Absurdamente lindo, além de trazer uma cultura diferente e desenvolver a história em cima da mesma com muita qualidade. Visualmente é sensacional, mega colorido e com mensagens valiosas.
"The Piano" é uma obra que causa muitos sentimentos dúbios. Porém, é um filme muitíssimo bem feito, cheio de belos momentos da protagonista Ada, e Holly Hunter entrega mesmo uma atuação maravilhosa e digna de premiações.
Acho que há tanta coisa a se discutir sobre Cleo/Florence. No início, vemos a mulher supersticiosa, vaidosa, que sofre com a iminência do fim da vida por meio de "sinais" que a cercam. Vamos acompanhando os minutos da personagem até o resultado de seu exame e, junto a isso, sua transformação. E é aí que temos uma grande surpresa.
No começo, temos uma ideia de quem é Cleo. A aspirante a cantora, que recebe mimos, que zela por sua beleza, que quer ser reconhecida. Mas a mulher é muito mais do que isso, e não há mal algum em suas vulnerabilidades iniciais. Depois de uma emocionante cena em que canta "Sans Toi", ao constatar a identificação com a letra melancólica e poderosa frente ao desespero que está vivendo, vemos a personagem se despindo aos poucos dessa primeira impressão que nos é mostrada, com uma camada de reflexões e sentimentos muito mais profundos. Temos pouco tempo para conhecê-la, assim como Antoine. Junto a essa contemplação do sofrimento, vivemos também a Paris de Cleo, cidade intensa e cheia de acontecimentos, e a câmera de Varda é excepcional em captar a beleza dos movimentos cotidianos com extrema naturalidade, compilando belíssimas imagens que admiramos pelo olhar de Cleo, que está mais mais atenta do que nunca a tudo que a cerca. Só depois descobrimos que ela é Florence. E quando percebe que também é valorizada pelo olhar de um estranho que lhe dá a oportunidade de ser ela mesma, sem o conhecimento de sua fama ou da vida que conhecemos no início, temos o ápice da personagem. "Você sempre tem uma resposta. É engraçado, sempre tenho perguntas."
Agnès ainda nos surpreende com pontuações pertinentes ao longo do filme, com a mulher que dirige o táxi, a que é auto-suficiente e orgulhosa de sua imagem, a independência profissional feminina, entre outras sutilezas de seu roteiro.
no decorrer do filme, sempre senti uma certa tensão em relação às atitudes de Steve, e ele me surpreendeu positivamente em todas. Quando Kyla explode com ele e ele depois acaricia o rosto dela, nesta do pôster em uma atitude que soa "agressiva", mas agindo de forma carinhosa para dar conforto ao desespero de sua mãe, na hora da dança... É triste pensar no quão difícil é essa situação. Die não possui recursos financeiros e nem psicológicos suficientes para lidar com a situação, e a culpa não é dela. A mulher faz o possível e aprende, dia a dia, como pode lidar melhor com o filho. Porém, as coisas saem de controle novamente com a intimação e tudo que parecia estar se encaminhando bem, desmorona. Queria entender melhor a situação de Kyla, apesar de algumas coisas implícitas. Quanto a intimação, julgo que Steve precisou ser internado novamente por conta disso, já que acho um tanto absurdo isso ficar sem resolução e acho que faz sentido de acordo com o desfecho. A cena em que Die imagina como as coisas poderiam ser é linda, poética e extremamente triste. E amei a widescreen nos momentos certeiros.
O filme começa com uma esquete sensacional, mas oscila bastante nas restantes. Porém, pra quem curte o humor de MP, sempre vale a pena conferir qualquer trabalho deles.
"Singin' in the Rain" é realmente maravilhoso e merece todo o status de clássico influente que adquiriu. Não são só os números musicais e as coreografias que são muitíssimo bem feitos, mas o roteiro também é ácido e divertido, fazendo piada com a própria situação de ser um astro em Hollywood. O trio está encantador, com destaque para Gene Kelly, que nos fascina com seu sapateado e com aquele sorriso cativante que exibe do começo ao fim. O desfecho foi melhor do que eu esperava.
Finalmente assisti esse clássico do início ao fim. O incrível é que havia uma certa relutância por conta das quase 3h, mas é impressionante como a hora não pesa nenhum pouco no decorrer do filme. "The Sound of Music" é encantador, com belas mensagens e um elenco afinadíssimo. Todos os núcleos são bem desenvolvidos e desempenham algum papel importante para o filme. Junto a tudo isso, ainda estão as músicas e os belos cenários. Só fez aumentar meu amor por Julie Andrews.
Achei a escolha de explorar menos as cenas de beijos e sexo MUITÍSSIMO acertada, até porque isso sim soaria bem fetichista num filme que não trata exatamente de um romance lésbico, mas sim do sentimento que não é explorado e nem conversado, do quão problemáticas algumas relações podem ser, da solidão e do potencial de sentimentos que tem tudo pra dar certo, mas não se concretizam por tantos motivos que fogem do nosso alcance. Sarah e Mindy claramente sentem algo além de amizade, mas há amarras ali. Mindy, quando decidiu colocar pra fora o que sentia (e que já devia existir há muito tempo), sabia que aquilo não teria futuro e deu o passo pra trás ao voltar para Nova York. Anos depois, a mulher também parece querer se ajustar ao que todo considerariam o ideal: um casamento heterossexual, com um homem gentil e bonito. Sarah sofre com um casamento prestes a acabar e, ao que o diálogo entre as duas dá a entender, sempre admirou Mindy não sabemos até que ponto. Quando ela experimenta o sentimento, ela gosta, mas como agir diante de tantos problemas? Ela também prefere a omissão, ficar calada e some. Anos depois, sabe que ainda tem aquela atração viva, mas é sempre pé no chão, sem se deixar levar por tantos sinais que os momentos entre as duas parece colocar diante de si. A nossa torcida é para que alguma das duas coloque pra fora tudo que está entalado no peito, mas, infelizmente, o final segue o convencional, assim como a decisão das duas em manter aquele sentimento com tanto potencial apenas guardado. E não é assim também a vida? Uma série de desencontros sentimentais, amarras, medos e inseguranças. As duas representam muito bem tudo isso, e a beleza está exatamente nas duas interpretações e, principalmente, quando estão juntas e há toda aquela genuidade entre olhares, toques e sorrisos.
A direção de So Yong Kim é extremamente delicada e valoriza a beleza do sentimento entre as duas. Adoro como ela focaliza a câmera no rosto das duas, como ela pega momentos "banais" e os transforma em total sutileza. Gratíssima surpresa, viu.
Muito mais do que uma história de gangues, "The Outsiders" também é bem sucedido em mostrar a amizade de forma sensível, mesmo num meio bastante conturbado e violento como o dos Greasers. Uns foram abandonados, outros perderam os pais e Johnny, por exemplo, sofre com a distância e as brigas em casa. Os meninos crescem nesse lugar onde não se sentem seguros e aprendem, desde cedo, a se virar como podem. E em meio a isso, vemos que o laço entre eles é o que não os deixa seguirem caminhos ainda mais conflituosos. Acho que o filme poderia ter abordado algumas questões de forma um pouco mais séria e dramática. Tenho o livro em casa e agora estou com uma super vontade de ler e entender um pouco mais sobre a essência desses personagens. Se já amei a adaptação de "Rumble Fish", que também é da Susan E. Hinton, certamente os livros devem ser ainda melhores.
"Chicago" já se tornou um dos meus musicais favoritos fácil! O trio principal está incrível, com destaque pra Catherine, que rouba total a cena toda vez que aparece (inclusive, queria mais que o filme fosse sobre ela do que sobre a Roxie). As músicas são sensacionais, muito bem encaixadas, e por isso a história flui tão bem. A direção do Rob tá inspiradíssima, aliás. O filme é divertido e contagiante do começo ao fim.
Adorei as músicas e as cenas coreografadas, embora eu ache que os atos musicais poderiam ser menores. Aliás, o filme é bem longo desnecessariamente. A mensagem é incrivelmente atual e o discurso de Maria realmente é a melhor cena do longa, mas
me incomodou muito o posicionamento da personagem relacionado à morte do irmão e à atitude de Tony. Embora eu compreenda que cabe para a época e para o filme, foi uma opção do roteiro que me desagradou bastante e fez com que a personagem se tornasse uma mocinha "mais do mesmo".
Poucas vezes eu torci tanto pra uma personagem principal como torci por Lale e seu plano improvável de escapar da prisão que vivia. "Mustang" emociona do começo ao fim, seja na relação afetuosa e unida das cinco irmãs, na forma como elas se cuidam ou nos momentos mais difíceis que as separam. Aqui, temos uma brevíssima noção do que é viver em determinadas regiões e países do mundo, onde a mulher tem nenhum poder de escolha e está presa às amarras de uma sociedade ultrapassada, machista e conservadora. É muitíssimo triste pensar que isso realmente aconteça aos montes por aí, e o filme soube nos apresentar momentos sensíveis e tensos com muita sutileza, realmente nos aproximando da vida difícil e do sentimento de coragem de Lale, a personagem que mais acompanhamos e que nos surpreende com sua linda força.
Temática interessante, mas achei que o filme se alonga demais em determinados momentos. Também achei o personagem do Laurence um tanto deslocado e que as "viradas" de decisões dele não correspondiam muito bem ao que o personagem tava demonstrando. Soou um pouco forçado, até porque é o personagem mais difícil de desenvolver alguma proximidade (pelo menos pra mim foi).
A "redenção" e as voltas ao assunto da morte do fuzileiro também me pareceram exageradas. Até me perguntei se eu tava sendo muito cricri com o filme ou se realmente tava mal trabalhado aquilo lá, mas não senti que havia carga suficiente pro trio decidir ir na casa da mãe de um cara morto há mais de 20 anos. Mas lógico, aquele momento levemente clichê foi necessário, haha.
De resto, tem momentos divertidos e alguns bons quotes que ficam na mente. Infelizmente, não chega a ser inesquecível como os outros do Linklater que eu amo de paixão.
"Loveless" é aquele exemplar que mostra a importância da combinação roteiro + direção, suficientes para atingir o espectador de uma forma marcante. A escolha em deixar situações abertas, sem explicar o motivo pelo qual determinadas situações chegaram ao fim e como se desenvolveram naquela família são essenciais, porque o importante mesmo não está na forma como aconteceram, e sim em como ressoam em cada personagem (principalmente o filho). É uma história cheia de camadas, e a direção trabalha bem cada cena, nos deixando sentir tanto a frieza climática quanto a que tomou conta daquelas relações. Há uma porção de temas a analisar, como status social, efeitos da tecnologia e solidão. Uma história para se absorver e compreender, porque ela está cada vez mais presente em nossa sociedade atual, enquanto o amor está mais em falta.
A história é bem agradável, mas demora pra pegar um ritmo interessante. Eu gostei muito de como várias partes das duas histórias "se encontram" e da perspectiva de
A atuação de Giulietta Masina como Maria 'Cabiria' Ceccarelli já se tornou uma das minhas favoritas do cinema. Ela encarnou a história da personagem e todo o seu drama. Fellini nos entrega uma obra que oscila entre comédia e drama, risada e tristeza. E isso faz parte de Cabiria. Ela é essa mulher forte, independente e que, apesar de estar sozinha no mundo desde pequena, ainda possui aquela inocência em acreditar na beleza de um sentimento como o amor. Cabiria tem todos os motivos do mundo para estar desacreditada, mas ela não se entrega.; e o final traduz exatamente toda a força que a personagem possui em seguir em frente, independente do que aconteça.
A animação é lindíssima, com cenas maravilhosas mesmo. Achei a trilha sonora impecável também, combina com todos os momentos em que é aplicada e deixa a história ainda mais emocionante.
Eu gostei muito dos personagens e da forma que a gente vai descobrindo esse envolvimento entre eles. Os clichês da construção de personagens japoneses ainda me incomodam, mas não chega a ser um defeito aqui. Tem um dos finais mais lindos que já vi em animações.
O ponto alto são as músicas, sem dúvidas. Elas realmente são contagiantes e até chegam a arrepiar em alguns momentos. Mas o roteiro é bem fraco, previsível e tudo que já vimos antes. O problema não é só ser mais do mesmo, mas não ter algo que se destaca tanto para se tornar marcante. É um filme gostosinho de assistir.
Além da crítica social que martela constantemente no filme, o motivo para que eu desse uma nota tão alta assim tem mais a ver com o personagem em si e as relações que ele cria nesse momento de dificuldade. Apesar das provações a cada negação de pedido ou revisão, acompanhamos o homem calmo até demais diante da enrolação e do descaso que sofre com sua doença. Daniel só perde a cabeça mesmo quando vê Katie sendo destratada. Essa relação se forma em um período complicado para ambos, onde ele vê na mulher e seus filhos um apoio familiar, e eles o vêem como o suporte que precisavam. É uma troca muito bonita, que emociona e traz os melhores momentos do filme. A ausência de trilha sonora foi um acerto, valorizando o drama que a história já tem a oferecer sem utilizar desse recurso. Presenciamos uma situação que soa familiar e, pra mim, só peca um pouco em seu final. Porém, o desfecho não tira o valor que essa obra tem e o quanto merece ser vista.
Eu nem tenho muito mais a acrescentar, pois acho que os comentários abaixo definiram bem o que eu também senti. É sempre um desafio essas adaptações baseadas em fatos reais. Primeiro, porque geralmente a maioria já sabe o que aconteceu - ou seja, tornar-se interessante mesmo quando pessoas já sabem seu desfecho é uma qualidade e tanto (coisa que não acontece aqui). Segundo, o filme até tem algumas boas passagens, que são bem desenvolvidas pela dupla principal, mas até eu consigo ver quão problemática é a relação e fica difícil simpatizar com o casal. Quem assiste fica tão perdido quanto o relacionamento dos dois, sem saber o que sentir e até onde vai. A família retratada no filme também foi um incômodo constante, mas isso até que não foi tão negativo, pois devem ocorrer mesmo essas complicações sobre como as pessoas a sua volta se adaptam depois de um acidente dessa magnitude, como encaram a gravidade do fato e o quanto elas não tem noção da profundidade do caos que a vítima está sofrendo por dentro. Infelizmente, "morno" é a melhor definição que encontrei para esse filme.
Mais uma obra cheia de pontos de vista e que fala, de forma honesta, com o público. Em 1958, o Bergman já tava lá desconstruindo a visão de que a maternidade é um conto de fadas. Aqui, ele faz questão de mostrar os dilemas que rodeiam essa experiência. Temos três mulheres em um quarto, cada uma vivendo esse momento de forma diferente por conta de seus problemas individuais, onde a maternidade oscila entre fardo e presente. Eu nunca tinha parado pra pensar no quanto o parto é um "tudo ou nada".
Stina era a mulher mais feliz do mundo com sua gravidez, até fazendo com que as outras duas mulheres sentissem uma certa culpa por não terem sentido esse mesmo desejo de colocar uma vida no mundo. Porém, a ironia se faz presente aqui, com a morte no parto. Ele mostra todo o sofrimento e dificuldade que ela enfrenta, onde ela mesma diz que "não fazia ideia de que era assim". Essa parte me agradou muito, pois o diretor faz questão de não nos poupar da agonia que a mulher está sentindo. A personagem da Bibi cresce na história, com sua confissão sobre a realização de um aborto. O julgamento da família por ser mãe solteira e as dificuldades financeiras também a assombram, e novamente temos uma realidade retratada, em que o peso da maternidade cai nos ombros da mulher. Só a personagem da Ingrid que realmente tem uma história mais solta, mas não deixa de ter seu valor. Ao passar por um aborto espontâneo, a mulher descobre que sua vida e seu casamento estavam seguindo caminhos que ela, em seu íntimo, sabia que não eram condizentes com sua vontade. É uma mulher independente, que está infeliz com o conformismo de seu casamento e se culpa pelo aborto, pela infelicidade do marido, pelo fracasso matrimonial e por sua aparente falta de vontade em construir essa família. Sua atuação é convincente em mostrar a oscilação de sua vontade em ser mãe, pois não parece saber se queria aquela criança pelos motivos "certos" ou se era apenas para suprir o sentimento de solidão que a assolaria caso perdesse o marido e o filho.
O diretor acerta novamente em cutucar algumas feridas da sociedade e em mostrar perspectivas realistas, ao invés da doce ilusão que nos forçam a engolir.
É possível assistir "Tangerine" sem se apaixonar logo de cara pela relação entre Sin-Dee e Alexandra? O filme já começa quebrando tudo, com uma cena inicial que mais parece um pontapé e acompanhamos a saga dessas duas mulheres num dia muito esclarecedor para ambas.
Do lado da Sin-Dee, já começamos nos simpatizando com a mulher explosiva que aparece na tela. Apesar das atitudes bastante controversas relacionadas à Dinah, logo desvendamos mais uma camada de sua personalidade impulsiva, que também nos mostra o lado afetuoso que tem para com sua amiga, a tristeza no olhar de quem se sente enganada e iludida pela pessoa que ama e uma cena bem bonita onde ela supera um pouco seu orgulho e limpa o rosto da amante do namorado. Por parte de Alexandra, vemos um pouco mais os "perrengues" que as mulheres trans enfrentam na prostituição, e uma cena bem comovente em que ela se vê abandonada em frente ao bar onde paga para se apresentar e quase ninguém aparece. Após todas as revelações e discussões, o que elas encontram em comum? A amizade. E o filme fala sim (ainda que superficialmente) sobre os problemas e riscos desse trabalho, sobre a solidão dos personagens de formas diferentes, sobre tabus. Pra mim, talvez aqui o filme peque em não saber exatamente de que forma situar alguns personagens e a mensagem que suas tramas possuem, mas a mensagem final é tão bonita e poderosa que mereceu o favorito.
É lindo ver o espaço dado a essas mulheres negras trans, que são lindas e exibem brilho na tela do iPhone 5s de Sean Baker. Eu desejo do fundo do coração que mais trabalhos corajosos como esse apareçam. O filme é divertido, tem um ótimo ritmo, uma trilha sonora perfeitamente encaixada, atuações bonitas e emocionantes e é um dos filmes mais bonitos sobre amizade que já vi.
Esse filme é recheado de momentos belíssimos e mega genuínos em mostrar o surgimento da paixão entre Elio e Oliver e a linda relação familiar de Elio com seus pais. E essa adaptação acerta em valorizar essas duas relações na vida do jovem rapaz, que que se descobre com experiências e que estas o levam também a descobrir que o apoio de sua família vai muito além do que conhecemos inicialmente. Os últimos 15 minutos são sensacionais, extremamente emocionantes. Compensam alguns momentos monótonos do longa. Outra coisa que não me agradou tanto foi a edição, achei um pouco problemática em alguns momentos. Ainda bem que esta acerta em valorizar toda da carga emocional do final.
A vida de Paterson em Paterson. William Carlos Williams. Gêmeos. Poeta e poetisa. Water falls. "Eu respiro poesia", disse o estranho que se classifica como poeta e está de passagem pela cidade, enquanto o outro observa, com uma admiração silenciosa.
Há tantos elementos a serem comentados sobre esse filme. Mas o maior destaque mesmo fica com a rotina. Esta, sempre vista de forma negativa pela ampla maioria, aqui é contemplativa e revela-se monótona, mas com elementos interessantes a serem notados, fazendo oposição aos muitos detalhes que nos passam despercebidos diariamente.
Paterson, ao contrário, usa seus momentos de trabalho, sozinho frente a uma paisagem ou até sentado no banco do ônibus para escrever poemas. E são obras que soam extremamente genuínas e simples, assim como sua personalidade, que não quer tecnologia, que acorda quase sempre no mesmo horário, que utiliza o mesmo padrão de roupas, horários e caminhadas. Com uma esposa que respira novidades, o contraponto é muito bem-vindo. Por mais diferentes que sejam em relação às aspirações que possuem, ambos se complementam nessa rotina que oferece a cada um o que precisam para continuarem sendo eles mesmos em paz. Um belo filme, com muito a ser discutido, pois é como a vida de Paterson: rico em pequenos detalhes.
Viva: A Vida é Uma Festa
4.5 2,5K Assista AgoraAbsurdamente lindo, além de trazer uma cultura diferente e desenvolver a história em cima da mesma com muita qualidade.
Visualmente é sensacional, mega colorido e com mensagens valiosas.
O Piano
4.0 442"The Piano" é uma obra que causa muitos sentimentos dúbios. Porém, é um filme muitíssimo bem feito, cheio de belos momentos da protagonista Ada, e Holly Hunter entrega mesmo uma atuação maravilhosa e digna de premiações.
Cléo das 5 às 7
4.2 200 Assista AgoraAcho que há tanta coisa a se discutir sobre Cleo/Florence.
No início, vemos a mulher supersticiosa, vaidosa, que sofre com a iminência do fim da vida por meio de "sinais" que a cercam. Vamos acompanhando os minutos da personagem até o resultado de seu exame e, junto a isso, sua transformação. E é aí que temos uma grande surpresa.
No começo, temos uma ideia de quem é Cleo. A aspirante a cantora, que recebe mimos, que zela por sua beleza, que quer ser reconhecida. Mas a mulher é muito mais do que isso, e não há mal algum em suas vulnerabilidades iniciais. Depois de uma emocionante cena em que canta "Sans Toi", ao constatar a identificação com a letra melancólica e poderosa frente ao desespero que está vivendo, vemos a personagem se despindo aos poucos dessa primeira impressão que nos é mostrada, com uma camada de reflexões e sentimentos muito mais profundos.
Temos pouco tempo para conhecê-la, assim como Antoine. Junto a essa contemplação do sofrimento, vivemos também a Paris de Cleo, cidade intensa e cheia de acontecimentos,
e a câmera de Varda é excepcional em captar a beleza dos movimentos cotidianos com extrema naturalidade, compilando belíssimas imagens que admiramos pelo olhar de Cleo, que está mais mais atenta do que nunca a tudo que a cerca.
Só depois descobrimos que ela é Florence. E quando percebe que também é valorizada pelo olhar de um estranho que lhe dá a oportunidade de ser ela mesma, sem o conhecimento de sua fama ou da vida que conhecemos no início, temos o ápice da personagem. "Você sempre tem uma resposta. É engraçado, sempre tenho perguntas."
Agnès ainda nos surpreende com pontuações pertinentes ao longo do filme, com a mulher que dirige o táxi, a que é auto-suficiente e orgulhosa de sua imagem, a independência profissional feminina, entre outras sutilezas de seu roteiro.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraBelo, belo!
A cena do cartaz atual é tão maravilhosa. Não sei vocês, mas
no decorrer do filme, sempre senti uma certa tensão em relação às atitudes de Steve, e ele me surpreendeu positivamente em todas. Quando Kyla explode com ele e ele depois acaricia o rosto dela, nesta do pôster em uma atitude que soa "agressiva", mas agindo de forma carinhosa para dar conforto ao desespero de sua mãe, na hora da dança...
É triste pensar no quão difícil é essa situação. Die não possui recursos financeiros e nem psicológicos suficientes para lidar com a situação, e a culpa não é dela. A mulher faz o possível e aprende, dia a dia, como pode lidar melhor com o filho. Porém, as coisas saem de controle novamente com a intimação e tudo que parecia estar se encaminhando bem,
desmorona.
Queria entender melhor a situação de Kyla, apesar de algumas coisas implícitas. Quanto a intimação, julgo que Steve precisou ser internado novamente por conta disso, já que acho um tanto absurdo isso ficar sem resolução e acho que faz sentido de acordo com o desfecho.
A cena em que Die imagina como as coisas poderiam ser é linda, poética e extremamente triste. E amei a widescreen nos momentos certeiros.
Um filme doloroso, de verdade.
O Sentido da Vida
4.0 327 Assista AgoraO filme começa com uma esquete sensacional, mas oscila bastante nas restantes. Porém, pra quem curte o humor de MP, sempre vale a pena conferir qualquer trabalho deles.
Cantando na Chuva
4.4 1,1K Assista Agora"Singin' in the Rain" é realmente maravilhoso e merece todo o status de clássico influente que adquiriu. Não são só os números musicais e as coreografias que são muitíssimo bem feitos, mas o roteiro também é ácido e divertido, fazendo piada com a própria situação de ser um astro em Hollywood.
O trio está encantador, com destaque para Gene Kelly, que nos fascina com seu sapateado e com aquele sorriso cativante que exibe do começo ao fim.
O desfecho foi melhor do que eu esperava.
A Noviça Rebelde
4.2 801 Assista AgoraFinalmente assisti esse clássico do início ao fim. O incrível é que havia uma certa relutância por conta das quase 3h, mas é impressionante como a hora não pesa nenhum pouco no decorrer do filme.
"The Sound of Music" é encantador, com belas mensagens e um elenco afinadíssimo. Todos os núcleos são bem desenvolvidos e desempenham algum papel importante para o filme. Junto a tudo isso, ainda estão as músicas e os belos cenários. Só fez aumentar meu amor por Julie Andrews.
Lovesong
3.1 116Nossa, eu tô surpresa com a média baixa desse filme!
Achei a escolha de explorar menos as cenas de beijos e sexo MUITÍSSIMO acertada, até porque isso sim soaria bem fetichista num filme que não trata exatamente de um romance lésbico, mas sim do sentimento que não é explorado e nem conversado, do quão problemáticas algumas relações podem ser, da solidão e do potencial de sentimentos que tem tudo pra dar certo, mas não se concretizam por tantos motivos que fogem do nosso alcance.
Sarah e Mindy claramente sentem algo além de amizade, mas há amarras ali. Mindy, quando decidiu colocar pra fora o que sentia (e que já devia existir há muito tempo), sabia que aquilo não teria futuro e deu o passo pra trás ao voltar para Nova York. Anos depois, a mulher também parece querer se ajustar ao que todo considerariam o ideal: um casamento heterossexual, com um homem gentil e bonito. Sarah sofre com um casamento prestes a acabar e, ao que o diálogo entre as duas dá a entender, sempre admirou Mindy não sabemos até que ponto. Quando ela experimenta o sentimento, ela gosta, mas como agir diante de tantos problemas? Ela também prefere a omissão, ficar calada e some. Anos depois, sabe que ainda tem aquela atração viva, mas é sempre pé no chão, sem se deixar levar por tantos sinais que os momentos entre as duas parece colocar diante de si.
A nossa torcida é para que alguma das duas coloque pra fora tudo que está entalado no peito, mas, infelizmente, o final segue o convencional, assim como a decisão das duas em manter aquele sentimento com tanto potencial apenas guardado.
E não é assim também a vida? Uma série de desencontros sentimentais, amarras, medos e inseguranças. As duas representam muito bem tudo isso, e a beleza está exatamente nas duas interpretações e, principalmente, quando estão juntas e há toda aquela genuidade entre olhares, toques e sorrisos.
A direção de So Yong Kim é extremamente delicada e valoriza a beleza do sentimento entre as duas. Adoro como ela focaliza a câmera no rosto das duas, como ela pega momentos "banais" e os transforma em total sutileza.
Gratíssima surpresa, viu.
Vidas Sem Rumo
3.8 259Muito mais do que uma história de gangues, "The Outsiders" também é bem sucedido em mostrar a amizade de forma sensível, mesmo num meio bastante conturbado e violento como o dos Greasers.
Uns foram abandonados, outros perderam os pais e Johnny, por exemplo, sofre com a distância e as brigas em casa. Os meninos crescem nesse lugar onde não se sentem seguros e aprendem, desde cedo, a se virar como podem. E em meio a isso, vemos que o laço entre eles é o que não os deixa seguirem caminhos ainda mais conflituosos.
Acho que o filme poderia ter abordado algumas questões de forma um pouco mais séria e dramática. Tenho o livro em casa e agora estou com uma super vontade de ler e entender um pouco mais sobre a essência desses personagens. Se já amei a adaptação de "Rumble Fish", que também é da Susan E. Hinton, certamente os livros devem ser ainda melhores.
Chicago
4.0 997"Chicago" já se tornou um dos meus musicais favoritos fácil!
O trio principal está incrível, com destaque pra Catherine, que rouba total a cena toda vez que aparece (inclusive, queria mais que o filme fosse sobre ela do que sobre a Roxie).
As músicas são sensacionais, muito bem encaixadas, e por isso a história flui tão bem. A direção do Rob tá inspiradíssima, aliás.
O filme é divertido e contagiante do começo ao fim.
Amor, Sublime Amor
3.8 372 Assista AgoraAdorei as músicas e as cenas coreografadas, embora eu ache que os atos musicais poderiam ser menores. Aliás, o filme é bem longo desnecessariamente.
A mensagem é incrivelmente atual e o discurso de Maria realmente é a melhor cena do longa, mas
me incomodou muito o posicionamento da personagem relacionado à morte do irmão e à atitude de Tony. Embora eu compreenda que cabe para a época e para o filme, foi uma opção do roteiro que me desagradou bastante e fez com que a personagem se tornasse uma mocinha "mais do mesmo".
Cinco Graças
4.3 329 Assista AgoraPoucas vezes eu torci tanto pra uma personagem principal como torci por Lale e seu plano improvável de escapar da prisão que vivia.
"Mustang" emociona do começo ao fim, seja na relação afetuosa e unida das cinco irmãs, na forma como elas se cuidam ou nos momentos mais difíceis que as separam.
Aqui, temos uma brevíssima noção do que é viver em determinadas regiões e países do mundo, onde a mulher tem nenhum poder de escolha e está presa às amarras de uma sociedade ultrapassada, machista e conservadora.
É muitíssimo triste pensar que isso realmente aconteça aos montes por aí, e o filme soube nos apresentar momentos sensíveis e tensos com muita sutileza, realmente nos aproximando da vida difícil e do sentimento de coragem de Lale, a personagem que mais acompanhamos e que nos surpreende com sua linda força.
A Melhor Escolha
3.4 101 Assista AgoraTemática interessante, mas achei que o filme se alonga demais em determinados momentos. Também achei o personagem do Laurence um tanto deslocado e que as "viradas" de decisões dele não correspondiam muito bem ao que o personagem tava demonstrando. Soou um pouco forçado, até porque é o personagem mais difícil de desenvolver alguma proximidade (pelo menos pra mim foi).
A "redenção" e as voltas ao assunto da morte do fuzileiro também me pareceram exageradas. Até me perguntei se eu tava sendo muito cricri com o filme ou se realmente tava mal trabalhado aquilo lá, mas não senti que havia carga suficiente pro trio decidir ir na casa da mãe de um cara morto há mais de 20 anos. Mas lógico, aquele momento levemente clichê foi necessário, haha.
De resto, tem momentos divertidos e alguns bons quotes que ficam na mente. Infelizmente, não chega a ser inesquecível como os outros do Linklater que eu amo de paixão.
Sem Amor
3.8 319 Assista Agora"Loveless" é aquele exemplar que mostra a importância da combinação roteiro + direção, suficientes para atingir o espectador de uma forma marcante.
A escolha em deixar situações abertas, sem explicar o motivo pelo qual determinadas situações chegaram ao fim e como se desenvolveram naquela família são essenciais, porque o importante mesmo não está na forma como aconteceram, e sim em como ressoam em cada personagem (principalmente o filho).
É uma história cheia de camadas, e a direção trabalha bem cada cena, nos deixando sentir tanto a frieza climática quanto a que tomou conta daquelas relações.
Há uma porção de temas a analisar, como status social, efeitos da tecnologia e solidão. Uma história para se absorver e compreender, porque ela está cada vez mais presente em nossa sociedade atual, enquanto o amor está mais em falta.
Sem Fôlego
3.0 76 Assista AgoraA história é bem agradável, mas demora pra pegar um ritmo interessante. Eu gostei muito de como várias partes das duas histórias "se encontram" e da perspectiva de
acompanharmos essa "aventura" de duas crianças surdas, porque há vários momentos que ficamos imersos junto com eles naquele mundo silencioso.
Acho que, como livro, é uma experiência que funciona bem melhor.
Noites de Cabíria
4.5 381 Assista AgoraA atuação de Giulietta Masina como Maria 'Cabiria' Ceccarelli já se tornou uma das minhas favoritas do cinema. Ela encarnou a história da personagem e todo o seu drama. Fellini nos entrega uma obra que oscila entre comédia e drama, risada e tristeza. E isso faz parte de Cabiria. Ela é essa mulher forte, independente e que, apesar de estar sozinha no mundo desde pequena, ainda possui aquela inocência em acreditar na beleza de um sentimento como o amor.
Cabiria tem todos os motivos do mundo para estar desacreditada, mas ela não se entrega.; e o final traduz exatamente toda a força que a personagem possui em seguir em frente, independente do que aconteça.
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraA animação é lindíssima, com cenas maravilhosas mesmo. Achei a trilha sonora impecável também, combina com todos os momentos em que é aplicada e deixa a história ainda mais emocionante.
Eu gostei muito dos personagens e da forma que a gente vai descobrindo esse envolvimento entre eles. Os clichês da construção de personagens japoneses ainda me incomodam, mas não chega a ser um defeito aqui. Tem um dos finais mais lindos que já vi em animações.
O Rei do Show
3.9 897 Assista AgoraO ponto alto são as músicas, sem dúvidas. Elas realmente são contagiantes e até chegam a arrepiar em alguns momentos. Mas o roteiro é bem fraco, previsível e tudo que já vimos antes. O problema não é só ser mais do mesmo, mas não ter algo que se destaca tanto para se tornar marcante.
É um filme gostosinho de assistir.
Eu, Daniel Blake
4.3 533 Assista AgoraAlém da crítica social que martela constantemente no filme, o motivo para que eu desse uma nota tão alta assim tem mais a ver com o personagem em si e as relações que ele cria nesse momento de dificuldade.
Apesar das provações a cada negação de pedido ou revisão, acompanhamos o homem calmo até demais diante da enrolação e do descaso que sofre com sua doença. Daniel só perde a cabeça mesmo quando vê Katie sendo destratada. Essa relação se forma em um período complicado para ambos, onde ele vê na mulher e seus filhos um apoio familiar, e eles o vêem como o suporte que precisavam. É uma troca muito bonita, que emociona e traz os melhores momentos do filme.
A ausência de trilha sonora foi um acerto, valorizando o drama que a história já tem a oferecer sem utilizar desse recurso. Presenciamos uma situação que soa familiar e, pra mim, só peca um pouco em seu final. Porém, o desfecho não tira o valor que essa obra tem e o quanto merece ser vista.
O Que te Faz Mais Forte
3.3 221Eu nem tenho muito mais a acrescentar, pois acho que os comentários abaixo definiram bem o que eu também senti.
É sempre um desafio essas adaptações baseadas em fatos reais. Primeiro, porque geralmente a maioria já sabe o que aconteceu - ou seja, tornar-se interessante mesmo quando pessoas já sabem seu desfecho é uma qualidade e tanto (coisa que não acontece aqui).
Segundo, o filme até tem algumas boas passagens, que são bem desenvolvidas pela dupla principal, mas até eu consigo ver quão problemática é a relação e fica difícil simpatizar com o casal. Quem assiste fica tão perdido quanto o relacionamento dos dois, sem saber o que sentir e até onde vai. A família retratada no filme também foi um incômodo constante, mas isso até que não foi tão negativo, pois devem ocorrer mesmo essas complicações sobre como as pessoas a sua volta se adaptam depois de um acidente dessa magnitude, como encaram a gravidade do fato e o quanto elas não tem noção da profundidade do caos que a vítima está sofrendo por dentro.
Infelizmente, "morno" é a melhor definição que encontrei para esse filme.
No Limiar Da Vida
4.1 42 Assista AgoraMais uma obra cheia de pontos de vista e que fala, de forma honesta, com o público. Em 1958, o Bergman já tava lá desconstruindo a visão de que a maternidade é um conto de fadas.
Aqui, ele faz questão de mostrar os dilemas que rodeiam essa experiência. Temos três mulheres em um quarto, cada uma vivendo esse momento de forma diferente por conta de seus problemas individuais, onde a maternidade oscila entre fardo e presente.
Eu nunca tinha parado pra pensar no quanto o parto é um "tudo ou nada".
Stina era a mulher mais feliz do mundo com sua gravidez, até fazendo com que as outras duas mulheres sentissem uma certa culpa por não terem sentido esse mesmo desejo de colocar uma vida no mundo. Porém, a ironia se faz presente aqui, com a morte no parto. Ele mostra todo o sofrimento e dificuldade que ela enfrenta, onde ela mesma diz que "não fazia ideia de que era assim". Essa parte me agradou muito, pois o diretor faz questão de não nos poupar da agonia que a mulher está sentindo.
A personagem da Bibi cresce na história, com sua confissão sobre a realização de um aborto. O julgamento da família por ser mãe solteira e as dificuldades financeiras também a assombram, e novamente temos uma realidade retratada, em que o peso da maternidade cai nos ombros da mulher.
Só a personagem da Ingrid que realmente tem uma história mais solta, mas não deixa de ter seu valor. Ao passar por um aborto espontâneo, a mulher descobre que sua vida e seu casamento estavam seguindo caminhos que ela, em seu íntimo, sabia que não eram condizentes com sua vontade. É uma mulher independente, que está infeliz com o conformismo de seu casamento e se culpa pelo aborto, pela infelicidade do marido, pelo fracasso matrimonial e por sua aparente falta de vontade em construir essa família. Sua atuação é convincente em mostrar a oscilação de sua vontade em ser mãe, pois não parece saber se queria aquela criança pelos motivos "certos" ou se era apenas para suprir o sentimento de solidão que a assolaria caso perdesse o marido e o filho.
O diretor acerta novamente em cutucar algumas feridas da sociedade e em mostrar perspectivas realistas, ao invés da doce ilusão que nos forçam a engolir.
Tangerina
4.0 278 Assista AgoraÉ possível assistir "Tangerine" sem se apaixonar logo de cara pela relação entre Sin-Dee e Alexandra? O filme já começa quebrando tudo, com uma cena inicial que mais parece um pontapé e acompanhamos a saga dessas duas mulheres num dia muito esclarecedor para ambas.
Do lado da Sin-Dee, já começamos nos simpatizando com a mulher explosiva que aparece na tela. Apesar das atitudes bastante controversas relacionadas à Dinah,
logo desvendamos mais uma camada de sua personalidade impulsiva, que também nos mostra o lado afetuoso que tem para com sua amiga, a tristeza no olhar de quem se sente enganada e iludida pela pessoa que ama e uma cena bem bonita onde ela supera um pouco seu orgulho e limpa o rosto da amante do namorado.
Por parte de Alexandra, vemos um pouco mais os "perrengues" que as mulheres trans enfrentam na prostituição, e uma cena bem comovente em que ela se vê abandonada em frente ao bar onde paga para se apresentar e quase ninguém aparece.
Após todas as revelações e discussões, o que elas encontram em comum? A amizade. E o filme fala sim (ainda que superficialmente) sobre os problemas e riscos desse trabalho, sobre a solidão dos personagens de formas diferentes, sobre tabus. Pra mim, talvez aqui o filme peque em não saber exatamente de que forma situar alguns personagens e a mensagem que suas tramas possuem, mas a mensagem final é tão bonita e poderosa que mereceu o favorito.
É lindo ver o espaço dado a essas mulheres negras trans, que são lindas e exibem brilho na tela do iPhone 5s de Sean Baker. Eu desejo do fundo do coração que mais trabalhos corajosos como esse apareçam.
O filme é divertido, tem um ótimo ritmo, uma trilha sonora perfeitamente encaixada, atuações bonitas e emocionantes e é um dos filmes mais bonitos sobre amizade que já vi.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraEsse filme é recheado de momentos belíssimos e mega genuínos em mostrar o surgimento da paixão entre Elio e Oliver e a linda relação familiar de Elio com seus pais.
E essa adaptação acerta em valorizar essas duas relações na vida do jovem rapaz, que que se descobre com experiências e que estas o levam também a descobrir que o apoio de sua família vai muito além do que conhecemos inicialmente.
Os últimos 15 minutos são sensacionais, extremamente emocionantes. Compensam alguns momentos monótonos do longa. Outra coisa que não me agradou tanto foi a edição, achei um pouco problemática em alguns momentos. Ainda bem que esta acerta em valorizar toda da carga emocional do final.
Paterson
3.9 353 Assista AgoraA vida de Paterson em Paterson. William Carlos Williams. Gêmeos. Poeta e poetisa. Water falls. "Eu respiro poesia", disse o estranho que se classifica como poeta e está de passagem pela cidade, enquanto o outro observa, com uma admiração silenciosa.
Há tantos elementos a serem comentados sobre esse filme. Mas o maior destaque mesmo fica com a rotina. Esta, sempre vista de forma negativa pela ampla maioria, aqui é contemplativa e revela-se monótona, mas com elementos interessantes a serem notados, fazendo oposição aos muitos detalhes que nos passam despercebidos diariamente.
Paterson, ao contrário, usa seus momentos de trabalho, sozinho frente a uma paisagem ou até sentado no banco do ônibus para escrever poemas. E são obras que soam extremamente genuínas e simples, assim como sua personalidade, que não quer tecnologia, que acorda quase sempre no mesmo horário, que utiliza o mesmo padrão de roupas, horários e caminhadas.
Com uma esposa que respira novidades, o contraponto é muito bem-vindo. Por mais diferentes que sejam em relação às aspirações que possuem, ambos se complementam nessa rotina que oferece a cada um o que precisam para continuarem sendo eles mesmos em paz.
Um belo filme, com muito a ser discutido, pois é como a vida de Paterson: rico em pequenos detalhes.