O Samurai andarilho da Era Meiji, Kenshin Himura volta em seu segundo longa, para dar continuidade na sua jornada em busca da ordem e da paz, mas vai enfrentar o maior arco da obra de Nobuhiro Watsuki, o do vilão Makoto Shishio. Himura arrependido por todas as vidas que tirou, prometeu nunca mais brandir sua espada para matar alguém, agora enfrentará situações que tentarão força-lo. Seus velhos e novos inimigos buscam seu instinto assassino novamente, que já lhe deu a alcunha de Hitokiri Battousai "retalhador".
A primeira coisa que se nota no segundo filme, é a violência, bem maior que no primeiro, e a situação de guerra civil, não deixa espaço para as partes cômicas, já clássicas do anime e do mangá. O ritmo é mais lento, as batalhas demoram para acontecer e a narrativa se prende mais nos contextos da guerra, vindo apresentar o vilão e suas motivações, o roteiro tenta aprofundar em alguns personagens que terão papéis importantíssimos no terceiro filme, e o que se escuta, e pode ser visto nos trailers, é que a ação desenfreada ficou para a conclusão da história. Mas isso não é um problema, existem combates nesse filme e ação de muita qualidade, com efeitos práticos e muitas coreografias, a perícia é bem elevada, e precisa, quem gosta e conhece a esgrima japonesa desfrutará bastante do filme. É incrível notar todo o trabalho do ator Takeru Satô (Kenshin) em apresentar bela movimentação, eficiência e manter a essência de tentar não matar em combate, usando sua Sakabatō (espada de lamina invertida).
A apresentação épica de Shishio me lembrou muitos vilões com entradas inesquecíveis e apoteóticas, aquele mise en scene, com um palco grotesco só para ele e seus seguidores vindos do inferno, trouxe uma visão lúdica do caos e da carnificina. É o prelúdio do que será apresentado no decorrer do filme e eleva o tom cinza do filme.
O problema do filme foi focar e demorar demais na busca de kenshin no segundo ato, por uma espada, que não contarei para não dar spoilers, mas que se fez valer quando entra em cena um dos atores conhecidos pelo meio tokusatsu, por ser um dos Black Kamen Raider, e que reproduziu muito bem, tanto no seu estilo punk quanto no seu costume, o original do anime.
Ele como muitos filmes de meio, enfrenta um problema que está se tornando corriqueiro nas franquias, o anticlímax, ele vem prometendo muito, te leva a derradeira situação para ser resolvida, e usa um subterfúgio terrível, como o romantismo, que aqui caiu mau, já que a sensação e que tudo que importa foi deixado para depois. Assim ele repete erros crassos de trilogias, não termina bem o segundo filme, deixando todas as partes de trabalho de roteiro, trama e aprofundamento de personagens e história confinados nessa segunda parte, e cabe a nós esperarmos que toda a expectativa seja suprida na conclusão final.
O diretor Antoine Fuqua é daqueles diretores que sua obram revesam entre filmes medianos, e bons filmes, esses intercalando. Mas para quem gosta desse gênero de thriller ex-agente/ policial é um prato cheio. Com filmes como "Atirador, Atraídos pelo crime, Dia de treinamento, (esse inacreditável) Olympus Has Fallen e O protetor" ele viaja muito bem nesse tipo de trama, sendo que Denzel ganhou o Oscar vindo dessa parceria com o diretor em "Dia de treinamento". Mas de todos, esse filme se encaixa muito bem nos anos 80, com sua trama cheia de clichês batidos, tiroteio e explosões, vilões caricatos e diálogos elaboradíssimos, e frases de efeito, com mocinha e bandido, o herói urbano, quase saindo ileso disso tudo; De duas uma, você depois de ler isso pode estar pensando; Cara, esse filme é para mim! Ou, minha nossa, não é minha praia esse mais do mesmo. Se a sua opção é a segunda, não se desespere, Denzel que transita muito bem em vários papéis, mesmo com 60 anos vem conduzindo bem seus filmes médios, não chega a ser um desperdício, o filme é divertido, tem cenas bem executadas, com efeitos práticos e locações urbanas bem convincentes. É o fetiche para o sadismo e violência. A trama é simplória, nada para se levar a sério, é o tipo de filme que você sabe como termina, é só uma viagem estética do inicio ao fim. E depois que você entende a proposta, é bem estranho a demora e lentidão no filme, as cenas de ação, que realmente importa nesse filme, demoram de acontecer, o espectador já começa a olhar o tempo do filme e isso nesse tipo de obra é uma falha grave, o drama e a trama não importam, os personagens são esquecíveis, então o ritmo não pode ser assim, porque estraga a experiencia. A figura do personagem de Denzel, é um ser quase mitológico urbano, ele nunca corre, sempre em closes estilizados, movimentos friamente calculados e até em explosões ele anda de costas para ação, com postura badass, e frases cheias de efeito, acaba deixando a impressão que aquele personagem nunca sofrerá nada, não precisa usar armas e sempre tem tudo planejado, passará incólume e destruirá todos seus inimigos a sua volta. Acredito que esse filme tinha algo mais, para ser um mero entretenimento, não apenas cenas plasticas, parece que você está assistindo uma tentativa de franquia, que pelo menos para mim, foi mau sucedida.
Com um roteiro de apenas 31 páginas, enfrentando um set de filmagem emprestado do filme Titanic, perder 60% da audição num ouvido por conta de uma infecção, conseguida nas gravações do filme, e criar um personagem mudo pela situação, sendo o ator tão falante, Robert Redford conseguiu o que eu acredito ser uma das coisas mais difíceis na atual conjuntura do cinema americano. Prender o telespectador num longa falando apenas duas frases. Ainda mais quando esse filme parece contemplativo, parece monótono e tem sua linguagem toda baseada no movimento de câmera (como tilt T) e em recursos sonoros que junto com o roteiro (Gimmick) vai preenchendo cada linha muda de atuação no filme. Seu ultimo trabalho que eu me lembre, até mais recente, é o personagem Alexander Pierce em "Capitão America 2, soldado invernal" sendo lógico, não a melhor de suas atuações (rs). E apesar de ter 77 anos quando fez o filme, ele encarou todas as cenas sem dublê, o que aumentou bastante meu respeito por ele nesse filme. Mas por que se falar tanto desse filme que ninguém viu? Justamente por isso, porque foi um belo trabalho, que mais uma vez foi sufocado pelo cinema do entretenimento, não que eu não goste desse tipo de filme, mas fico frustrado de ver obras assim, de verdadeira entrega de um ator desse nível, ter passado desapercebido. Esse filme me lembrou, em sua essência, filmes como "Gravidade, Enterrado e Náufrago", em ter o ser humano lutando contra a força da natureza, nada podendo fazer contra a imensidão das leis naturais, e sua pequenez diante da situação adversa. Restando apenas vasculhar os detalhes em sua volta, para tentar sobreviver. Outro ponto central desses filmes é a comunicação, onde a tentativa de dar ciência a alguém, sobre tudo aquilo que está acontecendo é fundamental, mas sempre a ausência desse fator causa estragos psicológicos terríveis, causando até viradas de roteiro interessantes. Mas nesse longa a atuação de Redford vai muito além, ele lida muito bem com a falta de comunicação, explodindo na verdade quando ele vê toda sua luta para sobreviver, passar por algumas intempéries. Sempre deixando um ar de que merece aquilo que está passando, como punição por algo que tenha feito, mas sempre contando que se dessa vez seguir aquilo que deve ser feito, ele conseguirá acertar as coisas. Sendo que o que acontece é exatamente o contrário, cada vez que ele corrige algo, vem sempre alguma coisa para piorar ainda mais a situação, como se a vida o estivesse punindo, frustrando seus momentos de esperança. Mas como estava escrito naquela carta no inicio, ele tinha depois do fim, corpo e alma ainda, e as descrições naquela carta definem o personagem, já que não teremos flashbacks e nem insights sobre sua vida anterior ao desastre, só seremos levados ao momento cabal onde a carta foi escrita, deixando o filme tenso, exasperador, sufocante e fazendo valer cada minuto. Não espere um "A vida de PI", a filosofia tratada é muito crua, muito latente, sem alegorias e anedotas, deixando evidente que numa situação como essa só resta o desespero. A fotografia vem brindar a terceira parte do filme, mostrando sentimentos onde palavras não descreveriam com satisfação, solidão, desespero, apego, angustia, esperança, imensidão, sobrevivência. Outro fator foi abrir mão do diálogo religioso, não tendo o personagem de Redford, qualquer alusão ao socorro de um criador ou figura religiosa, mostrando que sua comunhão é apenas com suas lembranças, seu mundo crível e tátil. Já que preferiu a solidão das latas de comida, e o auto flagelo da solidão em alto mar. Sua busca é no final estabelecer a ordem natural das coisas, voltar para as pessoas que outrora ele feriu, mostrado em pequenos detalhes, como os anéis dos seus dedos, os anéis do cardume de peixes e o anel dourado flamejante no final, o faz deixar lembranças dos seus, o retorno a comunhão dos social, seu barco cai nas profundezas deixando todo seu passado ir embora, ele agora submerge triunfante, para um novo recomeço.
Ao ver as imagens do filme australiano, tensas, áridas e com Guy Pirce insano, dramático, criei muitas expectativas sobre esse filme, e talvez esse tenha sido meu erro. Admito que não conhecia nenhum trabalho do diretor David Michôd, sei que ele tem um filme aclamado pela critica chamado " Reino animal ", que ainda espero ver numa outra oportunidade. Mas quando notei que era uma historia relativamente simples, em seu roteiro, suas motivações e realizações, me vi frustrado. talvez seja minha culpa, talvez não tenha entendido o que o diretor quis dizer em algumas decisões sobre o filme, mas no final só restou as atuações críveis de Guy Pirece e Robert Pattison. A historia é sobre alguns personagens maltrapilhos e miseráveis, que chegam a essa situação por conta de uma crise que colapsou o sistema financeiro do mundo, desintegrando a sociedade como a conhecemos. É quando num dado momento, num assalto mau sucedido, os ladrões roubam o carro do personagem de Guy, e ele começa uma caçada visceral e insana para recuperar o carro. Como disse é bem simples, é a retratação de uma sociedade abatida, destruída e despretensiosa, onde as paisagens áridas, e o clima road movie distópico dão o tom do filme, assim o que se destaca são as atuações e interação, entre o anti-herói sem nome de Guy, e o menino marginalizado e descerebrado, de Pattison, se encontram, esse que faz o gancho da historia. As vezes ele me parecia Mad Max, ( o primeiro filme) não só por ser australiano, nem por ser desértico, mas pela construção pós apocalíptica com base em uma crise que assola a sociedade. Só que aqui a construção faz uma colcha de retalhos com outros obras, sendo meio que um western moderno, mais dramático e mais cru em sua essência. Mas apesar de todos os problemas é um bom filme, e as atuações valem o filme, Guy priece dispensa elogios, constrói muito bem seu personagem com a investidura dos irmãos Coen, com todo peso dramático de quem tem um grande vazio e penitencia em sua vida, onde não existe mais crença e nem motivação para viver, e casa muito bem com o personagem de Pattison, que aqui faz sua melhor atuação até então, saindo daqueles personagens melosos e melodramáticos, com pouca substancia cénica, para um cara complexo, com motivações e decisões dúbias, cheio de tragédias, sem perspectiva e com instinto de sobrevivência, fazendo um belo par em cena com Guy. Aqui o filme se sai muito bem, nos tirando todo o conforto que tínhamos, mostrando de forma eficiente a cerne dos personagens, onde coisas tão fúteis para nós sejam de suma importância em suas lembranças, como uma música que lembra um tempo bom, historias do passado cheia de alegria, e esperanças, lembranças de uma época que havia decência e lei, guardadas as vezes em porta malas.
César, como personagem, foi criado para refletir, em nós espectadores humanos, tudo aquilo que a nossa raça tem, de bom de ruim, de generoso, de violento, de julgador e de falho, não só ele, mas cada um dos símios do filme, vem apresentar a desumanização reversa, assim como ele chega a conclusão que os macacos tem comportamentos indignos da raça, nós também, em vários momentos em nossa historia, afirmamos que outro ser humano, não é humano, ao se comportar de forma diversa. Eles se sujam se comportando como humanos (moralmente), e muitas vezes nos comparamos com animais quando cometemos atos acéfalos. Desde 1968 essa franquia, junto aos seus livros tem trazido a tona, temas reflexivos, e por isso se mantem tão atual em suas discussões, e isso tem que atravessar a tela, é pobre sentar e ver apenas os efeitos visuais, a bela atuação de Andy Serkis, e a eficiência prequela dos filmes originais. Polparei tempo em elogiar a decisão acertada, de encurtar a historia logo no inicio, contanto a virada para um mundo pós apocalíptico por conta do vírus símio, que dizimou a raça humana quase em sua totalidade, tornando-os quase extintos, e aqueles que sobreviveram, criam uma rivalidade eterna entre humanos e macacos. Gostei bastante da forma que a comunidade do César foi apresentada, com pouca evolução no que tange seu ambiente, sua civilidade tribal, mas avançou em organização, e socialmente entre as várias raças símias. Sua liderança e respeito conseguido, não só pela força, mas também pela inteligencia em tomadas de decisão. Transita com eficiência entre os filmes antigos, e da continuidade ao primeiro filme, "origem" revisitando-o em momento pontual. Como gosto sempre de falar sobre a direção, ela foi de suma importância nesse longa, Matt Reeves é pouco conhecido, mas tem filmes competentes, como "Deixe-me entrar e Cloverfield", e aqui ele emprega o mesmo tom cinza, mesmo ritmo cadenciado de narrativa, e acrescenta os detalhes minimalistas. Toda a comunicação dos macacos e de alguns personagens humanos, só com gestos curtos, olhares e expressões. E as expressões foram o grande bônus, na construção dos macacos, desde o inicio com o foco no olhar de César, até a mudança brusca de Koba, de um macaco vilanesco feroz, em um macaco bobo, sem malicia em certo momento, quando se viu em perigo. Segurar a fala de César, até o momento preciso, deu o mesmo choque quando ele disse "não", respeitando mais uma vez a antologia da série. Sobre os efeitos visuais, são extremamente competentes, salvo que nossos olhos já conhecem um macaco real então conseguimos notar com facilidade a irrealidade da animação, mas ela acertou na transição evolutiva dos macacos, desde César e koba que andam eretos, e tem movimentos cadenciados e lógicos, até os símios normais que se comunicam por gestos, mas ainda tem movimentos espásticos. A construção da hierarquia entre eles, a complexidade do vilão Koba, que admira seu líder, tem sentimento de dever e gratidão mas almeja seu lugar e acredita ter a decisão mais acertada com a violência. Aqui nesse momento entramos na discussão central do filme, o fato de não conseguirmos renunciar a violência, mesmo César tentando de forma pacífica e diplomática, sempre terá aqueles que acreditam que a força será necessária, que ela é quem define quem fica e quem sai, e nisso os símios e humanos não tem diferença, deixando claro que não só as evoluções foram herdadas, mas também os desvios morais, que ficam tão claro nesse filme. A natureza humana foi muito bem trabalhada, através da condução e declínio dos símios, e esse diálogo sobre extremismos é o ponto mais alto do filme, levanta questões importantes e trás o dialogo a tona, e quem diria que isso seria feito com o filme sobre macacos não é mesmo?
Gosto muito dos filmes de Luc Besson, pelas suas personagens femininas fortes, pela beleza simples delas, por elas se jogarem na ação, e pelo apelo visual, que nada tem haver com o femme fatale. Desde 1997 com o "Quinto elemento" não via Besson dar vasão ao seu jeito de compor Sci Fi, esse seu jeito divertido e colorido de apresentar temas exdrúxulos, temas tão abstratos que só com pegadas assim, você consegue abordar. Aqui ele joga toda uma bobagem pseudo-científica, "o mito dos 10% do cérebro", para levar o plot central do filme, e é bem engraçado vê-lo admitir isso em tela, o que nos deixa claro qual será a levada do filme. Ele nem perde tempo explicando nada, e para não levar a sério, já pula para ação desenfreada o que é a parte boa do longa. Pelos inúmeros trabalhos de Scarlett Johansson, posso palpitar que esse foi um trabalho fácil de compor, já que em um ano que ela lida com a complexidade de "sob a pele" e outros como filmes Marvel, ela transpõe bem na tela essas facetas, com um inicio frágil da personagem e depois a virada da desumanização da personagem, e sua viagem a percepção humana no mundo. Ressalto a bela composição das cenas de ação e locações na Europa de cair o queixo, apesar de não gostar muito do resultado final,
achei de bom tom, não ter levado a personagem a uma divindade, quase nos distanciando do fascínio inicial, bem emoldurado pelo retrato visual de Besson.
Pule a péssima aula de ciência, e viaje nesse Sci Fi, contemple o belo uso de habilidades de Lucy, e se divirta naquilo que esse diretor Francês sabe fazer melhor, divertir.
Parece indiana Jones, parece Star wars, parece o novo Star trek, mas me chamam de Guardiões da galaxia.
O melhor filme da Marvel studios até aqui, e sem sombra de dúvidas, o mais bem humorado, e como todos esses filmes citados, tem tramas e personagens icônicos, emulados muito bem aqui, nesse filme dirigido por James Gun. Como já dito, ele não trás nada de novo, mas parece que lapidou muito bem o gênero, se assumindo como filme galhofa, fazendo piada, das piadas e do clichê suas virgulas, esse filme acerta em tudo, trilha sonora, design, trama e plots, sabemos bem como será o desenrolar, mas é tão bem executado que não cansa, e gera sorrisos, pelo respeito ao público, por se assumir engraçado e bobo. Lembra aquilo que foi planejado, os anos 80, nas suas trilhas e nas suas historias despretensiosas e épicas, e de personagens extremamente mesquinhos se forma um time muito bem misturado. E mesmo em tons leves de "dramedia", não perde o foco, e nos conduz a tal aceitação, que realmente chegamos a nos emocionar com a frase, "somos todos groot".
Deixou bastante a desejar, parece que vão abrir para diálogos, mas fica só no Mise en scène. E eu não gosto dessa abordagem panfletária e agressiva, mesmo conhecendo o estilo de Dawkins, e a outra ponta do extremismo, Quando você assisti a forma de apresentar ciência e pensamento de defesa, de Carl e Neil, notasse a falta de diálogo, de feeling com o publico, desses dois, o discurso deles gera mais ódio e antipatia do que curiosidade na ciência.
Cheio de problemas, de roteiro, de escalação de elenco, de personagens e sua trama cheia de furos, algumas coisas funcionam, a computação gráfica excelente, mas precisa melhorar muito para fazer jus ao nome. Kawabanga.
Quando você assiste um filme, do qual não leu o livro, você fica com duas coisas em mente; O filme é muito bom, logo você irá querer conhecer mais daquele universo, e bem provável irá ler a fonte dessa obra, mas se o filme for desastroso, você como eu irá se perguntar, esse filme foi mau feito ou a obra é tão ruim assim? (Lógico que estou retirando a terceira hipótese que é, esse filme não faz meu tipo). O ultimo filme que vi de Daniel Radcliffe foi "The woman in black" e espero ainda logo ver "kill your darlings" mas desse primeiro falei coisas boas sobre a atuação de Radcliffe, mesmo pegando um papel nada haver com a aparência jovial e pueril, ele atual razoável, dando conta desse filme remake. Mas em Horns ele tem em aspecto físico tudo haver com a historia central, filme recheado de humor negro, fantasia de horror e enxurrada de clichês desse gênero, no primeiro ato, ele segura e te intriga ao ponto de que ficamos curiosos, de como o diretor e o roteirista irão conduzir aquela loucura toda, mas do segundo ato em diante ele descamba e faz o espectador sofrer. Ele falha ao exagerar nas horas erradas, cria finais desnecessários, respostas de atitudes totalmente sem nexo e confusas, atuações péssimas e ausência total de coerência na sua proposta, quer discutir a relação nas pessoas de bem e mal, mas aborda de forma rasa apenas a unilateralidade da maldade de cada um, e de forma engraçada, lembrei de uma frase de J.K.Rowling onde ela dizia que: "não existe maniqueísmo, mas somente a busca pelo poder, e aqueles que são demasiados fracos para o desejarem". E a parte que mais esperava no segundo ato não veio, o uso dos poderes, não teve nada que eu falasse "uou!!!", nada, previsível e boring demais, é como se eu estivesse vendo o filme "O corvo" feito para adolescentes, e isso frustrou demais (inclusive vejam o corvo e limpem suas mentes disso). E para mim leitor e fã doente de Preacher (busque a HQ) foi como ver um personagem que poderia ser o novo mito da cultura pop ser jogado no lixo. Pobre (sic) filho de Stephen King, não conseguirei ler seu livro homônimo depois de ver esse filme.
Trabalhar com minimalismo não é nada fácil, em qualquer mídia, o simples, e genial, são bastante raros e quando se trata de cinema, ainda mais, já que o meio vive de blockbusters milionários, CGIs impressionantes e tramas intricadas e cheias de ação e explosões. E olha que esse é o mesmo roteirista de um filme com alguns atributos que sublinhei aí no texto, o "Senhores do crime" de Cronenberg. Steven Knight e Tom Hardy conseguem de forma eficiente, contar uma historia com apenas um ator e uma locação (o carro), e em apenas uma noite e diversas ligações, somos projetados para dentro daquele carro e ficamos ali de espectador, intrigados com as guinadas que a vida pode dar no mais normal dos homens. Já de inicio a brilhante atuação de Hardy, nos faz conhecer o que ele está para passar, quem é Ivan Locke, e qual sua visão do mundo, seu caráter e suas escolhas, e isso já vale cada minuto do filme. Usando de forma limitada e criativa, ele usa todos os elementos do carro, luzes, vibração, som, estrada, e olhares de Hardy, para ajudar na historia e eventos contados, encaminha para nós cada parte da trama, e suas consequências, não deixando que nos desviemos em nenhum minuto do interesse do que se passa em tela. Me lembrou outro filme bastante eficiente nesse aspecto o filme Buried com Ryan Reynolds, injustiçado como ator no filme desastroso "Laterna verde". Se você gosta do verdadeiro elemento de um filme que é "contar uma historia", estará bem servido de sétima arte.
Existem dois tipos de filmes de Guerra, aquele que mostra a crueza da guerra, as mazelas e todos os danos psicossociais, e aqueles mostram a mesma coisa, mas levantando a bandeira do heroísmo e patriotismo.
Esse filme do diretor Peter Berg (Hancock/Battleship/O reino) vem tentar um pouco dos dois, mas falha em vários pontos, já que a musica estraga o tom olimpista que ele quis dar aos bravos soldados, o filme não introduz nenhum drama adicional, somente aqueles já previstos por combatentes pronto para morrer honradamente em campo. Estranho esses pontos baixos do filme, já que o roteiro é escrito pelo diretor, tendo na lógica, controle total da obra. No inicio ele apresenta montagens do treinamento dos fuzileiros, mesclando cenas reais e ficcionais, já que se trata de homenagear esses soldados, num filme baseado em fatos verídicos, seu companheirismo e coragem, para enfrentar situações de conflitos e adversidades.
[/spoiler] O filme começa lento, mas na cena de "antecipação" já deixa a tensão no ar. Somos avisados que aquele grupo sofrerá algo terrível no decorrer do filme. Com filmes dessa mesma temática no currículo, ele emprega muito bem, o realismo, com uma câmera muito eficiente e interação dos atores. Lembrando bastante algo que ele já fez, em "O reino". Cada detalhe em "cut in close up" nos dá uma sensação do que é estar em ação, cada tiro do grupo talibã nos soldados americanos, cada escapada desesperadora da chuva de fogo, cada tropeço, a agonia de ser acuado ao desfiladeiro, somos inseridos no âmago da ação, que faz com que esse seja o ponto alto do filme, a sensação de que nunca sairemos daquela montanha, daquele "cliffhanger". [spoiler]
Esse ponto alto do filme, a ação, se dá ao trabalho de fotografia, muito competente de Tobias A. Schliessler, que através da granulação e decoupagem, emprega muito bem a urgência e perigo que esta sendo retratada, dos fuzileiros no Afeganistão, lugares inóspitos e sem vida, cada passo e cada acontecimento, por menor que seja, não é perdido em prol da latência do combate armado.
Mesmo inserindo discussões como código de honra, erigindo bondade e não demonização por parte dos "inimigos", ele trata de esquecer de propósito a imoralidade por parte do governo, o intervencionismo político americano, diluindo no diálogo de que existe afegãos lutando contra o talibã, e que eles estão mais uma vez limpando a sujeira terrorista no oriente médio.
Sobre o personagem de Mark Wahlberg (Marcus Luttreel) ele se apresenta mais sortudo que heroico, mesmo sendo valente e dedicado aos companheiros, mostrando que quem compôs o nome do filme nacional não sabia o que estava fazendo. Com um elenco incrível como, Taylor Kitsch, Ben Foster, Emile Hirsch, Eric Bana, Yousuf Azami, Ali Suliman e Alexander Ludwig, temos um grupo muito forte, preparado e competente, que harmoniza muito bem em cena, demonstrando o companheirismo forjado pelo treinamento.
O dilema moral do filme antecipa e enriquece a trama, dali se conduz o ponto de virada do filme, a discussão se depois de descobertos, deveriam matar os reféns, não por uma moral ilibada de soldado americano, mas pelo risco disso ser divulgado e acabarem com suas carreiras, e esse conflito permeia toda a situação até o final, na cabeça de cada soldado.
Volto a repetir que esse filme se vale das cenas de ação, muito bem implementadas, mostrando a geografia do lugar, a real situação de risco, a montagem de som, de balas,e galhos quebrando, estilhaços, e a ausência dele, e cada chiado de um pulmão sobrepassado. Nunca um "salto de fé" foi tão bem retratado,e toda essa tragédia tem a tola afirmativa clichê, das fotos dos soldados reais, como se isso desse respaldo a tudo que aconteceu.
Nessa enxurrada de filmes blockbuster, é até difícil notar alguns ótimos filmes, alguns passam desapercebidos, por não alcançar todo o público massivo, mesmo essa ficção científica, misturando filmes como "Feitiço do tempo" e "Contra o tempo" e algumas pitadas no seu design de "Transformers", "Matrix" e "Tropas estelares", acabam sendo pouco comentadas.
Mas como toda essa mistura pode ser boa? Como ela pode ter alguma coerência? Já no início ele apresenta uma caricatura de si mesmo, com sarcasmo político e atuação surpreendente de Tom Cruise, não que ela seja espetacular, mas é diferente, já que num filme como esse você espera, Tom Cruise sendo o que ele sempre foi badass.(em primeiro momento). Mas não, temos um major de assessoria de imprensa, que nunca participou de um conflito, e sendo acusado de deserção, é jogado em combate e então acontece algo inusitado, ele mata um ser alienígena e acaba ganhando uma habilidade curiosa, toda vez que morre ele sofre um reset.
Baseado no romance de Hiroshi Sakurazaka "All You Need Is Kill", o filme retrata uma história futurista, pós-apocalíptica, que conta a invasão dos Mimics, seres alienígenas que dizimaram a terra, e de um novato que ao morrer em combate, acorda novamente na sua base. A partir desse momento, todos os fatos ocorridos naquele dia acabam sendo como uma lembrança do dia anterior.
Aqui o diretor Doug Liman não perde tempo explicando muito, nem dando ênfase no que aconteceu, estamos apenas na ótica do protagonista, onde tudo isso é usado de pano de fundo. O filme segue uma gama de repetições vividas por major Bill Cage (Tom Cruise) onde ele tenta desesperadamente avançar cada vez mais naquele dia que se repete, com ajuda da sua companheira de campo Emily Blunt, repetindo mais um dos seus papéis em tramas desse tipo (Looper) e vem compondo muito bem seus personagens.
Fazendo várias referências a momentos marcantes de guerras reais, como dia D, e invasão da França, existem diversas outras ficcionais como "O resgate do soldado Ryan" e também jogos de tiro distópicos, satirizando na sua linguagem onde toda guerra é sempre igual, e só se conta os corpos, é somente um ciclo que se inicia sem fim, o mesmo check point, uma mesma tentativa do dia anterior.
No final tudo se abranda para contar aquilo que já esperávamos, não surpreende e nem tenta conversar e nem convencer o público, estamos como o major Cage, engaiolados na trama que já sabemos como vai terminar.
Filme baseado no livro homônimo de John Grisham, escritor formado em direito pela Universidade do Mississipi. A atividade de advogado influenciou a temática de seus livros, que já tiveram mais de 250 milhões de exemplares vendidos no mundo todo. Aqui já deixo a dica para meus amigos operadores do Direito. Mas é o tipo de filme que deve ser visto, talvez o nome de Joel Schumacher assuste alguns cinéfilos, mas se você não sabe quem ele é, você será mais feliz. Nessa primeira parte tratarei do filme e na segunda, a visão jurídica "de leve" sobre a trama.
A historia se passa em Canton no Mississipi, onde Carl Lee (Samuel L. Jackson), um negro que, ao matar dois brancos que espancaram e estupraram sua filha de 10 anos, é preso, e um advogado branco Jake Brigance (Matthew McConaughey ) e Ellen (Sandra Bullock) uma obstinada estudante de Direito vão contra todo um preconceito e racismo existente na comunidade daquela cidade para tentar defendê-lo.
Note que procurei enfatizar todo o clima de tensão "racial" que permeia o filme, ele vem abordar temas espinhosos que ainda hoje circula na mídia. Um dos plots que fervilha a trama é a Klu Klux Klan que tenta minar a defesa de Carl Lee, através de atentados as pessoas próximas do advogado Jake Brigance. E assim temos mais um "filme de júri” do cinema norte-americano, sendo nele abordadas questões como técnica argumentativa, direito positivo X direito natural, direito X moral etc.
Sobre os atores, você verá brilhantes atuações das caras tarimbadas do cinema atual como Samuel L. Jackson (capitão america 2) numa atuação poderosa e dramática, Matthew McConaughey (true detective) sempre inquietante e conduzindo uma defesa apaixonada e de cunho pessoal, Sandra Bullock, (gravidade) Kevin Spacey (House of cards) esse dispensa comentários, Kiefer Sutherland eterno Jack Bauer(24 horas) e Ashley Judd, linda tanto quanto Bullock.
O filme deve ser assistido guardada as devidas proporções do estilo cinematográfico daquele período, existem falhas de roteiro, personagens bobos, e caricaturados, a direção é eficiente em mostrar os vários lados, e e eleva o tom do drama, e deixando fluir as atuações desse filme já polêmico por si só, mas deixa soar um maniqueísmo, que incomoda, acabando por sujar a brilhante luta e defesa pela igualdade, dos negros, naquele período pós M. Luther King.
#Curiosidades Esse filme foi controverso, já que ele aparentava fazer apologia ao crime, e vários atores foram chamados, mas houve muitas recusas como: Alec Baldwin, Brad Pitt, Bill Paxton, Ralph Fiennes, Aidan Quinn, Val Kilmer e Paul Newman para o papel principal. Kevin Costner queria controle total do projeto e foi recusado, Woody Harrelson (true detective) foi cotado para o papel principal, mas o escritor John Grisham se opôs, foi quando Matthew McConaughey que faria outro papel, leu o roteiro e pediu para fazer o advogado Jake, passou e foi escalado para o papel. McConaughey apesar de ser o ator principal recebeu apenas 250 mil, pouco perto de Bullock que recebeu 8 milhões apenas fazendo a assistente.
O pai cometeu o crime por matar os estupradores de sua filha. Ele merece ser preso por fazer justiça com as próprias mãos?
Com esse questionamento vamos analisar a luz do direito esse fato. Muito embora haja uma grande diferença entre o Júri norte-americano e o Júri brasileiro, o filme permite não só uma reflexão acerca do papel da argumentação, no convencimento dos jurados, mas também acerca da legitimidade, de uma decisão que tem como base a lei e a prova dos autos, mas o entendimento do que é “justo” por parte do juri. Dividindo o julgamento entre mocinhos e bandidos, tudo cai no campo da dogmática das leis jusnaturalistas sorvendo esse argumento através da dialética. A defesa tenta provar que o acusado estava fora do seu estado de consciência no momento do assassinato, e a procuradoria derruba essa tese usando métodos dedutivos, demonstrando que Carl Lee sabia exatamente separar o certo do errado, e o resultado dos seus atos. A procuradoria consegue vencer em todas as partes do julgamento, convencendo quase por completo o juri, de que o réu deve ser penalizado. Mas, na ultima parte, na parte onde se resume todos os argumentos de acusação e defesa, na retórica, chegamos a parte mais brilhante, comovente, e que nos faz repensar tudo aquilo que foi abordado em tela, "chorei largado" e temos a grande conclusão. As duas partes foram brilhantes, evocando muito bem seus pontos e sabendo induzir a linha de pensamento do juri, seus aspectos culturais e antropológicos, a procuradoria levou mais para o lado Positivo (leis e jurisprudência), mostrou a arma do crime, relembrando que o réu tinha plena consciência dos seus atos. E a defesa procura enfatizar o lado sentimental, o real motivo para tudo que aconteceu, e usando a comoção de todos. O resultado você verá no filme. (rs). Um fato que não foi explicado no filme é a falta de punição para o acusado, mesmo tendo conseguido a absolvição, o acusado deveria ter sido enquadrado em pelo menos lesão corporal (Policial ferido na perna no homicídio doloso), ou seja, se fosse aqui no Brasil ele responderia a lesão corporal culposa que é tratada no art. 129, §6.º. do decreto lei n.2.848 de 07 de dezembro de 1.940. E a pena prevista seria de 2 meses a 1 ano de detenção.
A recomendação aqui é para todos, com atuações brilhantes, um belo filme que deve constar na sua lista, não importa sua "cor" nem sua visão, você será transportado e se sentirá sentado na tribuna, impossível passar ileso pela historia, bom filme.
Assim como o fato retratado, a virtuosa animação de diretor e protagonista, Ari Folman tem lapsos de memória, mas algo sempre trará as lembranças mais cruéis a tona, no caso do personagem sua memória perdida, é revolvida pelo relato de um sonho de um amigo, que sempre o perturba, já que o faz lembrar historias de guerra estarrecedoras, no meu caso é o retorno do genocídio sionista em Israel.
Queria poder falar apenas da obra ficcional, mas ela está atrelada a atos tão execráveis, que para minha pessoa, chega ser impossível fazê-la. Não perderei tempo discutindo lados, qual está certo ou errado, mas sempre estarei embutido do dever de expressar, absurdos tão impactantes como a guerra.
Em 1982, os campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, foram palco de mais um, dos inúmeros atos vergonhosos da mente doentia humana, foi desencadiada uma matança de palestinos, pelas mãos da Falange Libanesa, alegadamente em resposta ao Massacre de Damour. Forças de Defesa de Israel foram indiretamente responsável por não só evitar como estimular a matança. Este massacre mereceu a qualificação de Ato de Genocídio por parte da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Já colocado em contexto histórico, passamos a viajar na mente do personagem Ari Folman, que de forma documental, tenta relembrar onde ele se colocou nesse conflito, através de conversas e entrevistas, com amigos do exército, e quem participou do período. Folman remonta, pedaço por pedaço, cândida e dolorosamente, a história da guerra e seu lugar nela. Entre sonhos e alucinações, carnificina e explosões, ele vai montando seu quebra cabeça, e no final, de forma já esperada, ele é arrebatado pela dura realidade, a estupidez da guerra.
O filme do cineasta israelense foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, (o primeiro do gênero), e tem qualidade indiscutível, produzido entre Alemanha, França, Estados Unidos, Finlândia, Suíça, Bélgica e Austrália. Traz um viés documental, mas com tal carga dramática que distancia dos traços animados. Sua mescla de animação/documentário me fez lembrar de outro longa, "Persépolis" que também abusa do surrealismo, tons escuros e emulação de nanquim, sua energia politica, e horrores da guerra.
Trilha sonora moderna, que marca com cenas impactantes, muitas vezes trabalhadas de forma a suavizar as situações chocantes retratadas. Algumas vezes as lacunas de memoria chegam a ser preenchidas com reinterpretações de situações vividas. Alguns trechos são deveras subjetivos, já que alguns sentidos de realidade não conseguem ser expressados pela mera observação do real, fala não minha, mas do cineasta Jia Zhang-ke. Ele defende com êxito a ideia, que o surrealismo ajuda na verdadeira interpretação de algo tão minimalista, chocante, e carregado de sentimentos.
Se fosse produzido apenas como documentário cairia não só no esquecimento, como retrata a obra, mas em um discurso meramente manipulatório, mas como obra ficcional ele consegue ser talhado na mente do expectador, sendo mais eficaz doravante, justificando toda a estética empregada. Vale cada minuto, cada diálogo, até que toda a cena montada, vem a tona com aquele final, que sem traços, retrata toda crueza da realidade.
"Existem leis injustas, devemos nos contentar em obedecê-las ou devemos melhorá-las e obedecê-las até que sejam eficazes. Ou transgredi-las de uma vez por todas."
Henry David Thoreau
Alguns dias atras eu postei o trailer sobre o brilhante documentário sobre a vida de Aaron Swartz, o filme já esta na rede disponível para download, com legenda em PTBR.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=EaWI-9slxi4 Link para download: http://tormovies.org/movie/2014/the-internet-s-own-boy-the-story-of-aaron-swartz Baixe o programa de legendas e assim poderá instalar a extensão de busca automática de qualquer legenda. http://legendasbrasil.org/app/Legendas30.exe
Enjoy!
*OBS: O filme foi disponibilizado na rede de graça, para download, não estou infringindo qualquer regra, e quem conhece o trabalho do Aaron sabe que ele pouco importaria
Deve ter uns 03 anos que assisti esse filme, e na época o vi apenas como um filme gore, de horror que esse diretor dinamarquês que todo mundo falava, produziu. Ele disse na época que esse filme era o mais importante da carreira dele. Pesquisando sobre ele, descobri outros filmes e fui atrás, porque senti que não era apenas aquilo que vi na tela, tinha algo mais. Foi quando descobri que ele era "discípulo" de Nietzsche, então pelo menos a virtuosidade psicológica e o nome do filme já estava previamente fazendo sentido. Após absorver obras como "melancolia", cheguei a conclusão que ele era genial, que existia simbolismos sutis nas suas obras e que um olhar desatento já era suficiente para creditar mau os filmes dele, como tenho lido e li na época.
Episodio 02
A partir do momento que o filme apresenta aquele casal sem nome, que tem que lidar com algo tão brutal, como a morte do filho, num breve momento de romance, viajamos juntos no sofrimento deles, e esperamos de antemão em como lidaram com aquele trauma, é como se quiséssemos um parâmetro para como seria reagir a tal tragédia, o fato de dividir o filme em 03 partes, divide as mudanças da psiquê de cada um deles. Depois do primeiro corte nada é literal, somos transportados para uma viagem insólita, na vida do casal, a câmera se aproxima e mostra um vaso de flores lindo, mas q se visto de perto mostra a sujeira que encobria o relacionamento. As cenas tem tons de pesadelos, de sonhos borrados, toda a fotografia é levada a entender o quanto de surreal, será aquela parte da construção psicológica do roteiro, é um levante a psicologia, até na ironia do "Freud está morto", como se fosse Nietzsche dizendo que Deus está morto. Enquanto o marido tenta esconder seu sofrimento através do tratamento da esposa, ele se destrói por dentro como se fosse a raposa que esta comendo a sí própria, e lhe avisa que o caos reina. Seu pé preso deixa claro, que ele nada pode fazer naquela situação, está imóvel, e busca o esconderijo, onde a sua mulher se disse curada. Uma ilusão já que aquele lugar é a psiquê dela dizendo que só existe salvação, se ela voltasse a ser mulher de verdade, o retorno uterino, já que nada consegue ser eficaz contra aquele luto, temos uma breve exposição do ID,ego e superego, e na sua versão mais insana ela decide cortar aquela parte do seu corpo que ela culpa, que lhe deixa peso na consciência por aquilo que aconteceu.
Episodio 03
O sexo para mulher é a tentativa frustrada de lidar com a perda do filho, ela quer se sentir mãe, mulher, amada e fecunda, mas vê-se frustrada com a tentativa racional do marido, eles estão sozinhos, no seu Éden, como se fosse o resumo de tudo aquilo que a humanidade tem que lidar, por isso vários rostos borrados. Várias rimas visuais são colocadas ali, eles não tem nome, para que cheguemos perto de entender de forma física, o que se sente num momento de dor como esse. O homem vê várias vezes o cervo, com um feto pendurado, como se fosse a marca que ele terá que carregar a vida toda, diante das pessoas, por ter uma dor como aquela, por ser o cara que teve um filho morto.
Epílogo
Nessa segunda vez, por mais estranho que pareça, me lembrei da história de Eric Clapton que também perdeu seu filho de forma "parecida", e escreveu a canção "Tears In Heaven", para botar para forma através da arte sua dor, quando caia as sementes de carvalho filme, me lembrou bem a letra dessa musica.
O diretor Takeshi Kitano parece usar a alegoria do inicio, para dizer que o talento, a perfeição natural, de um artista é inalcançável, com uma ótima fotografia, cria planos da vida de Machisu (protagonista) que sugerem uma tragédia cômica de humor negro. Cada quadro pintado deixa claro que o que existe é uma vontade, uma paixão e obsessão que nunca alcança o talento.Nessa busca ele se perde em sonhos não correspondidos, perde pais, perde tios, perde amigos, perde sua própria família e sua integridade. As sátiras sobre o conceito abstrato da arte, rendeu cenas hilárias, e leva a banalizar as coisas da vida, tanto as importantes como as triviais. Para quem não se lembra, ele trabalha em Zatoichi, mas aqui o sangue soa falso, quase que emulando de forma desconcertada a vida real.
O filme mais descaracterizado de Darren Aronofsky, bem diferente de filmes como "Fonte da vida", "Cisne negro" e "Réquiem para um sonho", seu estilo visual beira apenas em alguns momentos. Não vou me conter aos spoilers, por que, cá entre nós, o filme retrata um historia bíblica bem conhecida, até por aqueles que não são cristãos, árabes e judeus, e mesmo tendo várias adaptações, ele não altera seu sentido e acontecimentos do original, mesmo usando liberdades no roteiro, ele se mantém fiel ao texto original no que tange os acontecimentos. Inspirada na historia de Gênesis capítulo 5 a 10, o roteiro vem contar a historia de Noé e seus descendentes do Justo Sete, e os também descendentes de Caim, que vivem em desarmonia, desde sua expulsão e repudio no episódio do Éden. Como relata o texto original, o criador (Deus não é citado em nenhum momento do filme), triste pelo crescimento da impiedade e maldade humana decide destruir toda a face da terra e seus seres viventes, mas decidi agraciar Noé e sua família, instruindo Noé através de sonhos, qual procedimento deve ser feito para poupar os seres puros (animais), assim o protagonista se fundamentaliza num personagem bem diferente do Bíblico, já que nesse ponto, ele entende que também tem coisas humanas reprováveis, para esse mundo perfeito que futuramente seria criado, chegando a não achar favor, nem em seus próprios familiares. Nascem conflitos profundos entre ele e seus familiares que vão compor o drama do filme, alem da morte de diversas pessoas pelo futuro dilúvio. Aronofsky aproveita muito bem para levantar questões pontuais de machismo, misoginia, e suspensão de descrença, dos textos canônicos, sobre o impacto real que traria um acontecimento tão brutal que desfacelaria toda a humanidade conhecida, sobre como o Criador decide, pela visão humana, tomar uma medida muito mais terrível, para resolver tal situação, e apoiar de forma sutil, a causa da natureza, e a proteção da vida terrestre, quase "avatariana". A decisão do design dos guardiões me incomodou, eu esperava algo diferente, se tratando do diretor, mas nesse sentido preferia as criações do Guillermo del toro, (rs) o jeito triste, sólido, quase inanimado , meio stop motion dos seres, conseguem passar toda tristeza e abandono do criador, mas se torna estranho, quase alheio ao que esta acontecendo em tela, eles não parecem fazer parte daquele mundo, e me lembra os Ents, as barbárvores do senhor do anéis, mas esses sim, compõe detalhes da terra média, deixando mais épico, o mundo de Tolkien. Uma parte curiosa, foi o retrato que ele fez de Adão e Eva, que foi entendido como seres alienígenas brilhantes, mas me lembrou os relatos de textos antigos como o livro de Urantia que dizia que os primeiros seres tinham pele luminosa e por isso pinturas de seres divinos carregavam faces brilhantes e aureolas. A parte onde mais me fascinou, de maneira particular, foi quando Noé vem contar o seu relato da criação, misturando de forma fascinante, uma parte do texto bíblico e o conhecimento científico, criando um trecho visualmente incrível, trazendo o apelo, para tragédia, que cai nas costas do protagonista, entoada pelos gritos desesperados, do lado de fora da arca, misturando personagens com silhuetas, trazendo mais beleza, aos relatos. Ainda falando do design, a arca também me deixou contente pela sua forma "crível", e supostamente funcional, bem diferente do que já havia sido visto em outras obras. Eu não esperava um filme, sessão da tarde de semana santa, já sabia que seria um filme comercial, que teria que apresentar, aventura, drama, efeitos especiais e liberdades criativas. O frenesi feito por alguns evangélicos sobre a "distorção" do texto bíblico, me soa mais como ingenuidade ou fanatismo. O filme não pode se moldar ao meu querer, senão não é a obra artística do diretor, e sim minha vontade soberana sobre tal obra, a visão de Aronofsky é essa, eu não gostei de decisões que ele tomou em certas motivações de personagens e escolhas de design, mas não me sentiria ofendido por isso, por causa de crenças e blá blá blá. Esperava mais dele como diretor, por ter visto coisas tão complexas e fantásticas vindo da sua visão de mundo. Enjoy!
Brilhante filme, que vem tratar do desenvolvimento do subconciente, não só do personagem de Gyllenhaal, mas de cada pessoa. Quem alguma vez se ateve a um relacionamento, cai exatamente nas duvidas mostradas, tratar desse filme aqui, pode acabar com a experiencia de cada um, de tentar entender a visão do diretor Denis Vileneuve, já que só explicando sobre a duplicidade e as "aranhas" explicaria a idéia do filme. Louvo a direção que hoje, com um cinema mastigado, decide tratar o publico com inteligencia e expertise.
Certa vez, vendo uma entrevista de Louis C.K. ele falava como as pessoas são totalmente tomadas pela cultura eletronica, e como o que esta na tela, parece ser mais interessante do que as pessoas em volta. Diante dessa premissa, achei que o filme de Spike Jonze (Ela) se tratava de um mero romance futurista, mas ao terminar, tive a certeza, que é algo além. O diretor apresenta uma historia simples e quase freak contemporânea, um cara que se separa da esposa, se vê em voltas de um romance com seus sistema operacional.
A forma como ele apresenta isso, tanto na atuação quanto nos cenários da LA futurista, quebra essa barreira exdrúxula, as nuances dos personagens ultrapassam qualquer estigma social,o mundo colorido e chapado, a forma como as pessoas se vestem e agem de forma desinteressante, suas conversas reservadas, contrastam com sistemas rápidos, bonitos, elegantes, tecnologias intuitivas e convidativas, roubam a atenção do mundo real e nos lembra que aqui, no nosso mundo, temos coisas e conceitos infelizmente parecidos. Somos cada vez mais reféns do conforto tecnologico.
A apatia de Theodore (Joaquin Phoenix) é demonstrada de forma brilhante, mesmo ele atuando sozinho, ele consegue convercer que esta sempre acompanhado da sua namorada onipresente "virtual" ( Scarlett Johansson ), Phoenix tem sempre um peso nos ombros, movimentos tristes e respostas agradaveis, roupas de cores lavadas, cafonas, e musicas melancolicas, que definem sua falta de expectativa em coisas boas, na sua fala: "as vezes acho que ja senti tudo que eu deveria, e que não sentirei nada novo a partir de agora, só tenho versões menores daquilo que já senti" ele traça tudo aquilo que vem jogando-o em seu estado de depressão, simplesmente tratando seu processo de separação como: apenas um dia apos o outro.
Mas o longa vem para apresentar algo maior do que essas questões, Spike Jonze sempre trata, dos relacionamentos dos seus personagens, assim como "Adaptação" "Quero ser Jhon Malkovich" e sobre os traços psicologicos, como em "Onde vivem os monstros, ele vem falar sobre amor, sobre se é possivel alguem amar algo tão abstrato e subjetivo, se sentimentos assim são reais, e logo no inicio ele deixa a pista sobre a nossa pergunta. O fato de ele trabalhar, numa empresa que escreve simulando cartas sentimentais, ja trás a tona esse sentimento, o personagem Theodore diz que apesar dele escrever cartas para outras pessoas, criando sensações e frases que expressam um sentimento que não é dele, é real, porque aquelas palavras verdadeiramente atigem as pessoas que lêem.
O trabalho de Scarlett Johansson é formidável, já que no tom e no emprego da voz, ela consegue manter o vínculo afetivo com Theodore, mesmo sendo infinitamente mais rapida e inteligente, ela não deixa trasparecer para ele esse abismo, em cada final de frase ela soa agradavel, e já de antemão responde questões que vagueiam o pensamento de quem assiste aquela relação nada convencional. É uma troca e relacionamentos são feitos disso, ela não tem um corpo, ele não é tão inteligente, mas ambos se doam para manter o crescimento na relação, e assim é na vida real, não só nossa, como na dele, já que quando lembra de sua ex-esposa, ele fala não fala de forma exasperada, mas com saudade, da época que construiam juntos a relação e amadureciam juntos. Acertavam erravam juntos.
No final é uma grande historia de amor, que trata de como somos moldados, por sentimentos, bons e ruins, e cada palavra, cada sensação, deixa de agir no plano abstrato e passa a nos tornar aquilo que somos, como o é. E tudo isso é muito real.
Lembro de ter assistido esse filme em meados de 2000 mas por causa da vida, acabei me esquecendo dessa perola do cinema iraniano. Quando assisti pela primeira vez, mais novo, não tinha notado a mensagem poderosa desse filme, de como a amizade entre irmãos é tão poderosa na infância e se perde com o tempo, de como a vida sofrida da espaço para o acalento, como a pobreza não é desculpa para a inercia, e como coisas simples são sempre o que torna a vida valida e maravilhosa.
O filme retrata a vida de um menino (Ali) que perde o sapato da irmã e naquele momento, para não receber uma sova do pai, decide dividir seu próprio tênis com ela para que os dois possam ir para escola. Na escola Ali descobre que terá uma prova de atletismo que se ele chegar em terceiro lugar conseguirá um tênis de premio e assim devolverá para a irmã. Uma historia quase infantil, boba, mas que se transforma em uma epopéia lúdica e entusiasmante, e candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 1998.
A pobreza da família de Ali, a grande dificuldade em pagar o aluguel, comida escassa, precariedade na questão da saúde, o fato da mãe de Ali estar doente e não ter alternativas de buscar auxílio em hospitais e a luta diária para manter suas necessidades básicas atendidas. Apesar das dificuldades sofrida pela família, o filme mostra um lar aonde existe amor e apoio de todas as partes. Vislumbramos a cultura do Irã, suas pessoas, sua educação, suas lutas e limitações e aprendemos como mesmo as crianças são honestas e conscientes da situação precária. Mesmo com uma situação adversa, nunca abrem mão da dignidade e mostra o caráter inerente desse povo.
Se prepare para se emocionar logo de cara com os personagens, e o final nada mais justo, que mesmo triste, consegue nos captar um sorriso em todo esse universo, para nós desconhecidos, lida com temas que mexem com a natureza humana com muita competência. Desfrute !!
Samurai X: Inferno de Kyoto
4.1 176 Assista AgoraO Samurai andarilho da Era Meiji, Kenshin Himura volta em seu segundo longa, para dar continuidade na sua jornada em busca da ordem e da paz, mas vai enfrentar o maior arco da obra de Nobuhiro Watsuki, o do vilão Makoto Shishio.
Himura arrependido por todas as vidas que tirou, prometeu nunca mais brandir sua espada para matar alguém, agora enfrentará situações que tentarão força-lo. Seus velhos e novos inimigos buscam seu instinto assassino novamente, que já lhe deu a alcunha de Hitokiri Battousai "retalhador".
A primeira coisa que se nota no segundo filme, é a violência, bem maior que no primeiro, e a situação de guerra civil, não deixa espaço para as partes cômicas, já clássicas do anime e do mangá.
O ritmo é mais lento, as batalhas demoram para acontecer e a narrativa se prende mais nos contextos da guerra, vindo apresentar o vilão e suas motivações, o roteiro tenta aprofundar em alguns personagens que terão papéis importantíssimos no terceiro filme, e o que se escuta, e pode ser visto nos trailers, é que a ação desenfreada ficou para a conclusão da história. Mas isso não é um problema, existem combates nesse filme e ação de muita qualidade, com efeitos práticos e muitas coreografias, a perícia é bem elevada, e precisa, quem gosta e conhece a esgrima japonesa desfrutará bastante do filme. É incrível notar todo o trabalho do ator Takeru Satô (Kenshin) em apresentar bela movimentação, eficiência e manter a essência de tentar não matar em combate, usando sua Sakabatō (espada de lamina invertida).
A apresentação épica de Shishio me lembrou muitos vilões com entradas inesquecíveis e apoteóticas, aquele mise en scene, com um palco grotesco só para ele e seus seguidores vindos do inferno, trouxe uma visão lúdica do caos e da carnificina. É o prelúdio do que será apresentado no decorrer do filme e eleva o tom cinza do filme.
O problema do filme foi focar e demorar demais na busca de kenshin no segundo ato, por uma espada, que não contarei para não dar spoilers, mas que se fez valer quando entra em cena um dos atores conhecidos pelo meio tokusatsu, por ser um dos Black Kamen Raider, e que reproduziu muito bem, tanto no seu estilo punk quanto no seu costume, o original do anime.
Ele como muitos filmes de meio, enfrenta um problema que está se tornando corriqueiro nas franquias, o anticlímax, ele vem prometendo muito, te leva a derradeira situação para ser resolvida, e usa um subterfúgio terrível, como o romantismo, que aqui caiu mau, já que a sensação e que tudo que importa foi deixado para depois.
Assim ele repete erros crassos de trilogias, não termina bem o segundo filme, deixando todas as partes de trabalho de roteiro, trama e aprofundamento de personagens e história confinados nessa segunda parte, e cabe a nós esperarmos que toda a expectativa seja suprida na conclusão final.
O Protetor
3.6 922 Assista AgoraO diretor Antoine Fuqua é daqueles diretores que sua obram revesam entre filmes medianos, e bons filmes, esses intercalando. Mas para quem gosta desse gênero de thriller ex-agente/ policial é um prato cheio.
Com filmes como "Atirador, Atraídos pelo crime, Dia de treinamento, (esse inacreditável) Olympus Has Fallen e O protetor" ele viaja muito bem nesse tipo de trama, sendo que Denzel ganhou o Oscar vindo dessa parceria com o diretor em "Dia de treinamento".
Mas de todos, esse filme se encaixa muito bem nos anos 80, com sua trama cheia de clichês batidos, tiroteio e explosões, vilões caricatos e diálogos elaboradíssimos, e frases de efeito, com mocinha e bandido, o herói urbano, quase saindo ileso disso tudo; De duas uma, você depois de ler isso pode estar pensando; Cara, esse filme é para mim! Ou, minha nossa, não é minha praia esse mais do mesmo. Se a sua opção é a segunda, não se desespere, Denzel que transita muito bem em vários papéis, mesmo com 60 anos vem conduzindo bem seus filmes médios, não chega a ser um desperdício, o filme é divertido, tem cenas bem executadas, com efeitos práticos e locações urbanas bem convincentes. É o fetiche para o sadismo e violência.
A trama é simplória, nada para se levar a sério, é o tipo de filme que você sabe como termina, é só uma viagem estética do inicio ao fim. E depois que você entende a proposta, é bem estranho a demora e lentidão no filme, as cenas de ação, que realmente importa nesse filme, demoram de acontecer, o espectador já começa a olhar o tempo do filme e isso nesse tipo de obra é uma falha grave, o drama e a trama não importam, os personagens são esquecíveis, então o ritmo não pode ser assim, porque estraga a experiencia.
A figura do personagem de Denzel, é um ser quase mitológico urbano, ele nunca corre, sempre em closes estilizados, movimentos friamente calculados e até em explosões ele anda de costas para ação, com postura badass, e frases cheias de efeito, acaba deixando a impressão que aquele personagem nunca sofrerá nada, não precisa usar armas e sempre tem tudo planejado, passará incólume e destruirá todos seus inimigos a sua volta.
Acredito que esse filme tinha algo mais, para ser um mero entretenimento, não apenas cenas plasticas, parece que você está assistindo uma tentativa de franquia, que pelo menos para mim, foi mau sucedida.
Até o Fim
3.4 418 Assista AgoraCom um roteiro de apenas 31 páginas, enfrentando um set de filmagem emprestado do filme Titanic, perder 60% da audição num ouvido por conta de uma infecção, conseguida nas gravações do filme, e criar um personagem mudo pela situação, sendo o ator tão falante, Robert Redford conseguiu o que eu acredito ser uma das coisas mais difíceis na atual conjuntura do cinema americano. Prender o telespectador num longa falando apenas duas frases. Ainda mais quando esse filme parece contemplativo, parece monótono e tem sua linguagem toda baseada no movimento de câmera (como tilt T) e em recursos sonoros que junto com o roteiro (Gimmick) vai preenchendo cada linha muda de atuação no filme.
Seu ultimo trabalho que eu me lembre, até mais recente, é o personagem Alexander Pierce em "Capitão America 2, soldado invernal" sendo lógico, não a melhor de suas atuações (rs). E apesar de ter 77 anos quando fez o filme, ele encarou todas as cenas sem dublê, o que aumentou bastante meu respeito por ele nesse filme.
Mas por que se falar tanto desse filme que ninguém viu? Justamente por isso, porque foi um belo trabalho, que mais uma vez foi sufocado pelo cinema do entretenimento, não que eu não goste desse tipo de filme, mas fico frustrado de ver obras assim, de verdadeira entrega de um ator desse nível, ter passado desapercebido.
Esse filme me lembrou, em sua essência, filmes como "Gravidade, Enterrado e Náufrago", em ter o ser humano lutando contra a força da natureza, nada podendo fazer contra a imensidão das leis naturais, e sua pequenez diante da situação adversa. Restando apenas vasculhar os detalhes em sua volta, para tentar sobreviver.
Outro ponto central desses filmes é a comunicação, onde a tentativa de dar ciência a alguém, sobre tudo aquilo que está acontecendo é fundamental, mas sempre a ausência desse fator causa estragos psicológicos terríveis, causando até viradas de roteiro interessantes.
Mas nesse longa a atuação de Redford vai muito além, ele lida muito bem com a falta de comunicação, explodindo na verdade quando ele vê toda sua luta para sobreviver, passar por algumas intempéries. Sempre deixando um ar de que merece aquilo que está passando, como punição por algo que tenha feito, mas sempre contando que se dessa vez seguir aquilo que deve ser feito, ele conseguirá acertar as coisas. Sendo que o que acontece é exatamente o contrário, cada vez que ele corrige algo, vem sempre alguma coisa para piorar ainda mais a situação, como se a vida o estivesse punindo, frustrando seus momentos de esperança.
Mas como estava escrito naquela carta no inicio, ele tinha depois do fim, corpo e alma ainda, e as descrições naquela carta definem o personagem, já que não teremos flashbacks e nem insights sobre sua vida anterior ao desastre, só seremos levados ao momento cabal onde a carta foi escrita, deixando o filme tenso, exasperador, sufocante e fazendo valer cada minuto. Não espere um "A vida de PI", a filosofia tratada é muito crua, muito latente, sem alegorias e anedotas, deixando evidente que numa situação como essa só resta o desespero.
A fotografia vem brindar a terceira parte do filme, mostrando sentimentos onde palavras não descreveriam com satisfação, solidão, desespero, apego, angustia, esperança, imensidão, sobrevivência.
Outro fator foi abrir mão do diálogo religioso, não tendo o personagem de Redford, qualquer alusão ao socorro de um criador ou figura religiosa, mostrando que sua comunhão é apenas com suas lembranças, seu mundo crível e tátil. Já que preferiu a solidão das latas de comida, e o auto flagelo da solidão em alto mar.
Sua busca é no final estabelecer a ordem natural das coisas, voltar para as pessoas que outrora ele feriu, mostrado em pequenos detalhes, como os anéis dos seus dedos, os anéis do cardume de peixes e o anel dourado flamejante no final, o faz deixar lembranças dos seus, o retorno a comunhão dos social, seu barco cai nas profundezas deixando todo seu passado ir embora, ele agora submerge triunfante, para um novo recomeço.
The Rover: A Caçada
3.3 355 Assista AgoraAo ver as imagens do filme australiano, tensas, áridas e com Guy Pirce insano, dramático, criei muitas expectativas sobre esse filme, e talvez esse tenha sido meu erro.
Admito que não conhecia nenhum trabalho do diretor David Michôd, sei que ele tem um filme aclamado pela critica chamado " Reino animal ", que ainda espero ver numa outra oportunidade.
Mas quando notei que era uma historia relativamente simples, em seu roteiro, suas motivações e realizações, me vi frustrado. talvez seja minha culpa, talvez não tenha entendido o que o diretor quis dizer em algumas decisões sobre o filme, mas no final só restou as atuações críveis de Guy Pirece e Robert Pattison.
A historia é sobre alguns personagens maltrapilhos e miseráveis, que chegam a essa situação por conta de uma crise que colapsou o sistema financeiro do mundo, desintegrando a sociedade como a conhecemos. É quando num dado momento, num assalto mau sucedido, os ladrões roubam o carro do personagem de Guy, e ele começa uma caçada visceral e insana para recuperar o carro.
Como disse é bem simples, é a retratação de uma sociedade abatida, destruída e despretensiosa, onde as paisagens áridas, e o clima road movie distópico dão o tom do filme, assim o que se destaca são as atuações e interação, entre o anti-herói sem nome de Guy, e o menino marginalizado e descerebrado, de Pattison, se encontram, esse que faz o gancho da historia.
As vezes ele me parecia Mad Max, ( o primeiro filme) não só por ser australiano, nem por ser desértico, mas pela construção pós apocalíptica com base em uma crise que assola a sociedade. Só que aqui a construção faz uma colcha de retalhos com outros obras, sendo meio que um western moderno, mais dramático e mais cru em sua essência.
Mas apesar de todos os problemas é um bom filme, e as atuações valem o filme, Guy priece dispensa elogios, constrói muito bem seu personagem com a investidura dos irmãos Coen, com todo peso dramático de quem tem um grande vazio e penitencia em sua vida, onde não existe mais crença e nem motivação para viver, e casa muito bem com o personagem de Pattison, que aqui faz sua melhor atuação até então, saindo daqueles personagens melosos e melodramáticos, com pouca substancia cénica, para um cara complexo, com motivações e decisões dúbias, cheio de tragédias, sem perspectiva e com instinto de sobrevivência, fazendo um belo par em cena com Guy. Aqui o filme se sai muito bem, nos tirando todo o conforto que tínhamos, mostrando de forma eficiente a cerne dos personagens, onde coisas tão fúteis para nós sejam de suma importância em suas lembranças, como uma música que lembra um tempo bom, historias do passado cheia de alegria, e esperanças, lembranças de uma época que havia decência e lei, guardadas as vezes em porta malas.
Planeta dos Macacos: O Confronto
3.9 1,8K Assista AgoraCésar, como personagem, foi criado para refletir, em nós espectadores humanos, tudo aquilo que a nossa raça tem, de bom de ruim, de generoso, de violento, de julgador e de falho, não só ele, mas cada um dos símios do filme, vem apresentar a desumanização reversa, assim como ele chega a conclusão que os macacos tem comportamentos indignos da raça, nós também, em vários momentos em nossa historia, afirmamos que outro ser humano, não é humano, ao se comportar de forma diversa.
Eles se sujam se comportando como humanos (moralmente), e muitas vezes nos comparamos com animais quando cometemos atos acéfalos.
Desde 1968 essa franquia, junto aos seus livros tem trazido a tona, temas reflexivos, e por isso se mantem tão atual em suas discussões, e isso tem que atravessar a tela, é pobre sentar e ver apenas os efeitos visuais, a bela atuação de Andy Serkis, e a eficiência prequela dos filmes originais.
Polparei tempo em elogiar a decisão acertada, de encurtar a historia logo no inicio, contanto a virada para um mundo pós apocalíptico por conta do vírus símio, que dizimou a raça humana quase em sua totalidade, tornando-os quase extintos, e aqueles que sobreviveram, criam uma rivalidade eterna entre humanos e macacos.
Gostei bastante da forma que a comunidade do César foi apresentada, com pouca evolução no que tange seu ambiente, sua civilidade tribal, mas avançou em organização, e socialmente entre as várias raças símias. Sua liderança e respeito conseguido, não só pela força, mas também pela inteligencia em tomadas de decisão. Transita com eficiência entre os filmes antigos, e da continuidade ao primeiro filme, "origem" revisitando-o em momento pontual.
Como gosto sempre de falar sobre a direção, ela foi de suma importância nesse longa, Matt Reeves é pouco conhecido, mas tem filmes competentes, como "Deixe-me entrar e Cloverfield", e aqui ele emprega o mesmo tom cinza, mesmo ritmo cadenciado de narrativa, e acrescenta os detalhes minimalistas. Toda a comunicação dos macacos e de alguns personagens humanos, só com gestos curtos, olhares e expressões. E as expressões foram o grande bônus, na construção dos macacos, desde o inicio com o foco no olhar de César, até a mudança brusca de Koba, de um macaco vilanesco feroz, em um macaco bobo, sem malicia em certo momento, quando se viu em perigo. Segurar a fala de César, até o momento preciso, deu o mesmo choque quando ele disse "não", respeitando mais uma vez a antologia da série.
Sobre os efeitos visuais, são extremamente competentes, salvo que nossos olhos já conhecem um macaco real então conseguimos notar com facilidade a irrealidade da animação, mas ela acertou na transição evolutiva dos macacos, desde César e koba que andam eretos, e tem movimentos cadenciados e lógicos, até os símios normais que se comunicam por gestos, mas ainda tem movimentos espásticos. A construção da hierarquia entre eles, a complexidade do vilão Koba, que admira seu líder, tem sentimento de dever e gratidão mas almeja seu lugar e acredita ter a decisão mais acertada com a violência.
Aqui nesse momento entramos na discussão central do filme, o fato de não conseguirmos renunciar a violência, mesmo César tentando de forma pacífica e diplomática, sempre terá aqueles que acreditam que a força será necessária, que ela é quem define quem fica e quem sai, e nisso os símios e humanos não tem diferença, deixando claro que não só as evoluções foram herdadas, mas também os desvios morais, que ficam tão claro nesse filme.
A natureza humana foi muito bem trabalhada, através da condução e declínio dos símios, e esse diálogo sobre extremismos é o ponto mais alto do filme, levanta questões importantes e trás o dialogo a tona, e quem diria que isso seria feito com o filme sobre macacos não é mesmo?
Lucy
3.3 3,4K Assista AgoraGosto muito dos filmes de Luc Besson, pelas suas personagens femininas fortes, pela beleza simples delas, por elas se jogarem na ação, e pelo apelo visual, que nada tem haver com o femme fatale.
Desde 1997 com o "Quinto elemento" não via Besson dar vasão ao seu jeito de compor Sci Fi, esse seu jeito divertido e colorido de apresentar temas exdrúxulos, temas tão abstratos que só com pegadas assim, você consegue abordar.
Aqui ele joga toda uma bobagem pseudo-científica, "o mito dos 10% do cérebro", para levar o plot central do filme, e é bem engraçado vê-lo admitir isso em tela, o que nos deixa claro qual será a levada do filme. Ele nem perde tempo explicando nada, e para não levar a sério, já pula para ação desenfreada o que é a parte boa do longa.
Pelos inúmeros trabalhos de Scarlett Johansson, posso palpitar que esse foi um trabalho fácil de compor, já que em um ano que ela lida com a complexidade de "sob a pele" e outros como filmes Marvel, ela transpõe bem na tela essas facetas, com um inicio frágil da personagem e depois a virada da desumanização da personagem, e sua viagem a percepção humana no mundo.
Ressalto a bela composição das cenas de ação e locações na Europa de cair o queixo, apesar de não gostar muito do resultado final,
achei de bom tom, não ter levado a personagem a uma divindade, quase nos distanciando do fascínio inicial, bem emoldurado pelo retrato visual de Besson.
Pule a péssima aula de ciência, e viaje nesse Sci Fi, contemple o belo uso de habilidades de Lucy, e se divirta naquilo que esse diretor Francês sabe fazer melhor, divertir.
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraParece indiana Jones, parece Star wars, parece o novo Star trek, mas me chamam de Guardiões da galaxia.
O melhor filme da Marvel studios até aqui, e sem sombra de dúvidas, o mais bem humorado, e como todos esses filmes citados, tem tramas e personagens icônicos, emulados muito bem aqui, nesse filme dirigido por James Gun.
Como já dito, ele não trás nada de novo, mas parece que lapidou muito bem o gênero, se assumindo como filme galhofa, fazendo piada, das piadas e do clichê suas virgulas, esse filme acerta em tudo, trilha sonora, design, trama e plots, sabemos bem como será o desenrolar, mas é tão bem executado que não cansa, e gera sorrisos, pelo respeito ao público, por se assumir engraçado e bobo.
Lembra aquilo que foi planejado, os anos 80, nas suas trilhas e nas suas historias despretensiosas e épicas, e de personagens extremamente mesquinhos se forma um time muito bem misturado. E mesmo em tons leves de "dramedia", não perde o foco, e nos conduz a tal aceitação, que realmente chegamos a nos emocionar com a frase, "somos todos groot".
Os Incrédulos
3.4 53Deixou bastante a desejar, parece que vão abrir para diálogos, mas fica só no Mise en scène. E eu não gosto dessa abordagem panfletária e agressiva, mesmo conhecendo o estilo de Dawkins, e a outra ponta do extremismo, Quando você assisti a forma de apresentar ciência e pensamento de defesa, de Carl e Neil, notasse a falta de diálogo, de feeling com o publico, desses dois, o discurso deles gera mais ódio e antipatia do que curiosidade na ciência.
As Tartarugas Ninja
3.1 1,3K Assista AgoraCheio de problemas, de roteiro, de escalação de elenco, de personagens e sua trama cheia de furos, algumas coisas funcionam, a computação gráfica excelente, mas precisa melhorar muito para fazer jus ao nome. Kawabanga.
Amaldiçoado
3.0 1,2K Assista AgoraBom... Ufa... vamos lá!
Quando você assiste um filme, do qual não leu o livro, você fica com duas coisas em mente;
O filme é muito bom, logo você irá querer conhecer mais daquele universo, e bem provável irá ler a fonte dessa obra, mas se o filme for desastroso, você como eu irá se perguntar, esse filme foi mau feito ou a obra é tão ruim assim?
(Lógico que estou retirando a terceira hipótese que é, esse filme não faz meu tipo).
O ultimo filme que vi de Daniel Radcliffe foi "The woman in black" e espero ainda logo ver "kill your darlings" mas desse primeiro falei coisas boas sobre a atuação de Radcliffe, mesmo pegando um papel nada haver com a aparência jovial e pueril, ele atual razoável, dando conta desse filme remake. Mas em Horns ele tem em aspecto físico tudo haver com a historia central, filme recheado de humor negro, fantasia de horror e enxurrada de clichês desse gênero, no primeiro ato, ele segura e te intriga ao ponto de que ficamos curiosos, de como o diretor e o roteirista irão conduzir aquela loucura toda, mas do segundo ato em diante ele descamba e faz o espectador sofrer.
Ele falha ao exagerar nas horas erradas, cria finais desnecessários, respostas de atitudes totalmente sem nexo e confusas, atuações péssimas e ausência total de coerência na sua proposta, quer discutir a relação nas pessoas de bem e mal, mas aborda de forma rasa apenas a unilateralidade da maldade de cada um, e de forma engraçada, lembrei de uma frase de J.K.Rowling onde ela dizia que:
"não existe maniqueísmo, mas somente a busca pelo poder, e aqueles que são demasiados fracos para o desejarem".
E a parte que mais esperava no segundo ato não veio, o uso dos poderes, não teve nada que eu falasse "uou!!!", nada, previsível e boring demais, é como se eu estivesse vendo o filme "O corvo" feito para adolescentes, e isso frustrou demais (inclusive vejam o corvo e limpem suas mentes disso). E para mim leitor e fã doente de Preacher (busque a HQ) foi como ver um personagem que poderia ser o novo mito da cultura pop ser jogado no lixo. Pobre (sic) filho de Stephen King, não conseguirei ler seu livro homônimo depois de ver esse filme.
Locke
3.5 444 Assista AgoraTrabalhar com minimalismo não é nada fácil, em qualquer mídia, o simples, e genial, são bastante raros e quando se trata de cinema, ainda mais, já que o meio vive de blockbusters milionários, CGIs impressionantes e tramas intricadas e cheias de ação e explosões.
E olha que esse é o mesmo roteirista de um filme com alguns atributos que sublinhei aí no texto, o "Senhores do crime" de Cronenberg. Steven Knight e Tom Hardy conseguem de forma eficiente, contar uma historia com apenas um ator e uma locação (o carro), e em apenas uma noite e diversas ligações, somos projetados para dentro daquele carro e ficamos ali de espectador, intrigados com as guinadas que a vida pode dar no mais normal dos homens.
Já de inicio a brilhante atuação de Hardy, nos faz conhecer o que ele está para passar, quem é Ivan Locke, e qual sua visão do mundo, seu caráter e suas escolhas, e isso já vale cada minuto do filme.
Usando de forma limitada e criativa, ele usa todos os elementos do carro, luzes, vibração, som, estrada, e olhares de Hardy, para ajudar na historia e eventos contados, encaminha para nós cada parte da trama, e suas consequências, não deixando que nos desviemos em nenhum minuto do interesse do que se passa em tela. Me lembrou outro filme bastante eficiente nesse aspecto o filme Buried com Ryan Reynolds, injustiçado como ator no filme desastroso "Laterna verde".
Se você gosta do verdadeiro elemento de um filme que é "contar uma historia", estará bem servido de sétima arte.
O Grande Herói
3.8 471 Assista AgoraExistem dois tipos de filmes de Guerra, aquele que mostra a crueza da guerra, as mazelas e todos os danos psicossociais, e aqueles mostram a mesma coisa, mas levantando a bandeira do heroísmo e patriotismo.
Esse filme do diretor Peter Berg (Hancock/Battleship/O reino) vem tentar um pouco dos dois, mas falha em vários pontos, já que a musica estraga o tom olimpista que ele quis dar aos bravos soldados, o filme não introduz nenhum drama adicional, somente aqueles já previstos por combatentes pronto para morrer honradamente em campo. Estranho esses pontos baixos do filme, já que o roteiro é escrito pelo diretor, tendo na lógica, controle total da obra. No inicio ele apresenta montagens do treinamento dos fuzileiros, mesclando cenas reais e ficcionais, já que se trata de homenagear esses soldados, num filme baseado em fatos verídicos, seu companheirismo e coragem, para enfrentar situações de conflitos e adversidades.
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O filme começa lento, mas na cena de "antecipação" já deixa a tensão no ar. Somos avisados que aquele grupo sofrerá algo terrível no decorrer do filme. Com filmes dessa mesma temática no currículo, ele emprega muito bem, o realismo, com uma câmera muito eficiente e interação dos atores. Lembrando bastante algo que ele já fez, em "O reino". Cada detalhe em "cut in close up" nos dá uma sensação do que é estar em ação, cada tiro do grupo talibã nos soldados americanos, cada escapada desesperadora da chuva de fogo, cada tropeço, a agonia de ser acuado ao desfiladeiro, somos inseridos no âmago da ação, que faz com que esse seja o ponto alto do filme, a sensação de que nunca sairemos daquela montanha, daquele "cliffhanger".
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Esse ponto alto do filme, a ação, se dá ao trabalho de fotografia, muito competente de Tobias A. Schliessler, que através da granulação e decoupagem, emprega muito bem a urgência e perigo que esta sendo retratada, dos fuzileiros no Afeganistão, lugares inóspitos e sem vida, cada passo e cada acontecimento, por menor que seja, não é perdido em prol da latência do combate armado.
Mesmo inserindo discussões como código de honra, erigindo bondade e não demonização por parte dos "inimigos", ele trata de esquecer de propósito a imoralidade por parte do governo, o intervencionismo político americano, diluindo no diálogo de que existe afegãos lutando contra o talibã, e que eles estão mais uma vez limpando a sujeira terrorista no oriente médio.
Sobre o personagem de Mark Wahlberg (Marcus Luttreel) ele se apresenta mais sortudo que heroico, mesmo sendo valente e dedicado aos companheiros, mostrando que quem compôs o nome do filme nacional não sabia o que estava fazendo. Com um elenco incrível como, Taylor Kitsch, Ben Foster, Emile Hirsch, Eric Bana, Yousuf Azami, Ali Suliman e Alexander Ludwig, temos um grupo muito forte, preparado e competente, que harmoniza muito bem em cena, demonstrando o companheirismo forjado pelo treinamento.
O dilema moral do filme antecipa e enriquece a trama, dali se conduz o ponto de virada do filme, a discussão se depois de descobertos, deveriam matar os reféns, não por uma moral ilibada de soldado americano, mas pelo risco disso ser divulgado e acabarem com suas carreiras, e esse conflito permeia toda a situação até o final, na cabeça de cada soldado.
Volto a repetir que esse filme se vale das cenas de ação, muito bem implementadas, mostrando a geografia do lugar, a real situação de risco, a montagem de som, de balas,e galhos quebrando, estilhaços, e a ausência dele, e cada chiado de um pulmão sobrepassado. Nunca um "salto de fé" foi tão bem retratado,e toda essa tragédia tem a tola afirmativa clichê, das fotos dos soldados reais, como se isso desse respaldo a tudo que aconteceu.
No Limite do Amanhã
3.8 1,5K Assista AgoraNessa enxurrada de filmes blockbuster, é até difícil notar alguns ótimos filmes, alguns passam desapercebidos, por não alcançar todo o público massivo, mesmo essa ficção científica, misturando filmes como "Feitiço do tempo" e "Contra o tempo" e algumas pitadas no seu design de "Transformers", "Matrix" e "Tropas estelares", acabam sendo pouco comentadas.
Mas como toda essa mistura pode ser boa? Como ela pode ter alguma coerência?
Já no início ele apresenta uma caricatura de si mesmo, com sarcasmo político e atuação surpreendente de Tom Cruise, não que ela seja espetacular, mas é diferente, já que num filme como esse você espera, Tom Cruise sendo o que ele sempre foi badass.(em primeiro momento). Mas não, temos um major de assessoria de imprensa, que nunca participou de um conflito, e sendo acusado de deserção, é jogado em combate e então acontece algo inusitado, ele mata um ser alienígena e acaba ganhando uma habilidade curiosa, toda vez que morre ele sofre um reset.
Baseado no romance de Hiroshi Sakurazaka "All You Need Is Kill", o filme retrata uma história futurista, pós-apocalíptica, que conta a invasão dos Mimics, seres alienígenas que dizimaram a terra, e de um novato que ao morrer em combate, acorda novamente na sua base. A partir desse momento, todos os fatos ocorridos naquele dia acabam sendo como uma lembrança do dia anterior.
Aqui o diretor Doug Liman não perde tempo explicando muito, nem dando ênfase no que aconteceu, estamos apenas na ótica do protagonista, onde tudo isso é usado de pano de fundo. O filme segue uma gama de repetições vividas por major Bill Cage (Tom Cruise) onde ele tenta desesperadamente avançar cada vez mais naquele dia que se repete, com ajuda da sua companheira de campo Emily Blunt, repetindo mais um dos seus papéis em tramas desse tipo (Looper) e vem compondo muito bem seus personagens.
Fazendo várias referências a momentos marcantes de guerras reais, como dia D, e invasão da França, existem diversas outras ficcionais como "O resgate do soldado Ryan" e também jogos de tiro distópicos, satirizando na sua linguagem onde toda guerra é sempre igual, e só se conta os corpos, é somente um ciclo que se inicia sem fim, o mesmo check point, uma mesma tentativa do dia anterior.
No final tudo se abranda para contar aquilo que já esperávamos, não surpreende e nem tenta conversar e nem convencer o público, estamos como o major Cage, engaiolados na trama que já sabemos como vai terminar.
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraMelhor filme da trupe até agora, fica Bryan Singer. Fechou brilhantemente quase todas as pontas dessa loucura que é a cronologia da série.
Tempo de Matar
4.1 568 Assista Agora#resenha #filme #dicaparafimdesemana
Tempo de matar (A Time to Kill)
Filme baseado no livro homônimo de John Grisham, escritor formado em direito pela Universidade do Mississipi. A atividade de advogado influenciou a temática de seus livros, que já tiveram mais de 250 milhões de exemplares vendidos no mundo todo. Aqui já deixo a dica para meus amigos operadores do Direito.
Mas é o tipo de filme que deve ser visto, talvez o nome de Joel Schumacher assuste alguns cinéfilos, mas se você não sabe quem ele é, você será mais feliz. Nessa primeira parte tratarei do filme e na segunda, a visão jurídica "de leve" sobre a trama.
A historia se passa em Canton no Mississipi, onde Carl Lee (Samuel L. Jackson), um negro que, ao matar dois brancos que espancaram e estupraram sua filha de 10 anos, é preso, e um advogado branco Jake Brigance (Matthew McConaughey ) e Ellen (Sandra Bullock) uma obstinada estudante de Direito vão contra todo um preconceito e racismo existente na comunidade daquela cidade para tentar defendê-lo.
Note que procurei enfatizar todo o clima de tensão "racial" que permeia o filme, ele vem abordar temas espinhosos que ainda hoje circula na mídia.
Um dos plots que fervilha a trama é a Klu Klux Klan que tenta minar a defesa de Carl Lee, através de atentados as pessoas próximas do advogado Jake Brigance. E assim temos mais um "filme de júri” do cinema norte-americano, sendo nele abordadas questões como técnica argumentativa, direito positivo X direito natural, direito X moral etc.
Sobre os atores, você verá brilhantes atuações das caras tarimbadas do cinema atual como Samuel L. Jackson (capitão america 2) numa atuação poderosa e dramática, Matthew McConaughey (true detective) sempre inquietante e conduzindo uma defesa apaixonada e de cunho pessoal, Sandra Bullock, (gravidade) Kevin Spacey (House of cards) esse dispensa comentários, Kiefer Sutherland eterno Jack Bauer(24 horas) e Ashley Judd, linda tanto quanto Bullock.
O filme deve ser assistido guardada as devidas proporções do estilo cinematográfico daquele período, existem falhas de roteiro, personagens bobos, e caricaturados, a direção é eficiente em mostrar os vários lados, e e eleva o tom do drama, e deixando fluir as atuações desse filme já polêmico por si só, mas deixa soar um maniqueísmo, que incomoda, acabando por sujar a brilhante luta e defesa pela igualdade, dos negros, naquele período pós M. Luther King.
#Curiosidades
Esse filme foi controverso, já que ele aparentava fazer apologia ao crime, e vários atores foram chamados, mas houve muitas recusas como: Alec Baldwin, Brad Pitt, Bill Paxton, Ralph Fiennes, Aidan Quinn, Val Kilmer e Paul Newman para o papel principal. Kevin Costner queria controle total do projeto e foi recusado, Woody Harrelson (true detective) foi cotado para o papel principal, mas o escritor John Grisham se opôs, foi quando Matthew McConaughey que faria outro papel, leu o roteiro e pediu para fazer o advogado Jake, passou e foi escalado para o papel.
McConaughey apesar de ser o ator principal recebeu apenas 250 mil, pouco perto de Bullock que recebeu 8 milhões apenas fazendo a assistente.
O pai cometeu o crime por matar os estupradores de sua filha. Ele merece ser preso por fazer justiça com as próprias mãos?
Com esse questionamento vamos analisar a luz do direito esse fato.
Muito embora haja uma grande diferença entre o Júri norte-americano e o Júri brasileiro, o filme permite não só uma reflexão acerca do papel da argumentação, no convencimento dos jurados, mas também acerca da legitimidade, de uma decisão que tem como base a lei e a prova dos autos, mas o entendimento do que é “justo” por parte do juri.
Dividindo o julgamento entre mocinhos e bandidos, tudo cai no campo da dogmática das leis jusnaturalistas sorvendo esse argumento através da dialética.
A defesa tenta provar que o acusado estava fora do seu estado de consciência no momento do assassinato, e a procuradoria derruba essa tese usando métodos dedutivos, demonstrando que Carl Lee sabia exatamente separar o certo do errado, e o resultado dos seus atos. A procuradoria consegue vencer em todas as partes do julgamento, convencendo quase por completo o juri, de que o réu deve ser penalizado.
Mas, na ultima parte, na parte onde se resume todos os argumentos de acusação e defesa, na retórica, chegamos a parte mais brilhante, comovente, e que nos faz repensar tudo aquilo que foi abordado em tela, "chorei largado" e temos a grande conclusão.
As duas partes foram brilhantes, evocando muito bem seus pontos e sabendo induzir a linha de pensamento do juri, seus aspectos culturais e antropológicos, a procuradoria levou mais para o lado Positivo (leis e jurisprudência), mostrou a arma do crime, relembrando que o réu tinha plena consciência dos seus atos. E a defesa procura enfatizar o lado sentimental, o real motivo para tudo que aconteceu, e usando a comoção de todos. O resultado você verá no filme. (rs).
Um fato que não foi explicado no filme é a falta de punição para o acusado, mesmo tendo conseguido a absolvição, o acusado deveria ter sido enquadrado em pelo menos lesão corporal (Policial ferido na perna no homicídio doloso), ou seja, se fosse aqui no Brasil ele responderia a lesão corporal culposa que é tratada no art. 129, §6.º. do decreto lei n.2.848 de 07 de dezembro de 1.940. E a pena prevista seria de 2 meses a 1 ano de detenção.
A recomendação aqui é para todos, com atuações brilhantes, um belo filme que deve constar na sua lista, não importa sua "cor" nem sua visão, você será transportado e se sentirá sentado na tribuna, impossível passar ileso pela historia, bom filme.
Valsa com Bashir
4.2 305 Assista Agora#Podeconterspoilers
Assim como o fato retratado, a virtuosa animação de diretor e protagonista, Ari Folman tem lapsos de memória, mas algo sempre trará as lembranças mais cruéis a tona, no caso do personagem sua memória perdida, é revolvida pelo relato de um sonho de um amigo, que sempre o perturba, já que o faz lembrar historias de guerra estarrecedoras, no meu caso é o retorno do genocídio sionista em Israel.
Queria poder falar apenas da obra ficcional, mas ela está atrelada a atos tão execráveis, que para minha pessoa, chega ser impossível fazê-la. Não perderei tempo discutindo lados, qual está certo ou errado, mas sempre estarei embutido do dever de expressar, absurdos tão impactantes como a guerra.
Em 1982, os campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, foram palco de mais um, dos inúmeros atos vergonhosos da mente doentia humana, foi desencadiada uma matança de palestinos, pelas mãos da Falange Libanesa, alegadamente em resposta ao Massacre de Damour. Forças de Defesa de Israel foram indiretamente responsável por não só evitar como estimular a matança. Este massacre mereceu a qualificação de Ato de Genocídio por parte da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Já colocado em contexto histórico, passamos a viajar na mente do personagem Ari Folman, que de forma documental, tenta relembrar onde ele se colocou nesse conflito, através de conversas e entrevistas, com amigos do exército, e quem participou do período. Folman remonta, pedaço por pedaço, cândida e dolorosamente, a história da guerra e seu lugar nela. Entre sonhos e alucinações, carnificina e explosões, ele vai montando seu quebra cabeça, e no final, de forma já esperada, ele é arrebatado pela dura realidade, a estupidez da guerra.
O filme do cineasta israelense foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, (o primeiro do gênero), e tem qualidade indiscutível, produzido entre Alemanha, França, Estados Unidos, Finlândia, Suíça, Bélgica e Austrália. Traz um viés documental, mas com tal carga dramática que distancia dos traços animados. Sua mescla de animação/documentário me fez lembrar de outro longa, "Persépolis" que também abusa do surrealismo, tons escuros e emulação de nanquim, sua energia politica, e horrores da guerra.
Trilha sonora moderna, que marca com cenas impactantes, muitas vezes trabalhadas de forma a suavizar as situações chocantes retratadas. Algumas vezes as lacunas de memoria chegam a ser preenchidas com reinterpretações de situações vividas. Alguns trechos são deveras subjetivos, já que alguns sentidos de realidade não conseguem ser expressados pela mera observação do real, fala não minha, mas do cineasta Jia Zhang-ke. Ele defende com êxito a ideia, que o surrealismo ajuda na verdadeira interpretação de algo tão minimalista, chocante, e carregado de sentimentos.
Se fosse produzido apenas como documentário cairia não só no esquecimento, como retrata a obra, mas em um discurso meramente manipulatório, mas como obra ficcional ele consegue ser talhado na mente do expectador, sendo mais eficaz doravante, justificando toda a estética empregada. Vale cada minuto, cada diálogo, até que toda a cena montada, vem a tona com aquele final, que sem traços, retrata toda crueza da realidade.
O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz
4.4 66 Assista Agora"Existem leis injustas, devemos nos contentar em obedecê-las ou devemos melhorá-las e obedecê-las até que sejam eficazes. Ou transgredi-las de uma vez por todas."
Henry David Thoreau
Alguns dias atras eu postei o trailer sobre o brilhante documentário sobre a vida de Aaron Swartz, o filme já esta na rede disponível para download, com legenda em PTBR.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=EaWI-9slxi4
Link para download: http://tormovies.org/movie/2014/the-internet-s-own-boy-the-story-of-aaron-swartz
Baixe o programa de legendas e assim poderá instalar a extensão de busca automática de qualquer legenda.
http://legendasbrasil.org/app/Legendas30.exe
Enjoy!
*OBS: O filme foi disponibilizado na rede de graça, para download, não estou infringindo qualquer regra, e quem conhece o trabalho do Aaron sabe que ele pouco importaria
Anticristo
3.5 2,2K Assista AgoraEpisodio 01
Deve ter uns 03 anos que assisti esse filme, e na época o vi apenas como um filme gore, de horror que esse diretor dinamarquês que todo mundo falava, produziu. Ele disse na época que esse filme era o mais importante da carreira dele.
Pesquisando sobre ele, descobri outros filmes e fui atrás, porque senti que não era apenas aquilo que vi na tela, tinha algo mais. Foi quando descobri que ele era "discípulo" de Nietzsche, então pelo menos a virtuosidade psicológica e o nome do filme já estava previamente fazendo sentido. Após absorver obras como "melancolia", cheguei a conclusão que ele era genial, que existia simbolismos sutis nas suas obras e que um olhar desatento já era suficiente para creditar mau os filmes dele, como tenho lido e li na época.
Episodio 02
A partir do momento que o filme apresenta aquele casal sem nome, que tem que lidar com algo tão brutal, como a morte do filho, num breve momento de romance, viajamos juntos no sofrimento deles, e esperamos de antemão em como lidaram com aquele trauma, é como se quiséssemos um parâmetro para como seria reagir a tal tragédia, o fato de dividir o filme em 03 partes, divide as mudanças da psiquê de cada um deles. Depois do primeiro corte nada é literal, somos transportados para uma viagem insólita, na vida do casal, a câmera se aproxima e mostra um vaso de flores lindo, mas q se visto de perto mostra a sujeira que encobria o relacionamento. As cenas tem tons de pesadelos, de sonhos borrados, toda a fotografia é levada a entender o quanto de surreal, será aquela parte da construção psicológica do roteiro, é um levante a psicologia, até na ironia do "Freud está morto", como se fosse Nietzsche dizendo que Deus está morto.
Enquanto o marido tenta esconder seu sofrimento através do tratamento da esposa, ele se destrói por dentro como se fosse a raposa que esta comendo a sí própria, e lhe avisa que o caos reina. Seu pé preso deixa claro, que ele nada pode fazer naquela situação, está imóvel, e busca o esconderijo, onde a sua mulher se disse curada. Uma ilusão já que aquele lugar é a psiquê dela dizendo que só existe salvação, se ela voltasse a ser mulher de verdade, o retorno uterino, já que nada consegue ser eficaz contra aquele luto, temos uma breve exposição do ID,ego e superego, e na sua versão mais insana ela decide cortar aquela parte do seu corpo que ela culpa, que lhe deixa peso na consciência por aquilo que aconteceu.
Episodio 03
O sexo para mulher é a tentativa frustrada de lidar com a perda do filho, ela quer se sentir mãe, mulher, amada e fecunda, mas vê-se frustrada com a tentativa racional do marido, eles estão sozinhos, no seu Éden, como se fosse o resumo de tudo aquilo que a humanidade tem que lidar, por isso vários rostos borrados. Várias rimas visuais são colocadas ali, eles não tem nome, para que cheguemos perto de entender de forma física, o que se sente num momento de dor como esse. O homem vê várias vezes o cervo, com um feto pendurado, como se fosse a marca que ele terá que carregar a vida toda, diante das pessoas, por ter uma dor como aquela, por ser o cara que teve um filho morto.
Epílogo
Nessa segunda vez, por mais estranho que pareça, me lembrei da história de Eric Clapton que também perdeu seu filho de forma "parecida", e escreveu a canção "Tears In Heaven", para botar para forma através da arte sua dor, quando caia as sementes de carvalho filme, me lembrou bem a letra dessa musica.
Aquiles e a Tartaruga
4.0 35O diretor Takeshi Kitano parece usar a alegoria do inicio, para dizer que o talento, a perfeição natural, de um artista é inalcançável, com uma ótima fotografia, cria planos da vida de Machisu (protagonista) que sugerem uma tragédia cômica de humor negro.
Cada quadro pintado deixa claro que o que existe é uma vontade, uma paixão e obsessão que nunca alcança o talento.Nessa busca ele se perde em sonhos não correspondidos, perde pais, perde tios, perde amigos, perde sua própria família e sua integridade.
As sátiras sobre o conceito abstrato da arte, rendeu cenas hilárias, e leva a banalizar as coisas da vida, tanto as importantes como as triviais.
Para quem não se lembra, ele trabalha em Zatoichi, mas aqui o sangue soa falso, quase que emulando de forma desconcertada a vida real.
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraO filme mais descaracterizado de Darren Aronofsky, bem diferente de filmes como "Fonte da vida", "Cisne negro" e "Réquiem para um sonho", seu estilo visual beira apenas em alguns momentos.
Não vou me conter aos spoilers, por que, cá entre nós, o filme retrata um historia bíblica bem conhecida, até por aqueles que não são cristãos, árabes e judeus, e mesmo tendo várias adaptações, ele não altera seu sentido e acontecimentos do original, mesmo usando liberdades no roteiro, ele se mantém fiel ao texto original no que tange os acontecimentos.
Inspirada na historia de Gênesis capítulo 5 a 10, o roteiro vem contar a historia de Noé e seus descendentes do Justo Sete, e os também descendentes de Caim, que vivem em desarmonia, desde sua expulsão e repudio no episódio do Éden.
Como relata o texto original, o criador (Deus não é citado em nenhum momento do filme), triste pelo crescimento da impiedade e maldade humana decide destruir toda a face da terra e seus seres viventes, mas decidi agraciar Noé e sua família, instruindo Noé através de sonhos, qual procedimento deve ser feito para poupar os seres puros (animais), assim o protagonista se fundamentaliza num personagem bem diferente do Bíblico, já que nesse ponto, ele entende que também tem coisas humanas reprováveis, para esse mundo perfeito que futuramente seria criado, chegando a não achar favor, nem em seus próprios familiares. Nascem conflitos profundos entre ele e seus familiares que vão compor o drama do filme, alem da morte de diversas pessoas pelo futuro dilúvio.
Aronofsky aproveita muito bem para levantar questões pontuais de machismo, misoginia, e suspensão de descrença, dos textos canônicos, sobre o impacto real que traria um acontecimento tão brutal que desfacelaria toda a humanidade conhecida, sobre como o Criador decide, pela visão humana, tomar uma medida muito mais terrível, para resolver tal situação, e apoiar de forma sutil, a causa da natureza, e a proteção da vida terrestre, quase "avatariana".
A decisão do design dos guardiões me incomodou, eu esperava algo diferente, se tratando do diretor, mas nesse sentido preferia as criações do Guillermo del toro, (rs) o jeito triste, sólido, quase inanimado , meio stop motion dos seres, conseguem passar toda tristeza e abandono do criador, mas se torna estranho, quase alheio ao que esta acontecendo em tela, eles não parecem fazer parte daquele mundo, e me lembra os Ents, as barbárvores do senhor do anéis, mas esses sim, compõe detalhes da terra média, deixando mais épico, o mundo de Tolkien.
Uma parte curiosa, foi o retrato que ele fez de Adão e Eva, que foi entendido como seres alienígenas brilhantes, mas me lembrou os relatos de textos antigos como o livro de Urantia que dizia que os primeiros seres tinham pele luminosa e por isso pinturas de seres divinos carregavam faces brilhantes e aureolas.
A parte onde mais me fascinou, de maneira particular, foi quando Noé vem contar o seu relato da criação, misturando de forma fascinante, uma parte do texto bíblico e o conhecimento científico, criando um trecho visualmente incrível, trazendo o apelo, para tragédia, que cai nas costas do protagonista, entoada pelos gritos desesperados, do lado de fora da arca, misturando personagens com silhuetas, trazendo mais beleza, aos relatos. Ainda falando do design, a arca também me deixou contente pela sua forma "crível", e supostamente funcional, bem diferente do que já havia sido visto em outras obras.
Eu não esperava um filme, sessão da tarde de semana santa, já sabia que seria um filme comercial, que teria que apresentar, aventura, drama, efeitos especiais e liberdades criativas. O frenesi feito por alguns evangélicos sobre a "distorção" do texto bíblico, me soa mais como ingenuidade ou fanatismo. O filme não pode se moldar ao meu querer, senão não é a obra artística do diretor, e sim minha vontade soberana sobre tal obra, a visão de Aronofsky é essa, eu não gostei de decisões que ele tomou em certas motivações de personagens e escolhas de design, mas não me sentiria ofendido por isso, por causa de crenças e blá blá blá. Esperava mais dele como diretor, por ter visto coisas tão complexas e fantásticas vindo da sua visão de mundo.
Enjoy!
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista AgoraNós somos inimigos de nós mesmo.
Brilhante filme, que vem tratar do desenvolvimento do subconciente, não só do personagem de Gyllenhaal, mas de cada pessoa. Quem alguma vez se ateve a um relacionamento, cai exatamente nas duvidas mostradas, tratar desse filme aqui, pode acabar com a experiencia de cada um, de tentar entender a visão do diretor Denis Vileneuve, já que só explicando sobre a duplicidade e as "aranhas" explicaria a idéia do filme.
Louvo a direção que hoje, com um cinema mastigado, decide tratar o publico com inteligencia e expertise.
300: A Ascensão do Império
3.2 1,6K Assista AgoraPense como spin off assim vc não fica tão chateado!
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraCerta vez, vendo uma entrevista de Louis C.K. ele falava como as pessoas são totalmente tomadas pela cultura eletronica, e como o que esta na tela, parece ser mais interessante do que as pessoas em volta. Diante dessa premissa, achei que o filme de Spike Jonze (Ela) se tratava de um mero romance futurista, mas ao terminar, tive a certeza, que é algo além.
O diretor apresenta uma historia simples e quase freak contemporânea, um cara que se separa da esposa, se vê em voltas de um romance com seus sistema operacional.
A forma como ele apresenta isso, tanto na atuação quanto nos cenários da LA futurista, quebra essa barreira exdrúxula, as nuances dos personagens ultrapassam qualquer estigma social,o mundo colorido e chapado, a forma como as pessoas se vestem e agem de forma desinteressante, suas conversas reservadas, contrastam com sistemas rápidos, bonitos, elegantes, tecnologias intuitivas e convidativas, roubam a atenção do mundo real e nos lembra que aqui, no nosso mundo, temos coisas e conceitos infelizmente parecidos. Somos cada vez mais reféns do conforto tecnologico.
A apatia de Theodore (Joaquin Phoenix) é demonstrada de forma brilhante, mesmo ele atuando sozinho, ele consegue convercer que esta sempre acompanhado da sua namorada onipresente "virtual" ( Scarlett Johansson ), Phoenix tem sempre um peso nos ombros, movimentos tristes e respostas agradaveis, roupas de cores lavadas, cafonas, e musicas melancolicas, que definem sua falta de expectativa em coisas boas, na sua fala: "as vezes acho que ja senti tudo que eu deveria, e que não sentirei nada novo a partir de agora, só tenho versões menores daquilo que já senti" ele traça tudo aquilo que vem jogando-o em seu estado de depressão, simplesmente tratando seu processo de separação como: apenas um dia apos o outro.
Mas o longa vem para apresentar algo maior do que essas questões, Spike Jonze sempre trata, dos relacionamentos dos seus personagens, assim como "Adaptação" "Quero ser Jhon Malkovich" e sobre os traços psicologicos, como em "Onde vivem os monstros, ele vem falar sobre amor, sobre se é possivel alguem amar algo tão abstrato e subjetivo, se sentimentos assim são reais, e logo no inicio ele deixa a pista sobre a nossa pergunta. O fato de ele trabalhar, numa empresa que escreve simulando cartas sentimentais, ja trás a tona esse sentimento, o personagem Theodore diz que apesar dele escrever cartas para outras pessoas, criando sensações e frases que expressam um sentimento que não é dele, é real, porque aquelas palavras verdadeiramente atigem as pessoas que lêem.
O trabalho de Scarlett Johansson é formidável, já que no tom e no emprego da voz, ela consegue manter o vínculo afetivo com Theodore, mesmo sendo infinitamente mais rapida e inteligente, ela não deixa trasparecer para ele esse abismo, em cada final de frase ela soa agradavel, e já de antemão responde questões que vagueiam o pensamento de quem assiste aquela relação nada convencional. É uma troca e relacionamentos são feitos disso, ela não tem um corpo, ele não é tão inteligente, mas ambos se doam para manter o crescimento na relação, e assim é na vida real, não só nossa, como na dele, já que quando lembra de sua ex-esposa, ele fala não fala de forma exasperada, mas com saudade, da época que construiam juntos a relação e amadureciam juntos. Acertavam erravam juntos.
No final é uma grande historia de amor, que trata de como somos moldados, por sentimentos, bons e ruins, e cada palavra, cada sensação, deixa de agir no plano abstrato e passa a nos tornar aquilo que somos, como o é. E tudo isso é muito real.
Filhos do Paraíso
4.4 344 Assista AgoraCinema simples, singelo, delicado e vibrante !
Lembro de ter assistido esse filme em meados de 2000 mas por causa da vida, acabei me esquecendo dessa perola do cinema iraniano. Quando assisti pela primeira vez, mais novo, não tinha notado a mensagem poderosa desse filme, de como a amizade entre irmãos é tão poderosa na infância e se perde com o tempo, de como a vida sofrida da espaço para o acalento, como a pobreza não é desculpa para a inercia, e como coisas simples são sempre o que torna a vida valida e maravilhosa.
O filme retrata a vida de um menino (Ali) que perde o sapato da irmã e naquele momento, para não receber uma sova do pai, decide dividir seu próprio tênis com ela para que os dois possam ir para escola. Na escola Ali descobre que terá uma prova de atletismo que se ele chegar em terceiro lugar conseguirá um tênis de premio e assim devolverá para a irmã. Uma historia quase infantil, boba, mas que se transforma em uma epopéia lúdica e entusiasmante, e candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 1998.
A pobreza da família de Ali, a grande dificuldade em pagar o aluguel, comida escassa, precariedade na questão da saúde, o fato da mãe de Ali estar doente e não ter alternativas de buscar auxílio em hospitais e a luta diária para manter suas necessidades básicas atendidas. Apesar das dificuldades sofrida pela família, o filme mostra um lar aonde existe amor e apoio de todas as partes.
Vislumbramos a cultura do Irã, suas pessoas, sua educação, suas lutas e limitações e aprendemos como mesmo as crianças são honestas e conscientes da situação precária.
Mesmo com uma situação adversa, nunca abrem mão da dignidade e mostra o caráter inerente desse povo.
Se prepare para se emocionar logo de cara com os personagens, e o final nada mais justo, que mesmo triste, consegue nos captar um sorriso em todo esse universo, para nós desconhecidos, lida com temas que mexem com a natureza humana com muita competência. Desfrute !!