proporciona todos os elementos para que os atores construírem personagens encantadores. E o mais interessante, tudo é tão rápido que mal percebemos o tempo passar... há muitos aspectos simbólicos do filme, mas independentemente disso, é um exercício de bom cinema... de ator e diretor!
Os Miseráveis
4.1 4,2K Assista AgoraUm musical no sentido clássico, em que sua construção está pautada exclusivamente nas músicas. O que muitas vezes enfraquece o teor dramático, haja vista o estilo de interpretação ser outro, e isso fica muito característico nos palcos, por outro lado, a música tem uma dimensionalidade tão grande que consegue emocionar apenas com seus acordes! Nos palcos Os Miseráveis é belíssimo, mas nesta montagem ganhou uma proporção incrível, uma vez que as imagens são tão belas que transformam as músicas em poesia! Se, nos palcos vemos os atores à distância e a música tem um poder - quase absoluto - de envolver o espectador, no filme a direção põe em foco a personagem de Hathaway e suas emoções dilaceram qualquer um. Mesmo quando não se trabalha com close, a emoção está presente nos detalhes de cena, nos figurinos, na crítica histórica, etc. Tudo que temos nos palcos, mas potencializado no filme. E temos grande interpretações! Crowe faz um personagem difícil, pois representa um antagonismo ético, não é um personagem mal por si, ele tem princípios distintos e que conflituam com o ideal libertário do filme. Jackman também se destitui de preocupações estéticas para assumir um personagem rude, mas tocado pela redenção... os depois também merecem total destaque, até em suas pequenas intervenções. E o final... muito emocionante, mesmo que dramaturgicamente simplório. E esse é o efeito da mão do diretor e do poder da música! Algumas músicas, quando começam a ser cantadas mexem de tal forma com o espectador que não é necessário entender de história, política, etc., basta senti-las para se emocionar! Que belo musical!!!
Frankenweenie
3.8 1,5K Assista AgoraÉ um filme com assinatura, e isso não há dúvida. Não há o que dizer sobre a técnica e a beleza estética, ambos são insuperáveis! De tão belo, sua fotografia encanta os espectadores. As personagens são bem cuidadas, seguindo a linha do que constantemente Burton faz, ou seja, ele opta por usar personagens que sejam "feios" - olhos grande, corpos estranhos, cabelos distorcidos, etc, - que superam esse aspecto e ganham uma dimensão muito maior. Assim, parece que Burton procura provar uma tese de que a beleza externa não serve para nada! Tal é a ironia que temos uma lápide com Hello Kitty (bonitinha), com Goodbye Kitty. Essa é a apenas uma sacada do roteiro, há outras interessantes... Mas apesar de todos os aspectos técnicos, parece que o roteiro foi esticado - tive esta impressão antes de saber que havia sido construído a partir de um curta - e deixou algumas passagens cansativas. Para um filme que tem apenas 87 minutos, isso seria um equívoco! Agrega-se o fato de que há grande previsibilidade, o que torna cansativo assim algo que sabe-se onde vai chegar. Talvez o que perdure do filme seja sua beleza estética reforçada pela fotografia em p&b que salienta o período histórico ambientado, de resto, é um filme comum!
Um Dia
3.9 3,5K Assista AgoraNão é um filme regular e, talvez, o grande responsável seja o roteiro. A história não é original - amizade vs amor -, por isso, tem de trazer algo diferenciado para manter a atenção do espectador. Daí surge um dos aspectos da fragilidade do filme, qual seja, se repete ao extremo sem trazer nada de novo. Cada vez que os personagens se encontram: tudo do mesmo. De certo modo, isso poderia servir para reforçar o caráter dos personagens, mas neste caso soa de modo cansativo. Mesmo o final da trama acaba sendo tão óbvia que não gera expectativas. Então, o que deixa o filme, ao menos, bom? A resposta é simples: Anne Hathaway. Ela consegue construiu uma personagem maior do que o filme, sua dimensionalidade extrapola a simplicidade da direção. Em alguns aspectos lembra "Amor e outras Drogas", mas sua contraparte naquele filme tinha um personagem melhor, também, Gyllenhaal consguiu construir um personagem mais irônico. Aqui, o personagem de Sturgess acaba assumindo uma tragicidade tão óbvia que se torna demasiadamente caricata. Por fim, temos uma comédia romântica óbvia em que apenas a fotografia tem um pequeno destaque... um filme esquecível, apenas!
Violação de Domicílio
3.4 10Um filme duro e angustiante. Mas nesse caso, não é por qualquer aspecto técnico, mas pela rudeza do que assistimos. O roteiro é muito bom, pois consegue expor a angústia e dilema dos palestinos. É simples: soldados israelenses invadem a casa de uma família palestina e ocupam o primeiro andar, fazendo com que toda a família vida no térreo. A partir daí todos os questionamentos possíveis são apresentado... e o filme alcança uma grandiosidade impressionante. Cada um assume uma postura possível frente ao conflito e, de certo modo, deixa ao espectador chegar às conclusões. A fotografia deixa tudo mais angustiante... e a direção constrói um documento! Um filme necessário para que as pessoas reflitam sobre o significado do conceito de liberdade!
Políssia
4.0 273Um filme impactante! E sua magnitude não está apenas na temática difícil que se propõe a discutir, mas no roteiro impecável, nas interpretações envolventes e na direção muito mais do que criativa. O filme parece que é muito maior do que realmente é, e esse maior diz respeito à dimensão da abordagem que faz do tema sobre a violência infantil. Às vezes da a impressão de que roteiro fez uma série "sobre delegacias" caber num longa metragem. Temos personagens multidimensionais que envolvem o espectador, os policiais têm suas vidas privadas, e isso os humaniza. Como resultado, temos situações impagáveis como a cena da "menina do celular". Em cenas como essas e outras, foge-se do politicamente correto, pois a vivência com toda a violência também gera desgaste. Não é um filme que explora inovações narrativas, mas o roteiro é muito bom que envolve completamente. Um grande filme de Le Besco!
Marighella
4.1 112Às vezes é difícil separar a história deste mito, deste herói brasileiro do que é narrado pelo documentário. Mas a verdade é que o documentário conseguiu expressar apenas uma pequena parte da importância dessa pessoa que deveria ter sua história estudada nas escolas, pois serviria como um modelo de nacionalismo e dedicação. Enfim, este é Marighella, o homem, o mito... mas o filme de Ferraz não conseguiu atingir esta grandiosidade. É certo que há bem pouco material sobre Marighella, uma vez que viveu na clandestinidade por muitos e muitos anos, e isso prejudicou um pouco o resultado final do filme. No entanto, não é um filme excepcional, é apenas bom. Bem feito tecnicamente, mas bem burocrático. Há algumas entrevistas muito boas, mas apenas momentos. Por fim, vale pelo que representa, mas não pelo resultado final do documentário. Apenas bom!
A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1
2.8 2,8K Assista AgoraÉ impressionante como este filme é ruim - como os demais da série! Parece que a direção faz as piores escolhas para que o filme transcorra totalmente no anti-clímax. Nada interessante acontece e os fatos são esticados ao extremo para que haja uma continuação, mas com isso o esvaziamento acaba sendo inevitável. O casal de personagens principais também não cativam em nada e o lobisomem parece não saber o que fazer na trama... As interpretações de Stewart e Pattinson assustam, parece que a direção queria acabar com a carreira deles. E o roteiro!!! Como pode ser tão ruim!!! Os diálogos são de péssima qualidade. Enfim, um filme que acaba e ficamos pensando o porquê de ele ter começado... e mais, porque fez tanto sucesso!!! Tecnicamente mal acabado... chega a ser feio! A parte do Brasil é uma piada... coisa de estrangeiro idiota que nunca esteve aqui e escreve a partir de imagens de postais - não por acaso aparece a imagem do Cristo Redentor - e uma Lapa que sugere que "os povos dos trópicos" só vivem do hedonismo - e do imaginário de que só há feiticeiros e indígenas no Brasil. Não da pra levar a sério um roteiro como este!
Pariah
4.0 138O maior problema do filme é que os personagens se parecem estereótipos de homossexuais. Não que não pudesse haver pessoas com tais características e personalidades, mas o problema é que as atrizes pesaram demais na construção de suas personagens e perderam a "humanidade". Também, o roteiro é muito fraco e previsível. Os pais da personagem principal são tão caricatos que a obviedade de suas trajetórias chega a incomodar. Por fim, a direção aposta demais no roteiro, entendendo que ele teria dramaticidade suficiente para prender o espectador, e não se preocupa em criar uma narrativa agradável. A direção é tão burocrática que sua previsibilidade e pasteorização visual cansam!
Eu Matei Minha Mãe
3.9 1,3KEste filme acaba sendo inquietante por várias razões, dentre elas, a mais interessante é sua linguagem. O roteiro consegue abordar muito bem a relação conflituoso entre mãe e filho, mas que se caracteriza justamente pelo período de sua vida, a adolescência. Não é uma relação doentia como "Precisamos falar sobre Kevin", na qual há patologias. Aqui, Hubert é um adolescente como qualquer outro que vive seus conflitos de identidade (social, sexual, etc.) e a mãe representa tudo que ele odeia, mas ama ao mesmo tempo. E isso é dito de várias maneiras no filme. Nesse sentido que o diretor/roteirista foi muito feliz porque conseguiu impor um tom de realidade nesta relação. A mãe, que é vista pela perspectiva do filho, possui apenas características que "a desqualificariam", mas ele vive com ela. Muito interessante esta abordagem. Os atores que interpretam mãe e filho também estão muito bem, dão um toque de realismo à trama que faz a diferença. Também é importante destacar a linguem visual do filme, ele foge completamente do habitual ao propor enquadramentos de cenas que não são convencionais. Seja no posicionamento das pessoas nos quadros (as vezes temos somente as cabeças aparecendo e a parte superior do quadro temos parede e teto) ou mesmo quando a direção opta por montar algumas cenas com o personagem na parte interna do quadro, deixando a parte externa vazia. Isso gera um estranhamento visual, talvez provocando o espectador para que sinta-se como Hubert, vivendo num mundo conflituoso. A direção ainda utiliza outros recursos para fugir da linguagem convencional que dão certo. Com isso, a questão da sexualidade do personagem Hubert acaba sendo secundária, mas bem abordada no filme. Por fim, temos um filme canadense com cara de filme francês, com a palavra assumindo grande importância na trama.
Hotel Transilvânia
3.6 1,5K Assista AgoraÉ um filme apenas simpático, se é que essa adjetivação possa expressar alguma coisa em cinema. Mas não é um grande filme, tampouco tem roteiro que seja diferenciado. Parece o típico filme que foi feito dentro de uma fórmula já consagrada, e funciona, mas não emociona, tampouco empolga. O carisma dos personagens é questionável e, talvez o aspecto mais interessante seja as letras das músicas cantadas pelos monstros (na versão em inglês, não sei se foram dubladas). Por fim, não há o que questioná-lo tecnicamente, inclusive possui uma fotografia bonita, mas é isso, um filme burocrático, agradável de assistir, mas que logo será esquecido por não conter nenhum diferencial.
A Bela da Tarde
4.1 341 Assista AgoraA obra de Buñuel fala por si, e se alguém tiver dúvida basta assistir seus filmes. A Bela da Tarde é um bom exemplo disso, pois consegue incomodar uma sociedade moralista quando retrata uma mulher que busca sua liberdade sexual para a realização. Sexo não tem nada a ver com casamento ou amor e o filme deixa isso claro. Séverine é linda, aparentemente bem casada e possui tudo que o dinheiro pode de proporcionar... mas ainda é pouco. Deneuve está tão linda que a câmera se apaixona por ela, e, a sensibilidade de Buñuel explora perfeitamente esta relação. A nudez de Deneuve é sutil, mas necessária, pois a personagem se desnuda de moralismos convencionais para adentrar no universo hedonista. A elegância e altivez de Séverine se destaca no filme, pois há uma sofisticação na beleza que se contrapõe com "a sujeira" do universo dos bordeis (mesmo que ela frequente um bordel "de luxo"). A estrutura narrativa também é bastante interessante e instigante, ponto para o roteiro! Enfim, o filme é belíssimo e deve ser visto e revisto constantemente... inclusive para apreciar a beleza enigmática de Catherine Deneuve!
Borboletas Negras
3.7 91A beleza da arte a serviço da política e da "loucura". A história de Ingrid Jonker, por si, já é interessante devido a sua personalidade e inconstância. A inquietude dos grandes artistas, poderiam dizer os especialistas! E Jonker tinha tudo isso: inquita com sua situação familiar, com sua relação com o pai, com sua filha, com sua sexualidade, com seus amores, com sua arte! E deste turbilhão de inquietações, sua poesia surge com tanta força que consegue "calar" o duro regime do apartheid que vigorava na África do Sul durante sua vida. Sua poesia é tão bela quanto ácida e incisiva. Sua palavras são tão bem colocadas que incomodavam os governantes (dentre eles, seu pai, um membro conservador do parlamento). E esta inquietude toda é vivenciada maravilhosamente por van Houten. Sua feição frágil ganha força através de seus atos e poesia. A direção privilegia a vida da artista a sua obra, contudo, ela surge nos momentos exatos para dar um toque de requinte ao filme.Os atores coadjuvantes também estão impecáveis. O ator que faz o pai de Jonker chega a gerar repulsa, tal o grau de racismo presente em suas falas. Também, além da beleza de Capetown, temos a rudeza das ações racistas que ocorriam na África do Sul. O filme ganha em qualidade quando foge da armadilha de se transformar num dramalhão... Acaba sendo uma ode à arte, pois apesar de seu fim trágico, consegue continuar viva na poesia! Direção muito boa!
Vinhas da Ira
4.4 205Talvez o filme de John Ford que mais gosto. O roteiro é impecável e as interpretações conseguem da a carga dramática necessária para reforçar a tragédia que se abateu a parte da população estadunidense devido às "injustiças sociais". Muitas críticas estão expostas no filme e o próprio início, com as paisagens devastadas já aponta para a linha que a direção adotará. Fonda também constrói um personagem muito interessante, pois é multidimensional, não podemos classificá-lo como bom ou mau. Nisso, ganha em dramaticidade cada vez que tem de fazer uma escolha. A fotografia é algo que chama a atenção também. Fora todas suas qualidades técnicas, seu aspecto político é admirável. Um filme necessário!
E Aí... Comeu?
2.6 1,6KUm filme vazio e que tenta ser engraçado! Tem alguns sacadas, mas estão perdidas numa trama cansativa e repetitiva. Talvez a melhor coisas seja o Seu Jorge mesmo. Talvez se fosse um curta pudesse ser suportável, mas como loga deixa muito a desejar. De resto é o mesmo que assistir a um besterol qualquer... com a desvantagem deste, pois o besterol faz rir e este filme não. E o mais difícil de tudo é assistir ao Bruno Mazzeo tentando ser engraçado... lastimável! Só não é pior do que Cilada.com, o filme, pois o seriado era interessante (no começo!).
O Homem Que Matou o Facínora
4.3 167O mais interessante neste filme é que ele não envelhece, talvez o estilo de interpretação possa gerar um pequeno estranhamento, mas os demais aspectos suprem completamente esta diferença. E a razão maior para isso é que a direção compõe este drama como muito cuidado e preciosismo, as cenas são muito bem construídas e a rudeza do Oeste estadunidense fica impressa nas paisagens e nos personagens. Ford consegue explorar ao máximo as adversidades do Oeste e seu caráter "fora da lei", aspectos estes que se potencializam com a presença do personagem de Stewart. John Wayne está impecável em seu personagem rude, mas humano, como um homem do Oeste. Mesmo para quem não gosta do gênero western, este filme extrapola esta barreira e se traduz numa grande obra.