Como alguns disseram abaixo, eu também entro no rol de pessoas que se sentem envergonhadas por assistir esse clássico do cinema só agora. Eu já comecei amando o filme pelo simples fato de ter seu lançamento em 1968, com um protagonista negro, num momento tão determinante na história americana. Depois, Romero acerta ainda mais em deixar o filme tão realista com as transmissões de rádio e depoimentos de TV, muito diferente dos atuais filmes dessa linha, que já apresentam situações pós-apocalípticas e nem trabalham o modo como se iniciaram as tragédias. A questão da radioatividade também foi muito bem inserida pelo contexto histórico. Mas o que eu gostei MESMO foi o final.
Após a morte do membro desagregador e que mais dificultava as relações entre aqueles desconhecidos que lutavam pela sobrevivência, a ironia do "líder" se esconder no próprio porão que tanto contestou e conseguir realmente se manter protegido é cômica e triste. Cômica pela inesperada reviravolta, e triste por mostrar que sua liderança (ou até arrogância) levou à morte de outras pessoas. Não contente em mostrar essa ironia, o roteiro de Romero termina com chave de ouro ao mostrar que, mesmo após o alívio de ter sobrevivido ao caos da noite, Ben também morre, com uma crítica ABSURDA de bem feita. E, no final, seu corpo é só mais um jogado em uma pilha de cadáveres, mostrando o quanto nossas diferenças são mínimas no fim da vida e, novamente, aludindo à mais um período histórico (impossível não lembrar de um cenário da Segunda Guerra com aquele desfecho).
Também se mostra como um ótimo experimento em tratar de uma situação trágica e como diferentes pessoas reagem de formas variadas numa mesma ocasião.
Eu já me acostumei com a ideia de que os filmes do Yorgos são feitos para amar ou odiar. Novamente, eu amei a experiência de mais uma obra feita por ele. A tensão constante e a inquietude dos personagens deixa a audiência incomodada, sem saber o que esperar a cada passagem de dia da história. Pra mim, o filme é muito mais metafórico do que literal, mas, independente disso, o grego acerta novamente na originalidade e em cravar sua marca perturbadora e questionadora sobre o ser humano.
Temos aqui mais um ótimo documentário acerca da luta dos negros em busca de seus direitos e no combate contra o preconceito que enfrentam há séculos, especificamente nos EUA. Desta vez, diferente de O.J. e 13ª Emenda, a narrativa assume um tom mais literário, cheio de observações e pontos de vista do escritor James Baldwin, um dos grandes ativistas da época e que, graças a esse doc, tive o prazer de conhecer. Com imagens, gravações e documentos históricos que ilustram a narrativa de Baldwin, observamos novamente o quanto a questão racial se tornou um problema enraizado na mente da população branca americana, custando a vida de um número incontável de pessoas até hoje, desde suas famílias até suas vidas. É ainda mais interessante (e horrível perceber) a ilustração que temos, por meio da publicidade e do cinema, do quanto estes dois prestaram papéis decisivos para influenciar o modo de pensar e estilo de vida das pessoas, retratando os negros sempre em situações de "bem x mal", ou tentando integrá-los na sociedade como se estivessem fazendo um favor em aceitá-los em trabalhos e situações de serventia aos brancos. A fala final de Baldwin, sobre como os brancos criaram a distinção do negro na sociedade, diz tudo sobre esse problema. A necessidade em criar a distinção diz muito sobre o outro; a discriminação em si também.
O filme tem vários problemas. Já começa com a Tracy, que é uma personagem pouco cativante. Alguns quotes dela até despertam alguma simpatia por seu deslocamento, mas o filme só fica mais interessante quando a personagem da Greta aparece. E ela mesma consegue ser bem insuportável em vários momentos, num egocentrismo bem chato. Então assisti sentindo essas oscilações, com momentos bem legais e outros totalmente dispensáveis. Boa parte da cena na casa do ex namorado da Brooke fez eu sentir como se estivesse vendo um filme bem ruim. Aí vem a sequência final, que tem um desfecho bem honesto e que condiz com o que se esperaria para as personagens. Enfim, há uma proposta fácil de identificar, mas que se perde na forma como se desenvolve.
A construção de inocência do começo do filme não me fez imaginar que o restante da história se desenrolaria de forma tão pesada até o seu final. É tão fácil arruinar a vida de outras pessoas por meio das palavras.
Gosto de como tudo se desenrola. Quem espera que, da boca de uma criança, seja possível criar um caso tão específico? E o roteiro não inventa isso de forma mirabolante. A menina vai desenvolvendo pensamentos baseados no que vê e escuta, chegando até a chantagear outra colega para obter defesa. É uma poderosa história sobre mentiras, preconceito e desespero. Mentiras que transformam vidas para sempre, preconceitos que mostram o quanto o ser humano pode ser cruel com seu igual por tão pouco e desespero por não se sentir pertencente a nada, nem a si mesmo, como é o caso da personagem da Shirley.
Aliás, a Audrey entrega mais uma ótima atuação, mas a Shirley definitivamente rouba a cena com seus olhares tímidos e seu choro contido.
Eu gosto desse tipo de questionamento que filmes (ou a própria série Black Mirror) costumam trazer em relação a tecnologia e como optaremos por aplicá-la em nossas vidas de acordo com o que temos à disposição. A inteligência artificial Prime é a que move este filme. Aqui, como forma de não perder a presença de alguém que amamos após sua morte, alimentamos essa IA com base no que lembramos, nas nossas experiências e sentimentos individuais sobre situações e sobre a própria "pessoa" que temos a frente. Até a aparência é possível escolher.
O filme diz muito mais sobre aqueles que ainda estão vivos do que sobre aqueles que já se foram e que conhecemos sob a ótica dos que os alimentam. Como escolhem determinadas lembranças e se agarram ao sentimento que elas lhes proporcionam. Sobre isso, tudo é sempre muito subjetivo, cada um com sua verdade. A opção de até mesmo alterar memórias e ocultar informações torna tudo mais fácil de lidar. A própria idealização de como gostariam que a vida fosse. Achei curioso o fato do Jon ter ficado "por último" entre os que morreram. Se por um lado ele mesmo acreditava na importância de ter um IA por perto, no fim ele mesmo vê o quanto aquilo está longe de suprir sua perda. A forma como as IAs funcionam, foi algo que também gostei muito. "Eu lembrarei disso", é o que todos dizem. E eles lembram mesmo. A cena final, com os três reunidos e a forma como Walter narra para as duas os eventos envolvendo a morte do filho Damien... até as IAs, entre elas, conseguem se convencer de uma "nova verdade", convertendo aquilo da forma como lhes é transmitida. A percepção do que é importante e verdadeiro para cada um, o quanto um sentimento específico marca cada situação para cada pessoa no momento em que acontecem e posteriormente, isso é fascinante. Nossa mente e a forma como ela funciona também. "Marjorie Prime" trabalhou estes aspectos com eficiência.
Apesar de possuir alguns momentos engraçados, a história da família Meyerowitz possui bem mais contornos dramáticos do que parece. A começar pelos dois filhos, Danny e Jean. A infância difícil com a separação dos pais e a busca pelo afeto da figura paterna claramente são fatores que deixaram traumas na vida dos dois. Harold Meyerowitz definitivamente não é um pai inspirador. Artista, possivelmente, mas o homem certamente soube como deixar marcas negativa nos filhos do primeiro casamento. Há uma relação nociva de busca por reconhecimento e carência, mesmo o pai várias vezes deixando claro que ambos não se tornaram pessoas que ele admira e várias vezes deixando-os de lado para falar do filho preferido, Matthew. Apesar de ser o mais querido por Harold, Matt também sofre com as consequências disso. O homem não aprova o fato do filho não ter seguido os caminhos que ele esperava, apesar de ter orgulho dele e deixar isso muito claro para os outros dois, criando uma relação conflituosa de comparações entre eles. Esse é só um arco resumido do que o filme trata, mas é interessante observar as nuances criadas pelo roteiro do Noah (que peca em algumas coisas, mas no geral o saldo que fica é positivo).
Gostei muito de como a internação do pai aproximou, de certa forma, os filhos. Parece que os laços se tornaram mais firmes, principalmente entre Danny e Matt, e isso foi muito bonito de ver pelas interpretações muito boas do Adam e do Ben Stiller.
AAA, o filme acabou e eu só queria acompanhar mais essa história amorzinho que fizeram em "The Big Sick". Acabei vendo a conversa do Kumail com a Gal Gadot antes. De qualquer forma, é um ótimo filme do gênero romance-comédia.
Assistir a este filme foi um constante deleite visual. Fico bastante surpresa com a estreia do diretor logo com este longa, o qual mostra uma segurança expressiva em utilizar determinadas técnicas. O enquadramento, por exemplo, é algo que eu adoro e "Columbus" já me ganhou logo no seu começo por isso. Além disso, a gravação das cenas em ambientes abertos, fazendo o paralelo entre a arquitetura e os os passeios dos personagens foi o segundo ponto que se destacou, ainda mais utilizando o som ambiente e criando um conforto audiovisual incrível.
Sobre o roteiro: extremamente delicado e sensível. Há tragédia e melancolia no olhar dos dois protagonistas, mas o diretor soube utilizar a sutileza em explorar cada situação sem pesar a mão no drama. A atuação da Haley Lu Richardson é linda. Ela consegue passar uma emoção incrível apenas com suas expressões, tanto de alegria quanto de tristeza. O mais bonito, sem dúvida, foi acompanhar o quanto a relação entre os dois gerou uma troca genuína de experiência e apoio.
Se por um lado a garota precisava de incentivo e segurança para assumir novos caminhos em sua vida, acreditando em seu potencial e que sua decisão de seguir sem a mãe não era algo egoísta, o homem vê nela o sentimento nostálgico de se aproximar de alguém e de conhecer mais sobre o pai por meios dos conhecimentos dela. Essa troca de companhia é tão verdadeira e desprendida de interesses, e há uma extrema beleza em acompanhar cada passeio entre eles. Não há sequer a necessidade de um envolvimento amoroso para tornar a trama mais dinâmica ou interessante, porque a história respeita a necessidade real de seus personagens.
Além disso, há belos diálogos (principalmente o do videogame/livro) e a arquitetura da cidade é fascinante. "Columbus" não tem pressa em de desenvolver e é perfeitamente normal que muitos não gostem desse tipo de filme, mas para mim foi uma das melhores experiências cinematográficas do ano.
"Amadeus" acaba e a única definição que vem à mente é "obra de arte" mesmo! Apesar de se basear em um dos mitos envolvendo a morte de Mozart, a romantização da história foi tão bem construída que embarcamos com facilidade na narrativa de Antonio Salieri. O misto de sentimentos que envolviam sua relação com Mozart permeiam a obra do começo ao fim, e por mais que ele seja o "antagonista" da história, o personagem consegue desenvolver compaixão e simpatia em meio ao seu sofrimento por não possuir o mesmo talento do austríaco. De toda forma, esse vislumbre que temos da genialidade de Mozart nos dá uma pequena noção da raridade em presenciar mentes brilhantes como a dele, deixando tudo mais fascinante. A composição de cenas e trilha sonora, a ambientação e os figurinos são absurdamente lindos. De encher os olhos mesmo. Filme lindíssimo.
O documentário conseguiu criar um paralelo emocionante entre a experiência de Jim em viver a vida de Kaufman no período de gravação de "O Mundo de Andy" e as reflexões do ator sobre sua vida e experiências. Acompanhar a entrega do Jim no papel mostra não só sua qualidade como ator, mas como a experiência foi parte necessária de sua vida. Diversos momentos me identifiquei com sua forma de avaliar determinados aspectos profissionais e de sua vida, sobre a importância das escolhas que fazemos. Alguns diálogos das gravações mostram o quanto ele parecia estar consciente de seu distanciamento quanto ao que ele queria como pessoa ao interpretar o Andy e o Tony, e vê-lo falar sobre a dificuldade em retomar sua vida e o quanto foi bom estar longe de si mesmo foram momentos que transmitiram muita emoção e genuidade. Diferente do que li, creio que o Jim está muito melhor em seu interior atualmente do que no período de seu auge em Hollywood. E é disso que a gente precisa, afinal.
Jim Carrey provou mais uma vez sua versatilidade dentro da comédia e como ator, encarnando com veracidade a figura de Andy Kaufman. Depois de ver o documentário, fica ainda mais impressionante e impactante ver o que esse trabalho causou a ele. O filme em si é bom e creio que conseguiu recriar as principais passagens de Kaufman durante sua carreira. Senti falta de mais conteúdo sobre ele. Não sei se havia mais material pessoal para abordar também, mas eu gostaria disso. Achei que o filme dá uma caída no ritmo também em determinado ponto, mas não estraga a experiência. Que bom que fizeram esse filme com o Jim.
Acho fascinante pensar na coragem que o Coppola teve em fugir do convencional e das grandes produções para fazer um filme tão pessoal quanto este. "O Selvagem da Motocicleta" me surpreendeu bastante, desde o uso da fotografia em preto e branco até as metáforas dos diálogos e simbologias. Serve como um alento para os deslocados, para os que procuram algum sentido em meio a toda essa confusão que vivemos. A relação dos irmãos é muito bonita, tanto de admiração por parte de um quanto de carinho e preocupação em querer mostrar para o imaturo que o mundo e as relações são muito mais amplas do que aquilo que ele vive naquela cidade pacata. Com certeza verei mais vezes.
Típico filme difícil de digerir. Um filme de 10 anos atrás, que se passa na Romênia de 1987, ainda retratando tantos problemas sociais envolvendo a mulher.
Há o abuso psicológico e sexual do homem que realiza o aborto; há a incompreensão do namorado em se colocar no lugar de sua parceira; há preconceito e ignorância durante um jantar; há o medo constante em ser uma mulher andando naquelas ruas escuras.
Difícil explicar o sentimento de asco que senti por todas essas atitudes. O resultado final é melancólico e angustiante, e o olhar de Otilia é suficiente para nos fazer compreender, ao menos um pouquinho, o quão difícil foi aquele dia que não deverá mais ser lembrado por aquelas mulheres.
"Como Nossos Pais" é uma bela surpresa nesse 2017 nacional. O filme trata de temas delicados e ainda conta com uma atuação carregada de sensibilidade por parte da Maria Ribeiro. É o tipo de filme que a gente se identifica em algum ponto e traz boas reflexões. Minha avaliação não ficou tão alta (embora eu ainda esteja em dúvida quanto a isso) porque achei que ficou meio superficial a abordagem para alguns temas. Talvez essa necessidade em querer polemizar sem discutir ou aprofundar tenha prejudicado minha expectativa, mas o arco da personagem da Rosa com a mãe foi algo lindo de se ver, do começo ao fim. Inclusive, a presença de Clarisse Abujamra é algo a se destacar. Uma atuação bem impactante, e é ela que entrega a cena mais bonita e emocionante do filme.
Tenho dado sorte em encontrar filmes com atuações femininas incríveis. Não sabia que aqui estava uma das melhores performances da Nicole. O filme é simplesmente todinho dela, que arrasa no cinismo e em mostrar a forma manipuladora e sem escrúpulos que sua personagem encontra para alcançar seus objetivos.
O filme, que conta uma história trágica, tem um tom cômico que caiu muito bem. Poderia tanto ser dramático ou seguir no tom que se propôs, creio que seria possível explorar bem a história nas duas formas.
Mas a questão da crítica ao formato televisivo americano e às "celebridades" que a mesma cria deixam a ironia da atuação e do roteiro convincentes. Mais um ótimo trabalho do Gus Van Sant.
Acredito que o fato de terem modificado o roteiro e adaptado até a morte do Osama possa ter interferido na qualidade do filme, porque ele se tornou muito longo e com partes bem tediosas. Demora pro filme ficar bom, mas da metade em diante a história ganha fôlego. As qualidades de direção da Kathryn Bigelow estão presentes aqui também. É bacana essa atmosfera de tensão que ela consegue criar nos filmes dela, algo bem específico e que ela faz com muita competência. Jessica Chastain está ótima também. <3
Gostei muito de "Good Time". O filme conta com uma ótima atuação do Robert Pattinson, e apesar das péssimas escolhas que seu personagem faz ao longo da história, há algum tipo de simpatia por ele, muito devido à sua preocupação e os sacrifícios que faz para livrar o irmão Nick da cadeia. A relação dos dois nos é apresentada de forma bem breve, mas há um sincero afeto do personagem Constantine, o que deixa o final ainda mais comovente. Ótimo thriller de ação, com uma direção inspirada.
É fantástico ver como se fazia cinema há quase 100 anos. Por mais que seja algo totalmente fora do que vemos atualmente, é fascinante se sentir tenso com algo tão "ultrapassado". "O Gabinete do Dr. Caligari" é uma obra notável, que utiliza muito bem cenário e trilha sonora para o seu tempo. A teatralidade das atuações não é algo que me incomodou; me senti como vendo uma peça mesmo, e o exagero se faz necessário para compreendermos melhor determinadas partes. Apesar de Cesare ter despertado o medo da maioria, eu fiquei aflita mesmo é com o Dr., interpretado de forma horripilante pelo Werner Krauss. Suas caretas me causaram bastante incômodo. No mais, o plot twist é incrível e me pegou muito bem de surpresa. Depois que acaba, é bacana voltar para determinados pontos e ver o quanto aquilo já estava notável desde o começo.
Eu esperava uma bomba em relação a esse filme. Sou apaixonada por "Drive" e em 2013, minhas expectativas sobre essa segunda parceria entre o NWR e o Gosling estava altíssima, mas "Only God Forgives" flopou em todos os sentidos e eu desanimei de ver. Acho que isso foi bom. Hoje, assistindo sem nenhum compromisso, vejo que é um filme interessantíssimo. A questão do ritmo lento é realmente subjetiva - no meu caso, funcionou muito bem. A história é recheada de simbolismos, e eu só captei algumas coisas numa primeira vista. Lendo mais sobre, ficou ainda melhor. Por mais que seja um filme curto, é possível entender a personalidade dos personagens, sendo a de Julian a mais interessante. O jantar com a mãe é um momento chave para entender mais o homem interpretado por Ryan Gosling (que eu gostei bastante aqui, aliás) e seus conflitos morais.
Inserido num contexto violento (e abusivo, como é sugerido) desde pequeno, Julian claramente quer deixar o passado para trás e não se envolver em mais problemas. A presença da mãe (Kristin está linda e com uma presença marcante, aliás) é um fator desestabilizador para Julian, e vemos o quanto a mulher o controla e induz a agir exatamente da forma que ele não quer. A sugestão de que ela seria o "diabo" da história cabe muito bem, realmente.
Mas quem rouba mesmo a cena é o personagem Chang. Sua presença onipotente faz com que tenhamos medo e simpatia pelo personagem, que nem precisa de muitos diálogos para nos convencer de sua força. Fora isso, o filme é realmente lindo. A ambientação é de encher os olhos, além das cores, que funcionam muito bem de acordo com o que cada cena quer passar. Gostei muito dos enquadramentos também, ora mais distantes, ora mais centralizados. Essa nota aqui é um absurdo! :P
A carga emocional de "Vício Frenético" é bastante pesada. Aqui, a missão é acompanhar o trajeto que o personagem traça rumo à decadência. Harvey Keitel interpreta um homem desprezível. Suas atitudes envolvem abuso de poder, descaso com a família, roubo, envolvimento com apostas e bandidos, acobertar criminosos e o uso abusivo de drogas. É um sujeito que está à beira do precipício. Tudo isso é extremamente convincente graças a atuação de Keitel (fantástico) e a direção de Ferrara, que me lembrou bastante os filmes de Scorsese, tanto na questão do personagem decadente quanto na ambientação da cidade contaminada pelo crime. A cena da igreja é impactante. Provavelmente ficará por dias na minha cabeça. E o final não poderia ser outro. O personagem encontra exatamente aquilo que buscou para si, infelizmente.
O filme acabou e eu estava atordoada. Pra falar a verdade, ainda não sei muito bem o que pensar sobre várias cenas, e já estou com vontade de assistir novamente. Porém, "Perfect Blue" não só apresenta uma trama extremamente complexa, como também faz duras críticas muitíssimo bem aplicadas sobre a indústria de entretenimento japonesa e as formas como esta mesma explora os ídolos que cria - de forma física e psicológica. A personagem Mima também é construída com primor e seu desmoronamento mental chega a causar uma enorme aflição, já que passamos toda a história vivendo o drama da garota. Há diversas cenas, principalmente as que se utilizam do uso de espelhos e reflexos, que representam o conflito interno da personagem diante das mudanças e da pressão que sofre por todos os lados.
Há tanta coisa que pode ser debatida sobre esse filme... É mais do que recomendado que seja visto e contemplado. Pode não agradar a todos, mas com certeza não te deixará ileso.
Juro que, ao longo do filme, pensei diversas vezes: "caraca, esse roteiro poderia facilmente ser do Taylor Sheridan". Ao aparecer os créditos, fiquei surpresa (mas nem tanto): direção e roteiro do próprio! Fui assistir sem saber de quem era, só sabia quais atores estavam no projeto e nem li a sinopse. Foi uma ótima experiência; o Sheridan pega temas "comuns", mas sempre usa ótimos contextos para inserí-los. É muito eficiente como suspense, e evidencia mais uma ótima parceria entre o Jeremy Renner e a Elisabeth Olsen.
A Noite dos Mortos-Vivos
4.0 549 Assista AgoraComo alguns disseram abaixo, eu também entro no rol de pessoas que se sentem envergonhadas por assistir esse clássico do cinema só agora.
Eu já comecei amando o filme pelo simples fato de ter seu lançamento em 1968, com um protagonista negro, num momento tão determinante na história americana. Depois, Romero acerta ainda mais em deixar o filme tão realista com as transmissões de rádio e depoimentos de TV, muito diferente dos atuais filmes dessa linha, que já apresentam situações pós-apocalípticas e nem trabalham o modo como se iniciaram as tragédias.
A questão da radioatividade também foi muito bem inserida pelo contexto histórico. Mas o que eu gostei MESMO foi o final.
Após a morte do membro desagregador e que mais dificultava as relações entre aqueles desconhecidos que lutavam pela sobrevivência, a ironia do "líder" se esconder no próprio porão que tanto contestou e conseguir realmente se manter protegido é cômica e triste. Cômica pela inesperada reviravolta, e triste por mostrar que sua liderança (ou até arrogância) levou à morte de outras pessoas.
Não contente em mostrar essa ironia, o roteiro de Romero termina com chave de ouro ao mostrar que, mesmo após o alívio de ter sobrevivido ao caos da noite, Ben também morre, com uma crítica ABSURDA de bem feita. E, no final, seu corpo é só mais um jogado em uma pilha de cadáveres, mostrando o quanto nossas diferenças são mínimas no fim da vida e, novamente, aludindo à mais um período histórico (impossível não lembrar de um cenário da Segunda Guerra com aquele desfecho).
Também se mostra como um ótimo experimento em tratar de uma situação trágica e como diferentes pessoas reagem de formas variadas numa mesma ocasião.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraEu já me acostumei com a ideia de que os filmes do Yorgos são feitos para amar ou odiar. Novamente, eu amei a experiência de mais uma obra feita por ele.
A tensão constante e a inquietude dos personagens deixa a audiência incomodada, sem saber o que esperar a cada passagem de dia da história.
Pra mim, o filme é muito mais metafórico do que literal, mas, independente disso, o grego acerta novamente na originalidade e em cravar sua marca perturbadora e questionadora sobre o ser humano.
Eu Não Sou Seu Negro
4.5 136 Assista AgoraTemos aqui mais um ótimo documentário acerca da luta dos negros em busca de seus direitos e no combate contra o preconceito que enfrentam há séculos, especificamente nos EUA.
Desta vez, diferente de O.J. e 13ª Emenda, a narrativa assume um tom mais literário, cheio de observações e pontos de vista do escritor James Baldwin, um dos grandes ativistas da época e que, graças a esse doc, tive o prazer de conhecer.
Com imagens, gravações e documentos históricos que ilustram a narrativa de Baldwin, observamos novamente o quanto a questão racial se tornou um problema enraizado na mente da população branca americana, custando a vida de um número incontável de pessoas até hoje, desde suas famílias até suas vidas.
É ainda mais interessante (e horrível perceber) a ilustração que temos, por meio da publicidade e do cinema, do quanto estes dois prestaram papéis decisivos para influenciar o modo de pensar e estilo de vida das pessoas, retratando os negros sempre em situações de "bem x mal", ou tentando integrá-los na sociedade como se estivessem fazendo um favor em aceitá-los em trabalhos e situações de serventia aos brancos.
A fala final de Baldwin, sobre como os brancos criaram a distinção do negro na sociedade, diz tudo sobre esse problema. A necessidade em criar a distinção diz muito sobre o outro; a discriminação em si também.
Mistress America
3.5 210O filme tem vários problemas. Já começa com a Tracy, que é uma personagem pouco cativante. Alguns quotes dela até despertam alguma simpatia por seu deslocamento, mas o filme só fica mais interessante quando a personagem da Greta aparece. E ela mesma consegue ser bem insuportável em vários momentos, num egocentrismo bem chato.
Então assisti sentindo essas oscilações, com momentos bem legais e outros totalmente dispensáveis. Boa parte da cena na casa do ex namorado da Brooke fez eu sentir como se estivesse vendo um filme bem ruim.
Aí vem a sequência final, que tem um desfecho bem honesto e que condiz com o que se esperaria para as personagens.
Enfim, há uma proposta fácil de identificar, mas que se perde na forma como se desenvolve.
Infâmia
4.4 300A construção de inocência do começo do filme não me fez imaginar que o restante da história se desenrolaria de forma tão pesada até o seu final.
É tão fácil arruinar a vida de outras pessoas por meio das palavras.
Gosto de como tudo se desenrola. Quem espera que, da boca de uma criança,
seja possível criar um caso tão específico? E o roteiro não inventa isso de forma mirabolante. A menina vai desenvolvendo pensamentos baseados no que vê e escuta,
chegando até a chantagear outra colega para obter defesa.
É uma poderosa história sobre mentiras, preconceito e desespero. Mentiras que transformam vidas para sempre, preconceitos que mostram o quanto o ser humano pode ser cruel com seu igual por tão pouco e desespero por não se sentir pertencente a nada,
nem a si mesmo, como é o caso da personagem da Shirley.
Aliás, a Audrey entrega mais uma ótima atuação, mas a Shirley definitivamente rouba a cena com seus olhares tímidos e seu choro contido.
Marjorie Prime
3.4 43 Assista AgoraEu gosto desse tipo de questionamento que filmes (ou a própria série Black Mirror) costumam trazer em relação a tecnologia e como optaremos por aplicá-la em nossas vidas de acordo com o que temos à disposição.
A inteligência artificial Prime é a que move este filme. Aqui, como forma de não perder a presença de alguém que amamos após sua morte, alimentamos essa IA com base no que lembramos, nas nossas experiências e sentimentos individuais sobre situações e sobre a própria "pessoa" que temos a frente. Até a aparência é possível escolher.
O filme diz muito mais sobre aqueles que ainda estão vivos do que sobre aqueles que já se foram e que conhecemos sob a ótica dos que os alimentam. Como escolhem determinadas lembranças e se agarram ao sentimento que elas lhes proporcionam. Sobre isso, tudo é sempre muito subjetivo, cada um com sua verdade. A opção de até mesmo alterar memórias e ocultar informações torna tudo mais fácil de lidar. A própria idealização de como gostariam que a vida fosse.
Achei curioso o fato do Jon ter ficado "por último" entre os que morreram. Se por um lado ele mesmo acreditava na importância de ter um IA por perto, no fim ele mesmo vê o quanto aquilo está longe de suprir sua perda.
A forma como as IAs funcionam, foi algo que também gostei muito. "Eu lembrarei disso", é o que todos dizem. E eles lembram mesmo. A cena final, com os três reunidos e a forma como Walter narra para as duas os eventos envolvendo a morte do filho Damien... até as IAs, entre elas, conseguem se convencer de uma "nova verdade", convertendo aquilo da forma como lhes é transmitida.
A percepção do que é importante e verdadeiro para cada um, o quanto um sentimento específico marca cada situação para cada pessoa no momento em que acontecem e posteriormente, isso é fascinante. Nossa mente e a forma como ela funciona também.
"Marjorie Prime" trabalhou estes aspectos com eficiência.
Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe (Histórias Novas e Selecionadas)
3.4 257 Assista AgoraApesar de possuir alguns momentos engraçados, a história da família Meyerowitz possui bem mais contornos dramáticos do que parece.
A começar pelos dois filhos, Danny e Jean. A infância difícil com a separação dos pais e a busca pelo afeto da figura paterna claramente são fatores que deixaram traumas na vida dos dois. Harold Meyerowitz definitivamente não é um pai inspirador. Artista, possivelmente, mas o homem certamente soube como deixar marcas negativa nos filhos do primeiro casamento. Há uma relação nociva de busca por reconhecimento e carência, mesmo o pai várias vezes deixando claro que ambos não se tornaram pessoas que ele admira e várias vezes deixando-os de lado para falar do filho preferido, Matthew.
Apesar de ser o mais querido por Harold, Matt também sofre com as consequências disso. O homem não aprova o fato do filho não ter seguido os caminhos que ele esperava, apesar de ter orgulho dele e deixar isso muito claro para os outros dois, criando uma relação conflituosa de comparações entre eles.
Esse é só um arco resumido do que o filme trata, mas é interessante observar as nuances criadas pelo roteiro do Noah (que peca em algumas coisas, mas no geral o saldo que fica é positivo).
Gostei muito de como a internação do pai aproximou, de certa forma, os filhos.
Parece que os laços se tornaram mais firmes, principalmente entre Danny e Matt, e isso foi muito bonito de ver pelas interpretações muito boas do Adam e do Ben Stiller.
Doentes de Amor
3.7 379 Assista AgoraAAA, o filme acabou e eu só queria acompanhar mais essa história amorzinho que fizeram em "The Big Sick".
Acabei vendo a conversa do Kumail com a Gal Gadot antes.
De qualquer forma, é um ótimo filme do gênero romance-comédia.
Columbus
3.8 129Assistir a este filme foi um constante deleite visual.
Fico bastante surpresa com a estreia do diretor logo com este longa, o qual mostra uma segurança expressiva em utilizar determinadas técnicas. O enquadramento, por exemplo, é algo que eu adoro e "Columbus" já me ganhou logo no seu começo por isso.
Além disso, a gravação das cenas em ambientes abertos, fazendo o paralelo entre a arquitetura e os os passeios dos personagens foi o segundo ponto que se destacou, ainda mais utilizando o som ambiente e criando um conforto audiovisual incrível.
Sobre o roteiro: extremamente delicado e sensível. Há tragédia e melancolia no olhar dos dois protagonistas, mas o diretor soube utilizar a sutileza em explorar cada situação sem pesar a mão no drama. A atuação da Haley Lu Richardson é linda. Ela consegue passar uma emoção incrível apenas com suas expressões, tanto de alegria quanto de tristeza.
O mais bonito, sem dúvida, foi acompanhar o quanto a relação entre os dois gerou uma troca genuína de experiência e apoio.
Se por um lado a garota precisava de incentivo e segurança para assumir novos caminhos em sua vida, acreditando em seu potencial e que sua decisão de seguir sem a mãe não era algo egoísta, o homem vê nela o sentimento nostálgico de se aproximar de alguém e de conhecer mais sobre o pai por meios dos conhecimentos dela. Essa troca de companhia é tão verdadeira e desprendida de interesses, e há uma extrema beleza em acompanhar cada passeio entre eles. Não há sequer a necessidade de um envolvimento amoroso para tornar a trama mais dinâmica ou interessante, porque a história respeita a necessidade real de seus personagens.
Além disso, há belos diálogos (principalmente o do videogame/livro) e a arquitetura da cidade é fascinante. "Columbus" não tem pressa em de desenvolver e é perfeitamente normal que muitos não gostem desse tipo de filme, mas para mim foi uma das melhores experiências cinematográficas do ano.
Amadeus
4.4 1,1K"Amadeus" acaba e a única definição que vem à mente é "obra de arte" mesmo!
Apesar de se basear em um dos mitos envolvendo a morte de Mozart, a romantização da história foi tão bem construída que embarcamos com facilidade na narrativa de Antonio Salieri.
O misto de sentimentos que envolviam sua relação com Mozart permeiam a obra do começo ao fim, e por mais que ele seja o "antagonista" da história, o personagem consegue desenvolver compaixão e simpatia em meio ao seu sofrimento por não possuir o mesmo talento do austríaco.
De toda forma, esse vislumbre que temos da genialidade de Mozart nos dá uma pequena noção da raridade em presenciar mentes brilhantes como a dele, deixando tudo mais fascinante.
A composição de cenas e trilha sonora, a ambientação e os figurinos são absurdamente lindos. De encher os olhos mesmo. Filme lindíssimo.
Jim & Andy: The Great Beyond
4.2 162 Assista AgoraO documentário conseguiu criar um paralelo emocionante entre a experiência de Jim em viver a vida de Kaufman no período de gravação de "O Mundo de Andy" e as reflexões do ator sobre sua vida e experiências.
Acompanhar a entrega do Jim no papel mostra não só sua qualidade como ator, mas como a experiência foi parte necessária de sua vida. Diversos momentos me identifiquei com sua forma de avaliar determinados aspectos profissionais e de sua vida, sobre a importância das escolhas que fazemos.
Alguns diálogos das gravações mostram o quanto ele parecia estar consciente de seu distanciamento quanto ao que ele queria como pessoa ao interpretar o Andy e o Tony, e vê-lo falar sobre a dificuldade em retomar sua vida e o quanto foi bom estar longe de si mesmo foram momentos que transmitiram muita emoção e genuidade.
Diferente do que li, creio que o Jim está muito melhor em seu interior atualmente do que no período de seu auge em Hollywood. E é disso que a gente precisa, afinal.
O Mundo de Andy
3.9 357Jim Carrey provou mais uma vez sua versatilidade dentro da comédia e como ator, encarnando com veracidade a figura de Andy Kaufman. Depois de ver o documentário, fica ainda mais impressionante e impactante ver o que esse trabalho causou a ele.
O filme em si é bom e creio que conseguiu recriar as principais passagens de Kaufman durante sua carreira.
Senti falta de mais conteúdo sobre ele. Não sei se havia mais material pessoal para abordar também, mas eu gostaria disso. Achei que o filme dá uma caída no ritmo também em determinado ponto, mas não estraga a experiência.
Que bom que fizeram esse filme com o Jim.
O Selvagem da Motocicleta
4.0 227 Assista AgoraAcho fascinante pensar na coragem que o Coppola teve em fugir do convencional e das grandes produções para fazer um filme tão pessoal quanto este.
"O Selvagem da Motocicleta" me surpreendeu bastante, desde o uso da fotografia em preto e branco até as metáforas dos diálogos e simbologias.
Serve como um alento para os deslocados, para os que procuram algum sentido em meio a toda essa confusão que vivemos. A relação dos irmãos é muito bonita, tanto de admiração por parte de um quanto de carinho e preocupação em querer mostrar para o imaturo que o mundo e as relações são muito mais amplas do que aquilo que ele vive naquela cidade pacata.
Com certeza verei mais vezes.
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
4.0 264Típico filme difícil de digerir. Um filme de 10 anos atrás, que se passa na Romênia de 1987, ainda retratando tantos problemas sociais envolvendo a mulher.
Há o abuso psicológico e sexual do homem que realiza o aborto; há a incompreensão do namorado em se colocar no lugar de sua parceira; há preconceito e ignorância durante um jantar; há o medo constante em ser uma mulher andando naquelas ruas escuras.
Difícil explicar o sentimento de asco que senti por todas essas atitudes.
O resultado final é melancólico e angustiante, e o olhar de Otilia é suficiente para nos fazer compreender, ao menos um pouquinho, o quão difícil foi aquele dia que não deverá mais ser lembrado por aquelas mulheres.
Como Nossos Pais
3.8 444"Como Nossos Pais" é uma bela surpresa nesse 2017 nacional. O filme trata de temas delicados e ainda conta com uma atuação carregada de sensibilidade por parte da Maria Ribeiro.
É o tipo de filme que a gente se identifica em algum ponto e traz boas reflexões. Minha avaliação não ficou tão alta (embora eu ainda esteja em dúvida quanto a isso) porque achei que ficou meio superficial a abordagem para alguns temas. Talvez essa necessidade em querer polemizar sem discutir ou aprofundar tenha prejudicado minha expectativa, mas o arco da personagem da Rosa com a mãe foi algo lindo de se ver, do começo ao fim.
Inclusive, a presença de Clarisse Abujamra é algo a se destacar. Uma atuação bem impactante, e é ela que entrega a cena mais bonita e emocionante do filme.
A Melhor Escolha
3.4 101 Assista AgoraVEM, HINO
Um Sonho Sem Limites
3.5 185 Assista AgoraTenho dado sorte em encontrar filmes com atuações femininas incríveis. Não sabia que aqui estava uma das melhores performances da Nicole. O filme é simplesmente todinho dela, que arrasa no cinismo e em mostrar a forma manipuladora e sem escrúpulos que sua personagem encontra para alcançar seus objetivos.
O filme, que conta uma história trágica, tem um tom cômico que caiu muito bem. Poderia tanto ser dramático ou seguir no tom que se propôs, creio que seria possível explorar bem a história nas duas formas.
Mas a questão da crítica ao formato televisivo americano e às "celebridades" que a mesma cria deixam a ironia da atuação e do roteiro convincentes. Mais um ótimo trabalho do Gus Van Sant.
A Hora Mais Escura
3.6 1,1K Assista AgoraAcredito que o fato de terem modificado o roteiro e adaptado até a morte do Osama possa ter interferido na qualidade do filme, porque ele se tornou muito longo e com partes bem tediosas.
Demora pro filme ficar bom, mas da metade em diante a história ganha fôlego. As qualidades de direção da Kathryn Bigelow estão presentes aqui também. É bacana essa atmosfera de tensão que ela consegue criar nos filmes dela, algo bem específico e que ela faz com muita competência.
Jessica Chastain está ótima também. <3
Bom Comportamento
3.8 392Gostei muito de "Good Time". O filme conta com uma ótima atuação do Robert Pattinson, e apesar das péssimas escolhas que seu personagem faz ao longo da história, há algum tipo de simpatia por ele, muito devido à sua preocupação e os sacrifícios que faz para livrar o irmão Nick da cadeia.
A relação dos dois nos é apresentada de forma bem breve, mas há um sincero afeto do personagem Constantine, o que deixa o final ainda mais comovente.
Ótimo thriller de ação, com uma direção inspirada.
O Gabinete do Dr. Caligari
4.3 523 Assista AgoraÉ fantástico ver como se fazia cinema há quase 100 anos. Por mais que seja algo totalmente fora do que vemos atualmente, é fascinante se sentir tenso com algo tão "ultrapassado".
"O Gabinete do Dr. Caligari" é uma obra notável, que utiliza muito bem cenário e trilha sonora para o seu tempo. A teatralidade das atuações não é algo que me incomodou; me senti como vendo uma peça mesmo, e o exagero se faz necessário para compreendermos melhor determinadas partes.
Apesar de Cesare ter despertado o medo da maioria, eu fiquei aflita mesmo é com o Dr., interpretado de forma horripilante pelo Werner Krauss. Suas caretas me causaram bastante incômodo.
No mais, o plot twist é incrível e me pegou muito bem de surpresa. Depois que acaba, é bacana voltar para determinados pontos e ver o quanto aquilo já estava notável desde o começo.
Apenas Deus Perdoa
3.0 632 Assista AgoraEu esperava uma bomba em relação a esse filme. Sou apaixonada por "Drive" e em 2013, minhas expectativas sobre essa segunda parceria entre o NWR e o Gosling estava altíssima, mas "Only God Forgives" flopou em todos os sentidos e eu desanimei de ver.
Acho que isso foi bom. Hoje, assistindo sem nenhum compromisso, vejo que é um filme interessantíssimo. A questão do ritmo lento é realmente subjetiva - no meu caso, funcionou muito bem.
A história é recheada de simbolismos, e eu só captei algumas coisas numa primeira vista. Lendo mais sobre, ficou ainda melhor. Por mais que seja um filme curto, é possível entender a personalidade dos personagens, sendo a de Julian a mais interessante. O jantar com a mãe é um momento chave para entender mais o homem interpretado por Ryan Gosling (que eu gostei bastante aqui, aliás) e seus conflitos morais.
Inserido num contexto violento (e abusivo, como é sugerido) desde pequeno, Julian claramente quer deixar o passado para trás e não se envolver em mais problemas.
A presença da mãe (Kristin está linda e com uma presença marcante, aliás) é um fator desestabilizador para Julian, e vemos o quanto a mulher o controla e induz a agir exatamente da forma que ele não quer. A sugestão de que ela seria o "diabo" da história cabe muito bem, realmente.
Mas quem rouba mesmo a cena é o personagem Chang. Sua presença onipotente faz com que tenhamos medo e simpatia pelo personagem, que nem precisa de muitos diálogos para nos convencer de sua força.
Fora isso, o filme é realmente lindo. A ambientação é de encher os olhos, além das cores, que funcionam muito bem de acordo com o que cada cena quer passar. Gostei muito dos enquadramentos também, ora mais distantes, ora mais centralizados.
Essa nota aqui é um absurdo! :P
Vício Frenético
3.9 124A carga emocional de "Vício Frenético" é bastante pesada. Aqui, a missão é acompanhar o trajeto que o personagem traça rumo à decadência. Harvey Keitel interpreta um homem desprezível. Suas atitudes envolvem abuso de poder, descaso com a família, roubo, envolvimento com apostas e bandidos, acobertar criminosos e o uso abusivo de drogas. É um sujeito que está à beira do precipício.
Tudo isso é extremamente convincente graças a atuação de Keitel (fantástico) e a direção de Ferrara, que me lembrou bastante os filmes de Scorsese, tanto na questão do personagem decadente quanto na ambientação da cidade contaminada pelo crime.
A cena da igreja é impactante. Provavelmente ficará por dias na minha cabeça. E o final não poderia ser outro. O personagem encontra exatamente aquilo que buscou para si, infelizmente.
Perfect Blue
4.3 815O filme acabou e eu estava atordoada. Pra falar a verdade, ainda não sei muito bem o que pensar sobre várias cenas, e já estou com vontade de assistir novamente.
Porém, "Perfect Blue" não só apresenta uma trama extremamente complexa, como também faz duras críticas muitíssimo bem aplicadas sobre a indústria de entretenimento japonesa e as formas como esta mesma explora os ídolos que cria - de forma física e psicológica.
A personagem Mima também é construída com primor e seu desmoronamento mental chega a causar uma enorme aflição, já que passamos toda a história vivendo o drama da garota. Há diversas cenas, principalmente as que se utilizam do uso de espelhos e reflexos, que representam o conflito interno da personagem diante das mudanças e da pressão que sofre por todos os lados.
Há tanta coisa que pode ser debatida sobre esse filme... É mais do que recomendado que seja visto e contemplado. Pode não agradar a todos, mas com certeza não te deixará ileso.
Terra Selvagem
3.8 594 Assista AgoraJuro que, ao longo do filme, pensei diversas vezes: "caraca, esse roteiro poderia facilmente ser do Taylor Sheridan". Ao aparecer os créditos, fiquei surpresa (mas nem tanto): direção e roteiro do próprio!
Fui assistir sem saber de quem era, só sabia quais atores estavam no projeto e nem li a sinopse. Foi uma ótima experiência; o Sheridan pega temas "comuns", mas sempre usa ótimos contextos para inserí-los.
É muito eficiente como suspense, e evidencia mais uma ótima parceria entre o Jeremy Renner e a Elisabeth Olsen.